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O papel dos rios na urbanização paulistana: o caso do Córrego Tiquatira

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(1)

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

LUIZ ALBERTO MONTEIRO ARCURI

O PAPEL DOS RIOS NA URBANIZAÇÃO PAULISTANA:

O CASO DO CÓRREGO TIQUATIRA

(2)

LUIZ ALBERTO MONTEIRO ARCURI

O PAPEL DOS RIOS NA URBANIZAÇÃO PAULISTANA:

O CASO DO CÓRREGO TIQUATIRA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Dr. CARLOS LEITE

(3)

A675p Arcuri, Luiz Alberto Monteiro

O papel dos rios na urbanização paulistana : o caso do córrego Tiquatira I Luiz Alberto Monteiro Arcuri-2016.

111 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) -Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014.

Bibliograia: . 1-111.

1. Rios urbanos. 2. Tiquatira (SP). 3. Parques Lineares. I.

Título.

(4)

LZ ALBERTO MONTERO ARCRI

O PAPEL DOS RIOS NA URBAAÇÃO PAULISTANA:

O CASO DO CÓREGO TIQUATA .

Disseação apresentada à Universide Presbiterina Mackezie como requisito para obtenção do título de Metre m Arquitera e Urbanismo.

Aprovado em

4

I G I D t�

BNCA ENDOA

Profa. Dra. NA DO NASCTO RRUDA Universidde de São Palo

(5)
(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus Pai que me concedeu a força e sabedoria para a realização deste trabalho

À Profa. Drª. Eunice Helena Abascal , pela confiança, comentários e orientações finais deste trabalho, sem as quais não teria logrado êxito.

Ao Prof. Dr. Rafael Manzo, amigo, e com as sugestões que fez, deram um rumo definitivo na formatação deste trabalho.

(7)

RESUMO

O presente trabalho apresenta o Caso do Córrego Tiquatira a partir de uma análise dos Rios Urbanos Paulistanos, na história da formação da cidade, suas implicações no desenvolvimento urbano de São Paulo. Como a Geomorfologia e a Hidrografia serviram de parâmetros para a evolução da cidade e da utilização dos cursos d’água que influenciaram a urbanização em torno de suas áreas, formando o desenho da cidade. A criação de Parques Lineares em suas bordas, como o Caso do Córrego Tiquatira, vem nos trazer a oportunidade de observar as transformações urbanas com melhor utilização dessas áreas para o Lazer da população.

(8)

ABSTRACT

The following dissertation presents de study about Tiquatira Case from de analysis of São Paulo’s Urban Rivers, in its history city formation, yours implications in development urban of the City. As Geomorphology and Hydrography they served as parameters for the evolution of the city and utilizing rivers and streams to purposes as the design of the city. The creation linear parks an river’s waterfronts like Tiquatira Case come bring us the opportunity to observe the urban transformations with better use of these areas for the recreation of the population.

(9)

RELAÇÃO DE FIGURAS

FIGURA 1 Mapa da Cidade de São Paulo em 1905.Fonte:<http://

smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/1900 a 1943

Acesso em 07/2015 .........4 FIGURA 2 Cidade de São Paulo em 1916. Fonte:<http://smdu.

prefeitura.sp.gov.br/historico demográfico> Acesso em:

01/07/2015...7... 7 FIGURA 3 Cidade de São Paulo em 1943. Fonte: http://smdu

prefeitura.sp.gov.br/historico demográfico Acesso em:

03/07/2015 ...10 FIGURA 4 Área urbanizada 1930-1949. Fonte: <EMPLASA- SMP->.

Acesso em: 10/09/2014...12 FIGURA 5 Área Urbanizada em 1950-1962. Fonte: <EMPLASA- SMP->.

Acesso em:.10/09/2014... ...13... .13 FIGURA 6 Área Urbanizada em 1960-1974. Fonte: <EMPLASA- SMP->.

Acesso em: 10/09/2014- Nota: Adaptado pelo autor...14 FIGURA 7 Esquema radial-concêntrico de Ulhôa Cintra para São Paulo.

Fonte: TOLEDO (1996) - Acesso em: 15/10/2014... ...16 FIGURA 8 Corrego Pirajussara – zona sul de SP . Fonte:<http:/

www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras

campo_limpo> Acesso em 10/07/2014...19...19 FIGURA 9 Córrego do Milho – zona leste de SP –Fonte:< Globo-G1.com

2011> Acesso em 07/2014... ... .19 FIGURA 10 Mapa do Rio Reno – Fonte: <http://www.riverbasin.org>.

Acesso em: 01/2015... ... ...21 FIGURA 11 Terminal de carga e mais ao fundo área de marina fluvial.

Fonte: <http://www.riverbasin.org/>. Acesso em:12/10/2014....22 FIGURA 12 População desfrutando do rio como Lazer, na prática de esportes

(natação) Fonte: <http://www.riverbasin.org/>. Acesso em:

12/10/2014... ... ...22 FIGURA 13 Corte Esquemático do novo Canal do rio – Nota: Adaptado pelo

autor... ...25 FIGURA 14 Obras do novo canal Fonte:<au.pini.com.br/restauração-do rio

cheonggyecheo> Acesso em 10/04/2014 ...25 FIGURA 15 Viaduto c/ canal-Fonte:<au.pini.com.br/restauração-cheonggyecheo>

Acesso em 10/04/2014 ... ... ...26 FIGURA 16 - Trecho do rio após as obras com espelho d'água, passagem

e tratamento paisagístico. Fonte: <planetasustentavel.abril.com.br/ projeto-restaur Acesso em 10/04/21014 ...27 FIGURA 17 Corte Esquemático /Trecho final -Nota: Adaptado pelo autorautor...28 FIGURA 18 Trecho final do Rio - canal alargado com tratamento paisagístico

nas margens Fonte: <planetasustentavel.abril.com.br/

projeto-restauração > Acesso em 10/04/2014 ... 28 FIGURA 19 Projeto do Parque Linear do Rio La Piedad. Fonte:< Archdaly

(10)

FIGURA 20 Cidade Esportiva - Cortesia de Aldo Urba. Fonte: <Archdaly projeto> Acesso em 20/01/2014 ... ...31 FIGURA 21 Rio la Piedad -Corte - Cortesia de Taller 13 Arquitectura

Regenerativa. Fonte: <Archdaily-projeto> Acesso em 20/01/2014 ... ... ...31 FIGURA 22 Projeto para Parque Linear do Rio PiracicabaSP Fonte:

<http://www.setur.piracicaba.sp.gov.br/Acesso em 20/01/2015 ... ...35 FIGURA 23 Vista aérea da proposta de Stuchi & Leite Projetos. Fonte

<www.setur.piracicaba.sp.br>Acesso em 20/01/1015 .... ...35 FIGURA 24 Ciclovia e bosque proposta de Stuchi & Leite Projetos. Fonte:

<www.setur.piracicaba.sp.gov.br> Acesso em 20/01/2015.. ..36 FIGURA 25 Mapa de Bacias Sedimentares da Região Metropolitana de São

Paulo. Fonte: <atlasambiental.prefeitura.sp.gov.br> Acesso em 07/2014... ...44 FIGURA 26 Relevo com principais Rios de São Paulo. Fonte: <atlasambiental.

prefeitura.sp.gov.br> Acesso em 07/2014...45 FIGURA 27 Mapa Hidrográfico da cidade de São Paulo. Fonte: Arquivo Rios

e Ruas –Acesso em: fev. 2014... ...46

FIGURA 28 Rede Hidrica e Áreas Verdes - Fonte: <PMSP-SMV> Acesso em: fev/2014... ...47

FIGURA 29 Curso d'água que aparece de quando em quando - Fonte: < Arquivo Rios e Ruas - rios escondidos - Acesso em:

06/02/2013... ... ...49

FIGURA 30 Rio Tamanduateí-lavagem de roupa-Fonte: <historiasdesaopaulo .wordpress.com> Acesso em: 06/02/2015...51

FIGURA 31 Rio Tamanduateí, acesso às embarcações - Fonte: <historiasde

saopaulo.wordpress.com> Acesso em: 06/02/2015...51

FIGURA 32 Construção do Canal do Rio Tamanduateí - Fonte: <historiasde saopaulo.wordpress.com> Acesso em: 06/02/2015... ...52

FIGURA 33 Terminal Urbano Expresso Tiradentes - Fonte: < www

skyscrapercity.com/ Foto de Thiago L.A.Gonçalves,> Acesso em: 06/02/2014... ...53

FIGURA 34 Rio Tamanduateí, a poluição visível - Fonte: <arquivosriosdobrasil blospot.com- Foto: Zig Koch > Acesso em:10/07/2015...5...54 FIGURA 35 Córrego Pirajussara Zona Sul Fonte: <www.prefeitura.sp.

gov.br/subprefeiturascampolimpo> Acesso em :

fevereiro/2015... ... 55

FIGURA 36 Córrego do Milho - zona leste de SP Fonte: :<www.prefeitura.sp gov.br/subprefeiturascampolimpo> AcAcesso em

fevereiro/2015... ...55 FIGURA 37 Localização da Bacia do Córrego Tiquatira - Fonte:

<www.PMSP./SMP-PDE-> Acesso em 10/11/2014... ...60

FIGURA 38 Região da Penha/Tiquatira - Fonte: <SMDU.prefeitura.sp.gov.br> Acesso em: 14/10/2014... ... ...61

(11)

Acesso em: 14/10/2014... ...61

FIGURA 40 Bacias hidrográficas, Fonte: <www,habisp.inf.br.> Aceeso em: Acesso em: 10/12/2014. Nota: Adaptado pelo autor...65

FIGURA 41 Mapa da área do Parque Linear do Tiquaira, Fonte: <google maps Tiquatira.> Acesso em: 10/08/2014... ... ...66

FIGURA 42 Área ocupada pelo Parque Linear.Fonte: <www.metrópolefluvial

fuausp.br> Acesso em: 07/07/2014l... ...67

FIGURA 43 Parque Linear Tiquatira- Pista de Cooper e Arborização .Fonte: <http//www.panoramio.com.br>foto de DanielS.Lima/2010 .-Acesso em: 07/2014... ...68

FIGURA 44 Parque Linear Tiquatira- Anfiteatro – Fonte: < http//www.panoramio com.br> Acesso em 07/2014... ...68

FIGURA 45 Áesquerda o Córrego Ponte Rasa e à direita o Córrego Franquinho, formadores do Córrego Tiquatira. Nota: Foto do Autor em

15/01/2015... ...69

FIGURA 46 Córrego Franquinho - largura de 7 metros/canalizado/junção com Córrego Ponte Rasa.- Nota: Foto do Autor em 15/01/2015./2015....69 FIGURA 47 Mato invadindo o canal do Córrego Tiquatira- Nota: Foto do

Autor em 15/01/2015... ...70

FIGURA 48 Lixo e esgoto misturados à água Córrego - Nota: Foto do

Autor em 15/01/2015... ...71

FIGURA 49 Trecho do Córrego Ponte Rasa- inacabado e com despejo de esgotos clandestinos. Fonte: <www.cadernossp.com.br>

Acesso em: fev./2014 ... ...72

FIGURA 50 Detalhe do Canal do Córrego Tiquatira.- Fonte: <www.planeta

sutentavel.abril.com.br> Acesso em: 02/02/2014...73

FIGURA 51 Detalhe do Canal do Córrego Tiquatira.- Fonte: <www.planeta sutentavel.abril.com.br> Acesso em: 02/02/2014 ...73

FIGUA 51 A Corte esquemático da área do Parque Tiquatira-Calha/reservatório não executado. Adaptado pelo Autor... ...74

FIGURA52 Área inundada do Parque, cena comum quando chove - Fonte: <blog 3Lde Janaina Cavallin> Foto por Cavallin, moradora da região maio de 2010 - Acesso em : 02/02/2015... ...75

FIGURA 53 Trecho do Parque (chuva em dez/2012) - Fonte: <www.UOL.com.br Acesso em: fev.2015... ... ...76 FIGURA 54 Marcas d'água em parede.Av.Carvalho Pinto. Nota: Foto

do Autor 02/02/2015... ... ...77

FIGURA 55 Chegada do córrego Tiquatira ao Rio Tietê. - Fonte: < www .panoramio.com > Acesso em: jan./2014...78

FIGURA 56 Trecho Final- mato toma conta. Viaduto de ligação com a Marginal Direita do Rio Tietê. Nota: Foto do Autor: julho/2015.. ...79

FIGURA 57 Trecho Final visto do Viaduto. Nota: Foto do Autor em : julho/2015... ... ...79

FIGURA 58 imagem cedida pelo escritório de Sergio Teperman. Foto

do Projeto, em out/2015... ... ...81

FIGURA 59 Projeto Parque Tiquatira- Área 3. -Fonte: Escritório Sergio

(12)

FIGURA 60 Projeto Vista aérea da urbanização das vias do entorno do Parque --Fonte: Sergio Teperman Arquitetos Associados. Acesso em : out/2015...83

FIGURA 61 Parte do Projeto para o Parque Ponte Rasa - Fonte: <UNA-Arquitetos> Acesso: 07/2015... ...84

FIGURA 62 Croqui da ligação dos Parques- Fonte: <UNA-Arquitetos>

Adaptado pelo Autor em setembro/2015...85

FIGURA 63 Córrego Ponte Rasa-canalizado-Fonte: <www.prefeitura.sp.gov.br/svm> Acesso em: 10/07/2014 ...87

FIGURA 64 Imagem de Satélite área do Parque Ecológico do Tietê e do Parque Tiquatira.-Fonte: < INPE/Revista Vejinha nº29> Acesso em: maio/2014... ,...87

FIGURA 65 Área junto à Ferrovia ligando os Parques. Nota: Foto do Autor - julho/2015... ...88

FIGURA 66 Áreas junto à Ferrovia ocupadas por Galpões - Nota:

Foto do Autor - julho/2015... ...88

FIGURA 67 Habitações precárias sob o viaduto. Nota: Foto do Autor em julho/2015... ...91

FIGURA 68 Área com construções irregulares sob o viaduto, Fonte: <proposta MACK - foto de Fernando Mascaro, 2014> Acesso em:

maio/2015... ...91

FIGURA 69 Ocupação irregular e precária junto ao viaduto e à Ferrovia - Nota: Foto do Autor em julho/2015... ...92

FIGURA 70 Áreas ocupadas por favelas junto ao Córrego Tiquatira entre Ferrovia e Marginal do Rio Tietê - Fonte: <Google Maps/Satélite>

Acesso em: maio/2015... ...92

FIGURA 71 - Parte do Projeto do Arqtº Sergio Teperman- Fonte:

Escritório.Sergio Teperman Arquitetos.em out/2015 ...95

FIGURA 72 Vista aérea do Parque Tiquatira – Fonte: < Google maps>

Acesso em: jan/2014... ...96

FIGURA 73 Detalhe da ciclovia do Parque Tiquatira. Nota: Foto do Autor julho /2015... ...96

FIGURA 74 Ciclovia margeando o Parque. Nota: Foto do Autor. julho/2015 ...97 FIGURA 75 Comércio local . Nota: Foto do Autor -julho /2015 ... 97

FIGURA 76 Construções residenciais nas travessas da Av. que margeia o Parque . Nota: Foto do Autor fev/2015 ... ...98

FIGURA 77 - Área do Parque. Vista aéra. Fonte: < http://www.arquigrafia.org.br> Acesso em: julho/2014...98

FIGURA 78 Vista aérea da pista de cooper antes da arborização estar completa Fonte: <http://www.arquigrafia.org.br> Acesso em:

jul/15 ... ...99

FIGURA 79 Pista de Cooper arborizada. Nota: Foto do Autor em julho/2015

(13)

FIGURA 80 Anfiteatro com aproveitamento do desnível – Fonte:

<www.projetolince.org.br>Acesso:em fev./2015 ... ...100

FIGURA 81 Corte esquemático do Perfil. Nota: Adaptado pelo Autor..102tor...101 FIGURA 82 Residências nas rua transversais - Nota: Foto do Autor

em julho/2014... ...102

FIGURA 83 Pequenas praças nas áreas remanescentes. Nota: Foto do Autor jul/15 ...102

FIGURA 84 Foto Aérea das avenidas laterais ao Parque – Fonte: http:// /www.rwpaisagismo.blogspot.com.br Acesso:

julho/2015... ...103

FIGURA 85 Acesso ao Centro Esportivo municipal. Nota: Foto do Autor em jul/15 ... ...106

FIGURA 86 Vista externa do Centro Esportivo. Nota: Foto do Autor em

julho de 2015 ... ...106

FIGURA 87 Frequentadores utilizando equipamentos de ginastica - Nota: Foto do Autor.em julho de 2015... ...107

FIGURA 88 Manutenção pela Prefeitura. Nota: Foto do Autor em julho/2015 ...107 FIGURA 89 Mato crescido. Nota: Foto do Autor em julho/2015 ...108

FIGURA 90 Lixo (entulhos) junto a ponte. Nota: Foto do Autor em

julho/2015... ... ...108

FIGURA 91 Ocupação irregular junto à ferrovia. Nota: Foto do Autor em julho/2015... ...109

(14)

TABELAS

TABELA 1

POPULAÇÃO RESIDENTE NO DISTRITO POR FAIXA ETÁRIA ...104

TABELA 2

FAIXA ETÁRIA POR PERÍODO DE USO...104

TABELA 3

UTILIZAÇÃO POR ATIVIDADES POR PERÍODO...104

TABELA 4

(15)

SUMÁRIO

Resumo

Abstract

Relação de Figuras e Tabelas

Introdução ………...

...1

1.

OS RIOS URBANOS PAULISTANOS

Influência no Desenvolvi-

mento da Cidade de SãoPaulo...3

2. RIOS URBANOS: As Relações entre as Cidades e suas

águas...20

2.1 A influência dos Rios nas Cidades

Sua utilização e

tratamentos...36

3. GEOMORFOLOGIA E HIDROGRAFIA da Cidade de São Paulo...39

3.1 O Vetor Leste do Crescimento ...55

4.

O CASO DO CÓRREGO TIQUATIRA ...58

4.1 A leitura do Território ...59

4.2 As propostas para o local ...78

4.3 Análise das Transformações ...92

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...107

(16)

1

INTRODUÇÃO

O tema da dissertação é o papel desempenhado pelos Rios Urbanos na Urbanização Paulistana com ênfase no caso da qualidade do espaço público na orla do Córrego Tiquatira. Para compreender a importância desse curso d’água para a cidade de

São Paulo, a pesquisa aponta para as influências no desenvolvimento urbano sob esse córrego em seus aspectos históricos e geomorfológicos. Falar sobre os Rios Urbanos da cidade tem a importância de trazer à discussão aspectos sobre a qualidade de vida urbana, do espaço público e das fontes de água na atual crise hídrica que atravessamos.

A história do desenvolvimento desta metrópole, que é uma das maiores do mundo, pode evidenciar o descuido das políticas públicas e da política urbana, em especial, relegando em segundo plano a verdadeira importância de uma das principais funções das águas no âmbito urbano: servir ao abastecimento hídrico e legar orlas como espaço que pode ser oferecido aos habitantes como parte da cidade. Entretanto, como se pode observar, outros planos foram destinados aos rios e córregos: conceitos como

“modernização, urbanismo e políticas públicas”, com suas limitações, ambiguidades e contradições, foram e continuam a ser aplicados à cidade de São Paulo, ao longo da história. Na visão de historiadores, arquitetos e urbanistas evidenciam como esse processo histórico de abandono de nossos rios ocorreu e o que sucedeu ao desenvolvimento urbano em decorrência dessas posturas.

Os Rios Urbanos e suas bordas – Parques Lineares – como oportunidade de qualificação das cidades contemporâneas, impõem-se como tema relevante. A despeito do processo acelerado de urbanização ocorrido no século XX, é importante mostrar como muitos desses cursos conseguiram manter ou recuperar suas bordas, na forma de Parques Lineares tornando os rios urbanos elementos estruturadores e de interesse às cidades. Em São Paulo, propostas para os Rios Tietê, Tamanduateí, Pinheiros, com a despoluição destes e de seus afluentes, vem resgatar o seu uso como vias de transporte e suas orlas como oportunidade de lazer. No que tange ao desenvolvimento o vetor Leste

(17)

2

principais rios da cidade. É possível analisar as intervenções que ali foram implantadas, a canalização do córrego em toda a sua extensão, feita a céu aberto; a implantação do Parque Linear, se adequando ao PAI (Plano Integrado de Ações Estratégicas), à época em que foi concebido, modificando a paisagem urbana da região, com a abertura de vias de transporte e oferecendo formas de lazer à população do entorno próximo e de bairros adjacentes, que fazem uso deste parque.

Ao observar as transformações ocorridas nas bordas do Córrego Tiquatira, verifica-se que houve a remoção de antigas chácaras, que faziam parte do cinturão verde da cidade e que hoje em dia encontram-se bastante afastadas, deslocadas para outros municípios, com respectiva valorização do solo das áreas adjacentes ao Córrego. A abertura de vias para o tráfego de veículos que se integram ao sistema viário local e entre bairros facilitou a mobilidade da população local e a remoção de favelas, das bordas do córrego, possibilitou a readequação da orla a um novo uso.

A análise de propostas para a região do Córrego Tiquatira e também de seus principais formadores nos dão indicativos de que a solução para o Córrego Tiquatira poderia ter avançado um pouco mais, desde que obedecidas às normas e leis vigentes, fazendo a interligação deste parque linear com outros projetados para a região e se estendendo até o Parque Ecológico do Tietê, fazendo readequação urbana nos espaços existentes, atualmente ocupados por favelas e construções irregulares.

(18)

3

1

.

OS RIOS URBANOS PAULISTANOS

Influência no

Desenvolvimento da Cidade de São Paulo

Os estudos realizados entre as décadas de 1950 e 1970 por historiadores, arquitetos e geógrafos como Caio Prado Junior, Jurgen Langenbunch, Pasquale Petrone,

Jaime Cortesão, Aziz Ab’Saber, Aroldo de Azevedo, entre outros, relevam a

importância da inter-relação entre o sistema geográfico, a rede de caminhos e o projeto colonial que, a partir da região sudeste do Brasil, inverteu “o sentido da exploração, até então restrita às latitudes costeiras, rumo às longitudes terrestres” (PRADO JR.,1998,p.18). Parte significativa desses estudos propõe que, para entender a metrópole moderna, é necessário decifrar a relação estreita entre os atributos da geografia, da hidrografia e a cidade historicamente construída sobre o sítio da Bacia Hidrográfica de São Paulo.

Os rios urbanos paulistanos, como o Rio Tietê, o Rio Pinheiros, o Rio Tamanduateí, e seus afluentes mais importantes, veem demonstrar o crescimento da cidade e foram objetos das intervenções urbanísticas históricas que aconteceram.

Através da história da cidade de São Paulo, pode-se verificar a sua íntima ligação com os rios e córregos que serpenteavam por seus vales. A cidade fundada em 1554 no Planalto de Piratininga, às margens do Rio Tamanduateí, este que no início era a fonte de abastecimento e via de transporte tanto de passageiros quanto de cargas, indo na direção do rio Tietê, do qual era seu afluente, e este a levar em direção ao interior e vice-versa.

O arquiteto e historiador Benedito Lima de Toledo, em seu livro “São Paulo: três

cidades em um século” analisa as transformações que ocorreram no território desta cidade. Deixa claro que tais transformações aconteceram pelas mudanças de interesse daqueles que lá viveram, mas o que importa a ele é a maneira como o espaço físico se

(19)

4

ferrovia.” (TOLEDO,1983, p.14). E, por conseguinte, ocorrem alterações na sua ocupação.

O autor vai descrevendo as modificações que a cidade vai sofrendo conforme diz:

A “cidade de taipa”, tal como ele define este primeiro momento,

acabou com a chegada do trem: o novo meio de transporte trouxe agilidade para o escoamento da produção de café e permitiu maior mobilidade e trânsito de materiais e pessoas. As antigas chácaras foram loteadas e nesses locais foram construídas novas casas. As distâncias aumentaram, surgiram os bondes e configurou-se a segunda cidade. (TOLEDO, 2004, p.68)

Figura 1- Mapa da Cidade de São Paulo em 1905. Fonte:

<http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico/1900 a 1943>. Acesso em: 07/2015.

(20)

5

Dentro deste contexto histórico, Candido Malta Campos Neto, descreve em seu

livro ”Os rumos da cidade - Urbanização e Modernização em São Paulo”, que desde os

anos 1830 até meados de 1880, através dos governos que se sucediam, a política econômica financeira praticava seus desmandos em detrimento do bem-estar da população. O desenvolvimento urbano da cidade seguia a vontade de seu governante influenciado pela riqueza do momento, que nesta época era advinda da cultura cafeeira voltada para a exportação.

Se vislumbrava então o crescimento urbano da cidade nas direções Norte e Leste, com as ligações necessárias para o comércio exportador; mudanças de rumo nesta expansão fizeram a cidade se estender para os lados Sul (construção da ferrovia Santos-Jundiaí) ligando São Paulo a Santos (Porto de exportação) e no sentido Nordeste/Noroeste (fazendas de café). Tornando a cidade de São Paulo como mero coadjuvante, isto é, a cidade passa a receber a moradia desses fazendeiros, ampliando seus horizontes na criação de bairros novos (Higienópolis, Campos Elíseos, além de desenvolvimento na direção da Avenida Paulista, Vila Mariana, e descendo em direção aos Jardins). Na direção Leste, com a construção de pontes e viadutos ligando a antiga vila a novos bairros operários (Brás, Mooca), seguindo em direção a Freguesia da Penha.

Segundo Candido Malta, João Alfredo, então presidente da província de São

Paulo, tinha “ ideias ambiciosas onde soluções viárias “circulares” que integrariam a prática urbanística em São Paulo. ” (CAMPOS,2020, p.56). Ainda segundo Candido Malta, suas propostas resolveriam não apenas os problemas de circulação, mas também questões sanitárias e estéticas, modelos que seriam adotados no século seguinte por Fábio Prado e Prestes Maia.

(21)

6

A retificação do Rio Tietê com a criação de vias marginais também colaborou para a expansão da cidade, pois os projetos propostos previam, além da retificação do rio com canal de escoamento, parques lineares com lagoas para absorção das águas nas cheias antes destas atingirem o canal principal. Entretanto, esses parques não foram executados em virtude dos interesses imobiliários das áreas adjacentes ao rio, havendo a ocupação de suas várzeas e no decorrer dos anos as inundações advindas do período de chuvas continuaram e continuam acontecendo.

A cidade crescia e se desenvolvia na direção Leste, seguindo o curso da ferrovia que fazia a ligação de São Paulo com a Capital da República, atravessando novos bairros que foram surgindo à sua volta (Belém, Tatuapé, Penha), bairros operários e loteamentos que não obedeciam às diretrizes e posturas municipais da época. Fazendo a interligação entre as fazendas do Vale do Paraíba com o Porto de Santos, através da ferrovia Santos-Jundiaí, servindo à exportação da agroindústria recém-implantada.

Na direção Leste os afluentes do rio Tietê, tais como os rios Aricanduva, Cabuçu, Córrego Tiquatira, entre outros, serviram para o desenvolvimento ao longo de suas bordas, com expansão das áreas de chácaras para abastecimento de frutas e verduras para a cidade.

(22)

7

Figura 2-Cidade de São Paulo em 1916. Fonte:<http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico demográfico>

Acesso em: 07/2015.

Como se observa no mapa acima, a mancha urbana segue a ferrovia em direção Leste e os eixos dos rios.

Segundo Cândido Malta, o desenvolvimento urbanístico, que importava modelos

de cidade moderna e isso fosse necessário para transformar a cidade em “empório de

civilização, mostruário do progresso possibilitado pelo sistema internacional de trocas acabava comprometido pelo comércio o solo urbano” (CAMPOS, p.189). Nesta fase de 1890 a 1925 os avanços urbanísticos cresciam de forma a demarcar os espaços dominantes, mantendo à margem a maior parte da cidade e ignorando os setores menos privilegiados, somando-se a esse fato os interesses comerciais e imobiliários localizados, comprometendo as intervenções. (CAMPOS, p.189/190). O autor nos coloca que por volta de 1920, sugestões de melhoramentos urbanos para a cidade de São Paulo, citados em artigos publicados por Milcíades Porchat1, dava ideais para o

estudo de futuras intervenções na cidade. Segundo o autor, Porchat preconizava o predomínio do automóvel, propondo alargamento de vias, reduzindo as calçadas

dizendo “... nos problemas urbanos é muito mais importante a circulação de veículos

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O Plano de Avenidas de Prestes Maia com seu modelo radial-perimetral é um exemplo de intervenção urbanística explícito, pois favoreceu o crescimento vertical e horizontal da cidade de São Paulo, onde eixos horizontais radiais seguiam nas várias direções preconizando o desenvolvimento da cidade, principalmente nas direções Norte e Leste. Dentro do sistema perimetral surgiram os grandes edifícios, verticalizando a região do chamado centro novo.

O rodoviarismo latente na Administração de Prestes Maia trouxe a expansão desordenada da cidade, pois não havia até então regras ou leis (como a de zoneamento proposta por Henrique Neves Lefevre, Eng. Arquiteto no concurso realizado pelo Instituto de Engenharia, em 1944). Mais adiante o autor continua a falar sobre as ideias de Porchat que reforçava as teses de Vitor Freire 2,no que se refere à valorização

de elementos pitorescos e naturais, criando dispositivos de embelezamento urbano, levando em consideração curvas de nível, acidentes topográficos, alinhamentos, volumes e vistas. Porchat propunha a ampliação do sistema viário adotando o modelo radial abrangente com “amplas comunicações com os pontos extremos da cidade, com

avenidas a se irradiarem do centro para a periferia”. Propunha ainda três grandes vias

fazendo anéis em torno da área central. Utilizando-se fundos de vale, canalizando córregos e dessecando suas margens, como as propostas de aberturas de vias no vale do córrego Saracura (atual Av. 9 de Julho) ligando o vale do Anhangabaú (já canalizado na época), à Avenida Paulista. Também o vale do córrego Pacaembu (Atual Av. Pacaembu) do extremo da Avenida Paulista indo até a região do Bom Retiro/Barra Funda, ligando à Avenida São João para fechar este anel.

Desta forma Porchat atendia, por meio de um circuito viário, as áreas residenciais mais valorizadas da cidade (no quadrilátero formado pelos bairros de Higienópolis, bairro do Pacaembu, Campos Elíseos e Bom Retiro).

Em outra proposta ele previa as futuras avenidas marginais do Rio Tietê:

“magníficas vias (...) que ligarão importantíssimos bairros industriais” (op. cit., p,66). Nessa proposta Porchat, segundo Candido Malta, “elencava questões urbanísticas:

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1MILCÍADES DE LUNÉ PORCHAT, Advogado,estudioso da evolução da metrópole, escritor, ”Do que São Paulo

Precisa: Um punhado de ideias sobre a cidade( São Paulo: Casa Duprat,1920,p.7)

2 VITOR DA SILVA FREIRE, Engenheiro Civil, formado na Escola Politécnica de Lisboa, foi Diretor da Secção de

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canalização e aproveitamento da várzea do Rio Tietê; atualização das normas de

loteamentos” (op.cit., p.233).

Em meados da década de 1920, a Cia. Light3 foi autorizada, em parceria com a Cia.City,4 a fazer a retificação e canalização dos rios Tietê e Pinheiros, sendo este último fazendo também a sua reversão em direção à represa Guarapiranga e desta para a represa Billings, a fim de produzir mais energia elétrica, face à demanda solicitada pelo crescimento da cidade de São Paulo. A associação entre as companhias se justificava pelo interesse imobiliário da Cia. City, haja vista, a mesma ser dona de grandes áreas junto à várzea do rio Pinheiros. Mais uma vez os interesses político-econômicos justificaram as intervenções ao longo de um rio da cidade. Segundo Cândido Malta,

Por volta de 1925, Saturnino de Brito entregou seu relatório denominado “Em defesa contra inundações”, o estudo de Brito

concentrava-se nos objetivos de regularizar e controlar a vazão do Rio Tietê, previa um sistema de três comportas ou barragens móveis entre a Penha e Osasco, e dois grandes lagos interligados ao canal do Tietê na altura da Ponte Grande, separados por uma ilha-parque. Estes serviriam como reservatórios intermediários, evitando o extravasamento do rio nas cheias e garantindo uma vazão mínima na

seca. (CAMPOS, p.299)

Descreve ainda, que se construiriam vias ladeando o canal e áreas verdes em forma de parque. Contudo, a gestão política que sucedeu a de Firmiano Pinto, Prefeito de São Paulo, que havia contratado Saturnino de Brito, teve o plano alterado, aproveitando somente a proposta de circulação viária e a várzea com ocupação imobiliária, abandonando-se a criação de parques e as obras de contenção de enchentes. Destarte o uso do rio Tietê como eixo de áreas verdes e lazer, foi relegado a um segundo plano e substituído com eixo viário de caráter imobiliário e industrial.

Novas áreas da cidade foram dar a São Paulo um grande parque e outros menores para o lazer da população. Nesta época (1926), foi criado o Jardim da Aclimação no recém- loteamento nas proximidades da área central que se expandia na direção Sudeste.

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3 Cia.Light, nome original: São Paulo Tramway, Light and Power Company, mais conhecida como Light São Paulo, empresa que se estabeleceu em São Paulo, para a construção da ferrovia Santos-Jundiaí e posteriormente, cuidou da produção e distribuição da energia elétrica do município. 4 Cia.City,Fundada em 1912 com o nome de "City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company

Limited", a Companhia City, como ficou conhecida, urbanizou vários bairros importantes de São Paulo, como

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O Jardim da Aclimação contemplava um lago formado pela canalização de córregos da área, o córrego Pedra Azul e o córrego Aclimação, área verde com grande diversificação da flora, atraindo aves e animais silvestres, trazendo o lazer para a população do entorno deste parque que ali pudesse desfrutar.

Segundo Benedito Lima de Toledo,

[...] com o crescimento dos bairros, criaram-se novas necessidades e São Paulo passou a ter características de uma grande metrópole, tomando a forma que possui atualmente. Esta terceira cidade carece de infraestrutura, destrói seus antigos edifícios, abrindo espaço para construções que aproveitem melhor o solo. Nesta São Paulo,

constrói-se “em cima” em vez de “ao lado”. (TOLEDO, 2004, p.125).

O crescimento urbano da cidade de São Paulo concentrava-se ao longo do eixo do Rio Tamanduateí, indo em direção ao ABC, isto é, em direção à nascente deste rio, assim como também às margens do Rio Tietê e de alguns de seus afluentes entre os anos 1930-1940. Nesta época a mancha urbana já se direcionava para os lados do Rio Pinheiros após ter conquistado o maciço da atual Avenida Paulista com os bairros dos Jardins, como se pode observar nos mapas a seguir.

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Por volta de 1946, Candido Malta nos coloca que um influente industrial paulista, Henrique Dumont Villares, assinalando a importância de regulamentações como zoneamento funcional e aproveitando-se da gleba adquirida por sua família na várzea junto ao rio Pinheiros, retificado e canalizado, “faz um loteamento fabril, criando

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Nas décadas seguintes, 1950-1960, a mancha urbana avançava para a outra margem do rio Pinheiros, indo em direção Sul e também na direção Noroeste, seguindo o curso do rio Tietê e indo ao início do maciço ao Norte, nos contrafortes da Serra da Cantareira, barreira natural, e onde havia fontes de água que abasteciam a cidade.

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O crescimento da cidade nas décadas seguintes segue a expansão ao longo dos eixos dos rios Tietê, Pinheiros, Tamanduateí e afluentes do Rio Tietê, como o Aricanduva, Cabuçu e Tiquatira.

Figura 6- Área Urbanizada em 1950-1974. Fonte: <EMPLASA- SMP->. Acesso em: 10/09/2014- Nota:

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Nos dias atuais as intervenções feitas podem ter a preocupação, mas são pouco executadas, são objetos de estudos e os projetos executados têm a preocupação de preservação e recuperação do meio ambiente, da fauna e da flora das regiões.

Segundo Alexandre Delijaicov, em sua dissertação de mestrado “Os rios e o desenho da cidade”, cita a obra “Melhoramentos do Rio Tietê na Cidade de São Paulo”:

A geografia é desenhada pelas águas dos rios que esculpiam o padrão básico de colinas e vales. A água é um elemento simbólico - referencial na paisagem urbana. A água do rio é fundamental para a existência da cidade, do agrupamento humano: abastecimento, irrigação, força hidráulica, comunicação, etc. O rio é naturalmente uma via de comunicação entre cidades. (Brito, Saturnino,1925, p.91-271).

Ao referir-se à canalização de rios da cidade de São Paulo, Delijaicov, coloca a afirmativa de Lysandro Pereira da Silva (Arquiteto/USP,1953) sobre o Rio Tietê,

A retificação do Tietê decorre essencialmente da necessidade de ser urbanizado extenso trecho da várzea do rio, situado dentro da cidade, constituindo terreno muito aproveitável para a edificação, o que, em virtude das inundações, não se poderia fazer. (Lysandro Pereira da Silva, p.1).

Segundo Delijaicov, utilizou-se de “argumentos sanitaristas e hidráulicos que

serviram para fundamentar o plano de ocupação de várzeas” e canalizar diversos córregos. “Esses argumentos foram lapidados pelos objetivos de expansão urbana e “negócios”imobiliários”.

Nas propostas de “melhoramento, embelezamento, urbanização e reurbanização dos rios Tamanduateí e Tietê prevaleceram as de canalização para escoamento dos esgotos e controle das inundações e as propostas de avenidas marginais aos canais para circulação, expressa, do tráfego rodoviário, principalmente de automóveis”.

O programa de canalização de rios e córregos e a implantação de avenidas de fundo de vale continuam com as premissas dos anos 1930, quando os objetivos básicos

eram: “eliminar os problemas de drenagem de águas pluviais que causam inundações, reduzindo os riscos para a população situada nos fundos de vales e melhorando as

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1930 serviu e impôs os interesses de um urbanismo rodoviarista, surgido como modernidade, alterando o desenho da cidade.

De acordo com Simões Jr. (1990), falando sobre o rodoviarismo implementado na cidade de São Paulo, cita:

[...] ”Segundo Leme (op. cit.), o plano apresentava maiores influências do urbanismo americano e de sua preocupação crescente com o uso dos automóveis, o fluxo de seu tráfego, vazão e velocidade, propondo uma estrutura de circulação baseada num modelo radio concêntrico (figura abaixo). A retificação dos rios apresentaria papel fundamental, pois além de dar maior vazão para as águas, as margens retificadas seriam a localização preferencial de várias das avenidas propostas”.

Através da história da cidade de São Paulo, pode-se verificar a sua íntima ligação com os rios e córregos que serpenteavam por seus vales.

Figura 7 -Esquema teórico de São Paulo, segundo Ulhôa Cintra [TOLEDO, op. cit.-Fonte: <www.vitruvius.com.br-arquitextos 082> Acesso em: 22/10/2015

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em primeiro lugar, a política de aproximação com o governo dos EUA, iniciada com o advento da II Guerra Mundial e intensificada pela Guerra Fria; em segundo lugar a instalação da indústria automotiva na Região Metropolitana de São Paulo. É importante notar que o rodoviarismo, enquanto política pública, foi peça fundamental para consolidar o capitalismo Norte-Americano do período, visto que a indústria automotiva passou a ter um peso considerável na produção industrial americana.

Moses5 foi contratado pela Prefeitura de São Paulo para elaborar o Programa de Melhoramentos Públicos para a Cidade de São Paulo em 1949. Nesse programa, Moses (1950) propunha um sistema de vias expressas radiais, ligando o centro aos subúrbios e um anel viário acompanhando os vales do Tietê e Pinheiros, dando acesso às autoestradas recém-construídas: Anchieta, Anhangüera e Dutra. A estrutura viária proposta no Programa de Melhoramentos de São Paulo. (MOSES, 1950. Acervo da Biblioteca da FAUUSP). A construção dessas estradas acabou induzindo a expansão urbana ao longo delas, unindo o município de São Paulo aos municípios vizinhos, consolidando assim o processo de metropolização (LAGENBUCH, 1971).

O modelo de Moses assemelhava-se muito àquele proposto pelo Plano de Avenidas de Prestes Maia e dos engenheiros municipais na década de 1930. Os dois baseavam-se no modelo radio concêntrico, de avenidas radiais ligando o centro aos subúrbios e de anéis viários desviando o tráfego intra bairros da região central. Na verdade, o programa de Moses complementava o Plano de Avenidas e o adequava à nova realidade metropolitana. Até a ideia de criação das vias-parque também está presente nos dois trabalhos. Segundo Simões Jr:

A importância desse conceito no caso de São Paulo pode ser medida na comparação dos esquemas propostos com a implantação que ocorreu na realidade de vias rápidas de fundo de vale na região, tais como as avenidas Marginais do Tietê e do Pinheiros, dos Bandeirantes, Roque Petroni Jr. e Água Espraiada. O Programa de Melhoramentos proposto por Moses acabou sendo colocado em execução através do conceito dos anéis viários metropolitanos que foram integrados ao planejamento metropolitano dos órgãos públicos responsáveis, que resultou na criação de boa parte do sistema viário

metropolitano”.

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expressas de ligação (GEIPOT, 1968). Esse modelo urbano foi reafirmado novamente no PMDI –Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado (SÃO PAULO,1970), desenvolvido pelo Governo do Estado, que, além de propor a construção de um sistema de radiais e anéis perimetrais metropolitanos, propunha a descentralização do emprego terciário, face ao congestionamento do Centro Metropolitano, estimulando a concentração dessas atividades ao longo desses novos corredores estratégicos, dotados de alta acessibilidade pelo meio de transporte individual.

Na conclusão de artigo Simões Jr. afirma:

[...] a opção histórica pelo rodoviarismo na cidade de São Paulo ao longo do tempo vem privilegiando a elite motorizada e os setores das indústrias automotivas e da construção civil, em detrimento do restante da população que depende dos transportes coletivos e apresenta condições precárias de mobilidade, sendo atualmente o principal entrave para a resolução do problema do transporte na metrópole paulistana.

A Secretaria de Vias Públicas da Prefeitura de São Paulo está negociando há bastante tempo (desde 1986) com o BID o financiamento para o Programa de Micro drenagem chamado PROCAV (Programa de Canalização de Córregos, Implantação de Vias de Fundo de Vale de São Paulo) para a construção de canais de drenagem dos rios afluentes do Tietê. Esses estudos e projetos estão na terceira fase: PROCAV III. Parte das canalizações de córregos são galerias fechadas, sob avenidas; o que é, urbanisticamente e arquitetonicamente lamentável. Mas, aproximadamente, 20 km serão canais a céu aberto com largura não menor do que cinco metros e meio.

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5Robert Moses (1888-1981) cientista político norte-americano que de 1924 a 1968 trabalhou nos governos da

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Figura 8-Corrego Pirajussara – zona sul de SP

.Fonte:<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/campo_limpo> Acesso em

10/07/2014

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As imagens acima, mostram duas diferentes abordagens de intervenção ocorridas através dos programas da Administração Pública, que não atendem as determinações de norma para a canalização de córregos, não se preocupando em estabelecer, ao executar a obra, um projeto conjunto com a SABESP, deixando a cargo desta empresa a responsabilidade pela construção de redes de esgoto, nem sempre concluídas, em virtude de depender de verbas do Governo Estadual ou mesmo de verbas vindas da esfera Federal.

Segundo Costa (op.cit.p12), a ideia de que :

[...] compreender o rio urbano como paisagem é também dar a ele um valor ambiental e cultural que avança na ideia de uma peça de saneamento e drenagem. É reconhecer que o rio urbano e a cidade são paisagens mutantes com destinos entrelaçados

Costa ainda coloca que o destino entrelaçado referido, não pode ser separado de sua bacia hidrográfica6, devido à suas características geográficas e topográficas, compondo

a paisagem urbana na qual se encontra inserida.

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2 . RIOS URBANOS: As Relações entre as Cidades e suas águas

As cidades entrecortadas por rios e córregos tem uma íntima relação com estes, seja no aspecto de usufruir de suas águas para o seu abastecimento, seja em sua utilização como via de transporte, ou ainda utilizando suas bordas como áreas de lazer para a população, ou ainda, como portos fluviais interligando regiões que se estendam ao longo de seu curso. Em diversas cidades, em continentes diferentes, verifica-se a relação das cidades com suas águas, na formação ou na modificação do desenho urbano, com a interferência do homem, nem sempre levando em conta as características de cada local.

Como primeiro exemplo desta utilização das fontes de água para finalidades diversas, e para a revitalização dos espaços públicos de orlas, temos o Rio Reno, na Europa, que corta diversas cidades e países ao longo de seu curso, influenciando a formação e transformação ao longo dos anos, o uso de suas águas a serviço da população que o utiliza como fonte de abastecimento, via de transporte e lazer.

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Na cidade de Basel, na Suíça, onde o rio Reno é aproveitado para transporte e lazer da população, é possível constatar a oportunidade oferecida por esse rio para a qualidade de vida urbana, como é possível fazer ideia por meio das imagens a seguir:

Figura 11 -Terminal de carga e mais ao fundo área de marina fluvial. Fonte: <http://www.riverbasin.org/>. Acesso em:12/10/2014.

Figura12 - População desfrutando do rio como Lazer, na prática de esportes (natação) Fonte:

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O rio Reno13 nasce nos Alpes suíços e deságua no Mar do Norte, apresentando

aproximadamente 1.230 quilômetros de extensão. Atravessa de sul a norte a Suíça, a Áustria, a Alemanha e os Países Baixos, além do pequeno Liechtenstein, todos eles países da Europa ocidental. Pode-se observar que este rio, politicamente importante, representou durante muito tempo o ponto central das discórdias entre franceses e alemães.

Indiferentemente de que fossem monarquistas ou revolucionários, os franceses reivindicaram durante décadas o Reno como fronteira oriental do seu país. No correr da história, ao cabo de guerras e tratados, a margem esquerda do rio mudou várias vezes de nacionalidade. O rio Reno cumpre uma grande importância na integração regional. É uma grande hidrovia, de grande importância para o escoamento da produção europeia.

O Vale do Reno também foi o berço de uma das principais regiões da Revolução Industrial, a região do Ruhr, que se beneficia de uma importante reserva de recursos minerais, de fácil acesso e favoráveis ao desenvolvimento da industrialização.

O rio Reno, por volta da década de 1980, denominado de "cloaca" da Europa

era um curso d’água morto, de águas sujas e malcheirosas; várias empresas químicas de grande porte como Sandoz, Ciba e Basf jogavam seus dejetos diretamente no rio, que também atravessa várias zonas industriais ao longo de seus mais de 1,3 mil quilômetros de extensão.

Hoje, depois de intervenções pautadas por políticas governamentais de recuperação da salubridade e das orlas, a vida voltou ao Reno, agora considerado oficialmente um rio limpo. Este é o fruto de 20 anos de trabalho e de uma cooperação entre os seis países banhados pelo rio, entre eles França, Alemanha, Suíça e Holanda.

Por meio de trabalhos desenvolvidos na gestão da doutora Anne Schulte-Wülwer-Leidig, vice-diretora da Comissão Internacional para a Proteção do Reno, foi possível despoluir o Reno e realizar intervenções de requalificação das orlas. Um acidente grave na fábrica da multinacional suíça Sandoz, que poluiu o rio em 1986, foi a

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Rio Reno. In Britannica Escola Online. Enciclopédia Escolar Britânica, 2015. Web,

2015. Disponível em: http://escola.britannica.com.br/article/483509/rio-Reno Fonte:

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gota d'água para que a limpeza do Reno fosse levada a sério: "O acidente alertou as autoridades e a opinião pública para os problemas do rio", disse a cientista. Na época, o Rio Reno foi contaminado com 20 toneladas de um pesticida altamente tóxico.

Mais de US$ 15 bilhões foram investidos pelos governos e pela iniciativa

privada desde 1989 na construção de estações de tratamento de água e de monitoramento ao longo do rio. Tal iniciativa deu certo, pois se pode ver agora até gente pescando no Reno, o que era impossível há dez anos. O Rio Reno segue seu percurso atravessando outras cidades que se formaram às suas margens e dele tiram proveito para seu abastecimento de água e alimento, por meio de sua utilização como via de transporte e lazer, com clubes e parques em suas bordas.

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Figura 13-Corte Esquemático do novo Canal do rio – Nota: Adaptado pelo Autor.

Figura 14-Obras do novo canal Fonte:<au.pini.com.br/restauração-do rio Cheonggyecheon> Acesso eem: 10/04/2014

Segundo o arquiteto e urbanista Clodualdo Pinheiro Júnior14, diretor de

Desenvolvimento da Empresa Municipal de Urbanização de Curitiba (URBS), a política urbana de Lee Myung Bak, prefeito de Seul no ano de 1999, foi a responsável pela mobilização para despoluir o canal, demolir o viaduto e criar os parques lineares. A Prefeitura de Seul contratou o arquiteto Kee, e após várias consultas à população, desenvolveu o projeto de recuperação ambiental e urbanística.

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14Clodualdo Pinheiro Júnior arquiteto e urbanista graduado pela PUC-PR em 1994, mestre em educação pela

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De acordo com Pinheiro Junior, o Poder Público local optou por construir um pequeno anel viário para desviar o tráfego da área do antigo viaduto.

Figura15-Viaduto c/ canal-Fonte:<au.pini.com.br/restauração-Cheonggyecheon> Acesso em:

10/04/2014

A cidade agora respira mais e o pedestre pode vê-la melhor, diz ele. Para o urbanista, Seul conseguiu uma proeza que parece impossível para outras metrópoles mundiais, entre as quais São Paulo.

No caso da capital paulista, o arquiteto cita o Minhocão, viaduto que, além de interferir negativamente na paisagem, concentra degradação social e ambiental no seu entorno, problema que considera desafiador quando se pensa na sustentabilidade das cidades. Ao elaborar um projeto, o urbanista tem que pensar em questões que transcendem os limites da arquitetura. Isso inclui os problemas sociais que uma obra pode evidenciar no longo prazo, afirma Clodualdo em artigo para JC Jornal da Cidade de Ribeirão Preto (Julho/2013).

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Na área central, rebaixando a calha (canalizando o Rio) e deixando apenas um espelho d’água, com suas margens ocupadas por jardins próximos, com vegetação original, passeios para o público e travessias em alguns pontos, trazendo uma sensação de retorno à natureza do Rio; junto ao meio fio da via que ficou somente com o transito local, foi criado também um jardim junto à calçada, proporcionando uma forma agradável para circulação.

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Na área mais distante do centro, o Rio aumenta a sua largura, deixando de ficar subterrâneo, e os jardins ganham mais espaço junto ao leito, não deixando de ter também os passeios calçados para a população circular.

As vias em ambos os lados têm somente trânsito local.

Figura 17- Corte Esquemático /Trecho final -Nota: Adaptado pelo autor.

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O projeto de restauração do Cheonggyecheon teve o propósito de preservar a identidade única e do ambiente natural e reforçar o comércio que cercava o local. O plano encorajava o retorno dos pedestres ao local, ou seja, era "amigável ao pedestre". Os escombros da via expressa foram reciclados e reutilizados na restauração do Cheonggyecheon.

O Cheonggyecheon se tornou um centro de cultura e de atividades econômicas da cidade. O projeto é referência em todo o mundo, mostrou um novo caminho a ser tomado e é um exemplo para outras cidades. Outro exemplo de intervenção urbana com aproveitamento de um rio em estado de degradação e com a necessidade de regeneração é o do Rio La Piedad na cidade do México que, juntamente com o Rio Chubusco, fazem

parte de um importante projeto chamado de “Cidade Poliesportiva” onde, além de benefícios urbanos, fazem a regeneração dos sistemas vivos, e o projeto de mobilidade congrega em seu meio tratar as águas do rio, assim como recupera com áreas para recreação, arte e cultura. Esse projeto vem valorizar as propriedades que o cercam e renovam a vida urbana, tornando-a sustentável.

Figura 19-Projeto do Parque Linear do Rio La Piedad. Fonte:<Archdaly - projetos> Acesso em:

20/01/2014.

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sinuosidade do rio, caminhos calçados e arborizados vêm compor uma agradável sensação de prazer e bem-estar a quem por eles caminha, segundo os autores do projeto.

Figura 20-Cidade Esportiva - Cortesia de Aldo Urba. Fonte: <Archdaly-projeto>Acesso em:

20/01/2014.

Figura 21-Rio la Piedad -Corte - Cortesia de Taller 13 Arquitectura Regenerativa. Fonte: <Archdaily-projeto>. Acesso em: 20/01/2014.

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Javier Gonzáles (traduzido por Eduardo Souza- em Archdaily projeto /2014).

No Brasil, mais especificamente no Estado de São Paulo encontra-se o Rio Piracicaba, no município do mesmo nome, que vem recebendo por parte do poder público local a atenção que outros rios que cortam cidades, não só deste estado, mas de todo o território nacional deveria ter.

O Rio Piracicaba foi utilizado como rota fluvial de acesso ao Mato Grosso e Paraná no século XVIII e cidades como Piracicaba foram fundadas nas suas proximidades.

Ao longo dos séculos XIX e XX, o rio foi utilizado como rota de navegação de pequenos vapores e como fonte de abastecimento para engenhos e fazendas de cana de açúcar e café.

Por volta de 1960, o governo paulista decide reforçar o abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo e constrói diversas represas nas nascentes da bacia hidrográfica do Piracicaba, formando assim o Sistema Cantareira, maior responsável pelo abastecimento de água de São Paulo que capta e desvia águas dos formadores do rio Piracicaba, reduzindo assim o nível de água do rio e de seus afluentes.

Por volta de 1980, a industrialização e metropolização da Região Metropolitana de Campinas levam a uma crescente contaminação das águas já escassas do Piracicaba e o rio chega ao século XXI como um dos mais contaminados do país.

Nos últimos anos, a criação de grupos de pressão, maior fiscalização e negociações quanto à reversão das águas feita pelo Sistema Cantareira, além da construção de Estações de Tratamento de Esgoto em algumas cidades evitaram que o quadro se agravasse ainda mais, porém o Piracicaba continua registrando águas impróprias para consumo humano e animal em grande parte do seu curso.

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as proximidades da cidade de Piracicaba e interligaria a região de Campinas à Hidrovia Tietê Paraná, porém o projeto ainda não possui previsão de efetivação.

Culturalmente, a cidade se relaciona com o rio desde os tempos de sua fundação, pois o rio Piracicaba atravessa uma das regiões mais antigas de ocupação do Estado de São Paulo e está firmemente situado na cultura da cidade de Piracicaba, que cresceu ao longo de suas margens. Nesta cidade, diversas festas populares são realizadas às margens do rio, a figura do pescador caipira ainda resiste e a música caipira típica

daquela região imortalizou o rio na canção “Rio de Lágrimas”.

A bacia hidrográfica do rio Piracicaba estende-se por uma área de 12.531 km², situada no sudeste do Estado de São Paulo e extremo sul de Minas Gerais.

O rio Piracicaba nasce da junção dos rios Atibaia e Jaguari, no município de Americana. Após atravessar a cidade de Piracicaba, recebe as águas de seu principal afluente, o rio Corumbataí. O rio Piracicaba percorre 250 km de sua formação até a sua foz no rio Tietê entre os municípios de Santa Maria da Serra e Barra Bonita.

O Piracicaba possui diversos meandros, que transformam o leito em sinuoso, porém tranquilo, apto para a navegação de embarcações de menor porte após a cidade

de Piracicaba. Seus meandros são a origem do nome do rio, que em tupi significa “lugar onde o peixe para”.

A bacia hidrográfica do rio Piracicaba localiza-se numa das regiões mais desenvolvidas do estado de São Paulo, abrangendo importantes municípios como Bragança Paulista, Campinas, Limeira, Americana, Atibaia, Rio Claro, Santa Bárbara d´Oeste e Piracicaba.

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De acordo com o prefeito Gabriel Ferrato,

[...] Avenida Renato Wagner constitui uma área relativamente degradada e mal utilizada, que será objeto de uma requalificação e de integração com as demais áreas e equipamentos públicos da orla do rio Piracicaba, ampliando as oportunidades de lazer e recreação aos piracicabanos e incorporando demandas da sociedade, como uma ciclovia construída de forma tecnicamente adequada. As pessoas poderão se movimentar desde o Lar dos Velhinhos até o Centro de Lazer do Trabalhador, desfrutando do ambiente e da paisagem do principal patrimônio natural de nossa cidade, que é o rio Piracicaba, reforçando o nível de consciência social sobre a necessidade de sua preservação.(MONOLITO, pg., 2014).

Conforme descrito no edital de licitação: “O projeto urbanístico de mobilidade

também deverá prever a requalificação de espaços já existentes, incluindo a readequação da ciclovia ao longo da Avenida Beira Rio e na Avenida Alidor Pecorari, intervenções no Parque da Rua do Porto.”. Mais adiante também fala que: “Numa segunda etapa, o projeto prevê construir um parque na área arborizada da margem do rio, que receberia mais uma pista de caminhada e mais uma ciclovia, além de playground, paisagismo e iluminação. Está prevista ainda, a construção de três decks com avanço sobre o rio Piracicaba, como um espaço de contemplação e valorização de

nosso rio. ”

Segundo Carlos Leite, o arquiteto e PhD, diretor da Stuchi & Leite Projetos:

A oportunidade de constituir o sistema de Parques Lineares do Rio Piracicaba, na área central e histórica da cidade, surge como o elemento urbanístico gerador de valores ao integrar os diversos parques e ações exemplares de aproximação cidade-águas. Tais oportunidades se potencializam neste momento da cidade com a janela de oportunidades advinda da revisão do Plano Diretor e com as

decisões políticas que tornam “Piracicaba, cidade brasileira referencial

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Figura 22-Projeto para Parque Linear do Rio Piracicaba - SP. Fonte:

<http://www.setur.piracicaba.sp.gov.br/> Acesso em: 20/01/2015.

Figura 23-Vista aérea da proposta de Stuchi & Leite Projetos. Fonte:

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Figura 24-Ciclovia e bosque proposta de Stuchi & Leite Projetos.

Fonte: <www.setur.piracicaba.sp.gov.br> Acesso em: 20/01/2015.

O projeto de reestruturação da área que abrange as duas margens do Rio Piracicaba no trecho urbano está em fase de execução.

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2.1 A influência dos Rios nas Cidades

Sua utilização e tratamentos

Como descrito no capítulo anterior, diversas cidades como Basel na Suíça, Seul, na Coréia do Sul, Cidade do México, capital do México, Piracicaba, no Estado de São Paulo, Brasil, todas têm em comum um rio cujas águas as cortam e fazem parte da paisagem urbana de cada uma delas.

Em Basel, o rio a corta ao meio e a cidade soube aproveitar-se desse fato natural e se desenvolveu em ambas as suas bordas, tirando proveito de suas águas para abastecimento, para transporte e Lazer de seus habitantes. Pode-se constatar que, apesar de ter sofrido em um determinado tempo os efeitos de poluição industrial, foram tomadas providências para a regeneração de suas águas, delas se aproveitar e devolver o rio que segue seu percurso em direção a outras regiões as condições mínimas de seu aproveitamento. Fundada no ano 44 a.c. pelos romanos, depois ficou sob o domínio dos franceses desde o século VII até o século XI. Uma cidade que possui muralhas medievais para sua defesa, pois o rio a tornava vulnerável a ataques. Entretanto, hoje em dia essas muralhas são monumentos históricos. O crescimento da cidade dividida pelo rio tem de cada uma de seus lados concentrações urbanas distintas. Tem destacados museus, construídos por arquitetos como Renzo Piano, Mario Botta e Herzog & De Meuron. Basel é muito rica na arquitetura, com o estilo românico da Catedral, e estilo renascentista da Câmara.

Em Seul, o rio Cheonggyecheon, teve sua importância reconhecida ao se transformar num exemplo de recuperação e regeneração para a cidade, trazendo uma nova vida para a região por ele cortada, onde a população residente e que tinha seu

comércio no entorno do antigo canal mal cheiroso, pode agora desfrutar de seu ”novo”

rio, na verdade um espelho d’água, pois o rio agora tratado passa por de baixo desse

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transeuntes, não foram executados ou pensados acessos para portadores de deficiência física, o que aparentemente não parecia um problema, reclamam esses cidadãos o seu acesso. Quanto à intervenção urbana, novas vias para veículos foram construídas, apenas para o transito local, sendo que o tráfego que passava no nível do antigo canal e pelo elevado demolido, foram desviadas, tendo sido criadas novas vias para esse transito. O Parque Linear que se estende por toda a extensão do rio até a sua foz, veio modificar as condições climáticas dessa área de Seul, melhorando a qualidade do ar e trazendo consigo aves que por ali não mais havia, além de melhorar sensivelmente o visual de toda a área.

O Rio La Piedad ou Rio Piedade, na Cidade do México, teve como propostas a concepção de um Parque Linear Ecológico, com a finalidade de resgatar este rio como um lugar que funcionava como um integrador social e biológico da cidade, segundo os arquitetos da Taller 13 Arquitectura Regenerativa, autores do projeto para esse rio. Consta também do projeto a recuperação de suas águas, desde a sua origem na parte urbana de Cuajimalpa, até a sua foz na zona do aeroporto. Um Parque linear com áreas para diferentes atividades e programas que complementam cada uma das vocações que acontecem ao longo de todo o seu percurso. Conforme consta no projeto:” [...]No nível urbano o projeto oferece um novo eixo de mobilidade leste/oeste, nos dois sentidos em ambos os lados do rio, de cada lado haverão vias para circulação de autos, pista

exclusiva para ônibus e ciclovias, além de pista para outras atividades”.

Consta ainda do projeto um sistema de tratamento das águas do rio e também um sistema de reuso, com aproveitamento de águas cinza advindas de construções que se encontram nas beiras, com tratamento de seus esgotos primários e secundários, para depois se infiltrar no subsolo. Quanto aos corredores biológicos, o que se pretende é reintroduzir espécies endêmicas do ecossistema onde se espera recuperar a biodiversidade perdida. Colocam também que os espaços terão diferentes usos como bosques, jardins para contemplação, áreas de recreação, educação, auditórios ao ar livre espaços para diferentes atividades culturais para os habitantes das comunidades do entorno do projeto.

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demonstrar que é possível, quando uma gestão de política urbana bem-intencionada, voltada para o interesse da população, faz uso desse poder para resgatar, através do rio que corta o município, a cultura, e lazer para os habitantes e visitantes dessa cidade.

O projeto Beira-Rio, vem propor a recuperação ambiental das margens do rio Piracicaba, na região central da cidade. Esse projeto tem a intenção de reaproximar os cidadãos da água, criando passeios ao longo da margem do rio numa extensão de cinco quilômetros. De um lado, na margem direita, um antigo edifício que abrigava o Engenho Central, é hoje ocupado para diversas atividades culturais, ligando ambas as margens foram desenvolvidas pelo Laboratório de Madeira e Estruturas de madeira da USP de São Carlos, uma ponte e uma passarela, facilitando o deslocamento dos frequentadores desse novo Parque da cidade.

A relação entre a cidade e a água garante a qualidade de vida no meio urbano. Se olharmos pela questão de políticas públicas, incluem-se questões como o saneamento básico até a segurança hídrica e por outro lado pode-se ter uma relação equilibrada que

cria espaço público nas bordas d’água. Assim vemos o caso de Piracicaba, que soube demonstrar como políticas públicas podem desenvolver nos espaços das bordas do rio intervenções urbanísticas condizentes com a vontade de seus habitantes e também de seus visitantes, fazendo desses espaços, locais aprazíveis à visitação, contemplação, para a prática de exercícios físicos, atividades culturais como exposições e shows, caminhadas.

Referências

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