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Capacidade instalada para pesquisa científica sobre Leishmanioses no Brasil, 2004 a 2008

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Academic year: 2017

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MARGE TENÓRIO

CAPACIDADE INSTALADA PARA PESQUISA CIENTÍFICA SOBRE LEISHMANIOSES NO BRASIL, 2004 A 2008

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo, para obtenção do título de Mestre Profissional em Efetividade em Saúde Baseada em Evidências

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Marge Tenório

Capacidade Instalada para Pesquisa Científica sobre Leishmanioses no Brasil, 2004 a 2008.

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo, para obtenção do título de Mestre Profissional em Efetividade em Saúde Baseada em Evidências

Orientador:

Prof. Dr. Humberto Saconatto

Co-orientadora:

Profª. Drª. Leonor Maria dos Santos Pacheco

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Tenório, Marge.

Capacidade Instalada para Pesquisa Científica sobre Leishmanioses no Brasil, 2004 a 2008. / Marge Tenório. - São Paulo, 2010.

xxii, 90 f.: il.

Tese (Mestrado Profissional) Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Departamento de Medicina Interna e Terapêutica. Área de concentração: Gestão de Tecnologias em Saúde.

Título em Inglês: Installed Capacity for Scientific Research on Leishmaniasis in Brazil, 2004-2008.

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DADOS DA AUTORA

1. IDENTIFICAÇÃO NOME: Marge Tenório

ENDEREÇO: QRSW 06, Bloco B 8, Apto 301. Brasília-DF, CEP. 70675-628

FONE: (61) 8118.0919. E-MAIL: marge.tenorio@gmail.com

2. FORMAÇÃO ACADÊMICA: PÓS-GRADUAÇÃO: Bioética, 2005

UnB- Universidade de Brasília, Faculdade de Ciência da Saúde. –

PÓS-GRADUAÇÃO: Gestão de Ciência & Tecnologia, 2004.

UnB - Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável.

GRADUAÇÃO: Ciências Biológicas, 1986.

UPE - Fundação Universidade de Pernambuco.

3. ATUAÇÃO POFISSIONAL:

INSTITUIÇÃO: Ministério da Saúde, Departamento de Ciência e Tecnologia

CARGO/ FUNÇÃO: Coordenadora de Fomento à Pesquisa em Saúde

PERÍODO: Maio de 2004 até a presente data.

INSTITUIÇÃO: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq

CARGO/ FUNÇÃO: Analista de C&T

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE MEDICINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM MEDICINA INTERNA E TERAPÊUTICA

Chefe do departamento: Prof. Dr. Ângelo Amato Vicenzo de Paola.

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MARGE TENÓRIO

CAPACIDADE INSTALADA PARA PESQUISA CIENTÍFICA

SOBRE LEISHMANIOSES NO BRASIL, 2004 A 2008

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Carlos Médicis Morel

Prof. Dr. Gerson Oliveira Penna

Prof. Dr. Rodrigo Correa Oliveira

SUPLENTE:

Profª. Drª. Edina Mariko Koga da Silva

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Saber o que medir e como medir faz o mundo parecer muito menos

complicado

.

Quando se aprende a examinar os dados de forma

correta, é possível explicar enigmas que do contrário pareceriam

insolúveis, pois nada como o poder dos números para remover

camadas e camadas de desconhecimento e contradições”.

Steven D. Levitt & Stephen J. Dubner

Freakonomics: o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta: as revelações de um economista original e politicamente incorreto; tradução Regina Lyra, Rio de

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Aos meus filhos

Júnior, Arthur e Guto.

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x

AGRADECIMENTOS

À minha querida mãe, que com seu olhar de admiração, me fez seguir em frente sem temer

as adversidades, tendo nela o meu “porto seguro”;

A Marcos e Jabes, por sempre me fazerem acreditar que é possível;

Aos meus sobrinhos Marquinhos, Igor e João Pedro, que me fazem brilhar os olhos de

tanto orgulho;

Às minhas netas Marina e Mariana, por me tornarem flexível como um bambu;

À minha prima, amiga e grande companheira Claudinha, pela tranqüilidade e amor que

tem me dedicado diariamente;

Aos meus queridos mestres-orientadores Humberto Saconatto e Leonor Pacheco, pelas

considerações de extrema valia, e a sempre disponibilidade ao longo desse trabalho;

Ao Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde pelo suporte

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xi

AGRADECIMENTOS II

or tudo que recebi, não apenas informações e apoio técnico, mas especialmente pela

amizade e companheirismo de um grande número de pessoas queridas, meus mais valiosos

agradecimentos.

Marge

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ... xiv

LISTA DE QUADROS ... xv

LISTA DE GRÁFICOS ... xvi

LISTA DE TABELAS ... xvii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ... xviii

RESUMO ... xxi

1 INTRODUÇÃO ... 2

1.1 REVISÃO DA LITERATURA... 6

1.1.2 Leishmaniose Tegumentar (LT) ou Cutânea ... 11

1.1.3 Pesquisa em Saúde no Brasil ... 15

1.1.4 Cooperação Internacional ... 20

1.1.5 Estudos Bibliométricos e Bases de Dados ... 20

2 OBJETIVOS ... 25

2.1 Objetivo Geral ... 25

2.2 Objetivos Específicos ... 25

3 MATERIAIS E MÉTODOS ... 27

3.1 Desenvolvimento do Estudo ... 27

3.2 Estratégia de busca dos investimentos em Pesquisa ... 28

3.3 Identificação dos Grupos Brasileiros de Pesquisa ... 28

3.4 Estratégia de Busca da Produção Científica ... 29

3.5 Conceitos utilizados na classificação dos artigos científicos ... 31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 34

4.1 Resultados gerais dos levantamentos realizados nas bases de dados ... 34

4.2 Investimento público em pesquisas sobre Leishmanioses ... 34

4.3 Grupos Brasileiros de Pesquisas em Leishmanioses ... 38

(12)
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xiv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Ciclo evolutivo da Leishmania SP. ... 7

Figura 2- Crianças acometidas por Leishmaniose Visceral ... 9

Figura 3- Mapa da densidade de casos de Leishmaniose Visceral por município.

Brasil, 2008. ... 10

Figura 4 - Manifestações da Leishmaniose Tegumentar ... 12

Figura 5 - Densidade de casos de Leishmaniose Tegumentar por municípios.

Brasil, 2008. ... 14

Figura 6 - Fluxograma do processo de seleção das publicações. Brasil, 2004

2008. ... 30

Figura 7 - Distribuição regional dos projetos sobre Leishmanioses financiados

pelo MS/SCTIE/Decit e parceiros. Brasil, 2004 – 2008... 36

Figura 8 - Rede de co-autoria entre pesquisadores brasileiros em Leishmanioses.

Brasil, 2004 – 2008. ... 48

Figura 9 - Distribuição geográfica dos centros de pesquisa sobre Leishmanioses

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xv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Distribuição dos artigos sobre Leishmaniose por revistas científicas

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição do número de projetos sobre Leishmaniose e recursos

governamentais investidos por UF. Brasil, 2004 - 2008. ... 37 Gráfico 2 - Distribuição dos grupos de pesquisa segundo tipo de Leishmaniose por

região do país. Brasil, 2004 – 2008. ... 39 Gráfico 3 - Distribuição do número de dissertações de mestrado e teses de

doutorado que abordaram o tema das Leishmanioses, por ano. Brasil, 2004 a 2008. ... 41 Gráfico 4 - Distribuição do número de artigos científicos publicados por região,

(16)

xvii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição do número de projetos sobre Leishmanioses, por

subagendas da ANPPS. Brasil, 2004 -2008...35

Tabela 2 - Distribuição dos artigos científicos sobre Leishmanioses,

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xviii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANPPS Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisas em Saúde

BIREME Biblioteca Regional de Medicina

BVS Biblioteca Virtual de Saúde

C&T Ciência e Tecnologia

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

CNCTIS Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisas com Seres Humanos

CPqAM Centro de Pesquisa Ageu Magalhães

CPqEC Centro de Pesquisa Evandro Chagas

CPqGM Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz

CPqRR Centro de Pesquisa René Rachou

CTA Comitê Técnico Assessor

DALY Disability Adjusted Life Years

DECIT Departamento de Ciência e Tecnologia

DNDi Drugs for Neglected Diseases Initiative

DNT Doenças Negligenciadas Tropicais

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xix EUA Estados Unidos da América

FACEP Fundação de Amparo à Pesquisa de Pernambuco

FAP Fundações de Amparo às Pesquisas

FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais

FAPERJ Fundação de Amparo à Pesquisa Do Rio de Janeiro

FAPESBA Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FIOCRUZ Fundação Osvaldo Cruz

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

HIV Human Imunodeficiency Virus

INCA Instituto Nacional do Câncer

IOC Instituto Osvaldo Cruz

ISI Institute of Scientific Information

LILACS Literatura Latino-Americana em Ciência da Saúde

LT Leishmaniose Tegumentar

LV Leishmaniose Visceral

MCT Ministério de Ciência e Tecnologia

MEC Ministério da Educação e Cultura

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xx MeSH Medical Subject Headings

MS Ministério da Saúde

NIH National Institute of Health

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana de Saúde

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PCR Reação de Polimerase em Cadeia

PNCTIS Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde

PNS Plano Nacional de Saúde

PPA Plano Plurianual

PPSUS Programa de Pesquisas para o SUS – Gestão Compartilhada

PubMed Publicações Médicas

SciELO Scientific Electronic Library Online

SCTIE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos

SES Secretarias Estaduais de Saúde SSI Sustainable Science Institute

SUS Sistema Único de Saúde

SVS Secretaria de Vigilância em Saúde

TDR Tropical Disease Research

UF Unidade Federativa

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xxi UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNIFESP Universidade Federal de São Paulo

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xxi RESUMO

As Leishmanioses são classificadas pela OMS como uma das dez doenças negligenciadas tropicais (DNT), as quais apresentam alta incidência, atingem segmentos empobrecidos da população e não obtêm visibilidade social, portanto o investimento em diagnóstico, terapêutica e imunização é precário. As Leishmanioses fazem parte das doenças tropicais em expansão e não existem mecanismos adequados para sua prevenção e controle. Representam um problema de saúde pública mundial: 88 países apresentam pelo menos uma das trinta espécies de Leishmania e 350 milhões de indivíduos estão

expostos à contaminação. Em algumas espécies, a letalidade das Leishmanioses pode alcançar 100% em pacientes sem tratamento.

Diante desse quadro, realizou-se uma investigação com o objetivo de identificar o perfil da produção científica brasileira sobre o tema das Leishmanioses, no período 2004-2008, a fim de subsidiar o processo de formulação de políticas e tomada de decisões da gestão governamental, no tocante ao fomento à pesquisa em saúde nessa área do conhecimento.

A pesquisa se refere a um estudo descritivo, elaborado com emprego da análise bibliométrica e da pesquisa documental. A Bibliometria consiste em um conjunto de leis e princípios empíricos que compõem os fundamentos teóricos da Ciência da Informação. A análise bibliométrica compreendeu a consulta, coleta e recuperação de informações quantitativas, em bases de dados da ciência da saúde no Brasil, seguida da organização dos dados coletados, sistematização em categorias de indexação, registro da coleta em banco de dados Excel e análise interpretativa das informações científicas e tecnológicas obtidas. A pesquisa documental constou de coleta e análise de dados em acervos institucionais de setores do órgão governamental federal de saúde.

Em todas as bases consultadas, foram localizadas 749 publicações, produzidas no período 2004-2008 sobre o tema das Leishmanioses, das quais 521 atenderam aos critérios de inclusão. Foram publicados 415 artigos científicos por pesquisadores brasileiros em revistas indexadas, nacionais e internacionais. No diretório dos grupos de pesquisa da

Plataforma Lattes, foi identificado o cadastro de 214 grupos dedicados ao tema.

(23)

xxii

A análise bibliométrica e documental permitiu identificar tendências de crescimento da produção científica brasileira sobre as Leishmanioses, no período 2004-2008, de grande relevância para a saúde pública, por tratar-se de doença negligenciada tropical. O Brasil detém o maior número de centros de pesquisa sobre Leishmanioses no mundo e atua em cooperação técnico-científica em âmbito nacional e internacional. Pode-se afirmar, portanto, que existe capacidade de médio porte instalada no país para a pesquisa sobre a doença. Além disso, foram identificados estudos em rede e multicêntricos, que podem favorecer a expansão e fortalecimento dos grupos voltados à pesquisa sobre Leishmaniose em âmbito nacional.

Entende-se que seja oportuna a indução de ações e políticas públicas de fomento à pesquisa sobre estudos clínicos de fases I, II e III e sobre desenvolvimento tecnológico, a fim de propiciar o incremento do diagnóstico e tratamento das Leishmanioses no país.

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1 INTRODUÇÃO

A inovação tecnológica é condição necessária para o processo de crescimento econômico e desenvolvimento social de qualquer país. No século XXI, tornou-se ainda mais presente face aos desafios decorrentes da rapidez com que se processa o avanço do conhecimento e da competitividade acirrada de uma economia em crescente interdependência. Esta nova realidade afeta principalmente países em desenvolvimento, entre eles, o Brasil e seus parceiros latino-americanos (Marcovitche & Baião, 1999).

Como conseqüência, o esforço de formular e implantar uma política com esse objetivo tem correspondido a um novo estágio de desenvolvimento na área da saúde. A Ciência e a Tecnologia (C&T) estão adquirindo relevância crescente, especialmente devido à influencia que exercem no desenvolvimento econômico, político e cultural do país.

Paralelamente, tem surgido em diferentes países, como também no Brasil, a necessidade de avaliar o rendimento das atividades científicas e seu impacto na sociedade e em diferentes populações, com a finalidade de adequar a distribuição dos recursos destinados às atividades de Pesquisas e Desenvolvimento (P&D), indispensáveis para o planejamento e gestão nos órgãos de fomento às pesquisas.

A comunicação escrita, realizada essencialmente por meio de documentos convencionais, como livros e artigos de revistas, constitui-se, ainda na primeira década do século XXI, no principal veículo de disseminação da produção científica.

Os artigos publicados em revistas e periódicos são os mais efetivos para divulgar os resultados dos estudos, difundindo, assim, o conhecimento adquirido e contribuindo para a atualização dos profissionais da área. Esses resultados podem, ainda, dar origem a outros documentos também relevantes, como livros, dissertações, teses, patentes, anais, relatórios, entre outros.

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3

comunidade científica, pelos órgãos fomentadores e pelos segmentos populacionais que se beneficiam com os estudos.

Com o desenvolvimento de aplicações práticas dos índices bibliométricos, estes se tornaram a base técnica para a avaliação sistemática e decisões estratégicas dentro do campo político, assim como em todo o domínio social. No Brasil, a bibliometria é amplamente utilizada para nortear a alocação de subsídios e recursos técnicos, por meio de esquemas institucionais de hierarquização bibliográfica. Por exemplo, o Qualis - Sistema de Classificação de Periódicos, Anais e Revistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) emprega o Journal Citation

Reports como referência para classificar os periódicos de circulação internacional. A

CAPES regula e orienta a produção científica nacional, por meio da avaliação contínua de institutos de pesquisa e cursos de pós-graduação, visando a aumentar a participação brasileira no cenário internacional.

No caso das publicações da área da saúde, as revistas científicas indexadas são divulgadas nas principais bases de dados internacionais, tais como Medline/PubMed, National Institutes of Health (NIH), Excerpta Medica Database (EMBASE), Institute for Scientific Information (ISI), Cochranne Library, entre outras. No Brasil, as principais bases são Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e

Scientific Eletronic Library Online (SCIELO). Outra ferramenta importante na recuperação de

artigos científicos é o vocabulário controlado Medical Subject Headings (MeSH).

Embora a bibliometria esteja completamente incorporada ao trabalho diário dos pesquisadores como uma ferramenta para monitorar o desempenho pessoal e institucional, há poucos estudos sobre a análise das tendências e do grau de inserção internacional da produção científica do Brasil, de acordo com áreas de conhecimento específicas (Blank et al., 2006).

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4

O estudo, de caráter descritivo, foi elaborado com emprego da análise bibliométrica e da pesquisa documental. A Bibliometria consiste em um conjunto de leis e princípios empíricos que compõem os fundamentos teóricos da Ciência da Informação. A análise bibliométrica compreendeu a consulta, coleta e recuperação de informações quantitativas, em bases de dados da ciência da saúde no Brasil, seguida da organização dos dados coletados, sistematização em categorias de indexação, registro da coleta em banco de dados Excel e análise interpretativa das informações científicas e tecnológicas obtidas. A pesquisa documental constou de coleta e análise de dados em acervos institucionais de setores do órgão governamental federal de saúde.

Os levantamentos bibliográficos foram realizados nas bases de dados PubMed, LILACS, na Base Gerencial do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde (MS) e em Diretório dos Grupos de Pesquisa da Plataforma Lattes do Ministério da

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1.1 REVISÃO DA LITERATURA

As transformações ocorridas nos aspectos da morbimortalidade da população brasileira, na qual se ressalta uma perda de importância relativa das doenças transmissíveis, contribuíram para criar a falsa expectativa de que esse grupo de doenças estaria em vias da erradicação. Entretanto, seu impacto na morbidade ainda é importante, principalmente aquele produzido pelas doenças para as quais não há mecanismos de prevenção e controle (Brasil, 2005). Dentre essas, destacam-se as doenças negligenciadas tropicais (DNT), assim conhecidas por serem doenças que apresentam alta incidência, geralmente em segmentos mais empobrecidos da população, não obtendo, por essa razão, maior visibilidade social. Como conseqüência, o investimento em diagnóstico, terapêutica e imunização é precário e a utilização do recurso disponível é insuficiente e, em algumas vezes, mal direcionada.

As Leishmanioses, classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das dez DNT, encontram-se entre as doenças tropicais da categoria 1, definidas como doenças em expansão e para as quais os serviços e políticas de saúde não dispõem de instrumentos adequados para controle. Representam um problema de saúde pública mundial, considerando que pelo menos uma das trinta espécies de Leishmania está

presente em 88 países, e que cerca de 350 milhões de pessoas estão expostas à contaminação (Brasil, 2007).

São doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania, da família

Trypanosomatidae. De modo geral, essas enfermidades se dividem em Leishmaniose

Tegumentar (ou Cutânea), que causam lesões na pele e mucosas, e Visceral (ou Calazar), que atacam os órgãos internos. O protozoário, ou parasita, é transmitido ao homem (e também a outras espécies de mamíferos) por insetos vetores ou transmissores, conhecidos como flebotomíneos. A caracterização e comparação de cepas de Leishmania, isoladas de

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As fêmeas, após realizarem o primeiro repasto sangüíneo em um reservatório natural do parasita (Leishmania), podem se infectar, ou seja, adquirir os protozoários. Estes irão

sofrer processos de diferenciação e multiplicação no trato digestivo da fêmea. A digestão do sangue dura, em média, 72 horas, dependendo da espécie. Porém, após o sangue ser digerido e os ovos estarem amadurecidos, a grande maioria das fêmeas morre depois da postura dos ovos, já que há um desgaste energético extremo. As poucas fêmeas sobreviventes necessitam realizar uma segunda alimentação sanguínea para, da mesma forma, maturarem seus ovos: é neste momento que transmitem a Leishmaniose, pois, no ato da picada injetam as formas flageladas (os protozoários) na corrente sanguínea de sua vítima, conforme ilustrado na figura 1.

Figura 1- Ciclo evolutivo da Leishmania SP.

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1.1.1 Leishmaniose Visceral (LV) ou Calazar

É uma doença crônica grave, potencialmente fatal para o homem, cuja letalidade pode alcançar 100% quando não se institui o tratamento adequado. É causada por espécies do gênero Leishmania, pertencentes ao complexo Leishmania (Leishmania) donovani.

A principal forma de transmissão do parasita para o homem e outros hospedeiros mamíferos é por meio da picada de fêmeas de dípteros da família Psychodidae, sub-família Phebotominae, conhecidos genericamente por flebotomíneos. A Lutzomyia

(Lutzomyia) longipalpis é a principal espécie transmissora da L. chagasi no Brasil. O cão

é considerado um importante hospedeiro e fonte de infecção para os vetores, sendo um dos alvos nas estratégias de controle. Entretanto, para determinar o papel destes animais na manutenção da transmissão da LV, seriam necessários novos estudos. A ocorrência da doença em uma determinada área depende da presença do vetor susceptível e de um hospedeiro/ reservatório igualmente susceptível.

Estudos epidemiológicos em áreas endêmicas de LV têm demonstrado que um considerável percentual de indivíduos apresenta evidências de infecção por Leishmania

chagasi, seja por meio de reações sorológicas ou por testes intradérmicos positivos, sem

no entanto apresentar manifestações clínicas da doença. A maioria dos infectados desenvolve doença subclínica, que pode permanecer completamente assintomática ou assumir a forma oligossintomática (Nascimento et al., 2005).

No Brasil, o agente etiológico é a L. chagasi. Há grande polêmica em torno da origem da

LV nas Américas: se ela foi introduzida recentemente, se foi na época da colonização européia e causada pela espécie L. infantum, ou se sua origem remota há vários milhões

de anos, juntamente com a introdução dos canídeos, devendo a espécie ser classificada como L. chagasi. Estudos utilizando técnicas bioquímicas e moleculares consideram a L.

chagasi e a L. infantum uma única espécie e aceitam a hipótese de origem recente nas

Américas. (Maurício et al., 2000).

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idade (Figura 2). Em alguns focos urbanos estudados existe uma tendência de modificação na distribuição dos casos por grupo etário, com ocorrência de altas taxas também no grupo de adultos jovens.

Figura 2- Crianças acometidas por Leishmaniose Visceral

O primeiro relato de LV no Brasil foi feito em 1934, quando foram encontradas amastigotas de Leishmania em cortes histológicos de fígado de pessoas que morreram

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10

Noventa por cento dos casos de LV das Américas estão no Brasil, tendo sido registrados 53.780 ocorrências no período de 1987 a 2006, com média anual de 2.689 episódios. Em dez anos (1994–2004), a letalidade da LV. Mais do que dobrou, passou de 3,18% para 7,68% da população do país. Esse incremento significou um aumento de 141% no período considerado. A taxa de letalidade por LV em pacientes não tratados é próxima a 100% e, mesmo com a instituição da terapêutica, 1 a 5% dos pacientes morrem como resultado da falta de resposta ao tratamento, da toxicidade dos medicamentos e das complicações da doença (Brasil, 2006).

Na figura 3, pode-se observar a dispersão da doença no Brasil, no ano de 2008. Foram identificados 4.840 municípios sem registros de caso de LV. Quatro municípios, situados nos estados de Tocantins e Mato Grosso do Sul apresentaram, também em 2008, incidência maior que cem casos.

Figura 3- Mapa da densidade de casos de Leishmaniose Visceral por município. Brasil, 2008.

(34)

11

Para a LV, as ações de vigilância estão centradas: a) no diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos humanos, b) na vigilância e monitoramento canino com eutanásia de cães com diagnóstico sorológico ou parasitológico positivos, c) na vigilância entomológica, manejo ambiental e controle químico com inseticida de efeito residual e d) em medidas preventivas direcionadas ao homem, ao vetor e ao cão.

Essas estratégias têm capacidade de reduzir em até 40% a incidência humana em áreas com média/alta transmissão de LV. Ainda assim são consideradas insuficientes, pois não estão sendo capazes de inibir a expansão da doença e apresentam dificuldades operacionais para a execução.

Apesar da existência de inúmeros estudos sobre a Leishmaniose Visceral humana, muitas lacunas precisam ser preenchidas.

1.1.2 Leishmaniose Tegumentar (LT) ou Cutânea

A Leishmaniose Tegumentar (LT) ou Cutânea é uma doença parasitária da pele e das mucosas, de caráter pleomórfico. Apresenta-se classicamente por pápulas, que evoluem para úlceras com fundo granuloso e bordas infiltradas em moldura, que podem ser únicas ou múltiplas, porém indolores (Figura 4). Também pode manifestar-se por placas verrucosas, papulosas, nodulares, localizadas ou difusas. A forma mucosa, secundária ou não à cutânea, caracteriza- se pela infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe. Quando a destruição dos tecidos é importante, podem ocorrer perfurações do septo nasal e/ou palato. (Oliveira-Pereira et al., 2006).

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Figura 4 - Manifestações da Leishmaniose Tegumentar

Seis espécies de Leishmania são conhecidas como causadoras da LT no Brasil:

Leishmania (Leishmania) amazonensis; L. (Viannia) braziliensis; L. (V.) guyanesis; L. (V.)

lainsoni; L. (V.) shawi y; L. (V.) naiffi (Ampuero et al., 2005).

A faixa etária mais acometida pela LT consiste nos indivíduos maiores de 10 anos, a qual compreende aproximadamente 90% dos casos (19.439). Os indivíduos do sexo masculino representaram 60% dos casos e a forma mucosa 4,71% do total registrado (Brasil, 2007).

A LT tem ampla distribuição mundial. No Continente Americano há registro de casos desde o extremo sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, com exceção do Chile e Uruguai.

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13

A confirmação de formas de leishmânias em úlceras cutâneas e nasobucofaríngeas

ocorreu no ano de 1909, quando Lindenberg encontrou o parasita em indivíduos que trabalhavam em áreas de desmatamentos, na construção de rodovias no interior de São Paulo. Em 1911 Splendore diagnosticou a forma mucosa da doença e Gaspar Vianna deu ao parasita o nome de Leishmania brazilienses. No ano de 1922, Aragão (apud Brasil,

2007), pela primeira vez, demonstrou o papel do flebotomíneo na transmissão da LT e, em 1958, Forattini (apud Brasil, 2007) encontrou roedores silvestres parasitados em áreas florestais do Estado de São Paulo.

Desde a década de 1960, a transmissão da doença vem sendo descrita em vários municípios de todas as unidades federativas (UF) do país. Em 2004, os maiores coeficientes de detecção de casos de LT foram localizados nos estados do Pará, Tocantins e Maranhão, e o eixo com menor frequência de casos foi identificado em Minas Gerais e Espírito Santo.

Na Figura 5, é apresentada a distribuição da doença no Brasil, por municípios, no ano de 2008. Pode-se verificar a presença da doença em quase todos os estados, com maior concentração em UF das regiões Norte e Centro-Oeste.

Nas últimas décadas, as análises epidemiológicas da LT têm sugerido mudanças no padrão de transmissão da doença, inicialmente considerada zoonose de animais silvestres que acometia ocasionalmente pessoas em contato com as florestas. Posteriormente, a doença começou a ocorrer em zonas rurais, já praticamente desmatadas, e em regiões periurbanas. Observa-se a existência de três perfis epidemiológicos:

a) Silvestre – em que a transmissão ocorre em áreas de vegetação primária (zoonose de animais silvestres);

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14

c) Rural ou periurbana, em que a transmissão ocorre em áreas de colonização (zoonose de matas residuais) ou periurbana, nas quais houve adaptação do vetor ao peridomicílio (zoonose de matas residuais e/ou antropozoonose) (Brasil, 2007).

As Leishmanioses representam grandes desafios à saúde pública, devido à complexidade dos agravos; ao insuficiente conhecimento sobre os diferentes elementos que compõem a cadeia de transmissão dessas doenças, tais como as respostas individuais do ser humano à infecção e à doença; e devido ainda à diversidade dos agentes etiológicos, dos reservatórios e vetores. Esses componentes, associados aos aspectos biológicos, sociais e aos fatores decorrentes da ação direta do homem no ambiente, dificultam as ações de vigilância e, conseqüentemente, o seu controle.

Figura 5 - Densidade de casos de Leishmaniose Tegumentar por municípios. Brasil, 2008.

1 ponto = 5 casos

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15

1.1.3 Pesquisa em Saúde no Brasil

De acordo com Guimarães (2006), “em 2004, as atividades de pesquisa em saúde representavam cerca de um terço de toda a atividade de pesquisa no país, sem levar em conta as empresas”. A distribuição geográfica das atividades de pesquisa em geral e da pesquisa em saúde apresenta padrão de forte concentração regional: 63% dos grupos estão na região Sudeste, 17% na região Sul, 13% na região Nordeste, 5% na região Centro-Oeste e 2% na região Norte.

Alguns mecanismos vêm sendo adotados para incentivar o desenvolvimento da pesquisa em saúde no país, com o objetivo de alcançar a redução das iniqüidades regionais. Destacam-se o financiamento de projetos cooperativos entre grupos com diferentes capacidades científicas e tecnológicas, a fim de fortalecer a interação entre pesquisa, serviços de saúde e setores público e privado; o estímulo à realização de pesquisas em regiões menos desenvolvidas do país, às quais se destinam 30% do financiamento total de cada edital lançado com recursos públicos (MS/MCT); e o financiamento de projetos estratégicos de inovação tecnológica.

A nova tendência da pesquisa para saúde aborda um conjunto de transformações: a mudança de paradigma da pesquisa científica tradicional, baseada em instituições de ensino e em pesquisas isoladas, passando para estudos em rede; alterações das agendas, antes definidas exclusivamente por pesquisadores, e que passaram a ser elaboradas com foco na aplicação das pesquisas, a partir de discussões entre gestores, pesquisadores e profissionais de saúde ; modificações no conceito de divisão das pesquisas entre básica e aplicada, o qual vem sendo substituído pela concepção de pesquisas direcionadas para a solução de problemas; substituição gradativa das pesquisas financiadas com recursos públicos e geridas de maneira centralizada, por um modo participativo, financiado por diversas fontes públicas e privadas e com gestão caracterizada por espaços de interação dos diversos atores (Pellegrini Filho, 2004).

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compartilhamento de objetivos comuns, mantendo-se as diferenças de identidade, reduzindo a sobreposição de ações e potencializando os recursos (OPAS, 2008).

A gestão da pesquisa em saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), é responsabilidade da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde, por meio da ação dos seus Departamentos de Ciência e Tecnologia e do Complexo Industrial e Inovação em Saúde (Brasil, 2008-a).

As diretrizes da 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (CNCTIS), da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisas em Saúde (ANPPS) e do Plano Nacional de Saúde (PNS), em consonância com o Plano Plurianual (PPA) do Governo Federal (2004-2007), indicam que o Brasil considera prioritária a implementação da auto-suficiência nacional em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) (Guimarães et al., 2006). Sendo assim, o cenário para o desenvolvimento tecnológico de

novos insumos é extremamente favorável, por se tratar de decisão política nacional e em decorrência da capacidade de pesquisa já instalada.

São indicadores deste cenário: a criação dos Fundos Setoriais, a Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS), a ampliação das agências regulatórias, a Lei de Inovação, o Programa de P&D em Doenças Negligenciadas, o Programa de Pesquisas para o SUS – Gestão Compartilhada (PPSUS) e a Rede Nacional de Pesquisas Clínicas.

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A construção e implantação da ANPPS constituem um processo político que buscou, em todas as suas etapas, a ampla participação de atores com experiências e linguagens distintas, tanto da pesquisa como da saúde.

A articulação em torno da construção da Agenda foi a ação mais importante na legitimação deste instrumento, na PNCTIS no país, e permitiu que prioridades de pesquisa em saúde estivessem em consonância com os princípios constitucionais do SUS: a universalidade, a integralidade e a eqüidade.

A ANPPS tem como pressuposto respeitar as necessidades nacionais e regionais de saúde, como também aumentar a indução seletiva para a produção de conhecimentos e bens materiais e processuais nas áreas prioritárias para o desenvolvimento das políticas sociais. Foi construída por um processo composto de quatro etapas sucessivas, as quais antecederam sua aprovação na 2ª CNCTIS, conforme descrito a seguir:

I. Situação de Saúde e Condições de Vida

Análise e síntese para caracterizar, medir e explicar os perfis de necessidades e problemas de saúde-doença da população, bem como para conhecer as respostas sociais organizadas frente a tais necessidades e problemas. Esse processo permitiu:

a) identificar necessidades, prioridades e políticas em saúde, e avaliar o impacto das intervenções;

b) formular estratégias de promoção, prevenção e controle de danos à saúde e avaliação da implantação;

c) construir cenários prospectivos de saúde.

II. Definição de Sub-Agendas em Pesquisa

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de construção da Agenda, foi criado um Comitê Técnico Assessor (CTA), composto por especialistas e gestores reconhecidos. A partir de metodologias utilizadas em experiências nacionais e internacionais, um conjunto de 20 subagendas de pesquisa foi ordenado e referendado pelo CTA.

Foram adotados os seguintes critérios para a definição de prioridades de pesquisa:

a) carga de doença, medida por DALY (Disability Adjusted Life Years – Anos de Vida

Perdidos Ajustados por Incapacidade), complementado por outros indicadores;

b) análise dos determinantes da carga de doenças segundo os diferentes níveis de intervenção: individual, familiar, e comunitário; ministério, sistema e serviços de saúde; instituições de pesquisa; políticas governamentais e outros setores com impacto na saúde;

c) estado da arte do conhecimento científico e tecnológico disponível;

d) custo-efetividade das possíveis intervenções e a possibilidade de sucesso;

e) efeito na equidade e justiça social;

f) aceitabilidade ética, política, social e cultural;

g) possibilidade de encontrar soluções;

h) qualidade científica das pesquisas propostas;

i) factibilidade de recursos humanos e financeiros.

III. Definição de Temas de Pesquisa

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Nessa etapa foram elencados os tópicos mais específicos, agregados a seguir em cada subagenda, contemplando as diferentes etapas da cadeia do conhecimento, da pesquisa básica à operacional, sem restrições quanto às áreas do conhecimento envolvidas. Em muitos casos, os temas prioritários foram associados a prioridades de saúde. Foi considerado que a resolução dos problemas de saúde nem sempre é uma variável dependente da pesquisa em saúde, e nem sempre há, no campo do saber e das práticas científicas e tecnológicas, conceitos, metodologias ou ferramentas adequadas para a produção de soluções por meio da pesquisa.

IV. Consulta Pública e Conferência

Almejando conhecer a perspectiva dos usuários dos serviços e dos trabalhadores do setor saúde e ampliar o debate sobre a definição de prioridades de pesquisa, foi realizada consulta pública da ANPPS, proposta no seminário. O elenco de subagendas e temas de pesquisa resultante foi sistematizado e integrado ao texto da Agenda apresentado na 2.ª CNCTIS. Seus delegados apreciaram integralmente as subagendas de número 1 a 14 e de número 24. Como não houve tempo hábil para votação das subagendas de números 15 a 23, as emendas referentes a essas agendas foram remetidas aos Conselhos Estaduais de Saúde, para que coordenassem o processo de votação, por deliberação da plenária final da Conferência.

A ANPPS, então composta por 24 subagendas, passou a ser um dos principais instrumentos do fomento à pesquisa em saúde do país, uma vez que constituiu a base para a definição e elaboração dos editais desenvolvidos em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e com as FAP nas UF.

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1.1.4 Cooperação Internacional

Nos últimos anos, as agências internacionais de financiamento público de pesquisa em saúde passaram a destacar o papel estratégico das políticas públicas para tornar disponíveis insumos essenciais. Além do Tropical Disease Research (TDR) e da OMS,

três organizações não- governamentais têm se dedicado ao desenvolvimento de novas drogas e/ou métodos diagnósticos para doenças negligenciadas, incluindo as Leishmanioses: a Drugs for Neglected Diseases Iniciative (DNDi), Melinda and Bill

Gates Foundation e One World for Health (Morel et al., 2005).

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (Brasil, 2010-b), o Brasil entende a cooperação técnica internacional como uma opção estratégica de parceria que representa um instrumento capaz de produzir impactos positivos sobre populações, alterar e elevar níveis de vida, modificar realidades, promover o crescimento sustentável e contribuir para o desenvolvimento social. O conceito de parceria para o desenvolvimento, adotado pelo Brasil, consolida a ideia de que a relação de cooperação deve acarreta, a ambos os lados, o compartilhamento de esforços e benefícios. Assim a cooperação recebida visa à internalização de conhecimentos técnicos oferecidos por organismos internacionais e por países mais desenvolvidos, segundo a ótica de aceleração do processo de desenvolvimento nacional.

1.1.5 Estudos Bibliométricos e Bases de Dados

Com a criação das bases de dados eletrônicas, as revistas científicas passaram a ter um importante papel no processo de divulgação da produção científica, reunindo o conhecimento produzido, recebendo artigos para submissão e realizando análises criteriosas da publicação (Packer & Meneghini, 2006).

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21

É um instrumento quantitativo que permite minimizar a individualidade própria à indexação e recuperação das informações, produzindo conhecimento, em determinado tópico de um assunto específico. A Bibliometria, portanto, contribui para a tomada de decisões por meio da gestão da informação e do conhecimento, uma vez que auxilia na organização e sistematização de informações científicas e tecnológicas. Essas técnicas são importantes para observar tendências e crescimento do conhecimento, verificar a cobertura das revistas, identificar os usuários e autores, medir a utilização dos serviços de disseminação da informação, formular políticas de aquisição e descarte de publicações, dentre outros aspectos.

O termo statistical bibliography, hoje Bibliometria, foi usado pela primeira vez em 1922

por E. Wyndham Hulme, antecedendo a data à qual se atribui a formação da área de Ciência da Informação, com a conotação de esclarecimento dos processos científicos e tecnológicos por meio da contagem de documentos. Menciona-se ainda que existia um consenso, entre autores dedicados ao assunto, em torno da idéia de que o termo statistical

bibliography não era bem aceito, o que se verificava inclusive por seu escasso emprego

na literatura. Assim, o termo Bibliometria (em inglês Bibliometrics) foi sugerido para

denominar a área em questão (Pritchard, 1969).

O uso de estudos bibliométricos é uma tendência mundial. Com o uso das bases de dados em meio eletrônico e por meio de informação em redes, houve um grande desenvolvimento na área de avaliação bibliométrica, não só pelo fácil acesso, mas também pela disponibilidade dos textos científicos na íntegra. Desse modo, as bases de dados são importantes fontes de informação na recuperação da produção científica, permitindo verificar a evolução do que foi publicado em todas as áreas do conhecimento, em determinados países, por autores, por grupos de pesquisadores, por assunto, dentre outras possibilidades.

A base de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline),

componente do PubMed (http://pubmed.gov), é de livre acesso a toda a comunidade

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artigos acessíveis. Nessa base é indexada a literatura científica internacional em ciência da saúde, com ênfase nas publicações procedentes dos Estados Unidos da América (EUA).

Até 2008, estavam indexados na Medline 34 títulos de revistas brasileiras, o que

demonstra baixa representatividade e visibilidade da produção nacional. Em 2010, por meio da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) da Biblioteca Regional de Medicina (BIREME) (www.bireme.br), verificou-se que estavam indexadas, na base Medline, 127 revistas de

países Latino-Americanos, Caribe, Espanha e Portugal. Dessas publicações, o maior número é advindo da Espanha (54), seguido pelo Brasil (34), México (12), Argentina (7), Portugal (4), Chile e Venezuela (3), Colombia e Porto Rico (2). Costa Rica, Cuba, Jamaica, Panamá, Peru e EUA apresentavam, cada um, apenas uma revista indexada (BVS, 2010).

Como primeira iniciativa de acesso aberto nos países em desenvolvimento havia surgido, em 1997, a base Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Inicialmente possuía 10

títulos de revistas, sendo quatro da área da saúde. Em 2006 constavam 160 títulos, sendo 83 (52%) da área de ciências da saúde do Brasil. A coleção SciELO abrangendo outros países, constava de 167 títulos da área da saúde nesse ano (Castro, 2006). Estão disponíveis, gratuitamente, por meio do Open Access, os textos completos dos artigos de

mais de 290 revistas científicas do Brasil, Chile, Cuba, Espanha, Venezuela e outros países da América Latina. Também publica relatórios e indicadores de uso e impacto das publicações (Meneguini et al., 2006).

A base de dados Literatura Latino-Americana em Ciência da Saúde (LILACS) faz parte da rede cooperativa da BVS, abrangendo a literatura de ciências da saúde publicada desde 1982. Em 2010 estavam indexadas 730 revistas. Possui também outros documentos como teses, livros, anais de congresso, conferências, relatórios técnicos e publicações governamentais.

Os artigos indexados são representados pelos descritores contidos no vocabulário controlado Medical Subject Headings (MeSH). Esses descritores facilitam a recuperação

dos assuntos nas pesquisas bibliográficas, como também em estudos bibliométricos focados nos aspectos quantitativos da produção.

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23

de mais de 15.475 revistas internacionais e nacionais, e a 126 bases de dados com resumos de documentos em todas as áreas do conhecimento. Inclui, também, uma seleção de importantes fontes de informação acadêmica com acesso gratuito para professores, pesquisadores, alunos e funcionários de 268 instituições de ensino superior e de pesquisa em todo o p aís, via Internet localizada nas instituições ou por elas autorizada (Brasil, 2010a).

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Identificar o perfil da produção científica brasileira sobre as Leishmanioses no período de 2004 a 2008.

2.2 Objetivos Específicos

 Traçar o panorama nacional do fomento à pesquisa em Leishmaniose, no

âmbito governamental;

 Identificar e caracterizar os grupos brasileiros de pesquisa em Leishmanioses;

 Identificar e sistematizar a produção científica brasileira sobre as

Leishmanioses no período determinado;

 Identificar e caracterizar as parcerias nacionais e internacionais voltadas à

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Desenvolvimento do Estudo

Trata-se de estudo descritivo baseado em dados secundários, elaborado com emprego da análise bibliométrica e da pesquisa documental. A Bibliometria consiste em um conjunto de leis e princípios empíricos que compõem os fundamentos teóricos da Ciência da Informação, conforme exposto no sub-item 1.1.5. A pesquisa documental refere-se à identificação, compilação e análise de documentos institucionais de domínio público, como leis, decretos, portarias, resoluções, normas, atos, regimentos; atas, relatórios, ofícios e outros documentos produzidos por instituições acadêmicas, científicas, órgãos governamentais e organizações do setor privado (Spink, 2000). No presente estudo, a pesquisa documental constou de coleta e análise de dados em acervos institucionais de setores do órgão governamental federal de saúde.

As informações apresentadas no estudo foram obtidas de diversas fontes: Banco de dados gerencial do Decit/SCTIE/MS; base eletrônica de dados do Sistema de Informática do SUS

(DataSUS); Plataforma Lattes; Diretório dos grupos de pesquisa do CNPq/MCT; plataformas

Medline/PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde; base de dados LILACS.

A definição do período de análise (2004-2008) se deu em função da realização, em 2004, da 2ª CNCTIS, marco referencial de um novo paradigma de Ciência e Tecnologia (C&T) para saúde, com o lançamento da PNCTIS e a implantação da ANPPS, no âmbito do Ministério da Saúde.

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Considerou-se a instituição do 1º autor para definição do local do estudo, tendo em vista a presença das co-autorias em estudos multicêntricos, não tendo sido considerados vários locais para o mesmo estudo.

Esta pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo e obteve parecer favorável, em 07 de novembro de 2008, sob o número: CEP 1792/08.

3.2 Estratégia de busca dos investimentos em Pesquisa

Informações sobre pesquisas com financiamento público foram obtidas a partir da busca de editais nos sites do CNPq, da FINEP, das FAP e da base gerencial do Decit. Também foram realizados contatos com a área técnica das Leishmanioses da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do MS. Dessas pesquisas, foram coletados dados sobre o total de recursos investidos por cada fonte de financiamento e sobre a natureza das pesquisas e a sua localização regional.

A identificação dos editais foi realizada por meio da caracterização do ano de publicação (2004 a 2008) utilizando-se as palavras-chave: Saúde, SCTIE, PPSUS, Decit, Fundos Setoriais, CT-Saúde, CT-Biotec, Doenças Negligenciadas.

3.3 Identificação dos Grupos Brasileiros de Pesquisa

A identificação dos grupos brasileiros de pesquisa, cadastrados no tema das Leishmanioses, foi realizada por meio de busca no diretório de Grupos de Pesquisas da Plataforma Lattes (CNPq, 2008). Empregaram-se as palavras-chave: leishmaniose;

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seguintes categorias: Leishmaniose Visceral (LV); Leishmaniose Tegumentar (LT); e Leishmaniose Visceral conjuntamente com Leishmaniose Tegumentar (LV/ LT).

As informações obtidas por meio dessa pesquisa na Plataforma Lattes (Brasil, 2009)

foram sistematizadas em uma planilha Excel, na qual os dados foram inseridos a partir das categorias acima (LV, LT ou LV/LT), em cruzamento com informações referentes à região de vínculo do líder de cada grupo brasileiro de pesquisa.

3.4 Estratégia de Busca da Produção Científica

A investigação sobre a produção científica brasileira foi realizada nas bases de dados

Medline/PubMed e LILACS. Utilizaram-se as palavras-chave (leishmaniose OR

leishmaniasis OR leishmania) and (humanos or humans or human) not (canina or dog or canin), definidas por meio dos descritores do MeSH, + Brazil. Empregou-se o limite de 2004 a 2008 e os idiomas inglês, português e espanhol.

Foram utilizados, como critérios de inclusão, todas as publicações sobre Leishmanioses em forma de artigos científicos, teses de doutorado, dissertações de mestrado, livre docência, relatos de caso e manuais técnicos, produzidas por grupos brasileiros no período de 2004 a 2008. Foram descartados artigos publicados anteriormente ao ano de 2004 e posteriormente a 2008, produções científicas de outros países e artigos sobre Leishmaniose canina.

A partir dos dados adquiridos por meio da busca GoPubmed, mapeou-se uma rede entre os autores que mais publicaram sobre Leishmanioses no período, possibilitando a visualização das principais colaborações identificadas. Foram empregadas as palavras-chave Leishmaniasis[Mesh]Brazil[geo]last5years[time]. Essas também foram usadas para localização dos grupos de pesquisas que publicam em colaboração com grupos brasileiros sobre a doença, em todo o mundo.

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previamente estabelecidas, referidas ao tipo da doença (LV, LT, LV/LT), título da publicação, autores, referência da indexação, nome do periódico no qual o produto bibliográfico foi publicado, o tipo e a natureza do estudo, o órgão financiador, o ano da publicação, a instituição do primeiro autor, a região geográfica, e o sexo do 1º autor (classificado pelo nome).

Para identificação da cooperação internacional, foram consideradas as citações de consultorias, treinamentos, doações de equipamentos e recursos financeiros constantes dos artigos.

Para sistematização das informações obtidas, construiu-se um banco de dados em planilha Excel, com o intuito de possibilitar a exclusão de dados repetidos.

A avaliação do nível de evidência científica dos estudos não foi objeto deste estudo.

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O levantamento resultou em 749 publicações: 322 foram coletadas nas bases do

PubMed e 427 nas bases da LILACS. Essas publicações foram triadas por meio de um

processo de seleção sucessiva, de acordo com categorias estabelecidas previamente na metodologia. Desse modo, 228 publicações foram descartadas por não cumprirem os critérios de inclusão anteriormente descritos. A produção elegível contou com 521 publicações. Destas, 415 artigos científicos foram analisados mais detalhadamente, uma vez que apresentam maior relevância para os objetivos desse trabalho. O método adotado para o processo de seleção sucessiva das publicações foi embasado em Gressler (2004) e operacionalizado por meio de um fluxograma, conforme consta da Figura 6.

3.5 Conceitos utilizados na classificação dos artigos científicos

A classificação da produção científica, quanto ao tipo e à natureza da pesquisa, foi baseada nos conceitos apresentados na base gerencial do Decit, disponível em: <http://pesquisasaude.saude.gov.br/bdgdecit/index.php?1g=BR> Acesso em 09 fev. 2010. Os conceitos estão apresentados a seguir:

• (1) Pesquisas biomédicas (stricto sensu): pesquisas cujos objetos de estudo são

modelos animais, secreções, tecidos, células, genes humanos, animais ou vegetais;

• (2) Pesquisas Clínicas: pesquisas realizadas com seres humanos para responder a questões de diagnóstico, tratamento e prognóstico em nível individual;

• (3) Pesquisas em saúde coletiva: pesquisas sobre as dimensões materiais e simbólicas do processo saúde-doença e da resposta socialmente organizada aos problemas de saúde na dimensão coletiva;

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Conceitos utilizados para classificação da Natureza das pesquisas:

• (1) Básica: trabalho teórico ou experimental realizado primordialmente com finalidade de adquirir novos conhecimentos sobre os fundamentos ou fenômenos e fatos observáveis, sem o propósito de qualquer aplicação ou utilização específica. Tem por objetivo ampliar o campo de entendimento fundamental;

• (2) Aplicada/Estratégica: qualquer investigação original realizada com a finalidade de obter novos conhecimentos, mas dirigida, primordialmente, a um objetivo ou propósito prático e específico. Volta-se para a necessidade de aplicação por parte de um indivíduo, grupo ou da sociedade;

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Resultados gerais dos levantamentos realizados nas bases de dados

No tocante aos resultados quantitativos das buscas empreendidas, o levantamento realizado resultou em 749 publicações, das quais 322 foram consultadas e analisadas nas bases do PubMed e 427 nas bases da LILACS, conforme exposto no capítulo 3, sobre a metodologia. Dessas publicações, 228 não cumpriram os critérios metodológicos de inclusão e foram descartadas. Assim a produção elegível constou de 521 publicações.

4.2 Investimento público em pesquisas sobre Leishmanioses

No âmbito do financiamento público, no período de quatro anos (2004-2008) decorridos após a aprovação da ANPPS, o MS, por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia – Decit, e em parceria com o CNPq, a FINEP e as FAP nas Unidades Federativas, lançou diversos editais, nos quais foram contempladas nove subagendas que incorporaram, transversalmente, projetos de pesquisas sobre Leishmanioses, tendo sido apoiados, nesse período, 112 estudos abordando essa temática (Tabela1).

As pesquisas apoiadas se distribuíram em nove subagendas. O maior número de projetos nesse tema ocorreu na subagenda de doenças transmissíveis. Cumpre citar o PPSUS, que incluiu as doenças negligenciadas como linhas prioritárias de pesquisa nas UF, e o Programa de P&D em Doenças Negligenciadas, o qual promoveu, nesse período, o lançamento de dois editais nacionais, nos anos de 2006 e 2008.

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Tabela 1. Distribuição do número de projetos sobre Leishmanioses, por subagendas daANPPS. Brasil, 2004 – 2008.

Subagenda Nº de Projetos %

Alimentação e Nutrição 1 0.9

Assistência Farmacêutica 7 6.3

Avaliação de Tecnologias e Economia da Saúde 1 0.9

Complexo Produtivo da Saúde 7 6.3

Doenças Transmissíveis 86 76.8

Gestão do Trabalho e Educação em Saúde 1 0.9

Pesquisa Clínica 6 5.4

Saúde, Ambiente, Trabalho e Biossegurança 1 0.9

Sistemas e Políticas de Saúde 2 1.8

Total 112 100

Fonte: Elaboração própria a partir da Base de Dados Gerencial do Decit. Disponível em <www.saude.gov.br/pesquisasaude>. Acessado em 18/02/2010.

Com exceção do Acre, Roraima, Amapá, Espírito Santo e Goiás, as demais UF tiveram pelo menos um projeto apoiado no tema. A UF na qual constou o maior número de projetos, em dados absolutos, foi o Rio de Janeiro (região Sudeste), seguido do Mato Grosso do Sul. Em terceiro lugar, encontram-se Pernambuco, Bahia e Minas Gerais com o mesmo número de projetos apoiados (Figura 7).

Para a maioria dos estados das regiões Norte e Nordeste, os projetos implementados foram beneficiados predominantemente com recursos dos editais do PPSUS.

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Figura 7 - Distribuição regional dos projetos sobre Leishmanioses financiados pelo MS/SCTIE/Decit e parceiros. Brasil, 2004 – 2008.

Minas Gerais, Pará, Paraíba e Pernambuco também apresentam equilíbrio entre o número de projetos implementados por meio de editais nacionais e estaduais. Santa Catarina foi o único estado da região Sul que teve projetos aprovados exclusivamente pelo PPSUS.

Os estados do Rio de Janeiro e Bahia detiveram mais de 2/3 dos recursos aprovados por meio de editais nacionais no tema. Considera-se que isso se deu em função da competência científica e tecnológica instalada nessas UF, o que proporciona maior facilidade competitiva.

Apesar do expressivo esforço de fomento realizado no período de quatro anos aqui analisado, algumas linhas de pesquisa propostas em Leishmanioses não tiveram nenhum projeto financiado, tais como estudos do parasita (reflexos no tratamento), estudos clínicos para avaliar a eficácia e efetividade de drogas usadas no tratamento. Este fato pode

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estar relacionado a diferentes motivos, dentre os quais são sugeridos: a inexistência de grupos de pesquisadores trabalhando no tema, o que indicaria a necessidade de incentivar a capacitação e formação de novos grupos de interesse, além de estimular os grupos já existentes a incorporarem novas linhas de pesquisa; a fragilidade dos projetos apresentados determinando sua não-seleção, situação que também demandaria estratégias de capacitação e aprimoramento; a impossibilidade de incluir, nos editais, todos os itens prioritários por escassez de recursos; ou, ainda, o escalonamento dessas prioridades em função das necessidades mais prementes do sistema de saúde.

Gráfico 1 - Distribuição do número de projetos sobre Leishmaniose e recursos governamentais investidos por UF. Brasil, 2004 - 2008.

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insumos laboratoriais de alto custo para sua execução, e também os estudos multicêntricos, envolvendo um maior número de instituições e representatividade nacional.

Projetos de médio porte, caracterizados pelo equilíbrio entre o volume de recursos e número de projetos, dentro da média global do período estudado, foram apresentados pelas Unidades Federativas Bahia, Piauí, Rio Grande do Sul e Sergipe.

Os demais estados das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul foram identificados com demandas de projetos de pequeno porte, para os quais foram destinados menor volume de recursos. Esses projetos, em sua maioria, foram do tipo epidemiológico com amostragem em áreas de pequena abrangência.

4.3 Grupos Brasileiros de Pesquisas em Leishmanioses

Os grupos brasileiros de pesquisa, em sua maioria, encontram-se cadastrados na Plataforma Lattes do CNPq. Em 2008 foram identificados 214 grupos, cadastrados no

diretório como pesquisadores das Leishmanioses. Desse conjunto, 48 grupos dedicavam-se à LV; 57 grupos abordavam a LT; 34 grupos estavam voltados ao estudo da LV/LT; e 75 grupos não especificaram (NE) o tipo de Leishmaniose pesquisado.

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Esses grupos encontram-se distribuídos nas regiões do país nas seguintes proporções: Sudeste (SE) 60%, Nordeste (NE) 20%, Norte (N) 9%, Centro Oeste (CO) 8% e Sul (S) 3%.

O Gráfico 2 a seguir, apresenta a distribuição nacional dos grupos de pesquisa em Leishmanioses, segundo modalidade da doença, por região do país.

Gráfico 2 - Distribuição dos grupos de pesquisa segundo tipo de Leishmaniose por região do país. Brasil, 2004 – 2008.

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4.4 Produção Científica sobre leishmanioses

A publicação de teses e dissertações é um indicador da investigação científica de qualidade. O investigador, a partir de uma idéia, constrói o seu projeto de pesquisa que, além de ser apreciado em seu sentido bioético, é também analisado por uma comissão de especialistas e, finalmente, seus resultados são publicados para posterior compartilhamento pela comunidade científica e pelos profissionais da área. Dessa forma, entende-se que seja de suma relevância expor, nesta investigação, os dados referentes a essas titulações.

No presente estudo foram identificadas 43 dissertações de mestrado: 73% delas foram apresentadas por pessoas do sexo feminino e 17 estavam relacionadas à epidemiologia e controle do vetor.

Dentre os 28 estudos do tipo biomédico, 15 foram de natureza básica. Sessenta e cinco por cento dos títulos de Mestre foram provenientes da região Sudeste, com maior número no Rio de Janeiro (todos do Instituto Osvaldo Cruz – IOC, Fiocruz/RJ), seguido de São Paulo (Universidade de São Paulo – USP e Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e Minas Gerais (todos do Centro de Pesquisa René Rachou – CPqRR, Fiocruz/MG). Do total das dissertações apresentadas, 29% foram do NE, com maior número na Bahia (todas do Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz – CPqGM, Fiocruz/BA), seguida de Pernambuco (todas do Centro de Pesquisa Ageu Magalhães – CPqAM, Fiocruz/PE). Na região Norte foram identificadas duas dissertações, uma delas em 2006 e a outra em 2007, ambas provenientes do Centro de Pesquisa Evandro Chagas – CPqEC, Fiocruz/PA. Não foram identificadas dissertações defendidas nesse período nas regiões Sul e Centro-Oeste. O maior número de mestres em Leishmanioses formou-se no ano de 2006, seguido de 2008. O tema predominante nas dissertações foi a LT, correspondendo a 51% delas.

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Quanto ao tipo de estudo, a maior freqüência (26 pesquisas) foi do tipo biomédico, sendo 11 de natureza aplicada à imunologia. O segundo tipo com maior número (11 estudos) estava relacionado à epidemiologia e ao controle do vetor.

A distribuição das teses por região foi semelhante à das dissertações de mestrado: 80% dos títulos de doutor eram provenientes da região Sudeste, com maior número no estado do Rio de Janeiro, cuja maior concentração se deu no IOC/Fiocruz, seguido de São Paulo, na USP e UNIFESP, e no estado de Minas Gerais, com o maior número no CPqRR/Fiocruz; 18% do total das teses apresentadas foram do Nordeste, a maior parte delas no estado da Bahia e concentradas no Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz/Fiocruz. Não foram identificadas teses provenientes das regiões Norte e Sul, abordando o tema das Leishmanioses.

O maior número de teses foi apresentado no ano de 2008, seguido das defendidas em 2004 e 2006 com o mesmo número, 10 teses (Gráfico 3).Enfocaram predominantemente a LT, totalizando 57% delas.

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