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Desempenho operacional de um arado de discos.

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XI. ENGENHARIA AGRÍCOLA

DESEMPENHO OPERACIONAL

DE UM ARADO DE D I S C O S ^ )

ROBERTO DA CUNHA MELLO(2) e PAULO SÉRGIO GRAZIANO MAGALHÃES(3)

( ) Recebido para publicação em 19 de outubro de 1994 e aceito em 6 de junho de 1995.

(2) Seção de Má quinas de Colheita e Processamento de Produtos Agrícolas, Divisão de Engenharia Agrícola (DEA), Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 26, 13200-970 Jundiaí (SP).

( ) Departamento de Máquinas Agrícolas, Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI), UNICAMP, Caixa Postal 6011, 13081-970 Campinas (SP).

RESUMO

Desenvolveu-se este trabalho com o objetivo de avaliar o desempenho de um arado de três discos, reversível, e estabelecer uma relação em função da velocidade de deslocamento e do ângulo de ataque horizontal dos discos, caracterizados pela resistência específica e pelo consumo de combustível por volume de solo mobilizado. Os resultados mostraram que a resistência específica do solo não diferiu signifi-cativamente nem com a velocidade de deslocamento nem com o ângulo de ataque horizontal dos discos. O consumo de combustível variou com a velocidade, mas não em relação ao ângulo de ataque horizontal dos discos. Os valores da resistência específica variaram na faixa de 6,37 a 7,22 N/cm", em média, enquanto o consumo de combustível por volume de solo mobilizado variou entre 6,17 e 9,05 mL/m', em média, trabalhando a uma profundidade média de 20 cm, e velocidades de des-locamento de 2,5 a 6,0 km/h, em média.

Termos de indexação: arado, ensaio de desempenho, resistência específica do solo.

ABSTRACT

TEST P E R F O R M A N C E O F A DISK P L O U G H

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reduced with the increment of travel speed but was not influenced by the disk cutting angle. The values of soil specific resistance was in a range of 6.37 to 7.22 N/cm , in average, and the fuel consumption by volume of soil disturbed was in a range of 6.17 to 9.05 mL/rrf, in average, at the cutting depth of 20 cm. The tractor speed was in a range of 2.5 to 6.0 km/h, in average.

Index terms: plough, performance test, soil specific resistance.

1. I N T R O D U Ç Ã O

O preparo do solo representa uma operação bá-sica na agricultura, d e v e n d o - s e , porém, adaptá-lo a uma c u l t u r a específica em uma seqüência de pro-dução distinta, pois influencia o d e s e n v o l v i m e n t o das plantas e altera as condições físicas do solo, as quais são exigidas diferencialmente para cada cultura em intensidade e profundidade (Ouwerkerk & B o o m e , 1970).

S e g u n d o Sousa (1972), a aração, uma das fases do preparo do solo, consiste no corte, elevação e posterior inversão de u m a fatia de solo d e n o m i n a d a leiva. Visa-se, com essa o p e r a ç ã o , revolver o solo, arejando as c a m a d a s internas; incorporar-lhe restos de cultura, a d u b o s , corretivos e controle de plantas d a n i n h a s ; facilitar o uso de outras m á q u i n a s c tornar o solo um leito favorável à g e r m i n a ç ã o c ao desen-v o l desen-v i m e n t o das sementes.

A p e s a r de p r o p i c i a r c o n d i ç õ e s favoráveis ao c r e s c i m e n t o e à p r o d u ç ã o das plantas, o preparo intensivo do solo e a m o v i m e n t a ç ã o de veículos c m á q u i n a s , g e r a l m e n t e p e s a d o s , ao longo da área das culturas, têm p r o v o c a d o a formação de camadas c o m p a c t a d a s , que constituem um fator negativo à p r o d u t i v i d a d e "agrícola.

A principal v a n t a g e m dos arados de d i s c o s , quan-do c o m p a r a d o s com os de aivecas, é quê, para exe-cutar sua f u n ç ã o , t r a b a l h a m c o m m o v i m e n t o de rotação, s e n d o , p o r t a n t o , m e n o s suscetíveis a im-pactos. Ao encontrar um o b s t á c u l o , o disco rola sobre ele, d i m i n u i n d o a influência do impacto sobre a estrutura. Por esse m o t i v o , obtiveram grande acei-tação no País, u m a vez que eram os i m p l e m e n t o s ideais para o p r e p a r o do solo feito na abertura de novas áreas destinadas à agricultura, onde a pre-sença de t o c o s e raízes i m p e d i a ou dificultava o

f u n c i o n a m e n t o dos arados de aiveca. Essa é uma das r a z õ e s pelas quais ainda p r e d o m i n a o uso dos arados de disco, p r i n c i p a l m e n t e q u a n d o a tração é m o t o r i z a d a (Balastreirc, 1987).

C o n s i d e r a n d o tais fatores e a escassez de dados sobre esse tipo de i m p l e m e n t o , tão importante em n o s s a a g r i c u l t u r a , é que surgiu este t r a b a l h o . O inte-resse é obter dados que c o n t r i b u a m para o desen-v o l desen-v i m e n t o e o a p r i m o r a m e n t o do arado de discos. e também o seu uso de maneira eficiente.

2. MATERIAL E M É T O D O S

Realizou-se o ensaio em latossolo roxo, no campo e x p e r i m e n t a l da Universidade de C a m p i n a s na uni-dade do Centro de Pesquisas Pluridisciplinares Quí-m i c a s , B i o l ó g i c a s c Agrícolas ( C P Q B A ) .

C o l e t a r a m - s e amostras a 15 cm de profundidade para d e t e r m i n a ç ã o da densidade aparente e teor de água no solo, as quais revelaram os seguintes

va-9

lores m é d i o s : d e n s i d a d e aparente, 1,27 g/cm" e teor d e á g u a no solo no dia do ensaio, 2 0 , 4 8 % .

A análise g r a n u l o m é t r i c a a p r e s e n t o u as seguin-tes p o r c e n t a g e n s médias: 60 de argila, 14 de silte e 26 de areia total.

O valor médio da resistência do solo à pene-tração foi de 346 N/cm . A coesão do solo teve valor m é d i o de 0,32 kPa e o ângulo de atrito interno foi de 2 0 ° .

O t e r r e n o , com declividade m é d i a de 0 , 3 % , en-c o n t r a v a - s e en-coberto por plantas d a n i n h a s de peque-no p o r t e , em sua maioria do tipo p i c ã o - p r e t o (Bidens

pilosa L.), carrapicho {Acanthospermum hispidum)

(3)

2.1 Material

Para a determinação da força de tração requerida

pelo arado, empregou-se um sistema "comboio",

cuja constituição prevê o uso de dois tratores, um

em que é acoplado o implemento, o outro, para

tracionar o conjunto. Entre ambos, instalou-se uma

célula de carga com capacidade de 50 kN.

Utilizou-se, para tracionar o conjunto, um

tra-tor de rodas pneumáticas, 4 x 2 , marca Massey

Ferguson, modelo MF 290 com motor diesel de

quatro cilindros, potência máxima de 62,5 kW a

2.200 rpm. O acoplamento do implemento foi

rea-lizado em um trator CBT, modelo 8240, com motor

diesel de quatro cilindros, potência máxima de

64,0 kW a 2.300 rpm, equipado com controle remoto

associado ao sistema hidráulico para reversão do

implemento. Obtiveram-se as diferentes

velocida-des mediante seleção prévia das marchas do trator

utilizado para tração, trabalhando sempre na mesma

rotação do motor (1.800 rpm). Para a velocidade

denominada de VI, correspondente a uma média

de 2,5 km/h, utilizou-se segunda reduzida; para V2,

relativa a 4,9 km/h, quarta reduzida e, para V3,

cor-respondente a 6,0 km/h, primeira simples.

O arado ensaiado foi um modelo de três discos,

montado, reversível, da marca JAN, AR 330, n.°

de série 001, com as seguintes características:

a) Diâmetro dos discos: 30 polegadas (760 mm),

com afiação interna;

b) Concavidadc dos discos: 6,52;

c) Diâmetro da roda-guia: 550 mm;

d) Espaçamento entre discos: 585 mm;

e) Altura da torre: 345 mm;

f) Comprimento da viga principal (apo): 1.430

mm.

A profundidade de corte é controlada,

basica-mente, pela alavanca de profundidade do sistema

hidráulico do trator, regulando-se a pressão da mola

da roda-guia.

O ângulo horizontal dos discos é regulado

atra-vés de um cursor e uma chapa vazada posicionada

entre o chassi e a viga principal. Deslocando o

cur-sor para a frente, aumenta-se, simultaneamente, o

ângulo de corte de todos os discos. Para realização

do ensaio, os discos apresentaram angulação de:

LI = 35°, correspondente a uma largura de corte

de 84,0 cm; L2 = 43° relativa a uma largura de

corte de 92,5 cm; e L3 = 52°, correspondente a

uma largura de corte de 105 cm.

O ângulo vertical dos discos, com 22° de

in-clinação, não possui regulagens.

Para medir o consumo de combustível,

cons-truiu-se um aparelho semelhante ao descrito por

Gamero et ai.(1986), composto por uma caixa de

alumínio, uma proveta de 500 mL e duas válvulas

solenóides de três vias para controle automático

do fluxo, com acionamento elétrico.

2.2 Métodos

A área foi previamente demarcada com um sulco

aberto, pelo próprio arado, ao longo das parcelas,

para que os tratores se deslocassem com as rodas

de um dos lados dentro do sulco.

Força de tração

Determinou-se, primeiramente, uma força,

de-nominada tara, necessária para tracionar apenas o

trator de acoplamento. Pela diferença entre a força

de tração medida durante o ensaio c a tara, obteve-se

a componente longitudinal do esforço tratório,

exi-gido pelo implemento.

Resistência específica do solo

Essa resistência é o quociente entre a força de

tração e a área trabalhada, estabelecida pela

di-ferença entre o perfil inicial do solo e o perfil final

do sulco, medidos com o auxílio de perfilômetro.

O solo mobilizado foi retirado com o cuidado

ne-cessário para não afetar a área não mobilizada.

Consumo de combustível por volume de solo

mobilizado

(4)

em mL/m , dividiu-se seu c o n s u m o por parcela pelo volume de solo m o b i l i z a d o (área da seção traba-lhada pelo c o m p r i m e n t o da parcela).

D e l i n e a m e n t o e x p e r i m e n t a l

O d e l i n e a m e n t o utilizado foi de blocos casua-lizados em e s q u e m a fatorial, com três repetições, p r o c u r a n d o - s e analisar o efeito do arado de disco, trabalhando em três v e l o c i d a d e s , e três ângulos de ataque h o r i z o n t a l sobre a resistência específica do solo e sobre o c o n s u m o de combustível por v o l u m e de solo m o b i l i z a d o .

As médias foram c o m p a r a d a s mediante o teste de Tukey, ao nível de 5 % , utilizando-se uma análise de regressão para ajustar os dados a um m o d e l o m a t e m á t i c o .

3. R E S U L T A D O S E D I S C U S S Ã O

Os valores m é d i o s da força de tração e da área da seção trabalhada, em função dos quais foi calculada a resistência específica do solo, e n c o n t r a m -se, r e s p e c t i v a m e n t e , nos quadros 1 e 2. E m b o r a tais p a r â m e t r o s não fossem o objetivo principal do trabalho, os valores são a p r e s e n t a d o s como subsídio para p e s q u i s a s que e n v o l v a m a estimativa de re-q u e r i m e n t o s de tração por arados de discos.

Verifica-se, no q u a d r o 1, que a força de tração não variou significativament e em relação à velo-cidade de trabalho, o que contradiz resultados de M c K i b b e n & R e e d ( 1 9 5 2 ) : analisaram grande nú-m e r o de e n s a i o s conú-m i nú-m p l e nú-m e n t o s de preparo do solo em treze solos diferentes, e n c o n t r a n d o evidên-cias do a u m e n t o da c o m p o n e n t e longitudinal do esforço tratório à p r o p o r ç ã o da velocidade de desl o c a m e n t o . R e s u desl t a d o s semedeslhantes aos de M c K i b -ben & Reed (1952) também foram encontrados por Sousa (1972), e n s a i a n d o arados de discos de arrasto, e por K a w a m u r a ( 1 9 8 5 ) .

Q u a n t o à força de tração, os resultados deste trabalho c o n c o r d a m com os de Moreira et ai. ( 1 9 8 4 ) . Esses autores, ao estudar exigência de tração de arados e grades de disco de arrasto, c o n c l u í r a m , para arados, que a força de tração não variou com a velocidade de d e s l o c a m e n t o , mas foi a l t a m e n t e d e p e n d e n t e do ângulo de ataque entre as seções.

(5)

Na figura 1, apresentam-se os dados observados,

9

que variaram entre 6,37 e 7,22 N/cm"", em média,

e as retas estimadas em função dos mesmos dados

e da equação indicada pela American Society of

Agricultural Engineers - ASAE Standards (1987)

para representar a variação da resistência específica

do solo em relação à velocidade de deslocamento

para um disco de 26", em solo argiloso.

As equações 1 e 2 referem-se, respectivamente,

à encontrada para os dados observados e à indicada

pela ASAE Standards (1987):

e

onde:

2

Y = resistência específica do solo, em N/cm ;

X = velocidade de deslocamento, em km/h;

(6)
(7)

A grande dispersão dos dados e o baixo valor

do coeficiente de correlação da equação 1 não

per-mitem confirmar, neste trabalho, a dependência da

resistência específica do solo em função da

velo-cidade de deslocamento.

3.1 Consumo de combustível

Os valores do consumo de combustível por

vo-lume de solo mobilizado, os quais variaram entre

6,17 e 9,05 mL/m", em média, encontram-se no

quadro 4.

Obserse que o consumo de combustível

va-riou significativamente, diminuindo à medida que

a velocidade aumentava, não apresentando, porém,

diferença significativa cm relação ao ângulo de

ata-que horizontal.

Atribui-se tal fato à melhor eficiência do

con-junto trator-arado, pois o aumento da velocidade

para a mesma exigência de tração proporciona

au-mento na demanda de potência, com melhor

apro-veitamento do combustível.

A análise de regressão, aplicada aos dados

ob-servados, possibilitou expressar a dependência do

consumo de combustível por volume de solo

mo-bilizado em função da velocidade de deslocamento,

mediante a equação 3:

onde:

Y = consumo de combustível por volume de solo

3

mobilizado, em mL/m';

X = velocidade de deslocamento, em km/h;

r = coeficiente de correlação.

Pela figura 2, pode-se visualizar o

comporta-mento do consumo em função da velocidade de

deslocamento.

4. CONCLUSÕES

1. A resistência específica não apresentou

va-riação significativa cm relação à velocidade nem

ao ângulo de ataque horizontal dos discos em

con-seqüência, provavelmente, da grande dispersão dos

dados obtidos.

(8)

A G R A D E C I M E N T O S

A o C N P q , pela c o n c e s s ã o de bolsa de e s t u d o s durante o p e r í o d o de realização do t r a b a l h o . A Im-p l e m e n t o s A g r í c o l a s Jan, Im-por ceder o i m Im-p l e m e n t o para o e s t u d o .

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

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