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Linfoma não-Hodgkin endobrônquico.

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Academic year: 2017

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Linfoma não-Hodgkin endobrônquico*

Endobronchial involvement in non-Hodgkin’s lymphoma

MAURO ZAMBONI(TE SBPT), AURELIANO MOTA CAVALCANTI DE SOUSA(TE SBCT), DEBORAH CORDEIRO LANNES, CRISTINA MARIA CANTARINO GONÇALVES, EDSON TOSCANO CUNHA(TE SBCT), SAMUEL ZWINGLIO DE BIASI CORDEIRO(TE SBCT), PAULO DE BIASI CORDEIRO(TE SBCT)

Os linfomas não-Hodgkin fazem parte de um grupo de doenças malignas linfoproliferativas com diferentes padrões de comportamento, de tratamento e de prognóstico. Eles podem comprometer as estruturas intratorácicas, particularmente o mediastino e o parênquima pulmonar, em alguma fase do curso da doença. Entretanto, o envolvimento endobrônquico é extremamente raro, mesmo na presença de doença avançada.

Os autores relatam um caso de linfoma não-Hodgkin endobrônquico e fazem revisão da literatura.

Non - Hodgkin ’s lymphomas belon g t o a grou p of lymphoproliferative malignancies with different behavior, treatment and prognostic patterns. During the course of the disease, they may affect the thoracic structures – especially t he mediast in u m an d t he pu lmon ary paren chyma. However en dobron chial in volvemen t is extremely uncommon, even in presence of advanced disease. Here, we report a case of n on - Hodgkin ’s endobronchial lymphoma and make a review of the literature.

INTRODUÇÃO

Os linfomas não- Hodgkin pertencem a um gru po het erogên eo de doen ças malign as linfoproliferativas com distintos padrões de comportamento, prognóstico e tratamento. Eles podem envolver as estruturas torácicas, particularmente o mediastino e o parênquima pulmonar, em até 43% dos pacientes em alguma fase do curso da doença(1). Entretanto,

o envolvimento endobrônquico é muito raro, mesmo na presença de doença avançada.

O primeiro relato do comprometimento endobrônquico pelo linfoma não- Hodgkin foi

feito por Dawe, em 1955(2). Desde então, 59

casos foram relatados na literatura(3- 6).

RELATO DO CASO

Uma mulher de 24 anos, não fumante, procurou atendimento médico com história de

três meses de evolução, queixando- se de tosse seca, discreta dispnéia e emagrecimento de 3kg (<10% do peso corporal habitual). Não referia febre ou sudorese. Seu exame físico mostrava, de sign ificat ivo, dimin u ição do mu rmú rio vesicu lar n o t erço su perior do hemit órax esqu erdo. Não havia lin foaden omegalias periféricas palpáveis. Su bmet eu - se ao radiografia do tórax, o qual mostrou opacidade na topografia do lobo superior do pulmão esqu erdo (Figu ra 1). A t omografia compu t adorizada do t órax, realizada em segu ida, most rou opacidade het erogên ea ocu pan do os 2/ 3 su periores do pu lmão esquerdo. Havia discreta redução do volume pulmonar e pequeno derrame pleural desse lado. A opacidade presen t e n o pu lmão esquerdo estendia- se ao mediastino, e envolvia os vasos da transição cérvico- torácica e o hilo pulmonar ipsilateral. (Figura 2). A tomografia

Descritores: Lin foma n ão Hodgkin / complicações. Neoplasias pulmonares. Prognóstico.

Key words: Lymphoma, Non- Hodgkin’s/complications.

Lung neoplasm. Prognosis.

* Trabalho realizado no Serviço de Tórax do Hospital do Câncer – INCA/MS, Rio de Janeiro, RJ

Endereço para correspondência: Dr. Mauro Zamboni – Rua Sorocaba 464/302 – CEP 22271- 110 Rio de Janeiro – RJ. Tel/Fax : (21) 2537- 5562 Email: zamboni@ iis.com.br

Recebido para publicação, em 28/7/03. Aprovado, após revisão, em 16/9/03. (J Bras Pneumol2004; 30(1) 53- 5

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compu t adorizada do abdome foi n ormal. At ravés de en doscopia respirat ória foi

visualizada uma lesão vegetante de superfície lisa e brilhan t e, mu it o vascu larizada, obst ru in do prat icamen t e t oda a lu z do brônquio principal esquerdo, na sua porção mais distal. Havia pequena abertura para o brônquio do lobo inferior, porém insuficiente para permitir a passagem do broncofibroscópio ( Figura 3). A biópsia do tumor endobrônquico revelou que se tratava de um linfoma não-Hodgkin de grandes células, tipo B. A imuno-hist oqu ímica most rou : cerat in a AE1/ AE3, cromogranina e sinaptafisina negativas; LCA e CD20 positivos; CD3 e CD30 negativos. Os exames

laboratoriais revelaram elevação da desidroge-nase lática (DHL) sérica: 1526 U/L (valor normal:

240U/L a 480U/L); discreta anemia: hemoglobina 10,4g/dl (valor normal: 11,5g/dl a 16,4g/dl); hema-tócrito: 32,8% (valor normal: 36% a 47%); e velocidade de hemosedimen t ação elevada: 67mm/1ª hora (valor normal: 0 a 9 mm/1a h). Foi instituída quimioterapia com ciclofos-famida, adriamicina, vincristina e prednisona (CHOP), o que determinou melhora clínica, com desaparecimento da tosse e da dispnéia, imediatamente após o primeiro ciclo.

DISCUSSÃO

O en volvimen t o en dobrôn qu ico pelos linfomas é de ocorrência rara. Em 1934, Moolten descreveu dois casos de linfoma de

Hodgkin envolvendo as vias respiratórias (7)

. Entretanto, foi Dawe, em 1955, quem publicou o primeiro caso de linfoma não- Hodgkin com

comprometimento endobrônquico(2).

Vieta e Crower publicaram, em 1941, os achados das n ecropsias de 55 pacien t es portadores de linfoma não- Hodgkin e em nenhum deles foi encontrado envolvimento en dobrôn qu ico (8). Est u do semelhan t e de

Papaioannau e Watson demonstrou somente uma lesão endobrônquica em 93 casos de

linfomas primários do pulmão (9). Esses

tra-balhos demonstram a raridade do compro-met imen t o en dobrôn qu ico n os pacien t es portadores de linfoma não- Hodgkin.

Nos portadores de linfoma não- Hodgkin, as

Jornal Brasileiro de Pneumologia 30(1) - Jan/Fev de 2004

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FIGURA 1: Radiografia do tórax com opacidade do lobo superior do pulmão esquerdo

FIGURA 3: Lesão vegetante em brônquio principal esquerdo

Figura 2: Tomografia computadorizada do tórax com opacidade heterogênea ocupando os 2/3

superiores do pulmão esquerdo

(3)

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Zamboni(TE SBPT)

, Mauro, et al

Lin fo m a n ã o - Ho d g kin e n d o b rô n q u ico *

lesões en dobrôn qu icas são mais freqü en -temente observadas nos brônquios principais, segu idos pelos brôn qu ios lobares e pela traquéia. O comprometimento de vários locais foi demonstrado em 30% de 31 casos, no

trabalho de Eng e Sabanathan(3)

.

São diversos os mecanismos sugeridos para o desenvolvimento da lesão endobônquica em pacientes com linfomas. Entre eles estão a invasão direta a partir de lesão mediastinal ou parenquimatosa adjacentes, a disseminação linfática para os tecidos peribrônquicos, e a disseminação hematogênica. Os mecanismos mais comuns são a invasão brônquica direta e

a disseminação hematogênica(1)

. Rose

et al

.(6)

descreveram os dois modos de a doença se manifestar. O primeiro, tipo 1, caract eriza- se pela presen ça de n ódu los submucosos difusos nas vias respiratórias dos pacien t es com lin foma sist êmico. Exist e considerável comprometimento do parênquima pu lmon ar, associado ou n ão a sin t omas respiratórios. Sinais relacionados à obstrução endobrônquica são raros. O segundo, tipo 2, consiste de massa endobrônquica localizada em via aérea central, sem evidência de linfoma sistêmico, mas com linfoadenomegalia regio-nal. Este tipo está associado, na maioria das vezes, a sintomas de obstrução da via respi-ratória, como tosse e sibilos(6,10- 12)

.

Os sintomas apresentados pelos pacientes são, geralmente, inespecíficos. Dispnéia, tosse e sibilos são os mais comu ns, segu idos pela hemoptise. Os pacientes raramente são assintomáticos(10- 15)

.

Nos pacientes com envolvimento endo-brônquico, o exame radiológico do tórax mostra a presença de atelectasia em 50% dos casos e de massa hilar em 20% deles(3,16,17)

. A bronco-fibroscopia com a biópsia da lesão endobrôn-quica é o procedimento que define o diagnóstico. O tratamento depende da extensão da doença, bem como das condições do paciente. A ciru rgia raramen t e est á in dicada. Recomenda- se a quimioterapia, associada ou não à radioterapia.

A sobrevida median a n esses casos é variável. Nos pacientes com doença localizada (tipo 2) ela situa- se em torno de três anos.

Naqueles com doença generalizada (tipo 1), a

sobrevida não ultrapassa 13 meses(3)

.

A importância clínica das lesões malignas en dobrôn qu icas est á relacion ada à possi-bilidade de produzirem obstrução brônquica e conseqü en t e colapso pu lmon ar. Clín ica e radiologicamente não é possível distinguir entre as outras possibilidades de doenças endobrôn-quicas: carcinóide, carcinoma ou linfoma.

Referên cias

1. Kilgore TL, Chasen MH. En dobron chial n on - Hodgkin ´s lymphoma. Chest 1983;84:58- 61.

2. Dawe CJ, Woolner LB, Parkhill EM, McDonald JR. Cytological studies of sputum secretions and serous fluids in malignant lymphoma. Am J Clin Pathol 1955;25:480- 8.

3. Eng J, Sabanathan S. Endobronchial non- Hodgkin’s lymphoma. J Cardiovasc Surg 1993;34:351- 4.

4. Padilla Navas I, Shum C, Carratala JA, Sanchez JR, Ramos JA, Garcia Pachon E. Tracheobron chial in volvemen t in n on -Hodgkin´s lymphoma. Arch Bronconeumol 1994;30:49- 51.

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Imagem

FIGURA 1: Radiografia do tórax com opacidade do lobo superior do pulmão esquerdo

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