de Fase Quântia em Modelos de Campo
Médio.
Autor: Mauríio Reis e Silva Júnior
Orientadora: Professora Doutora Maria Carolina Nemes.
This work investigates Quantum Models used for desribing two interating
subsystems, with realonstantoupling. Speially,theSymmetriPairing
Model and Dike's Model for Superradiane are studied. The onept of
Quantum Phase Transition is understood as qualitative hanges present by
these models as a funtionof the ouplingonstant.
AssoiatedClassialDynamisareobtainedbyprojetionoftheQuantum
Hamiltonians on generalized Coeherent States. By this way, its possible to
EstetrabalhoestudaModelosQuântiosusadosnadesriçãode dois
sub-sistemasinteragentes, sendoesta interaçãodesritaporonstante de
aopla-mento real. Em espeío, são estudados o Modelo de Emparelhamentoe o
Modelode Dikepara Superradiânia. Ooneitode transição de fase
quân-tia éentendidoomomudanças qualitativasapresentadasporestesmodelos
omo função do parâmetrode aoplamento.
AsDinâmiasClássiassão assoiadas aosmodelosporprojeçãodas
Ha-miltonianas Quântias em Estados Coerentes generalizados. Proedendo de
tal forma, é possível observar o análogo da transição de fase quântia no
•
à Professora Maria Carolina Nemes que sempre me estimulou e até mesmo amparouquando foi neessário;•
ao Mareloe aoAdélio, ompanheirosde disussão e de orientação;•
à minha Avó, minha Mãee D. Apareidapeloapoioespiritual;•
à Marlue pelaimpressão olorida;1 Introdução 3
2 Ferramentas 5
2.1 Estados Coerentes . . . 5
2.1.1 Estados Coerentes doOsiladorHarmnio . . . 5
2.1.2 Estados Coerentes de Spin . . . 9
2.2 Distribuiçõesde Quasi-Probabilidade . . . 13
2.3 SistemasCompostos eEmaranhamento . . . 21
3 O Modelo de Emparelhamento 26 3.1 Omodelo . . . 26
3.2 Espetro e Transiçãode Fase Quântia . . . 27
3.3 Dinâmia Clássia. . . 29
3.4 Transição de Regime . . . 38
4 O Modelo de Dike para Super-radiânia 41 4.1 Omodelo . . . 41
4.2 Análogo Clássio . . . 47
5 Conlusão 53
A Soluções das equações de movimento da Hamiltoniana
Introdução
Quando a Meânia Quântia omeçou a surgir no iníio do séulo XX, a
Meânia Clássia estavamuito bem estabeleida. Portantofoi natural
ten-tar desrever quantidades quântias, omo por exemplo valores esperados
de operadores e espetros de energia, em termos de quantidades Clássias.
Surgiu então o que é hoje onheido omo a Velha Meânia Quântia
ujos erros e aertos nos onduziram à Teoria Quântia de E. Shrödinger
e W. Heisenberg. As fórmulas de quantização baseadas na Meânia
Clás-siamostraram-seomoaproximaçõesdaTeoriaQuântia,válidasquandoas
açõesdos sistemasestudados erambemmaioresqueaesala quântia típia
¯
h
. Esta maneirade obter olimite lássioou onheido omoo Prinípio de Correspondênia.Um trabalho pioneiro no assunto é o método semilássio proposto por
Brilloin-EinsteineKellerque nos levaaregras de quantizaçãoparasistemas
integráveis. Outra ontribuiçãofundamental foi a função de Wigner [1℄que
nos fornee uma representação no espaço de fase de uma função de onda.
Comoaumentodointeressedaomunidadeientíanaáreadesistemas
di-nâmios,osestudossobrerelaçõesentredesriçõeslássiasequântiasforam
intensiadas. Para sitemas não-integráveis uma ontribuição importante é
aaproximaçãobaseadanaonstruçãode Feynman[2℄daMeâniaQuântia
utilizada por Gutzwiller [3℄ para deduzir a fórmula do traço. Esta fórmula
relaiona propagadores quântios om órbitas lássias periódias. Muitos
outros métodos e resultados relaionadosao assunto podem ser enontrados
na referênia[4℄.
A grande diuldade om o limite lássio-quântio é de natureza
es-senialmente inemátia. Enquanto um estado lássio, digamos de uma
partíula, é araterizadoporum pontonoespaço de fase,o orrespondente
estado quântio éum vetor doespaço de Hilberte emgeral tem aráternão
hamados modelos do tipoampo médio oumodelo dotipo Curie-Weiss
existem analogias bastante robustas no sentido de serem omuns a todos
os modelos investigados [5, 6℄. Dois dos modelos pertenentes a essa lasse
são de grande utilidade na Físia Nulear: o modelo de Lipkin [7℄ e o
mo-delo de Emparelhamento [8,9℄. Esses modelos são exatamente solúveispara
A partíulas, embora não sejam realístios devido a possuírem apenas dois
níveis altamente degenerados. Devido à impossibilidade de enontrar uma
solução exata para um potenial forte de urto alane, que age entre dois
orpos, desenvolveram-se vários métodos de aproximação que são testados
prinipalmentenos modelos itados.
Naprimeiraparte dopresentetrabalho,vamosnos onentrarnomodelo
de Emparelhamento. Sabemos que esse modelo apresenta uma transição de
omportamento: passa de um regime onde os núleos são esférios para um
regime no qual são deformados omo função do parâmetro de interação. A
esta mudança qualitativa de omportamento hamaremos de transição de
fase. Vamos mostrar em detalhe que existe uma estreita analogia entre a
transição de fase quântia e seu análogo lássio. Em partiular mostramos
o importante papel desempenhado pela órbita lássia homolínia
ara-terístiadopontode transição. Tantoesteestudo omooseguintesão feitos
a temperaturanula, o que põeem destaque alterações noespetro, em
par-tiular noEstado Fundamental.
A segunda parte dotrabalho tratado modelo de Dike [11,12℄. Embora
a transição desse modelo tenha sido largamenteestudada ereentemente no
regime aótio[13℄, um estudodas semelhanças ediferenças queoorrem na
transição de fase para a versão integrável e não-integrável do modelo nuna
foifeitaeasdiferençassãonotáveis. Asanalogiaslássio-quântiastambém
se mantém,nas duas situações.
Umaferramentaquetem sidobastanteutilizadaparaaraterizara
tran-sição de fase quântia para sistemas hamiltonianos om dois graus de
liber-dade é a entropia linear [14℄-[18℄, denida omo
S
= 1
−
Tr{
ρ
2
j
}
ondeρ
j
denota o subsistema em questão i.e., denota a matriz densidade reduzidade um deles. Essa quantidade, sem análogo lássio bem denido, é uma
medida de orrelações. No ponto de transição de fase sabemos que as
or-relações passam a ter um papel muito importante. Com isso a variação da
entropia linear om o parâmetro de aoplamento do modelo, omo
mostra-remos, sinaliza laramente a transição de fase. Novamente, as transições de
fasenasversõesintegrávelenão-integráveldomodelosãomarantes-noaso
integrávelatransição de fase é de 1 a
ordem, enquantoque nonão-integrável
é de 2 a
ordem. Interessante também é que o análogo lássio do modelo
Ferramentas
2.1 Estados Coerentes
OHamiltonianodeumsistema,lássioouquântio, éogeradorde evolução
temporaldomesmo. AMeâniaClássia porémdávalores denidos paraa
posiçãoe omomentodapartíula, aopasso queemmeânia quântia essas
mesmas variáveissão desritas em termosde distribuições de probabilidade.
OteoremadeEhrenfest[19℄dizqueaevoluçãotemporaldevaloresmédiosde
observáveis segue as trajetórias lássias do sistema lássio orrespondente
noasoemqueadispersãonasdistribuiçõessãodesprezíveis, oqueemgeral
oorre para o aso de grandes número quântios. As desrições lássia e
quântia devem onordar quando esse limite é atingido. É de se esperar
portantoqueumestadoquântioqueapresenteessa dispersãomínimatenha
umomportamentobempróximodolássio. Nesta seçãoserãointroduzidos
estadosquântiosque,nesse sentido, podemseronsideradosquasi-lássios:
os estados oerentes.
2.1.1 Estados Coerentes do Osilador Harmnio
No aso do osiladorharmnio existe um estado quântio om asseguintes
araterístias:
1. Evoluçãotemporaldos valoresmédios
h
x
i
eh
p
i
iguais aos doosilador harmnio lássio.2. Produto de inertezas mínimo(
∆x∆p
= ¯
h/2
);UmestadoquântioomestasaraterístiasfoiintroduzidoporGlauber
em 1963 [20℄. Passou então a ser onheido omo Estado Coerente e pode
1. Os estados oerentes
|
α
i
são autovetores dooperador não-hermitiano de aniquilaçãodoosiladorharmnio:a
|
α
i
=
α
|
α
i
(2.1)2. Os estados oerentes
|
α
i
podem ser obtidos apliando-se o operador unitáriodesloamento:D(α) = exp
{
αa
†
−
α
∗
a
}
aoestado fundamental
do osiladorharmnio:
|
α
i
=
D(α)
|
0
i
(2.2)3. Estados Coerentes apresentam produto de inertezas mínimo
igual-mentedistribuído:
∆x∆p
= ¯
h/2
Essas três denições são equivalentes, istoé, qualquer estado obtido por
uma delas, satisfará as outras duas. No entanto, doponto de vista prátio,
a denição dada pelooperador desloamentoé mais útil 1
. Pode-se utilizá-lo
para obteraexpansãoemestadosdeFok(autoestadosde
n
=
a
†
a
)paraum
estado oerente
|
α
i
. Através da relação[21℄e
A+ ˆ
ˆ
B
=
e
−
1
2
[ ˆ
A,
B]
ˆ
e
A
ˆ
e
B
ˆ
(2.3)
válida se
[ ˆ
A,
[ ˆ
A,
B] ] = 0
ˆ
, é possível esrever ooperadordesloamento omo sendo:D(α) =
e
−|
α
|
2
/2
e
αa
†
e
−
α
∗
a
.
(2.4)Aoserapliadonoestadofundamentaldoosiladorharmnio,otermo
e
−
α
∗
a
o deixaintato,já que apenas oprimeirotermo daexpansãoexponenial,
1
, dá resultado diferente de zero. Com isso, os estados oerentes podem serobtidos daseguinteforma:
|
α
i
=
e
−|
α
|
2
/2
e
αa
†
|
0
i
=
e
−|
α
|
2
/2
∞
X
n=0
(αa
†
)
n
n!
|
0
i
.
Para referênia futura, o fator
e
−|
α
|
2
/2
será denido omo raiz quadrada da
normalização
N
(α, α
∗
)
, istoé,
N
(α, α
∗
) =
e
|
α
|
2
para os estadosoerentes do
osilador harmnio.
Levando em ontaa relação:
a
†
|
n
i
=
q
(n
+ 1)
|
n
+ 1
i ⇒
(a
†
)
n
|
0
i
=
√
n!
|
n
i
,
1
|
α
i
=
e
−|
α
|
2
/2
∞
X
n=0
α
n
√
n!
|
n
i
.
(2.5)
Através desta expansão, é possível veriar que os estados oerentes
da-dos pelooperadordesloamentosãoautoestadosdooperadorde aniquilação.
Como:
a
|
n
i
=
√
n
|
n
−
1
i
,a
|
α
i
=
e
−|
α
|
2
/2
∞
X
n=0
α
n
√
n!
√
n
|
n
−
1
i
=
αe
−|
α
|
2
/2
∞
X
n=1
α
n
−
1
q
(n
−
1)!
|
n
−
1
i
=
α
|
α
i
.
Essaequaçãodeautovaloresestabeleeumarelaçãodiretaentreosestados
oerenteseosnúmerosomplexos. NoasopartiularemqueaHamiltoniana
é linear nos operadores
a, a
†
, n
, a HamiltonianaClássia
H
(α, α
∗
) =
h
α
|
H
|
α
i
(2.6)gera equações de movimentopara
α, α
∗
ig
dα
dt
=
∂
H
∂α
∗
−
ig
dα
∗
dt
=
∂
H
∂α
,
(2.7)onde
g
≡
∂
2
ln
N
∂α∂α
∗
,
(2.8)idêntias às equações de movimento de Heisenberg para os operadores
a, a
†
[5℄.
Para veriar a relaçãode inerteza, os operadores
x
ˆ
ep
ˆ
são esritos em função dos operadores de riaçãoe aniquilaçãoomo sendo:ˆ
x
=
s
¯
h
2mω
(a
+
a
†
)
(2.9)
ˆ
p
=
−
i
s
mω¯
h
2
(a
−
a
†
).
h
x
i
=
s
¯
h
2mω
(α
+
α
∗
)
(2.11)
h
p
i
=
−
i
s
mω¯
h
2
(α
−
α
∗
)
(2.12)
h
x
2
i
=
h
¯
2mω
[1 + (α
+
α
∗
)
2
]
(2.13)
h
p
2
i
=
mω¯
h
2
[1
−
(α
−
α
∗
)
2
]
(2.14)
Fazendo agora
(∆x)
2
=
h
x
2
i − h
x
i
2
,
(∆p)
2
=
h
p
2
i − h
p
i
2
obtém-se
∆x
=
∆p
=
q
¯
h
2
, ou seja, os estados oerentes apresentam produto de inertezas mínimo eigualmente distribuído.Os estados oerentes não são ortogonais. Fazendo
h
β
|
α
i
a partir da equação (2.5), obtém-se:h
β
|
α
i
= exp
{
β
∗
α
−
1
2
[
|
β
|
2
+
|
α
|
2
]
} 6
= 0.
(2.15)
Qualquer estado doespaço vetorial gerado pelos autovetores de
n
=
a
†
a
pode ser esrito em termos dos estados oerentes. Isso pode ser veriado
alulando-se
R R
d
2
α
|
α
ih
α
|
, onde
d
2
α
=
d
(
ℜ
α)d(
ℑ
α) =
rdrdθ
.
Reesre-vendo a equação (2.5) oma mudança de variáveis
α
=
r e
iθ
,
Z
Z
dα dα
∗
|
α
ih
α
|
=
Z
2π
0
Z
∞
0
rdr dθ e
−
r
2
X
∞
n,n
′
r
n+n
′
e
i(n
′
−
n)θ
√
n!
n
′
!
|
n
′
ih
n
|
.
Utilizando agoraos resultados:
Z
2π
0
e
i(n
−
n
′
)θ
dθ
= 2π δ
n,n
′
Z
∞
0
r
2n+1
e
−
r
2
dr
=
1
2
Γ(n
+ 1)
obtém-se arelação:
1
π
Z
Z
d
2
α
|
α
ih
α
|
= 1.
(2.16)
Noaso do osiladorharmnio,a evolução temporaldooperador
a
está em orrespondênia diretaomaevoluçãotemporaldada pelaHamiltonianaem estados oerentes. Pode-se apliar este método não apenas ao osilador
harmnio, mas também a Hamiltonianas envolvendo operadores de spin
J
z
, J
+
, J
−
om relações de omutação[J
z
, J
±
] =
±
J
±
,
[J
+
, J
−
] = 2J
z
. Para estem, devem ser denidosestados oerentes de spin, oque seráfeitoatravésde uma generalizaçãodooperador desloamento.
2.1.2 Estados Coerentes de Spin
Os estados oerentes de Spin são obtidos pela atuação de um operador de
desloamento [5℄, análogoàquele dado peladenição 2,
Ω(ζ)
≡
exp
{
ζ J
+
−
ζ
∗
J
−
}
(2.17)atuando noestado
|
j,
−
j
i
|
ζ
i ≡
Ω(ζ)
|
j,
−
j
i
,
(2.18)sendo o estado
|
j, m
i
autoestado dos operadoresJ
z
,
J
2
=
J
+
J
−
+
L
2
z
−
L
z
:J
2
|
j,
−
j
i
=
j
(j
+ 1)
|
j,
−
j
i
J
z
|
j, m
i
=
m
|
j, m
i
.
(2.19)Osestadosoerentes doosiladorharmnio,
|
α
i
,sãoautoestadosdo opera-dor de aniquilaçãoa
omautovalorα
. Essa relaçãofazuma orrespondênia 1 a 1 entre o operadora
e o plano omplexo. O operador de spinJ
−
tam-bémpossui orrespondênia diretaom oparâmetro
ζ
; esse éopropósito do estadooerente. É possívelobterequaçõesde movimentoparaζ, ζ
∗
apartir
da HamiltonianaClássiaanáloga,
H
=
h
ζ
|
H
|
ζ
i
, idêntias asequações de movimento para osoperadoresJ
−
, J
+
.Deve se notar no entanto que o espaço de Hilbert para estados de Spin
é nito. Esse fato traz duas onseqüênias. A primeiradelas é que o
opera-dor
J
−
não terá autovetores nesse espaço. No entanto é possível identiarζ, ζ
∗
om os valores médios de
J
−
, J
+
no estado|
ζ
i
. A segunda é que o parâmetroζ
nãoestaráemum planoomplexoilimitado,omoaonteeom o parâmetroα
, e sim na superfíie de uma esfera de raio unitário. Para o espaço de spin1
2
, isso pode ser mostrado através da representação matriial dooperadordesloamentoΩ
. OsoperadoresJ
±
, J
z
podemser representados em termosdas matrizes:J
+
→
0 1
0 0
!
, J
−
→
0 0
1 0
!
, J
z
→
1
2
0
0
−
1
2
!
tação, pode-seobter a formado operadordesloamento
Ω
:Ω(ζ)
→
exp
0
ζ
−
ζ
∗
0
!
=
∞
X
k=0
1
k!
0
ζ
−
ζ
∗
0
!
k
(2.21)
Elevara matrizà
k
-ésimapotêniaresulta nas séries:1 0
0 1
!
(1
−
|
ζ
|
2
2!
+
|
ζ
|
4
4!
− · · ·
) +
+
0
|
ζ
ζ
|
−
ζ
∗
|
ζ
|
0
(
|
ζ
| −
|
ζ
|
3
3!
+
· · ·
)
=
cos
|
ζ
|
|
ζ
ζ
|
sen|
ζ
|
−
ζ
∗
|
ζ
|
sen|
ζ
|
cos
|
ζ
|
(2.22)Em outras palavras, o operador desloamento apresenta uma periodiidade
em
ζ
. Apesar de ter sido mostrado somente para spin1/2
, essa periodii-dade oorre para todoj
. A equação (2.22) sugere que o parâmetroζ
está relaionado aos ângulos polarθ
eazimutalφ
pela equação:ζ
=
θ
2
e
iφ
,
(2.23)
om
0
≤
θ
≤
π ,
0
≤
φ
≤
2π
, já queΩ(ζ(θ, φ)) = Ω(ζ(θ
+
π, φ));
Ω(ζ
(θ, φ)) = Ω(ζ(θ, φ
+ 2π)).
Os operadores
J
±
não satisfazem a ondição[ ˆ
A,
[ ˆ
A,
B] ] = 0
ˆ
neessária para queΩ
tenha uma forma operaional semelhante à apresentada para o operador desloamento do osilador harmnio. No entanto, uma fórmulaBCH [22, 23℄ permite aobtenção da expressão desejada:
exp
{
ζJ
+
−
ζ
∗
J
−
}
= exp
{
τ J
+
}
exp
{
ln(1 +
|
τ
|
2
)
J
z
}
exp
{
τ J
−
}
,
(2.24)τ
=
|
ζ
ζ
|
tan
|
ζ
|
=
e
iφ
tan
θ
2
.
(2.25)Proedendo de forma análoga ao que foi feito para o estado oerente do
osilador harmnio, o operador
exp
{
τ J
−
}
deixa o estado|
j,
−
j
i
intato. Portanto,|
ζ
i
=
1
Alémdisso,
J
+
|
j, j
i
= 0
⇒
exp
{
τ J
+
}|
j, j
i
=
|
j, j
i
,ou seja,|
ζ
i
=
1
(1 +
|
τ
|
2
)
j
2j
X
k=0
(τ J
+
)
k
k!
|
j,
−
j
i
.
(2.27)Com a relação:
J
+
|
j, m
i
=
q
(j
+
m
+ 1)(j
−
m)
|
j, m
+ 1
i
,|
ζ
i
=
1
(1 +
|
τ
|
2
)
j
2j
X
k=0
τ
k
v
u
u
t
2j
k
!
|
j,
−
j
+
k
i
(2.28)Aequação (2.25)éuma transformaçãodotipoprojeçãoestereográa,onde
ada ponto na esfera de Bloh é mapeado no plano omplexo innito da
variável
τ
. A equação (2.24) é a forma mais prátia de se obter os estados oerentes de spin. Normalmente na literatura os estados oerentes de spinsão denidos diretamente em função do parâmetro
τ
, i.e., omo|
τ
i
= (1 +
|
τ
|
2
)
−
j
exp
{
τ J
+
}|
j,
−
j
i
. Paraestabeleerumeloentreosvaloresesperados deJ
±
e os parâmetrosθ, φ
que apareem na denição deζ
, pode-se usar a equação (2.26) daseguinteforma:J
+
|
τ
i
= (1 +
|
τ
|
2
)
−
j
J
+
e
τ J+
|
j,
−
j
i
;
J
+
= (1 +
|
τ
|
2
)
−
j
∂
∂τ
e
τ J+
|
j,
−
j
i
(2.29)Usando a ortogonalidadedabase
{|
j m
i}
ea expansão binomial(1 +
x)
N
=
N
X
n=0
N
n
!
x
n
O valoresperado de
J
+
pode ser esrito omoh
J
+
i
=
2jτ
∗
1 +
|
τ
|
2
.
(2.30)Retomando aequação (2.24) eusando relaçõestrigonométriaselementares,
h
J
+
i
=
j
senθe
iφ
.
(2.31)
Portanto,osvaloresesperadosde
J
x
eJ
y
numestadooerenteserãodadosporj
cos
φ, j
senφ
respetivamente. Pelaequação(2.26)anormalizaçãoN
(τ, τ
∗
)
será dada por
As equações de movimentopara o parâmetro
τ
serão dadas por:i g
dτ
dt
=
∂
H
∂τ
∗
−
i g
dτ
∗
dt
=
∂
H
∂τ
.
(2.33)H
=
h
τ
|
H
|
τ
i
.
(2.34)O fatorg será dado por 2
g
=
∂
2
N
(τ, τ
∗
)
∂τ
∗
∂τ
=
2j
(1 +
|
τ
|
2
)
2
(2.35)Assimomonoasodoosiladorharmnio,osestadosoerentes despin são
em geral não ortogonais,
h
τ
|
σ
i
=
1
(1 +
|
τ
|
2
)
j
1
(1 +
|
σ
|
2
)
j
2j
X
k=0
2j
k
!
τ
∗
k
σ
k
=
1
(1 +
|
τ
|
2
)
j
1
(1 +
|
σ
|
2
)
j
(1 +
ω
∗
σ)
2J
,
(2.36)
e têm umarelaçãode super-ompleteza, omo noaso doosilador
harm-nio. Épossívelobtê-la,usandoaequação(2.28)eesrevendo
τ
omofunção deθ
eφ
de aordoom a equação (2.25):|
τ
ih
τ
|
=
1
(1 +
|
τ
|
2
)
2j
2j
X
k, k
′
=0
τ
k
(τ
∗
)
k
′
×
×
v
u
u
t
2j
k
!
2j
k
′
!
|
j,
−
j
+
k
ih
j,
−
j
+
k
′
|
.
(2.37)
Com
|
τ
|
2
= tan
2
θ/2
,
(1 +
|
τ
|
2
)
−
1
= cos
2
θ/2
, teremos:
|
τ
ih
τ
|
=
2j
X
k, k
′
=0
(
senθ/2)
k+k
′
(cos
θ/2)
4j
−
k
−
k
′
×
×
e
i(k
−
k
′
)φ
v
u
u
t
2j
k
!
2j
k
′
!
|
j,
−
j
+
k
ih
j,
−
j
+
k
′
|
(2.38)2
ParaestadosoerentesdoOsiladorHarmnio,
g
= 1
,oquenãooorreparaestadosZ
2π
0
Z
π
0
sen
θ dθdφ
|
τ
ih
τ
|
e usando osresultados
Z
2π
0
e
i(n
−
n
′
)θ
dθ
= 2π δ
n,n
′
Z
π
0
(
sen
θ/2)
2k+1
(cos
θ/2)
2j
−
2k+1
dθ
=
Γ(k
+ 1)Γ(j
−
k
+ 1)
Γ(j
+ 2)
hega-se à relação:
2j
+ 1
4π
Z
d
2
τ
|
τ
ih
τ
|
= 1
(2.39)Para nalizar, um pequeno omentário sobre o prinípio da inerteza. Ao
ontrário dos estadosoerentes doosiladorharmnio,os estadosoerentes
de spin não são estados de inerteza mínima. Generalizandoooneito para
umsistemadespin, oprinípiode inertezadeveser esritoomo
∆J
x
∆J
y
≥
1
2
∆J
z
. Noentanto,mesmoparaoestado|
j,
−
j
i
aigualdadenãoéobservada.2.2 Distribuições de Quasi-Probabilidade
A Meânia Clássia desreve ompletamente um sistema dinâmio através
dosvaloresdevariáveisannias,omoporexemplomomentoeoordenada.
Portanto é possível responder às perguntas onde está? e om qual
ve-loidade? e obter todas asinformaçõespossíveisa respeito de um sistema
físio. Estendendo esta idéiapara aMeâniaEstatístia,estas perguntasse
tornam qual a probabilidade de estar aqui om essa veloidade ?.
Asso-iar uma probabilidadepara ada lugar possível dene uma distribuição de
probabilidade. Em Meânia Estatísitia as distribuições de probabilidade
são usadas para desrever um sistema físio e resumem toda a informação
que sepode obter dele. Já emMeâniaQuântia, oenárioé bemdistinto.
Basiamente, a desrição de um sistema quântio se baseia nooneito
abs-trato de estado quântio. O prinípio da inerteza limita as possibilidades
de desrição dosistema através de variáveis annias, já quenão é possível
onheer simultaneamenteeompreisãoarbitráriaovalorde duasvariáveis
que não omutam.
Ainda assim é possível em Meânia Quântia denir distribuições de
quasi-probabilidade [1℄ que servem omo representações de um sistema, em
analogia om o que é feito em Meânia Estatístia. É natural que essas
distribuição de probabilidadede uma está relaionadaom a outraporuma
transformada de Fourier,o que não oorre nas distribuiçõeslássias.
Uma propriedade desejável em funções de distribuição é a de se obter a
distribuiçãomarginaldeumadasvariáveissomando-sesobretodososvalores
das outras, istoé, se
R(x, y)
é uma distribuiçao de probabilidade, deseja-se obter uma distribuição parax
fazendo-seP
(x) =
R
∞
−∞
R(x, y)dy
, por exem-plo. No aso dameânia quântia, se adistribuição de quasi-probabilidadeW
(q, p)
para um dado estadoρ
atende a essa propriedade das distribuições marginais,épossívelrelaioná-laom adesrição quântia usual pelasequa-ções:
h
q
|
ρ
|
q
i
=
Z
∞
−∞
W
ρ
(q, p)dp
;
(2.40)
h
p
|
ρ
|
p
i
=
Z
∞
−∞
W
ρ
(q, p)dq .
(2.41)
Na verdade, é possível obter uma generalização das distribuições
margi-nais parauma determinadadireção
θ
. Issopodeser feitoatravésde um ope-rador unitárioU
ˆ
(θ)
, denido emfunção dosoperadoresa
=
1
√
2
(ˆ
q
+
i
p), a
ˆ
†
=
1
√
2
(ˆ
q
−
iˆ
p)
omosendoU
ˆ
(θ) = exp
{−
ia
†
aθ
}
. Ooperador
U
ˆ
(θ)
transformaos operadoresq
ˆ
ep
ˆ
da seguinteforma3
:
ˆ
U
†
(θ) ˆ
q
U
ˆ
(θ) = ˆ
q
cos
θ
+ ˆ
p
senθ;
ˆ
U
†
(θ) ˆ
p
U
ˆ
(θ) =
−
q
ˆ
senθ
+ ˆ
p
cos
θ.
(2.42)Como
U(θ)
ˆ
é unitário,U
ˆ
†
|
q
i
é autovetor do operador
q
ˆ
′
= ˆ
U
†
(θ) ˆ
q
U
ˆ
(θ)
. A generalização das equações (2.40) e (2.41)pode ser feitaesrevendo-seZ
∞
−∞
W
(q
cos
θ
−
p
sen
θ, q
senθ
+
p
cos
θ)
dp
=
h
q
|
U
ˆ
(θ)
ρ
U
ˆ
†
(θ)
|
q
i
(2.43)
Nosasos
θ
= 0
,θ
=
π/2
obtém-seasdistribuiçõesdeprobabilidadeh
q
|
ρ
|
q
i
,h
p
|
ρ
|
p
i
respetivamente. Épossívelmostrar 4queafunção distribuição
de-nida pela equação (2.43)deve ser obtida omo transformadade Fourier da
função araterístia
˜
W
(u, v) =
Tr{
ρ
exp
{−
iuˆ
q
−
iv
p
ˆ
}}
(2.44) 3Pode ser veriado pela relação
e
xA
Be
−
xa
=
B
+ [
A, B
]
x
+ [
A,
[
A, B
]]
x
2
/
2! +
[
A,
[
A,
[
A, B
]]]
x
3
/
3!
· · ·
4
Afunçãodedistribuição
W
(q, p)
assimdenidaéhamadafunçãodeWigner e possui a forma(¯
h
= 1
):W
ρ
ˆ
(q, p) =
1
2π
Z
∞
−∞
exp
{
ipx
}h
q
−
x
2
|
ρ
ˆ
|
q
+
x
2
i
dx
(2.45)A função de Wigner possui uma série de propriedades. A seguir são itadas
as mais importantes:
1. Veria-se sem maiores problemas que a função de Wigner é real e
normalizada:
W
ρ
ˆ
(q, p) =
W
ρ
ˆ
∗
(q, p)
,
(2.46)Z
∞
−∞
Z
∞
−∞
W
ρ
ˆ
(q, p)
dq dp
= 1 ;
(2.47)
2. O traço do produto de dois operadores pode ser alulado através da
função de Wigner:
Tr
{
A
ˆ
B
ˆ
}
= 2π
Z
∞
−∞
Z
∞
−∞
W
A
ˆ
(q, p)W
B
ˆ
(q, p)
dq dp
;
(2.48)
3. Diferentemente das distribuições de probabilidade lássias, a função
de Wigner pode apresentar valores negativos;
4. Ovalorqueafunçãode Wignerpode assumirélimitado,onseqüênia
da desigualdadede Shwarz:
|
W
ρ
ˆ
(q, p)
| ≤
1
π
.
(2.49)Além de dar a fórmula para o álulo de valores médios, a propriedade 2
mostra que a função de Wigner é de fato uma representação em Meânia
Quântia. O elemento de matriz
h
u
|
ρ
ˆ
|
v
i
de um operador pode ser obtido omoh
u
|
ρ
ˆ
|
v
i
=
Tr{
ρ
ˆ
|
v
ih
u
|}
=
Z
∞
−∞
Z
∞
−∞
W
ρ
ˆ
(q, p)
W
uv
(q, p)
dqdp
onde
W
uv
é a representação de Wigner doprojetor|
v
ih
u
|
.A seguir são mostrados os gráos das funções de Wigner para alguns
asos típios. Para fazera função de Wigner de um autoestadodo osilador
harmnio por exemplo, basta obter esses autoestados na representação de
posiçãoetomaratransformadadeFourierdafunção
Ψ
∗
n
(q
−
x/2)Ψ
n
(q
+
x/2)
em
x
, ou seja,(2π)
−
1
R
∞
-2
0
2
q
-2
0
2
p
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
W
-2
0
2
q
-2
0
2
q
-2
0
2
p
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
W
-2
0
2
q
-2
0
2
Figura 2.1: Função de Wigner para o autoestado
n
= 1
doosilador harm-nio. À direita, vistainferior om detalhe para aparte negativa.-2
0
2
q
-2
0
2
p
0
0.1
0.2
0.3
W
-2
0
2
q
Figura 2.2: Função de Wigner para o estado fundamental do osilador
har-mnio.
Já para o primeiro estado exitado do osilador harmnio, existe uma
região negativa nafunção de Wigner,onforme gura 2.1.
Naverdade,exetopeloestadofundamental,todososestadosdeFoksão
estadosnão-lássios. Noentanto,afunçãodeWignerdoestadofundamental
é uma Gaussiana (gura 2.2) em
q
ep
entrada na origem,W
|
0
ih
0
|
(q, p) =
1
π
e
−
q
2
−
p
2
(2.50)
ComafunçãodeWignerépossívelilustrarmelhoroproessodeobtenção
de estados oerentes. Reesrevendo o operador desloamento emtemos dos
operadores
q
ˆ
ep
ˆ
e denindoα
=
u
+
iv
,D(α) = exp
{
i
(v
q
ˆ
−
uˆ
p)
}
=
e
−
1
2
i uv
e
i vˆ
q
e
−
i uˆ
p
.
Segundo o tratamentousado por Ballentine [19℄, o operador
p
ˆ
éum gerador hermitiano de translação no grupo de Galileu. Portanto,T
(λ) =
e
−
i λˆ
p
é
um operador unitário de translação que, atuando nos autovetores de
q
ˆ
faze
−
i λˆ
p
|
q
i
=
|
q
+
λ
i
. A função de Wigner de um estado oerenteserá obtida
omo:
W
|
α
ih
α
|
(q, p) =
1
2π
Z
∞
∞
e
−
i px
h
q
−
x/2
|
α
ih
α
|
q
+
x/2
i
dx
=
=
1
2π
Z
∞
−∞
e
i px
h
q
−
x/2
|
D(α)
|
0
ih
0
|
D
†
(α)
|
q
+
x/2
i
dx
=
=
1
2π
Z
∞
−∞
e
i px
e
i v(q
−
x/2)
h
q
−
x/2
|
T
(λ)
|
0
i ×
×h
0
|
T
†
(λ)
|
q
+
x/2
i
e
i v(q
−
x/2)
dx
=
=
1
2π
Z
∞
−∞
e
i
(p
−
v)x
h
(q
−
u)
−
x/2
|
0
ih
0
|
(q
−
u) +
x/2
i
dx
(2.52)Aequação(2.52)representaumaGaussianadesloadanasdireções
q, p
pelas partes real e imagináriadeα
.Outra assinatura quântia notável surge na função de Wigner para a
superposição de dois estados oerentes. Esolhendo o parâmetro
α
de um estadooerenteomosendoα
=
q
0
,umnúmeroreal,oestadodesuperposição|
ψ
i
= 2
−
1/2
(
|
α
i
+
| −
α
i
)
terá omo operadordensidade o projetor:
|
ψ
ih
ψ
|
=
1
2
(
|
α
ih
α
|
+
| −
α
ih −
α
|
+
|
α
ih −
α
|
+
| −
α
ih
α
|
)
.
A função de Wigner para
|
α
ih
α
|
+
| −
α
ih −
α
|
é apenas a soma de duas Gaussianas, uma em entrada em(q
0
,
0)
e a outra em(
−
q
0
,
0)
. A parte de interesse está no termode interferênia|
α
ih −
α
|
+
| −
α
ih
α
|
:W
|
α
ih −
α
|
=
1
2π
Z
∞
−∞
e
i px
exp
{−
(q
2
+ (x
+
q
0
)
2
)
}
dx
=
1
2π
e
−
q
2
Z
∞
−∞
e
i p(u
−
2q0)
exp
{−
u
2
4
}
du , u
=
x
+ 2q
0
(2.53)usando
R
∞
−∞
exp
{−
i px
−
x
2
/4
}
=
π
−
1/2
2e
−
p
2
ereesrevendo oresultado para
ooutrotermodeinterferêniaobtidotroando
q
0
→ −
q
0
,afunçãodeWigner para o estado de superposição será dada por:W
|
ψ
ih
ψ
|
(q, p) =
(2π)
−
1
e
−
p
2
−
(q
−
q0)
2
+
e
−
p
2
−
(q+q0)
2
+ 2
√
πe
−
p
2
−
q
2
cos(2p q
0
)
(2.54)
-5
0
5
q
-5
0
5
p
-0.2
0
0.2
0.4
W
-5
0
5
q
-0.2
0
0.2
0.4
Figura2.3: FunçãodeWignerparaumestadodesuperposiçãodedoisestados
efeito de interferênia.
Defato anegatividade dafunção de Wigneremalguns pontosdoespaço
traz informações relevantes sobre um estado quântio. Seria interessante
no entanto obter uma função de distribuição positiva em todos os pontos
do plano
qp
. A propriedade 2 fornee uma possibilidade de se obter tal distribuição,bastandoparaissoonsideraraprojeçãodoestadoρ
emestados oerentes,h
α
|
ρ
|
α
i
. É laro que o quadrado do módulo de tal projeção, é um valorreal positivo:h
α
|
ρ
|
α
i
=
Tr{
ρ
|
α
ih
α
|} ≥
0
.
(2.55)Esrevendo
α
= 2
−
1
(q
+
ip)
e usando a fórmula do traço (2.48), obtém-se
uma função de distribuiçãopositiva:
Q
ρ
(q, p) =
1
π
Z
∞
−∞
Z
∞
−∞
W
ρ
(q
′
, p
′
)e
−
(q
−
q
′
)
2
−
(p
−
p
′
)
2
dq
′
dp
′
=
1
2π
h
α
|
ρ
|
α
i
(2.56)
Paraumdadoestado,afunção
Q
,tambémhamadadefunçãodeHusimi[27℄, emumpontoéamédiaponderadaporumagaussianaemtornodoponto,dafunção de Wigner orrespondente. O fato de ela ser positiva sempre,dá um
limiteparaaáreaqueumaregiãonegativadafunçãodeWignerpodeoupar.
Élaroqueissotudonãovemdegraça. Opreçoquesepagapelapositividade
dafunçãode Husimiéofatodeelanãoreuperarasdistribuiçõesmarginais.
Agura2.4mostraasfunçõesde Husimiparaoprimeiroestadoexitado
do Osilador Harmnio e para o estado de superposição de dois estados
oerentes
|
ψ
i
= 2
−
1/2
(
|
α
i
+
| −
α
i
)
. Devemser omparadas omasguras
2.1 e 2.3. A função de Wigner para um estado oerente é uma Gaussiana
de variânia
1/2
, a função de Husimi para um estado oerente é também Gaussiana, mas de variânia1
. Para o estado de superposição, o termo de interferênia tem uma representação dada por(2π)
−
1/2
exp
{−
(q
2
+
p
2
+
q
0
2
)
}
cos(q
0
p)
,
que o tornagraamenteimpereptível.
As funçõesde Wigner e Husimiforam obtidaspara as representações de
posição e momento. É possível no entanto estender os oneitos até agora
utilizados para deni-lasem uma representação de momento angular,o que
foi feito por Agarwal [25℄ [26℄. A generalização da função de Husimi pode
ser feitadiretamenteatravésda projeçãoem estadosoerentes de spin
|
τ
i
:Q
ρ
(θ, φ)
≡
2j
+ 1
-2
0
2
q
-2
0
2
p
0
0.02
0.04
0.06
Q
-2
0
2
q
-5
0
5
q
-5
0
5
p
0
0.02
0.04
0.06
0.08
-5
0
5
q
0
0.02
0.04
0.06
Figura 2.4: À esquerda, Função de Husimi para o autoestado
n
= 1
do osilador harmnio. À direita, função de Husimi para|
ψ
i
= 2
−
1/2
(
|
α
i
+
| −
α
i
)
.Para a função de Wigner, Agarwal objetivoupreservar a propriedade2, isto
é,
Tr
{
A
ˆ
B
ˆ
}
=
Z
2π
0
Z
π
0
W
A
ˆ
W
B
ˆ
sen
θ dθ dφ
(2.58) Nesta dissertação não serão apresentados os proedimentos utilizados porele para obter a generalização. Resumidamente pode-se dizer que, para a
álgebrademomentoangular,ooperadordesloamentoqueapareenafunção
araterístia
exp
{−
iuˆ
q
−
iv
p
ˆ
}
,
é troado pelotensor esfério
ˆ
T
KQ
=
j
X
m=
−
J
(
−
1)
j
−
m
√
2K
+ 1
j
K
j
−
m Q m
−
Q
!
|
j, m
ih
j, m
−
Q
|
.
(2.59)
O símbolo
j
K
j
−
m Q m
−
Q
!
é onheido omo símbolo
3
−
j
de Wigner [19℄ e está relaionado aos o-eientes de Clebsh-Gordan. A matriz araterístia, orrespondente dafunção araterístia, édenida omo:
̺
KQ
≡
Tr{
ρ
T
ˆ
KQ
}
(2.60)-5
-2.5
0
2.5
5
-5
-2.5
0
2.5
5
-5
0
5
-5
-2.5
0
2.5
5
-5
0
5
-5
0
5
0
0.5
1
1.5
-5
0
5
Figura 2.5: Função de Wigner para o estado de Dike
|
5,
−
5
i
. À direita, vista projetiva noplano omplexo dadapelaequaçãoτ
=
e
iφ
tan
θ/2
.
de Wigner para momento angularpode ser então esrita de forma únia em
termos de Harmnios esférios
Y
KQ
(θ, φ)
:W
ρ
(θ, φ) =
s
2j
+ 1
4π
2j
X
K=0
K
X
Q=
−
K
̺
KQ
Y
KQ
(θ, φ).
(2.61)Para visualizar asfunçõesde Wigner esférias,pode-se usar um esquema de
relevo em uma esfera de raio
q
j(j
+ 1)
. A representção gráa se faz então simplesmenteparametrizando a esfera om variações noraio de aordo omos valores da função de Wigner. As guras 2.5 2.6 mostram as funções de
Wigner paraestadosde Dike
|
5,
−
5
i
e|
5,
−
3
i
. Paravisualizar estadosna regiãodopólosul, éinteressanteusar umarepresentação projetiva,omumatransformação de variáveis:
τ
=
e
iφ
tan
θ/2
.
2.3 Sistemas Compostos e Emaranhamento
A desrição de um sistema físioatravésda MeâniaQuântia é feita
atra-vés do oneito de estado. O estado quântio de um sistema, representado
através de um operador de estado ou operador densidade atuando em um
espaço vetorial (espaço de Hilbert), pode ser denido a partir da seqüênia
de proedimentosexperimentaisepreparaçõespelos quaisessesistema físio
passou [19, 28℄. Com isso, am determinadas asprobabilidadesde seobter
-5
-2.5
0
2.5
5
-5
-2.5
0
2.5
5
-5
0
5
-5
-2.5
0
2.5
5
Figura2.6: Função de Wigner parao estado de Dike
|
5,
−
3
i
.-5
0
5
-5
0
5
-0.5
0
0.5
1
-5
0
5
-5
0
5
-5
0
5
-0.5
0
0.5
1
-5
0
5
-5
0
5
Figura 2.7: Funçãode Wigner para oestado de Dike
|
5,
−
3
i
. Vista proje-tivanoplanoomplexodadapelaequaçãoτ
=
e
iφ
tan
θ/2
. Adireita,detalhe
de informaçõesque sepode obter de um sistema físio através de proessos
de medição. Se o sistema físioem questão for uma partíula, porexemplo,
pode-se perguntar a respeito de diversas propriedades físias da partíula,
omo sua posição, sua veloidade, seu momento angular, sua polarização,
et. As propriedades físias de um sistema podem ser agrupadas de aordo
om os graus de liberdade do mesmo. Assim, a posição de uma partíulae
seuspinsãodoisgrausdeliberdadedistintosdapartíulaou,noasodeduas
partíulas, asposiçõesde ada umadelas sãograus deliberdadedistintosdo
sistema omposto. Assoia-se então um espaço vetorial para ada grau de
liberdade do sistema que está sendo desrito e pode-se falar do estado do
sistema em relação a um desses graus de liberdade. Por exemplo, pode-se
falar doestado de spinou doestado espaialda partíula, et.
O estado quântio da partíula deve forneer distribuições de
probabili-dade parapossíveismediçõesde grandezasfísiasassoiadasaestesgraus de
liberdade. Quando,paraumdadoestadoquântio,existeumtesteujo
resul-tadoépredizívelomprobabilidade
1
,diz-sequeesteestadoépuroepode-se atribuir aeleum vetor de estado|
Ψ
i
no espaçode Hilbertassoiado àquele teste. O operador de estado torna-seneste aso um projetor|
Ψ
ih
Ψ
|
e pos-suiapropriedadeTr{
ρ
2
}
= 1
,jáqueneste aso
|
Ψ
ih
Ψ
||
Ψ
ih
Ψ
|
=
|
Ψ
ih
Ψ
|
. Esse tipo de estado representa a desrição quântia mais ompleta possívelde um sistema.
Fatonotávelemmeânia quântia: oonheimentoseparadodaspartes,
istoé,doestadodosistemaemadagraudeliberdadeseparado, nemsempre
determina o estado do todo. Para o aso de um estado puro, por exemplo,
o estado do sistema está emum espaço vetorial que é produto tensorial dos
espaços assoiados aos vários graus de liberdadedosistema, istoé,
|
Ψ
i ∈ H
=
H
1
⊗ H
2
· · · ⊗ H
n
.
(2.62) Para ospropósitos destetrabalho,será suienteonsiderarapenassiste-mas om dois graus de liberdade:
|
Ψ
i ∈ H
=
H
1
⊗ H
2
.
(2.63)Umabaseortonormalem
H
éobtidaapartirdebasesortonormais{|
u
i
i}
e{|
v
α
i}
emH
1
eH
2
de dimensõesN
1
eN
2
omo sendo{|
u
i
i ⊗ |
v
α
i}
. O vetor de estado|
Ψ
i
pode então ser esrito emtermos desta base:|
Ψ
i
=
X
i, α
c
iα
|
u
i
i ⊗ |
v
α
i
.
(2.64)possível assoiar todo estado
|
Ψ
i
a estados puros nos subespaçosH
1
eH
2
separadamente; trata-sede um estado ujaspartes estão emaranhadas.A matriz que representa um operador de estado em
H
possuiN
2
1
N
2
2
nú-meros omplexos, ao passo que asmatrizes que representam operadores nosespaços
H
1
eH
2
possuemno totalN
2
1
+
N
2
2
números. Ou seja, há asos em que5
existe informação presente nas orrelações entre as partes. Isso
signi-a que em muitos asos as grandezas físiasde um grau de liberdadeestão
em orrespondênia om grandezas físias de outro. Medir grandezas
físi-as relaionadas a um grau de liberdade apenas, signia obter a grandeza
espeiada independente dos outros graus de liberdade. Portanto, se um
operador
A
ˆ
atua emH
1
,sua extensão emH
=
H
1
⊗ H
2
será dada por:ˆ
A
1
= ˆ
A
⊗
1
,
(2.65)om formaanáloga para operadores que atuam em
H
2
. Com esta denição, é fail pereber que nem sempre o produtoh
A
ˆ
1
ih
B
ˆ
2
i
é igual aovalormédio do produtoA
ˆ
1
B
ˆ
2
, i.e., háasos emqueh
A
ˆ
1
ih
B
ˆ
2
i 6
=
h
A
ˆ
1
B
ˆ
2
i
.Ovalormédio dooperador
A
ˆ
1
emumestadorepresentado porρ
éobtido pelotraço:h
A
ˆ
1
i
=
Tr{
ρ
A
ˆ
1
}
.
(2.66) Pode-se obteruma fórmulapara este traço esrevendo-se amatriz doopera-dor
A
ˆ
1
emtermos de uma base ortonormal, i.e., se:ˆ
A
=
X
ij
a
ij
|
u
i
ih
u
j
|
,
(2.67)a extensão de
A
ˆ
emH
será dada por:ˆ
A
1
=
X
ijαβ
a
ij
δ
αβ
|
u
i
i ⊗ |
v
α
ih
u
j
| ⊗ h
v
β
|
(2.68)Se um estado érepresentado pelamatriz dooperadorde estado,
ρ
=
X
ijαβ
λ
ijαβ
|
u
i
i ⊗ |
v
α
ih
u
j
| ⊗ h
v
β
|
,
(2.69)o valormédio de
A
ˆ
pode ser esrito omo: Tr{
ρ
A
ˆ
1
}
=
X
ijαβ
a
ij
δ
αβ
λ
jiβα
=
=
X
ijα
a
ij
λ
jiαα
=
Tr{
ρ
1
A
ˆ
}
,
(2.70)5
onde
ρ
1
é hamadooperadorde estado reduzido e édado pelotraço parial:ρ
1
=
Tr2
{
ρ
}
=
X
α
λ
ijαα
|
u
i
ih
u
j
|
.
(2.71)Aosefazerotraçoparialdadopelaequação(2.71),háperdadeinformação.
O resultado disso é queo operador densidade reduzido dado por(2.71) nem
sempre é puro e portanto Tr
{
ρ
2
1
} ≤
1
. No entanto quandoρ
possui a formaρ
=
ρ
1
⊗
ρ
2
, i.e., quando é possível estabeleer estados denidos em ada subsistema,osoperadoresdensidadereduzidossãopuroseTr{
ρ
2
1
}
= 1
. Neste aso, diz-se que o estadoé fatorável.Umamedidadasorrelaçõesentre doissistemaspode portantoserobtida
atravésda Entropia Linear denida omo:
S
= 1
−
Tr{
ρ
2
1
}
.
(2.72)É importante notar que no aso de existirem dois subsistemas apenas,
não importaqualdosoperadores densidadereduzidoséutilizadoparadenir
a entropia linear. Para mostrar isso utiliza-se da deomposição de Shmidt
[28℄. Essa deomposição pode ser vista omo uma forma simpliada de se
esrever (2.64). Dado um vetor de estado
|
Ψ
i ∈ H
=
H
1
⊗ H
2
, é sempre possível enontrar bases ortogonais{|
u
α
i}
deH
1
e{|
v
α
i}
deH
2
de forma que:|
Ψ
i
=
N1
X
k
α
k
|
u
α
i ⊗ |
v
α
i
(2.73)om
α
k
>
0,
P
N1
k
α
2
k
= 1
, sendoN
1
a dimensão do menor dos subsistemas. Segundo estadeomposição, ooperadordeestadoρ
poderá seresritoomo:ρ
=
X
ij
α
i
α
∗
j
|
u
i
i ⊗ |
v
i
ih
u
j
| ⊗ h
v
j
|
(2.74)e os operadores de estado reduzidos serão dados por: