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Usos e qualidade da água em região semi-árida do nordeste brasileiro: percepção ambiental de professores e alunos

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(1)

UNIVERSIDAD PRÓ PROGRAMA DESENVOLV

USOS E QUALIDAD

DO NORDE

AMBIENTA

ADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NO Ó-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO MA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E

VIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEM

ADE DA ÁGUA EM REGIÃO SE

ESTE BRASILEIRO: PERCEPÇ

AL DE PROFESSORES E ALUN

ANA CARLA IORIO PET

NATAL – RN 2009

ORTE

EM EMA

SEMI-ÁRIDA

PÇÃO

UNOS.

(2)

Ana Carla Iorio Petrovich

USOS E QUALIDADE DA ÁGUA EM REGIÃO SEMI-ÁRIDA

DO NORDESTE BRASILEIRO: percepção

ambiental de professores e alunos.

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVE

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre.

Orientadora:

Prof

a

. Dr

a

. Magnólia

Fernandes Florêncio de Araújo

(3)

SUMÁRIO

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO GERAL 1

1. Introdução geral ... 2

1.1– Microrganismos e qualidade de água ... 5

1.1– Importância da percepção ambiental e da educação ambiental para a conservação dos ambientes aquáticos ... 6

2. Área de estudo ... 9

3. Referências bibliográficas ... 13

CAPÍTULO II Densidade e Biomassa do Bacterioplâncton em um reservatório da região semi-árida brasileira, (Acari, RN) 17 RESUMO ... 19

ABSTRACT ... 19

1. Introdução ... 20

2. Material e Métodos ... 22

2.1 – Área de estudo ... 22

2.2 – Procedimentos de coleta ... 23

2.3 – Determinação da densidade e biomassa do bacterioplâncton ... 24

3. Resultados e discussão ... 25

3.1 – Densidade do Bacterioplâncton ... 26

3.2 – Biomassa do Bacterioplâncton ... 30

4. Conclusões ... 33

(4)

CAPÍTULO III

Percepção de professores e alunos sobre qualidade de água em uma

região semi-árida (Acari-RN) 39

RESUMO ... 40

1. Introdução ... 41

2. Percurso Metodológico ... 42

2.1 – Metodologia ... 42

2.2 – Amostragem ... 43

2.3– Eixos temáticos do questionário ... 43

3. Resultados e discussão ... 44

3.1 – Perfil dos professores e alunos ... 44

3.2 – Análise dos resultados de cada eixo temático ... 44

3.2.1 – Importância e tipos de uso do açude ... 44

3.2.2 – Escassez de água ... 47

3.2.3 – Esgotos e qualidade de água ... 47

3.2.4 – Qualidade de água ... 48

3.2.5 – Doenças de veiculação hídrica ... 50

3.2.6 - Cianobactérias e qualidade de água ... 52

4. Conclusões ... 54

5. Considerações finais e perspectivas futuras ... 55

6. Referências Bibliográficas ... 56

CAPÍTULO IV Educação ambiental e água em uma região semi-árida brasileira: O que pensam professores e alunos. 59 RESUMO ... 61

ABSTRACT ... 61

1. Introdução ... 62

2. Percurso Metodológico ... 65

3. Resultados e discussão ... 66

3.1 – Perfil dos professores e alunos ... 66

3.2 – Educação Ambiental ... 67

4. Conclusões e considerações finais ... 73

(5)

APÊNDICE

APÊNDICE Questionário aplicado aos professores e alunos

ANEXO

ANEXO Artigo publicado na Revista EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM AÇÃO

(6)

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO I

TABELA 1 - Características Hidrográficas e Morfométricas do Açude Marechal Dutra – Gargalheiras, Acari, RN (Fonte: SEMARH-RN)...

11

CAPÍTULO II

TABELA 1 - Características Hidrográficas e Morfométricas do Açude Marechal Dutra – Gargalheiras, Acari, RN (Fonte:

SEMARH-RN) ... 31

TABELA 2 - Cronograma das coletas realizadas ... 23

TABELA 3 - Teste t – comparação das variáveis nos períodos seco e chuvoso ...

26

CAPÍTULO III

TABELA 1 - Sujeitos da pesquisa e número de questionários aplicados... 43

CAPÍTULO IV

TABELA 1 - Sujeitos da pesquisa e número de questionários aplicados ... 66

(7)

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I

FIGURA 1 - Localização do reservatório estudado (Fonte: SERHID, 2008) .. 10

FIGURA 2 - Açude Gargalheiras em época de estiagem (setembro, 2007) ... 12

FIGURA 3 - Sangria do Açude Gargalheiras (abril, 2008) ... 12

CAPÍTULO II

FIGURA 1 - Localização do reservatório estudado (Fonte: SEMARH-RN) ... 22

FIGURA 2 - Localização dos pontos de coleta – Reservatório Garagalheiras

(Fonte: Google Earth, 2008) ... 24

FIGURA 3 - Densidade total do bacterioplâncton em cada coleta ... 28

FIGURA 4 - Médias das densidades dos morfotipos bacterianos nos períodos

seco e chuvoso ... 29

FIGURA 5 - Biomassa total do bacterioplancton em cada coleta (µgC.L-1) ... 30

FIGURA 6 - Médias das biomassas (µgC.L-1) dos morfotipos bacterianos nos

períodos seco e chuvoso ... 31

FIGURA 7 - (A) medias das densidades (org./mL) dos morfotipos bacterianos nos períodos seco e chuvoso (B) medias das biomassas (µgC.L-1) dos morfotipos

bacterianos nos períodos seco e chuvoso ... 32

CAPÍTULO III

FIGURA 1 - Percentual de respostas dadas com relação à pergunta: você consegue imaginar a sua vida sem o açude?...

45

FIGURA 2 - Percentual das respostas de professores e alunos sobre a

percepção da utilização da água do açude da cidade... 46

FIGURA 3 - Percentual de respostas afirmativas para diferentes tipos de utilização da água do açude: (1) beber, (2) atividades

(8)

FIGURA 4 - Percentual de respostas afirmativas sobre o conhecimento dos entrevistados sobre o destino dos esgotos de sua casa (1), sua

escola (2) e sua cidade (3)... 48

FIGURA 5 - Percentual de respostas com relação ao consumo de água de

boa qualidade no dia-a-dia... 49

FIGURA 6 - Percentual de respostas para a questão aberta sobre qualidade

de água... 50

FIGURA 7 - Percentual de respostas afirmativas de professores e alunos sobre o conhecimento dos mecanismos de aquisição de doenças

de veiculação hídrica... 51

FIGURA 8 - Percentual de respostas de professores e alunos sobre o

conhecimento das cianobactérias... 53

CAPÍTULO IV

FIGURA 1 - Percentual das respostas de professores e alunos com relação ao conhecimento sobre Legislação ambiental sobre os recursos hídricos...

68

FIGURA 2 - Percentual das respostas de professores e alunos com relação à pergunta se a consciência ambiental ajuda a diminuir os problemas com a água...

69

FIGURA 3 - Percentual das respostas de professores e alunos com relação à pergunta: proteger os recursos hídricos da contaminação é um dever de quem...

70

FIGURA 4 - Percentual das respostas afirmativas de professores e alunos com relação às perguntas: (A) são realizadas atividades de educação ambiental na minha escola; (B) participo das atividades de educação ambiental ...

70

FIGURA 5 - Percentual das respostas de professores e alunos com relação à pergunta: você participa ou desenvolve ações para minimizar os problemas da água? ...

(9)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por dar provas todos os dias que mesmo o que parece impossível para nós pode ser realizado.

Ao meu marido Enélio Antonio, pelo seu exemplo de fé, garra e determinação, demonstrando que nunca podemos desistir de um objetivo.

Aos meus filhos trigêmeos Marcelo, Mariana e Marina, por preencherem meu coração com o mais belo sentimento de amor.

Aos meus pais Maria Célia e Durval, pelo amor e carinho incondicionais.

A minha orientadora Magnólia por sua amizade e principalmente pela sua compreensão durante todo esse período.

Aos amigos do laboratório Cirleide, Lined´la, Luiz Sodré e de modo especial a Aline pela ajuda nos procedimentos laboratoriais e a Mariana pela ajuda nos questionários.

Ao técnico de Laboratório Edson Santana pelo grande apoio, ajuda e alegria em todas as etapas da pesquisa.

Aos amigos de turma, Marianne, Alan, Elizângela, Hugo, Thaíse, Patrícia, Bruno e Ernani, por termos trilhado juntos este caminho, em especial a Clébia pela amizade e orientações e Alexandre pela amizade e caronas.

A coordenação e aos professores do PRODEMA, pelos ensinamentos.

A Lanna pela amizade disponibilidade de sempre ajudar na secretaria do PRODEMA.

A minha amiga da graduação Luciana pela sua amizade e incentivo para prosseguir nos caminhos acadêmicos.

Aos professores e alunos da cidade de Acari por terem disponibilizado seu tempo para responderem ao questionário.

A amiga Vera e toda a sua família pelo carinho e abrigo em Acari.

A Prof. Maria Tereza Barreto de Oliveira por ter sido minha primeira orientadora.

Enfim, a todos aqueles que não citei mas que de uma forma ou de outra me ajudaram nesta importante etapa da minha vida.

(10)

IN

CAPÍTULO I

(11)

1. INTRODUÇÃO GERAL

A água é o insumo básico de todas as espécies e indicador do desenvolvimento de uma região, sendo necessária atenção especial no seu manejo visando sua conservação em qualidade e quantidade (FONTES et al., 2003).

O recurso hídrico é um bem econômico, finito e vulnerável. A gestão ambientalmente sustentável deste recurso é um elemento fundamental para o desenvolvimento e bem-estar social e econômico de uma região (EMPARN, 2005). À medida que a economia foi se tornando mais complexa e diversificada, mais usos foram sendo adicionados aos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, de tal forma que ao ciclo hidrológico superpõe-se um ciclo hidrosocial de grande dimensão e impacto ecológico e econômico (TUNDISI, 2001). Neste sentido, a avaliação do problema da água de uma dada região não pode se restringir ao simples balanço entre oferta e demanda, mas deve abranger também os inter-relacionamentos entre os seus recursos hídricos com as demais peculiaridades geoambientais e sócio-culturais, tendo em vista alcançar e garantir a qualidade de vida da sociedade, a qualidade do desenvolvimento sócio econômico e a conservação das suas reservas de capital ecológico (REBOUÇAS, 1997).

(12)

A escassez de água na região Nordeste é um problema que aflige a sua população. Esta região ocupa 19% do território brasileiro e abriga uma densidade populacional bastante elevada, representando aproximadamente 29% da população brasileira (51 milhões de pessoas) (IBGE – PNAD, 2002). A região semi-árida abrange o norte dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, os sertões da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e uma parte do sudeste do Maranhão, com uma população de 21.718.168 habitantes residentes em 1.135 municípios. Por este alto índice populacional o semi-árido brasileiro é considerado a mais populosa região semi-árida do mundo, como também uma das mais extensas (FEBRABAN, 2003). Os estados nordestinos que detêm o maior percentual de área no semi-árido são Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, com 91,98%, 91,69% e 89,65%, respectivamente. A região semi-árida do Nordeste é habitada por 40,54 % do total da população nordestina, sendo considerada com alta densidade demográfica (12,4 hab/km² em 1970 e 21,6 em 2000); e apesar disso representa apenas 21,6 % do PIB do Nordeste (SUDENE, 2008).

A caatinga constitui a vegetação predominante no semi-árido, que apresenta temperaturas de 220 a 280 C e insolação muito alta (cerca de 2.800 horas por ano). O clima caracteriza-se por ser seco e quente e principalmente pela irregularidade das precipitações pluviométricas que vão de um mínimo de 400 mm a um máximo de 800 mm ao ano (PDSA, 2005). A pluviosidade é concentrada em um curto período de três meses, durante o qual ocorre sob forma de fortes chuvas, de curta duração. Este fato associado à baixa capacidade de retenção de umidade do solo e altas taxas de evaporação e evapotranspiração deixa a região vulnerável a períodos de estiagem prolongada, prejudicando a atividade agrícola e levando a população a enfrentar problemas econômicos e sociais. A evaporação é uma variável importante dentro do balanço hídrico de regiões semi-áridas, chegando a representar 92% do volume precipitado anual (FONTES et al., 2003).

(13)

se perde com a evaporação (SUASSUNA, 2002), fato que reforça ainda mais a necessidade de preservação destes corpos de água.

No meio rural, esses reservatórios constituem-se em uma das alternativas mais viáveis para fixação do homem no campo, além de assegurar a produção agrícola, a produção pesqueira, bem como o abastecimento das populações e dos rebanhos. Nesse contexto a construção de barragens, com consequente formação de lagos artificiais, trouxe inúmeros benefícios para a população residente em seu entorno, entre eles o desenvolvimento expressivo da piscicultura, implantação de sistemas públicos de abastecimento e aproveitamento de faixas úmidas no entorno dos lagos para a agricultura de vazante (ARAÚJO, 1990). Entretanto, os terrenos à jusante das barragens vêm apresentando problemas de drenagem, que ocasiona, com certa freqüência prejuízo na produtividade das culturas, principalmente com a salinização do solo, necessitando de maior atenção do poder público para continuarem a dar condições à produção de alimentos e conseqüente fixação do homem no campo (SUASSUNA, 1997).

Represar um rio através da construção de uma barragem significa transformar um sistema aberto de transporte (ambiente lótico) em um sistema fechado (ambiente lêntico) e de acumulação. Isso implica na ruptura de equilíbrio hidrológico através de inúmeras alterações e perdas as quais, em conjunto, contribuem para o rompimento e estabilidade do ambiente, afetando por extensão, a vida do homem. O problema gerado pela diminuição da vazão dos rios – fator que promove uma menor capacidade de diluição de poluentes – e pela redução da cobertura vegetal em suas margens, multiplica o risco de carreamento de sólidos para o corpo hídrico desencadeando o processo de assoreamento e salinização das águas (PROENÇA et al., 2003). Apesar disso no Brasil, os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) sobre represamento de rios, ainda são bastante recentes e limitados.

(14)

Atualmente a eutrofização cultural é um dos principais problemas relacionados a qualidade da água e disponibilidade de recursos hídricos no mundo e como a poluição contribui para a eutrofização acelerada dos corpos de água, toda a problemática relativa ao mau uso da água deve ser equacionada de modo que as complexas situações emergentes possam ser solucionadas (COIMBRA et al., 1999). Aumentar a eficiência da utilização da água, evitando desperdício, preservar os mananciais; caracterizar, controlar e tratar as emissões de poluentes, promover o gerenciamento cooperativo das fontes de água e das Bacias Hidrográficas, através dos Comitês de Bacias Hidrográficas e monitorar periodicamente as águas, são medidas necessárias para a melhoria e a manutenção da qualidade dos corpos de água e para a promoção de um gerenciamento correto dos recursos hídricos, visando garantir sua disponibilidade futura e assegurar sua qualidade (LORA, 2000).

Neste sentido, estudos que visam monitorar a qualidade da água apresentam enorme importância em todas as localidades. Nos locais onde a escassez deste recurso se torna um fator limitante é cada vez mais necessário o desenvolvimento de pesquisas que visem um melhor entendimento dos ambientes aquáticos, analisando de forma integrada variáveis endógenas dos sistemas e variáveis ambientais que influenciam a qualidade da água, de maneira a se obter um panorama desses ecossistemas, pois existe o grande desafio de promover um correto gerenciamento dos recursos hídricos, buscando amenizar os impactos negativos causados pela poluição e outras ações humanas tão agressivas. A partir de estudos básicos, programas de fornecimento de água de qualidade para consumo, piscicultura e irrigação poderão ser melhor estruturados.

1.1 – Microrganismos e Qualidade de Água

(15)

desenvolvimento de estudos descritivos que estabeleçam a taxonomia e a ecologia das espécies.

Apesar das bactérias estarem entre os organismos planctônicos mais abundantes em reservatórios (LEWIS et al., 1986; LINDSTRÖM, 2001) e constituírem um componente básico das teias alimentares aquáticas, pois contribuem na ciclagem de nutrientes e no fluxo de energia (AZAM et al., 1983), os conhecimentos sobre as cadeias alimentares limnéticas, quando comparadas com ambientes marinhos, são escassos.

Os microrganismos em sistemas aquáticos variam quantitativa e qualitativamente e as flutuações temporais podem ocorrer ao longo de grandes ou curtos períodos espaciais e temporais. Por apresentarem um curto tempo de geração, vários fatores podem levar a flutuações diárias desses microrganismos na comunidade planctônica. O aumento do número de bactérias heterotróficas em ambientes aquáticos pode ser usado para monitorar o aumento da poluição orgânica, pois determinações precisas de densidades bacterianas e de suas flutuações são necessárias para avaliar mais precisamente as alterações na comunidade bacteriana após as descargas de poluentes nesses ecossistemas (GONZALEZ et al., 2006)

A existência de microrganismos em ecossistemas aquáticos está intrinsecamente correlacionada com a qualidade da água. Na procura por soluções para minimizar os problemas relacionados com a água, o conhecimento e o monitoramento de microorganismos apresentam grande importância, pois estão relacionados com a própria sustentabilidade desses ecossistemas. Nesse sentido, a identificação e quantificação de bactérias, por exemplo, poderão sinalizar sobre a qualidade da água destes ambientes.

1.2 – Importância da Percepção Ambiental e da Educação Ambiental na Conservação de Ambientes Aquáticos

(16)

No semi-árido nordestino, a população, além da escassez de recursos hídricos em virtude principalmente das características climáticas da região, ainda enfrenta problemas de perda da qualidade desta água devido a inúmeros fatores como o lançamento de efluentes domésticos e industriais. O desenvolvimento de alternativas tecnológicas e educacionais tendentes a aumentar a disponibilidade de água e a cuidar das fontes existentes é fundamental para a fixação do homem no seu ambiente. Acesso a água de qualidade adequada representa a base de qualquer programa de saúde pública e de desenvolvimento sócio-econômico na região sob bases sustentáveis. (OLIVEIRA et al., 2007). Portanto, é fundamental promover um diálogo com a população local, visando alertar para os problemas ambientais relacionados aos recursos hídricos e que conseqüentemente estão intimamente relacionados à sua qualidade de vida. Porém, são necessários métodos capazes de sensibilizar e conscientizar de maneira efetiva a população, tornando-a capaz de identificar os problemas ambientais do local em que vivem e levando-a a criar maneiras efetivas de enfrentá-los e minimizá-los, para possam efetivamente compreender o seu papel para a conservação. Com esta finalidade a percepção ambiental e a educação ambiental se tornam ferramentas importantes de união do conhecimento científico com os saberes locais tornando esse diálogo viável.

O tema água, por ser transversal, é capaz de ser trabalhado de maneira dinâmica, interdisciplinar e multireferencial, e consegue se conectar aos problemas atuais da comunidade local e de todo planeta, pois discutir as questões dos recursos hídricos implica discutir questões culturais e naturais da nossa sobrevivência enquanto espécie e humanidade (CATALÃO, 2002). Como a questão da água continua sendo o problema essencial dos grandes espaços sociais dos sertões (AB’SABER,1999), trabalhar esse tema no âmbito da percepção e da educação ambiental pode ser bastante útil e capaz de sensibilizar e conscientizar a população que reside em regiões onde este recurso é escasso, para a necessidade de sua conservação e manutenção de sua qualidade.

Cada sociedade, em tempos e espaços determinados, atribui à água um significado e um valor que, por sua vez, influem na sua utilização e no comportamento relacionado a ela. Para interpretar a água em sua acepção sociocultural, deve-se compreender que os significados e usos da água não são socialmente homogêneos, ou seja, em uma sociedade fragmentada aparecem múltiplas concepções, valores e usos relacionados a este recurso (ALEDO et al., 2008).

(17)

insatisfações da população em relação ao ambiente em que vive e no reconhecimento dos fatores que afetam a qualidade de vida o bem estar social. (FREITAS; RIBEIRO, 2007)

Segundo Faggionato (2008), cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio. As respostas ou manifestações são, portanto, resultado das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada indivíduo. Embora nem todas as manifestações sejam evidentes, são constantes, e afetam nossa conduta, na maioria das vezes inconscientemente. Saber como os indivíduos percebem o ambiente em que vivem, suas fontes de satisfação e insatisfação é de fundamental importância, pois só assim, conhecendo a cada um, será possível a realização de um trabalho com bases locais, partindo da realidade do público–alvo. Ainda segundo este autor, diversas são as formas de se estudar a percepção ambiental: questionários, mapas mentais ou contorno, representação fotográfica, etc. Existem ainda trabalhos em percepção ambiental que buscam não apenas o entendimento do que o indivíduo percebe, mas promover a sensibilização, bem como o desenvolvimento do sistema de percepção e compreensão do ambiente.

De acordo com Dias (2000), a educação ambiental, por ser interdisciplinar, por lidar com a realidade, por adotar uma abordagem que considera todos os aspectos que compõem a questão ambiental (socioculturais, políticos, científico-tecnológicos, éticos, ecológicos, entre outros), por considerar que a escola não pode ser um amontoado de papel; por ser catalisadora de uma educação para a cidadania consciente, pode e deve ser o agente otimizador de novos processos educativos que conduzem as pessoas por caminhos em que se vislumbre a possibilidade de mudança e de melhoria do seu ambiente total e da qualidade da sua experiência. Porém, segundo Marques (1993), um trabalho de educação ambiental será mais rico se tiver como base um levantamento das formas de percepção do ambiente. Sendo assim faz-se necessário conhecer a visão que o outro tem tanto do seu lugar como do espaço, antes de se realizar qualquer trabalho que aborde a educação ambiental.

As práticas de educação ambiental ajudam a formar cidadãos mais críticos, participativos e instigados a opinar em assuntos científicos como também a formar futuras gerações de pesquisadores. As atividades de educação ambiental quando utilizam dados de pesquisa científica em percepção ambiental também se tornam responsáveis por informar a população onde foi realizada determinada pesquisa, os resultados obtidos a partir desta, aproximando a ciência do cidadão, promovendo a socialização do conhecimento científico, o qual muitas vezes fica restrito ao âmbito acadêmico.

(18)

derivados de uma falta de conhecimento de que certas ações cotidianas podem causar prejuízos ao meio ambiente, pode interferir na sustentabilidade das gerações futuras. Neste sentido, o diálogo entre professor e aluno, entre cientista e cidadão, poderá gerar instrumentos para minimizar os efeitos negativos que estas ações antrópicas causam como também influenciar positivamente na melhoria da qualidade de vida da população.

Este trabalho teve como objetivo realizar pesquisa sobre qualidade microbiológica da água do Açude Marechal Dutra (Gargalheiras), localizado na cidade de Acari, região semi-árida, como também buscou entender como os professores e alunos da cidade percebem as questões relacionadas água, desta forma gerando conhecimentos que podem ser utilizados para sensibilizar a população de região semi-árida estudada para a conservação de ambientes aquáticos, por meio de atividades de educação ambiental. Justifica-se a importância da realização deste tipo de trabalho pelo fato das pesquisas sobre qualidade de água e sobre percepção ambiental estarem voltadas para a conservação de recursos hídricos, tão escassos nessa região.

2. ÁREA DE ESTUDO

O município de Acari se encontra localizado na microrregião do Seridó Oriental do estado do Rio Grande do Norte e inserido na região semi-árida do nordeste brasileiro. Apresenta clima muito quente e semi-árido, característico da região, com um curto período chuvoso e um longo período de estiagem, sendo ainda marcado por constantes irregularidades pluviométricas. O período chuvoso ocorre de janeiro a maio, mais especificamente de março a abril. A precipitação anual média para a região é 430 mm. A temperatura média mensal é de 27,50 C, a umidade relativa do ar média é de 64% ao ano e a insolação chega a 2.400 h/ano (IDEMA, 2007). Segundo o Plano Nacional de Combate a Desertificação – PNCD, o município de Acari está inserido em área susceptível à desertificação em categoria muito grave. O PNCD define desertificação como a degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de fatores diversos tais como as variações climáticas e as atividades humanas.

(19)

A hidrologia do Município de Acari é caracterizada pelo Aqüífero Cristalino que, em geral, contém água de qualidade inferior para o consumo, em decorrência de seu teor salino; e o Aqüífero Aluvião, constituído pelo lençol freático depositado nos sedimentos dos leitos e terraços de rios e riachos de grande porte. A vegetação local é de Caatinga hiperxerófila, rala, de porte arbustivo e arbustivo-arbóreo, formado principalmente por leguminosas e cactáceas (IDEC, 1991).

O açude público Marechal Dutra, também denominado Gargalheiras, está localizado município de Acari, RN, a 219 Km da capital do estado (Natal), nas coordenadas 6º 26’ 11’’ de latitude Sul e 36º 38’ 28’’ de longitude Oeste. Compreende ao barramento do rio Acauã, sendo um dos reservatórios da Bacia Hidrográfica Piranhas-Assu. Esta, de grande importância econômica para o estado do Rio Grande do Norte, ocupa uma superfície de 17.498,5 km2, que corresponde a cerca de 30% do território estadual e contribui com 79% do total de água acumulado no estado do Rio Grande do Norte (SEMARH, 2001). Rios importantes como o Piranhas-Assu e Seridó, dentre outros, fazem parte desta importante bacia hidrográfica pública com capacidade de acumulação de 2.988.369.372 m3.

(20)

O açude Gargalheiras foi construído com a finalidade de armazenar água para atender às necessidades da região. Apresenta o sétimo volume de água represada da bacia do rio Piranhas- Assu, com capacidade de acumulação de 40.000.000 m3. As características hidrográficas e morfométricas estão representadas na Tabela 1. Na dependência dele vive hoje a população da cidade de Acari e cidades vizinhas. Esse reservatório vem sendo utilizado pela população para vários fins, destacando-se a atividade pesqueira como principal fonte de renda da comunidade local, seguida da exploração da agricultura de vazante, lazer e turismo, garantindo em época de estiagem água para a população (Figura 2), no entanto quando as precipitações pluviométricas são intensas, este açude destaca-se da paisagem seca e árida dos sertões, proporcionando em época de “sangria”, ou seja, quando a vazão das águas é grande e acontece o transbordamento, um espetáculo para a população (Figura 3).

Tabela 1 – Características Hidrográficas e Morfométricas do Açude Marechal Dutra - Gargalheiras, Acari, RN.

Rio barrado Rio Acauã

Bacia Hidrográfica 2.400 Km2

Bacia Hidráulica 780,00 ha

Volume máximo 40.000.000m3

Volume em abril /07, início das coletas

Volume em novembro/07, término das coletas

18.772.367 (46,93%) 13.670.450 (34,18%) Profundidade Máxima

Profundidade Média

25 m 5,2 m

(21)

Figura 2 – Açude Gargalheiras e Fonte: Luciana Montene

Figura 3 – Sangria do Açude Ga Fonte: a autora

em época de estiagem (setembro, 2007) negro

(22)

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AB'SABER, A. N. Sertões e sertanejos: uma geografia humana sofrida. Estudos avançados,

v. 13, n. 36, pp. 7-59, 1999.

ALEDO, A.; ORTIZ, G. E DOMINGUEZ, J. A. Gestão integrada da água e perfis de usuários: proposta metodológica a partir da sociologia quantitativa. INTERFACEHS, Revista de Gestão Integrada e Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, v. 1, n.1, Art. 3, 2008.

ARAÚJO, J. A. A. Barragens no Nordeste do Brasil; experiência do DNOCS em barragens na região semi-árida, 2a ed., Fortaleza, DNOCS, 328 p., 1990.

AZAM, F.; FENCHEL, T.; FIELD, J. G.; GRAY, J. S.; MEYER-REIL, L. A.; THINGSTAD, F. The ecological role of water-columm microbes in the sea. Mar. Ecol. Prog. Ser., v.10, p. 257-263, 1983.

BARBOSA, J.E.L.; ANDRADE, R.S.; LINS, R.P. ; DINIZ, C. R. Diagnóstico do estado trófico e aspectos limnológicos de sistemas aquáticos da Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá, Trópico semi-árido Braileiro. Revista de Biologia e Ciências da Terra. Suplemento Especial – Número 1 – 20 Semestre 2006.

BARBOUR, M.T.; GERRITSEN, J.; SNYDER, B.D.; STRIBLING, J.B. Rapid Bioassessment Protocols for Use in Streams and Wadeable Rivers: Periphyton, Benthic Macroinvertebrates and Fish, 2a ed. EPA 841-B-99-002. U.S. Environmental Protection Agency; Office of Water; Washington, D.C. 1999.

BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). A Evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil. Brasília: Agência Nacional de Águas, 64p. , 2002

(23)

CATALÃO, V. L. L’eau comme métaphore aço-pedagogique: une recherche-action auprès d’une école rurale au Brésil. Thèse de Doctorat. Université Paris VIII. Paris. France. 2002.

COIMBRA, R.; ROCHA, C. L.; BEEKMAN, G. B. Recursos Hídricos: conceitos, desafios e capacitação. Brasília. ANEEL, 1999.

DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 6a Ed. Gaia, São Paulo, Brasil, 552 pp., 2000.

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(26)

CAPÍTULO II

DENSIDADE E BIOMASSA DO BACTERIOPLÂNCTON EM

UM RESERVATÓRIO DA REGIÃO SEMI-ÁRIDA

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DENSIDADE E BIOMASSA DO BACTERIOPLÂNCTON EM UM

RESERVATÓRIO DA REGIÃO SEMI-ÁRIDA BRASILEIRA

(ACARI, RN)

Density and Biomass of the Bacterioplankton in a Brazilian Semi-Arid Region Reservoir (Acari, RN)

BACTERIOPLÂNCTON EM RESERVATÓRIO DO NORDESTE BRASILEIRO Bacterioplankton in reservoir of the Brazilian northeast

Ana Carla Iorio Petrovich1, Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo2

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. carla.iorio@gmail.com - Departamento de Microbiologia e Parasitologia. Centro de Biociências - Campus Universitário, Lagoa Nova – Natal/RN. CEP 59.072-970. (84)3215-3437 ramal 207.

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RESUMO: Foram estudadas a densidade e a biomassa do bacterioplâncton nos períodos seco e chuvoso em dois pontos do Açude Marechal Dutra. As médias das densidades bacterianas totais oscilaram na ordem de 107 organismos por mL de amostra. As células em forma de cocos foram numericamente predominantes, influenciando consideravelmente a abundância total do bacterioplâncton. A biomassa bacteriana total foi considerada elevada, variando de 2.431,82 a 2.739,01 µgC.L-1 , em função dos altos valores de biovolume dos filamentos. Não foram encontradas variações espaciais nem sazonais marcantes. Os altos valores de densidade e biomassa encontrados alertam para a necessidade de um freqüente monitoramento dos ecossistemas aquáticos de região semi-árida onde a qualidade da água é afetada pela ocorrência de extensos períodos de estiagem que influenciam a qualidade de vida de sua população.

Palavras-chave: bactérias, qualidade de água, ambientes eutrofizados, ecossistemas aquáticos

ABSTRACT: Density and biomass of bacterioplankton in parts of the Marechal Dutra reservoir were studied in periods of dry and rainy season. The averages of the total bacterial densities oscillated in the order of 107 organisms/ mL of sample. The cocci cells were numerically predominant, influencing considerably the total abundance of the bacterioplankton. The total bacterial biomass, was considered raised and varied from 2.431,82 to 2.739,01 µgC.L-1, in function of the high values of biovolume of the filaments forms, and showed no marked spacial fluctuation. These high values of density and biomass alert for the necessity of a frequent monitoring of aquatic ecosystems of semi-arid region, where the quality of the water is affected by the occurrence of extensive dry periods, influencing considerably the quality of life of its population.

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1. INTRODUÇÃO

A população residente na região semi-árida do Brasil enfrenta longos períodos de estiagem em conseqüência das condições climáticas, que são caracterizadas pela irregularidade na distribuição anual das precipitações. Outro fator de influência é a presença de um clima seco com altas taxas de insolação durante o ano que está relacionado à evaporação elevada. Tentando minimizar os problemas ocasionados pela seca, a construção de reservatórios se consolidou como uma iniciativa do poder público para garantir água para a população, além de também serem associados ao desenvolvimento sócio-econômico regional, em função dos múltiplos usos a que estes corpos de água estão relacionados. Assim, os açudes destas regiões secas se destacam como ecossistemas de relevância fundamental para fixação do homem no campo, bem como para a manutenção de comunidades vegetais e animais

A eutrofização de rios e reservatórios é um problema presente em muitas regiões do mundo afetando diretamente a qualidade da água e oferecendo riscos à saúde da população. O estabelecimento de atividades humanas nas bacias de drenagens ocasiona descargas de nutrientes, derivadas de efluentes domésticos e industriais e águas residuais urbanas e agrícolas, que levam a mudanças nas características tróficas destes corpos aquáticos, restringindo drasticamente o tempo de vida útil desses ecossistemas (BARBOSA et al.,2006). De acordo com Figueiredo (2007) em função da eutrofização, muitos reservatórios e lagos no mundo já perderam sua capacidade de abastecimento de populações, de manutenção da vida aquática e de recreação. Nas regiões onde os recursos hídricos são escassos, a perda da qualidade da água se torna um fator ainda mais preocupante. No entanto, a maioria dos reservatórios da região semi-árida do nordeste brasileiro encontra-se em estado eutrófico ou hipertrófico (LAZZARO et al., 2003).

Os ecossistemas aquáticos apresentam uma dinâmica que resulta de inúmeras e complexas interações entre os organismos e entre estes e o ambiente. Nesse contexto, a comunidade microbiana é um dos principais componentes em termos de abundância, biomassa e potencial metabólico. Como a presença de microrganismos em ecossistemas aquáticos, em especial as bactérias, está diretamente relacionada à qualidade da água, torna-se necessário monitorar esses organismos por meio de estudos de quantificação e caracterização, que podem, desta maneira, fornecer dados ecológicos locais relevantes.

(30)

em uma ferramenta na avaliação das respostas destas comunidades biológicas a modificações nas condições ambientais originais. No entanto, para a aplicação de abordagens de biomonitoramento eficazes se faz necessário o conhecimento sobre a estrutura e funcionamento das comunidades aquáticas (BUSS et al., 2003), implicando no desenvolvimento de estudos descritivos que estabeleçam a taxonomia e a ecologia das espécies. Assim, pesquisas sobre o comportamento das comunidades microbianas em ecossistemas aquáticos são fundamentais para a avaliação das condições da qualidade das águas desses reservatórios e também representam um suporte para que se tenha uma melhor compreensão de tais ambientes, pois a partir de estudos básicos, programas de fornecimento de água de qualidade para consumo, piscicultura e irrigação poderão ser melhor estruturados. No Brasil e de modo particular na região Nordeste brasileira, no entanto, tais estudos ainda são escassos (ARAÚJO; COSTA, 2007).

A grande importância das bactérias planctônicas em ambientes aquáticos foi inicialmente avaliada por Pomeroy (1974) e consagrada com a introdução do conceito de “microbial loop”, o elo microbiano, por Azam (1983). Atualmente, já está comprovado que a ação dos microrganismos, em especial das bactérias, nas transformações bioquímicas da matéria orgânica dissolvida e particulada é fundamental para a dinâmica de nutrientes e para o fluxo de energia nos ecossistemas aquáticos (WETZEL, 1993).

Lindstrom e Bergstrom (2005) se referem ao bacterioplâncton como um componente abundante e ecologicamente importante tanto nos oceanos quanto em águas continentais. Porém, a composição da comunidade bacteriana é muito variável dependendo fundamentalmente das características da massa d’água em que se encontra (ANACLETO; GOMES, 2006). As bactérias ocupam uma posição chave na estrutura trófica destes ambientes devido à conversão rápida de matéria orgânica dissolvida em biomassa que pode ser utilizada pelos níveis tróficos superiores ou ainda através do processo de mineralização de matéria orgânica particulada que libera nutrientes antes indisponíveis para os produtores primários (AZAM et al., 1983).

(31)

Neste trabalho objetivou-se analisar variações espaciais e temporais na densidade e biomassa do bacterioplâncton em dois pontos do Açude Marechal Dutra (Acari, RN) durante períodos de estiagem e chuvoso. A ainda pequena quantidade de trabalhos dessa natureza, em especial no Nordeste brasileiro, faz com que as pesquisas realizadas nessas áreas tornem-se essenciais para contribuir com o conhecimento sobre a comunidade microbiana dos ecossistemas aquáticos da região semi-árida brasileira, visto que a qualidade da água está diretamente relacionada com o bem-estar e qualidade de vida da população.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 - Área de estudo

O açude Marechal Dutra – também denominado de Gargalheiras, está localizado na cidade de Acari, município da região semi-árida do estado do Rio Grande do Norte, e faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Piranhas-Assu (Figura 1). Tem uma capacidade de acumulação de 40.000.000 m3, e está localizado nas coordenadas 6º 26’ 11’’ de latitude Sul e 36º 38’ 28’’ de longitude Oeste. Características hidrológicas e morfométricas do açude estão representadas na Tabela 1.

Figura 1 – Localização do reservatório estudado. (Fonte: SEMARH-RN)

Rio Piran

ha s-Assu

(32)

Tabela 1- Características Hidrológicas e Morfométricas do Açude Marechal Dutra - Gargalheiras, Acari, RN.

Rio barrado Rio Acauã

Bacia Hidrográfica 2.400 Km2

Bacia Hidráulica 780,00 ha

Volume máximo 40.000.000 m3

Volume em abril /07, início das coletas

Volume em novembro/07, término das coletas

18.772.367 (46,93%) 13.670.450 (34,18%) Profundidade Máxima

Profundidade Média

25 m 5,2 m

Fonte: SEMARH-RN (2008)

A temperatura média anual da cidade de Acari situa-se em torno de 27,5°C, com máxima de 33°C nos meses mais quentes e mínima de 18°C nos meses mais frios. A umidade relativa média anual é de 64%, alto número de horas de insolação (2.400 horas/ano) (IDEMA, 2007). As médias pluvioméricas giram em torno de 434,7 mm anuais, sendo as precipitações concentradas entre os meses de fevereiro e junho.

2.2 - Procedimentos de coleta

O cronograma de coletas foi definido a partir da análise prévia do histórico pluviométrico anual da região, para que abrangesse tanto períodos de estiagem quanto de chuva. Foram definidos dois grupos de coletas, sendo o primeiro grupo realizado no período chuvoso de 2007 e o segundo no período seco de 2007. Com a realização de três coletas em cada período (Tabela 2).

Tabela 2: Cronograma das coletas realizadas.

DATA PERÍODO

(33)

As coletas das amostras de água foram realizadas em dois pontos do açude: um na entrada do rio Acauã que origina o reservatório (ambiente lótico), denominado P1, nas coordenadas 6º 24’ 373’’ S de latitude Sul e 36º 35’ 817’’ W de longitude Oeste, e o outro próximo à barragem (ambiente lêntico), denominado de P2, localizado nas coordenadas 6º 25’ 435’’ de latitude Sul e 36º 36’ 181’’ de longitude Oeste.

Figura 2 – Localização dos pontos de coleta - Reservatório Gargalheiras (Fonte: Google Earth, 2008)

As amostras foram coletadas na superfície, meio e fundo de cada ponto, com profundidade previamente medida. Utilizando uma garrafa de Van Dorn, foram coletados 15 litros de água (5 da superfície, 5 do meio e 5 do fundo), e depois homogeneizados em uma caixa integradora. Subamostras foram colocadas em frascos âmbar de 50 ml e fixadas com formaldeído tamponado (concentração final de 2%; pH 7,4) e transportadas sob refrigeração ao laboratório LAMAq – UFRN, onde permaneceram em geladeira a 4 ºC até a análise.

2.3 - Determinação da densidade e biomassa do Bacterioplâncton

Para a determinação da densidade do bacterioplâncton foram utilizadas subamostras de 5 mL coradas com laranja de acridina (AO) 0,01% (HOBBIE et al., 1977) e filtradas em membrana preta de policarbonato (Millipore, GTBP), com 0,2 µm de poro, usando um filtro

suporte (Poretics) de 0,45 µm de poro para uma distribuição uniforme das células bacterianas.

P2

(34)

As membranas foram montadas entre lâmina e lamínula, cobertas com óleo de imersão não-fluorescente e contadas em um microscópio de epifluorescência (Olympus BX41) com aumento de 1250x (espelho dicróico DM500, filtro de excitação BP460-490 e filtro barreira BA520IF). Para estimar as densidades, pelo menos 300 células bacterianas foram contadas, por filtro, em 15 campos microscópicos.

O tamanho e a largura das células foram obtidos com o uso de uma lente ocular micrométrica e as bactérias foram classificadas em cinco grupos com base na sua morfologia: cocos, bacilos, vibriões, espirilos e filamentos. Os volumes celulares (biovolumes) foram calculados utilizando-se a fórmula ( /4) x [W2 x (L – (W/3))], na qual W corresponde à largura e L ao comprimento da célula. Para as células cocoides W=L (BRATBAK,1993). Uma fórmula alométrica de conversão foi utilizada no cálculo do conteúdo de carbono celular para determinação da biomassa bacteriana: CC = 120. V0,72, onde : CC = conteúdo de carbono; V = volume celular (µm³). Esta fórmula, proposta por Simon e Azam (1989) e recalculada por Norland (1993) é considerada por Posch et al. (2001) como sendo mais adequada para células coradas com laranja de acridina.

Foram feitas comparações de densidades e biomassas do bacterioplâncton nos períodos secos e chuvosos utilizando o teste-t no STATISTICA (Statsoft, 1998).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em virtude dos valores de densidade e de biomassa encontrados nos dois pontos de coleta (P1 e P2), não terem apresentado diferença significativa, foi utilizada uma média para a realização dos testes estatísticos. Sodré-Neto e Araújo (2008), ao estudarem as oscilações espaciais e temporais do bacterioplâncton na barragem Armando Ribeiro Gonçalves – RN, também não encontraram variações significativas entre os trechos estudados, correlacionando ao fato de serem afetados pelos mesmos tipos de efluentes, situação que também deve ter ocorrido no presente estudo.

(35)

variações em algumas condições ambientais e/ou bióticas, algumas populações bacterianas mostram padrões sazonais semelhantes independentes

Na Tabela 3 pode-se observar que, com relação à densidade e biomassa dos morfotipos bacterianos, só foram encontradas diferenças significativas entre o período seco e chuvoso para a biomassa das formas espiraladas (p=0,0007). Tal fato pode significar que esse

tipo morfológico competiu menos pelos nutrientes provenientes das chuvas, diminuindo sua biomassa (mas não a densidade) nesse período. Entretanto, outras explicações podem ser dadas a esse fenômeno, como a resposta bacteriana à ação do grazing (CORNO; JURGENS, 2006), fato a ser investigado em um próximo passo desta pesquisa.

Tabela 3 – Teste t - comparação das variáveis no período seco e chuvoso

Teste – t Período seco Período chuvoso

SD SD t P

Densidade total (cel.mL -1) 2,09E+07 5,51E+05 2,04E+07 8,25E+05 0,989 0,378 Densidade de Cocos (cel.mL -1) 1,38E+07 1,46E+06 1,30+07 7,57E+05 0,927 0,438 Densidade de Bacilos (cel.mL -1) 6,20E+06 1,43E+06 6,28E+06 1,03E+05 -0,098 0,010 Densidade de Víbrios (cel.mL -1) 1,36E+05 2,94E+04 1,53E+05 5,10E+04 -0,5 0,5 Densidade de Espirilos (cel.mL -1) 1,36E+05 2,94E+04 1,79E+05 2,55E+04 -1,131 0,857 Densidade de Filamentos (cel.mL -1) 6,81E+05 1,79E+05 8,26E+05 5,31E+04 -1,339 0,161 Biomassa total (µg C.L -1) 842,67 94,63 758,86 91,79 1,101 0,969 Biomassa de Cocos (µg C.L -1) 109,36 10,35 101,05 14,77 0,798 0,658 Biomassa de Bacilos(µg C.L -1) 202,24 41,89 151,54 33,58 1,637 0,784 Biomassa de víbrios (µg C.L -1) 116,48 42,25 180,30 66,47 -1,403 0,575 Biomassa de Espirilos (µg C.L -1) 414,55 13,65 305,68 14,86 9,343 0,0007 * Biomassa de Filamentos (µg C.L -1) 1829,68 64,51 1801,31 67,57 0,525 0,953

*Significância (p < 0,05)

3.1 - Densidade do Bacterioplâncton

(36)

Araújo e Costa (2007), em t quanto a elevada evaporaçã densidades bacterianas, o que t

Figura 3: Densidade total do b

Em estudo realizado po nordeste brasileiro, foram enco Bouvy et al. (1998) encontr realizado em sete reservatório inferiores às encontrados no p ambientes aquáticos podem va com o grau de eutrofização do

Segundo dados de M clorofila “a” para o período ch respectivamente, e a transparê de 0,30 m. Com esses dados, parâmetros os índices da OEC como apresentados por Tundis (1977), enquadra-se como hi Small (1981) como eutrófico. no ano de 2005, classificaram

1,80E+07 1,90E+07 2,00E+07 2,10E+07 2,20E+07 abr_0 O rg a n is m o s/ m L

trabalho desenvolvido na mesma região, ta ção, em períodos distintos podem contrib e também deve ter ocorrido no presente estudo

bacterioplâncton em cada coleta.

por Araújo e Godinho (2008) em um ambiente contradas densidades bacterianas da ordem de traram uma oscilação da ordem de 106 cel rios do nordeste do Brasil. Neste último caso, presente estudo, mas sabe-se que as densida variar entre 105 e108 organismos por mL, aum

o ambiente (BOUVY et al., 1998).

Mesquita (2008), as concentrações médias chuvoso no ano de 2007, foram 155,23e µg.L

rência da água medida com disco de Secchi ap s, o nível trófico do reservatório se enquadra CD (Organization for Economic Cooperation disi et al. (1988) e o IET (Índices de Estado T

hipertrófico e de acordo com os índices desc Sousa et al. (2008) em estudo realizado no m m o Gargalheiras como eutrófico devido às alta

br_07 mai_07 jun_07 set_07 set_07 nov_07

Chuvoso Seco

tanto a precipitação ibuir para elevadas

o.

te fluvial-lagunar do e 107 bactérias/mL e cel.mL-1. Em estudo o, as densidades são dades bacterianas em umentando de acordo

(37)

Fósforo total (89,7 µg.L-1), de clorofila a (43,4 µg.L-1) e de matéria orgânica (STS=19,2 mg/L). Comparativamente, observa-se um aumento nos valores dessas variáveis limnológicas, de 2005 a 2007, o que pode significar que esteja havendo um aumento dos níveis de entrada de nutrientes no ambiente, ao longo do tempo.

É bem conhecido que ambientes com níveis tróficos mais elevados geralmente apresentam maiores densidades bacterianas, porém fatores como a pressão de predação, podem influenciar bastante (CORNO; JURGENS, 2006). Racy (2004) estudando três reservatórios com diferentes graus de trofia no estado de São Paulo, encontrou densidades bacterianas entre 8,1 e 9,9 x 109 cel. L-1, no reservatório eutrófico; entre 4,0 e 8,1 x 109 cel. L-1 no reservatório mesotrófico e entre 1,8 a 2,4 x 109 cel. L-1 no reservatório oligotrófico. No presente trabalho as densidades foram bastante elevadas, na ordem de 107 cel.mL-1, em todos os períodos de coleta (Figura 3). Estes dados devem estar relacionados ao grau de trofia do reservatório, visto que este reservatório se encontrava em estado eutrófico durante todo o período de estudo.

Em locais que apresentam as estações do ano com características mais definidas, observa-se que em períodos de alta temperatura a densidade bacteriana aumenta, como encontrado por Liu e Leff (2002) em estudo realizado em rio do nordeste de Ohio – (USA). De fato existem vários estudos de densidades bacterianas em regiões de clima mais frio, onde geralmente as densidades bacterianas são mais baixas do que as encontradas em regiões semi-áridas como, por exemplo, o estudo realizado em ecossistema lêntico nos Andes Colombianos por Canosa e Pinilla (2007) onde foi encontrado um valor de 84x104 bac./ml-1. Pomeroy e Wiebe (2001), entretanto, afirmam que microrganismos das regiões de clima temperado têm maior crescimento em períodos mais quentes enquanto que microrganismos de regiões tropicais estariam sempre na temperatura ótima para o seu crescimento. Como a região semi-árida é caracterizada por apresentar as altas taxas de insolação em todo ano, e na cidade de Acari onde se encontra o açude pesquisado a taxa insolação chega a 2.400 h/ano (IDEMA, 2007), este fato também deve influenciar para a alta densidade de bacterioplâncton encontrada no presente estudo, independente do período climático.

(38)

pesquisa, o que pode significa ambientes.

Vários fatores podem visto que a diversidade de mi metabólica. Sodré-Neto e A composição e densidade das p resultados da interação de v predadores, de parasitas, as fo erosão e lavagem do solo e po químicas locais. Deve-se cons vivem no mesmo ambiente.

Figura 4: Médias das densidades

O açude Gargalheiras é tóxicas de cianobactérias (CO al. (2001), a competição entre este último, já que o fitoplân aquáticos com alta disponibili de fósforo, como também de c bacterioplâncton como o fitop ser de competição por nutrie

0,00E+00 2,00E+06 4,00E+06 6,00E+06 8,00E+06 1,00E+07 1,20E+07 1,40E+07 cé lu la s/ m L

car que há uma alternância na predominância

estar relacionados com a diversidade morf microrganismos está diretamente relacionada Araújo (2008), explicam que as flutuaçõ s populações de microorganismos em ecossiste

vários fatores como o alimento disponív fontes alóctones de nutrientes e de microorgan por efluentes de atividades humanas, além da nsiderar também a possível competição entre

es dos morfotipos bacterianos nos períodos seco e

s é caracterizado por apresentar freqüentes e du OSTA et al. 2006; PANOSSO et al., 2007). S re fitoplâncton e bacterioplâncton parece ser me lâncton é mais capaz de aproveitar o fósforo ilidade de luz. No ambiente estudado existe gr

clorofila a e matéria orgânica, favorecendo de oplâncton. A relação entre fitoplâncton e bac rientes limitantes, pode ser de dependência m

chuvoso seco

ia das formas, nesses

rfológica bacteriana, a à sua versatilidade ções observadas na stemas aquáticos são ível, a presença de anismos trazidas pela das condições

físico-e os organismos qufísico-e

e chuvoso

(39)

fitoplâncton seria limitado por carbono oriundo do fitoplâncto

3.2 - Biomassa do Bacteriopl

As biomassas totais ba foram consideradas altas em encontrados no presente traba (1998) que considerou alta a eutrófico de região semi-árida

Figura 5: Biomassa total do bact

A cadeia alimentar e heterotróficas, que são capaze biomassa. Esse carbono incorp por predadores, principalmen (AZAM et al., 1983). Em amb de 50% do carbono orgânico grande importância que a bio alimentar destes ambientes. participam do ciclo de impor desempenhando um papel vita viva, ou sua remineralização a

2200 2400 2600 2800 abr_07 B io m a ss a ( µ g C .L -1 )

or nutrientes enquanto que o bacterioplâncton cton (CURRIE, 1990).

plâncton

bacterianas variaram de 2.436,14 a 2.739,01 µg em todos os períodos estudados. Os val balho foram elevados em relação aos ilustrado

a biomassa bacteriana de 51,8 µgC.L-1 em a no nordeste brasileiro.

cterioplâncton em cada coleta (µgC.L-1)

em ambientes aquáticos pode ter como zes de absorver carbono orgânico do meio e rporado pode ser respirado pelas próprias bacté ente por flagelados ciliados constituindo a mbientes aquáticos, o carbono microbiano pod o particulado (ABREU et al., 1992). Esses da biomassa das bactérias representa para a sus

. Além do papel no ciclo do carbono, as ortantes nutrientes como o nitrogênio e o fó ital na recuperação da matéria orgânica de detr

a compostos inorgânicos (CARLSSON; CARO

_07 mai_07 jun_07 set_07 set_07 nov_07

Chuvoso Seco

n seria limitado pelo

µgC.L-1 (Figura 5), e alores de biomassa dos por Bouvy et al. em um reservatório

o base as bactérias e incorporar na sua ctérias ou consumido a alça microbiana ode representar mais dados demonstram a ustentação da cadeia s bactérias também fósforo, desta forma etritos para biomassa RON, 2001).

(40)

Na Figura 6 estão ex bacterianos com destaque para influenciaram expressivament ambientes (ARAÚJO; COSTA al. (1992), em ambientes eutr celular, são importantes e com interações tróficas, ou seja, a p morfológicas na tentativa de formas, tornando-se não come As médias da biomass 250,38 µgC.L-1 (Figura 6). Pa (Figura 6). Apenas a biomass entre o período seco e chuvoso 422,44 µgC.L-1 , estando ma temperaturas, como considera correlações entre a temperatu árido nordestino.

Figura 6: Médias das Biomassa 0 400 800 1200 1600 2000 B io m a ss a (µ g C .L -1 )

expressas as médias dos valores de biomas ra aqueles referentes às bactérias filamentosas nte os altos valores de biomassa total, uma c

A, 2007; SODRÉ-NETO; ARAÚJO, 2008). S tróficos o controle “top-dowm”, ou seja, pela omo variações no volume celular muitas vez a pressão de predação, observa-se que podem a

e escape de seus predadores onde as bactéria estíveis (NAKANO; KAWABATA, 2000). ssa bacteriana de cocos, bacilos e vibriões va Para os filamentos a variação foi de 1678,66 a ssa dos espirilos (Figura 6) apresentou oscila oso (p=0,000731) (Tabela 3), apresentando mé

ais altas no período seco, o que pode ser erado por Araújo e Godinho (2008), que de

tura e o volume celular bacteriano em ambie

sas (µgC.L-1) dos morfotipos bacterianos nos perío

chuvoso seco

assa dos morfotipos as. Estes organismos característica desses . Segundo Sanders et ela predação e a lise ezes estão ligadas às acontecer variações rias alongariam suas

variaram de 88,43 a 6 a 1902, 78 µgC.L-1 ilações significativas édias entre 282,87 a r associado às altas detectaram elevadas iente de clima

(41)

A média da biomassa d como a menor biomassa entre (Figura 7). Isto pode ser expl utilizado para o cálculo da biom

(

Figura 7: (A) Médias das Densidade (B) Médias das Biomassas

O inverso aconteceu co apresentou as mais altas méd elevados valores de biovolum várias forças, entre elas os nu 2006). As bactérias parecem comportamentais para produzi vivem. Estes resultados são si encontraram valores de 1734 eutróficos da mesma região.

No presente estudo, e encontradas, demonstrando um associados aos altos níveis de f eutrofização exerce forte influ Assim, as variações quantitativ ser influenciadas pelo regime p

bacilos; 6,24E+06 vibrios; 1,40E+05 espirilos; 1,51E+05 filamentos ; 7,51E+05

de cocos variou foi de 105,20 µgC.L-1 (Figura re os grupos estudados, apesar de ser o morfot

plicado pelo pequeno volume celular dessas iomassa.

(A) (B)

des (cel./mL) dos morfotipos bacterianos nos períodos s sas (µgC.L-1) dos morfotipos bacterianos nos períodos se

com o morfotipo filamentoso que, embora em édias de biomassa, atingindo 1875,21 µgC.L me destes organismos. As formas bacteriana nutrientes e a necessidade de escape aos pre m responder a essas forças a partir de fat zir um tamanho e forma adequados para as circ similares aos encontrados por Sodré-Neto e A

34,1 µgC.L-1 para a biomassa deste morfot

, elevadas densidades e biomassas do bacte uma alta atividade microbiana no reservat fósforo e clorofila e à baixa transparência da á fluência na composição e biomassa da comun tivas na densidade e biomassa do bacterioplânc pluviométrico da região, mas provavelmente

cocos; 1,34E+07 tos +05 cocos; 105,2 filamentos ; 1815,49

ra 7), permanecendo otipo mais numeroso s bactérias, o qual é

s seco e chuvoso. seco e chuvoso.

em pequeno número, .L-1, em função dos nas são dirigidas por redadores (YOUNG, fatores ambientais e ircunstâncias em que e Araújo (2008), que otipo em ambientes

cterioplâncton foram atório. Esses dados a água indicam que a unidade microbiana. ncton não pareceram te pelo estado trófico

os; bacilos;

176,79 vibrios; 148,39

(42)

do ambiente, o qual é considerado eutrófico de acordo com as variáveis químicas, físicas e biológicas.

4. CONCLUSÕES

• As variações quantitativas na densidade e biomassa do bacterioplâncton não pareceram ser influenciadas pelo regime pluviométrico da região, mas provavelmente pelo estado trófico do ambiente, o qual é considerado eutrófico de acordo com as variáveis químicas, físicas e biológicas.

• A ausência de variação espacial significativa do bacterioplâncton, tanto em termos de densidade, como no tocante aos tipos morfológicos, está ligada à provável estabilidade do ambiente no ano de estudo devido à baixa pluviometria.

• A partir da interpretação dos dados obtidos, observa-se a necessidade do monitoramento da qualidade das águas do Açude Marechal Dutra. Como a água é escassa na região, torna-se cada vez mais eminente o desenvolvimento de ações voltadas para a conservação dos reservatórios. Neste contexto, a pesquisa realizada pode contribuir para o melhor entendimento das relações tróficas do ambiente através da composição do bacterioplâncton do açude.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro (PELD/Caatinga). Ao técnico Edson Santana pelo apoio nas coletas de campo. A Aline Amorim, Cirleide Marques e Lined´la Silva, pelo auxílio em procedimentos laboratoriais e no campo.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Imagem

Figura 1 – Localização do reservatório estudado .                       ( Fonte:  SERHID, 2008 )
Tabela 1 – Características Hidrográficas e Morfométricas do Açude Marechal Dutra - Gargalheiras, Acari, RN
Figura 2 – Açude Gargalheiras e Fonte: Luciana Montene
Figura 1 – Localização do reservatório estudado.                   (Fonte: SEMARH-RN)
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