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Dificuldades Cotidianas

No documento TÍTULO (páginas 117-121)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 Análise por Eixos

4.2.3 Eixo 3 – Ação e Função dos sujeitos da Educação a Distância

4.2.3.4 Dificuldades Cotidianas

Apontando as dificuldades que os participantes da Equipe Técnica enfrentam no seu dia-a-dia, como profissionais da EAD, observou-se as seguintes categorias: Comunicação, Dificuldades técnicas, Descomprometimento da equipe, Alunos despreparados, Pouco tempo, Desorganização, Atraso no pagamento de bolsas, Material inadequado ao EAD e Nenhuma.

Quadro 19 – Distribuição das categorias e segmentos ilustrativos sobre as Dificuldades Cotidianas

CATEGORIAS SEGMENTOS ILUSTRATIVOS Quantidade de

participantes 1.Comunicação “Acho que é a comunicação. Como é a

distancia, a gente tem que se comunicar via plataforma, por mensagens e às vezes a outra pessoa (da equipe técnica) não olha a mensagem naquele dia, então existe dificuldade nesse aspecto” (P1).

3

2.Dificuldades técnicas “Acho que ainda existem problemas com a plataforma quanto ao acesso, fica fora do ar em alguns momentos” (P13).

2

3.Descomprometimento da equipe

“as coisas acontecem mais pelo comprometimento das pessoas que pelos procedimentos estabelecidos com prazos a serem cumpridos, precisa de um regulamento

minucioso, na realidade um fluxograma, de que tempo, de qual forma e com qual qualidade” (P3).

4.Alunos despreparados “Os alunos têm dificuldades em compreensão de textos, muitas vezes não compreendem os enunciados” (P5).

2

5.Pouco tempo “Dedicar mais tempo ao curso do que aquele que me era exigido contratualmente” (P9).

2

6.Desorganização “Falta de organização começa já no planejamento do vestibular. Vestibular pra EAD tinha que ser diferenciado, não tinha que ser junto com o presencial, porque o EAD tem essa especificidade de datas. Por exemplo, está terminando a disciplina e eu ainda estou fazendo matrícula de aluno” P10.

1

7.Atraso de pagamento de bolsas

“Atrasos no pagamento de bolsas” (P14). 1

8. Material inadequado ao EAD

“Como tutor virtual, a maior dificuldade sempre foi o material das disciplinas inadequado ao EAD” (P15).

1

9.Nenhuma “Nenhuma” (P11). 1

Como pode-se perceber durante o levantamento das categorias, baseadas nas respostas dos entrevistados, existem várias dificuldades cotidianas. É válido ressaltar que foram levantadas as categorias com base nas concepções latentes dos participantes, por tal fato são percebidas 9 categorias dentre os 15 participantes da pesquisa.

A primeira categoria levantada, com o maior número de participantes (3 deles) é a da Comunicação. A Participante 1 acredita que a principal dificuldade que enfrenta no cotidiano é o processo de comunicação entre os envolvidos. “Demora a resposta que você precisa, dos envolvidos, e às vezes atrasa um pouco o problema a ser resolvido. O curso à distância exige um pouco mais de tempo para que as coisas sejam resolvidas” (P1).

No mesmo sentido, a participante 12 também aponta que existiu a dificuldade em comunicar-se com outros membros da equipe técnica, principalmente no início de sua atuação como tutora virtual:

A gente teve muito no começo, no início do projeto, uma dificuldade de conversar com as pessoas que tinham suas funções dentro do EAD. Por exemplo, “a plataforma estava fora do ar”, você não sabia com quem falar, a quem você se dirigia, durante um ano mais ou menos a gente não teve nenhum tipo de formação então tudo que aprendi de EAD de moodle (plataforma), eu tive que ir na minha, com meus erros e acertos e pedir auxílio pros colegas de informática. Então, depois, foi implantado, como fala, a formação pro tutor virtual, até que eu acompanhei, tirei várias dúvidas, foi maravilhoso. As pessoas que foram entrando depois desse momento, foi mais fácil (P12).

As autoras Guarezi e Matos (2009) ressaltam que deve haver um sistema de preparação e acompanhamento na EAD, tanto para professores quanto para alunos, sendo que os professores devem receber uma orientação inicial e serem acompanhados durante todo o processo do curso, tanto nos aspectos técnicos (uso da plataforma) quanto nos aspectos pedagógicos.

Uma segunda categoria levantada sobre as dificuldades cotidianas enfrentadas pela Equipe Técnica (com 2 participantes) foi a de “Dificuldades técnicas”, ou seja, aqueles profissionais que encontram algum tipo de problema com a plataforma e suas ferramentas, ou mesmo com a instabilidade da rede, como relata a P2: “Não encontro dificuldades, a não quando há instabilidade na rede e a plataforma fica fora do ar. Acho que o design da plataforma poderia ser mais “clean”, com maior facilidade de retorno a páginas” (P2).

A categoria “Descomprometimento da equipe” surgiu na fala de duas participantes, que fazem parte da coordenação. Para elas, existe a falta de comprometimento não só por parte dos alunos, mas principalmente da Equipe, como a demora no cumprimento dos prazos, como feedback aos alunos e liberação de conteúdos na plataforma.

A P4, coordenadora de tutoria, afirma que existe falta de comprometimento dos tutores que além de não disponibilizarem a prova aos alunos no dia, não disponibilizam o material da semana e não dão o feedback ao aluno no prazo estabelecido. “Porque hoje o prazo é de 24h para ele (tutor) responder uma dúvida de aluno, às vezes o aluno fica com a dúvida durante 3 dias (...) vai fazer a prova com a dúvida dele e se cai na prova ele não teve a aprendizagem que precisava” (P4).

A categoria “Alunos despreparados” também reuniu dois participantes P5 e P7, que acreditam que muitos alunos que optam pela EAD não estão preparados para este tipo de ensino. O Participante 7 alega que a falta de disciplina e organização dos alunos para estudar compromete seu rendimento.

O ensino na EAD é voltado, principalmente para alunos adultos e no caso do Curso Técnico em Administração, oferecido por esse IFE, atende alunos a partir dos 18 anos de idade, que já tenham se formado no Ensino Médio.

Segundo Aretio (1997), o aluno adulto requer autonomia suficiente para programar seu ritmo e forma de aprender, se convertendo no centro do seu processo de aprendizagem e sendo sujeito ativo em sua formação. Para o autor, a eficácia da aprendizagem na EAD depende do aluno, mas também da instituição.

O aluno deve entender seu papel como centro do processo de aprendizagem e, no caso de um trabalhador ativo, deve aplicar o que aprende no contexto de trabalho que está inserido, já a instituição de ensino deve facilitar a comunicação bidirecional com esse aluno, pois garante, assim, uma aprendizagem dinâmica e inovadora, além disso, a qualidade do material didático deve ser primordial em um curso de EAD, buscando profissionais capacitados para desenvolver cada disciplina, o material também deve ser estruturado de maneira a possibilitar a autoavaliação do aluno, motivando-o a conhecer com, de imediato, os progressos de sua própria aprendizagem (ARETIO, 1997).

Dois participantes da pesquisa formaram a categoria “Pouco tempo”, nessa categoria, a principal dificuldade cotidiana encontrada pelos participantes é a falta de tempo para desenvolver todas as atividades propostas do curso. O participante 9 alega em sua fala que dedica-se mais tempo ao curso do que é exigido contratualmente. Tal fato pode ser entendido, pois de acordo com o Projeto Pedagógico, é previsto 1 tutor para cada 25 educandos e as turmas, inicialmente, sempre eram fechadas com 1 tutor para 50 educandos, acarretando uma sobrecarga de trabalho para os tutores em atividade.

Quatro últimas categorias foram formadas a partir da fala de somente um participante em cada, sendo elas: Desorganização, Atraso no pagamento de bolsas, Material inadequado ao EAD e Nenhuma.

O Participante 10, Coordenador de Plataforma e responsável por inserir os alunos na plataforma, formou a categoria “Desorganização”. Ele alegou que a falta de um calendário diferenciado do ensino presencial faz falta na organização de procedimentos internos. “Por exemplo, está terminando a disciplina e eu ainda estou fazendo matrícula de aluno. Como esse aluno vai ter acesso (a disciplina na plataforma)? Uma coisa que atrapalha muito, na minha vista, é o calendário” (P10).

A categoria “Atraso no pagamento de bolsas” foi formada pelo Participante 14. Toda a equipe técnica envolvida no programa e-Tec Brasil, exceto o Coordenador de Plataforma, é formada por bolsistas remunerados por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação (FNDE), ou seja, não fazem parte da folha de pagamentos do IFE, recebendo seus proventos por conta própria utilizando-se do cartão benefício, emitido pelo Banco do Brasil.

O participante 15 formou a categoria “Material inadequado ao EAD”, pois acredita que sua principal dificuldade cotidiana é trabalhar com um material didático inapropriado a proposta da EAD.

Nesse sentido, Guarezi e Matos (2009) alertam para a importância que deve haver no cuidado com o material didático. As autoras reforçam que a EAD é conduzida por alguém que esta afastado do aluno geograficamente, e, na maioria das vezes, no tempo. “O material didático constitui-se num meio pelo qual se mediatizam os conhecimentos, o desenvolvimento de hábitos e atitudes de estudo, sem a presença física do professor. Por esse motivo, esse material deve oferecer aos alunos condições para autoaprendizagem” (GUAREZI; MATOS, 2009, p. 121).

Uma última categoria, “Nenhuma”, foi formada a partir da fala do Participante 11 que não vê dificuldades cotidianas em seu trabalho na EAD.

Diversos são os fatores que podem interferir na qualidade ofertada por um curso a distância, e os fatores levantados no dia-a-dia, por esses profissionais que lidam com essa modalidade de ensino servem como um prognóstico do que deve ser melhorado para que se busque melhor eficácia e eficiência do curso, e, consequentemente a melhor formação para o aluno.

No documento TÍTULO (páginas 117-121)