NOVA NORMA ISO 26000:2010 RESPONSABILIDADE SOCIAL

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Referência: Norma Internacional ISO 26000:2010

Guia de Responsabilidade Social: Primeira Edição – 01 de novembro de 2010

NOVA NORMA ISO 26000:2010

RESPONSABILIDADE SOCIAL

“Modelo que proporciona os guias de desenvolvimento da

Responsabilidade Social para qualquer Organização”.

O tema da Responsabilidade Social nos níveis internacional e nacional vem gerando cada vez mais interesse nas Organizações, em decorrência da conscientização e da necessidade de implementar condutas socialmente responsáveis, capazes de contribuir para o Desenvolvimento Sustentável.

A Norma ISO 26000:2010 enfatiza que o desempenho das Organizações na sociedade e o impacto correspondente no meio ambiente são de fundamental relevância na medição do desempenho geral das Organizações e sua capacidade de funcionar de forma eficaz e eficiente. A ISO 26000:2010 proporciona orientações sobre os Princípios e Conceitos Fundamentais da Responsabilidade Social que contribuem para a incorporação de condutas socialmente responsáveis em qualquer Organização dos setores privado, público e sem fins lucrativos, independentemente da entidade ser de grande, médio ou pequeno porte ou de estar localizada em país desenvolvido ou em desenvolvimento.

Os temas e/ou capítulos apresentados no índice da Norma ISO 26000:2010 são enumerados a seguir:

1.- Objetivo e campo de aplicação 2.- Termos e definições

3.- Compreensão da Responsabilidade Social 4.- Princípios da Responsabilidade Social

5.- Reconhecimento da Responsabilidade Social e do engajamento com as partes interessadas 6.- Orientações sobre os Conceitos Fundamentais da Responsabilidade Social

7.- Orientações sobre a incorporação plena da Responsabilidade Social na Organização ANEXO A Exemplos de iniciativas voluntárias e ferramentas para a Responsabilidade Social ANEXO B Abreviações

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Para os efeitos do presente artigo, serão analisados apenas os Princípios da Responsabilidade Social, os quais são estabelecidos no capítulo 4 da Norma ISO 26000:2010, e os Assuntos Fundamentais da Responsabilidade Social, descritos no capítulo 6.

Antes de adentrar no tema em pauta, resgatamos, a seguir, algumas definições apresentadas na norma, consideradas relevantes para a melhor compreensão dos conceitos chave:

Responsabilidade Social: A Responsabilidade de uma Organização em função dos impactos que suas decisões e atividades provocam na sociedade e no meio ambiente, mediante a adoção de condutas éticas e transparentes que:

contribuem para o desenvolvimento sustentável, incluindo a saúde e o bem-estar da sociedade;

 levam em consideração as expectativas das partes interessadas;

observam a legislação vigente e estão em conformidade com as normas internacionais de conduta, e

estão incorporadas no âmbito da Organização e são aplicadas em suas relações.

Organização: Entidade ou grupo de pessoas e instalações com responsabilidades, competências e relações estabelecidas e objetivos identificáveis.

Impacto da Organização: Mudanças positivas ou negativas geradas na sociedade, na economia ou no meio ambiente, em decorrência, total ou parcialmente, das decisões e atividades passadas e presentes da Organização.

Meio ambiente: Entorno natural no qual uma Organização funciona, incluindo o ar, a água, o solo, os recursos naturais, a flora, a fauna, os seres humanos, o espaço externo e a inter-relação entre estes.

Conduta ética: Comportamento de acordo com os princípios da conduta correta ou boa, conforme aceites no contexto de uma determinada situação, e compatível com as normas internacionais de conduta.

Desenvolvimento sustentável: Desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras de satisfazer suas necessidades.

Partes interessadas: Pessoa ou grupo que possui interesse em uma determinada decisão ou atividade da Organização.

Normas internacionais de conduta: Expectativas de conduta organizacional socialmente responsável, decorrentes de acordo internacional consuetudinário, princípios de direito internacional geralmente aceitos ou acordos intergovernamentais, reconhecidos universal ou quase universalmente.

Igualdade de gênero: Tratamento equitativo para mulheres e homens.

Governança da Organização: Sistema pelo qual a Organização adota e implementa decisões, visando à realização dos seus objetivos.

Transparência: Abertura com relação às decisões e atividades que afetam a sociedade, a economia e o meio ambiente e a disposição de comunicá-las de forma clara, precisa, oportuna, honesta e abrangente.

Trabalhador: Pessoa que exerce um trabalho, seja na condição de funcionário ou de autônomo.

Princípios da Responsabilidade Social:

Os participantes na elaboração da presente Norma entenderam que existem inúmeros princípios relacionados à responsabilidade social, acordando, no entanto, que as Organizações devem, no mínimo, observar os sete princípios descritos a seguir:

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Guia de Responsabilidade Social: Primeira Edição – 01 de novembro de 2010 PRINCÍPIO

PRINCÍPIOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Prestação de contas

Transparência Conduta ética

Respeito aos interesses das partes interessadas Respeito ao princípio da legalidade

Respeito às normas internacionais de conduta Respeito aos direitos humanos

 PRINCÍPIO 1.-

Prestação de contas: Consiste no dever da Organização de prestar contas junto às autoridades competentes, no que diz respeito aos impactos na sociedade, na economia e no meio ambiente e às ações adotadas para prevenir a reincidência de impactos negativos involuntários e imprevistos.

 PRINCÍPIO 2.-

Transparência: Consiste no dever da Organização de agir com transparência nas decisões e atividades com impacto na sociedade e no meio ambiente.

As Organizações devem divulgar de forma clara, precisa e completa as informações sobre as políticas, decisões e atividades pelas qual é responsável, incluindo seus impactos conhecidos e previstos na sociedade e no meio ambiente. Essas informações devem estar amplamente disponíves e acessíveis a todos os interessados.

 PRINCÍPIO 3.-

Conduta ética: Consiste no dever da Organização de praticar condutas baseadas nos valores da honestidade, equidade e integridade, valores estes que implicam no respeito pelas pessoas, animais e meio ambiente e no compromisso de dar tratamento adequado para os impactos das atividades e decisões de suas partes interessadas.

 PRINCÍPIO 4.-

Respeito aos interesses das partes interessada: Consiste no dever da Organização de respeitar, levar em consideração e responder aos interesses das partes interessadas.

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Mesmo nos casos em que os objetivos da Organização se restrinjam aos propietários e sócios, clientes ou integrantes, outras pessoas ou grupos também podem possuir direitos, reivindicações ou interesses específicos que devem ser levados em conta. Coletivamente, estas pessoas constituem as partes interessadas de uma Organização.

Nota.- As partes interessadas podem possuir interesses incompatíveis com as expectativas da sociedade.

 PRINCÍPIO 5.-

Respeito ao princípio da legalidade: Consiste no dever da Organização de respeitar, obrigatoriamente, o princípio da legalidade.

O princípio da legalidade refere-se ao predomínio do direito e, em particular, ao conceito de que nenhuma pessoa ou Organização está acima da lei, ficando os Governos também sujeitos a ela. O princípio se contrapõe à arbitrariedade no exercício do poder. O respeito a este princípio implica no pleno cumprimento, pela Organização, de todas as leis e regulamentos em vigência.

 PRINCÍPIO 6.-

Respeito às normas internacionais de conduta: Consiste no dever da Organização de respeitar as normas internacionais de conduta, da mesma forma que obeserva o princípio do respeito à legalidade.

A Organização deve imprimir esforços no sentido de observar as normas internacionais, mesmo e quando a lei ou sua implementação não proteja explicitamente os aspectos ambientais e sociais. A Organização deve evitar cumplicidade em atividades realizadas por outra Organização que estejam em desconformidade com as normas internacionais de conduta.

 PRINCÍPIO 7.-

Respeito aos direitos humanos: Consiste no dever da Organização de respeitar os direitos humanos e reconhecer tanto sua importância, quanto sua universalidade.

A Organização deve promover o respeito aos direitos humanos e evitar tirar qualquer proveito ou vantagem nos casos em que a lei ou sua implementação não assegure proteção adequada.

Conceitos Fundamentais da Responsabilidade Social:

Como parte de uma definição abrangente da responsabilidade social de uma Organização, devem ser identificadas as questões pertinentes e estabelecidas as prioridades correspondentes, com base nos seguintes Conceitos Fundamentais da Responsabilidade Social.

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Organização

I – Governança da Organização II – Direitos Humanos

III – Práticas Trabalhistas IV – Meio Ambiente

V – Práticas Justas de Operação VI – Assuntos de Consumidores

VII – Participação Ativa e Desenvolvimento da Comunidade Conceito Fundamental I.- Governança da Organização:

A governança da Organização é o sistema pelo qual a Organização adota e implementa decisões para a realização dos seus objetivos.

Os sistemas de governança variam, conforme o porte e tipo de Organização e o contexto ambiental, econômico, político, cultural e social em que se insere dita Organização. Os sistemas de governança são administrados por uma pessoa ou grupo de pessoas (proprietários, sócios, integrantes ou outros), com competência e responsabilidade de buscar os objetivos da Organização.

A governança da Organização é o fator mais importante para a incorporação da responsabilidade social e para possibilitar que a Organização assuma plena responsabilidade pelos impactos decorrentes de suas decisões e atividades. A Organização que estabelece como meta a responsabilidade social deve contar com um sistema de governança que permita a supervisão e a implementação efetivas dos sete princípios da responsabilidade social citadas acima.

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Os direitos humanos são direitos básicos de todo ser humano, garantidos pela sua condição como humano. Existem duas categorias de direitos humanos:

a) A categoria dos direitos civis e políticos inclui o direito à vida e à liberdade, à igualdade perante a lei e à liberdade de expressão.

b) A categoria dos direitos econômicos, sociais e culturais inclui o direito ao trabalho, o direito à alimentação, o direito à saúde, o direito à educação e o direito à seguridade social (previdência).

Os Estados possuem o dever e a responsabilidade de respeitar, proteger, curmprir e efetivar os direitos humanos. A Organização tem como responsabilidade respeitar os direitos humanos, inclusive no âmbito de sua atuação.

Conceito Fundamental III.- Práticas trabalhistas:

As práticas trabalhistas da Organização compreendem todas as políticas e práticas relacionadas com o trabalho desempenhado em nome da Organização, incluindo serviços terceirizados.

As práticas trabalhistas incluem o recrutamento e a promoção de trabalhadores; os procedimentos disciplinares; a transferência e o remanejamento de trabalhadores; a recisão do vínculo empregatício; a formação e o desenvolvimento de capacidades; a saúde; a segurança e o higiene industrial, e qualquer política ou prática que afete as condições de trabalho, em particular aquelas relacionadas à jornada de trabalho e à remuneração.

As práticas trabalhistas socialmente responsáveis são essenciais para promover a justiça social, a estabilidade e a paz.

Um dos princípios fundamentais da Declaração de Filadélfia da OIT, de 1994, estabelece que o trabalho não é mercadoria; é dizer, os trabalhadores não devem ser tratados como fator de produção, nem devem estar sujeitos às mesmas forças de mercado aplicadas às mercadorias. A vulnerabilidade dos trabalhadores e a necesidade de proteger seus direitos estão previstos na “Declaração Universal dos Direitos Humanos” e no “Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais”.

Conceito Fundamental IV.- O meio ambiente:

As decisões e atividades das Organizações invariavelmente geram impactos no meio ambiente, independentement de onde estas estão inseridas. Esses impactos estão associados ao uso de recursos pela Organização, à localização de suas atividades, à geração de poluição e de resíduos e aos impactos das atividades da Organização nos habitats naturais. Para reduzir os impactos ambientais, as Organizações devem adotar uma abordagem integrada, que considere

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as repercussões econômicas, sociais, de saúde e ambientais, diretas e indiretas, decorrentes de suas decisões e atividades.

A sociedade enfrenta uma variedade de desafios ambientais, incluindo o esgotamento dos recursos naturais, a poluição, a mudança climática, a destruição de habitats, a extinção de espécies, o colapso de ecosistemas e a degradação de assentamentos humanos em áreas urbanas e zonas rurais. Na medida que a população mundial e o consumo aumentam, essas mudanças configuram ameaças crescentes para a segurança e saúde humana e o bem-estar da sociedade.

A responsabilidade ambiental é condição prévia para a sobrevivência e a prosperidade humana; portanto, constitui aspecto central da responsabilidade social. As questões ambientais estão estreitamente relacionadas com outros temas e assuntos críticos para a responsabilidade social. A educação ambiental é de fundamental importância para promover o desenvolvimento das sociedades e de estilos de vida sustentáveis.

Os temas ambientais nos planos local, regional e global estão inter-relacionados. Desta forma, é necessário uma abordagem integral, sistemática e coletiva.

Conceito Fundamental V.- Práticas justas de operação

As práticas justas de operação referem-se à conduta ética da Organização em suas operações e transações com outras Organizações. Incluem as relações entre Organizações e órgãos públicos, assim como as relações entre as Organizações e seus parceiros, fornecedores, empreiteiros, clientes, concorrentes e outros.

Os assuntos relacionados às práticas justas de operação se localizam nos âmbitos do combate à corrupção, da participação responsável na esfera pública, na concorrência justa, na conduta socialmente responsável e no respeito aos direitos da propriedade.

A concorrência justa e o respeito aos direitos de properiedade não podem ser garantidos se a interação entre as Organizações não for honesta, equitativa e íntegra.

Conceito Fundamental VI.- Assuntos de consumidores:

As organizações que oferecem produtos e serviços aos consumidores, assim como a outros clientes, possuem responsabilidades perante eles.

Estas responsabilidades incluem oferecer educação e informações precisas, mediante a informação justa, transparente e útil de marketing e de procesos de contratação, promovendo, assim, o consumo sustentável e o desenho de produtos e serviços que proporcionem acesso a todos e satisfaçam às necessidades de grupos vulneráveis e desfavorecidos, sempre que necessário.

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O consumidor final é a pessoa ou grupo que utiliza o resultado das decisões e atividades das Organizações, sem que isto implique, necessariamente, em pagamento dos respectivos produtos ou serviços.

As Organizações possuem oportunidades significativas de contribuir para o consumo e o desenvolvimento sustentável, por meio dos produtos e serviços oferecidos e as informações prestadas, inclusive informações relativas ao uso, conserto e disposição final de produtos e serviços.

Conceito Fundamental VII.- Participação ativa e desenvolvimento da comunidade:

Hoje é amplamente reconhecida a relação entre as Organizações e as comunidades em que estas desempenham suas operações. A participação ativa, seja de forma individal ou mediante associações engajadas em aprimorar o bem público, contribui para o fortalecimento da sociedade civil.

As Organizações que se envolvem com a comunidade e suas instituições, de forma respeituosa, refletem valores democráticos e cívicos.

Embora algumas ações possam ter caráter filantrópico, as atividades exclusivamente filantrópicas não conseguem integrar a responsabilidade social no âmbito da Organização. Conclusão:

No momento em que uma Organização considera os PRINCÍPIOS e os CONCEITOS FUNDAMENTAIS da Responsabilidade Social, conforme explicitados na Norma ISO 26000:2010 e apresentados de maneira resumida no presente artigo, pode se dizer que essa Organização conta com uma orientação clara sobre como efetivar a responsabilidade social.

As Organizações podem se basear em SISTEMAS, POLÍTICAS, ESTRUTURAS e REDES EXISTENTES destinados à implementação efetiva da responsabilidade social, mesmo e quando determinadas atividades precisem de um tratamento diferenciado ou seja necessário levar em conta uma gama mais ampla de fatores, conforme a Organização.

É possível que sua Organização já tenha estabelecido um sistema de responsabilidade social. No entanto, seria de grande utlidade comparar esse sistema com os PRINCÍPIOS e CONCEITOS FUNDAMENTAIS estabelecidos na Norma ISO 26000:2010, mundialmente aprovada, e, desta forma, INTEGRAR A RESPONSABILIDE SOCIAL de acordo com o funcionamento específico de sua Organização.

Atenciosamente.- Miguel A. Romero Diretor

Global Standards Certification. Novembro de 2010.