REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
www . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r
Artigo
original
N-acetilcisteína
oral
no
tratamento
do
fenômeno
de
Raynaud
secundário
à
esclerose
sistêmica:
ensaio
clínico
randomizado,
placebo-controlado
e
duplo-cego
Marcelo
José
Uchoa
Correa,
Henrique
Ataíde
Mariz,
Luís
Eduardo
Coelho
Andrade
e
Cristiane
Kayser
∗DisciplinadeReumatologia,UniversidadeFederaldeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem14demarçode2014 Aceitoem18dejulhode2014
On-lineem27deagostode2014
Palavras-chave:
Esclerosesistêmica FenômenodeRaynaud Estresseoxidativo N-acetilcisteína Tratamento
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Avaliaraseguranc¸aeaeficáciadaN-acetilcisteína(NAC)porviaoralsobreofluxo sanguíneodamicrocirculac¸ãodigitalempacientescomfenômenodeRaynaud(FRy) secun-dárioàesclerosesistêmica(ES).
Métodos:Estefoiumestudorandomizado,duplo-cegoeplacebo-controlado,noqual42 paci-entescomESreceberamNACoralnadosede600mg,trêsvezesaodia(21pacientes,idade média45,6±9,5anos)ouplacebo(21pacientes,idademédia45,0±12,7anos)durantequatro semanas.Odesfechoprimáriodoestudofoi:melhoranofluxosanguíneodamicrocirculac¸ão cutâneaanteseapósestímulofrioavaliadopelolaserDopplerimaging(LDI)nassemanas0e 4.AfrequênciaeagravidadedoFRyeonúmerodeúlcerasdigitaistambémforamavaliados nassemanas0e4.Osefeitosadversosforamregistradosnaquartasemana.
Resultados:Nãohouvemudanc¸asignificativanofluxosanguíneodigitalavaliadopeloLDI antesoudepoisdoestímulofrioapósquatrosemanasdeNACouplacebo.Ambosos gru-posapresentarammelhorasignificativanafrequênciaegravidadedosataquesdeFRy,sem diferenc¸aentreosdois.Ogrupoplaceboapresentoutrêsúlcerasdigitaisenquantoogrupo NACnãoapresentouúlcerasaofinaldoestudo.NACfoibemtoleradaenenhumpaciente descontinuouotratamento.
Conclusões:NACporviaoralnadosede1.800mg/dianãodemonstrouefeitovasodilatador sobreamicrocirculac¸ãodasmãosapósquatrosemanasdetratamentoempacientescom FRysecundárioàES.
©2014ElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:criskayser@terra.com.br(C.Kayser). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.07.001
Oral
N-acetylcysteine
in
the
treatment
of
Raynaud’s
phenomenon
secondary
to
systemic
sclerosis:
a
randomized,
double-blind,
placebo-controlled
clinical
trial
Keywords:
Systemicsclerosis Raynaud’sPhenomenon Oxidativestress N-acetylcysteine Treatment
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: ToevaluatethesafetyandefficacyofN-acetylcysteine(NAC)orallyondigital microcirculationblood flow inpatientswith Raynaud’sphenomenon(RP)secondary to systemicsclerosis(SSc).
Methods:Thiswasarandomized,double-blind,placebo-controlledtrialinwhich42patients withSScreceivedoralNACatadoseof600mgtid(21patients,meanage45.6±9.5years) orplacebo(21patients,meanage45.0±12.7years)forfourweeks.Theprimaryendpoint wasthechangeincutaneousmicrocirculationbloodflowbeforeandaftercoldstimulation measuredbylaserDopplerimaging(LDI)atweeks0and4.ThefrequencyandseverityofRP andthenumberofdigitalulcerswerealsomeasuredatweeks0and4.Theadverseevents wererecordedinthefourthweek.
Results: TherewasnosignificantchangeindigitalbloodflowassessedbyLDIbeforeor aftercoldstimulusafterfourweeksofNACorplacebo.Bothgroupsshowedsignificant improvementinthefrequencyandseverityofRPattacks,withnodifferencebetweenthe twogroups.Attheendofthestudy,theplacebogrouphadthreedigitalulcers,whiletheNAC groupshowednoulcers.NACwaswelltoleratedandnopatientdiscontinuedthetreatment.
Conclusions: NACorallyatadoseof1800mg/dayshowednovasodilatoreffectonhands’ microcirculationafterfourweeksoftreatmentinpatientswithRPsecondarytoSSc.
©2014ElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Aesclerose sistêmica (ES) é umadoenc¸a autoimune sistê-micacaracterizadapordanomicrovascularefibrosedapele ede órgãosinternos. OfenômenodeRaynaud(FRy)éuma das manifestac¸õesmaisfrequentes emaisprecoces daES. É caracterizado clinicamente por episódios reversíveis de vasoespasmo,geralmentelimitadosasmãose/oupés, desen-cadeadospor exposic¸ão aofrio ou estresse emocional. Em pacientescomFRysecundárioàES,nãosomente anormali-dadesfuncionais,mastambémalterac¸õesestruturais,estão presentesna microcirculac¸ão,tornando oseventos vasoes-pásticosmaisgravesepodendolevaracomplicac¸õescomo ulcerac¸õesounecrosetecidual.1
O tratamento farmacológico da vasculopatia periférica secundária à ES inclue o uso de vasodilatadores como os bloqueadoresde canalde cálcio,nitratos eprostanoides, e inibidoresdavasoconstric¸ãocomoosantagonistasdos recep-toresdaendotelinaebloqueadoresdoreceptor␣-adrenérgico.
Essas substâncias reduzem a frequência e a gravidade do FRyem pacientescom ES.2–5 Noentanto,nemsempresão totalmenteeficazesenovasopc¸õesterapêuticassão desejá-veis.
O estresse oxidativo, mediado pelo aumento da ativi-dadedosradicaislivres,tem sidoimplicado napatogênese e progressão da ES.6,7 Os repetidos episódios de isque-mia e reperfusão observados nesses pacientes acarretam ativac¸ãode célulasendoteliais, desequilíbrio narelac¸ão de substâncias vasoconstritoras e vasodilatadoras e aumento deespécies reativas deoxigênioeoutrosprodutostóxicos. Essa cascata de eventos contribui de forma significa-tiva para o dano vascular associado à doenc¸a e pode
também ativar os fibroblastos e as células do sistema imunológico.6,8
AN-acetilcisteína(NAC)éumcompostodetiol(contendo sulfidril)comumpotenteefeitoantioxidante.Comofontede grupossulfidrilnascélulas,aNACcombatediretamenteos radicaislivresmedianteinterac¸ãocomoradicalhidroxilae peróxidodehidrogênio.9ANACtambémageindiretamente medianteainduc¸ãodasíntesedeglutationa,cujaprincipal func¸ãoéaremoc¸ãoderadicaislivresedefesacontraoestresse oxidativo.9–11 Devidoaessaspropriedades, aNACtem sido utilizada nãosócomo umagente mucolíticoemuma vari-edadededoenc¸asrespiratórias,mastambémemcondic¸ões caracterizadas pela diminuic¸ão da glutationa ou estresse oxidativo.ANACmostrousercapazdemelhorarofluxo san-guíneo da microcirculac¸ãoemtabagistas ea vasodilatac¸ão coronariana,alémdeaumentaradilatac¸ãoperiférica depen-dente doendotélioempacientessubmetidosacateterismo cardíacoedemelhorarafunc¸ãoendotelialempacientesem diálise.10,12–14
Em pacientes comES alguns estudosabertos com altas
doses de NAC endovenosa (EV) mostraram uma melhora
significativa na perfusão sanguínea, reduc¸ão da
frequên-cia e da gravidade do FRy, e reduc¸ão do número de
úlcerasdigitais ativasapós asuaadministrac¸ão.15–17
Entre-tanto, o uso EV e em infusão contínua e o elevado
custo do tratamento limitam consideravelmente o seu uso. Apenas um ensaio clínico avaliou a NAC oral em pacientes com ES, mas o envolvimento vascular não foi avaliado.18
imagingesobreossintomasclínicosdoFRyempacientescom FRysecundárioàES.
Materiais
e
métodos
Pacientes
Foram selecionados 42 pacientes segundo os critérios de classificac¸ãodoColégioAmericanodeReumatologiaparaES de1980,19ouoscritériosdeLeRoyeMedgerparaESprecoce de 2001.20 Os pacientes foram consecutivamente recruta-dosdoAmbulatóriode EsclerosesistêmicadoHospitalSão Paulo(UNIFESP).Oscritériosde inclusãoforam:idade≥18 anos, pelo menos seis ataques de FRy por semana, capi-laroscopiaperiungueal compadrão SD(sclerodermapattern), durac¸ão da doenc¸a ≤ 4 anos a partir do primeiro sinal e sintomatípicodaESexcluindo-seoFRy.Oscritériosde exclu-sãoforamaexistência deulcerac¸ão ativaempolpadigital, tabagismoativo,exposic¸ãoocupacionalaambientesfrios e agentesvibratórios,hipertensãoarterialsistêmicaoudiabetes melito descontrolada, e evidência clínica de doenc¸a arte-rial proximal.Pacientes suspenderamvasodilatadores orais três diasantes da inclusão no estudo.Outros medicamen-tospermaneceraminalteradosdurantetodooestudo.Todos os indivíduos preencheram um termo de consentimento informadoobtido deacordocom aDeclarac¸ão de Helsinki. OestudofoiaprovadopeloComitêdeÉticadaUNIFESP,efoi registradonoAustralianNewZealandClinicalTrialsRegistry (ACTRN12610000114044).
Desenhodoestudo
Estefoiumensaioclínicorandomizado,duplo-cego, placebo--controlado, realizado em2009. Para minimizara variac¸ão de temperatura, a inclusão de pacientes foi interrom-pida durante o verão (janeiro a marc¸o e dezembro). Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente para recebe-rem, N-acetilcisteína 600mg ou placebo em uma cápsula idêntica, três vezes ao dia durante quatro semanas. A randomizac¸ãoeocegamentoforamrealizadosporum mem-bro da equipe que não estava participando do estudo. Os pacientesforamavaliadosemtrêsvisitas:umavisitade scre-ening (uma ou duas semanas antes da randomizac¸ão), na semana0(randomizac¸ão),eapós quatrosemanas de trata-mento.
Desfechos
Odesfecho primário foi aalterac¸ão no fluxosanguíneoda microcirculac¸ão cutânea digital utilizando o laser Doppler imaging(LDI)nostempos0eapósquatrosemanasdeusode NACouplacebo.Osdesfechossecundáriosforam:onúmero deúlceras digitaisno finalda avaliac¸ãoeasmudanc¸as na frequênciaenagravidadedosataquesdeFRynostempos0 emrelac¸ãoasemana4.Osefeitosadversosforamregistrados naquartasemana.
Avaliac¸ãodofluxosanguíneodamicrocirculac¸ãocutânea digitalmediantelaserDopplerimaginganteseapós estímulofrio
Após aclimatac¸ão por 60 minutos em um laboratório com umatemperaturaconstantede24◦
±1◦C,ofluxosanguíneo
dodorsodafalangedistaldosquatrodedosdamãoesquerda (excluindo-se o polegar) foi avaliado com o usodo apare-lholaserDopplerimaging(MoorLDI-VR,MoorInstruments, Axminster,UK)anteseapósestímulofrio(EF).Todosos indi-víduos estavamemposic¸ãosentadacomo brac¸oesquerdo colocado sobre uma superfície plana ao nível do corac¸ão. Esseaparelhoutilizaumsistemadeemissãodelaser verme-lhohélio-neondebaixaintensidade(2,0mW)operandocom umcomprimentodeondade633mcomaproximadamente
1mmdepenetrac¸ãonasuperfíciecutânea.Ofeixedelaseré direcionadoaumaáreaselecionadadapeleporumsistema deespelholocalizadoaumadistânciade40cmda superfí-ciecutâneasobumângulode45◦.Todasasimagensforam
captadas comresoluc¸ãode256×256pixelsevelocidadede 4pixel/milissegundocomtempodeaquisic¸ãode3minutose 15segundosparacadaimagem(áreade10,4×16,2cm).Ofluxo sanguíneododorsodosquatrodedosfoideterminado medi-anteoestabelecimentodequatroregiõesdeinteresse(ROI)em cadadedodefinidascomoumaáreaenglobandoaarticulac¸ão interfalângica proximal e incluindo o leito ungueal. O fluxosanguíneodaáreaselecionadafoiderivadocomauxílio doaplicativoMoorLDIV5.2eexpressoemunidadesarbitrárias deperfusão(PU)emrelac¸ãoaumacalibrac¸ãointernapadrão do aparelhoo qualé diretamenteproporcional aoproduto da velocidademédiaedaconcentrac¸ãodascélulas sanguí-neas.Ofluxoglobalmédiodasquatrofalangesdigitais(FFD) foiconsideradoparaanálise.ApósamedidadoFFDbasal,os pacientesforamsubmetidosaumestímulofrio(EF) (submer-sãodeambasasmãosemáguaa15◦Cpor1minuto)(UNITEMP
116,Fanem,Brasil).EmseguidaoFFDfoimonitoradodurante 30 minutosapós o EF, incluindoos tempos 1 minuto (T1), 4minutose15segundos(T4),10minutose45segundos(T10), 17 minutose15segundos (T17),20minutose30 segundos (T20)e27minutosapósoEF(T27).
Avaliac¸ãoclínica
AfrequênciaeagravidadedosataquesdeFRyforam regis-trados diariamente em um diário padrão preenchido pelo paciente durante asemana anteriorà semana 0edurante asemana4.Ospacientesforaminstruídosaanotar imedia-tamenteoeventoeagravidadedosataques(pontuac¸ãoem umaescalade0a10)semprequeumataquedeFRyocorria. O número de úlceras digitais foi contabilizado no início (semana0)eaofinaldaquartasemana.Osefeitosadversos tambémforamregistadosnaquartasemana.
Análise
estatística
foramutilizadosostestestdeStudentpareado,Mann-Whitney outestequi-quadrado.Paraacomparac¸ãodosvaloresdeLDI, gravidadeefrequênciadoFRyaolongodotempofoiutilizado oANOVAcommedidasrepetidas.Paratodasasanálisesfoi consideradoovalordesignificância<0,05.Aanálise estatís-ticafoirealizadautilizandoosoftwareestatísticoSPSS(versão 15.0paraWindows,SPSSInc.,Chicago,IL).
Resultados
Dadosdemográficos
Dos42 pacientescom ESincluídos,21 receberamNACoral (idademédia45,6±9,5anos)e21receberamplacebo(idade média45,0±12,7anos)(tabela1).Setepacientes(16,6%) apre-sentavamaformaprecocedaESdeacordocomoscritérios deLeRoyeMedsger,2014(33,3%)apresentavamaforma cutâ-nealimitada,e21(50%)aformacutâneadifusa.Conformea tabela1,nãohouvediferenc¸anascaracterísticasdemográficas eclínicasentreosgruposNACeplacebo.Antesdoiníciodo estudo,28pacientesestavamusandobloqueadoresdoscanais decálcio(nifedipinaouanlodipina),oitoestavamemusode inibidoresdaECA,ecincolosartana.Nãohouvediferenc¸a sig-nificativanaidade,nosexo,nadurac¸ãodoFRyenadurac¸ão da doenc¸a entre os pacientes com forma cutânea difusa, formacutânealimitada,eaquelescomESprecoce(dadosnão mostrados).
Tabela1–Característicasclínicasedemográficasdos pacientescomES
Grupo N--acetilcisteína
(n=21)
Grupo Placebo
(n=21)
p
Idade(anos) 45,6±9,5 45,0±12,7 0,863 GêneroM/F 21/0 20/1 1,000
Classificac¸ão 0,350
Difusa 9 12
Limitada 8 6
Precoce 4 3
Durac¸ãodoFRy (anos)
5,5±1,9 4,9±1,6 0,275
Durac¸ãodadoenc¸a (anos)
2,5±1,2 2,8±1,3 0,442
FAN 17 14 0,392
Microcicatrizes, reabsorc¸ãoou amputac¸ão digitais
8 6 0,578
TratamentodoFRyantesdainclusão
Bloqueadoresdo canaldecálcio
16 12
-InibidordaECA 3 5
-Losartan 2 3
-Sildenafila 1 0
-Pentoxifillina 2 2
-FRy,fenômenodeRaynaud;FAN,Anticorposantinucleares positi-vosporimunofluorescênciaindiretaemcélulasHEp-2;ECA,enzima conversoradeangiotensina.
Fluxosanguíneodamicrocirculac¸ãocutâneadigital edesfechosclínicos
Não houve diferenc¸a significativa entre os grupos NAC e placebo nos valores de FFD antes do estímulo frio (FFD 318,5±204,5vs224,5±180,1PU,respectivamente;p=0,122)e após oEF(p=0,432paraT1;p=0,164paraT4;p=0,269para T10;p=0,616paraT17;p=0,344paraT20;p=0,150paraT27) naavaliac¸ãonoiníciodoestudo.
Nãohouvediferenc¸asignificativanosvaloresdeFFD medi-dosanteseemcadatempoapósoEFquandocomparadosos valoresdasemana0edasemana4nogrupoNAC(fig.1A). Nogrupoplacebo,tambémnãohouvediferenc¸asignificativa noFFDanteseemcadatempoapósoEFquandocomparadas assemana0easemana4(fig.1B).Quandoospacientescom ESformacutâneadifusa,formacutânealimitadaeforma pre-coceforamavaliadosemgruposseparadostambémnãohouve diferenc¸asignificativanosvaloresdeFFDapósotratamento comNACouplacebo(dadosnãomostrados).
Ambososgruposapresentarammelhora significativana frequênciaenagravidadedascrisesdeFRyapósquatro sema-nasdetratamento(tabela2),sendoquenãohouvediferenc¸a significativaentreosdoisgrupos.Areduc¸ãomédiada frequên-ciadecrisesdeFRyporsemanafoide5,9nogrupoplaceboe de5,1nogrupoNAC(p=0,865).Areduc¸ãomédianagravidade dascrisesdeFRyfoide1,7nogrupoplaceboede3,0nogrupo NAC(p=0,074).Tambémnãohouvediferenc¸asignificativana frequênciadecrisesdeFRy(p=0,428)enagravidadedoFRy (p=0,716)entreogrupoNACeplacebonoiníciodoestudo. Ogrupoplaceboapresentoutrêsnovasúlcerasdigitaisapós quatrosemanasdetratamento,enquantoogrupoNACnão apresentounovasúlcerasdigitais(tabela2).
NACoralfoigeralmentebemtoleradasendoquedois paci-entesapresentaramepigastralgiaeuma,aumentonofluxo menstrual.Nofimdequatrosemanas,nenhumpaciente des-continuouotratamento.Nãohouveefeitosadversosnogrupo placebo.
Discussão
Este foi o primeiro estudo duplo-cego controlado por pla-ceboparaaavaliac¸ãodaeficáciadaN-acetilcisteínaporvia oralparaotratamentodeFRysecundárioàES.OlaserDoppler imaging,métodoquepermiteumamedidaobjetivadofluxo sanguíneomicrovascular,foiutilizadoparaaavaliac¸ãoda res-postaaotratamento.12Apósquatrosemanasnãoobservou-se alterac¸õessignificativasnofluxosanguíneodepolpasdigitais antesouapós estímulofrio,tantonogrupoNACquantono grupoplacebo.Curiosamente,ambososgruposapresentaram melhorasignificativanafrequênciadecrisesenagravidadedo FRy,confirmandoacontribuic¸ãodoefeitoplaceboemensaios clínicoscompacientesdeFRy.22,23NACfoiseguroebem tole-radoporquasetodosospacientes.
Várias alternativas são sugeridas para o tratamento de FRy secundárioàES.4,5,23,24 Drogasvasodilatadoras conven-cionais,taiscomobloqueadoresdocanaldecálcio,inibidores
␣-adrenérgicos,inibidoresdaenzimadeconversão da
27 20 17 10 4 1 0 50 100 150 200 250 300 350 400
Fluxo sanguíneo digital (PU)
Baseline
Tempo (min)
Semana 0 Semana 4 Semana 0 Semana 4
Tempo (min)
27 20 17 10 4 1 Baseline
0 50 100 150 200 250 300 350
Fluxo sanguíneo digital (PU)
p = 0,614
p = 0,756
p = 0,792p = 0,498 p = 0,876
p = 0,986 p = 0,131
p = 0,313 p = 0,192
p = 0,715 p = 0,616
p = 0,170 p = 0,314 p = 0,339
A
B
Figura1–Fluxosanguíneomédiodasquatrofalangesdigitais(FFD)medidosnoiníciodoestudo(semana0)eapósquatro semanasdetratamentocomN-acetilcisteína(A)ouplacebo(B)anteseemdiferentestemposapósestímulofrio.Osvalores
depcorrespondemacomparac¸ãoentreasemana0easemana4.
são atualmente utilizados para o tratamento do FRy com resultadosheterogêneos.23–25 Maisrecentemente, os análo-gosdasprostaglandinaseosantagonistasdosreceptoresde endotelina(bosentana)mostraramresultadospromissoresno tratamentoenaprevenc¸ãodeúlcerasisquêmicasnaES.2,26 No entanto, o uso EV e o custo mais elevado, limitam a utilizac¸ãodessesfármacosparaoscasosmaisgraves.
Apesardasevidênciasconsideráveisdequeoestresse oxi-dativoestá envolvidonapatogêneseda ES,poucosestudos avaliaramosefeitosdeantioxidantesoraisnotratamentodo FRy secundário àES. Probucol, umpoderoso agente antio-xidante,levouàreduc¸ão nafrequênciaenagravidade dos ataques de FRy emum estudocom 40 pacientes com FRy primárioesecundário.27Emcontraste,outroestudonão mos-trounenhumbenefícioapós10semanasdetratamentocom uma combinac¸ão de antioxidantes, micronutrientes e alo-purinol, outrês semanasde vitaminaEempacientes com ES.28
Em condic¸ões caracterizadas porestresse oxidativo tais como a exposic¸ão crónica ao tabaco e doenc¸a cardíaca, e emsituac¸õesclínicasemqueos níveisdeglutationaestão diminuídos,aNACpareceserumcomponenteeficazcomo tratamentocomplementar.9Alémdaspropriedades antioxi-dantes,aNACoralparece tertambém ac¸ãovasodilatadora sobreamicrovasculatura,oquepoderiaresultaremumefeito benéficosobreasalterac¸õesvasculareseosepisódiosde vaso-espasmo em pacientes com ES. Além disso, adicionado à terapiapadrão,NACfoicapazdepreservaracapacidadevital eDLcoempacientescomfibrosepulmonaridiopática.29
EmpacientescomES,NACendovenosaEVemaltasdoses tem sidosugeridacomoumtratamentoútileeficazparao FRy.Aeficáciaeatolerabilidadedeumcursodecincodiasde infusãocontínuadeNACemaltasdosesfoiavaliadaemum estudoabertocom22pacientescomES.15Houvediminuic¸ão significativanafrequênciaenagravidadedosataquesdeFRy enonúmerodeúlcerasativasapósotratamento. Também houvemelhoradaperfusãodigitalavaliadaporpletismografia apósotratamentonamaioriadospacientes.
Maisrecentemente,outrosdoisestudosavaliarama eficá-ciadetratamentoalongoprazocomNACEVempacientescom ES,comresultadospositivos.16,17Emnossoservic¸o,realizamos tambémumestudopilotocomaltasdosesdeNAC endove-nosaemtrêspacientescomESeúlcerasisquêmicasativas de extremidades.30 Ao longodedois meses,todosos paci-entesapresentaramdiminuic¸ãonodiâmetrodepelomenos umaúlceraedoisdelesapresentaramcicatrizac¸ãocompleta deumaúlcera.OpresenteestudoavaliouaeficáciadeNAC oral,emvezdeNACEV.Sabe-sequeamoléculadeNACintacta temumabiodisponibilidadeoralbaixa.Apósumadoseoral, amaioriadaNACémetabolizadaemoutroscompostos,tais comocisteínaesulfitoinorgânicoecredita-seaestes metabó-litosamaioriadaatividadeeefeitosprotetoresdadroga.9,31No entanto,nãopodemosexcluirqueamenorbiodisponibilidade daNACoralpossaterinfluenciadonossosresultados.
Nosso estudo tem algumas limitac¸ões, como sua curta durac¸ão eo pequenotamanhoda amostra.Adose deNAC usada também pode ter contribuído para a ausência de melhoraobservadanofluxosanguíneodigital.Adosede1,8
Tabela2–NúmeroegravidadedosataquesdefenômenodeRaynaudenúmerodeúlcerasdigitaisanteseapósquatro semanasdetratamentocomN-acetilcisteínaouplacebo
GrupoPlacebo GrupoN-acetilcisteina
Semana0 Semana4 p Semana0 Semana4 p
N◦deataquesdeFRy/semana 15,9±12,7 10±8,4
(–37%)
<0,000 12,3±13,8 7,2±4,5 (–41%)
<0,000
GravidadedoFRy 8,5±2,0 6,8±2,1 (–20%)
<0,001 8,7±1,1 5,7±2,6 (–35%)
<0,000
-gramaspordiafoiamesmautilizadanoensaioclínicocom NACoralparaotratamentodafibrosepulmonaridiopática.29 AdosehabitualdeNACcomoagente antioxidantee muco-líticonadoenc¸a pulmonarobstrutivacrónica émuitomais baixa(geralmente600mgpordia).Noentanto,emoutras cir-cunstâncias,taiscomointoxicac¸ãoporparacetamol,adosede NACutilizadaémuitomaiselevada.32
Nosso estudo foi realizado antes da publicac¸ão dos novos critérios de classificac¸ão da ES do ACR/EULAR de 2013.33 Optamos por incluir pacientes com diagnóstico de ES precoce segundo os critérios de LeRoy e Medsger, com o objetivo de incluir pacientes com doenc¸a recente, nos quais um possível efeito da NAC poderia ser mais importante. Dos sete pacientes com ES precoce, apenas três preencheriam os novos critérios do ACR/EULAR de 2013.
Um achado importante deste estudo foi a melhora em relac¸ão aos resultados clínicos (número de ataques e gra-vidadedo FRy)emambos os gruposapós tratamento com NACouplacebo.Estefatoconfirmaacontribuic¸ãodeefeito placeboempacientes quefazem partede ensaiosclínicos, oquefoidemonstradoemestudosanterioresempacientes comFRy.3,34–36Nessecontexto,nossosresultadosreforc¸ama necessidadedeseutilizarmétodosobjetivosmaissensíveis, tais como o LDI, para a avaliac¸ão do FRy e do fluxo san-guíneoda microcirculac¸ãoemensaiosterapêuticos.Emum estudoanteriordonossogrupo,atécnicadoLDIprovouser ummétodosensíveleobjetivoparaaavaliac¸ãodofluxo san-guíneodigitalnospacientescomFRysecundárioaES.21OLDI temavantagemdeserummétodonãoinvasivoequepermite amedidada perfusãosanguínea sobreumaampla áreada superfíciecutânea,proporcionando,assim,resultados mais reprodutíveis.21,37
Odesenvolvimentodenovasúlcerasdigitaiséum impor-tantedesfechoemensaiosclínicoscomFRysecundárioàES. Nopresenteestudo,trêspacientesnogrupoplacebo desen-volveramnovasúlcerasdigitais,enquantonovasúlcerasnão foram observadasno grupo NAC.Apesar dessa observac¸ão favorável, acurtadurac¸ão do estudoeo pequeno número deúlcerasobservadasnãopermitemconclusõesdefinitivas sobreacapacidadeda NACde prevenirodesenvolvimento deúlceras. Estudosmulticêntricos com umlongoprazode seguimentosãonecessáriosparamelhoravaliaressa ques-tão.
Em resumo, a NAC oral na dose de 1.800mg/dia não levou a um aumento significativo no fluxo sanguíneo da microcirculac¸ãocutâneadigitalnesteestudodecurtadurac¸ão empacientescom FRy secundárioàES.Estudos adicionais comumperíodomaislongodetratamentoecomdosesmais elevadasdeNACsãonecessáriosparaavaliarseaNACoral podepromoveralgumbenefíciocomoumaterapia antioxi-dantenoenvolvimentovasculardaES.
Financiamento
Este estudo foi financiado pela Fundac¸ão de Amparo à PesquisadoEstadodeSãoPaulo(FAPESP06/59073-3)e par-cialmente pelos Fundosde Auxílio àPesquisa e Ensinoda SociedadeBrasileiradeReumatologia.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
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