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O PREÇO DO INVESTIMENTO

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Academic year: 2021

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Conselheiro Empresa

Amarílio Proença de Macêdo J.Macêdo Alimentos S/A Bernardo Gradin GanBio S/A Carlos Eduardo Sanchez EMS - Indústria Farmacêutica Ltda Carlos Francisco Ribeiro Jereissati Telemar Participações S/A

Carlos Mariani Bittencourt PIN Petroquímica S/A Cláudio Bardella Bardella S/A Indústrias Mecânicas

Dan Ioschpe

Vice-Presidente Iochpe-Maxion S/A

Daniel Feffer Grupo Suzano Décio da Silva WEG S/A Eugênio Emílio Staub Conselheiro Emérito

Fabio Hering Companhia Hering S/A Flávio Gurgel Rocha Confecções Guararapes S/A Frederico Fleury Curado

Vice-Presidente Embraer S.A.

Geraldo Luciano Mattos Júnior M. Dias Branco S.A Henri Armand Slezynger Unigel S.A

Ivo Rosset Rosset & Cia. Ltda. Ivoncy Brochmann Ioschpe Conselheiro Emérito Jacks Rabinovich Campo Belo Ltda Jorge Gerdau Johannpeter Gerdau Aços Longos S/A José Antonio Fernandes Martins Marcopolo S/A

José Carlos Grubisich Eldorado Brasil Celulose S/A José Roberto Ermírio de Moraes Votorantim Participações S/A Josué Christiano Gomes da Silva Cia. de Tecidos Norte de Minas-Coteminas Laércio José de Lucena Cosentino TOTVS S/A

Lírio Albino Parisotto Videolar S/A Lucas Santos Rodas Companhia Nitro Química Brasileira S.A. Luiz Alberto Garcia Algar S/A Empreendimentos e Participações Marcelo Bahia Odebrecht Construtora Norberto Odebrecht S/A Marcos Antonio Molina dos Santos Marfrig Global Foods S.A.

Murilo Pinto de Oliveira Ferreira Vale S.A. Olavo Monteiro de Carvalho Monteiro Aranha S/A

Paulo Diederichsen Villares Membro Colaborador Paulo Francini Membro Colaborador Paulo Guilherme Aguiar Cunha Conselheiro Emérito

Pedro Franco Piva Klabin S/A Pedro Luiz Barreiros Passos Natura Cosméticos S/A

Pedro Wongtschowski

Presidente Ultrapar Participações S/A

Ricardo Steinbruch Vicunha Têxtil S.A. Robert Max Mangels Mangels Industrial S/A Roberto Caiuby Vidigal Membro Colaborador

Rodolfo Villela Marino

Elekeiroz S.A.

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A queda de 3,0% do PIB brasileiro projetada para 2015, após estagnar em 2014, evidencia os descaminhos da economia no sentido de colocar os investimentos à frente. Em agosto de 2014 a Carta IEDI nº 636 expôs o desafio e a premência de se fortalecer a formação bruta de capital fixo (FBCF) sob risco do quadro se deteriorar. Não só se deteriorou como a situação política retrocedeu, em meio a um ajuste fiscal conturbado e política monetária contracionista. Daí a retração de 2,1% do PIB no primeiro semestre do ano frente ao mesmo período de 2014, com a FBCF declinando 9,8%.

O crescimento econômico capitaneado pelo investimento possibilita a expansão com menor pressão sobre os preços em geral e tende a favorecer mais a indústria. Daí a atenção com o dinamismo da FBCF, o que requer o tratamento de dois pontos. Um reside no preço relativo da FBCF: o empreendedor tende a se arriscar mais havendo perspectivas de maior retorno real nos períodos subsequentes. Se o preço da FBCF em termos do preço do consumo cair, investir se torna mais propício, ao ampliar as chances de se ter uma cesta maior de consumo adiante.

O ponto seguinte se refere ao preço de investir contraposto ao de outros países. Na economia global, a decisão sobre onde operar exige colocar na ponta do lápis o custo de se instalar e atuar em distintas localidades. Ressalve-se que um custo maior de investir pode expressar qualidade superior dos bens de capital e instalações, o que se converte em maior produtividade ou diferenciação de produto, sendo um caso positivo de elevação de preço da inversão.

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últimos com dados até 2011. Estas trazem o preço da inversão (FBCF mais variação de estoques) no Brasil e em outros países medido em termos do preço do PIB dos EUA (preço do PIB dos EUA igual a 1 em 2005).

Os dados permitem as seguintes conclusões:

• Em 1985 o preço do investimento do Brasil, 0,28 do preço do PIB dos EUA, era um dos menores dentre amplo leque de países selecionados (era o quadragésimo terceiro entre 50 países), ficando só um pouco à frente da China e África do Sul;

• Em 2000, o preço do investimento do Brasil estava em 0,47, ocupando o 37º lugar entre 54 países; o indicador era maior do que o da China, Índia e Rússia e África do Sul, mas inferior ao de todos os integrantes do G7, bem como dos países da Europa Ocidental e Setentrional e outros em desenvolvimento;

• Em 2011, o preço da inversão atingiu 1,27, patamar só superado por sete países (Suíça, Noruega, Austrália, Honduras, Suécia, Costa Rica, Japão). Assim, os países dos BRICS e a quase totalidade dos demais países emergentes, além de muitos países industrializados como EUA, Canadá e boa parte da Europa, incluindo os integrantes europeus do G7, ficaram mais baratos para investir do que o Brasil.

O preço da inversão no Brasil até 2011 também refletiu o fôlego do mercado doméstico, tornando o País atraente para empreendimentos quando centros mundiais de consumo importantes não mostravam poder de recuperação após a crise internacional eclodir. Ou seja, ao se constituir num dos poucos mercados com poder de consumo, houve

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decorria, então, desse contexto e não necessariamente de um aumento na qualidade dos bens de capital e nas instalações.

Esse quadro mudou desde 2011. O ano de 2014 terminou com o País em situação mais delicada, o que se agravou em 2015. E 2014 encerrou com o deflator da FBCF crescendo 7,7%. Quanto ao preço relativo do investimento fixo, calculado com dados acima, teve declínio de 2010 a 2013 nas duas variantes consideradas: razão entre deflator da FBCF e deflator do PIB; e razão entre o deflator da FBCF e o do consumo final. Ou seja, até 2013, investir estava ficando mais barato do que consumir para quem mora no País. Mas, em 2014, tal processo cessou, ficando o indicador praticamente igual ao do ano anterior, com ligeiro acréscimo. Ademais, mesmo quando o preço relativo caia, o processo não impediu do Brasil ficar mais caro para quem queria investir, como foi visto pelas PWT8.1.

Em termos comparativos, o preço relativo da FBCF no Brasil entre 1995 e 2013 chegou a apresentar uma melhor trajetória do que em outros países. Ilustrando, a China terminou tal período com preços relativos de FBCF maior que em 1995, quer em termos do PIB, quer em termos do consumo final. O Brasil chegou em 2013 com ambos indicadores menores do que em 1995. Todavia em 2011, pelas PWT8.1, a China mantinha um preço do investimento baixo. Isto é, apesar do deflator da inversão fixa na China ter crescido mais do que seu deflator do consumo final, seu preço do investimento por si não se elevou como o brasileiro.

Em suma, frente a países latino-americanos, dos BRICS, Tigres Asiáticos e dos ASEAN-4 e mesmo do G7, há casos em que o preço relativo da FBCF do Brasil teve uma trajetória melhor de 1995 a 2013, porém sem necessariamente implicar em menor preço do investimento. Assim, se em 2014 o IEDI apontava como desafios para o País enfrentar tanto o preço do investimento quanto a recolocação da formação bruta de capital fixo na liderança da expansão, o Brasil parece estar transformando ambos em obstáculos maiores.

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O Papel do Preço do Investimento Fixo

A queda de 3,0% do PIB brasileiro projetada pelo FMI para 2015, após estagnar em 2014, variação de 0,1%, evidencia os descaminhos da economia principalmente no sentido de colocar os investimentos à frente. Já em de 2014 a yyyCarta IEDI nº 636 expunha o desafio e a premência de se robustecer a formação bruta de capital fixo (FBCF) sob risco do quadro se deteriorar. Desde então, não só se deteriorou como a situação política retrocedeu, em meio a um ajuste fiscal com problemas de condução e política monetária contracionista como resposta aos preços artificialmente contidos no passado recente. Daí a contração de 2,1% do PIB no primeiro semestre do ano frente ao mesmo período de 2014. A FBCF declinou 9,8% nessa base de comparação, com o agravante de estar caindo há mais de quatro trimestres no contraponto com o trimestre imediatamente anterior (série dessazonalizada).

O crescimento econômico capitaneado pelo investimento possibilita a expansão com menor pressão sobre os preços em geral e tende a favorecer mais a indústria. De fato, o caráter primacial do preço do investimento fixo exige considerar alguns pontos. Primeiramente, o preço da inversão por si só importa: investir num país exige mais ou menos recursos do que em outro? Numa economia globalizada, decidir imobilizar recursos na forma de maquinaria e instalações requer colocar na ponta do lápis os preços de se investir em diferentes localidades. Logo, transnacionais e até empresas que atuam num determinado país consideram ou passam a levar em conta distintas opções para operações. Outra questão reside no preço relativo da inversão fixa: o empreendedor tende a se arriscar mais se houver perspectivas de ter maior retorno real adiante. Assim, se o preço relativo da FBCF cair, implica em situação mais propícia para a empreitada, posto que a mesma irá lhe proporcionar uma cesta maior de bens e serviços para consumir futuramente.

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Comparando o Nível do Preço do Investimento

Quanto ao preço do investimento, o mesmo pode ser observado pelas Penn World Tables. Estas foram atualizadas em abril de 2015, chegando à versão 8.1, porém sem alargar o horizonte temporal da versão 8.0: o último ano disponível continua sendo 2011.Em que pese tanto, tais tabulações trazem o preço do investimento – FBCF mais variação de estoques – para amplo leque de países desde 1950. Tal índice toma como parâmetro o preço do PIB dos EUA, igual a 1 para o ano de 2005.

Antes, porém, vale alertar que, como qualquer bem ou serviço, um elevado preço do investimento pode decorrer da alta qualidade das máquinas, equipamentos, instalações etc. Ademais, uma diminuição no preço do investimento pode ser seguida ou acompanhada de acréscimo na inversão, com a referida queda criando condições melhores para investir. Mas o aumento da formação bruta pode ser acompanhado de aumento de seu preço. Neste caso, o preço da inversão é efeito, não causa. O ponto crucial reside no fato de tal aumento poder se tornar óbice, em especial se não forem criados diferenciais (qualidade, ambiente para investir etc.) que mais do que compensem o custo maior. Mesmo sem contrapor a outros países, é possível ver o quão cresceu tal medida do preço da inversão no Brasil. Em 1985, o nível do preço da formação bruta de capital estava em 0,28 (ante 1 para o preço do PIB dos EUA em 2005), tendo percebido seu menor patamar no ano seguinte, 0,27, e terminou registrando 1,27 em 2011, com nove anos seguidos de incremento, isto é, desde 2003.

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Aliás, o preço em 1985 era um dos menores tomando-se amplo espectro de países, ficando só um pouco à frente, por exemplo, da China e África do Sul. Porém este preço baixo se devia em parte à acumulação de capital do final dos anos 1970 e dos problemas decorrentes da crise da dívida externa. Algo análogo ao preço barato de uma mercadoria quando esta é de baixa qualidade. Depois de recuar em 1986, o preço em questão aumentou até 1990, quanto alcançou 0,66, com a alta inflação do Brasil.Com isto neste último ano, o preço da inversão do País se encontrava acima daquele dos integrantes dos ASEAN-4 (Malásia, Filipinas, Tailândia e Indonésia), dos demais membros dos BRICS, de outros países sul-americanos, da Europa Oriental e até mesmo de Canadá e dos Estados Unidos.

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Posteriormente, com a recessão enfrentada pelo País em 1991-1992, o preço da formação bruta retrocedeu. O mesmo cresceu até 1994 na esteira do processo de estabilização dos preços no País, atingindo 0,66. No ano seguinte, ficou em 0,65, inaugurando um período de preço do investimento cadente, o que durou até 1999. Estes anos de redução no preço da inversão coincide em larga medida com o chamado miniciclo do investimento, de 1995 a 1998. Assim, embora o declínio no preço do investimento não tenha sido de monta, houve um aumento da FBCF: o comportamento do preço concorreu para ampliar a inversão fixa.

Em 1999, o Brasil passou para um regime de câmbio flutuante, ocorrendo uma depreciação cambial. Embora em 2000, tenha havido apreciação cambial e aumento no preço do investimento frente ao ano anterior, o patamar do preço do investimento, ficou abaixo daquele observado em 1990. Com tal patamar em 2000, o Brasil apresentou um indicador maior do que o da China, Índia e Rússia e África do Sul, mas inferior ao de todos os integrantes do G7, bem como dos países da Europa Ocidental e Setentrional constantes do gráfico.

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Até 2002, o preço da inversão declinou, ficando em 0,35, o menor nível desde 1987. Daí em diante o preço do investimento passou a crescer, mesmo com a apreciação cambial, que costuma baratear os bens de capital transacionáveis – máquinas e equipamentos. É provável que, de 2004 a 2008, a expansão da inversão, devido ao acréscimo da renda e melhorias na distribuição de renda, concorreu para o aumento no preço da formação bruta pelo próprio incremento na procura por maquinarias, instalações, construções e habitações. Assim, em 2008, ano da eclosão da crise internacional, preço do investimento do Brasil atingiu 0,98, considerando como parâmetro o preço do PIB dos EUA em 2005 (igual a 1).

Em 2009, o recuo da FBCF do Brasil foi acompanhado de ligeiro acréscimo no preço do investimento. O incremento do preço da formação bruta ocorreu até 2011, último ano com disponibilidade de dados pelas PWT8.1. Desta forma, à frente do Brasil, estão Suíça, Noruega, Austrália, Honduras, Suécia, Costa Rica, Japão. Assim os países dos BRICS, da ASEAN-4 e mesmo os EUA, Canadá e boa parte da Europa, incluindo os integrantes europeus do G7, ficaram mais baratos para investir do que o Brasil.

Num contexto de cadeias globais de valor, decidir imobilizar recursos na forma de maquinaria e instalações envolve contrastar os preços de se investir em diferentes localidades. Logo, transnacionais mapeiam alternativas para instalar, expandir ou mesmo realocar suas plantas. Corroborando, há evidências sobre a relação negativa entre nível de preço do investimento e agregação de valor na indústria de transformação.

Assim os dados até 2011 das PWT8.1 realçam a alta do preço do investimento frente ao de outros países acenando para dificuldades em se recolocar a economia brasileira no rumo trilhado de 2004 a 2008. A dificuldade para tanto tem, aliás, tem se ampliado, quer com os imbróglios políticos do governo federal, quer com o modo como tem sido feito e conduzido o ajuste fiscal, mais afeito a questões de curto

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Comportamento do Investimento Fixo e Seu Preço Relativo

Cabe notar que os dados das PWT8.1 vão somente até 2011. Os anos seguintes foram bem claudicantes, ainda que 2013 tenha mostrado uma boa recuperação em 2013, com variação de 6,1% na inversão fixa e de 2,7% do PIB. O fato é que desde a eclosão da crise internacional em setembro de 2008, o Brasil não conseguiu três anos seguidos de expansão da formação bruta de capital fixo (FBCF): em 2014, o recuo foi de 4,4%, contrabalançando em parte o resultado anterior. Isso contribuiu para a estagnação do PIB em 2014. Tais números já seguem a reformulação das contas nacionais tendo 2010 como ano de referência e seguindo as diretrizes da versão de 2008 do Sistema de Contas Nacionais da ONU.

Uma abordagem mais criteriosa exige tratar mais variáveis. Além do próprio deflator da formação bruta de capital fixo, devem ser observados o deflator da FBCF em máquinas e equipamentos (M&E), bem como o preço relativo da FBCF. Antes de prosseguir, frisa-se que os dados para a FBCF-M&E, pelo novo sistema de contas nacionais, ainda são preliminares e suas taxas reais de variação só estão disponíveis para 2011 em diante. Para as variáveis cobertas pelas contas nacionais trimestrais (CNT) como o PIB e a FBCF foi possível obter os deflatores desde 1995.

Como visto, em 2010 e 2011o preço do investimento no Brasil já rivalizava com o de países “caros” (boa parte, economias avançadas), atuando no sentido contrário à atração empreendimentos estrangeiros. Em 2011, o deflator da FBCF cresceu 5,8%, enquanto o investimento em M&E, apenas 4,5%. No ano seguinte, deflator do investimento fixo cresceu ainda mais, 6,1%, mas com o deflator da FBCF-M&E retrocedendo 0,7%. Nos dois anos subsequentes ambos os deflatores tiveram variações positivas, mas com diferenças grandes de magnitude. O da inversão fixa como um todo cresceu 4,8% e 7,7%, enquanto o da FBCF em máquinas e equipamentos, apenas 0,2% e 0,7%. Tal comportamento é condizente com o fôlego dado pelo governo aos

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desporto para a Copa do Mundo de 2014 e Olímpiadas de 2016 e obras de infraestrutura de vulto como as hidrelétricas na Amazônia, que concorram para o aumento dos preços da FBCF em construções.

Apesar do deflator de inversão em M&E ter crescido menos do que o da FBCF como um todo, podendo sinalizar um ponto favorável para empresas e empreendedores, os dados não só para este, mas principalmente para o deflator da FBCF apontam para ampliação do preço do investimento nos moldes como é elaborado no âmbito dasPWT8.1. Como agravante, há o fato do comportamento mais recente da taxa de câmbio, que favorece as exportações, mas dificulta a aquisição de maquinaria importada.

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Passando para os preços relativos da FBCF, é relevante analisa-los, pois as firmas e empreendedores tendem a se arriscar mais quando há maiores perspectivas de retorno real em exercícios futuros. Exemplificando, se o preço relativo do investimento fixo declinar significa que investir ficou relativamente menos oneroso que os outros bens e serviços: o momento se mostra mais propício para a empreitada que lhe proporcionará uma cesta maior de consumo mais adiante. Os preços relativos estão expostos tanto em termos do PIB quanto em termos do consumo final. A razão entre deflator da FBCF e deflator do consumo final permite expurgar possíveis efeitos do preço das exportações de bens e serviços, presentes no caso do deflator do PIB. As duas séries foram montadas considerando os dados do novo sistema de contas nacionais para 1995 em diante e utilizando os dados do sistema anterior para refazê-la para trás.

Considerando a possibilidade de alguma superestimação no comportamento dos preços relativos da FBCF em fins dos anos 1980 e os limites em termos de se juntar diferentes séries das contas nacionais, tais preços relativos não mais voltaram a níveis tão baixos quanto os logrados em grande parte a década de 1970. Entretanto, no passado recente, vem se observando alinhamento entre expansão econômica com ampliação da taxa de FBCF e diminuição no preço relativo da inversão fixa.

Adotando 1995 como ano-base (preço relativo nele igual a 1), o preço relativo da FBCF aumentou quase sem interrupções de 1999 a 2002, saindo de 0,87 em 1998 para 0,98, pico do século XXI. O preço relativo da inversão fixa em termos do Consumo Final (CF) se comportou de modo similar, alcançando 0,97 em 2002, mas ficando nesse nível também em 2004 e 2005. Logo, de 1999 a 2004, 2005, investir em instalações e M&E foi se tornando relativamente mais caro do que consumir.

A partir de 2005, o preço relativo da FBCF passou a declinar, chegando a 0,94 em 2007. Quanto à razão entre deflatores da FBCF e do consumo

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início da crise internacional – e em 2009, o preço relativo do investimento fixo em termos tanto do PIB quanto do CF cresceu para 0,95 e 0,97, respectivamente.

Daí até 2013, o preço relativo do investimento fixo em termos tanto do PIB quanto da CF declinou de modo suave, ficando em 0,90 e 0,92, respectivamente. Tais movimentos podem ter contribuído para a expansão de 2013. Todavia a tendência não se manteve à medida que em 2014 o citado declínio paulatino cessou, com ligeiro acréscimo, quase imperceptível no próximo gráfico.

Assim a série anual encerra com 2014 interrompendo uma sequência de diminuições no preço relativo do investimento fixo e registrando alta no deflator da FBCF mesmo com a contração da inversão fixa, em especial daquela em máquinas e equipamentos. O quadro é agravado quando se tomam as informações das PWT8.1, anteriormente expostos. Ilustrando, se a ampliação da FBCF até 2008 ocorreu com aumento do preço da inversão, o preço relativo do investimento fixo, em termos quer do PIB, quer do consumo final, declinou de 2004 a 2007. Logo, para o empreendedor doméstico, foi sinalizado um preço de bens de capital em termos de bens de consumo menor, favorecendo neste sentido imobilizar sua riqueza em máquinas e equipamentos visando lucrar e assim ampliar sua futura cesta de bens. Com o mercado doméstico aquecido, as oportunidades de negócio cresceram. Após 2008, tais preços relativos voltaram a declinar, concomitantemente a um preço do investimento cada vez mais alto frente a outros países até 2011, conforme as PWT8.1. Resumindo, o Brasil se tornou mais caro para investir do que outras economias a exemplo de vários países do G7, asiáticos e demais integrantes dos BRICS, embora investir estivesse ficando mais barato do que consumir para quem reside no País até 2013.

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Comparação Internacional: O Preço Relativo da FBCF em Termos do PIB

Tratando de forma comparada, pode ser contrastada a razão entre deflatores da FBCF e do PIB do Brasil com a de outros países a partir de base de dados da ONU. O ano-base adotado também foi 1995. Logo para este ano todos os países registram o mesmo patamar, de 1,00. Uma limitação é que os dados mais atuais são para 2013.

Vale lembrar que, de 2010 a 2013, o preço relativo da inversão fixa do Brasil declinou, processo cessado em 2014. Em 2012, o nível desta razão de deflatores ficou em 0,91, continuando a diminuir no ano seguinte, quando chegou a 0,90.Como visto anteriormente, a última vez

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1998.Dentre as economias do G-7, o preço relativo da FBCF ficou praticamente estável de 2010 a 2013, implicando que, partindo de 1995 igual a unidade, Japão e França encerraram o período com preço relativo da FBCF acima do vigente em 1995. Os demais encerraram com um preço relativo do investimento menor do que em 1995.

Passando para os Tigres Asiáticos e os ASEAN-4, Indonésia, Tailândia (ambos do ASEAN-4) e Coreia do Sul (tigre) chegaram em 2013 com preço relativo da FBCF acima do vigente em 1995. Cingapura, Filipinas e Malásia registraram, em 2013, preço relativo da FBCF abaixo do brasileiro, significando uma trajetória mais favorável para firmas e empreendedores nesse período, principalmente ao se considerar que o preço do investimento nesses países, conforme as PWT8.1, estavam mais baixos que o brasileiro. Essa última observação também vale mesmo para os três países anteriores que chegaram em 2013 com preço relativo da FBCF maior que em 1995. Isto é, tais acréscimos não implicaram em preço da inversão alcançando o brasileiro nas PWT8.1. Nos BRICS, a China foi o único país a chegar em 2013 com preço relativo da FBCF maior do que em 1995. Todavia não custa lembrar que a China continuava em 2011 com um dos menores preços do investimento frente a outros países. Todos os demais encerraram o período com uma razão deflator da FBCF/ deflator do PIB menor do que em 1995, inclusive Índia e África do Sul em patamar menor do que o Brasil.

Já Argentina, Chile, Colômbia e México chegaram todos em 2013 com um preço relativo da FBCF abaixo do vigente em 1995. Só a Colômbia encerrou sem estar em situação melhor em termos desse indicador. Destaque-se o Chile, com forte queda nesse preço relativo, encerrando a série em 0,66, lembrando que o país manteve praticamente a mesma posição no contraponto entre 2000 e 2010 nas PWT8.1 dentre as economias selecionadas, favorecendo as condições para se investir

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O Preço Relativo do Investimento Fixo em Termos do Consumo Final

Este segundo grupo de comparação possui caráter complementar, pois o preço da formação bruta de capital fixo é contrastado com o preço do que é gasto pelas famílias e pelo governo, sem a influência que preço das exportações pode exercer no deflator do PIB.

Calculando-se o preço relativo da FBCF em termos do consumo final (CF, i.e., consumo das famílias e consumo do governo), constata-se que o indicador para o Brasil pouco se distingue da razão entre deflator da FBCF e deflator do PIB. No entanto, por expurgar possíveis impactos dos preços das exportações, permite confrontar melhor as opções de investir e consumir considerando os preços dos dois atos.

Neste sentido, pelas comparações internacionais, vale destacar que a trajetória desse indicador aponta que, no G7, apenas a França chegou em 2013 com patamar acima do vigente em 2015. A situação do Japão, por exemplo, muda em relação ao observado na comparação anterior, apontando para o fato dos preços dos fluxos internacionais terem afetado o preço relativo da FBCF em termos do PIB. O mesmo ocorreu com a República da Coreia, isto é, tomando-se a razão entre deflatores da FBCF e do CF, esse país terminou o período com preço relativo menor do que em 1995. Com a Rússia e a Argentina aconteceu o inverso: pelo atual indicador, em 2013 ficou com uma razão entre deflatores maior do em 1995, ou seja, mais caro investir do que consumir nesses em relação a eles próprios em 1995.

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