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O ENSINO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL A

DISTÂNCIA: um estudo de caso em um instituto

federal de educação

(2)

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Ana Paula Santos de Figueiredo

O ENSINO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL A

DISTÂNCIA: um estudo de caso em um instituto

federal de educação

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento Humano: Formação, Políticas e Práticas Sociais da Universidade de Taubaté, como exigência para obtenção do título de Mestre, sob a orientação da Profª. Dra. Letícia Maria Pinto da Costa

(3)

ANA PAULA SANTOS DE FIGUEIREDO

O ENSINO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL A DISTÂNCIA: um estudo de caso em um instituto federal de educação

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento Humano: Formação, Políticas e Práticas Sociais da Universidade de Taubaté, como exigência para obtenção do título de Mestre, sob a orientação da Profª. Dra. Letícia Maria Pinto da Costa

Data: _________________________________

Resultado:_____________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. (a) Dr. (a)_________________________________________ Universidade de Taubaté

Assinatura_____________________________________________

Prof. (a) Dr. (a)_________________________________________ Universidade _________

Assinatura_____________________________________________

Prof. (a) Dr. (a)_________________________________________ Universidade _________

Assinatura_____________________________________________

Prof. (a) Dr. (a)_________________________________________ Universidade _________

(4)

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança. Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.”

(5)

RESUMO

A Educação a Distância, em conjunto com as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), se apresentam como um paradigma de ensino, possibilitando a democratização do acesso à formação técnica e profissionalizante. Contudo, se trata de um modelo de ensino relativamente novo no Brasil, tendo em vista a regulamentação por legal, que ocorreu somente em 2005. Nota-se, ainda, a escassez de pesquisas sobre o ensino técnico profissionalizante nessa modalidade de ensino e suas implicações no Desenvolvimento Humano. Esse estudo teve como objetivo investigar o processo de ensino na ótica da equipe técnica de um curso técnico oferecido à distância, considerando os recursos e práticas desenvolvidas. A delimitação do estudo foi o Curso Técnico em Administração, de um Instituto Federal de Educação, situado na cidade de Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo. A problematização considera como ocorre o processo de ensino do aluno de um curso técnico em Administração, considerando os recursos e práticas metodológicas da Educação a Distância em um Instituto Federal de Educação. Para tanto, foi realizada uma pesquisa exploratória e descritiva de abordagem qualitativa junto à equipe técnica do campus

Caraguatatuba, envolvendo 15 sujeitos, tendo como procedimento de coleta de dados a aplicação de entrevistas semiestruturadas. Os dados coletados foram analisados por meio da técnica de Análise de Conteúdo. Os resultados obtidos favoreceram a compreensão do tema estudado, indicando que a instituição deve primar pelo ensino no qual o aluno seja sujeito de sua própria aprendizagem e participe ativamente do processo cognitivo. O estudo também pode servir de embasamento para futuras pesquisas na área e ações de melhoria dessa modalidade de ensino oferecida por um órgão federal.

PALAVRAS-CHAVE: Educação a Distância. Ensino Técnico. Tecnologias de Informação e

(6)

ABSTRACT

The Distance Education, in conjunction with the new Information and Communication Technologies ( ICT ) are presented as a paradigm for teaching , enabling the democratization of access to technical and vocational education. However, it is a relatively new model of education in Brazil, with a view to a legally regulation, which occurred only in 2005. We notice also the scarcity of research on vocational technical education in this modality of education and its implications in Human Development. This study aims to investigate the process of teaching in a technical distance course by the view of the technical staff, considering the resources and practices developed through Distance Education. The delimitation of the study was the Technical Course in Business Administration in a Federal Institute of Education, located in the city of Caraguatatuba, on the north coast of the state of São Paulo. The questioning considers how the teaching process occurs in a technical distance course in Business Administration considering the resources and methodological practices of the Distance Education. To this end, an exploratory and descriptive research was done with a qualitative approach with the technical staff of Caraguatatuba, through a case study, with the data collection application of closed questionnaires and semi-structured interviews procedure. The data collected was treated through content analysis. The results favor the understanding of the subject studied, indicating that the institution must excel the teaching whereby the student is the subject of his own learning and actively participate of the cognitive process. This study may also serve as a basis for future research in the area and actions for improving this type of education offered by a federal agency.

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LISTA DE SIGLAS

ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem

BDTD - Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações CEP/UNITAU – Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Taubaté EAD – Educação a Distância

E-Tec Brasil - Escola Técnica Aberta do Brasil

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística

IFE - Instituto Federal de Educação

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC – Ministério da Educação

MOODLE - Modular Object Oriented Dynamic Learning Environment P - Participante da Pesquisa

(8)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Alunos matriculados por semestres do Curso Técnico em Administração no

IFE (2º Semestre de 2014) 19

Quadro 2 – Equipe Técnica envolvida (professores conteudistas, formadores e tutores virtuais) no Curso Técnico em Administração, modalidade EAD, no campus

Caraguatatuba, por módulo (2º semestre de 2014)

20

Quadro 3 – Artigos encontrados com a palavra-chave “Educação a Distância”, por ano

de publicação 41

Quadro 4 – Trabalhos encontrados com a palavra-chave “Educação a Distância”, por

ano de publicação 41

Quadro 5 – Trabalhos encontrados com a palavra-chave “Ensino a Distância”, por ano

de publicação 42

Quadro 6 – Trabalhos encontrados com a palavra-chave “Ensino Técnico”, por ano de

publicação 42

Quadro 7 – Trabalhos encontrados com a palavra-chave “Ensino Profissional”, por ano

de publicação 42

Quadro 8 – Perfil sociodemográfico dos participantes da pesquisa 80 Quadro 9 – Distribuição das categorias e segmentos ilustrativos 85 Quadro 10 – Distribuição das categorias e segmentos ilustrativos 86 Quadro 11 – Distribuição das categorias e segmentos ilustrativos 90 Quadro 12 – Ferramentas da plataforma virtual que têm contribuído para o

desenvolvimento do aluno, na visão dos participantes 93

(9)
(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Andragogia na Prática 56

(11)

SUMÁRIO

1 Introdução 13

1.1 Problema 17

1.2 Objetivos 17

1.2.1 Objetivo Geral 17

1.2.2 Objetivos Específicos 17

1.3 Delimitação do Estudo 18

1.4 Relevância do Estudo / Justificativa 21

1.5 Organização do Trabalho 22

2 Revisão da Literatura 24

2.1 A Educação a Distância e o sistema e-Tec Brasil no Instituto Federal de Educação 24 2.1.1 A história da EAD: seu surgimento, desenvolvimento e suas particularidades no Brasil

28

2.1.2 A Legislação Brasileira e o Ensino Técnico na EAD 33 2.1.3 O Projeto Pedagógico do curso de Administração do IFE na modalidade EAD 35 2.1.4 Panorama das pesquisas sobre Educação à Distância (Estado da Arte) 40

2.2 Ensino-aprendizagem na abordagem socioconstrutiva 45

2.2.1 A abordagem socioconstrutiva de Vygotsky 46

2.2.1.1 A mediação simbólica e seus desdobramentos na EAD 50

2.2.2 Desenvolvimento e Aprendizagem em Vygotsky 52

2.3 A Aprendizagem de Adultos 54

2.4 O Desenvolvimento Humano e as Tecnologias da Informação e Comunicação 59

2.4.1 As Tecnologias da Inteligência 61

2.4.2 Educação a Distância e Ensino presencial 63

2.5 O desenvolvimento de competências profissionais no Ensino Técnico 68

3 Trajetória Metodológica 72

3.1 Tipo de Pesquisa 72

3.2 População e Amostra 74

3.3 Instrumentos 76

(12)

3.5 Procedimentos de Análise de Dados 77

4 Resultados e Discussão 79

4.1 Perfil dos participantes da pesquisa 79

4.2 Análise por Eixos 82

4.2.1 Eixo 1 – Recursos e Práticas da Educação a Distância 84 4.2.1.1 Favorecimento do desenvolvimento de habilidades de competências 84

4.2.1.2 Cuidados na elaboração do material didático 86

4.2.1.3 Adequação da plataforma (AVA) às necessidades de interação 89 4.2.1.4 Recursos e procedimentos que favorecem o desenvolvimento do aluno 92 4.2.2 Eixo 2 – Objetivos e Projeto Pedagógico do Curso Técnico em Administração

(EAD)

95

4.2.2.1 Diferenças entre a modalidade EAD e a presencial 96 4.2.2.2 Objetivos principais do curso técnico em Administração (EAD) 99 4.2.2.3 Avaliação como redefinição de conteúdos e estratégias de ensino 102 4.2.3 Eixo 3 – Ação e Função dos sujeitos da Educação a Distância 107

4.2.3.1 Função e Atuação dos Professores Formadores 108

4.2.3.2 Função e Atuação dos Tutores Virtuais 110

4.2.3.3 Problemas da modalidade EAD 112

4.2.3.4 Dificuldades cotidianas 116

4.2.3.5 Expectativas quanto ao desempenho da equipe 120

4.2.3.6 Participação da equipe técnica em cursos de atualização pedagógica 124 4.2.3.7 Sugestões de melhoria do processo de ensino-aprendizagem na EAD 126 4.2.4 Eixo 4 – Impressões sobre o ensino técnico na EAD 130

4.2.4.1 Opinião sobre o ensino técnico na EAD 130

4.2.4.2 Vantagens e desvantagens do curso técnico na EAD 134

4.2.4.3 Sobre o nível de exigência na EAD 139

5 Considerações Finais 143

Referências 148

Apêndice I – Ofício 154

Apêndice II – Termo de Autorização da Instituição 155

(13)

Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 159 Anexo B – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP/UNITAU) 160 Anexo C – Solicitação de autorização para início da coleta de dados 161 Anexo D – Solicitação de intercessão junto a Diretoria de EAD do IFE para início da

coleta de dados

162

(14)

1 INTRODUÇÃO

A Educação a Distância (EAD), nesta pesquisa entendida como a modalidade de ensino mediada pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), passou a ser considerada como uma modalidade de ensino no Brasil, por meio do artigo 80 da Lei no 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB) - que prevê o incentivo do poder público ao desenvolvimento e veiculação de programas de Ensino a Distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada - e foi regulamentada pelo decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2008).

A modalidade tem se voltado com prioridade para a formação de jovens e adultos, em diferentes níveis de educação, seja para formação inicial, profissional ou para atualização por meio de cursos de formação em nível superior e de graduação (TORRES, 2009).

O censo 2012, realizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância, ABED, relativo ao ano de 2011 aponta um aumento nas matrículas em instituições que oferecem EAD desde o início do censo, em 2009.1

Na pesquisa realizada, em 2009 participaram do censo 128 instituições, com um número de alunos matriculados de 528.320; já no ano de 2010 participaram 198 instituições, com um número de alunos matriculados de 2.261.921 e no ano de 2011, houve um declínio de instituições participantes, 181, porém o número de matriculas na Educação a Distância aumentou em 58%, totalizando 3.589.373. Esse censo somente apontou as matrículas de instituições formadoras, ou seja, não participaram instituições que apenas oferecem apenas serviços e produtos de EAD (ABED, 2012).

A educação profissional no Brasil compreende os cursos técnicos, de nível médio, e os cursos tecnológicos. Na esfera federal, essa modalidade de ensino é ministrada por meio da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, onde são integrantes: os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia; os Centros Federais de Educação Tecnológica; as Escolas Técnicas vinculadas às Universidades Federais e a Universidade Tecnológica Federal.

O ensino técnico deve ser utilitário, mas não pode deixar de desenvolver o lado cidadão dos educandos, sua finalidade deve ser focada na preparação do aluno para o mercado

1 Vale ressaltar que a participação das instituições nesse censo é arbitrária, por isso, pode haver variação para

(15)

de trabalho e também visando a melhoria de suas relações interpessoais (PEREIRA et al, 2009).

O Instituto Federal de Educação iniciou suas atividades como Escola de Aprendizes e Artífices, em 1910, através do Decreto nº 7566 de 23 de setembro de 1909, que marcou a oficialização do ensino profissionalizante no Brasil.

A EAD, dentro dos Institutos Federais de Educação é proporcionada por meio do Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec Brasil) que objetiva o desenvolvimento da educação profissional técnica nessa modalidade, visando à ampliação da oferta de cursos técnicos de nível médio e, também, a democratização do acesso ao ensino (BRASIL, 2008).

A cidade de Caraguatatuba, localizada na região do Litoral Norte do estado de São Paulo é sede de um dos campi do Instituto Federal de Educação e oferta um Curso Técnico

em Administração por meio da EAD.

A celeridade com que ocorrem as transformações técnico-científicas no mundo contemporâneo provoca grandes alterações no panorama econômico, social e cultural e impõe uma revisão profunda nos processos de produção de existência. Entender as TICs “como mediação básica no processo de trabalho pedagógico, implica o movimento complexo de apreender as razões que, em alguns casos unem, globalizam e, em outros, colocam em oposição, fragmentam os sistemas de representação conceitual” (CATAPAN, 2003).

O conhecimento entendido aqui como “saber dotado de significado ou sentido, elaborado a partir do dado, processado em informação” (GREGGERSEN, 2009, p. 3) passa a ser buscado por intermédio do espaço virtual ou ciberespaço.

A Educação a Distância é intermediada pelos Ambientes Virtuais de Aprendizagem onde ocorrem a prática pedagógica online e o desenvolvimento cognitivo do aluno.

A abordagem socioconstrutivista proposta por Vygotsky aponta a importância das interações sociais no processo do desenvolvimento cognitivo, embasando o processo de ensino-aprendizagem dentro da EAD.

(16)

Filatro (2009, p. 98), aponta que, para Vygotsky, as funções psicológicas superiores são frutos do desenvolvimento cultural e não do desenvolvimento biológico. “É a aprendizagem que sustenta o desenvolvimento humano, não o inverso. A formação de processos superiores de pensamento se dá pela atividade instrumental e prática, em interação e cooperação social, na zona de desenvolvimento proximal” (FILATRO, 2009, p. 98).

Hack (2011) aponta para a necessidade da potencialização do processo comunicacional nos Ambientes Virtuais de Ensino e Aprendizagem e ressalta que o papel do professor é o de constante incentivo ao aluno.

Ao mediar o conhecimento, sem muitas vezes poder visualizar, ouvir as palavras e nem perceber as reações imediatas do aluno, o docente buscará potencializar o processo comunicacional para que se essabeleça uma relação dialógica que incentive o estudante na construção do conhecimento a distância. Essas formas diferenciadas de lidar com a construção do conhecimento e seus desdobramentos, exigirão metodologias e ações diferenciadas, pois em ambientes virtuais de ensino e aprendizagem a aquisição de conhecimentos deixa de se fazer exclusivamente por meio de leitura de textos para se transformar em experimentos com múltiplas percepções e sensibilidades. Para tanto, será indispensável priorizar a comunicação fluída, constante e bidirecional (HACK, 2011, p. 74-75).

Partindo do pressuposto de que o Ensino a Distância tem, nos últimos anos, se consolidado como um novo paradigma de ensino o problema de pesquisa questiona como ocorre o processo de ensino do aluno de um curso técnico em Administração, considerando os recursos e práticas metodológicas da Educação a Distância em um Instituto Federal de Educação.

Para responder o problema da pesquisa, foi definido, como objetivo principal: investigar o processo de ensino na ótica dos professores de um curso técnico oferecido à distância, considerando os recursos e práticas desenvolvidas.

Quanto à abordagem do problema, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa, pois pretendeu-se averiguar a relação da realidade com o objeto a ser estudado. A abordagem qualitativa procura descrever a complexidade do problema, fazendo-se necessário compreender e classificar os processos dinâmicos vividos nesse grupo, possibilitando o entendimento das particularidades desses indivíduos (DALFOVO; LANA; SILVEIRA, 2008). A coleta de dados ocorreu por meio da técnica da entrevista semiestruturada com a equipe técnica do Curso Técnico em Administração do campus Caraguatatuba desse IFE. A

(17)

Para a análise dos dados obtidos nas entrevistas semiestruturadas, da pesquisa qualitativa, foi utilizado o método da Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (2009).

A organização da Análise de Conteúdo foi compreendida por três fases: 1) A pré- análise; 2) A exploração do material; e, por fim, 3) O tratamento dos resultados: a inferência e a interpretação (BARDIN, 2009).

Os resultados obtidos neste estudo vão ao encontro das ideias apresentadas em pesquisas sobre EAD, que apontam que essa é uma modalidade em crescimento que necessita de maiores diálogos entre os envolvidos.

Puderam ser levantados quatro eixos principais para análise, sendo eles: Recursos e Práticas da Educação a Distância; Objetivos e Projeto Pedagógico do Curso Técnico em Administração (EAD); Ação e Função dos sujeitos da EAD e Impressões sobre o Ensino Técnico na EAD.

Verificou-se, junto aos participantes da pesquisa, que a EAD é uma tendência de ensino em constante crescimento, porém é necessária uma mudança de pensamento no que se diz respeito a “fraca formação” que a EAD proporciona em relação a um curso presencial.

Na visão dos participantes, a “fraca formação” é a ideia que se tem de que o curso a distância oferece qualidade de ensino inferior ao presencial.

Constatou-se que os participantes entendem que o aluno é sujeito de seu aprendizado e que para que o processo de ensino tenha êxito, é necessário o empenho da equipe e da instituição.

A pesquisa também verificou a importância da interação no processo de ensino-aprendizagem dentro da EAD e a necessidade que há no que se diz respeito à elaboração e apresentação dos matérias didáticos, que devem privilegiar o autodirecionamento do aluno e da plataforma, que deve buscar ferramentas que proporcionem o diálogo.

Os sujeitos da EAD, entrevistados durante esta pesquisa, compreendem seu papel dentro da EAD, porém, de maneira parcial em relação aos ditames do Projeto Pedagógico utilizado. O Projeto Pedagógico é o documento norteador do curso e é imprescindível seu conhecimento por parte de todos os envolvidos no processo educacional da EAD, pois mostra a total dimensão dos papeis de cada um dentro da equipe.

As dificuldades apontadas dentro da EAD ressaltam o processo comunicacional, mais uma vez, como fator preponderante para a qualidade no processo de ensino-aprendizagem.

(18)

processo, não somente para com o aluno, mas para com a própria equipe, responsável por empreender as práticas do ensino no dia a dia.

1.1 Problema

Com o advento da era digital, as TICs passaram a ser utilizadas como fontes de pesquisa e o ensino deixou de ser somente presencial. Aparaceu nesse contexto a Educação a Distância, como um novo paradigma de aprendizado, com a finalidade primordial de democratizar o ensino.

Considerando que a Educação a Distância tem, nos últimos anos, se consolidado como uma nova modalidade de ensino, inclusive para o de nível técnico profissionalizante, questiona-se: como ocorre o processo de ensino do aluno de um Curso Técnico em Administração considerando os recursos e práticas metodológicas da Educação a Distância em um Instituto Federal de Educação?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Investigar o processo de ensino na ótica da equipe técnica de um Curso Técnico oferecido à Distância, considerando os recursos e práticas desenvolvidas.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Analisar se as estratégias de ensino adotadas pela equipe técnica, por meio das TICs, estão em consonância com as diretrizes pedagógicas norteadoras;

- Identificar como a equipe técnica desenvolve formas de interação e como apresenta os conteúdos aos na Educação a Distância;

(19)

1.3 Delimitação do Estudo

Esta pesquisa foi realizada junto à equipe técnica do Curso Técnico em Administração, modalidade de EAD, do programa e-Tec Brasil, de um Instituto Federal de Educação (IFE), na cidade de Caraguatatuba, Litoral Norte do Estado de São Paulo.

O Instituto Federal de Educação faz parte da Rede Federal de Educação Tecnológica, sendo vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Tem estrutura multicampi e foi fundado

em 1909, com o intuito de promover ensino técnico profissional. Em 2008, o IFE passou a ter relevância de universidade (IFSP, 2013).

Com a nova mudança, o IFE passou a ofertar 50% de suas vagas para o Ensino Técnico e 20% das vagas para cursos de Ensino Superior, preferencialmente para licenciaturas nas áreas de Ciências e de Matemática. O IFE ainda oferece cursos de Formação Inicial e Continuada, Cursos Superiores Tecnológicos, de Engenharia e de Pós-graduação (IFSP, 2013).

De acordo com o último levantamento do Relatório de Gestão do IFE de 2014, fazem parte desse Instituto Federal de Educação 38 campi, dentre eles o campus Caraguatatuba,

espalhados por todo estado de São Paulo, atendendo aproximadamente 24 mil estudantes e 4 mil alunos de ensino à distância, nos 23 pólos de educação (IFSP, 2014).

Em 2009, por meio da Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec Brasil/ MEC), foram implantados, além dos cursos presenciais, dois Cursos Técnicos na modalidade de Educação a Distância, sendo o Técnico em Administração e o Técnico em Informática pela Internet gerenciados e aplicados pelos campi de Caraguatatuba e São João da Boa Vista,

respectivamente (IFSP, 2013).

Os cursos de EAD são ministrados por meio de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), estruturado na plataforma Moodle e também possuem avaliações periódicas

presenciais e aulas presenciais eventuais no pólo onde o aluno estiver matriculado (IFSP, 2013).

Em 2012, foram implantados mais cinco cursos na modalidade à distância pelo IFE: o de Formação Pedagógica para a Educação Profissional de Nível Médio destinado a professores portadores de diplomas de bacharel ou tecnólogo e que não possuem licenciatura em sua formação específica ofertado pelo campus São Paulo; o Técnico em Serviços

(20)

à formação dos funcionários de escolas em suas atividades específicas, com o Técnico em Secretaria Escolar pelos campi Boituva e São Paulo e o Técnico em Multimeios Didáticos

pelo campus São João da Boa Vista (IFSP, 2012).

O IFE conta com pólos nas cidades de Araraquara, Araras, Barretos, Birigui, Boituva, Carapicuíba, Diadema, Franca, Guaíra, Guaratinguetá, Guarulhos, Itapevi, Itapetininga, Presidente Epitácio, Registro, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo, São Roque, Serrana, Tarumã e Votuporanga (IFSP, 2014).

O Curso Técnico em Administração atende aos seguintes pólos: Araraquara, Araras, Barretos, Boituva, Capivari, Diadema, Franca, Guaratinguetá, Guarulhos, Itapetininga, Itapevi, São João da Boa Vista, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Serrana, Tarumã e Votuporanga.

Os alunos ingressam por meio de processo seletivo próprio, realizado nos pólos, em turmas de 50 alunos cada. No segundo semestre de 2014, vê-se o total de 843 matriculados.

O regime do Curso Técnico em Administração é de três semestres, indicados como módulos, conforme aponta o Quadro 1.

Quadro 1 – Alunos matriculados por semestres do Curso Técnico em Administração no IFE (2º Semestre de 2014)

Pólos Semestres (módulos) Total Geral

(por pólo)

1º 2º 3º

Araraquara 53 3 15 71

Araras 53 4 61 118

Barretos 0 11 0 11

Boituva 0 28 - 28

Capivari 50 - - 50

Diadema 0 1 29 30

Franca - 2 25 27

Guaratinguetá - 3 7 10

Guarulhos 61 36 - 97

Itapetininga 4 31 21 56

Itapevi 5 38 24 67

São João da Boa Vista 38 32 6 76

São José dos Campos 3 20 - 23

São José do Rio Preto 5 40 30 75

Serrana 0 35 4 39

(21)

Votuporanga 29 7 - 36

Total Geral 321 292 230 843

Fonte: IFE / Coordenação do Curso Técnico em Administração / Outubro 2014 / Adaptado pela autora

Além da equipe geral de todos os Cursos a Distância do IFE localizada na reitoria, em São Paulo, por meio da Pró-Reitoria de Ensino e Diretoria de Educação a Distância (PRE/DED), o Curso Técnico em Administração de Caraguatatuba conta com sua própria equipe técnica composta pela Coordenadoria do Curso, Coordenadoria de Plataforma, Coordenadoria de Tutores, pelos tutores virtuais, professores formadores e professores conteudistas que atuam como bolsistas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), sem vínculo empregatício com o IFE. No que tange aos pólos, a equipe é formada pelos Coordenadores de Pólo e tutores presenciais.

Vale ressaltar que, na equipe técnica do campus Caraguatatuba, professores conteudistas

também atuam como professores formadores e que também há casos de professores formadores atuando como tutores virtuais. Há de se levar em consideração, também, que pode haver atuação dos mesmos professores formadores e conteudistas em mais de um módulo desse curso. Nesses casos apresentados há uma ressalva: enquanto o indivíduo bolsista em questão estiver atuando em uma função durante uma disciplina, ele não poderá atuar concomitante em outra função na mesma ou em outra disciplina.

No IFE Campus Caraguatatuba existe somente um cargo com vínculo empregatício,

ligado diretamente à DED (Diretoria de Educação a Distância), que é o de Coordenação de Apoio ao Ensino à Distância e vale a ressalva de que a pessoa responsável por essa coordenação é a mesma responsável pela Coordenadoria de Plataforma.

Assim, o estudo delimitou a equipe técnica desse Instituto Federal de Educação, especificamente no campus Caraguatatuba, composta por tutores virtuais, professores

conteudistas, professores formadores e coordenação, que até outubro de 2014 somavam 54 bolsistas.

Quadro 2 – Equipe Técnica envolvida (professores conteudistas, formadores e tutores

virtuais) no Curso Técnico em Administração, modalidade EAD, no campus

Caraguatatuba, por módulo (2º semestre de 2014)

Módulos Professores

Conteudistas

Professores

Formadores Tutores Virtuais

(22)

Módulo I 5 3 15 23

Módulo II 5 4 12 21

Módulo III 5 5 15 25

Fonte: IFE / Coordenação do Curso Técnico em Administração / Outubro 2014 / Adaptado pela autora

1.4 Justificativa

Justifica-se essa pesquisa pela pertinência do tema no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem na formação técnica profissional realizada por meio das TICs, cenário que se configura cada vez mais frequente nos dias atuais.

Além do exposto, ressalta-se que esta pesquisadora já participou como tutora virtual neste programa de EAD e, tendo sido participante da equipe técnica, sentiu necessidade de aprofundar seus conhecimentos acerca do ensino técnico na EAD e nos conceitos que permeiam essa crescente modalidade de ensino.

Partindo do pressuposto de que a EAD tem como principal finalidade democratizar o acesso à Educação, a educação profissional aparece, nesse contexto, para oferecer um permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.

A concentração da população que reside em áreas urbanas é um fenômeno crescente no país. Segundo dados do Censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), o número de pessoas residentes em área urbana era de 45,1% em 1950 contra 84,4% em 2010.

Já população de pessoas economicamente ativas, descritas por esse instituto como sendo da faixa dos 15 aos 59 anos de idade residentes na área urbana, é de 85,5%. Na Região Sudeste esse número sobe para 92,9% (IBGE,2011).

(23)

A mesma pesquisa ainda aponta a importância da rede federal de educação profissional e tecnológica no que tange à absorção desses alunos em relação às escolas privadas que possuem mais unidades de ensino espalhadas no país em relação às públicas.

É importante ressaltar o tamanho das escolas federais em termos de absorção de alunos em relação às privadas; enquanto essas (em torno de 71,2% do total de escolas) absorvem 56,8% das matrículas, a rede federal, com aproximadamente 5% das escolas, registram cerca de 13% do número de alunos informados na educação profissional (INEP, 2006, p. 16).

O aumento da procura pelo ensino profissional de nível técnico e também o de nível tecnológico por determinada área de conhecimento está intimamente ligado à oferta no mundo de trabalho. Uma das áreas representativas quanto ao número de alunos é a de Gestão em torno de 26,8% (INEP, 2006).

A relevância do estudo dá-se também pelo fato de que, verificou-se, dentro do estado da arte da Educação a Distância no Brasil, que existem poucos trabalhos que tratam especificamente do contexto de formação no ensino técnico e desenvolvimento profissional desses alunos, nessa modalidade de ensino.

1.5 Organização do Trabalho

Procurou-se explicitar até esta parte introdutória do trabalho os objetivos e a justificativa desta pesquisa sobre a formação no ensino técnico por meio da modalidade de Educação a Distância.

O segundo capítulo apresenta a revisão da literatura que embasa esta pesquisa; inicia-se apresentando a modalidade de Educação à Distância, expondo alguns conceitos e sua história, desde seu começo com ensino por correspondência até a era contemporânea, com o surgimento das Tecnologias de Informação e Comunicação.

Apresenta-se também a legislação brasileira vigente, como o decreto nº 5.622 de 19/12/2005 (BRASIL, 2008), que regulamenta a modalidade de EAD no País, bem como a implantação do programa e-Tec Brasil (Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil) por meio do decreto nº 6.301 de 12/12/2007 (BRASIL,2008).

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EAD, apontando, assim, como se dá o funcionamento dessa modalidade de ensino dentro do Instituto Federal de Educação, campus Caraguatatuba.

No momento seguinte, é abordado o conceito de ensino-aprendizagem, dissertando-se como ocorre o processo de desenvolvimento intelectual, sob o véu da abordagem socioconstrutiva proposta por Vygotsky (1989, 1991) e, também, o conceito de andragogia sob a visão de Knowles, Holton e Swanson (2015) e a Teoria da Aprendizagem Experiencial, proposta por David Kolb (KOLB; KOLB, 2011).

Em seguida, são interligados os conceitos de Desenvolvimento Humano e Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), apresentando, principalmente as considerações de Lévy (1993, 1999) sobre cibercultura e tecnologias da informação. Também são discutidas as diferenças no processo de ensino-aprendizagem entre o ensino presencial e a EAD, sendo utilizado como referencia o trabalho de Kenski (2010).

Faz-se também importante, em um último momento, conceituar o desenvolvimento de competências no ensino técnico profissionalizante, baseado na definição de competência de Perrenoud (1999).

O terceiro capítulo descreve o método de pesquisa, o tipo, a população e amostragem, os instrumentos e procedimentos para coleta e análise de dados, os quais são analisados por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin (2009).

O quarto capítulo deste estudo apresenta os resultados com os quais são confrontadas as informações levantadas com as teorias apresentadas na revisão de literatura, com a finalidade de evidenciar uma resposta ao problema proposto.

Em seguida, o quinto capítulo aponta as considerações finais, retomando as principais ideias discutidas.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A Educação a Distância e o sistema e-Tec Brasil no Instituto Federal de Educação

A Educação a Distância, mediada pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), aparece como um contexto de educação contemporâneo, que possibilita uma democratização do ensino, com a possibilidade de se conseguir estudar de qualquer lugar, a qualquer tempo, levando-se em conta alguns requisitos como conexão à internet, por exemplo. Trata-se de um modelo ainda incipiente, pois seu uso somente está sendo massivamente implementado com o advento da era digital.

E é diante dessa realidade que a Educação a Distância veio, com ênfase, contribuir para que uma grande parcela da população tenha acesso ao ensino e possa, a partir das habilidades e competências adquiridas nessa modalidade de educação, tornar seus cidadãos críticos e participativos histórico-socialmente. Portanto, por meio da possibilidade de percepção de novos horizontes, os recursos da EAD podem ser vistos como instrumentos para se enfrentar os desafios impostos pela sociedade contemporânea (LOBATO, 2009, p.3).

Por ser uma modalidade de ensino na qual os processos cognitivos acontecem fora de um ambiente escolar presencial, a metodologia utilizada deve ser diferenciada. Como aponta Mugnol (2009, p. 340) “A metodologia aplicada na EAD prima pela conscientização dos alunos sobre o seu papel no resultado das atividades acadêmicas para o seu aprendizado”.

Segundo Nunes (1994), as primeiras abordagens conceituais sobre a EAD estabeleciam uma comparação com a educação presencial, também denominada educação convencional, ou face a face, onde o professor é a figura central, presente na sala de aula. Para o autor, esse comportamento não é totalmente incorreto, mas não promove um entendimento total do que é a EAD e estabelece termos de comparação pouco científicos.

Um dos teóricos referenciados na EAD, Desmond Keegan, aponta em seu livro Foundations of Distance Education (1996) três grupos de teorias conceituais desenvolvidas relativas à Educação a Distância ao longo da história: Teorias de Independência e Autonomia, Teorias de Industrialização do Ensino e Teorias de Interação e Comunicação.

As teorias relativas à Independência e Autonomia apareceram entre os anos de 1960 e 1970, foram inicialmente defendidas por Wedemeyer (1977) e Moore (1973).

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Delling tended to concentrate on the autonomy and isolation of the student as the basis for their views, while Peters' focus is the functions of the institution developing learning materials” (KEEGAN, 1996, p. 89).2

Por último, as Teorias de Interação e Comunicação, apontadas por Keegan (1996), foram defendidas pelos autores Bääth (1982, 1987), Holmberg (1981), Daniel (1979, 1980), Sewart (1978) e Smith (1979) e focam no papel da instituição em promover uma experiência ensino satisfatória aos alunos, uma vez que os materiais didáticos já foram desenvolvidos e despachados.

Mugnol (2009), em seu estudo baseado na obra de Keegan (1996) a respeito das teorias da EAD, advoga que devem ser considerados os meios para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra de maneira satisfatória:

No caso da EAD os principais meios a serem considerados são: comprometimento e responsabilidade do aluno, orientação e apoio dos professores disponível em todos os momentos, a utilização compartilhada de métodos e meios de transmissão das informações, o respeito às diferenças individuais com a utilização de métodos capazes de respeitar o ritmo da aprendizagem de cada estudante (MUGNOL, 2009, p. 340).

De fato, a EAD se desenvolve por meio da articulação de atividades pedagógicas que são capazes de desenvolver aspectos psicomotores, cognitivos e afetivos dos estudantes, e que, para que isso ocorra, são necessários meios de comunicação não imediatos, que independem do tempo e lugar onde se encontram os atores envolvidos no processo.

Keegan (1996) aponta alguns elementos-chaves nos processos de educação a distância: distância física entre professores e alunos; influência de uma organização educacional; uso da mídia para interligar professores e alunos; troca de comunicação bidirecional; aprendizes vistos como indivíduos, ao invés de grupos de alunos.

De acordo com o autor:

• A distância física entre professores e alunos é o elemento que mais distingue a EAD do ensino presencial;

• A influência de organizações educacionais diferencia a EAD da educação individual, visto que há um planejamento, metodologia a ser seguida, sistematização e organização educacional;

2 Em termos gerais, Moore, Wedemeyer e Delling tendem a concentrar na autonomia e isolamento do estudante,

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• O uso da mídia e das TICs, unem o professor ao aluno, possibilitando a transmissão de conteúdos educativos;

• A comunicação bidirecional, ou seja, comunicação de mão dupla, permite ao aluno se beneficiar do diálogo e possibilita iniciativas de ambas as partes;

• A visão dos participantes como indivíduos permite a transmissão de conhecimento mais focada.

Armengol, citado por Nunes (1994), baseado em estudos de outros autores, enumerou algumas características da EAD: população estudantil relativamente dispersa; população estudantil predominantemente adulta; cursos que pretendem ser autoinstrucionais; cursos pré-produzidos; comunicações massivas; comunicações organizadas em duas direções; estudo individualizado; forma mediadora de conversão guiada; tipo industrializado de ensino-aprendizagem; crescente utilização da “Nova Tecnologia Informativa”; tendência a adotar estruturas curriculares flexíveis e custos decrescentes por estudante.

A EAD tem como característica marcante a população estudantil dispersa, muitos alunos residentes em áreas distantes de seu pólo de ensino, estando geograficamente dispersos. A impossibilidade de se deslocar a uma instituição de ensino, seja por motivos de moradia distante ou emprego em horário integral, faz com que o indivíduo busque a EAD como alternativa flexível para o acesso ao saber.

Outra característica é o público a quem a EAD se destina, formado predominantemente por adultos. Esse público apresenta peculiaridades, sendo necessário um enfoque andragógico ao processo de ensino.

A andragogia vem da junção dos termos gregos ‘andros’ – adulto e ‘gogos’ – ensinar. O termo foi introduzido pelo pesquisador Malcolm Knowles, na década de 1970, baseado nas ideias de Eduard Linderman sobre a educação de adultos.

Os cursos em EAD tendem a ser autoinstrucionais, ou seja, permitem que o aluno aprenda de forma independente, mediante a elaboração de materiais específicos, com objetivos claros, precisos, auto-avaliações, exercícios e textos complementares, este material pode ainda dialogar com outros textos, aumentando a capacidade de reflexão crítica do aluno.

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Os cursos pré-produzidos, apresentados por Armengol apud Nunes (1994), utilizam de vários meios de comunicação. A adequada integração dos meios comunicacionais objetivando a aprendizagem constitui o que o autor chama de “enfoque multimeio” e a logística desses cursos se caracteriza pela centralização da produção e descentralização da aprendizagem.

Uma vez preparados, esses cursos tendem a alcançar o máximo de pessoas possíveis: essa é a característica elencada como comunicações massivas. Nunes (1994) afirma que é imprescindível que os materiais sejam testados, possibilitando, assim, uma avaliação precisa, pois, caso contrário, o custo poderá ser grande, porém, o resultado relativamente pequeno.

O autor, ainda dissertando sobre esse aspecto, revela que, no caso de reformulações ou atualizações, é recomendável que sejam feitos preliminarmente nos primeiros ou últimos módulos, para depois continuar a reformulação dos demais materiais, além do constante diálogo com outras instituições que oferecem o mesmo tipo de ensino, sempre procurando novas metodologias e linguagens.

As comunicações são adotadas em duas direções, ou seja, bidirecionais, com foco entre aluno e a instituição de ensino. A comunicação acontece mediante tutorias, orientações, feedbacks de trabalhos desenvolvidos pelo aluno e, também, por encontros presenciais.

O estudo é individualizado, porém, essa não é uma característica exclusiva dessa modalidade de ensino. “O estudante é um indivíduo com características próprias, que devem ser respeitadas; do mesmo modo, deve merecer atenção o ritmo de estudo individual. Portanto, deve-se considerar seu comportamento e os mecanismos facilitadores de aprendizagem nessa situação” (NUNES, 1994, p. 12).

É válido ressaltar que apesar do estudo na EAD ser individualizado, isso não quer dizer que não ocorram interações para que aconteça o processo de ensino/aprendizagem. O desenvolvimento cognitivo do aluno acontece pelas interações mediadas pelos ambientes virtuais de aprendizagem.

Uma outra característica destacada é o da forma mediadora de conversão guiada, ressaltando como fundamental os aspectos relacionados à separação entre professor e aluno.

A característica levantada por Armengol (1987), citada por Nunes (1994) sobre a EAD ser um tipo industrializado de ensino aprendizagem, vai ao encontro do que assinala Peters (1971). A produção massiva dos materiais autoinstrucionais implica em uma clara divisão do trabalho na criação e na produção. Esse modelo pressupõe, ou traz como consequência, a valorização do trabalho multi/transdisciplinar e em equipe (NUNES, 1994).

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Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que convergem três tecnologias: computação, microeletrônica e telecomunicação. A utilização das TICs, além de ser primordial, é benéfica na EAD, visto que amplia as possibilidades de aprendizagem e construção de conhecimento.

A EAD também tem como característica a tendência a adotar estruturas curriculares flexíveis, por módulos, essas estruturas permitem uma maior adaptação às possibilidades e aspirações individuais dos estudantes. Esse aspecto não é inerente somente à EAD, porém ela representa a possibilidade de oferecer a seus estudantes maior abertura e facilidade do que o ensino presencial.

Por fim, os custos são decrescentes por estudante, mas, para que isso ocorra, é necessário um maior investimento na fase inicial, combinando uma população estudantil numerosa com procedimentos eficientes.

Explicitadas algumas teorias e características da Educação a Distância, faz-se necessário abordar sobre sua história: como iniciou, através de cursos de correspondência, seu desenvolvimento, pelo rádio e televisão, até a implementação das TICs, utilizando-se do computador e das redes de acesso à internet.

Para uma melhor compreensão da revolução pela qual a EAD mediada pelas TICs vem passando nos últimos anos, é importante conhecer sua evolução em escala mundial, bem como seu surgimento e desenvolvimento no Brasil.

2.1.1 A história da EAD: seu surgimento, desenvolvimento e suas particularidades no Brasil

Para Litto (2006), o crescimento da EAD na atualidade deve-se, em grande parte, a dois fatores: à evolução das tecnologias de informação e à importância do conhecimento na sociedade contemporânea, que gera demandas crescentes por formação permanente.

Segundo Nunes (2009), os primeiros modelos de EAD se desenvolveram simultaneamente em diversos locais do mundo. Deve-se levar em consideração que a Educação a Distância teve início com outro tipo de mediação, que não o computador, mas sim por correspondência.

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Os cursos por correspondência passaram a ser adotados por diversas universidades renomadas, em meados do século passado, como Oxford e Cambridge, na Inglaterra; Chicago e Wisconsin, nos Estados Unidos e Queensland, na Austrália.

Desde então, novas metodologias de ensino foram sendo desenvolvidas influenciadas pela introdução de novos meios de comunicação em massa.

Em seu artigo intitulado “Historia de la Educación a Distancia”, um dos principais estudiosos no campo da Educação a Distância, Lorenzo García Aretio (1999), elenca alguns fatores que levaram ao nascimento e ao posterior desenvolvimento dessa modalidade de ensino: os avanços sociopolíticos, a necessidade de aprender ao longo da vida, a escassez de sistemas convencionais de ensino, o avanço no âmbito das ciências da educação e as transformações tecnológicas.

O primeiro fator foram os avanços sociopolíticos, que seriam consequência do aumento da demanda social que gerou a massificação de aulas convencionais e a necessidade de que essa população alcançasse todos os níveis de escolaridade, porém, essa massificação resultou na deterioração da qualidade do ensino.

Além disso, mudanças abruptas sociais, causadas pelas guerras ou revoluções, impulsionavam as sociedades a buscar vias educativas econômicas que fossem mais acessíveis e eficazes para formação de novos quadros de profissionais que os novos tempos necessitavam (ARETIO, 1999).

O autor observou nesse campo a existência de segmentos carentes da população, bem como setores sociais menos favorecidos, onde havia pessoas que possuíam base, motivação e capacidade suficiente para ter êxito nos estudos, porém não tiveram oportunidade.

Então, para Aretio, “Parecía, por tanto, necesario adecuar o crear instituciones educativas que estuviesen en disposición de satisfacer tanta demanda de estos grupos menos favorecidos” (1999, p. 10).

O segundo fator elencado pelo autor trata da necessidade de aprender ao longo da vida. A formação dos indivíduos não se restringe somente ao período escolar e que enxergar somente essa concepção “es mutilar toda posibilidad de actualización professional y de progreso social” (ARETIO, 1999, p.10).

São necessários a constante reciclagem e aperfeiçoamento, intrinsecamente ligados ao progresso de todos os setores de atuação, formados por trabalhadores que necessitam, a todo momento, se qualificar e requalificar.

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necessita que haja um determinado espaço e tempo, instalações e recursos materiais e humanos, e se for aliado a isso a necessidade dos indivíduos em aprender ao longo da vida, esses recursos tornam-se escassos para atender a essa demanda. Eram, então, necessárias novas propostas metodológicas de ensino que atendessem a essa população (ARETIO, 1999).

A formação permanente para todas as camadas da população necessitava da flexibilização da rigidez da formação convencional por meio da ampliação e diversificação dos estudos que atendesse às reais necessidades de cada país.

A educação convencional, segundo Aretio (1999), foi concebida para formar estudantes antes de sua participação no mercado de trabalho deixando a população adulta debilitada. O avanço no âmbito das ciências da educaçãoe também nas ciências da psicologia, outro fator elencado pelo autor, possibilitava um planejamento cuidadoso da utilização de recursos e de uma metodologia que, privada da presença direta do professor, potencializava o trabalho independente e por seu intermédio, uma aprendizagem personalizada.

O último fator apontado trata sobre as transformações tecnológicas que permitem reduzir a distância e têm sido uma causa do constante avanço do ensino/aprendizagem não presenciais. Os recursos tecnológicos permitem, mediante metodologia adequada, suprir e até mesmo superar a educação presencial, com a utilização das TICs dentro de uma ação multimídia que permite, não só a comunicação vertical entre professor-estudante, mas também a horizontal entre os próprios participantes do processo de formação (ARETIO, 1999).

Para Aretio (1999), não cabe dúvidas de que a Educação a Distância não é um fenômeno de hoje, mas que ocorre há mais de um século.

Guarezi e Matos (2000), assim como Aretio (1999), apontam a existência de “gerações” da EAD, sendo que a primeira geração surgiu com os meios impressos.

A primeira geração da EAD surgiu pelos meios impressos em 1728, caracterizada por estudos por correspondência nos quais o principal meio de comunicação eram materiais impressos, geralmente em forma de guia de estudos, com tarefas e outros exercícios e eram enviados por correio, com pouca possibilidade de interação entre aluno e instituição, limitando-se aos momentos dos exames (ALVES, 2009).

O auge da primeira geração aconteceu na década de 1920, com o fordismo3 como modelo dominante do capitalismo, onde as iniciativas educacionais eram voltadas

3O termo fordismo refere-se ao sistema de linha de montagem introduzido por Henry Ford (1862-1947). A

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principalmente para atender às necessidades daquele modelo industrial (GUAREZI E MATOS, 2000).

Particularmente no Brasil, os cursos por correspondência, eram ofertados por meio de jornais, que datam de pouco antes de 1900 e eram oferecidos professores particulares. O ensino a distância por instituições formais aparece em 1904, com a instalação das Escolas Internacionais, onde a unidade de ensino era estruturada formalmente, filiada a uma organização norte-americana, que enviava material didático por correspondência (ALVES, 2009).

No âmbito internacional, em 1928, o rádio foi introduzido como mediador de cursos para educação de adultos, promovidos pela emissora BBC. Essa técnica via rádio, segundo Nunes (2009), foi utilizada até mesmo no Brasil, formalmente, a partir da década de 1930, pois antes dessa década inexistia ministério específico para a educação.

A educação via rádio foi, dessa maneira, o segundo meio de transmissão a distância do saber, sendo apenas precedida pela correspondência. Inúmeros programas, especialmente os privados, foram sendo implantados a partir da criação, em 1937, do serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação. (ALVES, 2009, p. 9)

Projetos como Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização), vinculado ao Governo Federal, que visavam à alfabetização de jovens e adultos, prestaram grande auxílio e tinham a abrangência nacional especialmente por causa do rádio (ALVES, 2009).

Segundo Perry e Rumble apud Nunes (2009, p.3) o verdadeiro impulso da EAD se deu

em meados dos anos 1960 “com a institucionalização de várias ações nos campos da educação secundária e superior, começando pela Europa (França e Inglaterra) e se expandindo aos demais continentes”.

A partir de 1960, pode-se observar um período de transição do modelo econômico e das concepções educacionais gerados, principalmente pelo desenvolvimento da tecnologia. Esse período foi marcado pelo início da queda do modelo fordista a partir do surgimento de novos modelos de produção industrial. “Na educação, o modelo fordista parece cada vez menos atender aos anseios educacionais” (GUAREZI; MATOS, 2009, p. 30). Nesse contexto, surgiu a segunda geração da EAD, que vai até o início dos anos 1990, caracterizada pela integração dos meios de comunicação audiovisuais.

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1960 até o início da década de 1980, tivemos o reinado da televisão educativa”, sendo que vários sistemas para esse tipo de mediação foram sendo criados, inclusive no Brasil.

O ensino mediado pela televisão aliava voz, imagem e movimento e acabou consagrando-se. Nesse contexto, apareceu a Open University, no Reino Unido, tida como um modelo de Educação a Distância. “A experiência britânica passou a se configurar em um paradigma desse tempo, tanto por sua qualidade e respeitabilidade quanto pelo método de produção de cursos, a forma de articular as tecnologias comunicativas existentes e a preocupação com a investigação pedagógica” (NUNES, 2009, p.7).

Além da experiência britânica, podem-se ressaltar outras experiências como Beijing Television College, na China e o Bacharelado Radiofônico, na Espanha (GUAREZI, MATOS, 2009).

O uso da televisão como meio educativo no Brasil teve vários incentivos nas décadas de 1960 e 1970 e coube ao Código Brasileiro de Telecomunicações, de 1967, a determinação que deveria haver programas educativos pelas emissoras de radiodifusão, bem como pelas televisões educativas. “As universidades e fundações, por exemplo, receberam diversos incentivos para a instalação de canais de difusão educacional” (ALVES, 2009, p.10).

A partir da década de 1990, foi descrita uma terceira geração de EAD, caracterizada pela integração de redes de conferência por computador e estações de trabalho multimídia.

“Enquanto até os anos 1980 a tendência fordista (...) coexistia nos moldes de produção capitalista e, consequentemente, nas experiências de EAD, a partir dos anos 1990, a lógica industrialista de educação de massa começou a perder terreno” (MATOS, GUAREZI, 2009, p. 31). Os objetivos e estratégias da EAD, conforme apontam a maioria dos estudiosos, estão sendo redefinidos, orientados por um paradigma pós-moderno, “numa concepção voltada para um novo fazer, na qual inovação, mediação, interação e criação são palavras-chave” (2009, p. 32).

Entre a década de 1980 e 1990, a telemática, nova tecnologia comunicativa, que unia informática, telecomunicação e redes virtuais, criou um novo paradigma de Educação a Distância, o ensino mediado pelo computador.

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No Brasil, no campo da educação, os primeiros computadores chegaram por meio das universidades, na década de 1970. Tratavam-se de máquinas grandes e muito caras, que, com o passar do tempo e com o desenvolvimento das tecnologias, foram diminuindo de tamanho e também de custo, tornando-se acessíveis também à população. A internet aparece nesse cenário para consolidar a propagação do Ensino a Distância mediado por computadores (ALVES, 2009).

Segundo Barcia et al. citado por Guarezi e Matos (2009), a busca cada vez maior por formação, formação continuada e por aperfeiçoamento permanente, leva um crescimento cada vez maior pela alternativa de cursos a distância. As universidades, muitas delas de excelência, tem incorporado o modelo da EAD em suas atividades.

Um novo paradigma de ensino necessita, então, de uma legislação que o ratifique.

2.1.2 A Legislação Brasileira e o Ensino Técnico na EAD

A EAD, em todos seus níveis, se apresentou como uma modalidade educacional por meio do decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005, regulamentando o artigo 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional.

Nesse decreto, a EAD é caracterizada como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação (TICs), com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares e tempos diversos (BRASIL, 2008, p. 78), prevendo, inclusive, a obrigatoriedade em alguns momentos presenciais.

Nesse sentido é essencial a construção de um ambiente virtual articulado com as mídias digitais, assim como a participação de profissionais capacitados para interagir com os estudantes e atender ás suas necessidades, tanto na discussão no ambiente virtual, como nos encontros presenciais, para viabilizar a interface entre aluno e tutor, assim como tornar eficiente a prática do ensino/aprendizagem na modalidade a distância (MACHADO; PINTO, 2012, p.5).

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No que se refere à avaliação do desempenho dos alunos para promoção nos estudos e obtenção de diplomas e certificados, o decreto aponta que essa se dará no próprio processo da EAD mediante ao cumprimento das atividades programadas e realização de exames presenciais. Os exames presenciais devem ser elaborados pela própria instituição de ensino ofertante, por meio dos procedimentos e critérios estabelecidos no programa pedagógico do curso e tem mais peso que os resultados obtidos em avaliações à distância (BRASIL, 2008).

Compete ao MEC o credenciamento e renovação de credenciamento das instituições que ofertam cursos à distância e esses cursos só podem ser implementados para a oferta após a autorização de todos os órgãos competentes. No caso da educação profissional, os cursos também devem ser autorizados pela Secretaria de Educação à Distância (SEED/MEC) (BRASIL, 2008).

De acordo com o capítulo VI (Disposições Finais) do mesmo decreto (BRASIL, 2008), as instituições de ensino credenciadas que ofertarem cursos à distância podem estabelecer vínculos para fazê-lo em bases territoriais múltiplas, por meio de parcerias, convênios, acordos, contratos ou outros instrumentos similares indicando responsabilidades pela oferta desses cursos, como a implantação de pólos de educação a distância. A parceria firmada deverá ser comprovada ao MEC e explicitada no Plano de Desenvolvimento Institucional; Plano de Desenvolvimento Escolar; ou, pelo Projeto Pedagógico.

O Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec Brasil) foi instituído por intermédio do Decreto nº 6.301 de 12 de dezembro de 2007, (BRASIL, 2008), com vistas ao desenvolvimento da educação profissional técnica na modalidade de Educação a Distância, visando à ampliação da oferta de cursos técnicos de nível médio e, também, a democratização do acesso ao ensino.

O sistema e-Tec Brasil é gratuito e é oferecido por instituições públicas de ensino tendo também por objetivos a capacitação profissional para egressos do Ensino Médio e o desenvolvimento de materiais, projetos pedagógicos e pesquisas para técnicos de nível médio, bem como a formação inicial e continuada de docentes para a educação profissional e para a Educação a Distância.

Esse sistema ainda prevê a parceria entre as esferas do poder público “Os objetivos do e-Tec Brasil serão alcançados com a colaboração entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios” (BRASIL, 2008, p. 94).

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de Educação a Distância, por ser uma instituição pública que já ministra o ensino técnico de nível médio na modalidade presencial.

Esse inciso prevê, também, a articulação com estabelecimentos de apoio presencial, que para o decreto em questão, são escolas públicas municipais, estaduais e do Distrito Federal já instaladas que possam ser adaptadas para servir como espaço físico descentralizado para funções didático-administrativas e, ainda, com o atendimento presencial aos estudantes em atividades escolares presenciais, e esses estabelecimentos são os pólos de educação (BRASIL, 2008).

É válido ressaltar que o estado de São Paulo possui legislação própria a respeito da EAD, por meio das deliberações nº 14/01, 41/04, 43/04 do Conselho Estadual de Educação.

A deliberação nº 14/01 dispõe sobre o funcionamento dos cursos de EAD e de presença flexível no estado de São Paulo, a deliberação nº 41/04 trata do credenciamento de instituições de ensino e funcionamento de cursos a distância de ensino fundamental para EJA (Educação de Jovens e Adultos), médio e profissional, e a de nº 43/04 aborda sobre o recredenciamento das instituições que oferecem cursos na modalidade EAD no sistema de ensino do estado. (ABED, 2012)

Apesar da legislação vigente no Estado de São Paulo, o Instituto Federal de Educação, baseia-se nas normas estabelecidas pelo MEC por fazer parte da rede federal de ensino.

2.1.3 O Projeto Pedagógico do Curso de Administração do IFE na modalidade EAD

O Instituto Federal de Educação iniciou suas atividades como Escola de Aprendizes e Artífices, em 1910, por meio do Decreto nº 7566 de 23 de setembro de 1909, que marcou a oficialização do ensino profissionalizante no Brasil.

Em fevereiro de 1942, a Escola de Aprendizes e Artífices tornou-se Escola Técnica Federal de São Paulo, e, em 1978, surgiram os primeiros Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET) para suprir a demanda por formação profissional no final da década de 1970.

Até 1994, existiam no Brasil somente três CEFET, nos estados do Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em São Paulo ainda funcionava a Escola Técnica Federal, com sede na capital do estado e uma Unidade Descentralizada, em Cubatão. O CEFET/SP passou a existir com a aprovação da Lei nº 8.948/94.

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transformou alguns CEFET em Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, como foi o caso do IFE de São Paulo.

O Projeto Pedagógico que rege o Curso Técnico em Administração, na modalidade EAD do IFE, Campus Caraguatatuba, foi criado em 2007, mesmo ano que foi implantado o

sistema e-tec Brasil, quando o IFE ainda era CEFET.

Vale ressaltar que, inicialmente, o Projeto Pedagógico foi criado para a Unidade Descentralizada da cidade de Sertãozinho, levando em consideração as especificidades e demandas da região onde a cidade está localizada.

No Projeto Pedagógico, foi apontada uma experiência anterior que a unidade de Sertãozinho vivenciou em EAD, com o intuito de destacar a intenção daquela unidade em consolidar-se nessa modalidade de ensino. Além disso, foram destacados os convênios, parcerias e acordos celebrados com outras instituições a fim de reafirmar as intenções em se instituir o programa e-Tec Brasil na unidade.

A avaliação institucional do IFE para EAD constante no Projeto Pedagógico ressalta que “a possibilidade de contribuir com o desenvolvimento dessas regiões se mostra, especialmente, pela potencialidade da Escola para profissionalizar jovens e adultos que atuarão em empresas da região, que possuem economias bastante diversificadas” (CEFETSP, 2007).

O Projeto Pedagógico ainda aponta que a possibilidade de democratização, expansão da oferta de cursos técnicos, públicos e gratuitos propostas por meio do programa e-Tec Brasil, vai ao encontro da missão do CEFET/SP como uma instituição de qualidade e com a necessidade de adequação às mudanças conceituais que surgem com o emprego de novas tecnologias no ensino não-presencial (CEFETSP, 2007).

No que se diz respeito às considerações da organização didático-pedagógica, foram incorporadas ideias de Paulo Freire “quando diz que ensinar exige rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes do educando, criticidade, inclusive sobre a prática, estética e ética, corporificação das palavras pelo exemplo, risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação, reconhecimento e a assunção da identidade cultural” (CEFETSP, 2007).

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- Pelo respeito às experiências anteriores, como partida, incorporando-as às novas: a ação de planejar deve ser uma atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentada em opções político-pedagógicas, cujos paradigmas são as problemáticas sociais, econômicas, políticas e culturais, envolvendo professores, alunos e comunidade;

- Pela complementação da formação geral: levantamento das reais condições de ingresso dos alunos, levando-se em conta o seu perfil social, o nível de conhecimentos e, principalmente, dados de sua capacidade de interpretação e abstração;

- Em considerar, na elaboração dos planos de ensino, as três questões básicas: por quê, para quê e como, definindo, preliminarmente, a competência a ser desenvolvida em cada um dos módulos;

- No esclarecimento aos alunos dos objetivos e conteúdos e sua utilidade no “mundo da vida” (CEFETSP, 2007, p. 21)

O público-alvo descrito nesse documento é a população de jovens e adultos, que buscam qualificação ou requalificação, que encontram-se inseridos ou querem inserir-se no mercado de trabalho e foi voltado, ainda de acordo com o Projeto Pedagógico, para a população da periferia do município de Sertãozinho e com o ensino médio concluído.

Ainda sobre o atendimento da demanda da região de Sertãozinho, o documento prevê em seu objetivo geral, a intenção da unidade em se estruturar como centro de formação tecnológica para atender ao progresso industrial local, bem como estabelecer acordos com prefeituras da região.

Dentre os objetivos específicos estão: a formação de profissionais técnicos de nível médio, possuidores de uma nova cultura tecnológica com capacidade de julgamento crítica, visão sistêmica, criatividade e iniciativa e, também, o desenvolvimento para o exercício da cidadania (CEFETSP, 2007).

O total de vagas oferecido também foi fixado de acordo com o contexto no qual a unidade de Sertãozinho estava inserida, sugerindo-se 50 vagas por município e essa é uma das razões das quais vários pólos encontram-se situados distantes geograficamente do campus

Caraguatatuba.

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Figura 1 – Andragogia na Prática
Figura 2 – Ciclo da aprendizagem experiencial

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