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Perfil de formação continuada de professores de Educação Física: modelos, modalidades e contributos para a prática pedagógica.

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www.rbceonline.org.br

Revista

Brasileira

de

CIÊNCIAS

DO

ESPORTE

ARTIGO

ORIGINAL

Perfil

de

formac

¸ão

continuada

de

professores

de

Educac

¸ão

Física:

modelos,

modalidades

e

contributos

para

a

prática

pedagógica

Janaína

da

Silva

Ferreira

a

,

José

Henrique

dos

Santos

b,∗

e

Bruno

de

Oliveira

Costa

a

aSecretariaMunicipaldeEducac¸ão,PrefeituradoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro,RJ,Brasil

bProgramadePós-Graduac¸ãoemEducac¸ão,ContextosContemporâneoseDemandasPopulares,InstitutodeEducac¸ão,

UniversidadeFederalRuraldoRiodeJaneiro(UFRRJ),Seropédica,RJ,Brasil

Recebidoem23dedezembrode2012;aceitoem10dejaneirode2014

DisponívelnaInternetem4dejunhode2015

PALAVRAS-CHAVE

Educac¸ãoFísica; Formac¸ão continuada;

Modelosdeformac¸ão; Modalidades

deformac¸ão

Resumo Aformac¸ãocontinuadapromoveodesenvolvimentoprofissionaldoprofessore influ-encia a sua prática pedagógica. O objetivo deste estudo foi descrever as modalidades de formac¸ãocontinuadafrequentadasporprofessoresdeeducac¸ãofísicainiciantes(n=34)e expe-rientes(n=36)eidentificar,naperspectivadosdocentes,aquelasquemaiscontribuírampara oseudesenvolvimentoprofissional.Oestudosecaracterizacomodescritivo.Acoletadedados foifeitapormeiodequestionário.Aanáliseestatísticafoidescritiva.Foimaiorafrequência em modalidades eventuais edecurtadurac¸ãobaseadas prioritariamentenatransmissãode conhecimentoseforamprivilegiadasemmaiorgrauasprerrogativasnormativasdossistemas deensinodepadronizarprogramasemetodologiasdeensino.

©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.

KEYWORDS

Physicaleducation; Continuing

education; Trainingmodels; Teachertraining

ProfileofPhysicalEducationteachers’continuousformation:models,modalities andcontributionsforpedagogicpractice

Abstract Continuing education promotes teachersprofessional development andinfluence theirprofessionalpractice.Theaimofthisstudywastodescribetheactionsofcontinuing edu-cationattendedbybeginners(n=34)andexperienced(n=36)physicaleducationteachersand analyzetheirperceptionsofthemostvaluableformationsforprofessionaldevelopment.The studywasdescriptive.Instrumentfordatacollectionwasquestionnaire.Statisticalanalysiswas

Autorparacorrespondência.

E-mail:henriquejoe@hotmail.com(J.HenriquedosSantos).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2014.01.002

(2)

descriptive.Continuingeducationeventswereoccasionalandshort-lived,basedonthe trans-missionofknowledgethatrarelyprovideteachersadequateContinuingeducationconditions tobuildaninnovativeandcontextualpraxis.

©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrights reserved.

PALABRASCLAVE

Educaciónfísica; Educacióncontinua; Modelosde

formación; Modalidades deformación

PerfildeformacióncontinuadelprofesoradoenEducaciónFísica:modelos, modalidadesycontribucionesalaprácticapedagógica

Resumen Laeducacióncontinuapromueveeldesarrolloprofesionaldelosdocenteseinfluye ensupráctica.Elobjetivodeestainvestigaciónfuedescribirelperfildeformacióncontinua delosprofesoresdeeducaciónfísicaprincipiantes(n=34)yexperimentados(n=36)e iden-tificarsuspercepcionessobrelasaccionesdeformaciónquemáscontribuyeronasupráctica profesional.Lainvestigaciónfuedetipodescriptiva.Larecoleccióndedatosserealizó me-dianteuncuestionario.Elanálisisestadísticofuedescriptivo.Lasformacionesmás frecuenta-dasporlosprofesoresfueroneventosocasionalesydecortaduraciónbasadasentransmisiónde conocimientosquenoofrecenlascondicionesadecuadasdecapacitaciónparalaconstrucción deunapraxisinnovadoraycontextualizada.

©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todoslos derechosreservados.

Introduc

¸ão

A constatac¸ão de uma sociedade em constante evoluc¸ão tecnológicafezdaescolaoprincipalespac¸oparao desenvol-vimentoeademocratizac¸ãodenovosconhecimentosede novascompetênciasprofissionaisedeformac¸ãodocidadão críticoe autônomo nocontexto social, cultural e político (Fundac¸ão Carlos Chagas, 2011). A formac¸ão continuada apresenta-senessecontextocomoumadasopc¸õesviáveise fundamentaisparao aprimoramentodaformac¸ão docente edosistemaeducativo(Neves,1994).Acompetência neces-sária aos professores comec¸a a ser desenvolvida antes mesmo da formac¸ão inicial, no período de socializac¸ão antecipatória,emquesãoformuladascrenc¸assobrea pro-fissãobaseadasemrepresentac¸õesdisseminadaspelosenso comum(Carvalho,1996)quetêmcontinuidadeaolongoda trajetóriaprofissionalpormeiodaformac¸ãoiniciale conti-nuada(Azevedoetal.,2010).Logo,aformac¸ãocontinuada setorna umprocesso essencial na buscapelo desenvolvi-mentoprofissionaldodocente,poisporsuaviaoprofessor temaoportunidadedevivenciarprocessosdeinvestigac¸ão, reflexãoecontatocomconcepc¸õesinovadorasdeensinoe aprendizagem(Chimentão,2009).

Asmodalidadesdeformac¸ãosãoregidasporconceitos, objetivosefinalidadesque,contingenciadasporfatores aca-dêmicos,sociais,políticos,financeirosedeordempessoal, refletemvisõesdemundo, daeducac¸ão emgeral, do pro-cessoeducativoe,consequentemente,expectativasacerca doserprofessoredafunc¸ãodocente.Ainvestigac¸ãosobre ascondic¸ões e anatureza das políticasde formac¸ão con-tinuada permite depreender como se efetivam e em que medidasãocompatíveistantocomarealidadedossujeitos

esuarelac¸ãocomoambientesócio-organizacionalescolar quantocomasnecessidadesdedesenvolvimentoprofissional (GalindoeInforsato,2008).

Dessaforma, o objetivo deste estudo foi descreveras modalidadesdeformac¸ãocontinuadafrequentadaspor pro-fessores de educac¸ão física iniciantes e experientes nas áreastécnico-biológicaepedagógica,alémdeidentificar,na perspectivadessesprofessores, asmodalidadesformativas quemaiscontribuíramparasuapráticaprofissional.

Formac

¸ão

continuada:

aspectos

históricos,

políticos

e

socioeconômicos

Os modelos e asmodalidades de formac¸ão continuada se originam econstituemapartir depressupostosfilosóficos, epistemológicos e metodológicos, determinantes de dife-rentes concepc¸ões deformac¸ão doeducador (Altenfelder, 2005),bemcomoemfunc¸ãodeinteressespolíticose econô-micos dominantes que levam os professores a atender a expectativasdeentidadese organismosoficiaisexternosà escola(Fusari,1988).Atestandoessaassertiva,aconcepc¸ão tradicional prevalente entre 1950/70, influenciada pela aberturadomercadonacionalaocapitalestrangeiroepelo fatorpolíticoincrementadocomgolpemilitar de1964,se baseavanumaconcepc¸ãoeminentementereprodutora,em que importava a transmissão de conteúdos, o desenvol-vimento de habilidades específicas e, consequentemente, mudanc¸asdeatitudesdosprofessores(Fusari,1988).

(3)

das relac¸ões humanas na escola, secundarizavam o papel doprofessoredosconteúdosdisciplinareseinduziam prá-ticaspedagógicasespontaneístas,quandonãobaseadasno modelotradicional(Fusari,1988;Altenfelder,2005).

Oprocessodeindustrializac¸ãoalicerc¸ouatendência tec-nicistade formac¸ão a partir dos anos 1970. Osprocessos de formac¸ão continuadavisavam à preparac¸ãodo profes-sor para uma escola produtiva, capaz de formar pessoas para o mercado de trabalho.No fim dadécada de1970, com os sinais de abertura política, a tendência crítico--reprodutivista representou um avanc¸o na compreensão da relac¸ão de dependência entre educac¸ão e sociedade capitalista, incidindo na denúncia do papel ideológico da escolaquelegitimavaereforc¸avaasdesigualdadessociais (Fusari,1988).Mas,faceaocaráterquaseexclusivamente denuncista,desconsiderouo fazerpedagógicoelimitouas possibilidadesdetransformac¸ãopromovidaspelaescola,na medidaemqueconsideravaqueessareproduziaosistema vigente(Altenfelder,2005).

Foiimportante opapeldasinvestigac¸õessobrea dialé-ticaparaa evoluc¸ão datendênciacríticaqueavultou nos anos 1980, empenhada em superar a influência liberal e crítico-reprodutivista a partir da compreensão da escola comoambientepropícioàstransformac¸õessociais.Osseus efeitosnaspolíticasdeformac¸ãocontinuadasãoevidentes ao valorizar o conhecimentodos conteúdos deforma crí-tica,contextualizadoàrealidadedaescolaedoaprendiz, concebendooprofessorcomomediadorentreosaber cons-truídoemumespac¸o-tempohistórico,políticoesocialeo aluno.

Nos anos 1990 avultam os debates em favor de uma formac¸ão continuada de professores ‘‘[. . .] concentrada no trabalho docente, nas relac¸ões que se estabelecem dentro da escolae na importância da vinculac¸ão entre a formac¸ãodocenteeaspráticasescolarescomoocurrículo, adidática,aavaliac¸ãoeagestãodesala[. . .]’’(Altenfelder, 2005, p. 52). Conforme Moreira (2006), a formac¸ão con-tinuada contemporânea deve proporcionar a associac¸ão de saberes entreos professores por meio da interac¸ão e colaborac¸ão e uma abertura para a aprendizagem com outros.Uma maneira de promover essa troca de saberes seriaauniãodosprofessoresdentrodaescolaqueformariam ciclosde análise,compreensãoe reflexão sobrea prática e considerariam o contexto no qual atuam (Paim et al., 2008).

Os modelos e as modalidades contemporâneos de formac¸ãorefletemtrac¸osdessecontextoevolutivo.As pes-quisasfeitasnasúltimasduasdécadastêmcontribuídopara osavanc¸os dos princípios que regema formac¸ão continu-adadeprofessores(Nóvoa,1991;Demailly,1992;Campello etal.,2000;Garcia,2002;MendesSobrinho,2006;Damiani, 2008; Galindoe Inforsato, 2008;Fundac¸ãoCarlos Chagas, 2011)efundamentamaanálisedaspropostasdeformac¸ão continuadaobservadanocontexto dosdiferentessistemas de ensinoe escolas brasileiros. No entanto,muitas vezes nãosediscriminamostermos‘‘modelos’’e‘‘modalidades’’ deformac¸ão,fatomotivador dainiciativa deensaiar uma sistematizac¸ão terminológica e metodológica desses ter-mos,demodoadiferenciá-losemsintoniacomasdiversas propostaseperspectivasexistentesnocampodaformac¸ão continuada.

Modelos

de

formac

¸ão

continuada:

conceitos

e

representac

¸ões

Otermomodeloremeteaumarepresentac¸ãoabstratadeum fenômeno,cujas característicase evoluc¸ãosedeseja des-crever,preverouexplicar(Duarte,2004).Assim,ummodelo de formac¸ão reúne um conjunto de ac¸ões mediadas por relac¸õesdepoder,culturas,crenc¸asevaloresestabelecidos entreasinstituic¸ões/redes/sistemasdeensinoeossujeitos envolvidosnoprocessoformativoe apresenta característi-casimplícitas,objetivosparticularesemaneiraspeculiares deconduc¸ãodaspráticasformativas.

Naconcepc¸ãodeBrzezinskieGarrido(2001,p.90),um ‘‘modelo de formac¸ão deve ser tomado como referência epistemológicae deverespeitar a especificidadedos pro-cessosformativosedasinstituic¸õesformadoras’’.

MendesSobrinho(2006)apresentaduasperspectivas dis-tintas de formac¸ão continuada na atualidade: a clássica, caracterizadaporumensinodiretivoregidopelalógica da racionalidadetécnica, i.e, pelatransferência de conheci-mentossemapreocupac¸ãocomaexperiênciaeossaberes construídospelosprofessoresesuasprincipaisnecessidades de formac¸ão; e a perspectiva crítico-reflexiva, compro-metidacom proporcionar ao professoruma formac¸ão que promovaareflexãosobresuaprática,aresoluc¸ãodos pro-blemasapartirdesuarealidadeeodesenvolvimentocom baseemprocessoscolaborativos,oqueDamiani(2008) con-sideracomgrandepotencialparatransformaroensinoem umapráticasignificativaecontextualizada.

Embora nem sempreos modelos deformac¸ão se apre-sentem na forma pura, Demailly (1992) e Nóvoa (1991) argumentam que a sua configurac¸ão é esclarecedora enquanto elementos teóricos de análise. Demailly (1992) classifica os modelos de formac¸ão em quatro categorias: universitário,escolar,contratualeinterativo-reflexivo.

Omodelouniversitáriosecaracterizapelarelac¸ão recí-procaentreformadoreformando,emqueascompetências pessoaiseprofissionaisdoformadorsãoconsideradas impor-tantesparaoformando.

Nomodeloescolarasformac¸õessãoorganizadase estru-turadasporinstânciasdepoderexterioresaosdocenteseà escola(Demailly,1992).Aformac¸ãoacontecepormeioda transferênciadeconhecimentos,resulta,emgrandeparte, naatenc¸ãoaosobjetivosdainstituic¸ãoerestringeas expec-tativasdosprofessores.

Omodelocontratualécaracterizadopelarelac¸ão estabe-lecidaentreformadoreformandomediantecontratoentre ambos ou em conjunto com outras parcerias. O modelo seconcretizapormeiodediversasmodalidadesoferecidas conformenegociac¸ãofeitaentreaspartes.

O modelo interativo-reflexivo acontece em regime de aprendizagemmútuaentreosprofissionais.Ointuitoé resol-ver problemas ligados não só à prática, mas também ao contextoescolar.Oformadorfuncionacomo ummediador noprocessodereflexãoeresoluc¸ãodosproblemas.

(4)

Emboraoscursossejamfeitosemreuniõesgrupais,a apren-dizagemésempreindividual;(b)‘‘aprendercomosoutros’’, baseado no princípio de aprendizagem grupal, com perfil colaborativo.Essetipodeaprendizagemnemsempreé pre-sencial, pois o processo firma-se na realizac¸ão de metas e de objetivos de aprendizagem comuns a um determi-nadogrupo;(c)‘‘aprendersozinho’’,comoaautoformac¸ão, em queé fundamental o aprendizadomediante processos abertos que possibilitam ao profissional determinar suas própriasmetasevalorizamaexperiênciacomofator essen-cialparaodesenvolvimentodareflexãoeaprendizagem;e (d)‘‘aprendizageminformal’’,queocorrepelabusca oca-sional de informac¸ões e de experiências entre pares. É consideradoummodeloquegeraprocessosdeaprendizagem importantesparaodesenvolvimentoprofissional.

Modalidades

e

práticas

de

formac

¸ão

continuada

As modalidades de formac¸ão se constituem em vetores de implantac¸ão dos modelos formativos, que mediam as suas concepc¸ões estruturantes (epistemológicas, ideológi-cas,históricas,culturais,sociaiseeconômicas)eanatureza easconsequências/finalidadesformativasparaos professo-reseórgãosgestoresdaeducac¸ãoformal.

A tentativa de sistematizac¸ão das modalidades de formac¸ão é uma tarefa complexa, na medida em que a formacomosãodesenvolvidas,ocontextoemqueocorrem e a sua objetivac¸ão são determinantes das suas fina-lidades. À luz do relatório da Fundac¸ão Carlos Chagas (2011),observa-seumadeturpac¸ãoconceitualnaefetivac¸ão dasmodalidadesdeformac¸ãopelossistemas/entidadesde educac¸ão. Entretanto, em um exercício cognoscitivo no sentidode sistematizar as modalidadesde formac¸ão con-tinuadamaisevidentesnocontextonacional,considerando asuanaturezaepistemológicaeomododesocializac¸ãodo conhecimento,seriapossívelclassificá-lasnasperspectivas clássicaindividualizante,clássicacoletiva,crítica individua-lizanteecríticacoletiva(fig.1).Essasistematizac¸ãopropõe fazer transparecer a natureza da mediac¸ão no processo ensino-aprendizagemeasinter-relac¸õesdeterminantesdas estratégiasdesocializac¸ãodoconhecimento.

Formação clássica

Aprendizagem coletiva

Formação inovadora/ crítica Aprendizagem

individual

Palestra curso

Form. Colaborativa autoformação grupal Oficina

seminário evento científico

Pós-graduação autoformação

Figura1 Sistematizac¸ãodasmodalidadesdeformac¸ão conti-nuada.

Numaperspectivaclássicaindividualizanteaspalestrase oscursospreservamocaráterclássico,poissão instrumen-tais, prontos e preparados por especialistas responsáveis pelaselec¸ãoepelodesenvolvimentodoconteúdo,visamao aprimoramento desaberes e práticas docentes (Fundac¸ão CarlosChagas,2011)econsiderampoucoounadaos conhe-cimentos teóricos e tácitos que osprofessores trazemde suaexperiência.Sãocomumenteadotadospelosórgãos ges-tores de educac¸ão pelo seu baixo investimento (Galindo e Inforsato, 2008) e quando se faz necessário divulgar mudanc¸as pedagógicas ou implantar novos programas ou políticasentendidosprimordiaisparaodesenvolvimentonas escolas(Libâneo,1998;Fusari,1988).

Asoficinase ossemináriosseconfiguramcomo modali-dadesdeformac¸ãoclássicacoletiva,namedidaemquesão veiculadospor organismosgestoresdeeducac¸ão, se apre-sentam breves e circunstanciais e se desenvolvem com a figuradeummediador,especialistanaárea,encarregadode encaminhar discussões ou possibilidades de resoluc¸ão de problemas enfrentados pelos professores. Incluem-se na perspectivadeaprendizagem coletivaporapresentara possibilidadedeinterac¸ãoentreparesecompartilhamento deexperiênciaseconhecimentos.Ofatorqueasdiferencia éocaráterpráticodasoficinaseoteóricodosseminários.

Ainda que classicamente acadêmicos, pois remetem à ideiadeautoridadedeespecialistassobreoconhecimento, os eventos científicos reúnem cientistas/pesquisadores, estudantes egrupos interessadosem compartilhareobter conhecimentosemumadeterminadaárea,permitematroca deexperiências,aatualizac¸ãosobreaevoluc¸ãodo conhe-cimentoem áreasdosaber,asistematizac¸ãoe divulgac¸ão de conhecimentos, bem como o planejamentode futuros projetosdepesquisa.

(5)

Asmodalidadesdeautoformac¸ãoapresentamemcomum a perspectiva crítica/inovadora, pois os professores bus-cam contemplarassuas necessidades pessoais e conjugar os novos conhecimentos àqueles construídos a partir das experiências profissionais (Garcia, 2002). Quanto à natu-reza de socializac¸ão do conhecimento, os processos de autoformac¸ãopodemserindividuaisoucoletivosederivam demodelosindividuaisegrupais(Pachecoe Flores,1999); noprimeiroo professordiligenciaaprópriaaprendizagem enosegundoaformac¸ãointegraumgrupodeprofessores comousemamediac¸ãodeuminterlocutor. Independente-mentedoformato,essetipodeformac¸ãocolocaoprofessor comoelementocentralesuaformac¸ãoesuasexperiências sãoconsideradosessenciaisaodesenvolvimentodareflexão eaprendizagem(Ferreira,2012).

Com caráter essencialmente coletivo e inovador, as práticas de formac¸ão colaborativas se apresentam como modalidades emergentes, se constituem em objeto de investigac¸ãomaisintensivahápoucomaisdeumadécada. Essetipodeformac¸ãoseidentificacomasperspectivas crí-ticasereflexivasquevalorizamprojetosdeformac¸ãomais contextualizadoscomapráticaearealidadeemqueos pro-fessores atuam. Como afirma Damiani(2008), os modelos teóricos de Vygotsky e Bakhtin têm embasado substanti-vamente os estudos sobre a aprendizagem em ambientes colaborativos, baseados no princípio da mediac¸ão social e cultural como potencializadoras de aprendizagens. São diversas as metodologias adotadas nasexperiências sobre essa modalidade deformac¸ão, queenvolve tanto ativida-des no interior das escolas quanto grupos independentes deprofessores,comousemamediac¸ãodecoordenadores ouespecialistas;mas,emsíntese,destinam-seapromover aprendizagensbaseadasnainterac¸ãosocialentrepares, sus-tentadaspelodiálogoentreateoriaeapráticaarticuladas comabuscadasoluc¸ãodosproblemasoriundosdeum con-textoque lhesé comum, condic¸ãoessa fundamental para a construc¸ão de uma ac¸ão pedagógica crítica e reflexiva (Longarezietal.,2007;Damiani,2008).

Face à importância da formac¸ão continuada para o desenvolvimento profissional, esta investigac¸ão analisou e descreveu as modalidadesde formac¸ão continuada fre-quentadas por professores de educac¸ão física do ensino básicoesuapercepc¸ãosobreaquelasquemaiscontribuíram paraasuapráticaprofissional.

Material

e

métodos

Apesquisa équantitativa,poispropõecaracterizaro con-textodaformac¸ãocontinuadadosprofessoresdeeducac¸ão física por meiode instrumento padronizado de coleta de dados e procedimentos de exame e análise do fenômeno mediante o tratamento matemático de dados numéricos (Thomas et al., 2007). Apresenta caráter descritivo, por-quanto visa a obter informac¸ões e caracterizar o perfil de formac¸ão continuada dos grupos investigados e sua percepc¸ão de valor para a prática profissional (Flegner e Dias, 1995; Gil, 1987). A amostra se caracteriza como nãoprobabilística,dotipoconveniente(CarmoeFerreira, 1998),namedida emqueainvestigac¸ãodecorreuapartir dovoluntariadode70professores(as)oriundosdeduas den-tre 13regionais administrativas e pedagógicas dosistema

público estadual do Riode Janeiro. Essas duas condic¸ões foramcaracterizadoras do critériode inclusão. O critério deexclusãoparaosiniciantesfoitermaisdetrêsanosde docência,inclusiveexperiênciasanterioresàvinculac¸ãoao sistemapúblico de ensino, enquanto para os experientes ter menos de 10 anos e mais de 30 anos de experiên-cia na docência. O grupo experiente foi composto por 36professorescomamédiade13,3±7anosdeexperiência noensinoe38,1±8,2anosdeidade.Ogrupodeprofessores iniciantesfoicompostopor 34professores, commédiade 1,2±0,8 ano de experiência no ensino e 24,4±3,3 anos deidade.Ocritériodeselec¸ãodosprofessoresfoibaseado na proposta de Berliner (1994) ao distinguir experientes e iniciantes em vista de suas características em distintos momentosdacarreiraprofissional.

Oinstrumentousadofoiumaadaptac¸ãodoquestionário InventáriodeNecessidades e Caracterizac¸ãodaFormac¸ão (Ferro, 2008),que consta de três partes: a primeira com dadosdemográficos daamostra; a segunda com questões relativasaotipo enúmerodeformac¸õesfeitaspelos pro-fessores nosúltimos três anosnas áreas técnico-biológica (desportos,fisiologiadoexercício,treinamentodesportivo, fitness)epedagógica(pedagogia,didáticaetemas educaci-onais);eaterceiradequestionamentoaoprofessorsobreas modalidadesquemaiscontribuíramparaamelhoriada prá-ticaprofissional. Osquestionários foramaplicados in loco nasescolas,acompanhadodeumTermodeConsentimento LivreeEsclarecidoem queosprofessores manifestarama concordânciaem participardapesquisa.Apesquisa trans-correuemconformidadecomosprocedimentosaprovados pelocomitêdeéticana pesquisa daUniversidadeFederal RuraldoRiodeJaneiro,medianteoparecerN◦ 243,

cons-tantedoprocessoprotocoladocomonúmero23083004981. Osdadosforamtratadosmediante aestatística descri-tivaecomportammedidasdetendênciacentral,dispersão efrequênciarelativaeabsoluta.

Resultados

e

discussão

Naáreatécnico-biológicaverificou-sequeumterc¸odos pro-fessoresexperientesnãoparticipoudeformac¸ãoemetade frequentoutrêsoumaisformac¸õesnotriênioque antece-deuà pesquisa. Quanto aosiniciantes, verificou-semenor abstenc¸ão(17,6%)eprevaleceuaparticipac¸ãoemumadois (38,2%)ecincooumais(32,4%)eventosnomesmoperíodo (tabela1).

Em ambososgrupos deprofessores constatou-semaior frequênciadeparticipac¸ão em formac¸ãona área pedagó-gica,comoeraesperado,tendoemvistalecionarememsua totalidadeno ensinobásico.A frequênciaa três aquatro oucinco oumaiseventosdenotaa médiadeparticipac¸ão emumou maiseventos porano.Nessas faixasse verifica opercentual de 58,3% entreosprofessores experientes e 50%entreosiniciantes.

(6)

Tabela1 Participac¸ãoemformac¸ãocontinuadanasáreastécnico-biológicaepedagógica

Professor Frequênciadeparticipac¸ãoa Áreatécnico-biológica Áreapedagógica

F % F %

Experientes Nenhuma 12 33,3 6 16,7

1a2 6 16,7 9 25,0

3a4 6 16,7 8 22,2

5oumais 12 33,3 13 36,1

Iniciantes Nenhuma 6 17,6 4 11,8

1a2 13 38,2 13 38,2

3a4 4 11,8 9 26,5

5oumais 11 32,4 8 23,5

F,frequênciaabsoluta;%,frequênciarelativa.

aÚltimos3anos.

da maneira circunstancial e vertical como é oferecida, nemsempre atendeàs suas demandas noambiente esco-lar (Galindo e Inforsato, 2008; Fundac¸ão Carlos Chagas, 2011). Quanto aos iniciantes, é plausível supor que a buscapelaformac¸ãocontinuadanessaáreapodesedever: (a) à manutenc¸ão da cultura formativa advinda do con-textodeformac¸ãoinicial;e(b)ànecessidadedeaquisic¸ão deconhecimentosecompetênciasquelhespermitamuma intervenc¸ão maiseficaz também em ambientes não esco-lares,poisaindabuscamespac¸osdeatuac¸ãoprofissionale estabilidadefinanceira.

Os professores experientes apresentam maior participac¸ão em eventos de formac¸ão na área pedagó-gica do que na área técnico-biológica. Isso é coerente na medida em que esses professores buscam formac¸ão que se coaduna com o ambiente escolar onde atuam majoritariamente.

Apenasumterc¸odosprofessoresexperienteseiniciantes apresentouregistrosaproximadosdosresultados encontra-dos por Ferro (2008), no qual se constatou uma média ligeiramentesuperioraumeventoporanoentreos profes-soresinvestigados. Possivelmente, a política de formac¸ão continuadaassociada à promoc¸ão na carreira, caracterís-ticadocontextoportuguês,sejaoelementodistintivodos resultados, pois, no contexto brasileiro, a grande maio-riadossistemasestaduaise municipaisdeensinonãotem planos de carreira docente, bem como, na sua evidên-cia, a formac¸ão continuada não se articula com políticas depromoc¸ãonacarreira,excetoaformac¸ãopós-graduada emníveis latoestrictosensu.Em Portugal,oDecreto-Lei n◦15,de19/01/2007,consideravaaformac¸ãocontinuada

umdireitoedeverdoprofessoremproldeseu desenvolvi-mentoprofissional,oquesemantevemaisrecentementena legislac¸ãoatual,Decreto-Lein◦41,de21/02/2012.Essetipo

deformac¸ãoéarticuladocomapromoc¸ãonacarreira,com efeitosremuneratórios,medianteaparticipac¸ãocom apro-veitamentoem25horas anuaisem média(Portugal,2007) e de 25 a 50 horas anuais (Portugal, 2012) em modalida-desdeformac¸ãoreguladasnosinstrumentoslegaisefeitas em instituic¸ões acreditadas pelo Ministério de Educac¸ão daquelepaís.

A tabela 2 ilustra o perfil de participac¸ão dos profes-sores nas modalidadesde formac¸ão continuada de cunho técnico-biológico e pedagógico. As modalidades na área

técnico-biológicamaisfrequentadaspelosiniciantesforam palestras (61,8%),congressos e oficinas(52,9% em ambas) eseminários(35,3%);enquantoentreosexperientesforam palestras(44,4%),congressos(30,6%)ecursosdeatualizac¸ão (22,2%).

Naárea pedagógicaas modalidadesmaisfrequentadas pelosiniciantesforampalestras(52,9%),congressos(38,2%) e oficinas (32,4%); enquanto entre os experientes foram palestras(58,3%),oficinas,seminários(38,9%em ambas)e especializac¸ão(30,6%).

Em relac¸ão às modalidades de formac¸ão de maior durac¸ão, atualizac¸ões (até 40 horas), especializac¸ão e mestrado,foramfrequentadasmajoritariamentepelos pro-fessoresexperientes,oqueratificaasuamaiorpreocupac¸ão em se qualificar por meio de ac¸ões formativas mais con-sistentes, conquanto ainda se mostre baixa a proporc¸ão. Merece destaque a frequência aos congressos, que, na área pedagógica, alcanc¸a mais de um terc¸o dos inician-teseumquartodosexperientes.Notou-se,ainda,abaixa participac¸ão em cursos stricto sensu (e nenhumano dou-torado) emambasasclassesdeprofessores,oquedenota as dificuldades de acesso em func¸ão da falta de apoio institucional, além das possibilidades de acesso a esses níveis de formac¸ão ainda serem muito restritas aos pro-fessores do ensinobásico em nosso país. Essas restric¸ões tendem a ser minoradas com as políticas públicas de oferta de mestrados profissionais, crescente na atuali-dade.

(7)

Tabela2 Participac¸ãodosprofessoresemmodalidadesdeformac¸ãocontinuada

Eventos Área/Prof.

Frequênciaa

Técnico-biológica Pedagógica

Experiente Iniciante Experiente Iniciante

(f) % (f) % (f) % (f) %

Palestras Nenhuma 20 55,6 13 38,2 15 41,7 16 47,1

1-2 08 22,2 12 35,3 09 25,0 10 29,4

3-6 07 19,4 05 14,7 09 25,0 02 5,9

Maisde6 01 2,8 04 11,8 03 8,3 06 17,6

Oficinas Nenhuma 27 75,0 16 47,1 22 61,1 23 67,6

1-2 05 13,9 13 38,2 05 13,9 04 11,8

3-6 04 11,1 04 11,8 06 16,7 04 11,8

Maisde6 --- 0,0 01 2,9 03 8,3 03 8,8

Seminários Nenhuma 30 83,3 22 64,7 22 61,1 24 70,6

1-2 02 5,6 06 17,6 06 16,7 03 8,8

3-6 03 8,3 04 11,8 04 11,1 02 5,9

Maisde6 01 2,8 02 5,9 04 11,1 05 14,7

Congresso Nenhuma 25 69,4 16 47,1 27 75,0 21 61,8

1-2 05 13,9 14 41,2 06 16,7 12 35,3

3-6 06 16,7 04 11,8 03 8,3 01 2,9

Cursodeatualizac¸ão Nenhuma 28 77,8 29 85,3 26 72,2 30 88,2

1-2 06 16,7 04 11,8 08 22,2 03 8,8

3-6 02 5,6 01 2,9 02 5,6 01 2,9

Aperfeic¸oamento Nenhuma 34 94,4 32 94,1 32 88,9 30 88,2

1-2 02 5,6 02 5,9 03 8,3 04 11,8

3-6 --- 0,0 --- 0,0 01 2,8 00 0,0

Especializac¸ão Nenhuma 30 83,3 32 94,1 25 69,4 31 91,2

1-2 05 13,9 02 5,9 11 30,6 03 8,8

3-6 01 2,8 --- 0,0 --- 0,0 --- 0,0

Mestrado Nenhuma 34 94,4 34 100,0 32 88,9 33 97,1

1-2 02 5,6 --- 0,0 04 11,1 01 2,9

Doutorado Nenhuma 36 100,0 34 100,0 36 100,0 34 100,0

F,frequênciaabsoluta;%,frequênciarelativa.

a Últimos3anos.

Tabela3 Modalidadesdeformac¸ãovalorizadaspelosprofessores

Professores/Áreas Modalidades

Técnico-biológica Pedagógica

Experientes Iniciantes Experientes Iniciantes

f % f % f % f %

Palestra 1 2,8 4 11,8 6 16,7 7 20,6

Oficinas 4 11,1 8 23,5 6 16,7 3 8,8

Seminários 1 2,8 1 2,9 1 2,8 2 5,9

Congressos 6 16,7 9 26,5 3 8,3 7 20,6

Atualizac¸ão 1 2,8 1 2,9 3 8,3 1 2,9

Aperfeic¸oamento 0 0,0 3 8,8 2 5,6 4 11,8

Especializac¸ão 5 13,8 1 2,9 4 11,1 2 5,9

Mestrado 3 8,3 0 0,0 3 8,3 1 2,9

Doutorado 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Nãodiferenciado 1 2,8 1 2,9 0 0,0 3 8,8

Outra 1 2,8 0 0,0 2 5,6 1 2,9

Nãofrequentou/Nenhuma 13 36,1 6 17,6 6 16,7 3 8,8

Total 36 100,0 34 100,0 36 100,0 34 100,0

(8)

Quanto às modalidades mais valorizadas pelos profes-sores na área técnico-biológica, observou-se que entre os experientes os congressos (16,7%), os cursos de especializac¸ão lato sensu (13,9%) e as oficinas (11,1%) foramasquemaiscontribuíramparaapráticaprofissional, enquantoparaosiniciantesoscongressos(26,5%),asoficinas (23,5%)easpalestras(11,8%)reforc¸aramaimportância atri-buídaaoseventosesporádicospelosúltimos.Omestradofoi valorizadoportodososprofessoresqueofizerame verificou--se,emtermosproporcionais,plenavalorizac¸ão(tabela3). Os congressos e as oficinas foram as modalidades de formac¸ãoemquecoincidiramasindicac¸õesdeprofessores inicianteseexperientescomodeimportantecontributopara apráticaprofissional.Destaca-setambém,entreos profes-soresexperientes,aindicac¸ãodoscursosdeespecializac¸ão e mestrado como modalidades de relevo e geradoras de conhecimentos.

Naáreapedagógica,osprofessoresexperientes atribuí-rammaiorimportância àsoficinasepalestras (F=6,16,7% paraambas),seguidas deespecializac¸ão latosensu (F=4, 11,1%), mestrado, atualizac¸ões e congressos (F=3, 8,3% nastrêsmodalidades). Oresultado denotaque,apesarda referência às formac¸ões de curta durac¸ão, maisuma vez verificou-se a importância conferida aos cursos de maior durac¸ãonessaclassedeprofessores.Entreosiniciantes,as palestraseoscongressos(F=7,20,6%paraambas),os cur-sos deaperfeic¸oamento(F=4, 11,8%) e asoficinas (F=3, 8,8%)foramasmodalidadesqueconsiderarammais contri-buirparaapráticaprofissional.

Oúnicoprofessoriniciantecomtítulodemestretambém considerou essa modalidade de formac¸ão relevante para a aquisic¸ão de conhecimentos. Verificou-se a valorizac¸ão de modalidades de longa durac¸ão tanto entreos inician-tesquantoentreosexperientes,possivelmentepelofatode possibilitaremtempoe conteúdo motivadores dereflexão econstruc¸ãodesaberespormeiodapráxise proporciona-remodesenvolvimentoprofissionalnãosópelaaquisic¸ãode conhecimentos,maspelaconstantepossibilidadede relaci-onarateoriacomapráticapedagógica.

Conclusões

Ointuitodestapesquisafoitrac¸aroperfildeparticipac¸ão emac¸õesdeformac¸ãocontinuadadeprofessores experien-teseiniciantes,alémdeverificaraquelasmaisvalorizadas paraapráticaprofissional.Emtermosabsolutos,foimaior a participac¸ão dos professores iniciantes em formac¸ões na área técnico-biológica. No entanto, a frequência em formac¸ões na área pedagógica foi expressiva tanto entre osiniciantesquantoentreosexperienteserepresentouno mínimoumaparticipac¸ãoporanoparaametadedos profes-soresdasduasclasses.

Apesardafrequênciaemeventosdeformac¸ãotervariado nasáreastécnico-biológicaepedagógica,verifica-se majo-ritariamenteafrequênciaemcongressoseemmodalidades esporádicas e eventuais, com baixo nível de aprofunda-mento, como foi o caso das palestras e dos seminários. Em relac¸ão aos congressos, apesar deseu caráter discur-sivoeeminentementeteórico,trazemseubojoinovac¸ões e a oportunidade de trocas de experiências com outros paresdaárea.Asoficinas,em geral,apareceramentreas

trêsmodalidadesmaisfrequentadas,aoquecabedestacar seuperfil associadoao saber-fazerprático/processual que visaadelinearprocedimentoseproduzirmateriaisvoltados para oaperfeic¸oamento, atransformac¸ão e a reflexãoda práticapedagógica,assimcomo,numaatitudecriativa,criar formasdeintervenc¸ãonapráticaeducativa(Ferro,2008).

Verificou-se,em termosgerais, queosprofessores fre-quentaram em maiorproporc¸ãomodalidadesconsideradas tradicionaise decurtadurac¸ão,asquais,em suamaioria, sãoproporcionadaspelossistemasdeensino,ouseja, moda-lidadesestruturadassobomodeloescolardeformac¸ão,em que as ac¸ões formativas privilegiam as necessidades dos sistemasdeensinoesãocompulsórias paraosprofessores (Demailly, 1992;Ferreira,2012).Portanto,seporumlado serveaossistemasparanormalizarprogramase metodolo-gias,poroutrodistancia-sedoprofessoraonãocontemplá-lo emsuasnecessidades,relativamenteaosproblemaspráticos inerentesaocontextoeducativo.

Asmodalidadesmaisvalorizadaspelosprofessores expe-rientesconfiguramumconjuntodeopc¸õesmaisconsistentes para a conceitualizac¸ão da prática pedagógica. Por sua vez, osiniciantes valorizaram majoritariamente ac¸ões de formac¸ão breves e superficiais e referenciam com menor expressão oseventos maisrobustos na perspectiva praxi-ológica.

Conquanto o perfil de formac¸ão continuada nas duas classes de professores se mostre associado aos modelos tradicionais e modalidadeseventuaise decurta durac¸ão, a análise da valorizac¸ão conferida pelos professores, principalmente os experientes, permite constatar que a especializac¸ão e o mestrado foramas modalidades consi-deradas mais significativas para a prática profissional, as quais possibilitam contextualizar conhecimentos teóricos com a práticade ensino. Embora ainda seja incipiente a participac¸ãonessasmodalidades,todososprofessores que asfrequentaramasvalorizaramentreasquemais contribuí-ramparaaaquisic¸ãoeodomíniodeconhecimentos.

Quanto mais consistente, mais a formac¸ão continuada permitirá altos níveis de desenvolvimento profissional do professor.A formac¸ão pós-graduadaincrementaa autono-miaparaafeituradeinvestigac¸õeseaefetivaproduc¸ãodo conhecimento,competênciasquealiteraturaapontacomo fundamentaisedesejáveisaosprofissionaisdaeducac¸ãoem geral. Nesse caso, os documentos legais e normativos encontram-se mais avanc¸ados do que a prática corrente nos sistemas de ensino, pois esses fundamentos estão previstos em documentos como os PCNse asOrientac¸ões daRedeNacionaldeFormac¸ãoContinuadadeProfessores, mas a realidade carece de ac¸ões efetivas pelos sistemas de ensino que têm a responsabilidade de empreendê-las eincentivaraqualificac¸ãodocente.Namedidaem quese pretende que o professor desenvolva a responsabilidade e a autonomia para gerir o processo de desenvolvimento profissional, aformac¸ãodeve partirdamotivac¸ão pessoal do professor, pois a possibilidade de atenc¸ão às suas necessidades profissionais serão ampliadas. É necessário, também, que a formac¸ão continuada esteja associada à promoc¸ão na carreira com correspondentes benefícios financeirosepromoc¸ãoprofissionaldosprofessores.

(9)

conceitodereflexividadeereconstruc¸ãocríticadaprática, pela sua importância seja noâmbito educacional seja da formac¸ãocríticaeampliadanosdomíniospolíticoesocial. Essasmodalidadesestãonavanguardadaformac¸ãoe esti-mulamaarticulac¸ãoentreteoriaeprática,aconstruc¸ãode saberesecompetênciaspormeiodaconstantereflexãopor meiodeprojetoscoletivosecolaborativos.

Financiamento

Pesquisa desenvolvida com auxílio da Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamentodePessoaldeNívelSuperior(Capes),por meio de bolsa de demanda social no Programa de Pós--Graduac¸ão em Educac¸ão, Contextos Contemporâneos e DemandasPopulares(PPGEDuc/UFRRJ),edoConselho Naci-onalde Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), noâmbitodoProgramaInstitucional deBolsadeIniciac¸ão Científica(Pibic).

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Agradecimentos

Às SecretariaEstaduale MunicipaldeEducac¸ãodo Riode Janeiro,bemcomoaosprofessoresquecontribuíramparaa concretizac¸ãodestapesquisa.

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