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A LOGÍSTICA REVERSA ALIADA À LOGÍSTICA VERDE EM UMA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ.

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A LOGÍSTICA REVERSA ALIADA À

LOGÍSTICA VERDE EM UMA

INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO NA

REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ.

RITA DE CÁSSIA FONSECA (unicentro)

rozangela venancio nunes (fic) elaine wantroba gaertner (unicentro) renato silveira (unicentro)

Resumo

O presente artigo tem como objetivo mostrar como a logística reversa combinada com a logística verde pode contribuir para a competitividade em uma indústria do ramo do vestuário. Pressões legais, ambientais e sociais pela preservação do meiio ambiente estão cada vez mais rígidas, fazendo com que as empresas busquem alternativas para cumprir estas determinações e ainda assim transformar estes desafios em fonte de competitividade. Para mostrar como a logística reversa aliada à verde pode contribuir para o cumprimento destes requisitos, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto e um levantamento de dados em uma empresa do ramo do vestuário no Sudoeste do Paraná, onde se observou que atitudes gerenciadas nos âmbitos da logística reversa e verde, puderam contribuir com a competitividade da empresa, reduzindo custos, adicionando valor à imagem corporativa e demonstrando sua responsabilidade social junto à sociedade.

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1. INTRODUÇÃO

O atual ambiente empresarial tem exigido das empresas velocidade cada vez mais rápida de resposta de suas atividades. Em um ambiente em que a cada dia cresce o número de variedades de mercadorias e produtos, clientes tornando-se mais exigentes na prestação de serviços, ambientes empresariais globalizados e em constante mudança, fazem-se necessário analisar toda a cadeia de suprimentos como alternativa para suprir estas respostas em tempo hábil. Nesse contexto, a logística apresenta-se como função empresarial estratégica para reforçar o desempenho das empresas.

Logística, segundo Ballou (1993), é a área da administração que estuda como prover melhor nível de serviços de distribuição aos consumidores e clientes, através de planejamento, organização e controle das atividades de movimentação e armazenagem para facilitar o fluxo dos produtos.

A logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle de eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e informações correspondentes do ponto de consumo ao ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou destinar a apropriada disposição (LEITE 2009 apud ROGERS, TIBBEN-LEMBKE, 1999).

A legislação que trata questões relacionadas a controle de resíduos está intrinsecamente relacionada com os impactos destes no meio ambiente. A área da logística que visa minimizar os impactos da logística no meio ambiente é a chamada logística verde, que intersecciona-se com a logística reversa, sob os aspectos de reuso, reciclagem, produção, entre outros.

Fatores como conscientização ecológica dos consumidores, pressões legais, desenvolvimento sustentável e ciclo de vida útil dos produtos cada vez mais reduzidos são exemplos de como se faz necessário desenvolver a logística reversa e a gestão ambiental nas empresas que, mesmo adicionando-se custos em algumas situações, podem transformar em vantagem competitiva.

A logística reversa agregada à logística verde ainda exige grandes desafios das empresas para que os resíduos, produtos, embalagens, entre outros subprodutos gerados ‘pela

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3 logística direta, tenham seus corretos destinos, descartes, sejam reaproveitados, retornando ao fluxo produtivo ou tenham sua geração reduzida na origem.

Diante deste cenário, tem-se uma problemática de pesquisa: como os desafios enfrentados pelas empresas para gerir seu fluxo reverso de materiais com intuito de reduzir os impactos ambientais podem representar fonte de competitividade no mercado? Com a escassez de matéria-prima cada vez mais discutida no âmbito global, avanços em sistemas de produção e tecnologia, questões ambientais e legais, como o projeto de lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionado em agosto de 2010, responsabilizando todos os produtores e fabricantes pelo produto, mesmo após o fim de sua vida útil, fica cada vez mais explícita a necessidade do processo da logística reversa e gestão ambiental nas empresas.

Este estudo tem como objetivo identificar os principais desafios de uma indústria do setor têxtil na gestão de seu fluxo logístico reverso aliado à redução de impactos ambientais, através da logística verde e como estes podem transformar-se em fonte de competitividade. Nesse contexto, os objetivos específicos vinculados ao objetivo geral são:

 Definir logística reversa e identificar os seus tipos;

 Definir logística verde e como esta se intersecciona com a logística reversa;  Conceituar competitividade e inseri-la no contexto da gestão logística e

 Identificar por meio de um levantamento de dados como a logística reversa aliada à logística verde, controlados por um sistema de gestão ambiental (SGA) pode servir de fonte de competitividade;

Diante destes desafios, este artigo mostra, por meio de um levantamento de dados em uma empresa, que a logística reversa aliada à logística verde, com seu forte apelo à sustentabilidade, pode ser uma importante fonte de competitividade quer seja por sua imagem perante a sociedade no tocante aos aspectos ambientais, quer seja pela gestão do ciclo de vida útil e nos custos dos produtos.

No que se refere aos aspectos metodológicos aplicados para a realização da pesquisa, configura-se como pesquisa descritiva qualitativa, no que se refere aos fins, bem como uma pesquisa bibliográfica e de campo, referente aos meios.

É uma pesquisa configurada como bibliográfica porque em seu referencial teórico foi realizado um estudo sobre os conceitos de competitividade, de logística empresarial direta, reversa e de logística verde. Trata-se de pesquisa exploratória porque foi realizado um

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4 levantamento de dados em uma indústria do segmento do vestuário, localizada no Sudoeste do Paraná.

Na coleta de dados, utilizou-se uma entrevista não estruturada com os gestores da empresa relacionados à produção, almoxarifado e logística. Os dados obtidos foram interpretados e tratados qualitativamente, fundamentados no referencial teórico desenvolvido nesse estudo.

Esse artigo divide-se em quatro partes. Na primeira consta o referencial teórico, apresentando a conceituação e o estudo sobre logística, logística reversa e seus tipos, bem como a conceituação de logística verde e sua intersecção com a logística reversa. Na segunda parte, encontram-se os desafios impostos à gestão dos fluxos reversos e dos aspectos ambientais. A terceira parte apresenta um levantamento de dados de uma empresa do segmento têxtil, que através da implantação de um SGA (sistema de gestão ambiental), gere sua logística reversa de pós-consumo e reduz impactos ambientais no processo produtivo, agregando benefícios financeiros, como redução de custos para a organização. Na quarta e última parte são feitas as considerações finais e conclusão da pesquisa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico do presente artigo busca conceituar os temas que fundamentarão a pesquisa, demonstrando a importância da logística reversa e verde para a competitividade das organizações.

2.1 Logística

Para atuar no atual ambiente competitivo, as empresas têm cada vez mais buscado aumentar seus ganhos e manterem-se no mercado. Para isso, usam alternativas que visem agregar mais valor aos produtos, aperfeiçoar as atividades operacionais, reduzir despesas, otimizar processos, fidelizar clientes e torná-los satisfeitos com suas aquisições. Nesse contexto, a logística apresenta-se como área da administração que pode contribuir com estes objetivos.

Segundo Ching (2006), logística pode ser definida como o planejamento, a operação e o controle eficiente e eficaz do fluxo de mercadorias e serviços, desde a produção até a entrega ao cliente, de forma a racionalizar e integrar toda a cadeia de distribuição, a fim de garantir vantagem competitiva e satisfação do cliente.

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5 A logística, na concepção de Leite (2009), é a disponibilização de bens e serviços gerados na quantidade certa, no local, nos tempos e com a qualidade almejada por seus consumidores. Faz-se necessária cada vez mais nas empresas pela capacidade que dá a estas de destacarem-se no mercado, através da avaliação do ciclo de vida de seus produtos, otimização dos processos e consequente aumento de competitividade. Esse artigo foca em duas subáreas da logística, que são: a logística de pós-consumo e a logística verde, que se relacionam e fazem destas fontes de competitividade para as organizações, principalmente através da redução de custos.

2.1.1 Logística reversa

Logística reversa é uma subárea da logística que faz o planejamento, a operação e o controle dos fluxos e informações referentes ao retorno dos bens de venda e pós-consumo ao ciclo produtivo ou de negócios, por meios dos canais reversos de distribuição, agregando valores nas esferas econômicos, imagem corporativa, ambiental entre outros (LEITE, 2009).

Figura 1 – Fluxo logístico reverso. Fonte: Leite (2009).

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6 Através da figura 1, pode-se observar o fluxo logístico reverso, iniciado através da coleta de materiais, sua seleção e expedição e em seguida podendo ocorrer seu retorno para o ciclo de negócios ou ser descartado. No ciclo de negócios, pode ser reprocessado, reciclado, recondicionado ou revendido, dependendo de suas especificações. Para Leite (2009), a logística reversa pode ser classificada como de pós-consumo e pós-venda.

2.1.1.1 Logística reversa de pós-consumo

De acordo com Leite (2009), caracteriza-se como a parte da logística reversa responsável por equacionar o fluxo físico e de informações referentes aos bens de pós-consumo, que retornam ao ciclo produtivo ou de negócios através de canais reversos. Entre estes bens encontram-se as mercadorias no fim de suas vidas úteis ou utilizadas, porém, com condições de reutilização e os resíduos industriais. Tem como principal objetivo agregar valor a produtos com tempo de vida útil vencido ou ainda possua condições de reuso, desmanche ou reciclagem, até tornar-se inservível e ter sua destinação final. A figura 2 demonstra o fluxo reverso de pós-consumo.

Figura 2 – Fluxo logístico reverso de pós-consumo. Fonte: Leite (2009).

Observa-se, na figura 2, o fluxo logístico reverso de pós-consumo, onde após o produto seguir seu fluxo logístico direto composto iniciado pela matéria-prima (compra), fabricações, destinação, varejistas e finalmente o consumidor, este poderá retornar, refazendo

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7 um fluxo que vai desde sua coleta pós-consumo, até chegar novamente ao fluxo logístico direto ou em mercados secundários, onde poderá ser reaproveitado.

2.1.1.2 Logística reversa de pós-venda

Denomina-se pós-venda a área da logística reversa responsável por operacionalizar os fluxos reversos de bens de pós-venda novos, com pouco ou nenhum uso que, por diversos motivos retornam através dos canais reversos de distribuição para os fluxos logísticos diretos. Tem como objetivo agregar valor a mercadorias devolvidas por estarem em garantia e apresentarem defeito ou por motivos comerciais, erros na operação, avarias, entre outros (LEITE, 2009).

Figura 3 – Fluxo logístico reverso de pós-venda. Fonte: Leite (2009).

A figura 3 mostra o fluxo reverso de pós-venda, em que, após seguir de fluxo logístico direto iniciando-se pela matéria-prima (compra), fabricações, destinação, varejistas e finalmente o consumidor, o produto este poderá retornar, refazendo um fluxo reverso, que vai desde sua coleta pós-venda, até chegar novamente no fluxo logístico direto ou em mercados secundários, onde poderá ser revendido.

2.2 Logística verde

A logística verde é a área da logística que busca compreender e minimizar os impactos da logística no meio ambiente. Atividades da logística verde incluem redução do uso

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de materiais, redução do consumo de energia nas atividades logísticas, certificação ISO 14000 e medição do impacto ambiental de algumas modalidades de transportes (LEITE, 2009 apud ROGERS & TIBBEN-LEMBKE, 1998).

Na figura 4, observa-se que apesar de não estarem diretamente ligadas em sua totalidade, a logística reversa e a logística verde interseccionam-se sob os aspectos reciclagem, remanufatura e reuso de materiais, tais como embalagens, entre outros.

Figura 4 – Logística reversa x logística verde Fonte: Donato (2008).

A figura 5 mostra como através de atitudes de logística reversa de pós-venda e pós-consumo é possível agregar valor à organização devido aos benefícios proporcionados, tais como competitividade, melhoria da imagem corporativa e redução de custos.

Figura 5 – Benefícios da logística reversa de pós-venda e pós-consumo (versão adaptada)

Fonte: Lambert (1999).

Segundo a revista eletrônica Planeta (ed. 462, março/2011), um dos principais diferenciais do Brasil encontra-se na sustentabilidade do setor têxtil, o que o posiciona entre

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os quatro maiores produtores de tecido "denim" (jeans) do mundo. De acordo com a conceituação da logística reversa e a sua associação com a logística verde, conclui-se que a mesma contribui para que este diferencial continue a ser alcançado e possa cada vez mais tornar-se uma fonte de competitividade para as organizações. Torna-se assim conveniente com os objetivos deste estudo discutir conceitos de competitividade e como o fator sustentabilidade pode contribuir com ela.

2.3 Competitividade à luz da sustentabilidade

A sustentabilidade, palavra atualmente em moda, implica em atender as necessidades da geração atual sem comprometer as gerações futuras; a cada dia que passa constata-se a capacidade que esta tem de agregar valor às organizações, através de ações sociais e ambientais que valorizam a imagem da empresa perante o mercado, gerando a vantagem competitiva sustentável. Vantagem competitiva esta que implica na possibilidade de agregar valor para aquilo que os clientes estão consumindo, de forma a satisfazê-los e entregá-los o que estão dispostos a pagar.

Segundo Porter (1990), existe dois tipos básicos de vantagem competitiva: liderança no custo e na diferenciação.

 Liderança no custo: com esta estratégia, busca-se atingir o maior número de segmentos de mercado. Apenas pela sua participação em diversos segmentos já representa por si só vantagem competitiva de custos. Normalmente, empresas que optam por este modelo de baixo custo produzem produtos mais básicos buscando sua competitividade através do ganho em escala.

 Diferenciação: neste modelo de estratégia, a empresa deve apresentar-se única em seu modo de satisfazer às necessidades dos clientes, agregando valor às características que mais possam ser valorizadas pelos consumidores. Esta unicidade permite que a empresa seja recompensada pelo seu preço-prêmio. Se o preço-prêmio for maior que os custos para conseguir esta singularidade, então a organização terá sucesso.

Por meio do exposto, cabe ressaltar também que o fato de a empresa buscar ser competitiva pela diferenciação, não a faz ignorar os seus custos, cabendo à mesma obter redução de custos nas áreas não envolvidas em sua diferenciação.

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10 2.3.1 A sustentabilidade como fonte de competitividade

O impacto das atividades organizacionais tem implicado em maiores pressões sócio-ambientais por parte de governantes e consumidores, que fazem as empresas buscarem meios de atenderem às exigências de mercado e da sociedade. A sensibilidade dos consumidores em relação a questões ambientais e sociais tem aumentado cada vez mais o consumo consciente. Com isso, cada vez mais aumenta a significância da sustentabilidade entre as empresas e os consumidores. Nesse sentido, a logística verde age em conjunto com a logística reversa, juntamente com outras áreas organizacionais, para minimizar os impactos ao meio ambiente.

Um forte fator que faz das empresas obrigadas a criar mecanismos de utilizar de maneira eficiente suas matérias-primas, recursos hídricos e energéticos, materiais secundárias entre outros, é a legislação ambiental. Descumprir questões legais pode levar à degradação da imagem corporativa, além de poder gerar multas altíssimas. Visto que a legislação se aplica a todos, inovar e tornar-se diferente em seus produtos e serviços agregará valor e competitividade.

Reduzir a geração de resíduos e o desperdício de recursos, tais como os energéticos e hídricos, implica em que a empresa busque aumentar sua produtividade e diminuir seus custos. Valoriza também a imagem corporativa diante do mercado consumidor consciente.

Segundo a ABIT, em 2009 no Brasil foram produzidas 226,7 milhões de calças jeans. O ciclo de vida do tecido utilizado na fabricação destas calças, denominado “denim”, tem alto impacto para o meio ambiente. Segundo a revista eletrônica Planeta (ed. 462, março/2011), os maiores produtores do tecido tipo "denim" juntos, Brasil, Turquia, Índia e China, podiam produzir 3,4 bilhões de metros lineares de tecido/ano, equivalendo a 1,5 bilhões de calças/ano (dados de março/2011).

Essa produção consumiria, se produzida em cor de tonalidade média, 5,2 trilhões de litros de água ou 11 horas ininterruptas da vazão média do rio Amazonas no mar (133.000 m3/segundo), de acordo com a Agência Nacional de Águas. A matéria-prima principal do tecido, o algodão, consome 25% dos agrotóxicos produzidos no mundo. Materiais altamente poluentes, como a amônia e a soda cáustica são utilizados para gerar um aspecto desgastado no tecido. Por todos estes motivos, a indústria têxtil é considerada fortemente poluidora.

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Conclui-se que ações socioambientais e de valorização da imagem corporativa, atender ao consumidor ambientalmente consciente, buscar a redução de desperdícios e da geração de resíduos, cumprir os requisitos legais, podem ser encarados pelas indústrias do segmento têxtil através da logística reversa e verde fonte de competitividade a luz da sustentabilidade. No tópico seguinte, serão vistos os desafios impostos pela logística reversa que devem ser transformados para agregarem competitividade.

2.4 Desafios da logística reversa para contribuir com a redução dos impactos ambientais e colaborar com a competitividade empresarial

A logística reversa apresenta-se como fonte de competitividade para as empresas, pois aliada à logística verde pode atingir redução de custos e melhoria da imagem corporativa. Ainda distante de atingir o grau de maturidade da logística direta, em algumas situações pode ser vista pelas empresas apenas como um centro de despesa.

A seguir, seguem alguns desafios que devem ser superados pelas empresas para que a logística reversa possa evoluir cada vez mais e agregar valor à organização, pela melhoria da imagem corporativa, bem como para seu produto através da redução de custos:

 Atender aos requisitos legais;

 Reduzir custos e desperdícios;

 Desenvolver o conceito de responsabilidade ambiental;

 Gerar redes de distribuição reversa competitivas;

 Atingir um nível de serviço diferenciado;

 Integrar logística e marketing e

 Conceber produtos visando reduzir impactos ao meio ambiente e facilitando o ciclo reverso do pós-consumo.

2.4.1 Atender aos requisitos legais

Cumprir a legislação imposta para a aplicação logística reversa e meio ambiente é uma fonte bastante desafiadora, visto que a constituição permite que a União, estados e seus municípios tenham competência concorrente para que possam legislar sobre o meio ambiente.

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Segundo Leite (2009, p. 35), antecipar-se a adequação à legislação pode representar redução de custos, devido aos malefícios que pode trazer para a imagem corporativa pelo seu descumprimento e também pelo alto valor das multas cobradas pela infração das leis ambientais.

2.4.2 Reduzir custos e desperdícios

A redução de desperdícios de matérias-primas, a redução da geração de resíduos, a redução do consumo de água e energia são alternativas para a redução de custos, porém, requerem toda uma revisão dos processos produtivos e administrativos, bem como com um alto grau de educação ecológica e envolvimento por partes dos funcionários, para que este desafio possa contribuir para a competitividade empresarial.

Para Lacerda (2002), a logística reversa traz retornos consideráveis para as organizações. A reutilização de embalagens e o reaproveitamento de materiais estimulam iniciativas e esforços que contribuem no desenvolvimento e melhoria da logística reversa.

2.4.3 Desenvolver o conceito de responsabilidade ambiental

Empresas que querem manter-se competitivas devem apresentar o conceito de responsabilidade ambiental, pois demonstra que em sua cultura há esta preocupação com a sociedade e o meio ambiente. Para Leite (2009), produtos menos agressivos ao meio ambiente, bem como produtos reutilizáveis e de mais fácil aderência ao ciclo reverso podem agregar competitividade através da ética empresarial e da imagem corporativa. Adequar-se a este conceito é mais um desafio.

2.4.4 Gerar redes de distribuição reversa competitivas

Empresas que têm desenvolvido seu “supply chain” reverso têm conseguido uma maior valorização da imagem corporativa e consequente valorização mercadológica. Desenvolver estes canais implica anteciparem-se às regulamentações impostas e participar de todo o ciclo direto e reverso dos produtos, a fim de evitar impactos ambientais negativos.

Para Leite (2009, pp. 42 e 43), a gestão de fatores econômicos para a reintegração de mercadorias aumentando o retorno financeiro, fatores tecnológicos que permitam o reuso

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das mercadorias e fatores logísticos relacionados a transportes são desafios impostos para a geração das redes reversas.

2.4.5 Atingir um nível de serviço diferenciado

Para Porter (1990), a fidelização do cliente é um dos objetivos empresariais que podem trazer um maior retorno para o negócio. Obter diferenciação através de serviços de logística reversa é um desafio imposto, que pode agregar valor ao produto e consequentemente obter a fidelização almejada. Fornecer assistência técnica pode reduzir mão de obra técnica do cliente, fazendo-o reduzir custos.

Para Porter (1990), diferenciar-se no mercado é uma das maneiras de agregar competitividade aos negócios. O marketing de relacionamento em conjunto com o sistema logístico reverso ou verde, pode ser mais uma alternativa para contribuir com a diferenciação dos serviços de pós-venda e pós-consumo na cadeia logística, consolidando uma vantagem competitiva sustentável. Trabalhar esta integração caracteriza-se mais um desafio a ser vencido.

2.4.6 Conceber produtos visando reduzir impactos ao meio ambiente e facilitando o ciclo reverso do pós-consumo

Desenvolver produtos que possam reduzir custos para o cliente implica em ser mais competitivo (PORTER, 1990). Portanto, outro desafio é desenvolver produtos que mantenham sua funcionalidade original, porém, possam ter suas partes e componentes reutilizáveis ou retornados ao ciclo produtivo e de negócios.

Diante de todos os desafios abordados neste estudo, pode-se concluir que é necessário muito investimento em pesquisa, educação ambiental, conscientização dos colaboradores, entre outros, para que a logística reversa e preservação do meio ambiente tornem a empresa mais competitiva, ou pela imagem corporativa ou pelo retorno financeiro que a mesma poderá ter. Trabalhando todos esses desafios vê-se que a logística reversa gera oportunidades competitivas para o negócio e que, portanto, deve ser evoluída nas organizações.

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A logística reversa em conjunto com a logística verde tem sido cada vez mais adotada como estratégia pelas organizações pelas oportunidades de ganhos e competitividade que gera através da logística reversa de pós-consumo, pós-venda, redução de desperdícios, entre outros. Segundo Leite (2009), alguns objetivos estratégicos que agregam competitividade na adoção da logística reversa de pós-consumo (quadro 1) e pós-venda (quadro 2) são: Estratégia de competitividade Atividade de logística reversa Ganhos de competitividade Reaproveitamento de componentes  Montagem de rede logística reversa  Coleta e suprimento de produtos de retorno à linha de desmanche  Distribuição dos produtos ou componentes remanufaturados nos mercados secundários;  Apoio ao processo industrial  Competitividade de custos operacionais pelas economias na confecção de produto;  Competitividade de imagem corporativa; Reaproveitamento de materiais constituintes  Montagem da rede logística reversa  Coletas e suprimento de produtos de retorno à linha de desmanche  Distribuição das matérias-primas secundárias nos  Competitividade de custos operacionais pelas economias na confecção de produto  Competitividade de imagem corporativa

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15 mercados secundários

Adequação fiscal  Adequação da cadeia reversa às condições   Competitividade de custos Demonstração de responsabilidade empresarial  Montagem e operação da rede logística reversa  Competitividade de imagem corporativa

Quadro 1 – Ganhos de competitividade com atitudes de logística reversa de pós-consumo

Fonte: Leite (2009).

No quadro 1, observam-se alguns exemplos de ganhos de competitividade que atividades de logística reversa de pós-consumo podem proporcionar para a empresa, de forma a atender objetivos estratégicos. Nota-se que atitudes, como o reaproveitamento de componentes ou materiais constituintes e antecipar-se à adequação fiscal, podem reduzir custos e, no primeiro caso, ainda contribuir para a imagem corporativa. Demonstram também que a responsabilidade social agrega competitividade através do reforço da imagem corporativa. Abaixo se seguem as estratégias para o alcance de competitividade da logística reversa de pós-venda. Estratégia de competitividade Atividade de logística reversa Ganhos de Competitividade Flexibilização estratégica de retorno dos produtos

 Retirada e destinação de produtos com baixo giro  Garantia de destino dos produtos retornados  Competitividade pela:  Fidelização do cliente;  Imagem /corporativa e  Imagem de prática de responsabilidade social Recaptura otimizada do valor do produto retornado

 Busca e destinação para:

 Venda como novo;  Venda no mercado

 Competitividade de custos

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16 secundário;

Busca de valor na prestação de serviços de pós venda

 Rede logística reversa de alta responsividade  Competitividade se serviços, custos e imagem corporativa Estratégia de busca de feedback de qualidade  Rastreamento dos motivos de retorno, apoio ao projeto do produto e apoio ao projeto do processo  Competitividade de custos e da imagem da marca Estratégia de antecipação à legislação  Montagem da rede reversa com tempo e baixo risco de erros

 Competitividade de custos e da imagem corporativa

Quadro 2 – Ganhos de competitividade com atitudes de logística reversa de pós-venda Fonte: Leite (2009).

No quadro 2, observam-se as atitudes de logística reversa de pós-venda, que contribuem para os objetivos estratégicos agregando competitividade. É possível observar como as estratégias de flexibilizar política de retorno, buscar recapturar valor dos produtos retornados, melhoria nos serviços de pós-venda e antecipar-se à legislação impactam em ganhos de competitividade para a empresa, quer pela competitividade de custos, imagem corporativa, quer pela fidelização do cliente. Para Donato (2008), alguns objetivos competitivos da logística verde são:

Estratégia de competitividade

Atividade de logística verde Ganhos de competitividade

Atingir padrões internacionais de qualidade ambiental  Implantação de programas de gestão ambiental baseados em normas de qualidade internacionais como a ISO 14.000 Competitividade pela:  Imagem /corporativa e  Prática de responsabilidade social

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17 Antecipação à legislação  Adequar os processos

produtivos e o correto descarte dos resíduos à legislação

 Competitividade de custos

Reduzir impactos ambientais

 Buscar por produtos menos poluentes  Reduzir o consumo de combustíveis fósseis  Competitividade de imagem corporativa  Competitividade de custos Demonstração de responsabilidade empresarial  Adequação dos processos para produção ecologicamente correta e obtenção de selos de qualidade  Competitividade de imagem corporativa  Prática de responsabilidade social; Estabelecer princípios de sustentabilidade ambiental  Adotar princípios de produção limpa  Promover a educação ambiental  Competitividade de imagem corporativa

Quadro 3 – Ganhos de competitividade com atitudes de logística verde Fonte: Adaptado de Donato, (2008).

O quadro 3 apresenta algumas estratégias de logística verde que agregam competitividade. Observa-se que atingir padrões internacionais de qualidade ambiental, antecipação à legislação, reduzir impactos ambientais, demonstração de responsabilidade empresarial e estabelecer princípios de sustentabilidade ambiental agregam competitividade pela imagem corporativa, refletindo-se também em práticas de responsabilidade social. A estratégia de antecipar-se à legislação e reduzir os impactos pode agregar competitividade de custos.

Constata-se, portanto, que a logística verde e a logística reversa, embora apresentem funções e características diferentes, são complementares. Enquanto a logística verde busca a redução dos impactos ambientais, a logística reversa busca o retorno dos

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materiais após venda ou consumo ao ciclo produtivo ou ao de negócios. A relação entre estas é bastante estreita, podendo projetos de logística verde ser também considerados de logística reversa e vice-versa; porém, em conjunto, reforçam a competitividade da empresa.

3 CONCLUSÃO

Por meio deste estudo, pode-se observar que as empresas que têm desenvolvido seu “supply chain” reverso têm conseguido uma maior valorização da imagem corporativa e consequente valorização mercadológica. Contudo, este processo possui vários desafios, dentre eles:atender os requisitos legais, reduzir os custos e desperdícios, desenvolver o conceito de responsabilidade ambiental, gerar redes de distribuição reversa competitivas, atingir um nível de serviço diferenciado, integrar logística e marketing, conceber produtos visando reduzir impactos ao meio ambiente e facilitar o ciclo reverso do pós-consumo.

Assim, desenvolver estes canais implica antecipar-se às regulamentações impostas e participar de todo o ciclo direto e reverso dos produtos, a fim de evitar impactos ambientais negativos e ainda gerir os fluxos financeiros, materiais e de informações.

O estudo evidencia os principais desafios de uma empresa, na gestão de seu fluxo logístico reverso, aliado à redução de impactos ambientais através da logística verde e como estes podem transformar-se em fonte de competitividade.

Considerando as empresas do ramo do vestuário podem ser consideradas como poluidoras, viu-se que tratar dos fatores que impactam no meio ambiente é um fator principalmente legal. A aplicação da logística reversa e verde mostrou que é possível tornar este requisito uma fonte de competitividade se a empresa estruturar-se para este fim. Os ganhos para a empresa não são só financeiros e sim também de melhoria da imagem da marca, da prática de responsabilidade social, bastante exigido pelos consumidores que as querem ter, de preferência sem pagar mais por isso, tornando a redução de custos um fator primordial para a competitividade da empresa.

Os principais fatores de ganhos de competitividade obtidos pela aplicação dos princípios de logística reversa aliada à logística verde são: competitividade de custos, reforço da imagem corporativa e prática de responsabilidade social.

O trabalho evidenciou que apesar das dificuldades encontradas nas empresas para a prática da logística reversa aliada à logística verde, podem ser um forte fator de competitividade empresarial devido as suas inúmeras vantagens demonstradas no percurso deste estudo no âmbito econômico, ambiental e social.

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19 Cabe às empresas investirem cada vez mais em pesquisas que possam contribuir para consolidar ainda mais seus conceitos e diminuir as incertezas que giram em sua volta.

REFERÊNCIAS

BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.

CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia logística integrada: Supply Chain. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.

DONATO, V. Logística verde: uma abordagem sócio-ambiental. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2008. 276 p.

LACERDA, L. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Centro de Estudos em Logística, COPPEAD, UFRJ, 2002.

LAMBERT, D. M.; STOCK, J. R. Administração estratégica da logística. São Paulo: Vantine, 1999. 912 p.

LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prenctice Hall, 2009.

PORTER, M.E. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1990.

TAVARES, M.; ARNT, R. Velha, azul, desbotada... e poluente. Revista eletrônica Planeta. n. 462. mar.2011.

Referências

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