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Arranjos socioprodutivos de base comunitária: arranjos produtivos locais pensados como arranjos institucionais. O caso da mondragón corporação cooperativa.

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o&s - v. 1 5 - n . 4 6 - Ju l h o / Set em b r o - 2 0 0 8

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ORPORAÇÃO

C

OOPERATIVA

Ca r l o s Al b e r t o Ci o ce Sa m p a i o * I ñ a k i Ce b e r i o d e Le ó n * * I v a n Si d n e y D a l l a b r i d a * * *

V a l d i n h o P e l l i n * * * *

Resumo

st e ar t igo opor t u n iza a den om in ação ar r an j os pr odu t iv os locais, or iu n da da econ om i a i n d u st r i a l e d a g eo g r a f i a e co n ô om i ca , q u a n d o p e n sa d a , t a om b é om , co a r r a n j os inst it ucionais, t em a explorado nas ciências polít icas e no planej am ent o do desen -v ol-v im ent o r egional. Am bas as denom inações são t idas, na m aior ia das -v ezes, com o ex t r em os opost os. Tem - se com o obj et ivo discut ir ar r anj os sociopr odut ivos de base com u-nit ár ia, par t indo da com plem ent ar idade dos conceit os ar r anj os pr odut iv os locais e ar r an-j os inst it ucionais, sob a per spect iva da socioeconom ia. I lust r a- se com o caso da Mondr agón Cor p or ação Coop er at iv a, con sid er ad o p ar ad ig m a d a econ om ia coop er at iv a. Vale- se d e p esq u i sa b i b l i o g r áf i ca sob r e g est ão i n t er or g an i zaci on al , sob o en f oq u e soci o p o l ít i co e so ci o p r o d u t i v o , e d e p esq u i sa ex p l o r at ó r i a so b r e a ex p er i ên ci a d o co o p er at i v i sm o d e Mon dr agón ( Com u n idade Au t ôn om a Basca, Espan h a) .

Abstract

his art icle uses t he concept of Locals Pr oduct ives Ar r angem ent s, der iving denom inat ion f r om I n d u st r ial Econ om y an d Geog r ap h ic Econ om y, w h en t h ou g h t as in st it u t ion al ar r angem ent s, subj ect explor ed in sciences polit ics and r egional developm ent planning. Th e o b j ect i v e i s t o a r g u e t h e Lo ca l s Pr o d u ct i v es Ar r a n g em en t s a s i n st i t u t i o n a l ar r angem ent s, or iginat ing t he t er m sociopr oduct iv e ar r angem ent s of com m unit ar ian base, illu st r at in g w it h t h e case of Mon d r ag ón Coop er at iv e Com p lex , con sid er ed coop er at iv e econ om y par adigm . I t u ses bibliogr aph ical r esear ch on in t er or gan izacion al m an agem en t u n der t h e sociopolit ics an d sociopr odu ct iv es appr oach es an d ex plor at or y r esear ch u n der t h e h ist or ical ex per ien ce of Mon dr agón ’s Cooper at iv ism ( Vasca I n depen den t Com m u n it y in Spain) .

* Pr of. dos Pr ogr am as de Pós- Gr aduação em Adm inist r ação e Desenvolvim ent o Regional da Univer si-dade Regional de Blum enau ( FURB)

* * Dout or ando do Dept o.de Filosofia da Univ er sidad del País Vasco – Eusk o Er ico Uniber t sit at ea, Espanha.

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A

Introdução

der iv ação do t er m o ar r anj o sociopr odut iv o de base com unit ár ia se or igina de, pelo m en os, dois en f oqu es. O pr im eir o en f oqu e est á at r elado à socio-polít ica, sob a denom inação ar r anj o inst it ucional, que designa um conj unt o de int er - r elações de ent idades e nor m as legislat iv as, com a finalidade de organizar as at ividades societ árias de m odo a alcançar obj et ivos sociais ( FOX, 1976) . As referências que t rat am diret am ent e de arranj os inst it ucionais, geralm ent e, ploram apenas a est rut ura do m odelo organizacional adot ado em det erm inada ex-periência, com o, por exem plo, em bacias hidrográficas e em planej am ent os t errit oriais e set oriais. Face ao fort alecim ent o da sociedade civil ou, ao m enos, da organização da sociedade civil nos espaços sociopolít icos – com o, por exem plo, as associações civis e os m ovim ent os sociais - e socioprodut ivos – com o as cooperat ivas e em pre-sas com unit árias - , surgem arranj os inst it ucionais coerent es com um novo est ilo de desenvolvim ent o t errit orial sust ent ável. Para Sachs ( 2003) , um a fórm ula de fort a-lecim ent o do desenv olv im ent o, sobr et udo t er r it or ial, se t r aduz na definição, por m eio de pr ocessos par t icipat iv os, de est r at égias de Desenv olv im ent o Local I nt e-grado e Sust ent ável ( DLI S) que vêm ocorrendo em m ais de seiscent os m unicípios car ent es do Br asil, com o apoio de ór gãos gov er nam ent ais com o o Sebr ae, por exem plo. O grande diferencial desse processo é o envolvim ent o das com unidades no âm bit o de inst âncias colet ivas de part icipação, t ais com o conselhos e fóruns de desenvolvim ent o ( m unicipais, regionais e est aduais) .

O segundo enfoque surge a part ir da definição de Arranj os Produt ivos Locais ( APLs) , t radução brasileira para o t erm o clust er que vem sendo t rat ado na lit erat ura int ernacional. O APL1 pode ser considerado com o gest ão int erorganizacional de um espaço t errit orial sociopolít ico- econôm ico que desencadeia um a dinâm ica dialét ica ent re cooperação e com pet ição, com foco em um conj unt o específico de at ividades econôm icas ( SACHS, 2003; VARGAS, 2003; LASTRES e CASSI OLATO, 2003a; 2003b) . Enquant o os est udos sobre APLs concent ram - se em m icro e pequenas em presas, os de clust ers vislum bram agrupam ent os de em presas em um a região com sucesso ext raordinário em det erm inado set or de at ividade econôm ica, na qual há predom i-nância de gr andes em pr esas ( PORTER, 1998; ALBAGLI e BRI TO, 2003) . Os APLs seriam um est ágio ant erior aos denom inados sist em as produt ivos e inovat ivos lo-c a i s ( Re d e S i s t ) , o s q u a i s lo-c o m p r e e n d e m a r r a n j o s p r o d u t i v o s e m q u e int er dependência, ar t iculação e v ínculos consist ent es ( r eflex os do capit al social) result am em int eração, cooperação e aprendizagem , com pot encial de gerar o incre-m ent o da capacidade inovat iva endógena, da coincre-m pet it ividade e do desenvolviincre-m en-t o local ( LASTRES e CASSI OLATO, 2003a, 2003b) .

Com ên f ase associat iv a com u n it ár ia, su r g em ex p r essões com o ar r an j o sociopr odut iv o de base com unit ár ia ( SAMPAI O, DALLABRI DA e PELLI N, 2005) ou r edes de econom ia solidár ia2. Adot a- se a pr im eir a denom inação por consider á- la um t er m o com m enor dout r ina ideológica3, na qual em pr esas m er cant is, cooper a-t iv as, con su m idor es or gan izados, dif er en a-t es in sa-t ân cias de gov er n o e or gan iza-ções ou quase or ganizaiza-ções ( m ovim ent os) da sociedade civil convivem na dialét ica

1 O APL or iginou- se do conceit o de dist r it os indust r iais Mar shallianos, no qual se descr evia um padr ão

de or ganização com um à I nglat er r a ( final do século XI X e com eço do XX) , car act er izado por pequenas em pr esas concent r adas na m anufat ur a de pr odut os específicos de set or es com o o t êxt il, localizadas geogr aficam ent e em gr upam ent os, em ger al na per ifer ia dos cent r os pr odut or es ( VARGAS, 2003, p. 8) . Esse conceit o foi r evit alizado nos est udos sobr e a Ter ceir a I t ália. As pr im eir as exper iências que podem ser apont adas com o const it uindo um APL são as denom inadas villaggios pr odut t ivos, r edes de em pr esas flexíveis localizadas em det er m inadas r egiões it alianas, que se beneficiar am da exis-t ência de um a r ede hor izonexis-t al de cooper ação enexis-t r e essas em pr esas ( CASAROTTO Filho e PI RES, 2001; SACHS, 2003; SUZI GAN, 2000) .

2 “ ( ...) o conceit o de Econom ia Solidár ia t em um for t e apelo de t r ansfor m ação social e de at uação

polít ica, e nem sem pr e r econhece o cooper at ivism o com o é colocado or iginalm ent e de acor do com os pr incípios da Aliança Cooper at iva I nt er nacional” ( BI ALOSKORSKI NETO, 2004, p. 7) .

3 Não que se t enha algum a coisa cont r a a ideologia, m esm o por que o que ser íam os de nós, r eles

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de in t er esses da econ om ia, ist o é, n as con v er gên cias e div er gên cias en t r e os par t idár ios do liv r e m er cado, am bient alist as e econom ist as solidár ios ( v ar iando, clar o, n os m ais div er sos gr au s en t r e opor t u n ist as e idealist as) . Su ben t en de- se que t ant o os m odos de pr odução, quant o os de dist r ibuição - e por que não de consum o? - m ais solidár ios t enham chance de ocor r er no nível com unit ár io. Par t e-se do pr essupost o que a com unidade é um t em a t r ansver sal à pr ópr ia quest ão da t er r it or ialidade, ent r et ant o, ev idencia- se a im por t ância da ação t er r it or ial.

Tem - se, ent ão, com o obj et ivo discut ir ar ranj os pr odut ivos locais pensados com o ar r anj os inst it ucionais, or iginando o t er m o ar r anj os sociopr odut ivos de base com u n it ár ia, in spir ado n a socioecon om ia. I lu st r a- se com o caso da Mon dr agón Cor por ação Cooper at iva. Por ocasião da com em or ação de seu cinqüent enár io, em 1998, a ONU r econheceu o Com plex o Cooper at iv o Mondr agón com o um dos cin-qüent a m elhor es pr oj et os sociais do m undo ( SANTOS e RODRÍ GUEZ, 2002, p. 37) . O ar t igo inicia- se pela fundam ent ação t eór ica acer ca dos t em as: Ar r anj os I n st it u cion ais, sob o en foqu e sociopolít ico; e Ar r an j os Sociopr odu t iv os de Base Com unit ár ia, sob os enfoques da socioeconom ia e do planej am ent o do desenvol-v im en t o r egion al. Na seqü ên cia, apr esen t a- se a pesqu isa ex plor at ór ia sobr e a exper iência da Mondragón Cor por ação Cooperat iva ( Com unidade Aut ônom a Vasca, Espanha) e de seus r esult ados de sust ent abilidade após m eio século de hist ór ia. A pesquisa ex plor at ór ia foi r ealizada por um pesquisador v asco ( co- aut or dest e t r abalho) , dur ant e o ano de 2005, sendo financiado pelo gover no vasco com um a bolsa pós- dout or al, que r esult ou, t am bém , no capít ulo de livr o int it ulado Univer sidad

e innovación en las cooperat ivas vascas: la experiencia de Mondragón ( CEBERI O, 2006) .

Com plem ent ou se a pesquisa com dados colet ados no sit e inst it ucional do Com -plex o Cooper at iv o Mondr agón ( ht t p: / / w w w . m cc. es) .

A r elevância do t r abalho se j ust ifica por se consider ar o caso cooper at ivist a de Mondr agón r esult ado de um a ex per iência didát ica de ar r anj o pr odut iv o local pensado com o ar r anj o inst it ucional, ist o é, com o ar r anj o sociopr odut iv o de base com u n it ár ia. Em bor a o m odelo de Mon dr agón possa ser en car ado com o pou co am bicioso par a os dias de hoj e, diant e da exist ência de t ant os exper im ent os br a-sileir os de econom ia solidár ia4, dest aca- se por ser um exem plo de int er or ganização ( ar r anj o de or ganizações) cooper at iva que dialoga bem com a econom ia de m er -cado, inclusiv e no âm bit o int er nacional, além de at uar em set or es consider ados em inent em ent es indust r iais ( com o a m et alur gia, por exem plo) e associados a gr an-des gr upos econôm icos sob a inspir ação capit alist a ( com o financeir o, dist r ibuição e pesquisa e desenv olv im ent o) .

Arranjos Institucionais: o enfoque sociopolítico

Super ando a dicot om ia ent r e a sociologia com pr eensiva w eber iana, que con-sider a o indivíduo com o t endo pr ecedência sobr e a sociedade ( WEBER, 1999) , e a sociologia m et odológica dur kheim iana, que consider a a sociedade pr ecedendo ao indiv íduo ( DURKHEI M, 2002) , a socioeconom ia suger e a em inência de um a ação ex t r a- or ganizacional, ist o é, o agent e or ganizacional r elev a os im pact os de sua ação sobr e o ent or no t er r it or ial. A socioeconom ia pr opõe a super ação do m odo de

4 14.954 foi o núm ero de em preendim ent os econôm icos solidários ( ESS) m apeados pelo At las da

(4)

pr odução capit alist a hegem ônico5 - ident ificado pelo ut ilit ar ism o econôm ico dualist a, baseado na supr em acia do cálculo ent r e m eios e fins, de ganhos indivi-duais - sobr e out r os t ipos de ação social, no qual há per da de sent ido valor at ivo, afet iv o e de cost um es t er r it or iais, t or nando a ação social escr av a de um cálculo m er am ent e econôm ico ( SAMPAI O, 2005) .

Mesm o par a Hobbes ( 1979) e Lock e ( 2000) , que apont av am o est ado de nat ur eza sob a concepção individualist a, difer ent em ent e da concepção ar ist ot élica, pr oclam ava- se a possibilidade de um pact o de consent im ent o e não de subm issão ( com gr aus difer ent es de ot im ism o ent r e os aut or es) , denom inado cont r at o social ou, ent endido aqui, com o um ar r anj o int er or ganizacional. Rousseau ( 1994) acr e-dit ava que se podia encont r ar liber dade e igualdade t am bém no est ado da socie-dade. A nat ur eza do hom em per m it e a est e super ar a cont r adição iner ent e ao est ado social; ou sej a, ent r e as suas inclinações indiv iduais e os seus dev er es colet ivos, t al com o se apr egoa no ar r anj o inst it ucional ( de ênfase sociopolít ica) ou no ar r anj o pr odut ivo ( de ênfase socioeconôm ica) . Mesm o por que se per cebe que esses elem ent os são int er dependent es, necessit ando um do out r o par a se m ani-fest ar em . Assim , o ar r anj o int er or ganizacional não pode ser legít im o senão quan-do se or igina de um consent im ent o necessar iam ent e consensuaquan-do. Esse ent endi-m en t o endi-m ú t u o sob r ep õe- se às ações v olt ad as ao su cesso, às v ezes ch aendi-m ad as equiv ocadam ent e de est r at égicas, m at er ializadas em suj eit os opor t unist as par a influenciar out r os ( HABERMAS, 1990) .

A par t icipação int er or ganizacional dev e, ent ão, gir ar em t or no do espaço m ediado ent r e o int er esse público e o pr ivado, que é um a ação colet iva, oper ando sobr e as bases da int er subj et ividade e do ent endim ent o genér ico pela linguagem t r ivial do cot idiano, em dist inção dos sím bolos específicos vigent es nas difer ent es inst it uições ( ent endidas com o or ganizações) . O espaço público r epr esent a o nível o n d e se d á esse co n f r o n t o d e o p i n i õ es q u e d i sp u t am o r ecu r so escasso d a t em at ização e da conseqüent e at enção dos t om ador es de decisão. As esfer as do Est ado, m er cado e sociedade civil, m esm o que ainda possuam am bigüidades quan-t o ao car áquan-t er público do pr oblem a, or a se com plem enquan-t ando, or a se inquan-t er pondo, devem ser vist as com o pot enciais cr iador es que enr iquecem o pr ocesso de nego-ciação. Pois são elas ( as esfer as) que legit im am os pr ocessos par t icipat ivos - com o são os ar r anj os inst it ucionais e pr odut ivos - , e que, conseqüent em ent e, possibili-t am , no boj o da discussão, o sur gim enpossibili-t o de quespossibili-t ões espossibili-t r apossibili-t égicas negociadas; o que, nesse caso, é necessar iam ent e difer ent e da som a dest as esfer as ( COHEN e ARATO, 1992; COSTA, 1994) .

Um ver dadeir o ar r anj o int er or ganizacional pr esum e um a igualdade m or al e legít im a, m esm o se ainda a nat ur eza puder int r oduzir a desigualdade em for ça física ou em gênio, t or nando t odos iguais por convenção e dir eit o. Todo indivíduo const it ui um a int er ior idade por excelência que o ident ifica com seus sem elhant es. O hom em nat ur al est á r udem ent e suj eit o à nat ur eza física, à necessidade física, às coisas, ao out r o; enfim , ao t er r it ór io ( SAMPAI O, 2005) . Todavia, o conceit o de t er r it ór io dev e est ar dist anciado da sua subv er são ou sua subor dinação aos flu-xos m er am ent e econôm icos, r ecom pondo- se e r econceit uando- se com o um m ovi-m ent o de eleovi-m ent os, ent r e eles, sociais, geogr áficos e nat ur ais; e a pr eocupação não est á na definição de seus lim it es, m as nos ent r elaçam ent os que o com põem . Não há, ent ão, com o est udar o t er r it ór io sem fazê- lo cor r elat ivam ent e, em duplo sent ido, com os dem ais cont ext os: local, m icr or r egional, r egional, nacional e int er -nacional. Ent r et ant o, o t er r it ór io possui especificidades que não devem ser t om a-das com o m er o r eflexo dest es dem ais cont ext os. Suger e- se, ent ão, que num ce-nár io de gest ão int er or ganizacional ou ar r anj o inst it ucional, o conj unt o de ent ida-des dever á r eflet ir não apenas a m icr ocom plexidade do t er r it ór io, m as t am bém a m acr ocom plex idade dos dem ais espaços ( FI SCHER, 1993; SANTOS, 1994; LÉVY, 1998; SANTOS, SOUZA e SI LVEI RA, 2002) .

5 Weber apont a que o Capit alism o t or nou- se um a ét ica de vida, ist o é, um est ágio super ior de vida

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Diant e da t r ansfor m ação do hom em nat ur al em hom o econom icus, é neces-sár io r esgat ar o conceit o or iginal de vir t uosidade6, que é o de r enunciar a si pr ó-pr io. A v ir t ude, nesse sent ido, é o ó-pr incípio v it al ( é o cim ent o, m et afor icam ent e falando) par a ent ender a socioeconom ia. A socioeconom ia t em o desafio de r es-gat ar pr incípios da int egr idade ver dadeir am ent e hum ana, os quais podem ser sin-t esin-t izados na v alor ização e pr eser v ação de sin-t r adições e r elações sociais m ais soli-dár ias, na ger ação de t r abalho e r enda sob a per spect iva de m odos de pr odução m ais associat iv ist as, no r ev igor am ent o dos significados de v ir t ude hum ana e do pr ópr io Est ado, dist anciados do r acionalism o ut ilit ar ist a; e na ut ilização apr opr ia-da dos r ecur sos nat ur ais e ia-das capaciia-dades hum anas locais ( SAMPAI O, 2005) .

Oper acionalizando t ais pr incípios da socioeconom ia nas or ganizações, su-ger e- se qu e a gest ão de em pr esas, de or gan izações pú blicas, de or gan izações não- gover nam ent ais, bem com o o ar r anj o int er or ganizacional que é com post o por e sse s t r ê s t i p o s d e o r g a n i za çõ e s d e v a se r co n d u zi d a p o r cr i t é r i o s e x t r a -or ganizacionais, no sent ido de inc-or p-or ar dem andas sociais -or iundas do t er r it ór io em que a int er or ganização est á inst alada, ist o é, do t er r it ór io à or ganização. Esse cont ext o deve fom ent ar um a r acionalidade conduzida pelo cálculo de conseqüên-cias societ ár ias, pr iv ilegiando as dim ensões socioeconôm ico- am bient ais ( sust en-t áveis) par a poder cor r igir os equívocos pr ovocados por um m odelo de gesen-t ão que pr iv ilegia apenas cr it ér ios int r aor ganizacionais ( par a dent r o da or ganização) , ba-se a d o n u m a r a ci o n a l i d a d e e co n ô m i ca d e cá l cu l o d e co n ba-se q ü ê n ci a s a p e n a s or ganizacional ( SAMPAI O, 2000; 2002) .

Cr it ér ios ex t r a- or ganizacionais com dim ensões sust ent áv eis, cham ados de efet iv os ou de efet iv idade, dev em gu iar os in t r aor gan izacion ais, car act er izados pelos vet or es de eficiência e eficácia. A eficiência é m edida a par t ir dos pr ocessos de pr odução que, no seu conj unt o, det er m inam o gr au de pr odut ividade. A eficácia é v er ificada at r av és dos r esult ados desses pr ocessos de pr odução, os quais de-t er m inam , por sua vez, o gr au de com pede-t ide-t ividade. Essas definições de eficiência e eficácia sur gem no âm ago da r acionalidade ut ilit ar ist a econôm ica. Não se pr opõe, aqui, que a efet iv idade sej a um cr it ér io sobr epost o aos de eficiência e eficácia, m as se desej a r edir ecioná- los de m odo que possam super ar o m er o cálculo ( m ei-os- fins) ut ilit ar ist a, que pr ivilegia apenas a dim ensão econôm ica. É adm issível se pensar em pr ocessos de pr odução ( e seus r espect iv os r esult ados) com algum as exigências ét icas de com por t am ent o par a o capit alism o, que dir á par a fr agm ent os em er genciais de nov os sist em as de gest ão socioam bient al, em que as pessoas não sej am r egidas apenas por v alor es baseados em v ant agem pessoal, não se-j am ir r edut ivelm ent e egoíst as e m ovidas pelo aut o- int er esse ( SAMPAI O, FERNANDES e MANTOVANELI Jr., 2003) .

A efet iv idade or gan izacion al ou in t er or gan izacion al se alcan ça qu an do os pr ocessos de t om ada de decisão r elevam as conseqüências de t ais at os à com u-nidade ( inclusive consider ando o conj unt o de t r abalhador es da pr ópr ia em pr esa) , e pr ivilegia- se o hom em não só na sua dim ensão econôm ica ( or a com o consum i-dor, ora com o funcionár io) , m as, t am bém , na dim ensão socioam bient al, ist o é, com o cidadão. Par a isso, o pr ocesso de t om ada de decisão or ganizacional, par am et r izado pelo cr it ér io da efet ividade, consider a a par t icipação ( dir et a ou indir et a) dos at o-r es sociais que vão sofo-r eo-r as conseqüências de t ais at os, com o sua po-r incipal est o-r a-t égia. Par a-t icipação é o pr ocesso de se a-t or nar par a-t e de algum a coisa por opção; en t r et an t o, a par t icipação por si só t em sido in su f icien t e com o est r at égia qu e possibilit e a em er gência de um a r acionalidade m ais solidár ia. Suger e- se, ent ão, adj et iv á- la: par t icipação com pr om issada, ist o é, que v ai além de um est ado de part icipação. É um sent im ent o de t ot al responsabilidade na t ransform ação do ideal desej ado ( visão) em ação realizável ( DOWBOR, 1987; TRATEMBERG, 1987; SCHERER-WARREN, 1993; GONDI M, 1994; SENGE, 2001) .

O m ar co desencadeador dessa par t icipação com pr om issada ocor r e quando o t om ador de decisão ( cham ado de suj eit o da ação) int er - r elaciona- se com

aque-6 Par a Ar ist ót eles o livr e exer cício da vir t ude é com o a felicidade que acont ece na m ediania, ist o é, de

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les que v ão sofr er as conseqüências dessas decisões ( na m aior ia das v ezes, de-n om ide-n ados obj et os da ação) . Nessa per spect iv a, em algu m m om ede-n t o, h á u m a sim biose ent r e or ganização e seu ent or no ex t r aor ganizacional, ist o é, as conse-qü ên cias das ações dos su j eit os im pact am sobr e eles pr ópr ios. Assim , a ação com pr om issada que sur ge, sobr et udo da insat isfação m or al ( v ácuo inst it ucional) p r o v o cad a p el o s i n t er esses i n d i v i d u ai s b asead o s n o cál cu l o d e m ei o s e f i n s ut ilit ar ist as, se configur a, por sua v ez, em um a r acionalidade alt er nat iv a, m ais solidár ia. É difícil im aginar que um em pr esár io não fique per t ur bado ao despej ar o efluent e indust r ial da sua em pr esa no r io. Acr edit a- se que o v ácuo inst it ucional sur ge a par t ir de um a disposição em fazer sacr ifícios ( quando se faz algo não só volt ado par a os int er esses pr ópr ios) par a pr om over valor es com o j ust iça social e bem - est ar da com unidade. Se um a pessoa aj uda alguém em est ado de m isér ia ( quando os r endim ent os econôm icos não per m it em sat isfazer as necessidades de alim ent ação) , m ovido por um sent im ent o de m udança de um sist em a econôm ico que acha inj ust o, ist o pode ser cham ado de com pr om et im ent o ( SEN, 2000) .

Arranjos Socioprodutivos de Base Comunitária: o

enfoque da socioeconomia

Com plexificando a pr oblem át ica que t r at a de ar r anj os pr odut ivos locais, sur -gem ex per iências em cur so qualificadas com o par t icipat iv as e associat iv as, nas qu ais ain da pr edom in a o r econ h ecim en t o do en t or n o t er r it or ial e se v alor iza o con h ecim en t o t r ad icion al- com u n it ár io, car act er izad o p ela cap acid ad e d e g er ar dem andas e pr opost as que não se dist anciam nem se desvinculam das nuances e peculiar idades do cot idiano, a par t ir do olhar das pr ópr ias pessoas. Assim , quan-do se t r at a de ar r anj o sociopr odut ivo se est á pr ivilegianquan-do gr upos or ganizaquan-dos ou quase or ganizados, ar t iculados, cham ados de em pr eendim ent os com par t ilhados, e que sobr evivem sob a égide da econom ia de m er cado; ent r et ant o, pr eser vando s u a d i n a m i c i d a d e c o m u n i t á r i a . Pa r t e - s e d a c o n v i c ç ã o d e q u e a r r a n j o s sociopr odut iv os possam ser consider ados com o um a est r at égia que fom ent e co-m unidades t r adicionais a pr ot agonizar eco-m seus co-m odos de vida pr ópr ios e a defini-r em os defini-r u m os do seu pdefini-r ópdefini-r io pdefini-r ocesso de desen v olv im en t o, t odefini-r n an do- se u m a alt er nat iv a possív el à sociedade de consum o que se quer m enos hegem ônica.

O associat iv ism o d esig n a t od a ação colet iv a b asead a n u m a m od alid ad e q u a l i f i ca d a d e co o p er a çã o , i st o é, a q u el a q u e p r i v i l eg i a a co o p er a çã o sem desconsider ar as coações im post as pela busca de com pet it iv idade sist êm ica ou t er r it or ial ( SI NGER, 2002) .

O ar r anj o sociopr odut iv o de base com unit ár ia é um m icr oem pr eendim ent o com par t ilhado ( ar t iculado) no qual se super a a com pet it ividade ut ilit ar ist a econô-m ica e se pr iv ilegia ações no âeconô-m bit o de ueconô-m a r ede de cooper ação que r ev ela a com plexidade da econom ia r eal. A econom ia r eal r epr esent a um conj unt o com plxo com post o: de em pr esas for m ais or ient adas ao lucr o; de em pr esas de car act e-r íst i ca s p e-r e d o m i n a n t e m e n t e u e-r b a n a s - i n f o e-r m a i s ( p e q u e n a p e-r o d u çã o p e-r é e pr ot ocapit alist as) e cooper at iv as ou em pr esas da econom ia de com unhão e soli-dár ias ( v olt adas ao m er cado, m as não par a o lucr o indiv idual) ; de em pr esas de car act er íst icas pr edom inant em ent e r ur ais - pr odução fam iliar de aut oconsum o; e de in st ân cias gov er n am ent ais e da sociedade civ il ( SAMPAI O, 1 9 9 6 ; ARAUJO e SAMPAI O, 2004; SAMPAI O, CEBERI O, DALLABRI DA e PELLI N, 2007) .

Tr at a- se de agr egar valor aos pequenos negócios7 e, assim , aum ent ar as p ossib ilid ad es d e sob r ev iv ên cia socioem p r esar ial d ian t e d e u m a econ om ia d e m er cado. Acr edit a- se que um a out r a econom ia se est abelecer á quando for dado aos socialm ent e excluídos ( aos descalços8) t r at am ent o especial, ist o é, fom ent

an-7 Vale r essalt ar que: “ ( ...) pr at icam ent e em t odo o m undo, as m icr o e pequenas em pr esas são

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do polít icas públicas que com bat am a alt a m or t andade de em pr eendim ent os po-pular es que, em ger al, não encont r am m eios de se est r ut ur ar na econom ia de m er cado, na qual pr edom inam em pr esas dot adas de gr ande poder io t ecnológico, det ent or as de pr ofissionais alt am ent e qualificados e, ainda, com facilidade de acesso ao cr édit o. No desesper o de sobr ev iv er à acir r ada com pet ição na econom ia de m er cado, a m aior ia dos gr upos or ganizados ( cham ados infor m ais) , m icr o e peque-nas em pr esas fazem uso de pr át icas, t ais com o: salár ios baix os, sonegação ou post er gação de encar gos t r abalhist as e t r ibut ár ios, sobr et r abalho ( longas j or na-das de t r abalh o) e, at é m esm o, a apr opr iação pr edat ór ia de r ecu r sos n at u r ais ( SACHS, 2003) .

O ar r anj o sociopr odut ivo de base com unit ár ia é com post o por um a m icr or r ede in t er or gan izacion al pr in cipal qu e desen cadeia ou t r as m icr or r edes. A m icr or r ede pr incipal não é a m ais im por t ant e do ar r anj o, m as é aquela que t em com o função incubar as dem ais. Na const it uição dessa r ede m at er nal, há encadeam ent os pr o-dut ivos ver t icais a m ont ant e ( par a t r ás) e a j usant e ( par a fr ent e) . I st o é, a r elação v er t ical pr edom inant e ent r e for necedor - pr odut or car act er iza- se com o a m ont an-t e, e a r elação pr oduan-t or - disan-t r ibuidor car acan-t er iza- se com o a j usanan-t e. A m icr or r ede possui, t am bém , encadeam ent os pr odut ivos hor izont ais. A r elação hor izont al pr e-dom in an t e é en t r e pr odu t or es ( ser v iços e ben s) t er ceir izados, t odav ia sem ser espúr ia, ist o é, sem ser econom icam ent e desigual, socialm ent e inj ust a e ecologi-cam ent e im prudent e ( SAMPAI O, MUNDI M e DI AS, 2004; DI AS, 2004; MUNDI M, 2005) . Essa dinâm ica pode ser m ais bem com pr eendida a par t ir da figur a 1: Micr oest r ut ur a par a um Ar r anj o Sociopr odut ivo de Base Com unit ár ia.

Figu r a 1 - M icr oe st r u t u r a Ar r a n j o Sociopr odu t ivo de Ba se Com u n it á r ia

Encadeam ent o Pr odut iv o

Vert ical ( a m ont ant e)

Encadeam ent o Produt ivo

Horizont al

( or ganização de apoio)

Microrr ede Pr incipal

Encadeam ent o Pr odut iv o

Horizont al

( t er ceir ização não espúr ia)

Encadeam ent o Pr odut iv o

Vert ical ( a j usant e)

Fon t e: b asead o em Sam p aio; Mu n d im e Dias ( 2 0 0 4 ) , in sp ir ad o em Sach s ( 2 0 0 3 ) .

Para se const it uir um a m icrorrede int erorganizacional são ut ilizados encade-am ent os produt ivos da econom ia local. Os encadeencade-am ent os produt ivos são as rela-ções int erorganizacionais pelas quais passam e vão sendo t ransform ados e t rans-feridos insum os, produt os int erm ediários e acabados, processos de produção, dis-t ribuição e pós- venda. Cada m em bro ou conj undis-t o de m em bros do encadeam endis-t o se especializa em et apas dist int as do ciclo econôm ico ( ALBAGLI e BRI TO, 2003) .

Par a ent ender m elhor esses encadeam ent os, t r açando- se um com par at iv o ent r e a m icr oest r ut ur a do ar r anj o sociopr odut iv o de base com unit ár ia com a es-t r ues-t ur a de um a or ganização em pr esar ial, es-t er - se- ia, naqueles m oldes, a r epr esen-t ação de um a em pr esa: esen-t oesen-t alm enesen-t e ver esen-t icalizada – pr oduzindo a pr ópr ia m aesen-t ér ia-pr im a, insum os e m at er iais, desenvolvendo int er nam ent e t odo o ia-pr ocesso ia-pr odu-t iv o e encar r egando- se de odu-t odas as eodu-t apas necessár ias à com er cialização e pós-v enda - ; alt am ent e especializada, em que cada set or / depar t am ent o desem penha funções específicas visando o at endim ent o de seus obj et ivos e de t oda a or gani-za çã o ; e a u t o - su f i ci e n t e e m t o d o s o s a sp e ct o s e n e ce ssi d a d e s. O a r r a n j o sociopr odut iv o de base com unit ár ia, por ém , difer encia- se da em pr esa idealizada,

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por t r anspor o nível m icr oeconôm ico ( or ganizacional) , j á que at inge o nível t er r it or ial, c o m u n i t á r i o e s e u s d e s d o b r a m e n t o s . I s s o p r e s u m e c o n t e m p l a r r e l a ç õ e s int er or ganizacionais não só no cont ext o da cadeia pr odut iva ( dim ensão econôm i-ca ) , m a s, t a m b é m , n o s a sp e ct o s so ci a i s, a m b i e n t a i s, p o l ít i co s, cu l t u r a i s, in st it u cion ais, h ist ór icos et c, o q u e t r ad u z, assim , t od a a su a com p lex id ad e sist êm ica.

No caso de um ar r anj o sociopr odut iv o de base com unit ár ia, é necessár io fom ent ar a cr iação de novas or ganizações do t ipo associat ivist as aut ogest ionár ias9, e per m it ir, assim , que pessoas ou gr upos excluídos da econom ia de m er cado pos-sam ser in t egr ados. Par a qu e isso acon t eça dev em ser r egu ladas as possív eis r elações espúr ias ent r e pr odut or es, de m odo que se possa ev it á las. Por ex em -plo: diant e de um pr ocesso de t er ceir ização de um a em pr esa, a cr iação de um a cooper at iv a de t r abalhador es não poder ia ser m ot iv ada apenas pela m er a deci-são de dim inuir cust os t r abalhist as, m as, t am bém , pela per spect iva de aum ent ar a ofer t a de t r abalho na com unidade10. Gest ada a m icr or r ede m at er nal, est a se ex pandir ia às dem ais m icr or r edes. Ser ia difícil de pr ospect ar t odos os possív eis desdobr am ent os desse ar r anj o. Em bor a os m icr oem pr eendedor es de um m esm o r am o com pit am ent r e si, não se excluem iniciat ivas e ações que podem ser com -par t ilh adas, v olt adas à solu ção de pr oblem as com u n s, com o at u ação con j u n t a par a com pr as e v en das com par t ilh adas, n egociação com gov er n os m u n icipais, apr im or am ent o da infr a- est r ut ur a e da r ede de ser viços locais ( t ais com o qualifica-ção pr ofissional ou r e- qualificaqualifica-ção, inclusão digit al) e ar t iculaqualifica-ção com cent r os de pesqu isa, sobr et u do com as I n cu bador as Tecn ológicas de Cooper at ivas Popu la-r es ( I TCPs) sula-r gidas dent la-r o das univela-r sidades. Assim , os ala-r la-r anj os sociopla-r odut ivos d e b ase com u n it ár ia con t r ib u em p ar a u m a m aior com p et it iv id ad e e, t am b ém , r esiliência11 no conj unt o de m icr oem pr eendim ent os m ais int egr ados ( SACHS, 2003) . A aut ogest ão, de acor do com Mot t a apud Mant ovaneli Jr. ( 2001) , é o plano em qu e se dá o ex er cício colet iv o do poder par a decidir sobr e os dest in os, os pr ocessos e os r esult ados do t r abalho na aquisição e dist r ibuição de r enda. Celso Fur t ado ( 1984, p. 118- 119) r elevava a im por t ância da aut ogest ão ao r essalt ar a colet ivização dos m eios de pr odução com o um a das exper iências m ais significat i-v as de en dogen eização do desen i-v oli-v im en t o, ou sej a, u m con t r ole colet ii-v o das at iv idades econôm icas cuj os obj et iv os v isar iam a dest r uição das bases est r ut u-r ais t u-r adicionais de podeu-r e a subst it uição da lógica u-r educionist a dos m eu-r cados pou-r um a r acionalidade m ais am pla, volt ada par a a consecução do desenvolvim ent o.

O ar r anj o sociopr odut ivo de base com unit ár ia cor por ifica, por t ant o, um pr o-cesso de conhecim ent o da r ealidade no qual a decisão or ganizacional busca, em linhas ger ais, super ar o nível da par t icipação m er am ent e m ot ivada por int er esses indiv iduais e descom pr om issada do pont o de v ist a sociopolít ico. Aspect os est es consider ados im por t ant es par a o encam inham ent o de um a pr opost a na dir eção de um a out r a econom ia. Em out r as palavr as, a aut ogest ão alim ent a o cult ivo de pr át icas associadas ao ideár io do em pr eendedor ism o colet ivo, pelo o qual se visa gar an t ir dir eit os igu ais en t r e aqu eles qu e se associam para fin an ciar, pr odu zir, com er ciar ou consum ir m er cador ias. O pr incípio aut ogest ionár io desvela a possibi-lidade de se int r oduzir m odificações est r ut ur ais nos sist em as de gest ão em pr esa-r ial, est im ulando- se a descent esa-r alização de podeesa-r e o senso de esa-r esponsabilidade com par t ilhada, aum ent ando- se as chances de lucr at ividade e bom posicionam ent o no m er cado, r em uner ando- se a m ão- de- obr a acim a da m édia do m er cado, valor i-zando- se a capacit ação cont ínua dos t r abalhador es e, finalm ent e, ex pandindo- se

9 Sobr e cooper at ivism o aut ogest ionár io ver o t r abalho de Mar cos Ar r uda ( 2000) .

10 Ressalt a- se, nesse sent ido, as “ pseudocooper at ivas” ( DOWBOR, 2002, p. 43) que “ consist em em

for m as disfar çadas de t er ceir ização, onde um elo da cadeia pr odut iva de det er m inadas em pr esas é desm em br ado, e con fia- se su a pr odu ção a u m gr u po de t r abalh ador es, qu e per dem a r elação em pr egat ícia e os dir eit os sociais e passam a ser for necedor es aut ônom os da m esm a em pr esa” .

11 O conceit o de resiliência é ut ilizado para se com preender a int erconect ividade ( com plexa) ent re sist

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os espaços de inclusão social e exer cício da cidadania. O m er cado pode deixar de ser um a r efer ência e passar a ser nor t eado por im per at ivos sociais e am bient ais, o q u e r ed u n d a em su st en t ab ilid ad e econ ôm ica ( VI EI RA, 2 0 0 2 ; SACHS, 2 0 0 3 ; SAMPAI O, MANTOVANELI Jr. e PELLI N, 2004) .

Tais m odificações podem em er gir e se consolidar pr ogr essivam ent e a par t ir do sur gim ent o de fissur as nos sist em as de aut o- r egulação pela via do m er cado – a e x e m p l o d o d e s c o n t e n t a m e n t o d a s p e s s o a s q u a n t o à l e g i t i m i d a d e d a r acionalidade econôm ica unidim ensional face à vir ulência da cr ise global do m eio am bient e e do desenvolvim ent o12. Ent r et ant o, pelo fat o de desafiar em o par adigm a econom icist a dom inant e, t or na- se de difícil com pr eensão par a o público leigo e um obst áculo quase int ransponív el para par t e do público dit o “ ilust rado”. Seu ent en-dim ent o pr essupõe, ent r e out r os, um esfor ço t enaz de super ação da dicot om ia econom ia for m al ver sus econom ia infor m al - que, aliás, não t r aduz a com plexidade da econom ia r eal - , além da incor por ação, num debat e social cada vez m ais am plo, dos pr incípios da econom ia dom ést ica ( ou de subsist ência) e da cham ada econo-m ia solidár ia ou descalça ( MAX- NEEF, 1986; SACHS, 2003) .

O enfoque do planejamento do desenvolvimento regional

O associat ivism o e o cooper at ivism o r enascem com for ça em t odas as par -t es do m undo, em especial nos países em desenv olv im en-t o, onde ex per iências bem - sucedidas são t om adas com o ex em plos a ser dissem inados. Tal em er gência do pensam ent o e de pr át icas associat iv as se configur a, em gr ande par t e, com o r espost a aos im pact os ex er cidos pela globalização com pet it iv a e ex clu den t e e seus desm em br am ent os, com o, por ex em plo, a for t e descent r alização das at iv i-dades e funções do Est ado Nacional e a conseqüent e sobr ecar ga das inst âncias locais, que r essalt a a pr em ent e im por t ância dos espaços com unit ár ios com o locus socioeconôm ico na definição de polít icas públicas locais. Na análise dessa conj un-t ur a, Sanun-t os e Rodr íguez ( 2002, p. 41) concluem que “ as condições econôm icas, polít icas e sociais cont em por âneas são pr opícias ao r essur gim ent o do pensam en-t o associaen-t ivo e das pr áen-t icas cooper aen-t ivas”.

Os debat es acer ca do desenv olv im ent o local/ r egional ev idenciam que par a t or nar dinâm icas as pot encialidades de um a unidade sociot er r it or ial delim it ada, é necessár io levar em cont a os quat r o capit ais fundam ent ais no pr ocesso de desen-v oldesen-v im ent o: o capit al em pr esar ial, o capit al hum ano, o capit al social e o capit al nat ur al ( FRANCO, 2000, p. 21- 26)13.

No que diz respeit o ao capit al social, considerado por Dowbor ( 2002) o m aior f at or de pr odu t iv idade f ace à su a capacidade de ger ar espaços ar t icu lados de cooper ação e colabor ação, est e v em sendo est udado t om ando- se por base algu-m as exper iências exit osas, especialalgu-m ent e no que r ealgu-m et e a novas for algu-m as de or gnização do t r abalho, as quais, conseqüent em ent e, ger am r esult ados sociais alt am ent e favor áveis ao desenvolviam ent o local. É o caso da Ter ceira I t ália e do Coam -plex o Cooper at iv o de Mondr agón.

No caso da Terceira I t ália, ao analisarem as caract eríst icas das ações em presa-riais e as relações de t rabalho, Cocco e Galvão, referenciados por Melo e Fróes ( 2002, p. 18- 22) , ident ificaram um círculo virt uoso local, em que o fenôm eno da parceria no seu sent ido m ais am plo, figur a com o um elem ent o- chav e par a a m anut enção e

1 2 Gu e r r e i r o Ra m o s ( 1 9 8 9 , p . 1 8 2 ) , n u m a cr ít i ca à i n ce ssa n t e b u sca d e r e su l t a d o s p e l a s

em pr esas,evidenciava que “ a eficácia da or ganização e das inst it uições em ger al é m ensur ada do pont o de vist a de sua cont r ibuição dir et a ou indir et a par a a m axim ização das at ividades do m er cado, o que leva a t ipos unidim ensionais de t eor ia e pr át ica or ganizacionais ( ...) ” .

13 O capit al em pr esar ial é r epr esent ado pela pr opr iedade pr odut iva, ger ador a de r iqueza; o capit al

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sust ent abilidade do desenvolvim ent o local. Essa parceria, cuj o cerne envolve fat ores hist óricos, t radicionais e cult urais, perm it e com que surj am “ proj et os em preendedo-res próprios ( criação de pequenas e m édias em ppreendedo-resas, incubadoras de t ecnologia) , program as de qualificação volt ados para a form ação de agent es de desenvolvim ent o local e n ov os p r og r am as e p r oj et os in st it u cion ais d e ap oio ao associat iv ism o, cooperat ivism o e em preendedorism o ( ...) ” ( MELO e FRÓES, 2002, p. 19) .

O sucesso do m odelo it aliano est á em consider ar que a r egião t em que ser com pet it iva, e ist o só é at ingido com ext r em a cooper ação ent r e em pr esas, ent r e or ganizações pat r onais, inst it uições de apoio gov er nam ent al, univ er sidades; t o-dos volt ao-dos par a o desenvolvim ent o da r egião. Assim , conclu se que a com pet i-ção hoj e em dia não é m ais ent r e em pr esas, m as ent r e r egiões. Par a um a em pr e-sa não bast a ser com pet it iva isoladam ent e. A r egião por int eir o t em de ser com pe-t ipe-t iva ( CASAROTTO Filho e PI RES, 2001) .

Ainda com r elação à Ter ceira I t ália, Rober t Put nam ( 1996) , baseado em um enfoque dist int o, pr ocur ou dem onst r ar a ligação dir et a do desenvolvim ent o r egio-nal às car act er íst icas da or ganização social e das r elações cívicas encont r adas na r egião. Ten do com o base esses pr essu post os, Pu t n am est u dou os div er sos as-pect os que condicionar am as difer enças r egionais encont r adas ent r e o nor t e e o s u l d a I t á l i a . Co m p a r a n d o t a n t o o c i v i s m o , q u a n t o o d e s e n v o l v i m e n t o socioeconôm ico nas duas r egiões, nas décadas de 1900 e de 1970, concluiu que as t r adições cívicas e a capacidade de or ganização social r evelar am - se um pode-r oso det epode-r m inant e das dispapode-r idades de desenv olv im ent o socioeconôm ico encon-t r adas aencon-t u alm en encon-t e en encon-t r e as du as r egiões. Nas palav ras do au encon-t or, “ ( . . . ) qu an do t om am os por base as t r adições cív icas e o desenv olv im ent o sócio- econôm ico r e-gist r ado no passado par a pr ev er o at ual desenv olv im ent o econôm ico, const at a-m os que o civisa-m o é na ver dade a-m uit o a-m elhor pr ognost icador do desenvolvia-m ent o sócio- econôm ico do que o pr ópr io desenvolvim ent o” ( PUTNAM, 1996, p. 166) .

A inovação no discur so de Put nam ao evidenciar a int r ínseca r elação ent r e o capit al social e o desenvolvim ent o econôm ico, r em et e à concepção de que o capi-t al social conscapi-t icapi-t ui a base de um a das pr incipais escapi-t r acapi-t égias de desenv olv im encapi-t o econôm ico at ual: a cooper ação. Fr ancis Fukuyam a ( apud SOUZA FI LHO, 1999) é enfát ico ao afir m ar que as nações e as r egiões m ais pr ósper as em um fut ur o de livr e m er cado ser ão aquelas m elhor pr epar adas par a for m ar cidadãos dispost os a t r abalh ar colabor at iv am en t e e aqu elas or gan izadas par a pr om ov er associações v olu n t ár ias en t r e su as in st it u ições; ou sej a, at r ibu i à sociedade civ il u m papel im por t ant e no pr ocesso de desenvolvim ent o. Nessa m esm a linha de pensam ent o, Ser gio Boisier ( apud SOUZA FI LHO, 1999) denot a que “ a sociedade civ il, e nela com pr eendidas as for m as locais de solidar iedade, int egr ação social e cooper ação, pode ser con sider ada o pr in cipal agen t e da m oder n ização e da t r an sf or m ação sócio- econôm ica em um a r egião”.

O capit al social par a Pu t n am ( 1 9 9 6 ) apr esen t a os segu in t es in gr edien t es básicos: confiabilidade, apoio r ecípr oco, cooper ação espont ânea, confiança m ú-t ua, nor m as e cadeia de r elações sociais. Relaú-t ivam enú-t e às exper iências associaú-t ivas e cooper at iv as, n ot a- se n it idam en t e em su as est r u t u r as de r elações sociais a exist ência de elem ent os iner ent es ao conceit o de capit al social, t ais com o or gani-zação, par t icipação, solidar iedade, cooper ação, confiança e iniciat iv a. O gr au de desenv olv im ent o ou m at ur idade de t ais car act er íst icas est á dir et am ent e r elacio-nado ao est ágio de desenv olv im ent o das associações, cooper at iv as ou quaisquer out r os t ipos de t ecnologias sociais, em vir t ude da capacidade daquele capit al em ger ar r esu lt ados.

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Por out r o lado, m uit as são as exper iências de sucesso ut ilizadas com o obj e-t os de ese-t udo par a a for m ulação de e-t eor ias r elae-t ivas à sociedade civil e ao pensa-m en t o associat iv o/ cooper at iv o. A ex per iên cia cooper at iv a de Mon dr agón , apr e-sent ada a seguir, t em com o obj et ivo ex por e discut ir ar r anj os pr odut ivos locais p e n sa d o s co m o a r r a n j o s i n st i t u ci o n a i s, d a n d o o r i g e m a o t e r m o a r r a n j o s sociopr odut iv os de base com unit ár ia, que, em bor a pr eser v ando a dinam icidade com unit ár ia, sobr evivem sob a égide da econom ia de m er cado.

A Experiência da Mondragón

Corporação Cooperativa

A gênese do cooper at ivism o de Mondr agón r esult a num a exper iência didát i-ca, h aj a v ist a as con d ições sociop olít icas d esf av or áv eis d a ép oca. O caso d e Mondr agón pode ser visualizado a par t ir de t r ês fat or es - educação, facilidade de cr édit o e em pr eendedor ism o - , os quais for am fom ent ados pelo pr ot agonism o da lider ança r eligiosa ( cur a de pueblo) de José Mar ía Ar izm endiar r iet a. No ent ant o, as or igens do cooper at iv ism o v asco ( no cast elhano pr onuncia- se basco) car act er iza-r am - se t ant o pela ausência de apoio inst it ucional quant o de acesso a financia-m ent o, pela lifinancia-m it ada ou financia-m á qualidade do sist efinancia-m a educacional, efinancia-m pr eendedor isfinancia-m o incipient e e desm ot ivado, e por um a conj unt ur a dr am át ica em que o país est ava m er gulhado face à cr ise econôm ica espanhola do pós- guer r a. Apesar desse cená-r io negat ivo, deflagcená-r ou- se um novo sist em a de ocená-r ganização de pcená-r odução do t cená-r aba-lho que se adequou per feit am ent e às necessidades da sociedade v asca, car act e-r izada poe-r valoe-r es m ais solidáe-r ios e hum anos14. Esse sist em a im pulsionou a cr ia-ção e a inovaia-ção de em pr eendim ent os que ger ar am t r abalho e r iqueza à com uni-dade, balizados na j ust iça social, difer ent em ent e do m odo de pr odução capit alist a e do est ado socialist a bur ocr át ico da época.

A par t ir do diagnóst ico e da ident ificação das dem andas com unit ár ias, for am est ipulados obj et iv os e m et as adequadas a t ais dem andas. Nesse cont ex t o, des-t acar am - se o des-t r abalho em gr upo e a for m ação de líder es com pr om edes-t idos, os quais t iver am com pet ência, iniciat iva e cor agem suficient es par a conduzir pr oj et os fut u-r os am biciosos. Est es assum iu-r am u-r esponsabilidades em benefício da com unidade, cont r ar iando a lógica ut ilit ar ist a econom icist a que pr em ia som ent e a quem assu-m e assu-m aior r esponsabilidade ( AZURMENDI , 1984, p. 247) .

Quando Ar izm endiar r iet a chegou à com unidade de Mondr agón, as classes sociais est avam condenadas a se per pet uar. O filho de peão est ava condenado a ser peão ( LARRAÑAGA, 1998, p. 97) , e não hav ia m aneir a de se r om per aquele cír culo v icioso. Sob essa j ust ificat iv a, deu- se ênfase a polít icas educacionais que priorizassem as classes sociais m enos favorecidas. O obj et ivo era socializar o saber com o plat afor m a para socializar o poder, envolvendo dir et am ent e a j uvent ude. A m arginalização se iniciava a part ir da educação. Est a, ent ão, deveria ser a área pela qual se iniciaria o proj et o de um a nova sociedade: um a sociedade em ancipada, que decide o que ela quer ser, grande ou pequena, m ais ou m enos em preendedora.

O pr in cípio ger al qu e su st en t av a o n ov o pr oj et o gest ado em Mon dr agón consist ia na m et áfor a ilust r at iva kant iana de que o hom em se faz, e par a isso é necessár ia um a educação que lhe ensine a pensar por si m esm o15. Não se acr edit a que sej a por m er a cir cunst ância ou por for ça do dest ino que o car át er de um povo dê r espost as a seus pr ópr ios pr oblem as ( ARI ZMENDI ARRI ETA, 1978) .

14 Após a Segunda Guer r a Mundial se pr oduziu um a cr ise no pensam ent o ocident al. O desenvolvim ent o

cult ur al não conseguia conduzir ao desenvolvim ent o hum ano, ger ando cr ít ica à m oder nidade, t ant o quant o o pensam ent o neom ar xist a cr it icava o capit alism o. Definit ivam ent e, havia um a cr ise da r azão que não dava cont a da pr áxis hum ana. Os pr incípios do cooper at ivism o vasco, por m eio de um a for m a de or ganização social m ais hum anist a e apr egoando valor es ét icos baseados na m ensagem do Evan-g elh o, r esp on d iam assim às m azelas d eix ad as p ela id eoloEvan-g ia cap it alist a e socialist a d a ép oca ( AZURMENDI , 1984, p. 315- 318) .

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Sur gia, assim , um a m odest a Escola de Apr endizes ( em 1939) que, com o t em po, deu lugar a um Colégio de For m ação Pr ofissional ( em 1943) , ofer ecendo engenhar ia t écnica ( em 1969) , e que acabou se t r ansfor m ando na Univ er sidade de Mondr agón ( em 1997) , at ualm ent e um a das m ais r econhecidas univ er sidades do Est ado espan h ol.

O pr incípio nor t eador dessa t r aj et ór ia consist iu na for m ação cont ínua balizada nas dem andas socioem pr eendedor as. José Mar ía Ar izm endiar r iet a er a cont r ár io à acum ulação de t ít ulos acadêm ico; ent r et ant o, est im ulav a que o aluno possuísse um ofício; que sua apr endizagem fosse r eal e pr át ica, sem esquecer dos valor es hum anos sem os quais a educação não far ia sent ido. Cr iou- se, t am bém , em 1966, a pr im eira cooper at iva de est udant es – a ALECCOp ( At ividade Trabalhist a, Escolar, Cooper at iva) - por m eio da qual os alunos com pat ibilizavam est udo e t r abalho, e aut ofinanciav am suas at iv idades. Com binar o est udo t eór ico com a pr át ica r eal nas em pr esas foi um a inov ação, pois apr ox im av a a univ er sidade do m er cado de t r abalho, iniciav a o est udant e no m ov im ent o cooper at iv ist a e incor por av a a r es-ponsabilidade social na sua for m ação.

Um a vez im plem ent ada a polít ica educacional, na qual t odos da com unidade par t icipar am sem dist inção, e t endo as pr im eir as ger ações de est udant es conclu-ído os cur sos de engenhar ia t écnica, deu- se o passo que cr iar ia em pr esas basea-das n a par t icipação com u n it ár ia, com o f or m a alt er n at iv a de gest ão ao m odelo em pr esar ial convencional. No início não havia um m odelo de gest ão pr é- concebi-do, ent r et ant o, baseav a- se nos pr incípios cooper at iv os, especialm ent e na par t ici-pação dos t r abalhador es na gest ão da em pr esa. O m odelo cooper at ivist a foi ado-t ado de m aneir a for ado-t uiado-t a, j á que se pr eado-t endia cr iar um a em pr esa à m edida do m em br o com unit ár io. O m odelo foi o r esult ado do pr oj et o de Ar izm endiar r iet a16 que culm inou na cr iação da pr im eir a cooper at iv a de Mondr agón – Ulgor - , que post er ior m ent e se cham ar ia Fagor.

No m om en t o em q u e f or am cr iad as as p r im eir as coop er at iv as er a n ot ó-r ia a f alt a d e cap it al p aó-r a in v est im en t os. Paó-r a f azeó-r f ó-r en t e a est e p ó-r ob lem a f oi cr iad o u m b an co coop er at iv ist a q u e p od er ia f in an ciar as d em ais coop er at iv as e q u e, p or su a v ez, f om en t ar ia o p en sam en t o coop er at iv ist a d e Mon d r ag ón . Nascia assim , em 1 9 5 9 , a Caix a Tr ab alh ist a Pop u lar ( Caj a Lab or al) com o p lat a-f or m a d e cr éd it o q u e im p u lsion ar ia as in iciat iv as coop er at iv ist as. A cr iação d o b an co f o i el em en t o d i n am i zad o r p ar a as co o p er at i v as v ascas, p o i s al ém d e p r est ar ser v iços f in an ceir os, ser v ia com o in cu b ad or a d os n ov os g r u p os coo-p er at i v o s, co m o o g r u coo-p o co m u n i t ár i o Ul ar co ( coo-p o st er i o r m en t e i n co r coo-p o r ad o à r ed e d o Gr u p o Fag or ) .

Pouco a pouco surgiam grupos com unit ários que iam se organizando em dife-r en t es coop edife-r at iv as en cad ead as p dife-r od u t iv am en t e, cdife-r ian d o- se, assim , adife-r dife-r an j os socioprodut ivos de base com unit ária que pot encializavam a sobrevivência das pe-quenas cooperat ivas na econom ia de m ercado. Com o se deu em t oda a experiência cooper at iv a v asca, espont aneam ent e as dem andas iam apar ecendo. A par t ir da

Caj a Laboral, criou- se um a Divisão Em presarial que acabou fom ent ando e im

pulsio-nando o m odo cooperat iv ist a nos difer ent es r incões do País Vasco. A r ede foi se am pliando e, com o t em po, surgiria o Grupo Mondragón ( em 1964) .

À m edida que os pr oblem as apar eciam , t am bém sur giam as soluções sob for m as alt er nat ivas, cr iat ivas e inovadoras. Para exem plificar, em 1958, por m edi-da do Gov er no Espanhol ( pr ov av elm ent e por algum a r epr esália polít ica) , os coo-per ados do m ovim ent o de Mondr agón for am excluídos do Sist em a de Segur idade Social. Em vir t ude da ausência de t al cober t ur a, cr iou- se um segur o pr ópr io ( Segu-r o Lagun- ASegu-r o) , que passaSegu-r ia a pSegu-r est aSegu-r seSegu-r viços de seguSegu-r idade social – saúde, pen-sões e aposent ador ias. Ent r et ant o, com base no pensam ent o cooper at iv o, inst

i-16 Ar izm endiar r iet a descr eve a em pr esa cooper at iva com o “ um novo t ipo de em pr esa, na qual se

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t uiu- se um a filosofia de ger ar aut o- r esponsabilidade nos cooper ados par a que o segur o fosse ut ilizado ex clusiv am ent e nos casos de r eal necessidade, ev it ando-se falt as desnecessár ias ao t r abalho, que poder iam acabar pr ej udicando o int e-r esse colet ivo ( LARRAÑAGA, 1998, p. 206) .

D ep o i s q u e se est a b el ecer a m a s b a ses est r u t u r a i s d a ex p er i ên ci a d e Mondr agón, cr iou- se um cent r o de pesquisa e desenvolvim ent o ( P&D) , no qual se p r i o r i za r a m o a p e r f e i ço a m e n t o e o a p r e n d i za d o co n t ín u o . No co n t e x t o d o cooper at iv ism o v asco, const at ou- se que er a m ais v ant aj oso inv est ir em P&D do qu e com pr ar pat en t es. Assim , os cen t r os de in v est igação t in h am com o fu n ção est abelecer as pont es ent r e univ er sidade e cooper at iv as. A par t ir desses cent r os se r ealizav am pesquisas aplicadas que at endiam às dem andas das cooper at iv as e, assim , r efor çav a- se a r et r o- alim ent ação ent r e am bas. Em 1 9 6 8 , em er giu da Escola Pr ofissional o pr im eir o cent r o de pesquisa ( I ker lan) com o obj et ivo de ger ar aut onom ia t ecnológica.

A exper iência de Mondr agón pr ivilegiou o cooper at ivism o indust r ial baseado n a in ov ação qu e, por su a v ez, acabou est en den do ben ef ícios sin er gét icos por t oda a Com unidade Aut ônom a Vasca, sobr et udo nas ár eas sociais. O cooperat ivism o é hoj e em dia um a alt er nat iva que se pode adequar a t odos os set or es, desde a educação, indúst r ia, consum o, cr édit o et c.

Na década de 1990, o Grupo Cooperat ivo Mondragón, depois de um processo de reflexão e debat e, se t ransform ou em Mondragón Corporação Cooperat iva ( MCC) , const it uída por depart am ent os financeiros, indust riais, dist ribuição, P&D, educação e ent idades sociais. Após a consolidação da MCC, surgiram novos desafios relacio-n ados erelacio-n t r e a com u relacio-n idade e o m eio am bierelacio-n t e. É ev iderelacio-n t e qu e o pr irelacio-n cípio da su st en t a b i l i d a d e a m b i en t a l é m a i s f á ci l d e ser l ev a d o a ca b o n o s m o d el o s cooperat ivist as do que no m odelo em presarial convencional, um a vez que est e se baseia na m áxim a do ut ilit arism o econom icist a ( m eio am bient e vist o com o recurso e não com o um espaço t errit orial vit al) . A vant agem do m odelo cooperat ivist a reside em sua dim ensão hum ana e no com prom isso social, ent endido t am bém com o com -prom isso socioam bient al. O m odelo cooperat ivist a baseia- se no respeit o ao out ro e à nat ureza, ist o é, priorizando o “ nós” e relat ivizando t ant o o “ eu” com o o “ t u”. O pr oblem a da sust ent abilidade r ecai, pr incipalm ent e, par a os m odos de pr odução baseados na racionalidade econom icist a enraizada na m ent alidade m oderna17 que dissocia o indivíduo da nat ureza e de si m esm o. Quando se t rat a da responsabilidade social em presarial ou, ent ão, da práxis da sust ent abilidaresponsabilidade am bient al nas em -p r esas, d ev e- se q u est ion ar seu -p r ó-p r io m od o d e -p r od u ção e d e d ist r ib u ição, param et rizado na lógica da privat ização dos lucros ( em inent em ent e de curt o prazo) e na socialização dos prej uízos socioam bient ais ( que, aliás, é pouco visível no curt o prazo, ent ret ant o, visivelm ent e possível no m édio e longo prazo) .

O m odelo cooper at iv ist a é consider ado, nesse m om ent o, um dos m odelos m ais coer ent es com os valor es hum anos, sobr et udo no t ocant e à m aior eqüidade social ( r elação hom em - hom em ) , e aos v alor es ecológicos, quando se r epensa a r elação hom em - nat ur eza.

A Mondragón Corporação Cooperativa em números:

sustentabilidade após meio século de história

A MCC é um com plexo cooperat ivo que agrega prat icam ent e t oda um a com uni-dade - abrange 264 em presas e ent iuni-dades, das quais prat icam ent e a m et ade é cons-t icons-t uída de cooperacons-t ivas - e que com o passar do cons-t em po se escons-t endeu ao seu encons-t orno. Os n ú m er os de Mon dr agón Cor por ação Cooper at iv a t r adu zem o êx it o da exper iência cooperat iva após m ais de m eio século de at uação. ( Tabela 1)

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Ta be la 1 – Ev olu çã o de M CC ( 2 0 0 4 a 2 0 0 6 )

D ESEN V OLV I M EN TO EM PRESARI AL 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6

Vendas ( Gr upo I ndust r ial e Dist r ibuição) em € m ilhões 10.459 11.859 13.390 Representatividade das exportações nas vendas totais (% ) 49,2 54,4 56,7 N° de plant as produt iv as no ex t er ior 48 57 65 % de produção no ex t er ior em relação à produção t ot al 9,5 18,5 21,4

RECURSOS H UM AN OS

Tot al de post os de t r abalho 70.884 78.455 83.601 % de t r abalhador es sócios 81,1 81 80 % de m ulheres sócias nas cooper at iv as 41,7 41,9 41,9

GESTÀO SOCI OAM BI EN TAL

Num er o de Cer t ificações I SO 14.000 v igent es 38 42 45 Recur sos dest inados a at iv idades de cunho social 25 33 34

PESQUI SA E D ESEN V OLV I M EN TO

Núm er o de cent r os t ecnológicos 10 11 12 Núm er o de r egist r o de pat ent es 68 88 69 I nvest im ent o em P&D Gr upo I ndust r ial 74 76 87

Font e: elaborado pelos aut ores a part ir do Relat ório Mem oria de Sost enibilidad 2006 ( MCC, 2008)

A ev olu ção dos n ú m er os n os ú lt im os an os da MCC – h oj e n a sét im a posi-ção do r an k in g dos gr u pos em pr esar iais espan h óis - dem on st r a f r an co cr esci-m en t o eesci-m t er esci-m os econ ôesci-m ico- f in an ceir os, au esci-m en t o da pr eocu pação coesci-m as qu t ões socioam bien t ais e com in v est im en t os em pesqu isa e desen v olv im en t o, es-p ecialm en t e em in ov ações t ecn ológ icas.

No qu e diz r espeit o à ev olu ção das v en das, con st at a- se u m cr escim en t o de 2 8 , 0 % som en t e n o ú lt im o t r iên io ( 2 0 0 4 - 2 0 0 6 ) , r ef lex o da aber t u r a de n ov as plan t as pr odu t ivas n o ex t er ior, espalh adas pela Eu r opa, Am ér ica ( in clu siv e n o Br asil18) , Ásia e Áf r ica ( er am 3 4 em 2 0 0 1 ) , e do au m en t o da r epr esen t at iv idade das ex por t ações em r elação ao t ot al das v en das.

A MCC dest aca- se por apr esen t ar u m r it m o de ex pan são n o n ú m er o de post os de t r abalho ano a ano. Dos 53. 377 post os de t r abalho v er ificados no ano 2000, passou a 70. 884 em 2004, chegando a 83. 601 ao final de 2006, ou sej a, um cr escim ent o de 56, 6% nos últ im os seis anos ( MCC, 2006) , m ant endo- se em t or no de 80% a par t icipação dos t r abalhador es com o sócios das em pr esas.

A im por t ân cia do Com plex o Cooper at iv o n a Econ om ia Vasca se t r adu z n a su a r epr esen t at iv idade em r elação ao PI B e à ger ação de em pr egos t ot ais da

18 At ualm ent e no Br asil há seis em pr esas filiadas à Mondr agón Cor por ação Cooper at iva. Na ár ea de

aut om ação indust r ial

– Nova Par anoá, Pr om ocika e Fagor Eder lan do Br asil; com ponent es indust r iais – Copr eci do Br asil; equipam ent o indust r ial

– I r izar do Br asil; e fundição

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Com u n idade Au t ôn om a Vasca ( 3 , 8 % ) . Con sider an do- se som en t e o set or in du s-t r ial, essa par s-t icipação passa a 8 , 3 % do PI B in du ss-t r ial; 8 , 7 % dos em pr egos n a in dú st r ia e 1 4 , 9 % das ex por t ações.

O m o d e l o d e g e st ã o a m b i e n t a l ca r a ct e r i za - se p e l a a d o çã o d e a çõ e s ecoef icien t es, com o o desen v olv im en t o de sist em as de m on it or am en t o do con su -m o de en er gia, águ a, pr odu t os t óx icos, -m at ér ia- pr i-m a e e-m issão de gases e a im plan t ação de pr ocessos de m in im ização de r esídu os e r eu t ilização em et apas da pr odu ção. O au m en t o n o n ú m er o de em pr esas cer t if icadas pela I SO 1 4 0 0 0 dem onst r a a efet iv idade da gest ão am bient al.

O com pr om isso solidár io e a r espon sabilidade social em pr esar ial, car ac-t er ísac-t icas da idenac-t idade de Mondr agón, são lev ados a cabo pela aplicação anual de 1 0 % dos ben ef ícios das cooper at iv as par a o Fu n do de Edu cação e Pr om o-ção Cooper at iv a, cu j os r ecu r sos alcan çar am 1 4 6 , 2 m ilh ões de eu r os n o per íodo de 2 0 0 2 a 2 0 0 6 . Os r ecu r sos dest in ados a apoiar ações de cu n h o social f or am a ssi m d i st r i b u íd o s, em eu r os: a ) Pr o j e t o s d e f o r m a çã o e d e se n v o l v i m e n t o ed u cat iv o: • 5 2 , 7 m ilh ões can alizad os p ar a o en sin o su p er ior, p r of ission al e ger al; b) Pr om oção de at iv idades cu lt u r ais: • 1 9 , 9 m ilh ões; c) Pesqu isa e de-sen v olv im en t o: • 2 0 , 2 m ilh ões; d) Pr om oção do idioma v asco e lín gu as au t óc-t on es: • 9 , 6 m ilh ões; e) I n iciaóc-t iv as assisóc-t en ciais, su b v en ção d e p r og r am as e en t id ad es d ed icad as à in ser ção social, au x ílio a in cap acit ad os, cu id ad os com idosos, r ein ser ção de depen den t es qu ím icos, at iv idades de ONGs e pr oj et os de desen v olv im en t o n os países em desen v olv im en t o: • 4 3, 8 m ilh ões.

Além disso, dev e- se dest acar a cr iação de u m a plat af or m a de cr édit o ca-p az d e im ca-p u lsion ar os ca-p r oj et os d e socioem ca-p r een d im en t os com u n it ár ios, cu j a at u ação t or n ou - se d ecisiv a em m om en t os d e cr ise econ ôm ica e d e au m en t o das t ax as de desem pr ego. A Caj a Labor al, plat af or m a de cr édit o par a f om en t o às coop er at i v as e em p r esas l i g ad as, ob t ev e em 2 0 0 7 , r esu l t ad os b r u t os d a or dem de • 2 0 9 m ilh ões de eur os; 1 8 , 7 % a m ais qu e o ex er cício an t er ior.

Quant o às lições da ex per iência do com plex o cooper at iv o de Mondr agón -que se sobr essai pela com plex idade est r ut ur al e por possuir um a dinâm ica pr ó-pr ia n a for m a de at u ar - , pode- se sin t et izar qu e a su st en t abilidade do ó-pr oj et o que influencia at é hoj e um a r egião int eir a t ev e e t em na educação for m al cont í-nua - adequada às necessidades locais e com binando saber t eór ico com pr át ico, especialm ent e no que diz r espeit o à m anut enção dos pr incípios cooper at iv ist as -e nos gr and-es inv -est im -ent os -em p-esquisa, um d-e s-eus alic-er c-es.

No q u e d iz r esp eit o às est r at ég ias em p r een d id as, cu m p r e- se r essalt ar q u e a c o m p l e x i d a d e e s t r u t u r a l é c a r a c t e r i z a d a p o r u m g r a n d e a r r a n j o sociop r od u t iv o d e b ase com u n it ár ia, q u e p en sa colet iv am en t e em est r at ég ias e obj et iv os, con f or m e Figu r a 2 . Nesse sen t ido, dest aca- se a in ser ção das coo-per at iv as em r edes de apoio e colabor ação e o esf or ço coo-per m an en t e em t or n á-las com pet it iv as n o m er cado global. As cooper at iv as são con cebidas, de m odo ger al, com o alt er n at iv as de pr odu ção cu j o alcan ce se lim it a aos n ív eis locais ou r eg ion ais. É m u it o com u m p en sá- las com o or g an izações v u ln er áv eis q u an d o ex post as à con cor r ên cia do m er cado, pr in cipalm en t e n o qu e se r ef er e à dispu t a d e m er cad os com g r an d es em p r esas n acion ais e in t er n acion ais, com m ar cas s o l i d i f i c a d a s , u m g r a n d e p o t e n c i a l e c o n ô m i c o - f i n a n c e i r o e v a n t a g e n s t ecn ológicas. Um a das t eses con clu siv as de San t os e Rodr ígu ez ( 2 0 0 2 , p. 5 3 ) ap on t a n o sen t id o d e q u e

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Figu r a 2 - Ar r a n j o Sociopr odu t iv o de Ba se Com u n it á r ia do Com ple x o Coope r a t ivo D e M on dr a gón

E n c a d e a m e n t o P r o d u t i v o V e r t i c a l ( a

m o n t a n t e )

Em p r e s a s e co o p e r a t iv a s f o r n e c e d o r a s d e a u t o p e ç a s , s e r v iço s e s is t e m a s d e a u t o m a ç ã o in d u s t r ia l, c o m p o n e n t e s

e le t r o - e le t r ô n ic o s , f e r r a m e n t a s e s e r v iço s

p a r a c o n s t r u ç ã o c iv il; s id e r ú r g ic a s ; p r o d u t o r e s r u r a is :

h o r t if r u t ic u lt u r a e p e c u á r ia . E n c a d e a m e n t o P r o d u t i v o

H o r i z o n t a l ( o r g a n i z a ç ã o d e a p o i o e

t e r c e i r i z a ç ã o n ã o e s p ú r i a ) C e n t r o s d e p e sq u is a s

t e c n o ló g ic a s , g e s t ã o e m p r e s a r ia l, se r v iç o s

a v a n ç a d o s e d e s e n v o lv im e n t o in d u s t r ia l;

U n iv e r s id a d e d e M o n d r a g ó n ; Es c o la U n iv e r s it á r ia d e

Es t u d o s Em p r e s a r ia is ; Es c o la s p o lit é c n ic a s ; C e n t r o d e Fo r m a ç ã o C o o p e r a t iv a e Em p r e s a r ia l;

A LI D I S : c e n t r a l d e c o m p r a s;

e n t id a d e s g o v e r n a m e n t a is lo c a is ;

f u n d a ç õ e s e o r g a n iz a ç õ e s n ã o - g o v e r n a m e n t a is .

M i c r o r r e d e P r i n c i p a l

C O M P L E X O C O O P E R A T I V O D E

M O N D R A G Ó N

Em p r e s a s e co o p e r a t iv a s d a D iv is ã o I n d u s t r ia l:

e le t r o d o m é s t ic o s , c o n s t r u ç ã o c iv il, e q u ip a m e n t o s in d u s t r ia is ,

m á q u in a s e f e r r a m e n t a s.

E n c a d e a m e n t o P r o d u t i v o H o r i z o n t a l ( o r g a n i z a ç ã o d e a p o i o e t e r c e i r i z a ç ã o n ã o e s p ú r i a )

Em p r e s a s e co o p e r a t iv a s d e e n g e n h a r ia e se r v iç o s : a s s e s so r ia a m b ie n t a l, lim p e z a

e co n s e r v a ç ã o , f o r n e c im e n t o d e r e f e iç õ e s , e t c ; C a j a La b o r a l: s e r v iç o s f in a n c e ir o s e cr e d it íc io s ; C o m p a n h ia d e S e g u r o s La g u n

-A r o e a t iv id a d e s lig a d a s ; La g u n - A r o ES PV : s e g u r id a d e e

p r e v id ê n c ia s o c ia l; Fu n d o Ce n t r a l d e I n t e r c o o p e r a ç ã o , Fu n d o d e

Ed u c a ç ã o e Pr o m o ç ã o I n t e r c o o p e r a t iv a , Fu n d o d e

S o lid a r ie d a d e e Fu n d o d e A u x ílio a o Em p r e g o .

Em p r e s a s e co o p e r a t iv a s d a D iv is ã o d e D is t r ib u iç ã o

e A g r o a lim e n t a r : s u p e r m e r c a d o s , h ip e r m e r c a d o s e f r a n q u ia s ; C e n t r o d e lo g ís t ic a ; e m p r e s a s e c o o p e r a t iv a s

n o e x t e r io r ; o u t r a s c o o p e r a t iv a s e

g r u p o s c o o p e r a t iv o s

E n c a d e a m e n t o P r o d u t i v o V e r t i c a l ( a

j u s a n t e )

Fon t e: elab or ad o p elos au t or es a p ar t ir d o Relat ór io Mem or ia d e Sost en ib ilid ad 2 0 0 6 ( MCC, 2 0 0 8 ) .

A i n st i t u ci o n al i zação d e u m ar r an j o so ci o p r o d u t i v o d e b ase co m u n i t á-r ia p od e seá-r v eá-r if icad a n a asseá-r t iv a d e San t os e Rod á-r íg u ez ( 2 0 0 0 , p . 3 9 ) :

Imagem

Figu r a  1  -  M icr oe st r u t u r a  Ar r a n j o Sociopr odu t ivo de  Ba se  Com u n it á r ia
Figu r a  2  -  Ar r a n j o Sociopr odu t iv o de  Ba se   Com u n it á r ia do Com ple x o Coope r a t ivo D e  M on dr a gón

Referências

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