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Aspectos psicossociais da anemia falciforme

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Academic year: 2017

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Aspectos psicossociais da anemia

falciforme

Psychosocial aspects of sickle cell anemia

Maria Stella Figueiredo

Pouco tempo após a primeira descrição da anemia falci-forme por Herrick, em 1910,1 pesquisadores brasileiros, como

Silva e Accioly, já demonstraram seu interesse pela doença, realizando trabalhos pioneiros publicados na década de 40.2,3

Entre as décadas de 60 a 80, surgiram estudos sobre a inci-dência da anemia falciforme em diferentes regiões brasileiras. Tais trabalhos revelaram uma distribuição heterogênea, mas de grande relevância clínica.4,5

A constatação de que a anemia falciforme era a doença monogênica de maior frequência no Brasil6,7 e, portanto, um

problema de saúde pública,8 foi um dos principais subsídios

para a inclusão da triagem para hemoglobinopatias no Progra-ma Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), determinada em 2001, através da Portaria nº 822/01 do Ministério da Saúde. Desde então, vem sendo possível a obtenção de dados mais acurados sobre a frequência da doença em nosso meio.6,9

Reflexo da instituição desta portaria pode ser visto no cres-cente número de publicações enfocando a incidência regional da hemoglobina S e de suas variantes.

Acreditamos que o maior conhecimento da frequência da anemia falciforme é premissa importante, porém não sufi-ciente para que o objetivo primordial de se estudar esta doença seja alcançado: a melhora da qualidade de vida de seus portadores. Para atingirmos esse objetivo, é necessário o desenvolvimento de ações eficazes nas áreas médica, psico-lógica e social, o que torna imprescindível que elucidemos os aspectos psicossociais característicos desse grupo de indiví-duos.

Mesmo em termos mundiais, são poucos os estudos nessa área, em especial quando comparados com as publi-cações relativas à fisiopatologia e/ou tratamento da anemia falciforme. Em recente pesquisa, de 3.100 artigos sobre a anemia, publicados em 2009, apenas 11 (0,35%) tratavam dos aspectos psicossociais. Entretanto, se não compreendermos o meio em que vive o portador de anemia falciforme, suas condições de escolaridade, trabalho e seguridade social, esta-remos tendo uma visão míope da doença e, consequente-mente, as soluções eventualmente propostas carecerão de eficácia.

A publicação atual10 vem ao encontro da necessidade

de esclarecimento das condições psicossociais da população portadora de anemia falciforme. Esperamos que esse estudo venha a estimular outros pesquisadores a realizarem inves-tigações na área, que é importante, porém ainda pouco valo-rizada.

Referências Bibliográficas

1. Herrick JB. Peculiar elongated and sickle-shaped red blood corpuscles in a case of severe anemia. Arch Inter Med 1910; 6:517-521. 2. Da Silva EM. Estudos sobre índice de siclemia. Memórias do Inst

Oswaldo Cruz 1945. 42(2):315-342

3. Accioly J. Anemia Falciforme: apresentação de um caso com infantilismo. Arq Fac Med Univ Federal Bahia 1947; 2:169-198

4. Tondo CV, Salzano FM. Abnormal hemoglobins in a Brazilian negro population. American Journal of Human Genetics 1962; 14: 401-409.

5. Zago MA, Costa FF, Tone LG, Bottura C. Hereditary hemoglobin disorders in a Brazilian population. Human Heredity 1983; 33: 125-129.

6. Cançado R, Jesus JA. A doença falciforme no Brasil. Rev Bras Hematol Hemoter 2007; 29(3):204-206.

7. Zago MA. Anemia falciforme e doenças falciformes. Manual de Doenças mais Importantes, por Razões Étnicas, na População Brasileira Afro-Descendente. Série A. 2001. Normas e Manuais Técnicos no. 123, Ministério da Saúde, Brasília.

8. Silva RBP, Ramalho AS, Cassorla RMS. A anemia falciforme como problema de Saúde Pública no Brasil. Rev. Saúde Pública 1993; 27(1): 54-58.

9. Portaria nº 1.391/GM de 16 de Agosto de 2005. Art. 1º Instituir, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, como diretrizes para a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias. http://dtr2001.saude.gov. br/sas/gab05/gabago05.htm

10. Felix AA, Souza HM, Ribeiro SBF. Aspectos epidemiológicos e sociais da doença falciforme. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010; 32(3):203-8.

Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010;32(3):194 Editoriais e Comentários

Professora Associada da Disciplina de Hematologia e Hemoterapia da Unifesp/EPM – São Paulo-SP.

Disciplina de Hematologia e Hemoterapia Departamento de Oncologia Clínica Experimental Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina – São Paulo-SP.

Correspondência: Maria Stella Figueiredo Rua Botucatu, 740, 3º andar

04023-900 – Vila Clementino – São Paulo-SP – Brasil E-mail: stella.figueiredo@unifesp.br

Avaliação: O tema abordado foi sugerido e avaliado pelo editor.

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