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(1)

ANNO I.

SABBADO 13 DE JUNHO DE 1868.

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¦ ¦ ... ¦ 278 A VIDA FLUMINENSE 5%A<AA .':¦¦ ' ¦-*'•'ViV ., *

A VIDA FLUMÍNENS

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Rio de Janeiro, 13 de Junho de 1868.

Quando o mar briga com as pedras, soffrem os maris-cos, disse o Sr. Dr. Macedo no recinto cia camara temporária, e explicou a parábola desta fôrma: o mar é a opposição, as pedras o governo, os maris-cos o povo.

O ministério aceitou francamente a explicação, e só então conheceu o opposicionista que formara a fogueira para nella se queimar. • ,

Realmente, quem padece com a luta travada entre a minoria e a maioria, é o povo. Mas quem provoca a luta é a mesma minoria; o governo não faz mais do que defender-se. Logo, é ella a causadora dos males que affligem o povo, e não a maioria.

A resposta é de mestre.

Mas eu é que não gosto da parábola; porque, sendo os mariscos alimentados pelo mar, ella importa a idéa de viver o povo á custa da opposição, o que é justamente o contrario do que acontece....,quasi sempre.

.(Este •¦—quasi sfempre —íoi muito bem achado! E' que eu tenho ás vezes tanto espirito como o Sr. Fialho.)

Já que fallei no espirito do reformador do Passeio Publico, deixem-me reproduzir aqui uma resposta por elle dada, ha tempo, a certo official de gabinete.

Confeccionava-se uma lista de condecorações; per-gunta o official de gabinete ao illustre e eloqüente deputado pelo Piauhy:

-— Vossa Excellencia não tem nem um habito ao menos ?

—— Tenho o dc gostar de -mor-as bonitas,

mara dos Srs. deputados e que veio publicado no Jornal do Comrnercio do clia 6 do corrente.

Nelle S. Éx. declarou que a policia tem as vistas sobre todas as casas que emittem vales, para obri-gal-as a trocal-òs por dinheiro, sempre que os por-tadores o exigirem.

Está ouvindo, Sr. Rainey ?

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Não sei qual seja opinião do leitor a respeito de tro-cadilhos.

Uns gostam, outros não.

Eu sou dos quc gostam... ás vezes, porque entendo que quando são bem feitos valem tanto como qualquer outra cousa boa.

Lá isso de dizer que não instruem, nem moralisam, nem beneficiam, nem... nem... são historias!

Divertem, e tanto bastaria, se tambem não ser vis-sem para livrar-nos de certos apoquentaclores, como aconteceu hontem.

Estávamos conversando, digo mal, estávamos com vontade de conversar, mas não nos era licito encartar nem uma phrase, porque achava-se com nosco um d'esses palradores desapiedados que entendem que só elles elevem faílar.

Estava, pois, com a palavra e disser tava sobre—troca-dilhos—, com facundia digna de melhor assumpto, procurando provar que os povos da mais remota an-tiguidade conheciam este gênero de espirito.

Dizia elle, em forma de peroração:

« Leiam a vida deEsopo por Planuclio, a vida de So-crates por Platão, a vida de Diogenes porPlutarco. Leiam e ficarão convencidos.

« Verdade seja que Rivarol e Chamfort ousaram dizer que: o calembourg é o espirito dos que não tem espirito. Mas a essa asserçao respondo eu apontando as obras de Montaigne, Rabelais, Piron, Desaugiers, Nadar, Mery, Paulo de Kock, Villemot, Sterne, Alexandre

Du-* •

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.

v ¦¦ ¦ ¦¦

Dizem que e»sta resposta tambem é do Sr. Fialho: 0 que fazes de casaca preta a esta hora ? per-guntou elle.'

Vou a um enterro. De quem ?

De uma viuva velha e riquíssima.

Ah, »se o soubes»se, tinha-me ca.sado com ella hontem.

Recommendamos com muita instância ao gerente das barcas Ferry a leitura de um discurso que o presidente do conselho de ministros proferio na

ca-mas e o incomparavel marquez de Bievre / iNão terão elles acaso espirito ?»

Houve mais um bom quarto de hora de citações e argumentos, tendentes todos a provar que o trocadilho é o apanágio do espirito.

Logo que o apoquentaclor julgou esgotado o assump-to, bebeu um gole de agua e preparou-se para en-trar em outra ordem de idéas, .sem reparar que todos os circumstantes tinham adormecido, menos eu e meu visinho da esquerda (velho roceiro).

Quando ia começar outro sermão não encommen-dado, diz-lhe a medo o meu visinho:

— O Sr. é como eu; tambem apreccio inuito os troca-dilhos. Ora veja este que inventei no dia em que mor-reu minha companheira.

(3)

A VIDA FLUMINENSE Hade ser fresco !

Me diga, entãoce, em que é que um oleiro se parece com uma aranha ?

O apoquentadador pensou algum tempo e respondeu: Não sei.

— Xüque vergonha! Quarqué um lana roca sabe isso.

- Pode ser; porem eu ignoro.

Pois escute: é porque o oleiro tambem faz teia. Heim?

A aranha não faz teia % Faz.

E o oleiro tambem nao costuma fazer teia ? Que teia, homem de Deus?

Mf^adq das casas ! Pois entãoce!...

O apoquentador, que era mettediço a litterato, reti-rou-se tòrrorisado.

Desdelogo reconciliei-me com os trocadilhos.

.279

1BE0KMJA- ÜÜHBAS1M

* 7

Creio lcpie o seguinte annuncio, inserto varias vezes na 4' ptóiia do Jornal do Commercio, é digno de trans-cripção í

« Vinho bastardo

« Vende-se o melhor que pude haver, de cujo garan-te-se a qáalidade e pureza do mesmo etc. etc. »

*

¦¥* •¥¦

Bà-tafan mudou de formato, mas nao de essência fcao senipre as mesmas censuras ao governo e ao mar-quez de (faxias;

Sempre, os mesmos louvores ao déspota do Paraguay ¦Sempre os mesmos píagiatos dos escriptos de Com-merson. |

Sembre! as mesmas sarabandas ao Alcazar e os mes-mos encomios ao Gymnasio.

Ler uin é ler todos os números. A propósito de Ba-ta-ckin

do^t*ÍCaentrceStafolhae°1Íb-tfeto

Grande* dÍSCllss0es tel» ^vido entre nacionaes e

es-t^mt ° flm,de decidi"se m dos«é«

TZ É " l W ' mUSÍCa de Ricard0 ^rreira ae Carvalho, se Hubert se Beny

Pensamj uns que o primeiro; outros que o secundo * outros finalmente que-nenhum dos dous '

Esta opinião é a mais geralmente aceita.

}

Telegramma theatral da ultima hora *

Consta que Mlle. Aimée vai encarregasse de repre-sentar o Petit Müerable. ^-ueiepie

Bravo/.].

A. de C.

« La poupée de Nuremberg »

A par de um desmedido amor pelo dinheiro, pro-fessa mestre Cornelius, fabricante de bonecos o mais elevado culto pelo impossivel I. O desejo de dar a seu filho uma companheira-modelo,

gênero que segundo elle diz, nao se encontra no mundo' real, e a vontade de apoderar-se da fortuna cie seu sobrinho Miller, levam-no a émprehender a fabricação de uma grande boneca de cera, esposa destinada ao primeiro, e a roubar escandalosamente uma caixi-nha de madeira, onde se acham os legítimos haveres do segundo.

E' n'uma das noutes do carnaval. Convidados a cear fora, mestre Cornelius e seu filho confiam aos cuidados de Miller a guarda da casa. Este porém contando de antemão com a sahida dos parentes e munido de um elegante costume de Lucifer só espera pela sua querida Bertha, para ir em compa-nhia delia gozar o espectaculo deslumbrante de um baile de mascaras no theatro.

Bertha não se faz esperar. Em Nuremberg, porém as costureiras nao tem o chio di griseííe parisiense * dessa machina viva de costura que de um momento para outro transforma quatro varas, de cassa riscada no mais elegante debardeur, que possa imaginar-se ¦

Bertha apresenta-se pois uo rigoroso negliaé da modista que raras vezes põe o pé fora do armazém. Ora nao ó vestida assim que ella pôde comparecer num baile onde pelo menos* o modesto domino é quasi de rigoroso dever.

Miller, desolado ao principio por esta contrarie-dade, lembra-se depois da boneca de mestre Cor-nehus, ataviada de maneira a fazer inveja a uma prmceza de melodrama. A idéa é logo posta em execução ; e Bertha entra no gabinete onde se acha o ulolo gigantesco com a firme tencao de nao lhe deixar sobre o corpo a mais simples "fitinha

Mas. o tempo mudara, e de envolta com a mu-dança atmospherica lá iam os projectos dos felizes namorados.

Mestre Cornelius, para quem é fora de duvida que o coração da sua boneca só tomará calor quando o frio se manifeste de sorte a confeccionar sorvetes sem o auxilio de gelo, poz de parte os opiparos manjares da cêa e deu-se pressa em voltar a casa para extasiar-se ao som da voz e diante dos gestos aa sua creatura excepcional.

Miller vendo os seus planos mallogrados

pela inesperada volta do tio, tem apenas tempo de pre-vemr Bertha, e corre a esconder-se na chaminé.

(4)

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(5)

V.

A VIDA FLUMINENSE

281

FOLHETIM DAVIDA FLUMINENSE"

AS PROEZAS DQ SR. DE LA GUERCHE

v

por Awieclée Aeiiárd.

SEGUNDA PARTE.

(Continuação.)

SC1LLA E pHÂJÍKBPB.

Vi João de Werth, sorria, tive medo.-Que acon-teceu?perguntou Diana.

Não sabes?... elle vae salvar Armando

,— Elle?! "

Adrianna' respondeo com um gesto afirmativo; mas tal era a dôr estampada no seu rosto, que Diana adevi-nhou tudo e exclamou:

Santo Deos! mas porque preço?

Um grito horrível desprendeu-se do coroção de Adrianna, qae banhada em lagrimas, bradou;

Vou ser sua esposa!

¦—Que miserável!... e tiveste animo. Ah ! minha pobre Adrianna !

Quero

que Armando viva, e para isso devo cum-prir a promessa que fiz. Mas juro-te que a noiva, de João de Werth será um cadáver.

Ah! exclamou Diana, cahindo nos braços de sua amiga, debulhada em pranto.

capitulo xxv.

VIVA O REI.

Entretanto corria Magnus em procura de rei. Muito antes de romper o dia alcançou elle os acampamentos dos dous regimentos de cavallaria, onde as primeiras sentinellas quizeram embargar-lhe os passos.

Por ordem do rei! exclamou Magnus, mostrando o papel que Margarida tirara do cofresinho de marfim.

E sempre correndo chegou á casa do rei. Veio rece-bel-o um offieiaí.

Preciso fallar ao rei já, já! disse Magnus.

E' impossível. Sua Magestade está muito oecupa-do ; não recebe ninguém.

Vede ! disse Magnus apresentando o papel que lhe servia de talisman. E acrescentou.

Seconheceis a letrado rei, lede.

Era um salvo condueto com a assignatura de Gustavo Adolfo.

Entrai! disse o official, lançando os olhos sobre o papel.

O rei tinha passado grande parte da noute em vigília, e nem se havia deitado. Sobre uma mesa via-se°uma

tregou a missiva a Gustavo Adolfo, que a lêo rápida-mente e perguntou empallidecendo:

- Que aconteceu a Margarida ? O menino está acaso em perigo ?

Conunúe a leitura, senhori disse

Magnus-sup-vísS

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grande quantidade de papeis

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plicante

¦— Ah, é o Sr. de La Guerche !

• —Senhor, um leal gentilhomem está em perigo de vida; e seu único crime é ter-se defendido contra um bandido! disse Magnus. Devo porventura acres-ceníar que esse gentilhomem, antes de sahir de França, esteve com o cardeal de Richelieu, que o en-carregou de uma mensagem para Vossa Magestade. Salvai-o, senhor í E o vosso exercito terá mais um bra-vo official !

A voz de Magnus era tremula, e duas grossas la-griinas, até então pendentes dos cilios, correram-lhe pelas faces.

Começava a amanhecer. O rei disse, como fallan-do consigo mesmo:

Ah, se elle morresse, eu me consideraria des-honrado!

Depois lançou mão de uma penna. sentou-se para escrever; tornou a levantar-se atirando para longe a penna e disse:

Não! O Sr. de La Guerche expoz-se á morte para salvar Margarida; devo fazer o mesmo para salval-o!

Magnus fixou muito afflicto os ponteiros de um relógio, que pareciam caminhar com a rapidez do raio.

Gustavo Adolpho çomprehendeu o que significava

aquelle olhar: • •

Sim; são quazi sete horas! Chegaremos nós ainda a tempo?

Senhor! deixae-me ir adiante. Previnirei tudo* matarenos tres ou quatro cavallos, mas che<>-are-mos a tempo!

Deus o queira! disse o rei, chamando seu ca-pitão das guardas e dando-lhe algumas ordens rapi-damente, e terminou dizendo :

Parto já. Só?

Só !

Trez minutos depois dous cavalleiros corriam a rédea solta em direcção a Carlscrona,

Magnus ia adiante, consultando inquieto a altura do sol, e providenciando afim de que o rei sempre achasse á sua disposição bons cavallos ensilhados e promptos.

Entretanto desde pela manhã os bons habitantes de Carlscrona tinham visto alguns operários

levan-¦ ¦.'¦'¦¦'¦.¦¦¦.¦ ¦

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(6)

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n'uma pequena praça, toda cercada de piquetes de soldados, e collocada entre a prisão e os jardins da residência real.

Correra o boato de que ia ter logar nina execu-ção, e muitos ociosos se aproximavam para vel-a de

perto. Momentos depois era immensa a multidão. Frantz Kreuss passeava de um para outro lado, .contando a quem queria ouvir que a mão do car-rasco ia pesar. sobre a cabeça do maior facínora que havia na Suécia.

NP uma das extremidades da praça o Sr. de Par-daillan, pallido e triste, reunia em torno de si um pequeno numero de fieis servidores e antigos sol-dados. Todos embuçados em compridas capas, es-condiam cuidadosamente as armas. Havia entre elles alguns gentisliomens huguenotes, escapos do cer-co da Rochela e que todos, amigos de Armando, tinhão jurado morrer ou salval-o.

Neste momento Amoldo de Bralié entrou na prisão e encontrou Armando lendo a Biblia, e vestido de grande uniforme.

E' agora? perguntou-lhe De La Guerche levantán-do-se.

Pouco falta,

Estou ás suas ' ordens, replicou Armando, fe-charido a Biblia.

Vi a senhora de Souvigny, disse Amoldo e devo confessar-lhe que ella nao escapará a tão ter-nvel golpe. Quanto ella o ama!

Poderei dizer-lhe o ultimo adeus ?

Amoldo fez coin a cabeça um signal negativo.

Deus de misericórdia .' exclamou Armando. Seja feita tua vontade! Se me despedisse delia, talvez não me encaminhasse para o suplício com tanta re-signação!

Amoldo .sahio e perfilou-* fora da porta. Armando compreliendeu este movimeiVo silencioso, afivelou a espada e também sahio.

O carrasco subio a escada da forca; o povo murmu-rou surdamente. Ouvio-se rufar um tambor: soaram o.s clarins. Abrio-se a porta da prisão eum piquete de avaliaria, armado com mosquetes. atravessou a ponte levadxça Atraz do piquete caminhava Armando com serenidade.

Frantz presenciava todo o apparatoso espectaculo com visível contentamento; só uma cousa o preocupava e essa era o desapparecimento de Magnus, que elle julgava morto, mas cujo corpo não havia apparecido

no dia da luta. L

O Sr. de Pardaillan fez um signal imperceptível aos .seus servidores e amigos, que só esperavam o mo-mento em qu3 Armando começasse a galgar a escada

do cadafalso. Em toda a parte reinava um silencio tumular.

Ouvio-se então grande tumulto n'uma das extremi-dades cia praça, e um homem, montado n'um cavallo coberto de escuma, passou a toda a desfilada por entre os grupos de curiosos, que se afastavam para dar-lhe passagem. Frantz tremeu reconhecendo no cavalleiro a^pessoa que elle

julgava-mort-ar-Chegando junto á forca, Magnus clamou com voz atroadora:

— Dae passagem ao rei!

E logo desembocou na praça um prestito, a cuja frente vinha Gustavo Adolfo.

Armando acabava de subir o primeiro degrau do cadafalso; o grande tumulto que partio subitamente da multidão sorprendeu-o. Vio Magnus e compreliendeu que estava para acontecer alguma cousa extaordinaria. Porém Magnus já se achava ao lado delle, já o abraçava louco de alegria, chorando e rindo ao mesmo tempo.

Ah, cheguei felizmente a tempo! dizia elle. Vendo o rei, o Sr. de Pardaillan não se conteve mais. Adiantou-se e, acompanhado por seus amigos, aproxi-mou-se do prestito bradando :

Perdoai! Perdoai, senhor!

O povo, enternecido pela scena que via desenrolse diante de desenrolseus olhos, unio sua voz á do velho m ar-quez e gritou em coro.

Perdoai! Perdoai J

Frantz mordia os beiços de raiva. Por prudência enterrou o chapéo na cabeça

O rei fez um signal coin a mão: e logo, como por encanto, cessou todo o barulho.

Gustavo Adolpho deu alguns passos, parou perto de Armando e disse:

— Sr. conde, estais livre.

Um grito immenso retumbou de todos os lados; e a multidão, cominovida e entliusiasmada, conche-gou-se ao rei.

Armando disse: Ali! senhor!...

E não pôde continuar, tal foi a adfcucão que teve, reconhecendo o conde de Wasaborg na pessoa de Gustavo Adolpho.

O rei sorrio, e estendendo-lhe a mão:

Considerai-me vosso sincero amigo; sei o que fizeste na Rochela.... e em outros logares.

Por estas ultimas palavras vio Armando que o rei se não havia esquecido delle. Inclinando-se então, disse com calma:

Senhor, Sua Eminência o cardeal de RicLelieu, primeiro ministro do rei Luiz XIII, encarregou-me de entregar uma mensagem a S, M. o rei da Suécia.

(7)

A VIDA FLUMINENSE

CAPITULO XXVI

JOGO FRANCO

283

Que fazia, entretanto, o barão João de Werth emquanto isto acontecia? Tinha ido esperar o reina intersecçao do caminho que, do acampamento onde estava Gustavo Adolpho, seguia para Elfsnabe.

QumTdu-irhegw--^

^-x .r-v -^ f

e já o barão se apresentava diante de Adrianna. Ella levantou-se como um espectro, sem ousar interro-gal-o

uma nuvem de pó ao longe." O sol começou a subir e nada ainda apparecia na estrada.

— E' celebre! pensou o barão.

E começou a passeiar com impaciência. Passou-se mais uma hora sem que se visse ao longe o menor indicio de approximar-se quem quer que fosse.

Depois, appareceu finalmente um homem a cavallo, vestido com a libre da corte. João de Werth preci-pitou-se ao seu encontro, interrogou-o, e, logo que soube que o rei tinha seguido de madrugacFa pava Carlscrona, dirigio-se a toda a brida para a resi-dencia real.

O barão não era homem que desanimasse com qualquer cousa. Tendo cheg-ado a Carlscrona no mo-mento em que o rei entrava na cidade, procurou romper a multidão e avizinhar-se do centro de acção. Queria a todo o transe saber o que se passava e tinha confiança de que sua boa estrella lhe sugge-rena um meio de tirar proveito da situação.

Duas vezes tentou approximar-se do rei, sempre em vão. Finalmente, conseguio adiantar-se: mas, quando vio Armando salvo e com a mão entre as mãos do rei, quasi perdeu toda a esperança que alimentava,

João de Werth não podia resignar-se a perder em um só clia o frue to de tantos esforços

Em breves palavras tinha De La Guerche dado conta a Gustavo Adolpho da sua mensagem.

Pois bem! Sr embaixador, queira acompanhara me, disse o rei. Vou a Elfsnabe inspeccionar um corpo de infantaria. Venha comigo; retenho-o durante trez dias somente.

Senhor, estou ás ordens de Vossa Magestade. Ouvindo es'Mpalavras, João de Werth alegrou-se. e chegou-se ao Sr. de Pardaillan; dizendo entre denta:

Bem! Um pouco de audácia é Adrianna será minha.

E correndo para junto do marquez, disse, pegan-do-lhe nas mãos affectuosamente:

Quanto sou feliz! Pude alcançar o rei, fallar-lhe Vós!

Sim, eu. Jurei a senhora de Souvigny de en-vidar os maiores exforços para salvar o Sr. de La Guerche. E fui feliz!

a«.„ m.i,o __. ,„„ „„„„ ,aM,10 „ Me. ziz. srs™' s T_trz í se

Tranqmlise-sè,

minha senhora í elle está salvo Que alegria tão intensa desenhou-se no semblante de Adriana! Armando estava vivo.' Seu contenta-mento, porém, foi de curta duração. Uma palavra de João de Werth bastoTrpàraprmlfiSFãirytnstèyea--lidade.

Cumpri a promessa que fiz, disse elle. Fallei ao rei e consegui o perdão para o Sr. De La Guerche Conto que não faltará á sua.

Adriana ficou mais fria e pallida do que o mármore e murmurou sem levantar os olhos.

Nunca falto á minha palavra. O barão acerescentou:

Minha senhora, como embaixador de Sua Mages-tade o Imperador Fernando nada mais me resta fazer na Suécia. Partirei dentro de vinte e quatro horas A e quizera não partir só.

Adriana levou a mão ao coração e disse em voz sumida.

Conceda-me dous dias, senhor.

Insistir fôra talvez compromete tudo : demais Ar-mando devia estar ausente durante tres dias. pelo que

respondeu: ¦.

Concedo-lhe o tempo que pede. É retirou-se.

A casa do marquez de Pardaillan ficou silenciosa e triste. Diana não ousava fallar com Adriana. Jísta evi-tava a companhia de todos, e quem a encarava bem via que uma febre ardente a devorava.

Podia ella acaso sujeitar-se a unir-se para sempre ao homem que ella mais detestava? Melhor mil vezes era a paz do túmulo.

Ah, se Reinaldò estivesse aqui! murmurrava Diana.

Sua presença não feria com que eu deixasse de cumprir a palavra que dei! respondia tristemente Adrianna.

E' verdade: mas elle mataria, o barão.

No dia seguinte apresentou-se em casn do marquez um homem que Adriana nunca tinha visto, e que dizia ter um recado de Armando para dar.

Ah, é o que eu mais temia! disse Adriana. Depois voltando-se para Diana:

Recebe-o; conta-lhe a verdade: diz-lhe que amo Armando mais que a própria vida e que vou m ,rrer de desespero.

E retirou-se lavada em lagrimas.

Diana recebeu Magnas, que trazia uma carta de seu amo para Adrianna. Com grande espanto do velho

(8)

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A VIDA FLUMINENSE 284

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-dirigida a ella. Finda a leitura, a filha do marquez de Pardaillan amarrotou entre as delicadas mãosi-nhas a carta de De La Guerche.

Sempre com o rei l Que tem que fazer lá ? Por-que não vem quanto antes?

.-Eo rei, minha senhora?

Rei!... Ha porventura rei para um coração que amaf Volte já e diga ao Sr. De La Guerche que venha íncontinenti, que chegue cá amanha, ouve? amanhasse não_qaer_perder para sempre Adrianna, Se não vier amanhã, a Sra. de Souvigny dará sua mão ao barão João de Werth. Se perguntar qnem lhe contou isso, diga que foi Diana dè Pardaillan. ¦

Bravo! Gosto de ver urna moça fallar assim como um general! disse Magrius, sahindo apressa-mente.

Entretanto, Diana, satisfeita com o que acabava de praticar, entrou no quarto de sua amiga, que lhe perguntou anciosa:

Então? Que disse elle ?

Disse-me que o Sr. De La Guerche aqui esta-ria dentro de dous dias.

— Ah, pobre Armmido ! exclamou Adriana cahindo nos braços de sua amiga. Nunca mais tornarei a vel-o í

Quem sabe! murmurou Diana.

O dia seguinte era ó marcado para o casamento de Adriana com João de Werth. Por toda aparte viam-se os preparativos para a cerimonia. Adriana, vestida de branco, parecia mais um fantasma escapo de seu túmulo, do que uma noiva. João jle Wertli_estava cõberta"dé"pédrãs de subido valor.

Approximava-se a hora da cerimonia.

Porém Magnas não tinha perdido um minuto para ir ao encontro de Armando, a quem referio as pa-lavras de Diana. Armando quasi perdeu a cabeça ao ouvil-as e foi logo ter com o rei, a quem "tudo confiou.

— Vamos, então, quanto antes. Eu o acompanho í disse Gustavo Adolfo.

Um instante depois tres cavalleiros sabiam de Elfsnabe, envoltos n'um turbilhão de pó.

Eram : o rei, Armando e Maomus.

0 ESTABELECIMENTO LITH0GRAPH1C0

DA

VIDA. FLUMINENSE

'" ."W. Trimestre. Semestre . Anno. .¦ .._ : .. . . ¦' ¦¦. ¦. .

52

RUA DO OUVIDOR

52

SOBRADO

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R ETRATOS Apólices Aiitograplio» Factúras Lcti-a* Cirouluros BILHETES DE VISITA CÒM RSMHRO K BRí^VIDADE PREÇOS MÓDICOS

NO MESMO ESTABELECIMENTO ASS10NA-SK A FOLHA ILLUSTRADA

VIDA

FLUMINENSE

COUTE E NITHEROHX 2 PROVÍNCIAS W'<0 | Semestre. lí.1'10 i Anno. afjOCO ! Avulso . UÁOÜO 2í|noo §600

(9)

A VIDA FLUMINENSE

¦

Logo que entra em casa o menino Domathan ac-cende fogo na lareira, ao passo que o imbecil do .pai invoca todas as divindades infemaes em favor da

sua obra prodigiosa.

Miller não desejando por forma alguma assumir as proporções de um roast beef aproveita a invo-cação, salta da chaminé embrulhado no seu manto diabólico, e de mascara no rosto, promette aquelles dous parvos, transidos de medo, tudo quanto lhe vem á cabeça.*

« Nada é impossivei ao diabo, diz comsigo Mestre Cornelius: a minha boneca terá vida, e a par de uma esposa isenta dos defeitos mundanos ciarei a meu filho uma mulher creada á imitação da nossa mãe primitiva. E' sublime. »

Bertha, que ouvira tudo, toma a si a tarefa de coadjuvar Miller naquella farça burlesca; ao passo que o supposto Lucifer de accordo com a namo-rada, a quem pudera fallar durante alguns momentos' se recolhe ao seu modesto aposento para retomar a blonse do operário.

Ataviada com os enfeites da boneca a costureira I diverte-se a tal ponto com a credulidade dos dous imbecis que todo o mnor dedicado pelo velho á sua creação se transforma no mais requintado ódio

Os desatinos da boneca fallante são taes que

O sobrinho apesar de não conhecer os motivos, que levam o tio a fozer-l|i. semelhante pedido, aceita a proposta com a condido de receber logo a caixinha, que lhe coubera em 1 eraiiça e a que Mestre Cornelius dera sumico.

Restituida a^aixinhà, Miller apresenta aos parentes a sua querida Bertha^ explica-lhes toda a tramóia, e o panno desce ao soin dos applausos de mil espec-tadores.

Sciente pouco mais;ou menos do interesse scenico da peça não deve o leijtor deixar de ouvir a musica de Adam, onde notáveis bellezas de melodia e instru-mentação se revellam [em quasi todos os trechos.

A poupêe de Nurenlbcrg tem sido constantemente victoriadã; o que Ihej promette longa vida na scena

do Alcazar. A.de A.

Botelho é um homem de trinta e seis annos. Sua mulher já galgou ps quarenta e cinco.

Porque casaram, não ^ei. A differença de idade entre os dous faz suppor que ella era senhora e pos-suidoradebons-cabedaes-pecuniarios; nem conheço outra razão allegavel para tal anomalia,

, — ^w oay wies que lnca entendido que isto não passa de uma con-obrigam . Mestre Cornelius a persegui-la de martello Jectur» minha. Agora o que posso afiirmar é que em punho, até a porta de um gabinete onde ella -cabedaes- physicos tem ella e avultadissimos

vai refugiar-se. e tanto

que onde P0e o pé a calcada geme ¦ O nosso homem hesita por alguns minutos; mas Botelho é magrinho, pequeno, de còr

pallida jurara a destruição daquelle pedaço de cera animada, tlrante a amarello, olhos pardos, nariz pequeno e

e fiel ao juramento entra no gabinete apezar das supplicas de Donatham, que procura dissuadir o pai do sencidio projectado.

Bertha retomara já o seu primeiro traje e fugira pela janella. Mestre Cornelius espedaca pois tãoV mente a boneca, que tantas vezes vigílias lhe eus-tara.

Entretanto Miller, temendo que o tio venha a des-cobrir a verdade logo que entre no gabinete, apres-sa-se em explicar o enigma e a pedir-lhe desculpa da substituição da boneca de cera pela creatura hu-mana, que elle ousara esconder no quartinho mis-terioso.

Desta vez o fabricante de bonecos cabe das nu-vens!

Não se trata mais de algumas libras de cera feitas pedaços; mas de um ente de carnee osso assassinado! a golpes de martello! *

O pobre homem vendo a forca diante de si a-ar ra-se á única taboa de salvação. &<

Miller pode denuncial-o: pede-lhe pois instantemente que deixe Nuremberg quanto antes.

redondo como ura botão de marca. Sempre o co-nheci de óculos e presilhas; creio mesmo que jà nasceu assim.

Sua mulher parece-se com todas as creaturas gordas que se arrastam neste vale de lagrimas. A única differença que ha entre ella e' as ° outras cifra-se na extrema sensibilidade do systema ner-voso. D. Antonia é nervosa como ninguém.

Ora por causa dos nervos, o Dr. Souza Gomes aconselhou a D. Antonia que tomasse banhos de mar e desse passeios matutinos.

Começaram os apréjstos. Botelho comprou um peca de baeta-verde; fez-se a tradiccional camisola e, prompta ella, marcou-se o dia seguinte para a es-treia dos banhos.

Amanhã, não; lenho muita ogerisa com as sextas-feiras. j

Será depois de amanhã.

Sábado também não pôde ser. E' 13 do mez e o numero 13 é sempre aziago.

Bem: começaremos no domingo.

Em dia de misss! Nada ! tenho de ir á igreja e o cabellf não estará secco.

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A VIDA FLUMINENSE Botelho ouvia todas estas e outras razões com a

paciência de um homem que tem mulher nervosa Duas semanas depois chegou o dia do primeiro banho. Levantaram-se e sahiram de casa logo que cantou o gallo.

A comitiva que levavam não era grande; iam apenas um negro com a barraca, outro com' uma cadeira de braço, uma negra com os lencóes e toalhas uma negrinha com uma esteira, um moleque com uma bacia e um jarro cheio d'agua doce e adiante outro moleque com uma garrafa cPagua de flor de laranja, um leque e um vidro de vinagre aromatico.

Botelho de braço com a mulher parecia um es-caler nos turcos de uma galera.

Poz-se a comitiva em ràaretíã; porém mal haviam dado alguns passos, D. Antonia soltou um grito e recuou convulsa bradando:

Ladrões í Soçcorro!

Era a patrulha que se recolhia a quartel.

Botelho conteve-a como pôde. Os soldados, ouvindo os gritos, aproximaram-se. Novo alarido de. D. An-. An-.t0^ia' clue desmaiou nos braços do maridoAn-. Este, coitado ! entalado entre a mulher ea parede teria mor-ndo suffocado se a patrulha não viesse em seu auxilio. Obrigado. Desculpem, camaradas. São os nervos! disse Botelho depois de tomar fôlego.

. Algumas esfregacões e aspirações de vinagre aro-matico fizeram .D. Antonia voltar a si.

A comitiva tornou a pôr-se em marcha. Começava a amanhecer.

Instantes depois ouviò-se um laudo -e -iogcfem seguida veio correndo um gato preto, perseguido por um desses cães sem dono que vagam apelas nias. O gato sentindo-se acoçado de perto, e não achando nenhum lugar seguro onde se abrigasse pulou para o lado de D. Antonia e escondeu-se debaixo da ampla camisola.

—Ui! bradou ella! E' um lobishomem! Credo!! Credo!! E agarrou-se ao pescoço de Botelho com quantas forças tinha. O pobre marido deitou meio palmo de lingna fora da boca e não pôde articular' um som. Os escravos acudiram logo. Felizmente abriu-se uma porta fronteira na qual appareceu um indi-viduo, que perguntou que desgraça havia aconte-cido. O gato, vendo um abrigo diante de si, emba-rafustou pela porta dentro.

— Não é nada. São os nervos ! balbuciou a custo Botelho, depois de recolher o palmo de íimma

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Um enorme cachorro da Terra Nova sahio de uma chácara contígua, correndo e ladrando.contente. D An-tonia ao fugir da vaca, esbarra-se com o Terra Nova. Misericórdia ! Está damnado !! Está damnadoI E voltou-se logo aquelle municio de carne, tentando escapar aos dentes caninos. Neste momento Botelho chegava em auxilio de sua cara consorte. O choque foi tremendo!. marido e mulher tombaram de costas no chão.

O alarido chegou ao seu auge.

A vaca, perseguida pelo Terra Nova, berrava com desespero; D. Antonia, ao cair, arrastou consigo a preta da bacia e jarro, . que gemia achatada contra o solo; os moleques e negrinhas da comitiva cho-ravam de medo ; outros cãesinhos da visinhança, attrahidos pela algazarra latiam formando um coro infernal; e em todas as janellas e portas appare-ciam diversas cabeças assustadas, indagando todos em altas vozes o que havia succedido,

São os nervos I São os nervos I respondia Bo-telho, procurando os óculos, que tinha cabido na oceasião do embate tremendo.

Ora, sem óculos Botelho não via um dedo diante do nariz. Pobre marido *

Novas esfregacões de vinagre aromatico. Voltemos

para casa, Botelho, murmurou D. An tonia. Sinto-me muito nervosa !

Voltemos!

Mas estamos tão perto do mar, que

talvez-fosse jme^ começar já

bs banhos.

Comecemos .

Porém sem óculos nada vês para me guiares. E' 'mais prudente ir para casa.

Vamos.

Se bem que a negrinha podia ir buscar os outros óculos no nosso quarto.

Podia.

Não ; decididamente fica para amanha o pri-meiro banho.

Fica.

Voltemos para casa. Voltemos.

E a comitiva regressou, Botelho sem óculos era um navio sem bússola; esbarrava-se com quanto lampeão encontrava.

D. Antonia. quando entrou em casa, tinha a roupa rota e coberta de pó, o rosto afogueado e o cabello em-O v ~ vwwvjiiw Viu

Jxovas esíregaçoes de vinagre aromatico, e a co- I desordem. Parecia a nau Vasco da Gama desarvorada! mitiva poz-se outra vez em marcha

Instantes depois, ao voltarem um canto, surge uma vaca leiteira, próximo a D. Antonia.

— Virgem Maria ! Açudam ! Açudam! vociferou ella ( D. Antonia e não a vaca).

Ao vel-os, perguntou o vendelhão de defronte : Que desgracialheassucedeu, Sr. Vutelho ? São os nervos, meu amigo í São os nervos ll..

A. DE C.

.= .¦¦¦¦¦'

y

I Typ. do Diário i>q Rio de Janeiro.—Rua do Ouvidorn. 97.

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A VIDA FLUMINENSE

_.—_

** 4

Esta all^oria é copiada de um desfenho que nos foi obsequiosainente remettido pelo

Dr, Fantasma Branco.

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