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Fidedignidade de indicadores de qualidade do cuidado de enfermagem: testando a concordância e confiabilidade interavaliadores.

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Copyright © 2014 Revista Latino-Americana de Enfermagem

Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial (CC BY-NC).

Esta licença permite que outros distribuam, editem, adaptem e criem obras não comerciais e, apesar de suas obras novas deverem créditos a você e ser não comerciais, não precisam ser licenciadas nos mesmos termos. DOI: 10.1590/0104-1169.3262.2407

www.eerp.usp.br/rlae

Endereço para correspondência: Dagmar Willamowius Vituri

Universidade Estadual de Londrina. Hospital Universitário Gerência de Riscos

Av. Robert Koch, 60 Vila Operária

CEP: 86038-350, Londrina, PR, Brasil E-mail: dagmar@uel.br

Dagmar Willamowius Vituri

2

Yolanda Dora Martinez Évora

3

Objetivo: testar a concordância e confiabilidade interavaliadores de quinze indicadores de qualidade

da assistência de enfermagem. Método: pesquisa quantitativa, metodológica, experimental e

aplicada, realizada em um hospital terciário, de grande porte, de ensino público do Estado do

Paraná. No tratamento dos dados foi utilizada a estatística Kappa para análise das variáveis

categóricas – indicadores de 1 a 11 e 15; e o coeficiente de correlação interclasses para as variáveis

contínuas – indicadores 12, 13 e 14, considerando-se o intervalo de confiança de 95%. Os dados

categóricos foram tratados utilizando-se o software Lee, do Laboratório de Epidemiologia e Estatística

do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – Brasil e os dados contínuos pelo software BioEstat

5.0. Resultados: os resultados pela aplicação da estatística Kappa demonstraram excelente grau

de concordância, estatisticamente significante; os valores obtidos para o coeficiente de correlação

interclasses denotaram reprodutibilidade/concordância excelente e estatisticamente significante

para os indicadores avaliados. Conclusão: os indicadores apresentam excelente confiabilidade e

reprodutibilidade, o que evidencia que o desenvolvimento de instrumentos de avaliação válidos e

fidedignos é possível, além de imprescindível para gerenciamento da assistência de enfermagem.

Descritores: Enfermagem; Auditoria de Enfermagem; Indicadores de Qualidade em Assistência à

Saúde; Estudos de Validação como Assunto; Reprodutibilidade dos Testes.

1 Artigo extraído da tese de doutorado “Avaliação como princípio da Gestão da Qualidade Total: testando a confiabilidade interavaliadores de indicadores de qualidade da assistência de enfermagem” apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

2 Doutoranda, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil. Enfermeira, Hospital Universitário, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil. 3 PhD, Professor Titular, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento

da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

Fidedignidade de indicadores de qualidade do cuidado de enfermagem:

(2)

Introdução

A preocupação com a qualidade dos produtos e

serviços tem sido objeto de apreensão nos diversos tipos

de organização, principalmente no setor saúde, pois, além

da inluência direta desses serviços sobre a economia,

seus clientes estão cada vez mais exigentes quanto ao

atendimento de suas necessidades com qualidade(1).

Um grande aliado das organizações de saúde na

busca pela qualidade das ações é o enfermeiro e, nesse

sentido, existe expectativa dos gestores quanto ao papel

desse proissional no gerenciamento do cuidado nas

instituições hospitalares, pois, uma das características

da prática do cuidar em enfermagem é o contato direto

com o cliente, que possibilita conhecer suas necessidades

e expectativas(1), além do fato de a proissão ter papel

fundamental no resultado da atenção.

Gerenciar implica conhecer o desempenho da

instituição em função de seu objetivo e em relação às

suas metas(2) e isso requer a implementação de sistemas

de avaliação e indicadores adequados, que permitam a

(re)formulação de diretrizes(3). Contudo, a quantiicação

da qualidade da atenção em saúde tem sido um grande

desaio, que se inicia com a decisão do que medir e,

depois, encontrar medidas estatísticas de qualidade(4).

Indicador é uma unidade de medida de uma atividade,

que pode ser utilizado para mensurar qualidade e

quantidade em organizações de saúde, avaliando aspectos

de estrutura, processos e resultados(5-6). A possibilidade de

desenvolvê-los é ilimitada; porém, a diiculdade está em

encontrar um indicador de alta validade para o domínio em

estudo(7), ou seja, para o aspecto do cuidado a ser medido.

O uso de medidas válidas e idedignas propicia

monitorar a qualidade do cuidado dispensado aos

pacientes, identiicar situações de riscos evitáveis, bem

como subsidiar o planejamento de ações corretivas, além

de direcionar estratégias e reajuste de metas por meio de

ações educativas e de valorização proissional. Ressalta-se que o uso de instrumentos válidos e idedignos pode contribuir para o avanço do conhecimento da proissão e

para o desenvolvimento da teoria que a sustenta(8).

Fidedignidade implica coniabilidade e concordância,

que são aspectos importantes no desenvolvimento de

instrumentos de medida. Seus resultados fornecem

informações sobre a quantidade de erro inerente a essa, o

que relete a qualidade da medição(9).

Concordância é o grau em que os escores ou

classiicações são idênticos(9) e coniabilidade o grau em

que o resultado medido relete o resultado verdadeiro,

ou seja, o quanto uma medida está livre da variância

dos erros aleatórios(10). Pode ainda ser deinida como a

proporção da variância nos escores de medição, que se

devem às diferenças no escore verdade, não ao erro

aleatório(11-12). Sendo assim, a coniabilidade estima a

consistência e estabilidade da medida e aumenta à medida

que o componente de erro diminui(11).

Considerando-se a preocupação histórica da

enfermagem com a busca pela qualidade da atenção,

assinalada desde as ações de cuidado de Florence

Nightingale, bem como pela crise de credibilidade

atualmente associada aos serviços de saúde brasileiros

e pelo potencial do proissional enfermeiro em contribuir

para a mudança dessa realidade, por meio da mensuração

da qualidade do cuidado prestado, ica evidente a

necessidade de que as medidas da qualidade da assistência

sejam coniáveis.

O desenvolvimento de instrumentos avaliativos é

complexo e objeto de estudo de várias disciplinas. No

contexto da prática da enfermagem, observam-se muitas

críticas quanto ao seu uso em função de se pretender

mensurar construtos e conceitos considerados abstratos

e subjetivos.

Acredita-se, contudo, que essas críticas se devam

à falta de conhecimento sobre o processo envolvido na

concepção e validação de medidas avaliativas, o que

resulta em desmotivação para o seu desenvolvimento

e, consequentemente, impede o avanço da ciência

na área.

Diante desse cenário e dando continuidade ao estudo

que se iniciou com a validação de conteúdo de indicadores

de qualidade da assistência de enfermagem(13), tem-se,

como questão de pesquisa: o instrumento constituído

por indicadores de qualidade de cuidados básicos de

enfermagem atende ao requisito de coniabilidade

para avaliação da qualidade da assistência dispensada

a pacientes adultos, internados em unidade

médico-cirúrgica de um hospital público de ensino do norte do

Estado do Paraná?

A presente pesquisa tem como objetivo testar a

concordância e coniabilidade interavaliadores de quinze

indicadores de qualidade da assistência de enfermagem.

Metodologia

Trata-se de pesquisa quantitativa, metodológica,

experimental e aplicada, realizada em três fases

(validação de face, teste-piloto e teste de coniabilidade),

desenvolvida em um hospital terciário de grande porte,

de ensino público do Estado do Paraná, Brasil.

Ressalta-se que, no preRessalta-sente estudo, o foco da apreRessalta-sentação dos

resultados e discussão é o teste de coniabilidade da

(3)

O estudo iniciou-se com a validação de face de um

instrumento composto por quinze indicadores de qualidade,

considerando o percentual mínimo de concordância(14) de

80%, com base no instrumento proposto por Vituri(13),

validado pela estratégia de validação de conteúdo por

experts e reformulado com base nas necessidades sentidas

por meio de sua aplicação rotineira na prática diária.

Para o procedimento de validação de face

selecionou-se uma amostra intencional de juízes, estagiários do

serviço de avaliação da qualidade da assistência de

enfermagem do hospital em estudo. Esse serviço funciona

como campo de estágio curricular não obrigatório para

alunos do terceiro e quarto anos do curso de graduação

em enfermagem, que desenvolvem atividades de auditoria

operacional e retrospectiva, avaliando a qualidade da

assistência de enfermagem, por meio da aplicação

sistemática do instrumento de Vituri(13).

O teste-piloto do instrumento de medida foi realizado

por uma amostra intencional de três juízes, sendo dois

enfermeiros da instituição (um assistencial e outro

gerente em nível de direção) mais a pesquisadora. Esse

número foi deinido por meio dos estudos de Crocker,

Llabre e Miller(15), pois, quanto maior o número de juízes

maior a heterogeneidade e, consequentemente, menor a

coniabilidade e concordância(16).

A compreensão dos indicadores, metodologia de

avaliação e aplicabilidade do instrumento foi testada por

meio da avaliação de uma amostra aleatória de quinze

pacientes adultos, internados em unidade de clínica

médica e cirúrgica.

Para determinação da idedignidade, dentre as três

categorias de estimação de concordância (estimativa

de consenso, estimativa de consistência e estimativa de

avaliação/medição), utilizou-se a estimativa de consenso,

que tem como base a suposição de que deva existir

perfeita concordância entre os juízes no uso de escalas

de pontuação para comportamentos observáveis, o que

caracteriza a mesma compreensão do construto(17).

O método utilizado foi o de equivalência, que é usado

para avaliação da coniabilidade mediante a aplicação

do mesmo instrumento por observadores diferentes,

para medir os mesmos fenômenos (coniabilidade

interavaliadores ou precisão do avaliador)(11).

Esse tipo de teste é indicado, principalmente, para

instrumentos clínicos, em que se depende do julgamento

do avaliador. Sendo assim, é fundamental estimar a

precisão pela correlação dos resultados obtidos de cada

sujeito, pois é evidente a variância existente entre os

avaliadores(11).

A concordância e a idedignidade dos indicadores

foram testadas pelos mesmos juízes que participaram

do teste-piloto, pois já estavam capacitados para o uso

do instrumento, que foi aplicado de forma concomitante

e independente a uma amostra de 33 pacientes,

considerando-se os quinze pacientes já avaliados

anteriormente no teste-piloto.

Para a avaliação dos indicadores de 1 a 11 e 15,

o juiz leu o descritor que deine o padrão de qualidade

e assinalou, no instrumento de avaliação, se o aspecto

do cuidado observado estava adequado ou inadequado

em relação ao padrão. Para os indicadores 12, 13 e 14,

com base na explicitação do padrão de qualidade, cada

juiz registrou a quantidade de checagens e registros de

sinais vitais realizados de forma adequada e a quantidade

inadequada.

Quanto ao tratamento dos dados, foi utilizada

a estatística Kappa (k) para análise das variáveis

categóricas – indicadores de 1 a 11 e 15 e o Coeiciente

de Correlação Interclasses (CCI) para as variáveis

contínuas – indicadores 12, 13 e 14, considerando-se o

Intervalo de Coniança (IC) de 95%(12,18).

O coeiciente de Kappa é uma medida de associação,

que mede o grau de concordância para além do que

seria esperado pelo acaso, com pesos iguais para

as discordâncias(17); o Fleiss Kappa é uma extensão

da estatística Kappa para avaliar a concordância

entre mais de dois avaliadores, sem aplicação

de ponderação(19).

O Coeiciente de Correlação Interclasses ou coeiciente de Reprodutibilidade (R) é uma estimativa

da fração da variabilidade total de medidas, devido a

variações entre os indivíduos(20-21).

Apesar de não fornecer informações detalhadas sobre

a estrutura da concordância e discordância(22) a estatística

Kappa é melhor do que os percentuais simples de

concordância(17). Autores airmam que, para a estimação

da coniabilidade interobservadores, a estatística Kappa e o Coeiciente de Correlação Interclasses são os métodos

mais apropriados(9).

Paralelamente à estatística Kappa e CCI, também

foram calculados os percentuais simples de concordância

para se ter uma ideia detalhada da coniabilidade e

concordância(9).

Os valores de Kappa foram interpretados da

seguinte forma: menor que 0 como indicativo de no

agreement; entre 0 e 0,19 poor agreement; 0,20 a

0,39 fair agreement; 0,40 a 0,59 moderate agreement;

0,60 a 0,79 substantial agreement e 0,80 a 1,00 almost

perfect agreement(23). Para o CCI foram utilizados os

valores de 0,4 a 0,59 razoável reprodutibilidade; 0,6 a

0,74 boa reprodutibilidade e acima de 0,74 excelente

(4)

Os dados categóricos (estatística k) foram

tratados utilizando-se o software Lee, do Laboratório de

Epidemiologia e Estatística do Instituto Dante Pazzanese

de Cardiologia – Brasil e os dados contínuos (CCI) pelo

software BioEstat 5.0. O p-value de <0,05 foi considerado

estatisticamente signiicante.

O estudo foi conduzido em concordância com

todos os preceitos éticos, tendo sido aprovado pela

direção da instituição e pelo Comitê de Ética em

Pesquisas Envolvendo Seres Humanos da Universidade,

sob Parecer n° 126/10, CAAEE

n°0113.0.268.000-10. Todos os sujeitos de pesquisa, juízes e pacientes,

assinaram o Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (TCLE).

Resultados

Os resultados do procedimento de validação de

face apontaram para a validade aparente de todos os

indicadores. Quanto ao teste-piloto, o parecer dos juízes

foi favorável no que tange à adequação do instrumento

relacionada aos quesitos compreensão e aplicabilidade.

Considerando-se que não houve dúvidas nem sugestões, o

instrumento foi considerado apropriado para continuidade

do teste de coniabilidade interavaliadores.

A Tabela 1, a seguir, apresenta os resultados da

aplicação da estatística Kappa para os indicadores de 1 a

11 e 15, além do percentual de concordância simples para

todo o conjunto dos indicadores.

Tabela 1 - Determinação da concordância interavaliadores pela aplicação da estatística Kappa aos indicadores de 1 a 11

e 15. Londrina, PR, Brasil, 2013

*Indicadores 1 – 11; 15

1. Identiicação do leito do paciente. 2. Identiicação de risco para queda do leito. 3. Identiicação de acessos venosos periféricos. 4. Veriicação de lesões cutâneas pós-iniltrativas.

5. a – Identiicação de equipes para infusão venosa (soro de manutenção). b – Identiicação de equipes para infusão venosa (soro para diluição de medicação). c – Identiicação de equipes para infusão venosa (soro – droga 1).

6. a – Identiicação de frascos de infusão venosa – rótulo (soro de manutenção). b – Identiicação de frascos de infusão venosa – rótulo (soro para diluição de medicação). c – Identiicação de frascos de infusão venosa – rótulo (soro – droga 1).

7. Identiicação do controle de velocidade de infusão – escala graduada. 8. Identiicação de sondas gástricas – oro e nasogátricas para drenagem.

9. Fixação da sonda vesical de demora.

10. Posicionamento da bolsa coletora de diurese, da sonda vesical de demora.

11. Posicionamento do prolongamento distal de drenagem da bolsa coletora de diurese – spigot. 15. Elaboração da prescrição diária e completa pelo enfermeiro.

†Número de pacientes em que se aplica a avaliação do indicador.

Indicador* N† % concordância Fleiss k 95% CI p-valor Concordância

01 33 100 1,000 0,803-1,000 <0,001 Excelente

02 25 100 1,000 0,835-1,000 <0,001 Excelente

03 22 100 1,000 0,852-1,000 <0,001 Excelente

04 25 97 0,970 0,830-1,000 <0,001 Excelente

05a 10 97 0,956 0,795-1,000 <0,001 Excelente

05b 23 94 0,969 0,829-1,000 <0,001 Excelente

05c 04 100 1,000 0,847-1,000 <0,001 Excelente

06a 10 100 1,000 0,845-1,000 <0,001 Excelente

06b 23 97 0,969 0,829-1,000 <0,001 Excelente

06c 02 100 1,000 0,846-1,000 <0,001 Excelente

07 09 100 1,000 0,837-1,000 <0,001 Excelente

08 03 100 1,000 0,803-1,000 <0,001 Excelente

09 05 100 1,000 0,846-1,000 <0,001 Excelente

10 05 100 1,000 0,803-1,000 <0,001 Excelente

11 05 100 1,000 0,846-1,000 <0,001 Excelente

15 27 100 1,000 0,855-1,000 <0,001 Excelente

Os valores da Tabela 1 demonstram um

percentual de concordância simples superior a 80%,

considerado adequado para todos os indicadores

avaliados(14).

A estatística Kappa variou entre 0,956 a 1,000, ou

seja, os indicadores de 1 a 11 e 15 demonstram excelente

grau de concordância, estatisticamente signiicante –

p-valor <0,001(23).

Os indicadores que não obtiveram concordância

total pela aplicação do Fleiss k foram: indicador 4 –

veriicação de lesões cutâneas pós-iniltrativas (k=0,970,

(5)

Tabela 2 - Determinação da concordância interavaliadores pela aplicação do Coeiciente de Correlação Interclasses aos

indicadores de 12, 13 e 14. Londrina, PR, 2013

*Indicadores 12 – 14

12. a – Checagem dos procedimentos na prescrição de enfermagem (adequado). b – Checagem dos procedimentos na prescrição de enfermagem (inadequado).

13. a – Registro de veriicação dos sinais vitais prescritos (adequado). b – Registro de veriicação dos sinais vitais prescritos (inadequado).

14. a – Checagem dos procedimentos de enfermagem na prescrição médica (adequado). b – Checagem dos procedimentos de enfermagem na prescrição médica (inadequado).

†Sinônimo de coniabilidade.

infusão venosa (soro de manutenção) (k=0,956, IC 95%:

0,795- 1,000); 5b – identiicação de equipes para infusão

venosa (soro para diluição de medicação) (k=0,969, IC

95%: 0,829-1,000) e 6b – identiicação de frascos de

infusão venosa – rótulo (k=0,969, IC 95%: 0,829-1,000).

Indicador* N % concordância CCI 95% CI p-valor Reprodutibilidade†

12 - a 559 99,7 0,992 0,983-0,996 <0,001 Excelente

12 - b 81 98,1 0,980 0,959-0,990 <0,001 Excelente

13 - a 56 98,2 0,957 0,914-0,979 <0,001 Excelente

13 - b 44 97,8 0,951 0,903-0,976 <0,001 Excelente

14 - a 354 99,6 0,969 0,938-0,985 <0,001 Excelente

14 - b 64 97,5 0,859 0,732-0,929 <0,001 Excelente

Os resultados da aplicação do Coeiciente de

Correlação Interclasses para os indicadores 12, 13

e 14 e o percentual de concordância simples, para

o conjunto dos indicadores, estão apresentados na

Tabela 2.

Para aos indicadores 12, 13 e 14 (Tabela 2), o percentual

de concordância simples variou entre 89,4 e 92,5%, que

caracteriza concordância adequada(14). Os valores de CCI

variaram entre 0,859 e 0,992 e os indicadores avaliados

obtiveram reprodutibilidade/concordância excelente e

estatisticamente signiicante – p-valor <0,001(24).

O menor Coeiciente de Correlação Interclasses –

o CCI obtido foi de 0,859 (IC 95%: 0,732-0,929) para

o indicador 14b – checagem dos procedimentos de

enfermagem na prescrição médica (adequado); o maior

valor de CCI foi de 0,992 (IC 95%: 0,983-0,996) para

o indicador 12 a – checagem dos procedimentos na

prescrição de enfermagem (adequado), caracterizando

reprodutibilidade/concordância excelente para os

indicadores avaliados.

Discussão

A coniabilidade interavaliadores, testada pela

estatística Kappa, encontrou valores que caracterizam

concordância excelente entre os juízes, no que se refere

ao construto, aos descritores e aos critérios de avaliação

dos indicadores testados.

Cabe ressaltar que o que está sendo medido não é

a validade dos resultados, mas, sim, o grau de erro na

medida, que se deve às diferenças no escore verdade(8,10-11).

Sendo assim, é possível airmar que os indicadores 4,

5-a, 5-b, 6-b, 12-a, 12-b, 13-a, 13-b, 14-a e 14-b, que

não obtiveram resultados de Fleiss k e CCI de 1,000, não

são100% precisos. Porém, ressalta-se que, por melhor

que seja um instrumento de medida, os escores obtidos

nunca estarão livres de erros(11).

Os erros que afetam as medidas são classiicados

em dois subgrupos: os erros aleatórios, que derivam

de fatores que afetam a medição da variável de forma

acidental em toda a amostra, adicionando variabilidade

aos dados, mas não afetando o desempenho médio para

o grupo, e os erros sistemáticos, que são causados por

qualquer fator que sistematicamente afete a medição da

variável em toda a amostra e que tendem a ter um efeito

consistentemente positivo ou negativo, sendo, por vezes,

em razão disso, considerados como viés de medição(11).

Acredita-se que os fatores que possivelmente tenham

afetado a precisão da medida, contribuindo para os

erros de medição, sejam fatores pessoais transitórios(25),

como pressa e fadiga, pois um dos juízes encontrava-se

participando do estudo após a jornada diária de trabalho.

Além disso, existiu a referência por parte dos dois juízes de

diiculdades quanto à legibilidade das escritas referentes

às checagens nas prescrições médicas e de enfermagem,

o que gerou dúvidas em relação ao atendimento total ao

padrão de qualidade adotado.

Os valores obtidos para o k e CCI desses indicadores

reproduzem o quanto os resultados da aplicação da

medida reletem o resultado verdadeiro(10). Mesmo não tendo alcançado um Fleiss k de 1,000, ainda

assim os indicadores 4, 5-a, 5-b, 6-b evidenciaram

um grau de concordância classiicado como excelente

almost perfect agreementk 0,80 a 1,000(23). Os

(6)

evidenciaram concordância excelente, com valores de CCI

acima de 0,74(24).

Os resultados encontrados sugerem a idedignidade

interavaliadores dos indicadores e instrumento de medida,

indicando sua precisão e a possibilidade de utilização para

avaliação da qualidade da assistência de enfermagem.

Cabe ressaltar que coniabilidade e concordância não são propriedades ixas dos instrumentos de medida,

mas sim, o produto da interação entre o instrumento/

ferramenta, os sujeitos/objetos e o contexto da

avaliação(9).

Para que essa propriedade não seja afetada em

contextos diversos, é importante estabelecer o controle

sobre as variáveis que interferem no processo de medição.

Para tanto, os avaliadores devem ser capacitados quanto

ao construto, descritores, índice de conformidade ideal,

critérios de avaliação, assim como a padronização do

procedimento avaliativo.

Conclusão

Com base no estudo, conclui-se que os quinze

indicadores de qualidade da assistência de enfermagem

estudados, já validados anteriormente pela estratégia

de validação de conteúdo, apresentam excelente

coniabilidade e reprodutibilidade entre os itens.

A concordância e coniabilidade dos indicadores, estimadas pela estatística Kappa e Coeiciente de

Correlação Interclasse demonstraram a relevância

desse instrumento para a prática clínica da avaliação da

qualidade da assistência de enfermagem.

A conirmação de sua idedignidade comprova a

contribuição do estudo para acrescentar evidências

de que o desenvolvimento de instrumentos válidos e

idedignos para a avaliação da qualidade da assistência

de enfermagem é possível e imprescindível para

gerenciamento efetivo e eicaz da assistência, pois possibilita a identiicação de riscos evitáveis, subsidia o

planejamento de ações corretivas e direciona estratégias

para o reajuste de metas.

Diante da evidência de idedignidade dos quinze

indicadores, acredita-se que sua utilização em outras

instituições de saúde possa aprimorar consideravelmente a

gestão de enfermagem e, consequentemente, a qualidade

da assistência e a segurança dos pacientes.

Métodos de desenvolvimento e validação de sistemas

de avaliação são extremamente discutidos e empregados

em ciências sociais e comportamentais e sua aplicação,

neste estudo, demonstra que seus princípios podem ser

adaptados para a criação de instrumentos de avaliação

das práticas de enfermagem.

As potenciais limitações do estudo incluem a técnica

de amostragem intencional e o tamanho da amostra de

juízes. O que determinou a opção por essa técnica foi a

inviabilidade em conduzir o estudo caso fossem sorteados

enfermeiros no seu turno de trabalho.

A opção pelo número mínimo de três juízes justiica-se pela diiculdade em avaliar, de forma concomitante

e independente, todos os pacientes acomodados em

enfermarias de três a seis leitos, o que poderia resultar

em tumulto, desconforto e constrangimento, além de

atuar como contaminante situacional, favorecendo o erro

de medição.

Em relação aos indicadores testados, seguramente

não abrangem todos os aspectos importantes da

assistência de enfermagem, mas, certamente, abarcam

cuidados relevantes para a prevenção de riscos e

altamente sensíveis à melhoria com investimentos

simples, como estratégias educativas. Infelizmente, a

seleção desses quinze indicadores resultou na exclusão

de outros aspectos relevantes do cuidado, o que pode ser

uma limitação do presente estudo.

Referências

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Referências

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