FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
CAIXA POSTAL 21 120 ZC - OS
RIO DE JANEIRO - GUANABARA BRASIL
Tese
de
Mestrado,
apresentada
a
"Escola
de
Pós-Gra
duaçao em Economia" (EPGE), do Instituto Brasileiro de Economia '
(IBEE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pela economista Maria
Helena Taunay Taques Horta, examinada pelos professores José Luiz
Carvalho,
Octávio
Gouvêa
de
Bulhões
e Edmar
Lisboa
Bacha,
e apro
vada com grau 9 (nove pontos).
Rio de Janeiro (GB), 21 de Agosto de 1972.
iíey Goe de Oliveira
Subd.Adm./EPGE
A-4 Formato Internacional
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
CAIXA POSTAL 21 12O ZC - O8
RIO DE JANEIRO - GUANABARA BRASIL
limo. Sr»
Diretor da Escola de Pós-Graduação em Economia
da Fundação Getúlio Vargas
Nesta
Sr. Diretor
Para os devidos fins e efeitos, declaro que examinei a Tese de
Mestrado da Sra. Maria Helena Taunay Taques Horta, entitulada "Incentivos '
Piscais a Exportação".
Considero
a Tese
aprovada
e atribuindo-lhe
grau
sete
e meio
(7»5)«
Atenciosamente,
Luiz/C arvalho
A-4 Formato Internacional
Rio de Janeiro, GB, 7 de junho de 1972
Incentivos Fiscais â Exportação
Ref.: TESE DE MESTRADO APRESENTADA A_EPGE
MARIA
HELENA
TAUNAY
TAQÜES
HORTA
teve
a
idéia
de fazer um estudo oportuno sobre a influência dos in
centivos fiscais nas exportações. 0 empenho do Gover
no
em
estimular
as
exportações
deve
merecer
a
atenção
dos meios acadêmicos para o exame dos resultados dessa
política. A escolha apropriada do tema é, portanto, u
ma demonstração de acuidade profissional, confirmada
pela exposição do trabalho.
2) O estudo é minucioso na utilização do
"Draw-back", com suas limitações em nosso país. Relaciona-se
a diferença de valor adicionado de várias mercadorias
com os impostos indiretos e seus reflexos sobre o incen
tivo ã exportação
3) 0 surto das exportações, verificado depois
de
1964,
é
atribuído, no
trabalho,
mais
ãs
restrições
impostas ao mercado interno, que aos estímulos ã expor
tação. Os dados estatísticos não desmentem a afirmat:L
va. Contudo, uma análise mais aprofundada poderia res_
saltar com maior ênfase a modificação da política cam
bial. Suprimiu-se uma barreira que deve ter tido um
e-feito
psicológico
bem
ponderado,
ao
menos
no
princípio.
Outro aspecto que poderia ser considerado é o da situa
ção
presente.
A
taxa
de
câmbio,
por
causa
da
inflação
no exterior, tem uma depreciação menor que a deprecia
ção monetária interna. Representa essa diferença a ne
cessidade de um estímulo maior para a exportação?
4) Em termos gerais a autora da tese tem ra
zão quando esclarece ser indispensável eliminar-se na
exportação o imposto indireto, pois não há como
-Ref. Tese de Mestrado ....
-2-ferí-lo para o consumidor no mercado internacional, ao
contrário do que ocorre no mercado interno. Consequen
temente, o estímulo privado da retirada do imposto é
mero ajuste de custo de produção. Não constitui um ih
centivo no sentido de "subsídio". Mas, se levarmos em
conta o fato de somente depois de 1970 ter passado a
vigorar um prazo menos rígido no pagamento dos impos
tos indiretos, revela que na época a economia de capi^
tal de giro nas exportações deveria representar um re
al estímulo.
Os referidos lapsos e certa complexidade des
necessária nos exemplos numéricos não invalidam o tra
balho. A capacidade de pesquisa está otimamente eviden
ciada, motivo porque sou levado a atribuir grau dez
(10) ã Tese.
Octavio Gouvêa de Bulhões
Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1971
Ilmo. Sr.
Prof. Mario Henrique Simonsen
Diretor da Escola de Pos-Graduaçao
em Economia da Fundação Getülio Vargas
Nesta
Senhor Professor,
binação de dados primários esparsos.
nomia, mas que, a época da ^alise, as ais v
das pelos incentivoa axnda nao «am sufxcxwt Prefl
E"S"ES
tS31Í
vrnamentalí-JSfSSt
SB
ESES
vel acadêmico quantoS31Í
governamental.í
No
que
se
refere
a analise
da
-to-
P^ita^e^ainda
ne;
cessãrio:
lise,
e
(ü)
(i)
relacionar
incluir
as
a estrutura
^^u°urad°on°centivos
<£sdJ£g
tico
coni
e dos
o cresci
lu-cros
relativos
na
exportação
e mercado
âomesti
^
eficácia
^
ser
explicitado,
pel°
--^o"J,
autora
no
IPEA,
no
pro
^/fl
DinâmioaB
Brasileira,».
vista
ao
^r^^V
rl;
nfslrie
Ensaios
EPBE.
inciosamente,
EdMAR W BACHA
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
INCENTIVOS FISCAIS A EXPORTAÇÃO
TESE
DE
MESTRADO
APRESENTADA
À
EPGE
PORiMa/y<*
//e/enó
E M
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA) \
PLANO DO TRABALHO
I - Introdução
II
- Análise
teórica
do
comportamento
das
empresas
exporta,
doras a partir de 1964
III - Discriminação dos incentivos entre setores, e suas po.s.
síveis
conseqüências
sobre
a eficácia
do
sistema
3»1 Resumo da legislação dos incentivo
3*2 Algumas observações preliminares
3»3 Discriminação setorial dos incentivos
IV - Resumo e conclusões gerais.
MAHIU
MINISTÉRIO DO PUNEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PUNEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
I - INTRODUÇÃO
A partir de 1964, o governo brasileiro tem demonstrado
um interesse crescente na promoção das exportações. Esse inte
resse pode ser constatado através da série de incentivos de or
dem
fiscal,
creditícia
e
burocrática
concedidos,
bem
como da
ins_
tituição
da
taxa
de
câmbio
flexível.
A importância
do
futuro
dinamismo
das
exportações
po
de
ser
considerada
sob
dois
ângulos
distintos:
Em primeiro lugar, para fazer face ao hiato de divisas
resultante de uma capacidade de importar insuficiente em relação
às
necessidades
de
importações
de
bens
de
capital
e insumos
que
permitam a manutenção de altas taxas de crescimento. Se mantida
a tendência
apresentada
pelo
setor
no
passado,
o estrangulamento
do setor externo resultante de uma capacidade de importar estag
nada se constituiria na mais séria limitação a obtenção de altas
taxas
de
crescimento
para
a economia
' '.
Em segundo lugar, o dinamismo do setor externo é neces^
sário
à implantação
de
um
novo
modelo
de
crescimento,
com
base
na abertura da economia para o exterior, modelo este que conduzi,
ria a economia a uma melhor alocação de seus recursos produti
vos, aumentando portanto seu nivel de eficiência. Dentro de um
novo modelo de crescimento aberto para o exterior, as exporta
ções
se
constituiriam
numa
parcela
significativa
da
demanda
a-gregada, transformando-se numa nova fonte de dinamismo para a
economia.
Esse
trabalho
se
propõe
não
apenas
a realizar
uma
ava
Ilação
dos
efeitos
sobre as
exportações,
do
conjunto
de
incenti
vos fiscais concedidos, bem como a investigar as perspectivas
do
setor
nos
próximos
anos.
A
análise
se
concentrará
sobre
os
produtos manufaturados, dado que estes foram os mais beneficia
dos pela legislação recente dos incentivos fiscais às exportações.
0 trabalho se desenvolverá em duas linhas:
(1)
Plano
estratégico
de
desenvolvimento
- IPEA-FGV
Estudos do Prof. Isaac Kerstenetsky - Instituto Brasileiro
de Economia.
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
_2-INSTITUTO DE PUNEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
1 - Inicialmente procurou-se analisar o comportamento
das empresas exportadoras a partir de 19°4, c°ni a finalidade de
identificar os principais fatores que explicam a abertura para o
mercado externo, por parte dessas empresas.
2 - Numa segunda etapa, procurou-se quantificar a in
cidência
desses
incentivos
sobre
os
diversos
setores,
bem
como
a.
pontar as discriminações existentes, advindas do fato de estarem
esses incentivos baseados na estrutura tributária vigente no
mercado interno.
II
- ANALISE
TEÓRICA
DO
COMPORTAMENTO
DAS
EMPRESAS
EXPORTADORAS
A PARTIR DE 1964
Analisando-se a evolução das exportações de manufatu
rados em anos recentes, tendo em vista o comportamento do setor
nos próximos anos, devemos procurar responder a duas indagações
básicas:
a) quais são os principais fatores que explicam o dina
mismo do setor nos últimos b anos;
b)
uma
vez
identificados
tais
fatores,
caberia indagar
como estes deverão atuar sobre o setor no futuro. Em outras pa
lavras, deve-se verificar em que medida as condições verificadas
nos últimos seis anos, e que foram responsáveis pelo dinamismo
do setor, propiciarão a este condições de manter no futuro ta
xas de crescimento equivalentes.
Observando-se o comportamento das exportações de manu
faturados a partir de 1964, podem-se identificar dois fatores
que deverão ter influído decisivamente no sentido de levar o em
presário brasileiro, anteriormente voltado a produzir pratica
mente apenas para o mercado doméstico, a se interessar em colo
car parcela de sua produção, ainda que reduzida, no mercado ex
-terno.
Em primeiro lugar, a contração da atividade econômica
verificada em 1965 e 1967, ao provocar o enfraquecimento, ^o merca
MINISTÉRIO DO PUNEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL _-z_
INSTITUTO DE PUNEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
do interno, veio forçar um interesse pelo mecado externo a fim
de se evitar um excesso de capacidade ociosa em alguns setores
da indústria de transformação. Em segundo lugar, a atuação do
Governo, implantando um conjunto de estímulos às exportações a
partir de 1964, permitindo maiores lucros à atividade de expor
tação.
Com a recessão do mercado doméstico ocorrida em 1965 e
1967* a atividade de exportação torna-se interessante para a fir,
ma. Na medida em que o mercado doméstico não seja capaz de ab
sorver a "produção ótima" da empresa, as exportações tornam-se
rentáveis desde que o preço internacional seja superior ao custo
marginal do produto. Mesmo sendo o preço internacional inferior
ao custo médio do produto, desde que seja superior a seu custo
marginal, as exportações permitem à empresa cobrir parte de seus
custos fixos, aumentando seu lucro ou diminuindo o prejuízo. Es
sa
é a
idéia
de
exportar
ao
custo
marginal,
testada
com
plena
a-~ ~ (l)
ceitaçao nas funções de oferta de exportação v '. Constatou-se
também
nas
funções
de
oferta,
que
se o
interesse
da
firma
em
ex
portar, no entanto, não tivesse sido reforçado pelos benefícios
concedidos,
muito
possivelmente,
finda
a fase
de
recessão
e
re
cuperando-se o nível de demanda interna, teria sido eliminado o
fator
básico
de
interesse
pelo
mercado externo
e as
firmas
deixa
riam
de
exportar.
Porém,
na
medida
em
que
se
recuperava
a ativi.
dade interna, novos incentivos foram sendo concedidos, deslocan
do
continuamente
para
cima
a curva
de
receita
marginal
do
ex
portador, e assim propiciando maiores níveis de exportação.
Resumindo,
poderíamos dizer
que
a indústria
de
trans
formação, que já vinha operando com alguma margem de capacidade
ociosa antes de 1964, com a crise econômica de 1965 e depois
1967 passou a exportar na medida em que tal atividade lhe permi
tia cobrir parte de seus custos fixos. Da conjugação desse feno
meno com toda a série de incentivos às exportações a partir de
(l)
Hipóteses
estas
que
foram
testadas
no
modelo
de
oferta
para
o período 63/68, "Exportações Dinâmicas Brasileiras" IPEA,
1971.
MINISTÉRIO DO PUNEJAMENTO E COORDENAÇÃO QERAL u
INSTITUTO DE PUNEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
então
concedidos,
resultou
o grande
dinamismo
do setor
nos
últi.
mos seis anos. A partir desses dados, duas questões fundamen
tais
para
a
análise
do
comportamento
futuro
do setor
devem
ser
colocadas:
1 - Na medida que as exportações cresceram basicamente
mediante uma utilização mais intensiva da capacidade instalada
do setor, e que o interesse pelas exportações, pelo menos de iní,
cio,
não
foi
devido
à
sua
alta
rentabilidade,
mas sim
devido
à
incapacidade do mercado interno em absorver o potencial de pro
dução instalado, terão sido os incentivos concedidos suficien
tes, para que, mesmo com uma rápida expansão do mercado interno,
a parcela
da
produção
destinada
à exportação
não
seja
reorienta-da para o mercado interno ?
2 - Na medida em que as exportações não possam mais se
expandir na margem, aproveitando-se da capacidade subutllizada,
o maior ou menor dinamismo no futuro estará condicionado a no
-vos investimentos visando aumento de capacidade instalada. Nesse
sentido, terão sido os incentivos concedidos de ordem tal, a tor
nar as exportações uma atividade em si rentável, capaz de moti
var novos investimentos tendo em vista a finalidade de exportar?
Considerando-se que os produtos exportados são também
vendidos no mercado interno, a demanda para esses produtos será
o somatório
da
demanda
externa
e interna.
Vamos
supor
que
a de
manda
externa
seja
infinitamente
elástica
ao
preço
'1', o
mesmo
não
ocorrendo
com
a demanda
interna.
Como
a maioria
das
emprê
sas
exportadoras
têm
seus
preços
no
mercado
interno
fixados
pe
lo
CIP
(Conselho
Interministerial
de
Preços),
cuja
política
con
siste em conceder aumentos de preços proporcionais aos aumentos
nos custos, mantendo portanto constante a margem de lucro da
(1)
Podemos
fazer
esta
hipótese
"a
priori"
uma
vez
que,
tratan
do-se de produtos manufaturados, a participação do Brasil
no
comercio
externo
é quase
nula.
Assim,
qualquer
que
seja
a^elasticidade da procura, a demanda do Brasil (que seria en
tão
uma
"firma"
ofertando
marginalmente)
seria
infinitamen
te elástica.
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTTTVTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
-5-empresa no mercado interno, a curva de demanaa para esses produ
tos teria o aspecto do gráfico abaixo:
GRÁFICO Ia
Demanda interna
GRÁFICO lb
Demanda externa
GRÁFICO lc
Demanaa total
X
Vejamos então gràficamente a forma de reação de uma em
presa diante de uma situação de crise no mercado interno conjuga
da com incentivos à exportação.
Os incentivos fiscais concedidos às exportações de ma
nufaturados,
tais
como
draw-back,
isenção
de
ICM
e
IPI
e os
cré
ditos fiscais de IPI e ICM, têm o mesmo efeito sobre os ajusta
mentos no preço e na produção, podendo ser vistos como um deslo
camento na curva de receita marginal do mercado externo para ci
ma.
Vamos supor que o nosso empresário é racional, que de
cide o que produzir, e para quem produzir, de forma a maximizar
o seu lucro. Portanto, dada a possibilidade de vender em dois '
mercados separados, irá discriminar o preço, vendendo conforme
a situação, em ambos os mercados.
Vejamos a seguir as diversas situações que poderão ter
ocorrido a partir de
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
-6-Em
primeiro
lugar
examinemos
a
situação
em
que
a empr£
sa se encontrava até 1964, produzindo apenas para o mercado in
terno:
GRÁFICO II
A
empresa
produz apenas
para
o mercado
doméstico
i
zindo
preço
«o X
A empresa se encontra assim na situação inicial
produ-e vendendo toda a produção para o mercado interno, ao
0 preço no mercado internacional é inferior ao seu
custo marginal, não lhe interessando portanto exportar.
Ocorre então recessão da demanda interna, ao mesmo tem
po
em
que
são
concedidas
isenções
e créditos
fiscais
às
exporta
ções.
A curva de demanda do mercado interno irá se deslocar
para
a esquerda,
ao
mesmo
tempo
que
a curva
de
receita
média
e
marginal das exportações se desloca para cima (via incentivos
fiscais,
cambiais,
etc...).
Duas situações diferentes poderão ter ocorrido:
A - Após as modificações na curva de demanda, as empre
sas reduzem ou mantêm constante a sua produção, começando a ex
portar:
GRÁFICO Illb
A empresa mantém sua
produção constante
GRÁFICO Illa
P
A empresa reduz sua
MINISTÉRIO DO PUNEJAMENTO E COORDENAÇÃO QERAL
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
-J-No gráfico Illa a empresa se encontrava produzindo
inicialmente
x-,
para
o mercado
doméstico
ao
preço
pQ.
Após
as
modificações
na
curva
de
receita
marginal,
passa
a produzir
x1^
,
vendendo x1, para o mercado interno ao mesmo preço pQ e ven
xl.
No
gráfico
Illb
a
emprê
dendo para o mercado externo x" - l.
sa se encontrava inicialmente produzindo Xq e vendendo toda a
sua produção para o mercado interno. No período seguinte, embora
continue
produzindo
a
mesma quantidade
inicial
x
, colocará
no
mercado interno apenas xl e o restante xQ-xJ venderá para o
exterior.
Ê interessante observar que em ambos os casos a situa
ção no mercado interno não foi alterada pela concessão dos incen
tivos. Caso nenhuma isenção ou crédito de ordem fiscal tivesse si
do concedida às exportações a empresa teria produzido apenas x, e
vendido toda sua produção no mercado interno. Em ambos os casos
as exportações foram realizadas apenas devido a uma maior utiliza.
ção da capacidade instalada, que não teria sido provavelmente
a-proveitada se condições mais favoráveis não tivessem sido criadas
às
exportações.
Em ambos os casos, no entanto, os incentivos foram su
ficientes para levar as empresas a exportar numa situação de cri
se, a fim de amortizar seus custos fixos. No entanto, tão logo
houvesse uma recuperação da demanda interna, a empresa voltaria
novamente a produzir apenas para o mercado interno, interrompen
do as suas exportações.
B - Após as modificações da curva de demanda, a empresa
aumenta o seu nível de produção, vendendo parte de sua produção
para o exterior.
GRÁFICO IV
A empresa expande sua produção
Rwei
MINISTÉRIO DO PUNEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL u
-o-INSTITUTO DE PUNEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
No
Gráfico
IV
a empresa
se
encontrava
inicialmente
pro
duzindo xQ e vendendo toda a sua produção para o mercado inter
no
ao
preço
po.
Após
as
modificações
em
sua
curva
de
demanda
a
empresa passa a produzir x'| vendendo para o mercado interno xK,
e
x'í
" xl
para
° mercad0
externo.
É interessante
observar
que
x?j, volume de produção colocado no mercado interno, seria também
o volume de produção da firma se não houvesse incentivos à expor
tação.
As
exportações, nesse
caso,
também
se
deram
via
utiliza
ção
mais
intensiva
da
capacidade
instalada,
e não
através
de
uma
realocação
das
vendas da
empresa
do
mercado
interno
para
o merca
do externo. Nesse caso, voltando a demanda interna ao mesmo ní
vel anterior, a empresa continua exportando, se bem que em menor
volume.
Venderá
para
o mercado interno
Xq
ao
mesmo preço
p
e
exportará x'| - xo.
Ê interessante
observar
que
em
toda
a análise
desenvol_
vida
até
agora
os
aumentos
nos
níveis
de
produção
se
verificaram
não
através
de
aumentos
da
capacidade
instalada,
e sim
através
de
sua utilização mais intensiva, dada a hipótese de subutilização
inicial.
0 que
a análise
até
agora
desenvolvida
não
mostrou
é
que o interesse em exportar poderá estar refletindo duas motiva
-ções
distintas,
que
deverão
por
sua vez
provocar
diferentes
resul,
tados sobre o dinamismo futuro do setor:
1)
os
deslocamentos
na
curva
de
receita
média
e
margi
nal da firma, provocados pelo incentivo, foram suficientes para
lhe permitir uma receita marginal de exportação superior ao seu
custo marginal e em alguns casos mesmo, superior a seu custo mé
dio.
Não
foram
porém
suficientes
para
tornar
as
exportações
uma
atividade
tão
rentável
quanto
produzir
para
o mercado
doméstico;
2)
alternativamente,
os
incentivos
fiscais
concedidos
já
foram
suficientes
para
tornar
a rentabilidade
das
exportações
próxima
à rentabilidade
obtida
nas
vendas
para
o mercado
interno.
No primeiro caso, as exportações continuarão a crescer
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL ~9~
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
apenas
enquanto
houver
capacidade
ociosa.
É possível
mesmo
que
nos planos de expansão ou implantação de uma firma, o mercado ex
terno seja considerado marginalmente na medida em que o mercado
interno não seja ainda suficientemente amplo para absorver a capa
cidade mínima de produção econômica. Porém desde que a rentabili.
dade
no
mercado
externo
seja
muito
inferior
à
rentabilidade
no
mercado interno, haverá sempre uma tendência a concentrar as ven
das neste. Nesse caso, o grau de utilização da capacidade insta
lada, bem como um rápido crescimento do mercado interno limita
riam no tempo o crescimento das exportações.
No segundo caso, na medida em que as exportações apre
sentem uma taxa de rentabilidade que se aproxime da vigente no
mercado interno, mesmo não havendo mais capacidade ociosa, e mes
mo que a demanda cresça rapidamente, as exportações poderão conti
nuar a apresentar elevadas taxas de crescimento, uma vez que es
tas, por si mesmas, representam motivação suficiente para levar
o produtor a expandir sua capacidade de produção.
Ainda dentro da classe dos manufaturados, caberia ana
lisar
o caso
daqueles produtos
que
tradicionalmente
já
eram
expor_
tados pelo Brasil, ou seja, bens que produzimos com grau de efi.
ciência
razoável,
e que
portanto
temos
condições
de
concorrência
no
mercado
externo,
independente
de
incentivos
às
exportações.Nejs
se
caso
se
encontram
alguns
produtos químicos
orgânicos,
óleos
es.
senciais
e produtos
aromáticos
e de
perfumaria,
produtos
têxteis
e metais comuns
empregados
na
metalurgia,
que
em
19bO
constituíam
74,7$ das exportações totais de manufaturados.
0 efeito dos incentivos sobre esses produtos apresenta
ria resultados semelhantes ao 29 caso anteriormente analisado,em
que a produção orientava-se basicamente para o mercado interno. A
diferença se constituiria em que ,mesmo com a retraçáp do mercado in
terno^ empresa que já exportava dificilmente diminuiria seu volume
de
produção,mesmo
que
não
fossem
dados
incentivos
à exportação.
Ape.
nas, com a alteração do mercado interno, esta passará a colocar
maior parte de sua produção no exterior. Dados os incentivos, des.
de que ela opere com alguma margem de capacidade ociosa, o resul
tado seria um maior nível de produção e maiores exportações como
MINISTÉRIO DO PUNEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PUNEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
-10-é ilustrado pelo gráfico V.
GRÁFICO V
Empresa tradicionalmente exportadora
*
Analisemos
gràficamente
a
situação.
A empresa
se
encon
tra inicialmente produzindo Xq, para o mercado interno e x - x1
para o mercado externo. Com a retração da demanda interna, desl£
cando a curva de demanda para a esquerda, juntamente com os estí
mulos
fiscais
às
exportações
deslocando
para
cima
a curva
de
re
ceita
média
e marginal
das
exportações,
a empresa passará
a produ.
zir Xg vendendo menos para o mercado interno (x"), e exportan
do ( 'y
Restabelecendo-se
o nível
de
demanda interna
anterior,
as vendas para o mercado interno voltarão à posição inicial x1.
Caso
a empresa
já
estivesse
funcionando
com
sua
capacidade
ple
namente
utilizada,
os
incentivos
às
exportações
não
teriam,
pelo
menos a curto prazo, nenhum efeito nem sobre o nível de produção
da firma, nem na composição das vendas da firma entre os dois mer
cados; a menos que os incentivos fossem de tal ordem que provocas,
sem um deslocamento na curva de receita marginal da exportação da
firma colocando-a acima da curva de receita marginal no mercado
interno, quando a firma teria então interesse em exportar toda a
sua produção.
Há
ainda
o caso
em
que
a empresa
já produzia,
em
1964,
MINISTÉRIO DO PUNEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
-11-apenas para o mercado externo. Para estas empresas, desde que não
houvesse inicialmente capacidade ociosa, o efeito dos incentivos
sobre
o nivel
das
exportações
a curto
prazo
será
nulo.
É interessante
comparar
a taxa
de
crescimento
das
expor
tações
a partir
de
1964,
com
o comportamento
do
índice
de
produto
real
da
indústria,
considerado
como
indicador
do nível
de
ativida
de econômica interna.
QUADRO I
COMPORTAMENTO DO PRODUTO REAL DA INDÚSTRIA E DAS
EXPORTAÇÕES
EM
TERMOS
DE
TAXAS
DE
CRESCIMENTO
ANO
1965
1966
1967
1968
1969
1970
INDÚSTRIA
{%)
- ^,72
11,69
2,97
13,17
10>75
(X)
10,40
EXPORTAÇÕES
56,65
- 11,79
47,72
- 8,90
h0>^
(x)
65,00
(x)
Estimativa.
Ponte: Contas Nacionais - FGV
Comércio
Exterior
do
Brasil
- IBGE
Em linhas gerais, o comportamento das exportações até
1968
se
ajusta
ao
esquema
teórico
descrito.
Nos anos
de
contra
ção
da
atividade
econômica,
as
exportações
de
manufaturados
cres
cem a taxas bastante elevadas. Tão logo se recupera o nível de
atividade interna, a taxa de crescimento cai ou mesmo se torna ne.
gativa, voltando-se novamente a produção mais para o mercado in
terno.
Esse
fenômeno
I perfeitamente
explicado,
se
aceitarmos
a
hipótese
que
as
exportações
representavam
uma
forma
de
evitar
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
-12-pacidade ociosa e reduzir custos fixos, exportando-se a qualquer
preço superior ao custo marginal.
Dentro ainda da mesma linha de raciocínio, pode-se par_
cialmente explicar o maior dinamismo dos setores novos, com peque,
na
participação
nas
exportações
de
manufaturados
até
1964,
em
de
trimento
dos
setores
tradicionalmente
exportadores.
A participa
ção
das
exportações
da
classe
6,
máquinas,
veículos
seus
perten
ces
e acessórios
no
total
das
exportações
de
manufaturados,
passa
de
8,2$
em
1960
para
31,6$
em
1968,
enquanto
que
a participação
dcs
setores
tradicionalmente
exportadores
como
o
setor
químico
e
têx
tll
cai
respectivamente
de
36,8$
e
16,0$
em
1960
para
20$
e
9,3$
em
1968
f1'.
Em primeiro lugar os setores tradicionalmente exporta
dores
foram
menos
afetados
pelas
crises
de
demanda
interna,
dado
que
boa
parcela
de
sua
produção
tinha
uma
demanda
garantida
no
ex
terior.
Por
outro
lado,
a maior
parte
dos
produtos
manufatura
dos,
que
já
eram
normalmente
exportados
antes
de
1964,
consti
tuem-se
de
produtos
com
pequeno
grau
de
elaboração
e
intensivos
de
recursos
naturais,
que
foram
os
produtos,
como
veremos
a
se
guir,
que
menos
se
beneficiaram
dos
incentivos,
e que
sofreram
portanto
menores
deslocamentos
na
curva
de
receita
marginal
das
exportações.
Considerando-se
ainda
que
o setor
exportador
funcio
nava com pequena ou mesmo nenhuma margem de capacidade ociosa,
este
não
teve a
mesma
flexibilidade
de
aumentar
as
exportações
a-través
de
uma
utilização
mais
intensiva
da
capacidade
instala
da.
Em
1969
e 1970,
no
entanto,
as
exportações
de
manufatu
rados
apresentaram
altas
taxas
de
crescimento,
paralelamente
a
(1)
Essa
queda,
no
caso
do
ramo
químico,
deve-se
principalmente
a perda
de
participação
dos
produtos
químicos
orgânicos,
que
cai
de
36,8$
em
1960
para
10$
em
1968,
e dos
óleos
essenciais-
e
produtos
aromaticos
e de
perfumaria,
cuja
participação
passa
de
10$
em
1960
para
5$
em
1968.
MINISTÉRIO DO PUNEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL _, -*_
INSTITUTO DE PUNEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
uma situação interna extremamente favorável. Esse fenômeno pare
ce indicar uma mudança no comportamento dos exportadores a partir
de
1969.
Com
a
instituição
da taxa
de
câmbio
flexível,
em agosto
de 1968, protegendo os exportadores de perdas de receita devidas
a alta de preços internos, e com a regulamentação dos créditos
de IPI em julho de 1969 e do ICM em 1970 por diversos estados,
permitindo aos exportadores não apenas maiores lucros como redu
ções nos preços do produto exportado capazes de permitir ao pro
dutor nacional penetrar em novos mercados, é razoável supor que
o mercado externo tenha-se transformado num mercado potencialmen
te interessante independentemente da situação econômica interna.
III - DISCRIMINAÇÃO DOS INCENTIVOS ENTRE SETORES E SUAS POSSÍVEIS
CONSEQÜÊNCIAS
SOBRE
A EFICÁCIA
DO
SISTEMA
3.1 - Resumo da legislação dos incentivos.
0 atual sistema de incentivos fiscais às exportações
começou a ser implementado a partir de 19o4, sendo desde então
continuamente
aperfeiçoado.
A primeira decisão, no sentido de promover exporta
ções,
foi
tomada
na
Lei
n9
3 244
de
14.8.1957,
instituindo
o regi
me de
"draw-back",
que
porém
só
foi
regulamentada
pelo
decreto
n9 53 967 de 15.b.b4. Entende-se por regime de "draw-back" a
restituição, suspensão ou franquia, total ou parcial, do imposto
de importação devido sobre matérias-primas e componentes utiliza
dos na composição de produtos destinados a. exportação.
Têm-se
as
seguintes
modalidades
de
aplicação
do
"draw-back":
a. suspensão do pagamento do imposto devido condi
cionado a um plano de importação-exportação previamente aprovado,
até a
comprovação
das
exportações.
0 procedimento
necessário
ao
exportador a fim de poder se beneficiar do regime de "draw-back "
sob
essa
forma,
além
de
ser
extremamente
complicado
quanto
a
sua
forma
burocrática,
implica
num
planejamento
rigoroso
por
parte
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA) ~
da
firma
quanto
a seus
planos
de
produção
e exportação,
bem
como
ruma
excessiva
rigidez
quanto
às
especificações
técnicas
dos
pro
dutos,
exigindo-se
a especificação
qualitativa
e quantitativa
da
mercadoria
a ser
importada
e da
correspondente
a
ser
exportada,
dificultando
assim
o aproveitamente
dessa forma
de
estímulo;
b.
franquia
de
imposto
sobre
importação
posterior
de
mercadorias,
em
quantidade
e qualidade
equivalentes
às
de
origem
estrangeira
utilizadas
no
produto
anteriormente
exportado.
Essa
modalidade
do regime
de
"draw-back"
já
permite
ao
produtor-expor
tador
uma
maior
flexibilidade,
funcionando
mais
ou
menos
como
un
sistema
de
crédito,
no
qual
o imposto
de
importação
pago
sobre
matérias-primas
e componentes
importados
utilizados
em
exporta
ções
anteriores
é creditado
aos
exportadores
que
poderão
se
bene.
ficiar,
em
futuras
importações
de
matérias-primas
e componentes,
de
isenções
equivalentes
ao
montante
do
imposto
de
importação
já
efetivamente pago;
c*
restituição
do
imposto
oae;o.
Nesse
caso,
após
e-fetivada
a exportação,
a firma
pedirá
a restituição
do
imposto
de
importação
pago
sobre
matérias-primas
e componentes
importa
dos
referentes
à parcela
da
produção
exportada.
Se
bem
que
de
utilização
mais simples
do
que
a suspensão
do imposto,
o exporta
dor
deverá inicialmente
arcar
com
os
custos
de
importação,
que
representará
um
desembolso
efetivo
para
a firma,
e só
depois
de
efetuada
a operação
é que
esta
receberá
de
volta
a quantia
paga.
A modalidade
do
regime
de
"draw-back"
mais
utilizada
pelos
exportadores
e o sistema
de
importação
posterior com
fran
quia
de
imposto,
devido
à sua
maior
operacionalidade.
Devido
às
dificuldades apresentadas
para
o aproveita
mento
do
"draw-back", esse
é normalmente
utilizado
em
maior
esca
Ia
pelos
exportadores
que
empregam
componentes
importados
na
sua
produção,
mesmo
assim,
quando
estes
representam
uma
parcela
sig.
nificativa do custo total.
Quando
as
necessidades
de
insumos
importados
se
limi
tam
a matérias-primas
com
pequena
participação
no
custo
total
do
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO QERAL
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
-15-produto, o exportador normalmente prefere abrir não dessa fórmula
de estímulo, considerando que os ganhos que iria alcançar não
compensam o trabalho da obtenção do "draw-back".
QUADRO II
UTILIZAÇÃO DO "DRAW-BACK" POR SETOR
(1964-1969)
SetorMecânica
Mat.elétrico Prod. Al.Têxtil
MetalurgiaQuímica
MadeiraCouro, prod. ccuro
Bebidas
Papel e s/prod.
Fumo Outros TOTAL 3/ Valor Imp. 17.883.240 6.074.656 2.377.186 987.816 6.39O.O8O 867.054 500.210 1.478
452.989
35.089
1.991 114.7bl 35.686.550%
50.11 17.02 5.66 2.77 17.912.43
1.40 1.27 .10 .01 .32 100.00Valor Exp. -*
64.539.520
34.860.993
43.967.945
4.208.34120.098.717
10.783.893
7.2Ü3.505 49.048 2.564.634 208.792 223.265 1.211.103 190.099.75633.45
18.34 23.13 2.21 10.57 5.413.83
0.03 1.40 .11 .12 .64 100.00 Valor Imp./Va lor Exp 27.7117.43
5.41.23.47
31.79 8.046.87
3.01 17.00 16.81.89
9.48Fonte;
Conselho
de
Política
Aduaneira,
dados
inéditos.
1/
Valor
das
importações
de
matérias-primas
e componentes
que
utilizaram
o
"draw-back"
no
período
1904-1969,
segundo
se
tores insumidores.
2/
Valor
das
exportações
que
utilizaram
insumos
importados
com
draw-back"
no
período
1954-1969
por
setor.
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
-16-Q.UADRO III
UTILIZAÇÃO
DO
"DRAW-BACK"
ATÉ
1969
ANO 1964
1965
19661967
19681969
TOTAL1/
Valor das Importações 3.069.8963.054.313
2.607.874 7.414.082 14.447.086 5.093.299 35.686.5502/
Valor das Exportações29.410.813
14.912.70224.473.091
31.072.93260.515.059
29.717.159 19O.O99.756 Valor ImD. Valor Exp. 10.44 20.48 10.66 23.8623.87
17.15 N9 Process. Aprovados 178 94 262 334 273 126 1.200Fonte;
Conselho
de
Política
Aduaneira,
dados
inéditos.
QUADRO IV
PARTICIPAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DE MANUFATURADOS QUE UTILIZARAM
"DRAW-BACK"
NO
TOTAL
DAS
EXPORTAÇÕES
DE
MANUFATURADOS
0 ] ANO
1965
19661967
19681969
Exp. Manufaturados(classe 5, 6, 7, 8)
US$ 1.000 109.476 96.836
142.703
129.992181.367
iExp. de Manufaturados
que utilizaram "draw-back" 2/ US$ 1.000 10.918
19.833
24.131
43.496 21.838%
9.97 20.48 16.91 33.46 12.04Fonte: Conselho de Política Aduaneira, dados inéditos.
1/
Total
das
importações
de
insumos
que
utilizaram
o "draw-back"
até
1969.
-2/ Total das exportações que utilizaram insumos importados com
"draw-back", até 1969
Exclusive produtos alimentares, madeira, couro e fumo.
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO Ê COORDENAÇÃO GERAL
-17-INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
Os setores que utilizam em maior escala o "draw-back"
são os setores mecânico , material elétrico e metalúrgico. Do
total de insumos importados até 1969, com isenção de impostos,
85$
do
total
foi
utilizado
por
esses
setores,
sendo
que
só
o se.
tor
mecânico
utilizou
50$.
Como
podemos
ver
no
Quadro
II
a
participação dos insumos importados ao valor da produção expor
tada, para esses setores, é bastante elevada, e superior a essa
participação para a maior parte dos setores. Podemos também o.b
servar no Quadro III, coluna I, que o volume de insumos impor
tados sem pagamento de impostos tem crescido bastante desde 1964.
Observando-se no entanto o valor das exportações que utilizaram
o
"draw-back"
a partir
de
1965
(Quadro
III,
coluna
2),
como
tam
bém
o número
de
resoluções
aprovadas
anualmente
(Quadro
III,
c£
luna
K)
até
1969,
verifica-se
que
não existe
uma tendência
mui
to forte, que indique um maior aproveitamento do "draw-back" nos
últimos
anos,
tanto
no
que
se
refere
ao
valor
da
produção
expor
tada,
como
também
ao
número
de
isenções
requeridas.
Esse
fe
nômeno nos serve como indicador, de que o "draw-back" tem sido
aproveitado cada vez mais apenas para setores nos quais maté
rias- primas e componentes importados, tem uma participação ele.
vada
no custo
final.
Esse
fato
se
deve
principalmente
às
difi
culdades da obtenção do "draw-back", que desistimula os exporta
dores para os quais a participação dos insumos importados não é
muito significativa. Se tomarmos a participação das exporta
ções
de
manufaturados
que
aproveitaram
o
"draw-back",
no
total
das exportações de manufaturados, esta participação não ultra
passa
~5%
(Quadro
IV,
coluna
3),
verificada
em
1968,
o que
nos
leva a crer que o "draw-back" poderia ser utilizado em maior es.
cala do que atualmente.
0
segundo
estímulo
fiscal
foi
concedido
pela
Lei
n?
k 663,
de
3.6.65,
regulamentado
pelo
Decreto
n9
56.967,
de
I.IO.65,
pelo
qual
é permitido
à empresa
deduzir,
do
lucro
tri.
butável,
até
o exercício
de 1971,
(já
estendido
até
1972),a
par
cela
correspondente
à
exportação
de
manufaturados,
bem
como
a
venda no mercado interno de produtos manufaturados contra paga
mento
em
divisas
conversíveis
resultantes
de
financiamentos
a longo prazo de instituições financeiras internacionais ou en
tidades governamentais estrangeiras.
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL , o
-lo-INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
0 efeito sobre a rentabilidade da firma devido à isen
ção do pagamento do imposto de renda será tanto maior, não ape
nas quanto maior a participação das exportações no total de ven
das
da
firma,
como
também
quanto
menor
for
a
diferença
entre
o
lucro
das
exportações
vis-à-vis
vendas
internas.
(Essa
diferen
ça
será
determinada
basicamente
pela
relação
entre
preço
domésti_
co e preço de exportação).
Temos em seguida as isenções de impostos sobre o valor
adicionado. A primeira, referente ao IPI, foi concedida pela
Lei n9 4 502, de 30.11.04, regulamentada pelo decreto n9 61 514,
de 12.10.67. Quando a exportação é efetuada diretamente pelo
produtor a Lei prevê o ressarcimento por compensações ou por via
de restituição, quando não for possível a recuperação,, pelo sis.
tema
de
créditos,
do
IPI
pago
sobre
matérias-primas
e
componen
-tes.
A isenção de ICM sobre produtos industrializados expor
tados
é matéria
da
Constituição
de
24.1.67,
tendo
sido
regulamen
tada
sbmente
pelo
Decreto-lei
n9
406,
de
31.12.67.
Recentemente, além das isenções, foi também instituído
o crédito
fiscal
do
IPI
pela
Lei
n9
491
de
5.3.69,
regulamentado
pelo Decreto n9 64 833, de 17.7.69. As empresas exportadoras
de produtos manufaturados podem se creditar em sua escrita fis
cal, como ressarcimento de tributos, da importância corresponden
te ao imposto sobre produtos industrializados, calculados como as
devido
fossem
sobre
o valor
FOB
de
suas
exportações
(1',
respei.
tada
a alíquota
máxima
de
15$,
ou seja,
o
crédito
de
IPI
não
p£
de
ultrapassar
15$
do
preço
POB
de
exportações
do
produto.
(l)
Ou
sobre
o valor
CIP,
se
as
exportações
forem
efetuadas
em
navios de bandeira brasileira e os seguros efetuados em
companhias brasileiras.
MINISTÉRIO DO PUNEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
Caso haja excedente de crédito, este poderá ser trans
ferido para exercícios posteriores, utilizado no pagamento de ou
tros tipos de tributos, transferido para outro estabelecimento in
dustrial da mesma empresa ou em que a empresa mantenha relação
de
interdependência
e,
na
comprovação
de
excedente,
poderá
mesmo
receber o valor em espécie, a título de restituição. 0 crédito
de
IPI
é
também
assegurado
às
matérias-primas
e matérias
de
emba,
lagem efetivamente utilizados na industrialização dos produtos
exportados.
Finalmente, a partir de 1970, alguns Estados passaram
a
conceder
o crédito
do
ICM,
obedecendo
a alíquota
do
IPI
e
sb-mente
àqueles
produtos
taxados
pelo
IPI.
0 crédito
de
ICM
funciona
da
mesma forma
que
o crédi
to de IPI, podendo a empresa exportadora se creditar em sua es,
crita fiscal a quantia correspondente à aplicação da alíquota de
IPI sobre o valor POB de suas exportações, até a alíquota máxima
de
15$.
Se
a alíquota
de
IPI
for
superior
a
15$,
para
efeito
do
cálculo
do
crédito
de
ICM,
será
considerado
o valor
de
Estados que já regulamentaram o crédito de ICM: São
Paulo, Guanabara, Rio Grande do Sul, Sta. Catarina, Alagoas, Es
pirito
Santo,
Pernambuco,
Amazonas,
Minas
Gerais
e Pará.
Além
desses
incentivos
mais
importantes,
o exportador
pp
de ainda se beneficiar de alguns incentivos menores:
a. Isenção do imposto das operações de seguro e de
crédito
à exportação
como
também
nas
de
seguro
de
transporte
in
ternacional de mercadorias.
b. Restituição integral do imposto único sobre lubri
ficantes
e combustíveis
líquidos
e
gasosos
e
sobre
energia
elé
trica, para os exportadores de produtos manufaturados e
extrati-vos indicados pelo CONCEX, e à condição de que o imposto devido
corresponda a um total superior a 20$ do preço POB do produto ex
portado.
lÉtíOTECA
HARIÜ
HENKlUUt
GETOUI VAUM
MINISTÉRIO 00 PUNEJAMENTO E COORDENAÇÃO QERAL
-20-INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
c. Isenção do imposto único sobre combustíveis, a fa
vor das
embarcações
marítimas,
nacionais
ou
afretadas com
prer
rogativas de bandeira brasileira, quando em linha internacional,
ou das entrangeiras que demandarem nossos portos.
d.
Eliminação
de
uma
série
de
taxas,
quotas,
emolumen
tos e contribuições que oneravam as exportações.
5.2 - Algumas observações preliminares.
Antes de analisarmos a nível de setor, o reflexo dos
incentivos fiscais sobre os custos de exportações, é necessário
distinguir
as
duas
espécies
distintas
de
incentivos
concedidos
a partir de 1964, quais sejam, as isenções e os créditos.
a.
"Draw-back",
isenção
de
ICM
e
IPI.
Tanto a isenção de pagamentos de impostos de importa
ção,
quanto
a isenção
de
pagamento
de
impostos
indiretos,
não
po
dem ser considerados como um subsídio às exportações, na medida
em
que
não
dão
ao
produtor
nacional
nenhuma
vantagem
com
rela
ção
à que seus
competidores
internacionais,
e sim,
eliminam
uma
situação
em
que
este
via
diminuída
a sua
capacidade
de
competir
com outros produtores igualmente eficientes.
Tanto o pagamento de imposto de importação, quanto o
pagamento de impostos indiretos que incidiam sobre as exporta
ções,
se
constituíam
num
ônus
real
para
o exportador.
0 pagamen
to de impostos de importação sobre matérias-primas e componentes
importados utilizados da produção exportada, diminuía a capaci
dade
de
concorrência
do
produtor
nacional,
uma
vez
que
implica
va, para este, num custo de produção mais elevado que de seu con
corrente externo, com condições de comprar matérias-primas e com
ponentes a preços internacionais não onerados pelo pagamento de
tarifas.
0
"draw-back",
regulamentado
a partir
de
1964,eliminou
apenas parcialmente o problema, na medida em que é aplicado ape
nas aos insumos importados e não produzidos internamente, e não
aos
insumos
produzidos
domesticamente
a preços
mais
elevados
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
-21-INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
que os preços vigentes no mercado internacional devido à prote
ção tarifária.
Da mesma forma, a isenção de pagamento de IPI sobre in_
sumos utilizados na produção exportada, assim como a isenção de
IPI e ICM sobre valor adicionado no último estágio de produção,
representam para o produtor nacional um simples desgravamento,
permitindo a este melhores condições de competição no mercado ex
terno.
Um problema, no entanto, que merece alguma atenção, se
refere ao pagamento de ICM sobre insumos utilizados na produção
exportada.
0 pagamento de impostos indiretos sobre insumos,dentro
da teoria de proteção efetiva * ; pode ser considerado da mesma
forma que uma tarifa sobre este Insumo, diminuindo o grau de pro_
teção efetiva ao bem final.
Considerando-se que no mercado internacional o preço
para
o produto
nacional
é um
dado,
não
será
possível
transferir
a carga de impostos indiretos ao consumidor, como ocorre nor
malmente no mercado interno. Assim sendo, o pagamento de ICM sô
bre insumos não apenas irá onerar os custos do produtornacional
em relação a um concorrente externo igualmente eficiente, como
também
representará
um
estimulo
a produzir
preferencialmente
pa
ra o mercado doméstico, mesmo que o preço internacional seja
i-gual ao
preço
doméstico
a
custo
de
fatores,
o que
eqüivaleria
a uma tarifa nominal igual a zero.
Suponhamos que não sejam concedidos créditos as expor
tações e que a diferença entre o preço doméstico a custo de fat8
res
(pd)
e o preço
internacional
(p1)
seja
dado
pela
tarifa
(1)
W.M.
Corden>;
"The
structure
of
a tariff
systen and
the
errec-cive protective rate", Journal of Political Economy,
junho de 1966.
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL -22
-INSTITUTO DE PLANEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
nominal (t). O preço doméstico de mercado (p1 ) será dado
por
p*
=
p.
(1
4-
t)
(1
+
g),
onde
g
representa
a
incidên
cia de impostos indiretos (IPI e ICM). 0 lucro unitário no merca
do doméstico L = P. (1 + t) - I - S, onde I representa a dejj
pesa com insumos a custo de fatores e S as despesas com paga
mento de salários. 0 mesmo produto, se exportado, permitiria um
lucro, Lx = a - I - S - .20 I, havendo isenção total de IPI e
isenção de ICM sobre o valor adicionado (.20 é a alíquota de ICM
sobre
os
insumos,
tomados
a custo
de
fatores).'
'
A
diferença
entre o lucro de exportar e de produzir para o mercado doméstico
é dada por A L = -(t p. + .20 I). Portanto mesmo com uma tari.
fa zero, ou seja, preço internacional igual ao preço doméstico a
custo de fatores, o lucro no mercado doméstico seria superior ao
lucro de exportação, sendo a diferença dada pelo ICM pago sobre
os insumos utilizados na produção exportada.
A isenção de ICM, na medida em que favoreça apenas o
produto final, terá um significado tão mais importante, quanto
maior for o valor adicionado no último estágio de produção, e por
tanto quanto menor for a participação de matérias-primas e
compo-(2)
nentes, no custo final do produto v.'
A título apenas de exemplo suponhamos duas empresas,
produzindo diferentes tipos de produtos, ambas operando com uma
margem de lucro de 10$ no mercado doméstico. Admitamos que a
participação
de
matérias-primas
e
componentes
no
custo
final
se
ja de 10$ para o primeiro produto, e de 60$ para o segundo. 0 pri_
meiro produto, após a isenção de ICM, sobre o valor adicionado te_
ria uma redução de custos de 16.7$, enquanto que o segundo teria
uma redução de custos de apenas 6.4$.
(1) Ou seja:
pcf
= pf
~ #1^
pf
pcf
= Pre<5°
a custo
de
fatores
ICM = .17 Pf. = .17 P =.20p p- = preço de fábrica (com ICM)
' p
.17
= alíquota
de
ICM
(2)
Observa-se
que
o pagamento
de
ICM
sobre
matérias-primas
e com
ponentes utilizados constitui-se num estímulo à integração ver
tical da empresa exportadora, nem sempre interessante do pon
to
de
vista
de
eficiência
alocativa.
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
INSTITUTO DE PUNEJAMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPEA)
b. Créditos de ICM e IPI
Os
créditos
de
ICM
e
IPI
podem
realmente
ser
considera
dos
como
subsídios
à
exportação,
uma
vez
que
representam um
acres,
cimo de receita para o produtor, e não apenas um simples desgrava.
mento de impostos.
Os produtos mais favorecidos pelos créditos de IPI e
ICM serão evidentemente aqueles com alíquotas de IPI mais eleva
das. Considerando-se que as alíquotas de IPI costumam ser muito
baixas para produtos menos elaborados e intensivos de recursos
naturais, e geralmente elevadas para os produtos mais elaborados,
tanto o crédito de IPI, como o crédito de ICM, calculado também
pela
alíquota
de
IPI,
irão,
em
termos
de
benefícios
concedidos,
discriminar contra estes produtos com baixas alíquotas de IPI.
A
título
de
exercício,
faremos
uma
simulação
dos
efei.
tos das isenções e dos créditos fiscais sobre a relação custo de
exportação custo de produzir para o mercado doméstico (cx/c^),pa
ra produtos com diferentes participações de matérias-primas e com
ponentes no custo final, diferentes alíquotas de IPI e distintas
relações entre preço doméstico e preço de exportação. A simula
ção obedeceu ao critério estabelecido nas estruturas de custos
das empresas, que considera o ICM pago, como um custo, ao contrá
rio do IPI, que é adicionado ao preço de fábrica do produto ( com
ICM)
não
sendo
computado
como
custo.
Estando
o
ICM
incluído
nos
custos de produção, o preço doméstico foi considerado a preço de
fábrica
do
produto,
ou
seja
com
ICM
e
sem
IPI.
Dessa
forma,foram
medidos apenas a isenção de ICM sobre o valor adicionado e os
créditos
de
IPI
e ICM,
abandonando-se
o efeito
da
isenção
de
IPI.
A margem de lucro do produto no mercado interno foi considerada
como sendo de 10$.
Sabendo-se que:
Custo de produzir para o mercado doméstico c^= 100
preço fábrica do produto para venda no mer_
cado doméstico p = 110
ICM total pago nas vendas para o mercado
interno ICM: .17 Pd = 18.7