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Parasitismo natural de ovos de triatomíneos por Telenomus fariai lima, 1927 no laboratório.

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Academic year: 2017

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Revista da Sociedade B rasileira de M edic in a Tropical 23(3): 149-151, jul-se t, 1990

P A R A SIT ISM O N A T U R A L D E O V O S D E TR 1A TO M ÍN EO S

P O R T E L E N O M U S F A R I A I LIM A, 1927 N O LA BO R A TÓ R IO

A le x a n d r e J o s é F e rn a n d e s , J o s é C â n d id o d a S ilv a e L ilé ia D io ta iu ti

E m n o v e m b ro /8 9 verificouse q u e o in setflrio do C entro de E s tu d o s E m m a n u e l D ia s -B a m b u í/M G a p resen ta va a lta in festa çã o p e lo m icro h im enópte ro Telenomus fariai. E m 5 2 9 ovo s de

Panstrongylus megistus e Triatoma vitticeps exa m in a d o s, 3 7 5 (7 0 ,9 % ) a p resen ta va m 1 0 4 3 e x e m p la re s de T. fariai, sen d o 9 5 5 (9 1 ,4 % ) fê m e a s e 9 0 ( 8 ,6 % ) m achos. A seguir, verificou-se ta m b é m o p a r a s itis m o d e o vo s d e Triatoma infestans, e a u sên cia d e in festa çã o de ovos de Rhodnius

neglectus. A s m é d ia s d e p a r a s itó id e p o r ovo observa d a s fo r a m d e 7,9 em P. megistus; 8 ,7 em T.

vitticeps e 1 0 e m T. infestans. A im p o rtâ n cia do rela to deve-se à p o ss ib ilid a d e d a in festa çã o de co lô n ia s m a n tid a s p a r a f i n s d e p e s q u is a a p a r tir da in tro d u çã o em in setá rio s d e o vo s p ro ced en tes d o cam po, co m o esta b elecim en to d e a lta s ta x a s de in festa çã o e a c en tu a d o d eclín io d a criação. O iso la m e n to e a e lim in a ç ã o d o s p a r a s itó id e s p e lo m a n ejo d o s o vo s p a r a s ita d o s e vedação d o s fr a sc o s do in setá rio co m tecido de m a lh a estreita (e m to m o de 0 ,2 5 m m ) m o stra ra m -se eficientes no co ntrole do T. fariai.

Palavras-chaves: T e le n o m u s fa r ia i. Parasitóide. Triatomíneo.

O T e l e n o m u s f a r i a i é um microhimenóptero da família Scelionidae, subfamíliaTelenominae, descrito por Lima4 parasitando ovos de P a n s t r o n g y l u s m e g i s t u s procedentes de Lassance, Minas Gerais. Es­ tudos de sua biologia5 mostraram que o período médio de vida desses insetos é de 30 dias, sendo que as fêmeas são as que vivem mais tempo. Estas, fecundadas ou não, iniciam a oviposição em ovos de triatomíneos horas depois de terem nascido. Com uma temperatura média de 19-20°C verificou-se que, da postura à salda das formas adultas, decorrem de 27 a 35 dias. Segundo Lima5, as fêmeas não fecundadas geram por parteno- gênese apenas insetos do sexo masculino. Os machos que são gerados por fêmeas fecundadas medem de 0,78 a 0,80 mm, enquanto os partenogenéticos me­ dem, semelhante às fêmeas, de 1,08 a 1,18 mm de comprimento.

Outros autores confirmaram, posteriormente, o achado de Lima4, encontrando ovos naturalmente

Centro de Pesquisas René Rachou/FIOCRUZ, Belo Horizonte, MG. Centro de Estudos “ Emmanuel Dias” , Bambuí, MG.

Departamento de Parasitologia, Instituto de Ciências Biológicas/ Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.

Endereço para correspondência: Dr. Alexandre José Fernandes. Centro de Pesquisas René Rachou. CP: 1743 - 30190 Belo Horizonte, M G , Brasil.

Recebido para publicação em 04/06/90.

parasitados de T r i a t o m a i n f e s t a n s & na Argentina, de T r i a t o m a p a l l i d i p e n i s7 no México, de T r i a t o m a d i m i d i a t a10 na Costa Rica. Em Minas Gerais, Brasil, Pellegrino8 encontrou o parasitismo natural de ovos de T. i n f e s t a n s e P . m e g i s t u s procedentes de várias localidades, entre elas o município de Bambuí.

MATERIAL E MÉTODOS

Em novembro de 1989 verificou-se que o insetário do Centro de Estudos “Emmanuel Dias” - Fundação Oswaldo Cruz, apresentava uma alta infes­ tação pelo microhimenóptero T. f a r i a i , com elevado número de ovos de P . m e g i s t u s e T r i a t o m a v i t t i c e p s parasitados por diferentes formas evolutivas daquele inseto. Todos os ovos destes triatomíneos foram coletados e acondicionados em frascos de vidro bem vedados, para que fosse observado o número de ovos parasitados, e de fêmeas e machos do microhime­ nóptero. Pesquisou-se ainda a possibilidade de parasi­ tismo dos demais triatomíneos existentes no insetário ( R h o d n i u s n e g le c tu s e T. in f e s ta n s ) . Estes ovos foram acompanhados diariamente por 40 dias, passando a ser acondicionados individualmente em tubos de he- mólise aqueles que apresentavam indício de parasitis­ mo, para verificação do número de microhimenópteros e proporção de machos e fêmeas destes insetos por ovo.

Em seguida, como medidas de controle, os frascos contendo triatomíneos adultos foram vedados

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Fernandes AJ, S ilva JC , D io ta iu ti L . Parasitism o natu ra l de ovos de triatom ineos p o r Telenomus fariai L im a , 1927 no laboratório. R evista da Sociedade Brasileira de M ed icina Tropical 2 3 :149-151, jul-se t, 1990.

com tecido de malha estreita (em tomo de 0,25 mm) e todos os ovos passaram a ser coletados e mantidos em quarentena para eliminação daqueles que estivessem parasitados. Dois meses após, procedeu-se uma ava­ liação deste procedimento pela observação da pre­ sença ou não do parasitismo em 430 ovos de P . m e g is tu s , 230 de T. i n f e s t a n s e 110 de T. v i ttic e p s .

RESULTADOS

Aproximadamente 40 dias após os ovos dos triatomineos terem sido coletados e acondicionados em frascos de vidro, todos os microhimenópteros atingiram o estádio adulto, quando foi observado o número de ovos parasitados, e de fêmeas e machos. De 529 ovos, 375 (70,9%) estavam parasitados, dando origem a 1045 exemplares de T. f a r i a i , sendo 955 (91,4%) fêmeas e 90 (8,6%) machos.

Na Tabela 1, pode-se observar o número de microhimenópteros e proporção entre machos e fê­ meas deste inseto em ovos de P . m e g is tu s , T . v i t t i c e p s e T. in fe s t a n s . Não foi observado parasitismo de ovos de R . n e g le c tu s .

Em 770 ovos de triatomineos (P . m e g is tu s , T. in f e s t a n s e T. v i t t i c e p s ) coletados dois meses após terem sido iniciadas as medidas de controle, não observou-se nenhum parasitado pelo microhime- nóptero.

DISCUSSÃO

A importância do parasitismo de ovos de tria- tomíneos pelo T. f a r i a i aqui assinalado deve-se à possibilidade de estabelecimento de altas taxas de infestação (como a de 70,9% observada antes da instalação das medidas de controle), em função do elevado número de microhimenópteros produzidos por ovo (8,1 parasitóide/ovo), e pelo curto período neces­

sário para que se complete o ciclo evolutivo destes insetos (média de 38 dias, segundo Pellegrino9).

Os estudos do parasitismo experimental pelo T. f a r i a i de ovos de várias espécies de triatomineos

realizados por Pellegrino^ e Zeledón11 mostraram, de forma semelhante ao observado em Bambuí neste trabalho, que o número de microhimenópteros que emergem de ovos parasitados varia, dependendo da espécie de triatomíneo. Este fato, como assinala Lima^, depende do tamanho do ovo parasitado. Com relação à proporção entre os sexos de T. f a r i a i , pôde- se observar, como já assinalado na literatura^, que o número de fêmeas por ovo parasitado é maior que ao dos machos. A percentagem média dos sexos do microhimenóptero foi de 91,4% de fêmeas e 8,6% machos, ou seja, aproximadamente 1 macho para 7 fêmeas.

O parasitismo de ovos de triatomineos pelos microhimenópteros T e l e n o m u s c o s t a l i m a i (Sceli- onidae) e O o e n c y r t u s t r i n i d a d e n s i s (Encyrtidae) foi experimentalmente estudado por Feleciangelí 3 na Venezuela. A autora verificou especificidade do T. c o s t a l i m a i ao gênero R h o d n i u s , frente aos demais estudados ( T r i a t o m a , E r a t y r u s e P a n s t r o n g y l u s ) . Ovos de várias espécies de triatomineos, incluindo de R . n e g le c tu s , R . p r o l i x u s , R . p a l l e s c e n s e R . n e iv a i, foram experimentalmente expostos ao T. f a r i a i 1 1 , não sendo observado nenhum parasitóide nos ovos das espécies de R h o d n i u s . A ausência de parasitismo de R . n e g le c tu s (Tabela 1) poderia relacionar-se a fenô­ meno de especificidade parasitária, à semelhança do descrito por Feliciangeli^ 3 e Zeledón^ 1. N a possibi­ lidade de parasitismo de R . n e g l e c t u s pelo T. f a r i a i , a ausência de parasitismo dos ovos desta espécie no insetário de Bambuí poderia explicar-se pelo fato das tampas dos seus frascos serem envoltas em tecido de malha estreita, por medida de segurança, uma vez que os ovos deste triatomíneo são também colocados aderidos ao tecido. Desta forma, não haveria contato

Tabela 1 - Parasitismo natural de ovos de triatomíneo pelo Telenomus fariai no in setá rio do C entro d e E s tu d o s " E m m a n u e l D ia s ” - F IO C R U Z , B a m b u í, M in a s Gerais.

N? ovos obtidos

Np ovos parasitados

(%)

Média parasitóide

/ovo

Média adultos/ovo

Macho Fêmea

P. m eg istu s 448 26 (5,8) 7,9 0,9 7,0

T. vitticeps 315 7 (2,2) 8,7 0,9 7,8

T. in festa n s 100 1 (1,0) 10,0 1,0 9,0

R . neglectus 100 0 0 0 0

Total 963 34(3,5) 8,1 0,9 7,3

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Fernandes A J, S ilva JC, D iota iu ti L . Parasitism o natu ral de ovos de triatom íneos p o r Telenomus fariai L im a , 1 9 2 7 no laboratório. R evista da Sociedade Brasileira de M ed icina Tropical 23: 149-151, jul-set, 1990.

das fêmeas de T e l e n o m u s com os ovos destes triato­ míneos.

A origem do parasitismo aqui descrito, prova­ velmente, se deveu à introdução no insetário de ovos de triatomíneos parasitados, trazidos pela população ao Centro de Estudos “ Emmanuel Dias” através do Programa de Vigilância Epidemiológica1, uma vez que já foi constatado o parasitismo natural de ovos de P . m e g i s t u s e T. i n f e s t a n s no município de Bambuí8.

As medidas de controle, nestas circunstâncias, restritas à eliminação dos ovos parasitados e vedação dos frascos contendo os adultos de triatomíneos, mostraram-se eficazes, uma vez que dois meses após implantadas não mais observou-se a presença do T.

f a r i a i no insetário.

SUMMARY

I n no ve m b e r/8 9 in th e insecta ry o f C entro de E stu d o s

“ Emmanuel D ia s ” /B a m b u i-M G a high infestation by the

m icro h ym en o p tera T. fariai w as fo u n d . A m o n g th e 5 2 9 eggs e x a m in e d fr o m P. megistus a n d T. vitticeps, 3 7 5 ( 7 0 .9 % ) o f th em sh o w ed a to ta l o f 1 0 4 5 p a r a s ite s (9 1 .4 % fe m a le s a n d 8 .6 % m ales). L a te r on it w as fo u n d th a t T. infestans eggs

were also parasitised by T. fariai b u t n o t those fr o m R.

neglectus. T h e o b se rv e d p a ra sito id /e g g average w as 7.9 in P.

megistus; 8 .7 in T. vitticeps a n d 1 0 in T. infestans. T he p r e s e n t report ha s sp ecia l im portance co n sid erin g th e real p o ss ib ility o f T . fariai in festa tio n d u e to the access o f in fested tria to m in e eggs fr o m f i e l d ca ptu res in d u cin g g rea t d a m a g e to colo nies m a in ta in e d fo r research purposes. T hese eggs ha­ ve to be ca refu lly exa m in ed , iso la te d a n d elim inate d. T h is p ro ced u re a n d the clo sin g o f tria to m in e con ta in ers with th in n e t (0 .2 5 m m ) is sh o w to be e fficien t in T. fariai control.

K ey-w ords: Telenomus fariai. ParasitoidL Triatom ine.

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Referências

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