VISITA DE ESTUDO AO
JARDIM BOTÂNICO DA
UNIVERSIDADE DE LISBOA
Gonçalo Nuno Carreira PereiraUniversidade de Lisboa – Instituto de Educação Helena Moita de Deus
Planificação, implementação e avaliação de uma atividade
investigativa promotora da aprendizagem ativa das ciências
CONTEXTUALIZAÇÃO
•
As experiências de aprendizagem fora da escola
envolvem muitas características da aprendizagem
formal, complementando-a, pois permitem a
construção do conhecimento com significado pessoal,
a realização de escolhas genuínas e de tarefas
desafiadoras, o controlo sobre a aprendizagem e a
colaboração com outros (Tal, 2013).
•
Para que as experiências sejam efetivas devem ser
planificadas, cuidadosamente implementadas e devem
continuar a ser trabalhadas quando de volta à sala de
aula (Dillon et al., 2006).
CONTEXTUALIZAÇÃO
•
É neste contexto que se torna fundamental uma boa
preparação das visitas de estudo, envolvendo uma visita de
reconhecimento, para que o professor desenvolva situações de
aprendizagem que tirem o máximo partido deste novo
contexto no sentido de promover aprendizagens mais
significativas (Galvão et al., 2006).
•
As visitas de estudo constituem assim uma extensão das aulas
formais de ciências, funcionando como um elemento
integrador de conteúdos/aprendizagens, em alguns casos
sendo um elemento motivacional para depois consolidar as
aprendizagens em sala de aula, noutros casos uma forma de
consolidação das aprendizagens anteriores.
Objetivos da investigação
- Desenvolver uma estratégia didáticapromotora de trabalho investigativo num museu de ciência
- Avaliar formativamente o impacto da estratégia nas aprendizagens dos alunos acerca das Ciências Naturais
- Refletir acerca da implementação de
atividades investigativas em meio escolar
Participantes da investigação
- 29 alunos de uma turma do 8.º ano de escolaridade de uma escola do concelho deOdivelas
Problema
de investigação
- Como desenvolver uma
atividade investigativa
centrada numa visita de
estudo ao Jardim
Botânico da
Universidade de Lisboa
promotora da
aprendizagem das
Ciências Naturais?
Conteúdos Curriculares
Domínio: Sustentabilidade na Terra Subdomínios: Ecossistemas e Gestão
Sustentável dos Recursos
Competências investigativas
Diagnosticar problemas;Planificar investigações;
Estratégia didática
Aulas de
Preparação
• Identificação do problema • Planificação da recolha de dadosVisita de
estudo ao
Jardim
Botânico
• Recolha de dadosAulas de Consolidação
•Análise e discussão dos resultados •Pesquisa de questões que
surgiram durante a investigação
•Comunicação do trabalho
investigativo desenvolvido à turma
•Integração com outras atividades investigativas
Mapas de conceitos pré Instrumentos de avaliação
da definição do problema Notas de campo
Mapas de conceitos pós
Instrumentos de avaliação da apresentação e da análise de
Modelo Teórico dos 5 E’s
Avaliar Motivar Explorar Explicar Ampliar (Bybee, 1997) 6Estratégia didática
Aulas de Preparação
• Identificação do problema • Planificação da recolha de dados Mapas de conceitos pré Instrumentos de Avaliar Motivar Explorar Explicar AmpliarVisita de estudo ao
Jardim Botânico
• Recolha de dados Notas de campo Avaliar Motivar Explorar Explicar Ampliar 8Estratégia didática
Aulas de Consolidação
• Análise e discussão dos resultados • Pesquisa de questões que surgiram
durante a investigação • Comunicação do trabalho
investigativo desenvolvido à turma • Integração com outras atividades
investigativas Mapas de conceitos pós Instrumentos de avaliação da apresentação e da Avaliar Motivar Explorar Explicar Ampliar
Estratégia didática
Aulas de Preparação
Construção de um mapa de conceitos em IHMC CmapTools na aula de TIC tendo por base as questões:
• O que é um Jardim Botânico?
Aulas de Preparação
• Sorteio dos grupos de trabalho
Temas dos grupos
•Relações Bióticas
•
Adaptações a diferentes condições de humidade
•Adaptações das Plantas Carnívoras
•
As plantas enquanto recursos naturais
•Proteção da biodiversidade vegetal
•Ciclo de vida das Borboletas
Aulas de Preparação
Aulas de Preparação
•
Construção do mapa de conceitos pré
Aulas de Preparação
Aulas de Preparação
•
Planta do Jardim Botânico
Aulas de Preparação
Planificação da recolha de dados
•
Materiais necessários para a recolha de dados
•
Métodos de registo dos dados – como iriam
recolher os dados
•
Seleção dos dados a recolher – que dados
Aulas de Preparação
•
Planificação da recolha de dados
Visita de Estudo ao
Jardim Botânico
Aulas de Consolidação
•
Desenvolvimento
da
apresentação
PowerPoint
•
Orientação
do
trabalho
através
da
plataforma Moodle e do email.
Aulas de Consolidação
•
Desenvolvimento da apresentação
PowerPoint
Estrutura da Apresentação:
•1.º Diapositivo - Capa
•Fases do trabalho investigativo •Problema
•Planificação da recolha de dados
•Recolha de dados no Jardim Botânico •Apresentação dos resultados
•Discussão dos resultados •Mapa de conceitos
Aulas de Consolidação
•
Comunicação do trabalho investigativo desenvolvido à turma
Aulas de
Consolidação
Aulas de Consolidação
•
Comunicação do trabalho investigativo desenvolvido à turma
•
Mapas de conceitos pós
Mapa de Conceitos Final
Sobre o Jardim Botânico
Aulas de Consolidação
•
Integração com outras atividades investigativas
Aulas de
Consolidação
•Integração com outras
atividades investigativas
Aulas de Consolidação
•Integração com outras atividades investigativas
Aulas de Consolidação
• Integração com outrasatividades investigativas
Aulas de
Consolidação
•Integração com outras
Aulas de Consolidação
•
Integração com outras atividades investigativas
Aulas de
Consolidação
•Integração com
outras atividades investigativas
Aulas de Consolidação
•
Integração com outras atividades investigativas
Avaliação
Fontes de recolha de dados
Análise dos dados
Mapas de conceitos pré e pós Grelha de análise quantitativa
Planificação e apresentação
da investigação
Tabela de verificação para avaliar a
definição do problema da
investigação
Tabela para avaliar a planificação da
investigação
Tabela para avaliar a recolha, o
tratamento e a discussão dos dados
da investigação
Avaliação
Tabela de verificação para avaliar a definição do problema da investigação desenvolvida na visita ao Jardim Botânico
Avaliação
•
Os alunos mostraram interesse e motivação ao utilizar os
concept cartoons.
•
A sua exploração permitiu que os grupos formulassem
problemas adequados, abertos e resolúveis nas condições
existentes.
Avaliação
•
Grelha de análise quantitativa dos mapas conceptuais
•
Itens a avaliar:
•Número de conceitos
•Número de ligações corretas/incorretas •Número de ligações cruzadas
•Número de preposições corretas/incorretas •Número de níveis hierárquicos
0 10 20 30 40 50 60
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Resultados da aplicação da grelha de análise quantitativa dos mapas de conceitos
Avaliação
•O mapa de conceitos inicial permitiu compreender as ideias prévias dos
alunos e o final funcionou como um elemento estruturador e de síntese dos dados e da respetiva análise, permitindo também integrar a informação recolhida.
•Os grupos que apresentaram o mapa final mais complexo foram aqueles que
fizeram uma análise e discussão dos resultados mais aprofundada e estruturada.
•A avaliação dos mapas conceptuais pré e pós-visita de cada grupo
realizou-se com barealizou-se numa análirealizou-se quantitativa, verificando-realizou-se um aumento dos números de conceitos, de ligações corretas, de ligações cruzadas, de preposições corretas e de níveis hierárquicos (fig. 1)
•O número de ligações cruzadas apresentado foi reduzido.
•O grupo 1 apresentou o mapa de conceitos pós igual ao pré, mesmo após ter
recebido o feedback formativo.
Avaliação
Tabela para avaliar a planificação da investigação desenvolvida na visita ao Jardim Botânico
Avaliação
• Os grupos identificaram os materiais necessários à investigação,
incluindo materiais de escrita e máquinas fotográficas.
• Relativamente aos métodos de registo de dados, houve quatro grupos
que não os explicitaram na planificação inicial, tendo-os explicitado na comunicação da sua investigação.
• No que diz respeito à seleção dos dados a recolher para responder ao
problema, vários grupos não os explicitaram nem inicialmente, nem na apresentação final.
• A fase de planificação permitiu aos alunos refletir sobre o trabalho que
iriam realizar. Esta preparação possibilitou um trabalho mais autónomo no Jardim Botânico e também ajudou a que os alunos soubessem as tarefas que tinham de realizar de forma a não se sentirem perdidos na realização da tarefa.
Avaliação
• O conhecimento prévio das espécies de seres vivos que iriam estudar
permitiu a sua fácil identificação, dando aos alunos uma grande satisfação e confiança, resultando num maior envolvimento.
• Quando chegámos ao jardim botânico e passámos pela zona das
plantas xerófitas um aluno de um grupo que iria estudar o dragoeiro disse: “Esta é nossa! É o dragão!”
• Durante a visita, os alunos tiraram apontamentos e fotografias das
plantas e dos placares informativos.
• Alguns grupos não selecionaram a informação de acordo com o
problema definido.
Avaliação
Tabela para avaliar a recolha, o tratamento e a discussão dos dados da investigação desenvolvida na visita ao Jardim Botânico
Avaliação
• A apresentação da investigação foi preparada pelos alunos, fora da sala de aula e
os grupos entregaram as primeiras versões das apresentações via correio eletrónico.
• Nestas foram detetados aspetos a melhorar, nomeadamente o incumprimento
das instruções previamente fornecidas.
• Um grupo apresentou os resultados sem selecionar os dados recolhidos de acordo com a problemática.
• Neste feedback deram-se sugestões e os alunos melhoraram diversos aspetos da
apresentação das suas investigações.
• Quanto à seleção dos dados, verificou-se que um grupo não recolheu toda a
informação necessária à resolução do seu problema e outro grupo usou dados recolhidos na internet, por não ter recolhido no JBUL os dados adequados à resolução do seu problema.
• A organização, tratamento e análise descritiva dos dados realizaram-se de forma adequada por todos os grupos.
Avaliação
Reflexão individual acerca da atividade.
•
Questões a que os alunos responderam:
•1. O que é um Jardim Botânico e para que serve? •2. O que aprendeste relativamente ao tema que
investigaste?
•3. Identifica as fases do trabalho investigativo que
realizaste?
•4. O que gostaste mais na atividade? •5. O que gostaste menos na atividade?
Avaliação
• As reflexões dos alunos foram alvo de uma análise de conteúdo.
1. O que é um Jardim Botânico e para que serve?
•21 alunos identificaram o jardim botânico era um espaço com plantas,
mas alguns alunos também falaram de animais incluindo as borboletas.
•Os alunos também identificaram os espaços existentes no jardim
botânico. 5 alunos referiram a estufa, 4 o borboletário e 3 o laboratório.
•19 alunos identificaram o jardim botânico como um espaço para
aprender/estudar e 18 para a preservação das espécies. Alguns alunos
Avaliação
2. O que aprendeste relativamente ao tema que investigaste?
0 5 10 15 20 25 Identifica o tema de trabalho Enumera um conjunto de aprendizagens Faz a generalização das aprendizagens Apresenta exemplos acerca das espécies Nú nmero de alun os (N=29)
Tipologias das respostas
Avaliação
0 5 10 15 20 25 30 Núnmero de alun os (N=29 )Avaliação
0 2 4 6 8 10 12Descreve de forma detalhada as fases do trabalho
investigativo
Descreve parcialmente as fases do trabalho investigativo
Descreve duas ou menos fases do trabalho investigativo
Núnmero
de
alunos
(N=29)
Avaliação qualitativa da identificação das fases do
trabalho investigativo
Avaliação
4. O que gostaste mais na atividade?
• No que se refere à questão 4 houve uma grande dispersão das respostas. • 7 alunos gostaram mais da aprendizagem de novas coisas sobre as
plantas.
• 4 alunos gostaram mais de procurar as plantas com um mapa.
• Os alunos parecem ter gostado de realizar a pesquisa no jardim botânico
de forma autónoma, tendo dois alunos referido que sentiram a experiência como uma espécie de aventura.
• Uma aluna fez a alusão à semelhança do trabalho desenvolvido com o
Avaliação
Exemplos de respostas à questão 4.
Avaliação
5. O que gostaste menos na atividade?
•8 alunos referiram que o gostaram menos foi o facto de estar a chover. •6 alunos mencionaram não ter nada a apontar.
•4 alunos identificaram a realização do mapa de conceitos. •4 alunos indicaram 0 processamento/organização de dados.
Considerações finais
• O desenvolvimento de atividades que promovam uma aprendizagem ativa
podem permitir o desenvolvimento de um leque mais alargado de competências investigativas, como diagnosticar problemas, planificar e desenvolver investigações, analisar dados, pesquisar informação, comunicar, trabalhar em grupo, entre outras.
• Na implementação de atividades investigativas, recomenda-se que os
alunos desenvolvam competências investigativas noutros contextos (realização de atividades experimentais e de tomadas de decisão, etc.).
• A qualidade da planificação da investigação a realizar no JBUL é crucial,
facilitando o trabalho autónomo dos alunos que, devido à dimensão do local, ficam com acesso limitado às orientações do professor.
• Considera-se fundamental uma cuidadosa preparação prévia pelo
professor e um acompanhamento das atividades com feedback constante, de modo a assumir um papel tutorial, monitorizando e questionando o trabalho investigativo.
• O feedback formativo fornecido orienta para a melhoria e evolução das
aprendizagens incentivando o envolvimento, a autonomia e criatividade
Referências Bibliográficas
• Aulls, M., Shore, B. (2008). Inquiry in education: The conceptual foundations for research as a curricular imperative – Vol. I. NewYork: LEA.
• Bybee, R. (1997). Achieving scientific literacy. From purposes to practices. Portsmouth, NH: Teachers College
Press.
• Bybee, R. (2002). Scientific Inquiry, Student Learning, and the Science Curriculum. In R. Bybee (Ed.). Learning
Science and the Science of Learning (25-35). Arlington: NSTA Press.
• Dillon, J.; Rickinson, M.; Teamey, K.; Morris, M.; Choi, M. Y; Sanders, D. & Benefield, P. (2006). The value of
outdoor learning: evidence from research in the UK and elsewhere. School Science Review, 87(320), 107-111.
• Flick, L., & Lederman, N. (ed.) (2006). Scientific inquiry and nature of science: Implications for teaching, learning,
and teacher education. Dordrecht: Springer.
• Galvão, C., Reis, P., Freire, A., Oliveira, T. (2006). Avaliação de competências em ciências: Sugestões para
professors dos ensinos Básicos e Secundário. Porto: Asa.
• Harlen, W. (2007). Assessment of learning. London: Sage.
• Jardim Botânico da Universidade de Lisboa (s/d). Folheto informativo. Lisboa: JBUL.
• Lederman, N., & Lederman, J. (2013). Nature of scientific knowledge and scientific inquiry: Building instructional
capacity through professional development. In Fraser, B., Tobin, K., & McRobbie, C. (Ed.). Second international
handbook of science education. Dordrecht: Springer, 335-359.
• Naylor, S. & Keogh, B. (2000). Concept cartoons in science education. Cheschire: Millgate House.
• Nimis, P., Martellos, S., Carvalho, P., Sérgio, C., Barata, R., Moro, A. (2010). À descoberta das plantas do Jardim
Botânico da Universidade de Lisboa. Lisboa: JBUL.
• Novak, J., & Gowin, B. (1999). Aprender a aprender (2.ª ed.). Lisboa: Plátano.
VISITA DE ESTUDO AO JARDIM
BOTÂNICO DA UNIVERSIDADE DE
LISBOA
Gonçalo Nuno Carreira Pereira
Universidade de Lisboa – Instituto de Educação
goncalobarreiro@gmail.com
Helena Moita de Deus
EB2,3 Dom Francisco Manuel de Melo
hagmmdd@gmail.com
Lisboa, 12 de setembro de 2015
Planificação, implementação e avaliação de uma atividade investigativa promotora da aprendizagem ativa das ciências