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Estudo comparativo entre os aspectos endoscópicos e histológicos no diagnóstico do câncer da papila duodenal maior

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(1)

ESTUDO

COMPARATIVO

ENTRE

OS

ASPECTOS

ENDOSCÓPICOS E HISTOLÓGICOS NO DIAGNÓSTICO

DO CÂNCER DA PAPILA DUODENAL MAIOR

São Paulo 2003

(2)

MICHELLE LUCINDA GONÇALVES DE OLIVEIRA

Oliveira, Michelle Lucinda Gonçalves de

Estudo comparativo entre os aspectos endoscópicos e histológicos no diagnóstico do câncer da papila duodenal maior / Michelle Lucinda Gonçalves de Oliveira. -- São Paulo, 2003.

103 f, 29,7 cm.

Tese (Mestrado -- Gastroenterologia Cirúrgica) -- Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina.

(3)

ESTUDO

COMPARATIVO

ENTRE

OS

ASPECTOS

ENDOSCÓPICOS E HISTOLÓGICOS NO DIAGNÓSTICO

DO CÂNCER DA PAPILA DUODENAL MAIOR

São Paulo 2003

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para a obtenção do Título de Mestre em Medicina

Orientador:

Prof. Dr. Gaspar de Jesus Lopes Filho

Co-orientador:

(4)

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE CIRURGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GASTROENTEROLOGIA CIRÚRGICA

Coordenador: Prof. Dr. Delcio Matos

Orientador: Prof. Dr. Gaspar de Jesus Lopes Filho Co-orientador: Prof. Dr. Tarcísio Triviño

(5)
(6)

Aos meus pais, pela presença em todas as etapas de minha formação, pelo amor e constante incentivo.

Ao Jean, o melhor amigo, a mão segura, o coração em chamas, os braços de tantos afagos e tantas vitórias, meu irmão.

À minha avó Lucinda e à minha tia Grizelda por todas as lições de vida, pelo exemplo de luta, pelo amor dedicado.

(7)
(8)

À UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ, pela formação e pelos valores como médica.

À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA e ao HOSPITAL SÃO PAULO pela minha formação cirúrgica.

Ao Prof. Dr. GASPAR DE JESUS LOPES FILHO pela orientação há tantos anos, pela amizade e convívio, mas principalmente por ter sido um exemplo constante da eterna arte de ensinar.

Ao Prof. Dr. TARCÍSIO TRIVIÑO por ter possibilitado o início desta pesquisa, por seu exemplo de dedicação aos doentes, pela colaboração na orientação, pela amizade e incentivo ao início dos estudos no exterior.

Ao Prof. Dr. DELCIO MATOS pelos caminhos trilhados neste programa de pós-graduação.

(9)

Ao Prof. Dr. NELSON YUKITOSHI SATO pelo auxílio na análise dos exames endoscópicos.

Ao Dr. RICARDO ARTIGIANI NETO do Departamento de Anatomia Patológica da Universidade Federal de São Paulo, pelo incansável apoio e estímulo; pelas revisões de lâminas, localização dos laudos e grande contribuição no desenvolvimento deste trabalho.

Ao Prof. Dr. SAMUEL GOIHMAN por sua valiosa orientação no método estatístico aplicado neste trabalho.

Ao Sr. MARCOS MAYEDA pela apoio no processo de análise estatística.

Ao Dr. RAMIRO COLLEONI NETO pela colaboração e pelo estímulo no desenvolvimento deste trabalho.

(10)

CAETANO Jr., Dr. JOSÉ FRANCISCO DE MATOS FARAH, Dra. MIRIAM

T. GOMES e Dra. VERÔNICA ROLIM SALES FERNANDES, nenhuma

palavra é suficiente para expressar o meu agradecimento.

Ao Prof. Dr. LAÉRCIO GOMES LOURENÇO pelo apoio e viabilização do curso de extensão no exterior.

Ao Prof. JOHN CAMERON e seus assistentes CHARLES YEO, KEITH LILLEMOE, KURTIS CAMPBELL, MICHAEL CHOTI, MARK TALAMINI E RICHARD SCHULICK do Departamento de Cirurgia do Hospital Johns Hopkins em Baltimore, Estados Unidos, pela solidificação dos meus conhecimentos e estímulo acerca da cirurgia da região periampular.

Aos professores TARCISIO TRIVIÑO, BENEDITO HERANI FILHO, JOSÉ

ROBERTO FERRARO, EDSON JOSÉ LOBO E ALBERTO

GOLDENBERG, docentes do Grupo de Fígado, Vias Biliares e Pâncreas, pelos ensinamentos e pela assistência aos doentes deste trabalho.

(11)

Aos professores ARTUR BERTI RICCA, BORIS BARONE, CHIBLY MICHAEL HADDAD, CLOVIS MASSAYUKI KOBATA, JOSÉ CARLOS DEL GRANDE, MARIO SILVA MONTEIRO, MARIZA HELENA PRADO-KOBATA, MILTON SCALABRINI E SARHAN SIDNEY SAAD, docentes da Disciplina de Gastroenterologia Cirúrgica, pela minha formação cirúrgica.

Ao Dr. CARLOS HARUO pelos ensinamentos e colaboração durante minha formação como cirurgiã.

Aos colegas, residentes, estagiários, médicos colaboradores e pós-graduandos pelos momentos compartilhados.

Às enfermeiras, auxiliares, secretárias e demais funcionários da Disciplina de Gastroenterologia Cirúrgica que tanto colaboram para a concretização de nossas tarefas.

Aos funcionários do SAME pela localização dos prontuários.

(12)

Página

Figura 1 – Papila polipóide com fluxo de bile... 14

Figura 2 – Tumor vegetante... 14

Figura 3 – Papila com óstio irregular... 14

Figura 4 – Tumor ulcerado... 14

Figura 5 – Espécime cirúrgico com identificação da papila... 18

Figura 6 – Neoplasia projetada na papila duodenal, dilatação do ducto pancreático ... 18

Figura 7 – Adenocarcinoma bem diferenciado (H.E. – 100x)... 23

Figura 8 – Adenocarcinoma moderadamente diferenciado, aglomerado de células neoplásicas de arquitetura glandular (H.E. – 400x)... 23

Figura 9 – Adenocarcinoma difuso em células em “anel de sinete” (H.E. – 100x)... 23

Figura 10 – Esquema da anatomia da papila... 44

Figura 11 – Prega longitudinal... 44

Figura 12 – Prega transversal... 44

(13)

Figura 15 – Mucosa da papila com artefato de efeito térmico

(H.E. – 100x)... 55 Figura 16 – Glândula da superfície de revestimento papilar

com artefato de efeito térmico (H.E. – 400x)... 55 Figura 17 – Adenocarcinoma infiltrando a profundidade da

parede, recoberto por mucosa duodenal

(H.E. – 100x)... 55 Figura 18 – Adenocarcinoma com infiltrado inflamatório

(H.E. – 40x)... 57

Figura 19 – Glândulas neoplásicas com infiltrado inflamatório

(H.E. – 100x)... 57

Figura 20 – Adenocarcinoma de padrão tubular, bem

diferenciado com intensa reação desmoplásica

(H.E. – 40x)... 57

(14)

Página

TABELA 1 – Distribuição dos doentes de acordo com o sexo... 09

TABELA 2 – Distribuição dos doentes de acordo com a idade... 09

TABELA 3 – Distribuição dos valores do teste diagnóstico

duodenoscopia em relação ao câncer de papila... 33

TABELA 4 – Distribuição dos valores do teste diagnóstico

biopsia endoscópica em relação ao câncer de

papila... 35

TABELA 5 – Distribuição dos valores entre os testes

diagnósticos biopsia endoscópica e

(15)

Página

RESUMO

1 INTRODUÇÃO... 01

2 CASUÍSTICA... 07

3 MÉTODO... 10

3.1 Endoscopia... 11

3.2 Processamento Histológico... 17

3.3 Análise Estatística... 24

4 RESULTADOS... 32

5 DISCUSSÃO... 37

6 CONCLUSÃO... 62

ANEXOS... 64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 78

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA... 102

(16)

O carcinoma da papila duodenal maior é classificado como uma

neoplasia da região periampular. Sua incidência varia entre 0,06 a 0,21% nos

achados de autópsia e corresponde a 5% de todos os tumores malignos do

trato gastrintestinal. Seu diagnóstico preciso e precoce é fundamental para a

decisão terapêutica, principalmente por apresentar o prognóstico mais

favorável comparado às outras neoplasias periampulares. No entanto, o

diagnóstico obtido pela duodenoscopia nem sempre é confirmado pelo exame

da biopsia endoscópica, em razão da dificuldade de diferenciar lesões não

invasivas de carcinomas, mesmo por patologistas experientes. O objetivo

deste trabalho foi avaliar o valor e a limitação da duodenoscopia e da biopsia

endoscópica no diagnóstico do câncer de papila duodenal maior. Analisou-se

retrospectivamente 30 doentes com suspeita de carcinoma de papila, sendo 11

do sexo feminino e 19 do sexo masculino; a idade variou de 39 a 71 anos,

sendo a média de 55,7 anos. Todos os doentes foram submetidos à

duodenopancreatectomia parcial, sendo o exame da peça operatória o padrão

ouro para a análise do valor dos testes. A acurácia e a sensibilidade da

(17)

enquanto a acurácia e a sensibilidade da biopsia endoscópica foi de 66,6% e

65,5%. Ao comparar os métodos de diagnóstico, não houve diferença

significante entre a concordância e a discordância da duodenoscopia e da

(18)
(19)

1 INTRODUÇÃO

A papila duodenal maior é a projeção da mucosa correspondente à

confluência dos ductos biliar e pancreático junto ao duodeno (WOOD, 1966).

Apesar de suas reduzidas dimensões, representa uma importante estrutura do

aparelho digestivo, seja por sua fisiologia, seja por suas alterações

(SCHLIPPERT et al., 1978; BEGER et al., 1999).

Descrita por Godefridi Bidloo, em seu tratado Anatomia Humani

Corporis em 1685, foi divulgada por Abraham Vater em 1720, em cuja

homenagem foi denominada de Papilla Vateri (SKANDALAKIS et al., 1993;

McCLUSKY III et al., 2002). A seguir, teve a sua anatomia pormenorizada,

particularmente no que diz respeito aos mecanismos esfincterianos, por Oddi

e, posteriormente, por Boyden, estudos estes que permitiram melhor

conhecimento da fisiologia desta estrutura (SKANDALAKIS et al., 1993;

AVISSE, FLAMET, DELATRE, 2000; McCLUSKY III et al., 2002). A

complexidade anatômica, funcional e anatomopatológica desta região é

explicada por alguns autores como decorrência da existência de três epitélios

distintos, um proveniente da via biliar, outro do ducto pancreático e um

(20)

SKANDALAKIS et al., 1993; BEGER et al., 1999; AVISSE, FLAMET,

DELATRE, 2000).

Como conseqüência, as neoplasias dessa região podem ter a definição

de sua origem dificultada, o que levou alguns autores a denominá-las de

neoplasias periampulares, independentemente de ter a sua origem no ducto

biliar distal, papila duodenal maior, duodeno ou mesmo no ducto pancreático

(SANCTIS & TAGLIAFERRI, 1968; HAYES et al., 1987; YAMAGUCHI &

ENJOJI, 1987; DAWSON, PATHY, CANNOLLY, 1989; FRIESS et al.,

1999).

Se por um lado, a distinção anatômica e mesmo histológica desta

neoplasia é bastante difícil, por outro lado, a caracterização da neoplasia

primariamente da papila é de fundamental importância, uma vez que este tipo

de neoplasia tem maior possibilidade de ressecção curativa do que os outros

tumores periampulares, além de apresentar evolução mais favorável, com

índices de sobrevida em 5 anos de 30 a 50% (SHIRAI et al., 1996; MENZEL

et al., 1999; CHATURVEDI et al., 2002).

É oportuno lembrar que tais resultados relacionam-se diretamente à

precocidade do diagnóstico, sendo notório que constituem elementos

(21)

diagnóstico precoce e sua definição anatomopatológica (NEOPTOLEMOS et

al., 1988; DELCORE et al., 1989; TALAMINI et al., 1997; STICCA,

WEATHERFORD, McALHANY Jr., 1996; ROBERTS et al., 1999).

A busca por estes objetivos encontra sérias restrições na investigação

clínica, já que o quadro colestático observado na neoplasia da papila duodenal

pouco difere das neoplasias correlatas, não apresentando nenhuma

característica patognomônica. O mesmo pode-se dizer dos exames

laboratoriais e radiológicos (SIVAK, 1988; CHATURVEDI et al., 2002).

Até o início da década de 80, a neoplasia de papila duodenal maior era

diagnosticada, na maioria das vezes, durante a cirurgia ou por ocasião da

necrópsia (MAKIPOUR et al., 1975; NAKAO et al., 1982; SIVAK, 1988;

KIMCHI et al., 1998).

O advento da ultrassonografia abdominal permitiu, em doentes

ictéricos, determinar a topografia da obstrução, mas dificilmente a

caracterização da lesão neoplásica da papila. O mesmo se diz de outros

exames tais como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética

que podem, contudo, ser úteis no estadiamento da doença, determinando a sua

(22)

BAKKEVOLD, ARNEJO, KAMBESTAD, 1992; BRAMBS & CLAUSSEN,

1993; BLACKBOURNE et al., 1994).

A endoscopia digestiva foi a responsável pela grande evolução no

diagnóstico da neoplasia da papila duodenal, pois, além de permitir a sua

identificação e a determinação topográfica, caracterizando o diagnóstico

macroscópio, permite a obtenção de amostras para estudo microscópico e,

conseqüentemente, o diagnóstico histológico (SIVAK, 1988; BEGER et al.,

1999; ROBERTS et al., 1999). Têm sido observadas discrepâncias entre os

aspectos macroscópicos observados à endoscopia e os aspectos microscópicos

observados ao exame histopatológico de espécimes obtidos por biopsia da

região da papila (LEESE et al., 1986; PONCHON et al., 1989;

KOMOROWSKI et al., 1991; SEIFERT, SCHULTE, STOLTE, 1992;

KIMCHI et al., 1998). Mais recentemente, a ecoendoscopia, exame disponível

a uma população restrita, passou a permitir um estudo mais detalhado,

avaliando não apenas a lesão da mucosa, mas também a sua extensão, além de

orientar a biopsia obtida por punção com agulha (BEGER et al., 1999;

MENZEL et al., 1997; MALUF FILHO, 2000; TORRE-BRAVO et al., 2001).

A maioria dos doentes portadores de carcinoma de papila duodenal

(23)

de São Paulo, Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM) foi submetida à

endoscopia digestiva alta e à biopsia endoscópica com estudo histopatológico

da papila duodenal maior, na busca de um diagnóstico definitivo que

permitisse a indicação de um procedimento cirúrgico radical, de grande porte,

a duodenopancreatectomia. A discordância entre a macroscopia observada à

endoscopia e a microscopia da biopsia, não só chamou a atenção como, por

vezes, retardou a indicação cirúrgica. Em uma tentativa de definir o

verdadeiro valor de cada um destes métodos diagnósticos na conduta

cirúrgica, desenvolveu-se este estudo.

O objetivo deste trabalho foi comparar o valor diagnóstico da duodenoscopia e do exame histopatológico da biopsia obtida durante o exame

endoscópico, em doentes com suspeita de câncer de papila duodenal maior

(24)
(25)

2 CASUÍSTICA

No período compreendido entre junho de 1981 e janeiro de 2003, foram

analisados os laudos de exame anatomopatológico referentes à análise do

material obtido por duodenopancreatectomia, com ou sem preservação de

piloro, de doentes com diagnóstico clínico ou endoscópico de neoplasia de

papila duodenal maior, operados na Disciplina de Gastroenterologia Cirúrgica

da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina

(UNIFESP-EPM), selecionados através de revisão de prontuários. Foram

excluídos aqueles que não apresentavam laudo do exame endoscópico da

papila e/ou a biopsia endoscópica, perfazendo um total de 30 doentes

analisados retrospectivamente, dentre os quais 11 eram do sexo feminino e 17

eram do sexo masculino (Tabela 1). A idade variou de 36 a 73 anos, sendo a

média de 55,7 anos e a mediana de 54.2 anos (Tabela 2). Os demais achados

referentes aos doentes desta Casuística encontram-se nas Tabelas 1, 2 e 3 dos

(26)

TABELA 1 – Distribuição dos doentes de acordo com o sexo

Sexo no doentes %

Feminino 11 36,66

Masculino 19 63,34

Total 30 100,00

TABELA 2 – Distribuição dos doentes de acordo com a idade

Idade (anos) no doentes %

31-40 03 10,00

41-50 04 13,33

51-60 14 46,67

61-70 07 23,30

71-80 02 06,70

(27)
(28)

3 MÉTODO

3.1 Endoscopia

Os procedimentos endoscópicos foram realizados no Serviço de

Endoscopia da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de

Medicina (UNIFESP- EPM).

Os doentes foram encaminhados ao exame em jejum por um período

mínimo de oito horas. Antes de iniciar o procedimento diagnóstico, foram

esclarecidos quanto à natureza do exame endoscópico e submetidos à

cateterização de uma veia periférica no antebraço.

A anestesia local da orofaringe foi realizada através de borrifação de

lidocaína a 10%. Realizou-se a sedação através da aplicação endovenosa de

midazolam, na dose de 2 a 4mg, conforme indicação do endoscopista

responsável pelo exame, sendo os doentes monitorizados com oxímetro de

pulso quanto à saturação de O2 e à freqüência cardíaca, recebendo oxigênio

através de cateter nasal (5l/min) .

Os exames foram realizados pela equipe de endoscopistas do Hospital

São Paulo, auxiliados por uma técnica de enfermagem, utilizando-se um

(29)

Esse aparelho possui um canal de procedimento com diâmetro de 3,2 mm. Os

doentes foram posicionados em decúbito lateral esquerdo ou em decúbito

ventral, iniciando-se o exame pela introdução do aparelho, suavemente e sem

orientação visual, na orofaringe. A uma distância de cerca de 15 cm da arcada

dentária superior, solicitava-se ao paciente que realizasse uma inspiração

profunda, acompanhada de deglutição, permitindo a passagem do aparelho em

direção ao esôfago até o estômago, conforme técnica usual. Sob controle

visual, eram observadas a mucosa e a distensibilidade da câmara gástrica.

Reconhecidas a curvatura gástrica menor e a incisura angular, o aparelho

progredia até o piloro, cuja abertura era focalizada no centro do campo visual.

Nesta posição, a ponta do aparelho era retificada, permitindo a

passagem para a primeira porção duodenal. Após a transposição do piloro,

eram aplicados 2 ml de brometo de N-butilescopolamina por via endovenosa,

visando reduzir o peristaltismo duodenal. O aparelho prosseguia até a segunda

porção duodenal, onde era retificado, permitindo a identificação e melhor

inspeção da papila duodenal maior, que era observada quanto ao seu formato e

superfície, identificando-se o seu óstio e a presença ou não de fluxo biliar pelo

(30)

Na presença de alteração da papila, como irregularidade da mucosa,

discromia, área de granulação, ulceração ou vegetação era realizada a biopsia,

retirando-se em torno de cinco fragmentos, preferencialmente nas bordas e no

centro da lesão. O material coletado era, então, condicionado em frasco com

formol a 10%, identificado e encaminhado ao Departamento de Anatomia

Patológica. Essas lesões encontradas foram classificadas em 4 tipos (Tabela

A4): lesão vegetante, lesão ulcerada, lesão infiltrativa, e papila com mucosa

normal e irregularidade do óstio (Figuras 2, 3 e 4).

O exame da colangiografia retrógrada endoscópica foi indicado

seletivamente, sendo realizado em uma sala do Setor de Radiologia da

Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina

(UNIFESP-EPM). A sala dispunha de um aparelho Philips com televisão e potencial de

150 quilovolts e 1000 ampéres. A papila duodenal maior, uma vez enfocada

no centro do campo de observação, foi mantida sob visão, travando-se os

movimentos da ponta do aparelho, procedendo-se, a seguir, a sua canulação e

injeção do contraste iodado. O procedimento constou, fundamentalmente, da

observação endoscópica e do exame radiológico feito em diferentes decúbitos,

tanto dinâmico (através do estudo do esvaziamento do contraste injetado nas

(31)

Figura 2 - Tumor vegetante

(32)

em cada momento oportuno).

A papiloesfincterotomia também foi realizada seletivamente, com

maior indicação nos casos em que não havia programação para o tratamento

cirúrgico ou quando o doente evoluía com colangite. A técnica empregada

para esse procedimento foi a mesma preconizada por CLASSEN &

DEMLING (1974). Com o aparelho posicionado no duodeno e pelo canal de

procedimento, foi passado o papilótomo que consta, basicamente, de um

cateter de polietileno, que contém na extremidade distal uma abertura, pela

qual se exterioriza um fio de aço, que se fixa próximo à extremidade distal do

cateter. A distância desta abertura até a ponta do cateter varia de 2 a 3 cm. O

fio de aço estende-se, proximalmente, pelo interior do cateter de polietileno e

se prende, já fora do cânula do aparelho, a um controle manual que permite

tracionar ou afrouxar o fio distalmente, formando um arco mais ou menos

tenso. Pelo fio de aço, passa uma corrente elétrica, alternando entre

coagulação e corte, em curtos espaços de tempo (mais ou menos 3 segundos),

que tem por objetivo a hemostasia e a secção da papila duodenal maior e até

parte do esfíncter do colédoco. Essa corrente elétrica é gerada por uma fonte

de diatermia. O papilótomo, uma vez introduzido na papila duodenal maior,

(33)

e confirmado pela radioscopia. Comparando-se a configuração do óstio da

papila duodenal maior com um mostrador de relógio, a secção da papila foi

realizada entre 10 e 12 horas. Após a esfincterotomia, o diâmetro da secção foi

calculado, aproximadamente, pela mensuração da seta do arco formado pelo

cateter e a corda (fio de aço) do papilótomo, ajustados ao orifício biliar. Logo

após a esfincterotomia, a papila usualmente perde sua configuração habitual,

observando-se uma abertura ampla, delimitada por uma mucosa com o aspecto

alterado, devido à eletrocoagulação. Após a retirada do aparelho, foram

efetuados os cuidados com a descontaminação do mesmo e de seus acessórios,

seguindo a rotina do Serviço de Endoscopia. O endoscópio, após cada exame,

era lavado externamente com sabão líquido, água e detergente enzimático. No

interior dos canais de biópsia e aspiração eram injetados detergente enzimático

e água; a seguir, eram introduzidas escovas apropriadas e injetado detergente

enzimático novamente. A secagem do endoscópio era realizada com jatos de

ar comprimido, aplicados tanto à superfície externa como aos canais, e o

mesmo era imerso em glutaraldeído a 2%, por um período de 20 a 30 minutos,

após o qual era novamente aplicado à superfície externa do endoscópio e

instilado água sob pressão em todos os canais. Após nova secagem com jatos

(34)

de cateterização, papilótomos e outros acessórios eram lavados com

detergente enzimático e imersos em glutaraldeído a 2% por um período de 20

a 30 minutos. Finalmente, era realizada a secagem com jatos de ar

comprimido e os equipamentos eram guardados em envelopes plásticos

esterilizados.

3.2 Processamento Histológico

O material proveniente da biopsia endoscópica e do espécime cirúrgico,

proveniente da duodenopancreatectomia parcial (Figuras 5, 6, 7; e Gráfico

B1), foi recebido e registrado no laboratório do Departamento de Anatomia

Patológica da UNIFESP-EPM, realizando-se a análise histológica após o

preparo do material para a confecção das lâminas. A técnica histológica foi

realizada através dos processos de fixação, embebição em parafina, cortes e

coloração pela técnica de hematoxilina-eosina (H.E.), seguindo a rotina da

técnica histológica do Departamento de Patologia da Universidade Federal de

São Paulo - Escola Paulista de Medicina (MICHALANY, 1981). Todos os

cortes histológicos seriados foram corados pela hematoxilina-eosina e

examinados por dois patologistas responsáveis pela avaliação do grau

(35)

Figura 5 - Espécime cirúrgico com identificação da papila duodenal maior

(36)

A primeira etapa realizada foi a fixação do material proveniente da biopsia

endoscópica e da peça de ressecção cirúrgica. Estes materiais eram fixados

inicialmente em solução de formol tamponado a 10% pelo período mínimo de

24 horas. A seguir, todo o material foi submetido à desidratação progressiva

em álcool etílico, inicialmente em solução de baixa graduação a 70% e,

posteriormente, em quatro soluções mais concentradas até atingir o álcool

absoluto (álcool I pelo período de 60 minutos, álcool II pelo período de 60

minutos, álcool III pelo período de 60 minutos e álcool IV pelo período de 60

minutos). Na terceira etapa, todo o material foi submetido à diafanização

progressiva em xilol, inicialmente em solução de baixa graduação e,

posteriormente, em quatro soluções mais concentradas até atingir o xilol

absoluto (xilol I pelo período de 60 minutos, xilol II pelo período de 60

minutos, xilol III pelo período de 60 minutos e xilol IV pelo período de 60

minutos). A impregnação em parafina foi realizada em todo o material em

parafina a 60oC, inicialmente em solução de baixa graduação e, a seguir, em

três soluções de concentrações progressivas, até atingir aquela de maior

pureza (parafina I pelo período de 60 minutos e parafina II pelo período de 60

minutos). Depois de impregnado em parafina a 60oC, o material foi incluído

(37)

material foi resfriado a 5oC e, após este processo, foram realizados cortes

seriados de 4µm de espessura em micrótomo modelo Leica 2150 em todos os

blocos, sendo então o material aderido às lâminas de vidro, previamente

identificadas e submetidas à secagem em estufa a 50oC. Os cortes histológicos,

já aderidos às lâminas de vidro foram imersos em soluções conforme as

seguintes etapas: desparafinar em xilol, alcoolizar e hidratar em álcool,

embeber em hematoxilina de Harris durante 10 minutos, lavar em água

corrente até os cortes adquirirem a coloração azul, diferenciar rapidamente em

álcool-ácido, lavar em água corrente por 5 a 10 minutos, lavar rapidamente em

álcool a 95o, embeber em eosina por 2 minutos, diferenciar em álcool a 95o,

desidratar em álcool e diafanizar em xilol. Finalmente, os cortes histológicos

foram embebidos em meio viscoso transparente, Entellan (Merck 7961), e

cobertos com lamínula de vidro.

Todas as lâminas foram analisadas por dois médicos patologistas

independentes, que desconheciam os dados clínicos dos doentes. Seus

diagnósticos foram estabelecidos com base em critérios usualmente

empregados em anatomia patológica (Tabela A9). Para a determinação do

diagnóstico de malignidade em lesões de papila duodenal maior, utilizou-se

(38)

nucleares, o desarranjo da arquitetura e a invasão linfática e/ou perineural. Na

avaliação histológica (Figuras 7,8 e 9) foi utilizada a classificação modificada

para carcinomas de ductos biliares extra-hepático (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2000): carcinoma in situ, adenocarcinoma papilar,

adenocarcinoma tipo intestinal, adenocarcinoma mucinoso, carcinoma de

células claras, carcinoma em células de anel em sinete, carcinoma

adenoescamoso, carcinoma de células escamosas, carcinoma de células

pequenas, carcinoma indiferenciado, tumor carcinóide,

adenocarcinoma-carcinóide, carcinoma indiferenciado.

O estadiamento patológico, pTNM, (Tabelas A6, A7, A8 e Gráficos B2,

B3) foi realizado através da classificação de tumores malignos da UNIÃO

INTERNACIONAL DO COMBATE AO CÂNCER (2002), onde:

Tumor Primário (T)

Tx tumor primário não identificado T0 ausência de tumor

Tis carcinoma in situ

T1 tumor limitado à ampola/esfíncter T2 invasão da parede duodenal

T3 invasão do pâncreas

(39)

Linfonodos regionais (N)

Nx linfonodo regional não identificado

N0 ausência de metátases para linfonodo regional N1 metástases para linfonodo regional

Metástases à distância

Mx a presença de metástases não é acessível M0 ausência de metástases

M1 presença de metástases

pTNM

Estádio 0 Tis N0 M0

Estádio IA T1 N0 M0

Estádio IB T2 N0 M0

Estádio IIA T3 N0 M0

Estádio IIB T1,T2,T3 N1 M0

Estádio III T4 Nqualquer M0

(40)

Figura 7 – Adenocarcinoma bem diferenciado (H.E. - 100x)

Figura 8 – Adenocarcinoma moderadamente diferenciado, aglomerado de células neoplásicas de arquitetura glandular (H.E. - 400x)

(41)

3.3 Análise estatística

Adotou-se o termo duodenoscopia para os exames endoscópicos realizados com finalidade de avaliar a macroscopia da papila duodenal maior.

A denominação de biopsia endoscópica foi relacionada ao resultado histopatológico do material proveniente da biopsia da papila duodenal maior

durante o exame endoscópico. O resultado do exame anatomopatológico

obtido através da análise do espécime cirúrgico, resultante da

duodenopancreatectomia com ou sem preservação de piloro, foi denominado

de câncer de papila, apontando-se a sua presença ou a sua ausência.

Os resultados obtidos pela duodenoscopia e pela biopsia endoscópica

foram analisados através da determinação da acurácia (sensibilidade,

especificidade, valores preditivos positivo e negativo, taxa de falso-positivo e

de falso-negativo) e da concordância e discordância entre ambos.

Estes cálculos foram realizados a partir da construção de tabelas de

(42)

Teste da duodenoscopia em relação ao câncer de papila Câncer de papila

Duodenoscopia

Presente Ausente

Total

Positiva a b a+b

Negativa c d c+d

Total a+c b+d N=a+b+c+d

Assim, na tabela de duodenoscopia foram registrados, na casela “a”, os doentes com câncer de papila em que a duodenoscopia foi positiva (considerados positivo-verdadeiros). Na casela “b” foram registrados os doentes sem câncer de papila em que a duodenoscopia foi positiva (considerados falso-positivos). Os doentes com câncer de papila e

duodenoscopia negativa estão registrados na casela “c” (considerados falso-negativos). Finalmente, na casela “d”, foram colocados os doentes sem

câncer de papila e com duodenoscopia negativa (considerados negativo-verdadeiros). O “N” representa o número total da soma das caselas “a”, “b”,

(43)

Teste da biopsia endoscópica em relação ao câncer de papila Câncer de papila

Biopsia endoscópica

Presente Ausente

Total

Positiva a b a+b

Negativa c d c+d

Total a+c b+d N=a+b+c+d

(44)

Neste estudo, a sensibilidade correspondeu à porcentagem do número de

doentes portadores de câncer de papila, cuja duodenoscopia, assim como a

biopsia endoscópica, resultaram positivos. O cálculo baseado na tabela de contingência correspondeu ao quociente: a/(a+c).

A especificidade, nessa Casuística, correspondeu à porcentagem dos

doentes que não apresentavam câncer de papila e cujos resultados da

duodenoscopia e/ou da biopsia endoscópica foram negativos. Seu cálculo, na tabela de contingência, foi efetuado pelo quociente: d/(b+d).

Os valores preditivos medem a probabilidade de um determinado

paciente ter ou não a doença suspeitada. O valor preditivo positivo do teste

mede a probabilidade de um doente, com um teste positivo para a doença em

estudo, tem de possuir a referida doença. Esse valor foi calculado pelo

quociente: a/(a+b). O valor preditivo negativo do teste foi calculado pelo quociente d/(c+d). Ele corresponde à probabilidade de um doente portador de exame negativo, de fato, não possuir a doença investigada.

A acurácia corresponde ao número de casos em que o teste concorda

com o padrão ouro, que neste estudo foi o diagnóstico final, baseado no exame

anatomopatológico do espécime ressecado. O cálculo da acurácia foi realizado

(45)

Para calcular a concordância entre os dois testes, empregamos outra

tabela de contingência 2 X 2. Nas linhas, foram colocados os resultados da

duodenoscopia e nas colunas, os da biopsia endoscópica. Na casela “a”, foram registrados os doentes em que houve concordância quanto ao

diagnóstico positivo. Na casela “b”, foram registrados os casos em que apenas a duodenoscopia considerou o resultado positivo. Na casela “c”, foram registrados os doentes considerados positivos apenas pela biopsia endoscópica. Finalmente, na casela “d”, foram registrados os casos em que houve concordância entre os testes quanto ao exame negativo. A concordância

observada entre os testes foi calculada pelo coeficiente: a+d/N.

Concordância entre a duodenoscopia e a biopsia endoscópica Biopsia endoscópica

Positiva Negativa Total

Positiva a b a+b

Duodenoscopia

Negativa c d c+d

a+c b+d a+b+c+d

(46)

Quando se comparam os resultados observados por diferentes testes

diagnósticos, deve-se considerar a possibilidade de parte da concordância

observada ter ocorrido pelo acaso. Esse fato é especialmente significativo no

caso de escalas nominais ou ordinais, contendo pequeno número de categorias,

onde uma dessas categorias é representada muito mais freqüentemente do que

as demais. Existem diferentes estratégias para o cálculo e a correção da

concordância esperada pelo acaso e elas são empregadas dependendo da

escala de expressão. A concordância esperada pelo acaso é representada pela

razão entre a soma das freqüências esperadas pelo acaso para as caselas “a” e

“b” e o número total de observações (N). As freqüências esperadas pelo acaso podem ser calculadas multiplicando-se as linhas (a+b) e (c+d), representando as observações do exame da duodenoscopia pelas colunas (a+c) e (b+d), que representam a biopsia endoscópica dividindo pelo número total de observações (a+b+c+d). Assim, a freqüência esperada pelo acaso para “a”

será: (a+b) multiplicado por (a+c) e dividido por (a+b+c+d). A concordância global esperada pelo acaso é calculada pela fórmula:

(47)

A concordância entre os testes, pode ser determinada pela estatística

“kappa” (k). Para o seu cálculo, subtrai-se da concordância observada a concordância esperada somente por obra do acaso e divide-se por 1 menos a

concordância esperada.

K= concordância observada – concordância esperada 1 – concordância esperada

A quantidade do nível de significância da estatística “kappa” é

arbitrária. LANDIS & KOCH (1977) sugeriram os critérios abaixo para

avaliação dos valores de “kappa”:

Valor de "Kappa" Concordância

< 0 Ruim

0 - 0,20 Fraca

0,21 - 0,40 Razoável

0,41 - 0,60 Moderada

0,61 - 0,80 Boa

(48)

O teste de Mc Nemar (SIEGEL, 1975) verifica se há diferença nas

incidências entre duas avaliações. O teste avalia se a proporção das avaliações

positivas e negativas são as mesmas nas duas avaliações diagnósticas. Os

dados devem ser agrupados em uma tabela 2 x 2 para análise das caselas,

considerando-se relevante se a diferença, entre as incidências de “b” e de

“c”, é estatisticamente significante.

Discordância entre a duodenoscopia e a biopsia endoscópica Biopsia endoscópica

Positiva Negativa Total

Positiva a b a+b

Duodenoscopia

Negativa c d c+d

(49)
(50)

4 RESULTADOS

Na análise comparativa entre a duodenoscopia e o diagnóstico anatomopatológico de câncer de papila verificou-se que dos 30 doentes, o teste foi positivo em 26, ou seja, a aparência macroscópica da papila duodenal

maior foi sugestiva de câncer em 26 doentes. No entanto, o teste foi

falso-positivo em um caso. O teste foi negativo em 4 casos, significando ausência

de câncer à macroscopia, sendo, portanto, um teste falso-negativo nestes

casos. A Tabela 3 demonstra tais achados.

TABELA 3 - Distribuição dos valores do teste diagnóstico duodenoscopia em

relação ao câncer de papila

Câncer de papila Duodenoscopia

Presente Ausente

Total

Positiva 25 01 26

Negativa 04 - 04

(51)

Após a análise dos dados, verificou-se que a sensibilidade do teste

diagnóstico foi de 86,2%, a taxa de falso-negativo foi de 13,8% e a acurácia

de 83,33%. A especificidade, os valores preditivos negativo e positivo não

puderam ser calculados em decorrência do desenho amostral. Tais dados

foram submetidos à análise estatística através do Teste de Mc Nemar

(p=0,375), o que indica que a proporção de positivos e negativos não difere.

Em relação à análise comparativa entre a biopsia endoscópica e o diagnóstico anatomopatológico de câncer de papila, observou-se que o teste foi positivo em 19 doentes, ou seja, confirmou o diagnóstico de câncer da

papila duodenal maior, sendo, portanto, um teste positivo-verdadeiro. Em 11

doentes, o teste foi negativo, ou seja, não confirmou o diagnóstico de câncer

de papila duodenal maior. Dentre estes, o teste foi falso-negativo em 10

(52)

TABELA 4 - Distribuição dos valores do teste diagnóstico biopsia

endoscópica em relação ao câncer de papila

Câncer de papila Biopsia endoscópica

Presente Ausente

Total

Positiva 19 - 19

Negativa 10 01 11

Total 29 01 30

A análise dos resultados da biopsia endoscópica evidenciou uma sensibilidade de 65,5%, a taxa de falso-negativo foi de 34,5% e a acurácia de

66,67%. A especificidade, os valores preditivos positivo e negativo e a taxa de

falso-positivo não puderam ser calculados em decorrência do desenho

amostral. A análise estatística foi realizada através do Teste de Mc Nemar

(p=0,002), o que indica que a proporção de positivos e negativos difere entre a

avaliação e o padrão ouro.

Na análise comparativa entre os testes (Tabela A9), a concordância foi

avaliada pelo método kappa, resultando em uma concordância de 50,0%

(53)

boa. A distribuição das avaliações do Teste de Mc Nemar (p=0,118) mostrou

que não existe diferença entre as distribuições entre positivos e negativos nas

duas avaliações.

TABELA 5 - Distribuição dos valores entre os testes diagnósticos biopsia

endoscópica e duodenoscopia

Duodenoscopia

câncer proc. inflam. Total Biopsia

endoscópica N % N % N %

câncer 15 50,0 4 13,3 19 63,3

proc.inflam. 11 36,7 0 0,0 11 36,7

(54)
(55)

5 DISCUSSÃO

Os tumores periampulares, representados pelo câncer da via biliar distal,

da cabeça do pâncreas, do duodeno e da papila duodenal maior, apresentam

prognósticos diferentes (DAWSON, PATHY, CONNOLLY, 1989;

PEREIRA-LIMA et al., 1990, BÖTTGER et al., 1997). É sabido que ao se

realizar o diagnóstico precoce do câncer de papila, seguido de tratamento

cirúrgico, a sobrevida do doente em 5 anos é em torno de 40%, o que reflete a

sua importância (STICCA, WEATHERFORD, McALHANY Jr., 1996;

TALAMINI et al., 1997).

Embora o diagnóstico preciso seja importante para a indicação do

tratamento, o resultado falso-negativo da biopsia é um problema para o

cirurgião, que é responsável pela indicação do tratamento cirúrgico (BUICE &

WALKER Jr., 1989). É preciso lembrar que o tratamento aqui citado refere-se

à duodenopancreatectomia parcial, que na década de 70 foi abandonada pelos

altos índices de mortalidade; na década de 80, ressurgiu em alguns centros, até

que nos anos 90, foi novamente difundida pelo decréscimo da mortalidade,

apresentando hoje uma taxa inferior a 5% nos centros especializados (YEO &

Cameron, 1999). Apesar do menor índice de mortalidade, a morbidade deste

(56)

do serviço (CHATURVEDI et al., 2002). Portanto, a dúvida diagnóstica, que é

uma realidade na prática clínica dos cirurgiões afeitos com o tratamento do

câncer da papila duodenal maior, pode implicar na indicação de uma cirurgia

desnecessária ou, ainda, postergar o tratamento adequado em razão de um

diagnóstico incorreto.

É importante ressaltar que a incidência do câncer de papila duodenal

maior nos Estados Unidos da América é baixa, sendo que menos de 2000

casos novos são diagnosticados por ano, representando 7% de todos os

carcinomas periampulares. Não há referências sobre a sua real incidência em

outras localidades (CHATURVEDI et al., 2002). A faixa etária mais

acometida está entre a quinta e a sétima décadas, não existindo predileção por

raça ou sexo, apesar de haver relatos com predominância do sexo masculino

(WALSH et al., 1982; SIVAK, 1988, CHATERON et al., 1996).

A sua incidência no Brasil não é conhecida. Dentre os trabalhos

nacionais, WOHNRATH et al. (1988) publicaram a experiência do Hospital

do Câncer com 19 casos. BACHELLA (1989) apresentou uma casuística

multi-institucional, avaliando os resultados da duodenopancreatectomia

parcial e os fatores prognósticos em 56 casos. COLLEONI NETO (1994), ao

(57)

portadores de colestase extra-hepática, encontrou em sua casuística apenas 5

doentes portadores de adenocarcinoma de papila duodenal maior. Na presente

Casuística de 30 doentes, observamos que o sexo masculino (63,34%)

prevaleceu em relação ao sexo feminino (36,66%) e que a faixa etária

predominante foi entre 51 e 60 anos (46,67%), o que confirma os dados

encontrados nos trabalhos consultados.

A etiologia desta doença ainda é pouco compreendida. Há relatos

demonstrando que os portadores de polipose familiar representam um grupo

de risco; de 50 a 90% destes doentes desenvolvem adenoma de papila

(CHATURVEDI et al., 2002). O adenoma desta região é considerado uma

lesão pré-maligna, por apresentar potencial de transformação em 40% dos

casos (PERZIN & BRIDGE, 1981; MACHADO et al., 1982; BACZAKO et

al., 1985; GOUMA et al., 1987; YAMAGUCHI & ENJOJI, 1991; SEIFERT,

SCHULTE, STOLTE, 1992; NUNES Jr. et al., 1993; SERRA et al., 1994;

HOYELA et al., 2000; KIVINIEMI et al., 2000). Acredita-se que a seqüência

adenoma-carcinoma ocorrida no câncer colorretal seja a mesma no carcinoma

de papila. Contudo, a comprovação clínica não é sustentada estatisticamente,

certamente pela menor incidência do adenoma de papila, que é quarenta vezes

(58)

STOLTE & PSCHERER, 1996; ZÁDOROVÁ et al., 2001). A literatura

consultada apresenta uma opinião controversa sobre o melhor método de

tratamento do adenoma de papila, mas a necessidade de ressecção é enfatizada

por todos os autores, principalmente, tratando-se de adenoma viloso (DUPAS

et al., 1977; MACHADO et al., 1982; SHEMESH, NASS, CZERNIAK, 1989;

BINMOELLER et al., 1993; NUNES Jr. et al., 1993; SERRA et al., 1994;

BRANUM, PAPPAS, MEYERS, 1996; RYU et al., 1996; BERTONI et al.,

1997; BEGER, STAIB, SCHOENBERG, 1998; SAKAROFAS & SARR,

1999; KIVINIEMI et al., 2000). Os estudos moleculares tentam definir melhor

a etiologia do carcinoma de papila e os resultados destes estudos já relacionam

as anomalias genômicas e as mutações do K-ras e p53 (SCARPA et al., 1993,

CHATURVEDI et al., 2002).

As manifestações clínicas mais freqüentemente observadas costumam

ser a icterícia, o prurido, a anorexia, as náuseas e vômitos, o emagrecimento, a

dor abdominal inespecífica, a vesícula biliar palpável e a hepatomegalia

(SCHLIPPERT et al., 1978; SIVAK, 1988), sendo menos freqüentes a

presença de hemorragia digestiva alta e de pancreatite aguda (CHATURVEDI

et al., 2002). Apesar de não existir um sintoma patognomônico, o

(59)

médica, o que pode resultar em um melhor prognóstico no carcinoma de

papila (HUIBREGTSE & TYTGAT, 1988; NAKAO et al., 1994).

A cirurgia radical é a única modalidade de tratamento com potencial

para cura (YAMAGUCHI et al., 1993; MATORY, GAYNOR, BRENNAN,

1993; SHIRAI et al., 1995; NAKEEB, LILLEMOE, CAMERON, 1995; YEO

et al., 1998). Há mais de um século, HALSTED (1900) realizou a primeira

ressecção local do câncer de papila duodenal maior. No ano de 1909, a

primeira duodenopancreatectomia parcial com sucesso foi realizada por

Kausch (WARSHAW, 2002; PRADERI, R.C., 1997). WHIPPLE, PARKINS,

MULLINS (1935) publicaram seus resultados obtidos na realização da

duodenopancreatectomia em dois tempos. Após este período, esta cirurgia

ganhou maior aceitação e posteriormente teve suas indicações ampliadas além

do tratamento do câncer de papila duodenal maior (YEO & CAMERON,

1999). Apesar da cirurgia radical ser o tratamento de escolha, a presença de

sinais de doença avançada modificam o tipo de tratamento (DELCORE et al.,

1989), podendo-se utilizar a paliação por método cirúrgico ou endoscópico

(SILVIS, 1993; FOWLER et al., 1999).

O fibroscópio de visão lateral foi primeiramente utilizado em 1970.

(60)

da papila duodenal maior e a prática da pancreatocolangiografia retrógrada

endoscópica (WALD & MILLIGAN, 1975; HIRSWCHOWITZ, 1988;

MACHADO, 2001). Este procedimento foi difundido no Brasil em 1972 e,

em 1984, a videoendoscopia trouxe as vantagens de gravar e arquivar as

imagens (MACHADO, 2001). A melhoria das imagens e dos acessórios

possibilitou uma melhor análise macroscópica das alterações da papila

duodenal maior, com maior reconhecimento dos tumores desta região. Além

disso, as biopsias passaram a integrar o exame da duodenoscopia, sendo

realizadas na tentativa de estabelecer um diagnóstico pré-operatório preciso, o

que, às vezes, é difícil de ser obtido (BEGER et al., 1999; ROBERTS et al.,

1999).

O diagnóstico endoscópico depende do aspecto macroscópico da papila

duodenal maior, que pode ser normal, vegetante ou ulcerado. (YAMAGUCHI,

ENJOJI, KITAMURA, 1990).

Segundo SKANDALAKIS et al. (1993) e ANDROULAKIS et al.

(2000), a visão intraluminal da papila duodenal maior a define como um

abaulamento na mucosa duodenal, localizada no ponto onde uma prega de

mucosa longitudinal encontra-se com uma prega transversal, formando um

(61)

ORIFÍCIO PAPILA

PREGA LONGITUDINAL PREGA TRANSVERSAL

Figura 11 - Prega longitudinal Figura 10 - Esquema da anatomia da papila

(62)

pregas transversais ou ser confundida pela presença do divertículo duodenal,

dificultando, assim, a sua identificação. A localização da papila duodenal

maior é descrita, como situada na parede posteromedial da segunda porção do

duodeno, à direita da coluna lombar, relacionada com a segunda e terceira

vértebras lombares, distando aproximadamente de 7 a 10 cm do piloro

(SKANDALAKIS et al., 1993; ANDROULAKIS et al., 2000), sendo raro

encontrá-la na terceira porção duodenal (WOOD, 1966; SKANDALAKIS et

al., 1993). Adjacente à papila duodenal maior, encontra-se a ampola de Vater,

que, quando presente, corresponde à dilatação da confluência dos ductos biliar

e pancreático principal (AVISSE, FLAMET, DELATRE, 2000). A ampola de

Vater é uma estrutura anatomicamente individualizada na fase fetal (WOOD,

1966) e considerada inconstante na fase adulta (SKANDALAKIS et al., 1993;

AVISSE, FLAMET, DELATRE, 2000). WOOD (1966) afirmou não existir

uma ampola verdadeira, considerando a denominação de papila duodenal

maior como a terminologia ideal para esta região. A suspeita diagnóstica de

carcinoma de papila depende do aspecto macroscópico. YAMAGUCHI,

ENJOJI, KITAMURA (1990) utilizaram a classificação de Tasaka para avaliar

(63)

13 casos do tipo intramural (papila aumentada com mucosa normal), 39 casos

do tipo protuso e exposto (papila aumentada com orifício irregular) e 26 casos

do tipo ulcerado. Em nosso estudo, utilizamos uma classificação adotada pelo

Serviço de endoscopia, cujo aspecto endoscópico mais comum foi o de papila

com mucosa normal e orifício irregular em 12 casos, lesão vegetante em 9

casos, lesão ulcerada em 6 casos e lesão infiltrativa em 3 casos.

Assim, no presente estudo, a duodenoscopia foi sugestiva de câncer de

papila em 26 doentes. Entre estes, um doente não era portador de câncer,

apesar do aspecto macroscópico da duodenoscopia ser do tipo ulcerado. A

sensibilidade deste teste diagnóstico foi de 86,2% e sua acurácia de 83,33%.

Portanto, apesar da aparência da lesão sugerir a presença de malignidade, este

dado não é conclusivo na distinção entre lesão maligna ou benigna

(BLACKMAN & NASH, 1985). O exame histopatológico é necessário para

definir o dignóstico; no entanto, este método apresenta uma acurácia variável

e, muitas vezes, limitada nas séries de casos. (WOHNRATH et al., 1988;

SAUVANET et al., 1997; KIMCHI et al., 1998).

As amostras podem não ser suficientes para confirmarem ou

descartarem a presença de câncer (BARDALES et al., 1998). Elas são obtidas

(64)

ELSTER, 1977). Assim, algumas propostas têm sido feitas com o intuito de

minimizar os erros diagnósticos. Uma delas é a repetição da biopsia

endoscópica várias vezes (LEESE et al., 1986), que, embora possa parecer

uma alternativa útil, às vezes prolonga o tempo de espera sem oferecer um

resultado conclusivo. Em um doente (obs. 29) de nossa Casuística foram

realizadas seis biopsias e, somente após 180 dias pôde-se obter um resultado

histopatológico de adenocarcinoma. Outros doentes (obs. 01, 10, 13, 14, 20,

21, 24, 25 e 30), também foram submetidos a várias biopsias em um período

que variou de 60 a 90 dias, até se obter a positividade do exame. Cada

resultado negativo colocou o cirurgião em situação de indecisão frente ao

doente, aumentando as dúvidas em relação à acurácia deste teste diagnóstico.

TORRE-BRAVO et al. (2001) encontraram uma acurácia de 84,6% no

diagnóstico endoscópico de carcinoma de papila e sugeriram o uso da

ecoendoscopia como investigação complementar no auxílio do diagnóstico

dos tumores de papila. GIOVANNINI et al. (1995), demonstraram que a

punção aspirativa por agulha fina guiada pela ecoendoscopia pode ser uma

opção durante a investigação diagnóstica. MENZEL et al. (1997) afirmaram

que a ultrassonografia intraductal é um exame com maior acurácia, comparado

(65)

A outra proposta para melhorar a acurácia do método endoscópico é de

oferecer ao patologista amostras maiores, realizando-se biopsias com alça de

polipectomia. Neste caso, porém, o endoscopista correria o risco de

complicações do procedimento, tais como hemorragia e perfuração

(PONCHON et al., 1989). Outros estudos enfatizaram a importância de

realizar biopsias repetidas após a papiloesfincterotomia, quando a primeira

biopsia for negativa (KOMOROWSKI et al., 1991; SEIFERT, SCHULTE,

STOLTE, 1992; PONCHON et al., 1989). PONCHON et al. (1989) referiram

que a realização da biopsia após a esfincterotomia, nos casos em que existe

abaulamento da papila com mucosa de aspecto normal, aumenta a

sensibilidade do exame. Mesmo com estas sugestões, priorizando algumas

táticas durante o exame endoscópico para a obtenção de uma amostra mais

adequada, o resultado histopatológico da biopsia endoscópica continua

limitado (KOMOROWSKI et al., 1991; MENZEL et al., 1999).

O diagnóstico histopatológico do carcinoma de papila duodenal maior

pode ser obtido através da biopsia intra-operatória, da citologia oncótica e da

biopsia endoscópica. ROSAI (1995) chama a atenção para o fato da biopsia

(66)

obter uma amostra das áreas com infiltração, resultando em um diagnóstico

inadequado (Figuras 13 e 14).

Segundo BUICE & WALKER Jr. (1989), a obtenção de um diagnóstico

correto em tumores periampulares ressecáveis é mais difícil, exatamente, por

serem tumores pequenos. A realização de biopsia intra-operatória por

duodenotomia pode levar a complicações, tais como hemorragia, fístula

pancreática, fístula duodenal e abscesso, principalmente se não for efetuada a

duodenopancreatectomia. Além disso, o índice de falso-negativo é superior a

30%. Um outro problema a ser levado em consideração é a possibilidade de

disseminação do tumor por manipulação direta do mesmo (BLUMGART &

KENNEDY, 1973, MAKIPOUR et al.,1975). No estudo de BACCHELLA

(1989), realizou-se a biopsia intra-operatória por duodenotomia em 6 doentes,

obtendo-se material para o estudo de congelação e para o estudo em parafina.

O estudo de congelação foi negativo para câncer em todos os casos.

Posteriormente, obteve-se o diagnóstico definitivo, que foi positivo para

câncer, e os doentes foram reoperados e submetidos à

(67)

Figura 13 - Representação superficial do epitélio colunar (H.E. - 100x)

(68)

em nenhum doente em nosso estudo, pela possibilidade de complicações e de

resultado falso-negativo.

Em relação à utilização da técnica de citologia oncótica, embora a

confecção da lâmina seja mais simples e rápida, ela apresenta como limitação,

a avaliação da histologia. Através da citologia oncótica não é possível a

determinação do grau de diferenciação tumoral, da infiltração neoplásica ou

mesmo a confecção de novas lâminas para estudo imunohistoquímico

complementar, fato este de grande importância, sobretudo, no diagnóstico do

adenocarcinoma (KIMURA & OHTUBSO, 1978) que foi o tipo histológico

predominante nos casos deste estudo. COLLEONI NETO (1994), em um

estudo de esfregaço citológico das neoplasias periampulares, concluiu que a

utilização da citologia oncótica aumentava a sensibilidade da biopsia; no

entanto, nos quatro doentes com tumores de papila duodenal de sua casuística,

a biopsia endoscópica foi negativa em 1 caso, o mesmo caso em que a

citologia oncótica foi negativa, sendo o diagnóstico definitivo obtido através

de uma nova biopsia endoscópica.

A amostra tecidual obtida pela biopsia endoscópica revela alguns

cuidados de fundamental importância no diagnóstico destas lesões. A

(69)

apenas um epitélio com atipias nucleares; porém, na análise do espécime,

observou-se a presença de neoplasia francamente infiltrativa. Este fato revela

a importância da amostra profunda desta região, uma vez que o diagnóstico

histopatológico só é conclusivo com a observação de infiltração neoplásica,

não evidenciada em amostra superficial.

Para a melhor compreensão dos critérios diagnósticos utilizados em

anatomia patológica, faremos uma breve revisão da histologia da papila

duodenal maior. Esta estrutura é composta, na superfície duodenal, pela

camada mucosa, com epitélio de revestimento colunar, sustentada pela lâmina

própria e vascularizada por capilares e linfáticos. Está assentada sobre uma

fina camada muscular estriada, a muscular da mucosa. Entre a camada da

muscular da mucosa e a muscular própria, observa-se a submucosa,

constituída por tecido conjuntivo, rico em vasos sanguíneos e linfáticos. Mais

profundamente, a camada muscular é composta por fibras musculares lisas,

orientadas em padrão circular ou longitudinal. Em sua porção biliar, é

constituída por projeções epiteliais revestidas de epitélio colunar, por tecido

conjuntivo, por ductos pancreáticos acessórios a ácinos (FRIERSON Jr.,

1997). Segundo os critérios anatomopatológicos para o diagnóstico de

(70)

arquitetura, presença de ulceração e infiltração por células neoplásicas em

tecidos profundos, atipia nuclear, alteração da relação núcleo-citoplasmática

(cariomegalia) e embolia linfática e/ou vascular. O principal critério para o

diagnóstico em uma biopsia endoscópica, dadas as reduzidas dimensões da

amostra, é a infiltração por células neoplásicas, uma vez que a simples

presença de atipia e cariomegalia podem ser observadas em lesões

adenomatosas (SANCTIS & TAGLIAFERRI, 1968; FENOGLIO-PREISER,

2001).

Deve-se considerar como uma amostra adequada da papila duodenal,

aquela em que há representatividade da mucosa e da submucosa. Em várias

circunstâncias, porém, a amostra da biopsia endoscópica revela apenas epitélio

superficial como observado em 33,% dos casos em nosso estudo.

Quando se realiza a biopsia endoscópica superficialmente, o diagnóstico

de adenoma muitas vezes é errôneo, já que a presença de carcinoma na base

da lesão adenomatosa pode ocorrer (KOZUCA et al., 1981). Além disso, a

representatividade da amostra pode ser inexpressiva e o diagnóstico

inconclusivo retardar qualquer decisão terapêutica (KIMCHI et al., 1998).

BORGEOUIS et al. (1984), em um estudo retrospectivo, observaram

(71)

ofereciam uma amostra com tecido alterado pela secção diatérmica, gerando

dificuldades diagnósticas (Figuras 15 e 16). Portanto, diante da indicação de

papiloesfincterotomia, a biopsia deveria ser realizada somente após uma

semana do procedimento. Por outro lado, MENZEL et al. (1999) realizaram

um estudo prospectivo, onde observaram que a biopsia feita antes ou após a

papiloesfincterotomia não melhorava a acurácia do exame.

A demora na fixação do material e a utilização da eletrocoagulação

durante a papiloesfincterotomia e, conseqüentemente, na amostra tecidual

obtida pela biopsia, são outros fatores que prejudicam e, na maioria das vezes,

impossibilitam a análise histopatológica (SIVAK, 1988). Outro fator a ser

ressaltado é o padrão de crescimento da neoplasia, que pode comprometer a

profundidade do parênquima pancreático e elevar a mucosa duodenal

adjacente (Figura 17). Deve-se lembrar, ainda, que em alguns casos, como

ocorrem em outras topografias do trato gastrointestinal, a amostra periférica

de lesões ulceradas pode revelar adenomas (SEIFERT, SCHULTE, STOLTE,

1992), com variáveis graus de displasia e sem o critério maior, que é a invasão

tumoral por células neoplásicas (FRIERSON Jr.,1997).

Dos 30 doentes de nosso estudo, 29 eram portadores de adenocarcinoma

(72)

Figura 15 - Mucosa da papila com artefato

de efeito térmico (H.E. - 100x) revestimento papilar com artefato de efeito Figura 16 - Glândula da superfície de térmico (H.E. - 400x)

Figura 17 - Adenocarcinoma infiltrando a profundidade da parede, recoberto por

(73)

apresentava grande semelhança com o epitélio da papila duodenal não

neoplásico (Figuras 18 e 19), dificultando o seu reconhecimento em uma

pequena amostra durante a avaliação histológica. Na análise

anatomopatológica, deve-se lembrar, ainda, da desmoplasia (Figura 20), ou

seja, estes tumores de origem epitelial apresentam fatores de crescimento

fibroblástico (FGF) e vascular (VEGF), contribuindo para a proliferação de

tecido conjuntivo, resultando em áreas escassas ou em isolamento de células

tumorais, dificultando assim, sua identificação (GROSS & DEXTER, 1991;

ZHU et al., 2002).

Em nossa Casuística, 11 exames histopatológicos decorrentes de

biopsias endoscópicas foram negativos para câncer. Dentre estes, 10 biopsias

com resultado de processo inflamatório crônico não concordaram com o

diagnóstico final e 1 foi compatível com ausência de câncer, sendo a

sensibilidade deste exame de 65,5%, a taxa de falso-negativo de 34,5% e a

acurácia de 66,67%.

MENZEL et al. (1999) realizaram um estudo prospectivo para avaliar a

acurácia da biopsia endoscópica. Foram incluídos 40 casos nesse estudo. Após

a ressecção cirúrgica do tumor, confirmou-se que o diagnóstico

(74)

Figura 18 - Adenocarcinoma com infiltrado inflamatório (H.E. - 40x)

Figura 19 - Glândulas neoplásicas com infiltrado inflamatório (H.E.-100x)

(75)

realizadas antes da papiloesfincterotomia e em 70% após o procedimento,

concluindo que a biopsia endoscópica é um exame limitado e que, apesar de

estudos retrospectivos sugerirem que a biopsia após a papiloesfincterotomia

melhora a acurácia no diagnóstico, tal fato não foi observado neste estudo.

KIMCHI et al. (1998) analisaram a acurácia do aspecto macroscópico

da papila duodenal maior pela duodenoscopia e a acurácia da biopsia

endoscópica na suspeita de neoplasia da papila duodenal maior. Neste estudo,

eles encontraram uma acurácia da duodenoscopia de 90% em relação à

acurácia da biopsia endoscópica que foi de 81%. Dos 21 doentes com

carcinoma, apenas 2 casos foram avaliados pela duodenoscopia e considerados

como alterações benignas da papila. Nessa série, as biopsias foram realizadas

na superfície da papila e em apenas 2 casos foi optado por realizar a biopsia

após a esfincterotomia.

No estudo de LEESE et al. (1986), foi demonstrada a dificuldade em se

obter um diagnóstico pré-operatório definitivo, sendo que em alguns casos o

diagnóstico foi obtido somente durante a laparotomia. Nesta série, todos os

exames endoscópicos foram realizados pelo mesmo examinador: 49 casos

foram diagnosticados como tumores periampulares; destes, 38 casos eram de

Referências

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