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A imagem cinematográfica como objeto colecionável: o colecionador na era digital.

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Academic year: 2017

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So ra ia Nune s No g ue ira

A IMAG EM C INEMATO G RÁFIC A C O MO O BJETO

C O LEC IO NÁVEL:

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So ra ia Nune s No g ue ira

A IMAG EM C INEMATO G RÁFIC A C O MO O BJETO

C O LEC IO NÁVEL:

O c o le c io na d o r na e ra d ig ita l

.

Disse rta ç ã o a p re se nta d a a o C urso d e Me stra d o d a Esc o la d e Be la s Arte s d a Unive rsid a d e Fe d e ra l d e Mina s G e ra is, c o mo re q uisito p a rc ia l à o b te nç ã o d o título d e Me stre e m Arte s Visua is. Áre a d e C o nc e ntra ç ã o : Arte e Te c no lo g ia d a Ima g e m.

O rie nta d o r: Pro f. Dr. Luiz Ro b e rto Pinto Na za rio

Be lo Ho rizo nte

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DEDIC ATÓ RIA

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AG RADEC IMENTO S ESPEC IAIS

Ao p ro fe sso r e o rie nta d o r Luiz Na za rio p e la p a c ie nte re visã o d o me u te xto , p e lo s livro s e filme s e mp re sta d o s, p e lo c a rinho e p e la c o nfia nç a d e p o sita d a e m minha c a rre ira a o lo ng o d a minha fo rma ç ã o ta nto na g ra d ua ç ã o q ua nto ne ste me stra d o .

Ao p ro fe sso r e q ue rid o a mig o Ale ssa nd ro Fe rre ira C o sta , p e la s va lio sa s sug e stõ e s e p e lo a p o io d e se mp re .

Ao C NPq , p e la b o lsa q ue me d e u ma io re s p o ssib ilid a d e s d e d e se nvo lve r a p e sq uisa .

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AG RADEC IMENTO S

Ab e la rd o d e C a rva lho , p e la e ntre vista c o nc e d id a .

Ad ã o Fe rna nd e s d a Silva , p e la s b o a s info rma ç õ e s.

Ale xa nd re Ma rtins So a re s, p e la a te nc io sa c o la b o ra ç ã o .

Ao s a mig o s q ue me d e ra m ta nta fo rç a e to rc e ra m p o r mim.

And ré Re is Ma rtins, p e la g ra nd e fo rç a .

C lá ud ia Jussa n, p e lo a p o io té c nic o e ta nto s d e se nho s insp ira d o re s.

Irle y So a re s, p e la e ntre vista c o nc e d id a .

Luc ia na Fa g und e s Bra g a Fe rre ira , p e la e xp lic a ç ã o d e c o mo fa ze r b o ne c o s e c e ná rio s.

Ma rc o Ana c le to , p e lo sup o rte té c nic o .

Ma ria Ap a re c id a Ara ujo C a rva lho , p e la s té c nic a s d e ma ssa Fimo .

Pro fe sso r C e lso Pe re ira Fo nse c a (C O LTEC ), p e lo s vid ro s.

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SUMÁRIO

Intro d uç ã o ... 1

C a p ítulo 1 – C o le c io na nd o o b je to s d o mund o ... 5

C a p ítulo 2 – A ima g e m d o c o le c io na d o r no c ine ma ... 29

C a p ítulo 3 – Pre se rva nd o unive rso s ima g iná rio s ... 46

C a p ítulo 4 – C o nstruind o ima g iná rio s c o le c io ná ve is ... 92

C a p ítulo 5 – C o le c io na nd o mo nstro s ima g iná rio s ... 120

C a p ítulo 6 – O b je to s c o le c io ná ve is d o c ine ma ... 155

C a p ítulo 7 – Pro tó tip o s d e um ima g iná rio c o le c io ná ve l ... 192

C o nc lusã o ... 223

Re fe rê nc ia s b ib lio g rá fic a s ... 227

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LISTA DE FIG URAS

Fig ura 01 – Re ló g io p ro d uzid o p e la g rife suíç a TAG He ue r. Fo to : Re vista ISTO É, n° 1696, 3 d e a b ril d e 2002, p .23.

Fig ura 02 – Ab e la rd o d e C a rva lho e ntre sua s fo to s e mo ld ura d a s se g ura nd o uma fo to g ra fia d e p e sso a mo rta d e sua c o le ç ã o d e fo to g ra fia s d e fa le c id o s.

Fig ura 03 – Ab e la rd o e se u b a ú, o nd e é g ua rd a d o o re sta nte d e sua c o le ç ã o .

Fig ura 04 – Re se rva té c nic a d o Muse u d e Arte Mo d e rna , no Ib ira p ue ra , o nd e e stá g ua rd a d a a ma io r p a rte d e 3.776 o b ra s d o a c e rvo . Fo to s d e Ana O tto ni, Fo lha Ima g e m, d a Fo lha de S. Pa ulo.

Fig ura 05 – A ma la d e Ta rsila d o Ama ra l d o a d a p e la fa mília d a p into ra à Pina c o te c a . Fo to s d e Ana O tto ni, Fo lha Ima g e m, d a Fo lha de S. Pa ulo.

Fig ura 06 – Alc e u Ma ssini, c ria d o r d o muse u d e te le viso re s. Fo to s d e Ed ua rd o Kna p p , d a Fo lha de S. Pa ulo , 18 d e a b ril d e 2004.

Fig ura 07 – Ursinho d ina ma rq uê s. Re p o rta g e m d e She ila G re c c o, Re vista VEJA, 27 d e ma rç o d e 2002, p .72, 73.

Fig ura 08 – Bo ne c a Lic c a -C ha n. Re p o rta g e m d e She ila G re c c o, Re vista VEJA, 27 d e ma rç o d e 2002, p .72, 73.

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Fig ura 10 – C o le ç õ e s d e sa p o s d e Jo ã o Brito . Fo to s d o jo rna l O Esta do de S. Pa ulo, C a d e rno 2 C ultura , Do ming o , 6 d e o utub ro d e 2002.

Fig ura 11 – C o le ç ã o d e d a d o s d e Da d o Bie r inic ia d a p e la c o inc id ê nc ia d e se u no me , o nd e a b ra ng e to d o s o s tip o s e g ê ne ro s, d o s q ua is muito s fo ra m p re se nte a d o s. Fo to s d o jo rna l O Esta do de S. Pa ulo, C a d e rno 2 C ultura , Do ming o , 6 d e o utub ro d e 2002.

Fig ura 12 – Ve rsã o islâ mic a d a Ba rb ie e d e se u na mo ra d o Ke n, a p re se nta d a p e lo Ministé rio d a Ed uc a ç ã o d o Irã . Sã o e le s o s g ê me o s Sa ra e Da ra , ve stid o s e m tra je s típ ic o s c o mo inic ia tiva d e c o mb a te r a “ o c id e nta liza ç ã o ” . Fo to s d a ISTO É, n° 1693, 13 d e ma rç o d e 2002, p .20.

Fig ura 13 – Ima g e m d o Po p c a rd re p re se nta nd o o e nc o ntro d e c o le c io na d o re s d e Po p c a rd .

Fig ura 14 – C a p a d a re vista C o lle c to r’ s Ma g a zine. http :/ / www.ip c o le c io nismo .c o m.b r/ re vista .p hp

Fig ura 15 – Ima g e m d o filme O c o le c io na do r.

Fig ura 16 – He nri La ng lo is.

http :/ / www.o b je c tif-c ine ma .c o m/ e ve ne me nts/ 0258.p hp

Fig ura 17 – O c o le c io na d o r Anto nio Le ã o e se u livro Dic io ná rio de Filme s Bra sile iro s.

http :/ / www.c ine minha .c o m.b r/ no tic ia s.a sp ? ID=1458

Fig ura 18 – C e ntro d e d o c ume nta ç ã o d a C ine ma te c a Bra sile ira , e m Sã o Pa ulo .

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Fig ura 19 – Insta la ç õ e s d e filme s e fita s c o lo rid o s no p ré d io d a Pa ra mo unt Pic ture s. Ro b e rt Mc C ra c ke n sup e rviso na o a c e rvo d e 40.000 me tro s q ua d ra d o s. The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .331.

Fig ura 20 – Fa c ha d a d o Ac e rvo d e filme s e fita s d a Pa ra mo unt usa d a ta mb é m p a ra p ro d uç ã o d e muito s filme s. De ntro d a e strutura d a s insta la ç õ e s há e q uip a me nto d e re frig e ra ç ã o e filtra ç ã o d e a r. O p ré d io re siste nte a te rre mo to e a fo g o te m se u siste ma p ró p rio d e g e ra d o r c a p a z d e a b a ste c e r d e e ne rg ia to d o o p ré d io p o r um p e río d o ind e finid o c a so ha ja fa lta d e e ne rg ia . The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .331a .

Fig ura 21 – Arq uivo s e sp e c ia lme nte p ro je ta d o s, p a ra c o lo c a r o ro lo d e filme e m d ivisõ e s se p a ra d a s, simp lific a nd o a lo c a liza ç ã o d e um ro lo e sp e c ífic o . A Pa ra mo unt ina ug uro u um p ro g ra ma e sp e c ia l d e tro c a d a s la ta s d e filme s, c o lo c a nd o la ta s a lc a lina s iso la d a s d e p a p e lã o c o m o intuito d e p re ve nir a a c umula ç ã o g ra d ua l d e va p o r d e á c id o a c é tic o , o c o rrid a na s la ta s no rma is. O a r d e ssa insta la ç ã o é filtra d o p a ra re mo ve r e sse s va p o re s. Mc C ra c ke n é mo stra d o a q ui p uxa nd o uma la ta c o nte nd o um ro lo d e um ne g a tivo o rig ina l d o filme O Po de ro so C he fã o – Pa rte II, Fra nc is Fo rd C o p p o la (The G o dfa the r:

p a rte II, 1974). The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .332a .

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Fig ura 23 – A Pa ra mo unt Pic ture s te m uma p ro d uç ã o e xte nsa d e te le visã o inc luind o “ Ente rta inme nt To nig th” (a p re se nta ç õ e s c o m ma is d e 100.000 fita s c o m e ntre vista s e sho ws) e sé rie s d o Sta r Tre c k. Aq ui sã o a p re se nta d a s a s p rinc ip a is insta la ç õ e s d e fita s. De sd e 1987 to d a s a s p ro d uç õ e s d e c ine ma e TV d a Pa ra mo unt tê m sid o tra nsfe rid a s p a ra fita s d ig ita is. The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .332b .

Fig ura 24 – Uma d a s trê s no va s insta la ç õ e s d e a lta se g ura nç a d a Wa rne r Bro s., so b te mp e ra tura fria e m se us e stúd io s na C a lifó rnia . A Wa rne r Bro s. tra nsfe riu sua s c o le ç õ e s d e filme s p a ra e ssa s no va s insta la ç õ e s d e filme s c o lo rid o s ma ntid o s e m 1.7°C e 25%RH e m 1992. Aq ui sã o a p re se nta d a s a s insta la ç õ e s ma io re s d e filme s P&B q ue , c o mo a s o utra s d ua s, sã o e q uip a d a s c o m a rq uivo s mó ve is. Jo hn Be lkma p , d ire to r d a s insta la ç õ e s, e Bill Ha rtma n, d ire to r d a Ad ministra ç ã o d e Re c urso s d e Esto q ue e Pe sq uisa s na C o rp o ra te Film Víd e o Se rvic e s d a Wa rne r Bro s. G a rd ine r, vic e -p re sid e nte d a s O p e ra ç õ e s na C o rp o ra te Film Víd e o Se rvic e s na Wa rne r, a p lic o u 9 milhõ e s d e d ó la re s ne sse d e p ó sito re frig e ra d o . The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs:

tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .333a .

Fig ura 25 – As no va s insta la ç õ e s tê m um so fistic a d o siste ma d e mo nito ra me nto p a ra ve rific a r a q ua lid a d e d o a r e d e te rmina r a p re se nç a d e a lg uma sub stâ nc ia p re jud ic ia l p a ra a s p e líc ula s. É a p re se nta d o a q ui o te rmina l c o ne c ta d o c o m o siste ma c ujo c o ntro le se d á p o r c o mp uta d o r. The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .334.

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lo c a liza d o no s a rre d o re s rura is d a c id a d e . Q ua nd o e ssa fo to g ra fia fo i tira d a e m 1987, se u a c e rvo c he g a va a ma is d e 50.000 la ta s ma ntid a s ne ssa s insta la ç õ e s so b a te mp e ra tura d e 3.3°C e 40%RH. The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .335.

Fig ura 27 – La ta s c o nte nd o vá rio s imp re sso s d e filme s. Em 1987, a Turne r a rma ze na va vá rio s filme s d a Unite d Artists so b a c o rd o d e d istrib uiç ã o d e sse s filme s. The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .336.

Fig ura 28 – G a lp ã o d e e ntra d a e c a rre g a me nto c o m insta la ç õ e s d e a lta se g ura nç a e m Ka nsa s, c o nstruíd a e ntre p ila re s d e p e d ra c a lc á ria d e ixa d o s p e la s o p e ra ç õ e s d e mine ra ç ã o p a ra sup o rta r o te to d a mina . The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .336.

Fig ura 29 – Ba se a rma ze na d a d up lic a d a d e se p a ra ç õ e s P&B p a ra ... E o ve nto le vo u (G o ne With the Wind, 1939). O c lá ssic o e m te c hnic o lo r e m 3 c o re s é uma d a s “ jó ia s” d a c o ro a d a c o le ç ã o Turne r Ente rta inme nt. The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .336.

Fig ura 30 – Ne g a tivo s o rig ina is d e nitra to se p a ra d o s d e Bra nc a de Ne ve e o s se te a nõ e s (Sno w White a nd the Se ve n Dwa rfs, 1937). O filme te m sid o e xib id o muita s ve ze s d e sd e e ntã o e a rre c a d a d o milhõ e s d e d ó la re s p a ra a Disne y. The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p .354.

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d ire to r a ssiste nte d a se ç ã o d e c ura d o ria d e filme s, b ro a d c a sting , g ra va ç ã o d a d ivisã o d e so m d a Bib lio te c a d o C o ng re sso . Stills c o lo rid o s, inc luind o o s ma te ria is c o lo rid o s d a s c o le ç õ e s d a re vista Lo o k, sã o ta mb é m a rma ze na d o s na s insta la ç õ e s d e c o r. O filme ra ro a b a se d e nitra to e m Te c hno c o lo r p ro d uzid o p e la MG M, e m 1944, Me e t Me in St. Lo uis, e d irig id o p o r Vinc e nte Minne lli, ta mb é m fa z p a rte d o a c e rvo d o C o ng re sso na s insta la ç õ e s d e nitra to d a b ib lio te c a e m O hio . The p e rma ne nc e a nd c a re o f c o lo r p ho to g ra p hs: tra d itio na l a nd d ig ita l c o lo r p rints, c o lo r ne g a tive s, slid e s, a nd mo ntio n p ic ture s,p . 339.

Fig ura 32 – Ima g e m d o Ho lo c a usto . Re p o rta g e m Ká tia Me llo p a ra a re vista

ISTO É, núme ro 1690, 20 d e fe ve re iro d e 2002.

Fig ura 33 – C a p a d o C D-RO M Survivo rs: te stimo nie s o f the ho lo c a ust. Re p o rta g e m d e Ká tia Me llo p a ra a re vista ISTO É, núme ro 1690, 20 d e fe ve re iro d e 2002.

Fig ura 34 – A c o nq uista do Po lo, d e G e o rg e s Mé liè s. O c ine ma de ho rro r, p o r Jo a q uim G hiro tti 11/ 11/ 2003.

http :/ / www.o me le te .c o m.b r/ c ine ma / a rtig o s/ b a se _p a ra _a rtig o s.a sp ? a rtig o =1 856 .

Fig ura 35 – Fra nke nste in, 1910. O c ine ma de ho rro r, p o r Jo a q uim G hiro tti, 11/ 11/ 2003.

http :/ / www.o me le te .c o m.b r/ c ine ma / a rtig o s/ b a se _p a ra _a rtig o s.a sp ? a rtig o =1

856

Fig ura 36 – C o nd e O rlo k.

http :/ / va mp iro ma nia .g lo b o .c o m/ TV/ c a na l/ 0,6993,1971-p -6,00.html

(13)

Fig ura 38 – Pe rso na g e m G o le m. O c ine ma de ho rro r, p o r Jo a q uim G hiro tti 11/ 11/ 2003.

http :/ / www.o me le te .c o m.b r/ c ine ma / a rtig o s/ b a se _p a ra _a rtig o s.a sp ? a rtig o =1 856

Fig ura 39 – Fra nke nste in.

http :/ / www.o me le te .c o m.b r/ c ine ma / a rtig o s/ b a se _p a ra _a rtig o s.a sp ? a rtig o =1 856

Fig ura 40 – Múmia .

Fig ura 41 – O Ho me m Invisíve l.

Fig ura 42 – Lo b iso me m.

http :/ / www.und e rwe b .c o m.b r/ a rtig o s.a sp ? c o d =542

Fig ura 43 – Fre a ks, 1932. O c ine ma de ho rro r, p o r Jo a q uim G hiro tti, 11/ 11/ 2003.

http :/ / www.o me le te .c o m.b r/ c ine ma / a rtig o s/ b a se _p a ra _a rtig o s.a sp ? a rtig o =1 856

Fig ura 44 – Te a tro G ra nd G uig no l. G ê nio do siste ma .

Fig ura 45 – C a p a DVD d o Zé d o C a ixã o .

Fig ura 46 – Re vista s e m q ua d rinho s. The mo nste rs sho w: a c ultura l histo ry o f ho rro r.

Fig ura 47 – Bo ne c o s d o s p e rso na g e ns.

(14)

Fig ura 49 – C o p o s.

Fig ura 50 – C o le c io na d o r Fo rre st J. Ac ke rma n. The mo nste rs sho w: a c ultura l histo ry o f ho rro r.

Fig ura 51 – Re vista Fa mo us Mo nste rs o f filmla nd. Ed iç ã o e sp e c ia l d e c o le c io na d o r. The mo nste rs sho w: a c ultura l histo ry o f ho rro r.

Fig ura 52 – C a p a s d e LPs.

Fig ura 53 – Livro d e C a mp a nha d o filme A ma rc a do va mp iro.

Fig ura 54 – C a rta z d o filme Ab b o tt a nd C o ste llo me e t Fra nke nste in.

Fig ura 55 – Fa mília Mo nstro .

http :/ / va mp iro ma nia .g lo b o .c o m/ TV/ c a na l/ 0,6993,1971-p -6,00.html

Fig ura 56 – Fa mília Ad a ns. The mo nste rs sho w: a c ultura l histo ry o f ho rro r.

Fig ura 57 – Pe rso na g e ns d e Ma uríc io d e So uza .

http :/ / www.te rra vista .p t/ Ense a d a / 8833/ Turma p e na d inho .htm Fig ura 58 – Se lo s.

http :/ / www.me rc a d o livre .c o m.b r/ jm/ ite m? site =MLB&id =19507187

Fig ura 59 – Fo rma to 1-she e t. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .55.

Fig ura 60 – Fo rma to Windo w C a rd. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .108.

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Fig ura 62 – Fo rma to Inse rt. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .43.

Fig ura 63 – Fo rma to Ha lf-she e t. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .45.

Fig ura 64 – Fo rma to 3-she e t. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .109.

Fig ura 65 – Fo rma to 6-she e t. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .78.

Fig ura 66 – C a rta z d e C ha rlie C ha p lin. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .19.

Fig ura 67 – C a rta z d o filme Bé b é C he mine a u.

http :/ / www.stud ium.ia r.unic a mp .b r/ um/ p g 1.htm? =fo to p ub l.htm

Fig ura 68 – C a rta z d o filme Um c o rp o q ue c a i (Ve rtig o , 1957), d e Alfre d Hitc hc o c k. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .59.

Fig ura 69 – A de p ra va ç ã o do ho me m, p ô ste r, 1927. De sig n g rá fic o : uma histó ria c o nc isa , p .55.

Fig ura 70 – Fo to na g ra va ç ã o d o filme A lista de Shindle r. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .79.

Fig ura 71 – G re ta G a rb o . C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .98.

Fig ura 72 – De ta lhe d a fo to d o c a rta z d o filme The C ha rg e o f the Lig ht Brig a de .C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .102.

Fig ura 73 – Hula. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .47.

Fig ura 74 – Me tro p o lis, 1926. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .22.

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http :/ / www.filmp o ste r-a rc hiv.d e / html/ a nze ig e _g r.p hp 3? id =1100

Fig ura 76 – C a p a d o Livro d e C a mp a nha d o filme C hina Se a s. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .84.

Fig ura 77 – C a p a d e trá s d o Livro d e C a mp a nha d o filme C hina Se a s. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .85.

Fig ura 78 – Kit Imp re sso The Eme ra ld Fo re st. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .87.

Fig ura 79 – Brinq ue d o ED 209 d o filme Ro b o c o p.

http :/ / c g i.e b a y.c o m/ ws/ e Ba yISAPI.d ll? Vie wIte m&ite m=3182225886&c a te g o ry =4249# e b a yp ho to ho sting

Fig ura 80 – King Ko ng . C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .17.

Fig ura 81 – C a rta z d e O má g ic o de O z. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .61.

Fig ura 82 – C a rta ze s d e filme s d e Wa lt Disne y. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .52.

Fig ura 83 – C a rta z p ro d uzid o p o r Ja me s Mo ntg o me ry Fla g g .

Fig ura 84 – C a rta z d o filme A múmia , 1932. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .51.

(17)

Fig ura 86 – C a rta z d o filme Sp e llb o lind, d e Alfre d Hitc hc o c k. C o lle c to rs’ s c o mp a ss: mo vie c o lle c tib le s, p .91.

Fig ura 87 – Fo nte e xp re ssio nista e m c a ixa a lta , c a ixa b a ixa , núme ro s e símb o lo s.

Fig ura 88 – Íc o ne s d o s filme s d a Trilo g ia do c a o s.

Fig ura 89 – C a rta z 1.

Fig ura 90 – C a rta z 2.

Fig ura 91 – C a rta z 3.

Fig ura 92 – C a rta z 4.

Fig ura 93 – C a rta z 5.

Fig ura 94 – C a rta z 6.

Fig ura 95 – C a rta z 7.

Fig ura 96 – C a rta z 8.

Fig ura 97 – Bo to ns d a Trilo g ia .

Fig ura 98 – Ímã s.

Fig ura 99 – Blusa .

(18)

Fig ura 101 – C a rimb o .

Fig ura 102 – G o rro .

Fig ura 103 – Ma rc a d o r d e livro fre nte e ve rso .

Fig ura 104 – Mo e d a d o s filme s A flo r do c a o s, Se le nita Ac usa ! e Dr. C re tinus Re to rna ...

Fig ura 105 – Pe rso na g e ns.

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RESUMO

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SUMMARY

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INTRO DUÇ ÃO

O a to d e c o le c io na r, c o mo a rte e p rá tic a , a tra ve ssa a Histó ria a té o s d ia s d e ho je , q ua nd o a lc a nç a um g ra nd e me rc a d o mund ia l. E é d e ntro d o c ine ma q ue e nc o ntra mo s uma d a s ma is p e c ulia re s d ime nsõ e s d e ssa p rá tic a , c o m c o le c io na d o re s a b usc a r o b je to s g e ra d o s p o r um mund o fa ntá stic o ma te ria liza d o na c o le ç ã o . A ima g e m c ine ma to g rá fic a c o mo o b je to c o le c io ná ve l: o c o le c io na d o r na e ra d ig ita l p re te nd e siste ma tiza r o s e le me nto s q ue c o mp õ e m o p e rfil d o a tua l c o le c io na d o r d e ima g e ns c ine ma to g rá fic a s, um c o le c io na d o r q ue se d e d ic a a a rma ze na r ima g e ns e m mo vime nto p o r na ture za ilusó ria s e fug id ia s.

Exa mina re mo s o fe nô me no d o c o le c io nismo , a na lisa nd o se us trê s p rinc ip a is a sp e c to s: o c o le c io na d o r, a c o le ç ã o e o o b je to c o le c io na d o . Trilha nd o o c a minho d a p rá tic a huma na d e re unir o b je to s d e fo rma c o nsc ie nte , d e finind o o q ue é c o le c io na r d ia nte d a me ra a c umula ç ã o d e o b je to s, o b se rva re mo s o s limite s d o c o le c io na d o r, a té q ue p o nto e le p o d e c he g a r e o q ue é c a p a z d e fa ze r p a ra a d q uirir um o b je to p a ra sua c o le ç ã o . Alé m d isso , a b o rd a re mo s a a mp litud e d o s g ê ne ro s d e o b je to s c o le c io ná ve is e se us a fic io na d o s, a té o a d ve nto d e um me rc a d o p ro p íc io a o s c o le c io na d o re s, e nvo lve nd o ne g ó c io e p ra ze r d e ntro d e p a râ me tro s e stip ula d o s ta nto p e lo s inte re ssa d o s q ua nto p e la s instituiç õ e s c ria d a s p a ra lid a r c o m a s c o le ç õ e s, o s muse us. E c he g a re mo s, e nfim, à e ra d ig ita l, q ue p e rmite a má xima e xp lo ra ç ã o d a s ima g e ns e m mo vime nto , p ro d uzind o um no vo tip o d e c o le ç ã o e d e c o le c io na d o r.

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d o c ine ma , a p e sa r d a s d ific uld a d e s d e re la c io na me nto e ntre c iné filo s, e stúd io s, c ine ma te c a s e p ro d uto ra s. C o mo e xte nsã o e instituc io na liza ç ã o d o c o le c io na d o r d e filme s, a b o rd a mo s a c o nsc ie ntiza ç ã o d e to d o s a q ue le s e nvo lvid o s e m c ine ma , c a d a q ua l c o m um intuito d ife re nc ia d o , na c ria ç ã o d e lug a re s p ró p rio s p a ra a p e líc ula , no s p ro c e sso s té c nic o s d e sua p re se rva ç ã o , na c ria ç ã o d e p ro je to s vo lta d o s p a ra a s p ro d uç õ e s c ine ma to g rá fic a s, na d isp o nib iliza ç ã o d o s re sulta d o s p a ra o e sp e c ta d o r e na c ria ç ã o d e c ine c lub e s, fe stiva is e me rc a d o s numa no va re la ç ã o e ntre ho me m e ima g e m.

Na c o nstruç ã o d o ima g iná rio o b se rva mo s o p o d e r d e Ho llywo o d e m c ria r a ilusã o d o mo vime nto , e m g ra nd e s d ire to re s c o mo Alfre d Hitc hc o c k, q ue ma nip ula va m o e sp e c ta d o r a tra vé s d a e d iç ã o (p la no s-se q üê nc ia s, p la no s a lte rna d o s, p la no s e c o ntra -p la no s), c ria nd o “ rup tura s” inc o nsc ie nte s q ue p ro vo c a va m, no e sp e c ta d o r, sug e stõ e s d e ima g e ns a use nte s. Ele fo i um d o s p rime iro s me stre s d o ma rke ting c ine ma to g rá fic o , um d o s p rime iro s d ire to re s d e c ine ma a ve nd e r a p ró p ria ima g e m.

Alé m d isso , c o mo o c o mé rc io c ine ma to g rá fic o surg iu d e sd e o s p rimó rd io s, e lo g o a p ó s o e sta b e le c ime nto d e Ho llywo o d c o mo c e ntro d a ind ústria c ine ma to g rá fic a , a c ria ç ã o d o siste ma d e e stúd io s já e sta b e le c ia um p a râ me tro inic ia l p a ra o s c o le c io na d o re s d e c ine ma , p rinc ip a lme nte na d e finiç ã o d o s g ê ne ro s d e se nvo lvid o s e m c a d a e stúd io . A p ro d uç ã o c ine ma to g rá fic a d ife re nc ia va -se , e m to d o mund o te nd o , c o nsc ie nte o u inc o nsc ie nte me nte , c o mo mo d e lo , o sta r syste m d a ind ústria d o c ine ma a me ric a no , c ujo s e stúd io s ma nip ula va m a ima g e m e c ria va m siste ma s d e id e ntid a d e visua l p a ra g e ra r p ro d uto s – d a s e stre la s d e c ine ma a o s c a rta ze s c ine ma to g rá fic o s, d o s p e rso na g e ns Disne y a o s mo nstro s d a Unive rsa l –, o s q ua is p o r sua ve z g e ra va m c o le c io na d o re s.

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p lá stic o a ssusta d o r d o s p e rso na g e ns, fó rmula s q ue p ro d uzira m o g ra nd e e sto uro d o c o le c io nismo c ine ma to g rá fic o , so b re tud o e ntre o s a d o le sc e nte s.

C o m o s p rime iro s ite ns c o le c io na d o s e o c re sc e nte inte re sse q ue ta is o b je to s d e sp e rta va m no p úb lic o c iné filo , a ind ústria c ine ma to g rá fic a p e rc e b e u o p o te nc ia l d e luc ro q ue tinha na s mã o s: a c a d a a no surg ia m no vo s c o le c io na d o re s d a ima g e m c ine ma to g rá fic a , e o s ite ns c o le c io ná ve is d ive rsific a va m-se ma is e ma is. No va s ind ústria s, a sso c ia d a s à ind ústria d o filme , p a ssa ra m a fa b ric a r p ro d uto s e sp e c ífic o s p a ra c a d a tip o d e c o le ç ã o .

C o m a p o p ula riza ç ã o d a TV no s a no s 1950 -1960, o s p ro d uto s g e ra d o s a p a rtir d o s filme s d e suc e sso d ive rsific a ra m-se a ind a ma is, g ra ç a s a o p o d e r d e simula ç ã o c ine ma to g rá fic a d o mo nito r, a p ro xima nd o o c o le c io na d o r a ind a ma is d e se u o b je to d e d e se jo .

No s a no s 1970, surg e m ve rd a d e ira s e stra té g ia s d e ma rke ting a sso c ia d a s a o la nç a me nto d e filme s q ue se to rna m b lo c kb uste rs mund ia is, e nvo lve nd o , a c a d a la nç a me nto d e a rro mb a , a p ro d uç ã o d e d e ze na s d e me rc a d o ria s a sso c ia d a s.

Fina lme nte , no s a no s 1980-1990, c o m o uso c a d a ve z ma is inte nsivo d a Inte rne t e d o DVD, e m p ro c e sso d e a c e le ra d a e xp a nsã o no me rc a d o , to d o c iné filo to rna -se um p o te nc ia l c o le c io na d o r d e ima g e ns e m mo vime nto .

Ao lo ng o d e no sso Me stra d o , fo mo s a p lic a nd o o s c o nhe c ime nto s a d q uirid o s na p e sq uisa d o c o le c io nismo e d o ma rke ting c ine ma to g rá fic o na p ro d uç ã o d a Trilo g ia d o c a o s, lo ng a -me tra g e m e xp e rime nta l d e a nima ç ã o p ro d uzid o p o r uma e q uip e d e a luno s e té c nic o s d a Esc o la d e Be la s Arte s, so b a c o o rd e na ç ã o d o Pro f. Dr. Luiz Na za rio .

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(25)

C APÍTULO 1

C o le c io na ndo o bje to s do m undo

Dura nte sé c ulo s, d e sd e a Pré -histó ria a té o s d ia s c o nte mp o râ ne o s, o b se rva mo s a te nd ê nc ia d o ho me m e m g ua rd a r o b je to s. C o ntud o , à me d id a q ue a so c ie d a d e e o p ró p rio ho me m p a ssa va m p o r tra nsfo rma ç õ e s, o s ho me ns c o m se us o b je to s ta mb é m se mo d ific a ra m. O q ue e ra a nte s, na p ré -histó ria , uma simp le s a c umula ç ã o fo i tra nsfig ura d o c o mo instâ nc ia d e va lo r e d e p ra ze r na s mã o s d o C o le c io na r, q ue e sta b e le c e rá uma no va o rd e m e ntre o mund o ma te ria l e o ho me m. Ho je , o C o le c io na d o r é a mp a ra d o p o r um me rc a d o e sp e c ia l p a ra muito s tip o s d e a tivid a d e s, c o mo o rg a niza ç õ e s, e nc o ntro s, sítio s, p e sq uisa s, ind ústria s e o utro s. Assim, o c o le c io na r, a c o le ç ã o e o c o le c io na d o r, c o nc e ito s lig a d o s e ntre si, g a nha ra m ime nsa imp o rtâ nc ia .

Nã o se sa b e a o c e rto o p e río d o e xa to e m q ue fo i inic ia d o o C o le c io nismo , no me q ue d e sig na a p rá tic a d e se c o le c io na r o b je to s d e to d a e sp é c ie . Alg uns p e sq uisa d o re s a firma m q ue e sta “ a rte ” já e ra p rá tic a na Pré -histó ria , re c o nhe c e nd o o c o stume d o s ho me ns p rimitivo s d e a c umula r o b je to s c o mo fo rma d e c o le c io na r no se u e sta d o ma is p rimitivo , d e ma ne ira d e so rg a niza d a ; o utro s a firma m q ue e sse c o stume a sso c ia va -se a q ue stõ e s d e so b re vivê nc ia , nã o e sta b e le c e nd o q ua lq ue r vínc ulo c o m o c o le c io na r. Pe sq uisa d o re s d a Unive rsid a d e d a Pe nsilvâ nia ,1 na Fila d é lfia (EUA), a firma m

q ue o c o stume d e a c umula r d e sd e o s p rimó rd io s d a huma nid a d e só fo i d ife re nc ia d o d o c o le c io na r q ua nd o e sta b e le c e ra m p a d rõ e s p a ra ta l, d e finid o s no p e río d o d a Re na sc e nç a , se g und o Pe a rc e .2

1 LIMA, Re na ta ; SERRAT NETO , Pa ulo Mo nte , a rtig o p ub lic a d o na Re vista IPC, 1ª e d iç ã o ,

ma rç o d e 2002, http :/ / www.ip c o le c io nismo .c o m.b r/ re vista .p hp.

2 PEARC E, Susa n M. O n c o lle c ting : a n inve stig a tio n into c o lle c ting in the Euro p e a n tra d itio n,

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Dura nte a fa se a rc a ic a , lug a re s sa g ra d o s c o me ç a ra m a se re m c o nstruíd o s p e la te nd ê nc ia d e a sso c ia r b e ns d e va lo r à vid a a p ó s a mo rte , e nte rra nd o p e sso a s junto c o m sua s jó ia s e a rma s. Se g und o e stud o s a rq ue o ló g ic o s,3 c o le ç õ e s d e o b je to s fo ra m e nc o ntra d a s no s p a lá c io s d o s

fa ra ó s, ma s se u uso e fo rma ç ã o e ra m vo lta d o s c o mo re se rva s e c o nô mic a s no p e río d o d e g ue rra , e q ua nd o ha via p a z ma rc a va p o d e r e p re stíg io so c ia l. O s ro ma no s c o le ta va m o b je to s d e to d o s o s lug a re s d o imp é rio , b o tins d e sua s g ue rra s no O rie nte , na Bre ta nha e no no rte d a Áfric a , c o lo c a nd o e stá tua s e p intura s no s c o rre d o re s d e e d ifíc io s p úb lic o s, a p a rtir d o sé c ulo III a .C ., p a ra d e mo nstra r a tra vé s d e ssa c o le ç ã o , sua fine za , e d uc a ç ã o e b o m g o sto , so b re tud o e m re la ç ã o à c ultura g re g a . A p a rtir d o sé c ulo II a .C ., o s ro ma no s ric o s c o me ç a ra m d isp uta s a tra vé s d e sua s c o le ç õ e s, fa ze nd o c o m q ue o s o b je to s fo sse m va lo riza d o s, le va nd o o imp e ra d o r Tib é rio a inte rvir no me rc a d o p a ra c o nte r o s p re ç o s. E à fa lta d a s o b ra s o rig ina is, c ó p ia s e xa ta s c o me ç a ra m a se r fe ita s p e lo s g re g o s a p e d id o d o s ro ma no s, e e ra m d ifíc e is d e d isting ui-la s d a s o rig ina is.

Pa ssa nd o a se r muito sig nific a tivo o d e se jo d e re unir b e ns d e riq ue za e m c o le ç õ e s, e ssa tra d iç ã o a c a b o u “ d isse mina d a ” p a ra o utra s te rra s a tra vé s d e mig ra ç õ e s. As p rime ira s c o le ç õ e s re a is d a ta m d o sé c ulo XIV, q ua nd o fo ra m tra nsfo rma d a s e m g ra nd e s muse us.4 O s o b je to s p rinc ip a is d a s

c o le ç õ e s, a té me a d o s d o s a no s d e 1400, c o nstituía m-se d e ma nusc rito s, livro s, ma p a s, p o rc e la na s, instrume nto s ó p tic o s, a stro nô mic o s e music a is, mo e d a s, a rma s, e sp e c ia ria s, p e le s. Ma s d ura nte a Id a d e Mé d ia , o s va lo re s p re g a d o s p e lo c ristia nismo fize ra m c o m q ue a p rá tic a d e c o le c io na r mud a sse , e sta b e le c e nd o o d e sp re nd ime nto e m re la ç ã o a o s b e ns. Isso re sulto u na d o a ç ã o d e muito s d e sse s o b je to s p a ra a Ig re ja , q ue a c a b o u re unind o uma ric a e vo lumo sa c o le ç ã o . De sd e me a d o s d e 400 d .C ., a Ig re ja já ha via d e te rmina d o o utra fo rma d e a c umula ç ã o c o mo lig a ç ã o e ntre e ste mund o e o mund o e sp iritua l: a s re líq uia s sa g ra d a s.

3 SUANO , Ma rle ne . O q ue é o muse u?, p .12.

4 Numa c e na d e Sa tyric o n de Fe llini (Sa tyric o n, 1968), d e Fre d e ric o Fe llini, o s he ró is a d e ntra m

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No s sé c ulo s XV e XVI, ma rc a d o s p e lo Re na sc ime nto , um mo vime nto inte nso vo lta d o p a ra a c o le ç ã o e sua o rg a niza ç ã o e sta b e le c e u um no vo “ p a d rã o ” d e inte re sse p ro d uzind o nã o só uma he ra nç a d e p uro c o nhe c ime nto o u simp le s p ra ze r. Ta nto p rínc ip e s q ua nto c o le c io na d o re s c o me ç a ra m a a ume nta r se u inte re sse p e lo s o b je to s d a s c iviliza ç õ e s g re g a e ro ma na . Alé m d o s o b je to s d a c ultura p o p ula r, c o mo a rte fa to s, c o le ta d o s d e to d o o mund o a tra vé s d o c o mé rc io e d e sc o b e rto s e m no vo s lug a re s d ura nte a s via g e ns ma rítima s, o s Prínc ip e s e nc o me nd a va m o b ra s d e a rtista s p a ra sua s c o le ç õ e s, q ue e ra uma fo rma d e re p re se nta ç ã o d o p o d e r e c o nô mic o d e sua s fa mília s, ma nte nd o a riva lid a d e d o s c lã s a risto c rá tic o s. As c la sse s sup e rio re s c o nsid e ra va m e sté tic a , q ua ntid a d e e q ua lid a d e no a to d e re unir o b je to s, d e sta c a nd o o q ue p o ssuía m e c o mo p o ssuía m b e m. Assim c o nc e b e nd o o q ue e ra o u nã o d e va lo r, d e limita va m-se a tra vé s d e sse s p o d e re s so c ia is e e c o nô mic o s, infe rio riza nd o o s q ue e ra m imp o ssib ilita d o s d e a d q uirir o b je to s c o mo e sse s, e te r a c e sso a o c o nhe c ime nto a d q uirid o na s c o le ç õ e s. Alé m d isso , a s c o le ç õ e s influe nc ia va m no vo s c o le c io na re s c o mo , p o r e xe mp lo , Fe rd ina nd II (1529-95),5 q ue junto u uma la rg a c o le ç ã o d e

ma te ria is na tura is tra b a lha d o s, c o mo c o ra l, instrume nto s c ie ntífic o s, ma te ria l d o mund o na tura l (a nima l, ve g e ta l e mine ra l) e c o isa s q ue e ra m mo nstruo sa s, d isfo rme s, c o isa s g ra nd e s o u minia tura s, se rvind o c o mo mo d e lo e m sua é p o c a p a ra c e nte na s d e o utra s a c umula ç õ e s le va d a s a c a b o p o r p rínc ip e s e ho me ns. Essa s c o le ç õ e s p a rtic ula re s se rvira m d e fo nte d e ima g e ns p a ra e stud o e e xe mp lific a ç ã o d a g ê ne se d a s c o isa s, d a a rte , d a s c urio sid a d e s d e o utro s lug a re s.

Dura nte a Id a d e Mé d ia , e ntre 1100 e 1450, o s p re se nte s re a is d a d o s p o r q ue stõ e s lig a d a s à ho nra , o s o fe re c ime nto s sa g ra d o s e o s e nte rro s ric o s, se g und o Pe a rc e ,6 c ria ra m no ç õ e s d e c la ssific a ç ã o e hie ra rq uia , uma

e sté tic a d a fo rma s e d e c o nte úd o d a s c o le ç õ e s. De fo rma sutil e g ra d a tiva , o c o nc e ito d e c o le ç ã o d e finiu-se e m re la ç ã o à simp le s a c umula ç ã o , se ja

5 C f. PEARC E, Susa n M. O n c o lle c ting : a n inve stig a tio n into c o lle c ting in the Euro p e a n

tra d itio n.

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e m sua inte nç ã o , se ja e m se u c o nc e ito . A “ c o nsc ie ntiza ç ã o ” d a vo nta d e huma na e a ló g ic a na o rg a niza ç ã o d o s o b je to s, a lime nta m c a d a ve z ma is o d isc urso so c ia l e sua imp o rtâ nc ia , fa ze nd o c o m q ue c a d a ite m fo sse va lo riza d o p a ra a lé m d e se u va lo r e c o nô mic o . Atra vé s d a he ra nç a o u d a a q uisiç ã o , a a c umula ç ã o muita s ve ze s se tra nsfo rma e m c o le ç ã o . C o ntud o , d ife re nç a s imp o rta nte s fa ze m o c o le c io na r tã o ma rc a nte e sig nific a tivo e o a c umula r a lg o infe rio r, a sso c ia d o a o inc ô mo d o e a o s “ p re juízo s” , c ria nd o lug a re s d e d e p ó sito d e “ lixo ” . De fo rma d istinta , se g und o Ba ud rilla rd ,7 a

a c umula ç ã o d á -se p o r um “ a mo nto a me nto d e p a p é is, a rma ze na me nto d e a lime nto e a c umula ç ã o se ria l d e o b je to s id ê ntic o s” , q ua nd o o ind ivíd uo nã o c o nse g ue d e sfa ze r-se d e se us o b je to s; e nq ua nto a c o le ç ã o (d e c o llig e re : e sc o lhe r e re unir) vo lta -se p a ra a c ultura , visa nd o o b je to s d ife re nc ia d o s q ue te nha m va lo r d e tro c a , o b je to s d e c o nse rva ç ã o , d e c o mé rc io , d e ritua l so c ia l e d e e xib iç ã o , re me te nd o à instâ nc ia d a s re la ç õ e s huma na s e ntre c o le c io na d o re s c ujo p ro p ó sito é ra c io na l e me tó d ic o . Ho je , o a to d e c o le c io na r é c o nsid e ra d o c o mo uma a rte , e o s c o le c io na d o re s se g ue m um p ro c e sso e m c o mum a o se to rna re m “ p ro fissio na is” . O c o nc e ito d e c o le ç ã o , c o mo “ c o le tâ ne a , c o mp ila ç ã o ; c o mo re uniã o d e o b je to s d e uma me sma na ture za o u q ue te nha q ua lq ue r re la ç ã o e ntre si” ,8 e stá e nvo lta e m mé to d o s

d e p e sq uisa , so b re tud o so b re sua fo rma ç ã o , d e c o rre nte d a s sua s c a ra c te rístic a s a c a d ê mic a s e d e finiç ã o c ie ntífic a , c o mo a b ib lio te c o no mia , a rq uivo lo g ia e d a s c iê nc ia s d a info rma ç ã o q ue lid a m c o m p ro c e sso s d e c a ta lo g a ç ã o e p re se rva ç ã o , a lé m d o me ro e fund a me nta l p ra ze r.

C o m a c he g a d a d a ind ustria liza ç ã o no sé c ulo XVIII instig a nd o a so c ie d a d e “ mo d e rna ” , no s p la no s so c ia is e fa milia re s, à a q uisiç ã o , um siste ma fo i fo rta le c id o a o c ria r um mund o à p a rte , fo rma d o p e la p ro p rie d a d e p riva d a d a s c o le ç õ e s, p a ssa nd o a d ivid ir a funç ã o d o o b je to : uma p a ra se r utiliza d o , c o mo ute nsílio se m imp o rtâ nc ia no se u c o tid ia no e d e simp le s c o nsumo ; e a o utra

p a ra se r p o ssuíd o c o mo o b je to d e inve stime nto fina nc e iro e p e sso a l, d e

FIG 01 – Relógio produzido pela grife

suíça TAG Heuer.

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fa sc ínio , d e se jo e p ro je ç ã o . A p ro life ra ç ã o d e b e ns ma te ria is fe z c o m q ue uma o nd a d e p ro d uto s ma nufa tura d o s e um va sto núme ro d e o b je to s fo sse m c ria d o s e m sé rie vo lta d o s p a ra o c o nsumid o r, le va nd o -o a um c ic lo d e a nse io , c o mp ra e uso , re ssa rc id o s e m lo ja s e c a sa s q ue inc luía m ma te ria is d e c o le ç ã o o rig ina d o s d e ssa p ro c ura . Um no vo me rc a d o d e p ro d uç ã o e c o nsumo d e me rc a d o ria s, p a ra c o le c io na d o re s, fe z c o m q ue no vo s tip o s d e c o le ç ã o fo sse m se fo rma nd o , p a ssa nd o c o nc e ntra r-se o b je to s ra ro s e c urio so s, c o mo p a rte d a te nd ê nc ia c o nsumista q ue se e sta b e le c ia . A p a rtir d e sse mo me nto , a e sté tic a e o link a o q ua l o o b je to é a sso c ia d o p a ssa ra m a a tua r c o mo fe rra me nta s na rra tiva s d e ma nip ula ç ã o p a ra to d o s o s tip o s d e me ta s so c ia is.

C o m e sse no vo me rc a d o , p rinc ip a lme nte a p a rtir d a me ta d e d o sé c ulo XX, c a d a ve z ma is p e sso a s p a ssa ra m a c o le c io na r, numa e xp lo sã o d e o b je to s e ima g e ns q ue a d q uirira m no vo s a sp e c to s e d e sig n, inc ita nd o a s c o le ç õ e s ma is e xó tic a s. O s me lho re s o b je to s p a ssa ra m a se re m re unid o s e m c o le tâ ne a s, tra nsfo rma d o s e m ite ns a se re m c o le c io na d o s, la nç a d o s no me rc a d o so b núme ro s limita d o s. Em 2002, p o r e xe mp lo , a g rife suíç a TAG He ue r la nç o u no me rc a d o uma e d iç ã o limita d a d o re ló g io Link Se nna ,9 c o m

so me nte 1.991 p e ç a s, a lud ind o a o a no e m q ue o p ilo to Airto n Se nna c o nq uisto u se u último c a mp e o na to mund ia l. Sua s c a ra c te rístic a s d e vid ro d e sa fira , p ulse ira d e a ç o e sc o va d o e mo stra d o r q ue e xib e o S d e Se nna , le vo u se u e xe mp la r a c usta r R$ 8.470,00, no Bra sil. O me rc a d o d a c o le ç ã o utiliza um siste ma d e sig nific a ç õ e s – ima g e m, g e sto , rito s, ve stuá rio – p a ra d a r q ua lid a d e s q ue imp lic a rã o ma is se ntid o s e sp e c ia is e e mo c io na is, e xe rc e nd o um e fe ito má g ic o so b re o p ro p rie tá rio . Fo i a p a rtir d a ima g e m, e m 1620, q ue o c o le c io na d o r “ lib e rto u-se ” d a q uilo q ue “ se d e via ” c o le c io na r, ta nto e m re la ç ã o a o tip o d e o b je to q ua nto q ue m p o d e ria c o le c io na r, q ua nd o o e stud io so C a ssia no d a l Po zzo , sub stituind o o b je to s ve rd a d e iro s p o r ima g e ns e nc o me nd a d a s p a ra d e se nhista s p ro fissio na is a c a b o u fo rma nd o uma

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c o le ç ã o q ue d e u o rig e m a o Muse u d o Pa p e l - p rime iro ind íc io d e um no vo tip o d e c o le c io nismo .10

Mo ra nd o a tua lme nte no munic íp io d e Arc o s, ma is p re c isa me nte no vila re jo d e C a lc io lâ nd ia , Ab e la rd o d e C a rva lho11 é um c o le c io na d o r d e fo to s

q ue se e nq ua d ra d e ntro d a s c o le ç õ e s “ e xó tic a s” . Sua c o le ç ã o c o me ç o u há 20 a no s, na d é c a d a d e 1980, q ua nd o uma se nho ra lhe d e u d ua s fo to s d e c ria nç a s mo rta s. Ele c o me ç o u a p e sq uisa r o utra s fo to s a ntig a s p a ra e sc re ve r um ro ma nc e , q ua nd o e nc o ntro u o utra s fo to s no me smo e stilo : “ Ente nd i q ue , a lé m d e me fa sc ina re m, e xistia um g ra nd e núme ro d e la s” . A p a rtir d a í, há d o is a no s, e le c o me ç o u a c o le c io na r fo to s d e

fo rma “ c o nsc ie nte ” . Sua c o le ç ã o , q ue re úne ta mb é m d o c ume nto s c o mo c a rta s, p ro c ura ç õ e s, c a d e rno s d e a no ta ç ã o e o b je to s p e sso a is, d ivid e -se e ntre fo to s a ntig a s d o Vila re jo d e Po rto Re a l d o Sã o Fra nc isc o , d a ta d a s d e 1880 a 1930, q ue e stá se nd o sub d ivid id a e p ra tic a me nte fina liza d a , se g und o e le , e a c o le ç ã o d e fo to s d e p e sso a s mo rta s, se me lha nte à s d o filme O s o utro s. Se u d e se jo d e a d q uirir e b usc a r fo to s d e sse g ê ne ro a mp lio u-se g ra d a tiva me nte : “ A c o le ç ã o d o s mo rto s a ind a e stá e m p ro c e sso . Pa ra e sta , nã o há ne m te mp o ne m e sp a ç o , o u se ja , ind e p e nd e d e é p o c a e lo c a liza ç ã o ” . Antig a me nte , q ua nd o a s p e sso a s mo rria m, e ra c o stume c o lo c á -la s num tip o d e c e ná rio mo nta d o , c o m p a no d e fund o , flo re s e ve ste s fina s. Alg uma s d e ssa s fo to s re me te m a p intura s d e G usta v Klimt. Ab e la rd o c o nsid e ra -a s “ o b ra s d e a rte ” . Se u fa sc ino p e la s fo to s se d á ta nto p e la s ima g e ns q ua nto p e lo p ró p rio o b je to fo to : “ Te m fo to q ue me fa sc ina p e la ima g e m p ro p ria me nte d ita , p e la c e na re tra ta d a , p e la c o mp o siç ã o , p e lo s vo lume s, p e lo s a rra njo s, p e lo inusita d o d a c e na . O utra s ve ze s, o p a sp a rtu, o c ra q ue la d o , a s inte rfe rê nc ia s, a s d e d ic a tó ria s e a té me smo o s

FIG. 02 – Abelardo de Carvalho entre suas fotos emolduradas segurando uma fotografia de pessoa morta de sua coleção de

fotografias de falecidos.

10 MANG UEL, Alb e rto . No b o sq ue do e sp e lho : e nsa io s so b re a s p a la vra s e o mund o , p .169. 11 Entre vista c o nc e d id a a o p ro je to d e p e sq uisa d e Me stra d o e m se te mb ro d e 2003, ve r

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d a no s c a usa d o s p e lo te mp o me fa sc ina m ta nto q ua nto a ima g e m e m si” . Ele d e d ic a b o m te mp o c a ta lo g a nd o a s fo to s; e a p e na s uma ve z, d ura nte um e ve nto c ultura l na PUC Mina s Arc o s, o nd e e ra p ro fe sso r, p e nso u e m e xp ô -la s. Ho je , na fa se fina l d e c o nc lusã o d e se u livro ic o no g rá fic o , Ab e la rd o p re p a ra uma e xp o siç ã o p a ra a c o mp a nha r o la nç a me nto . Ap ó s e sc o lhe r sua s fo to s p o r re g iã o e é p o c a , d e 1880 a 1930, se nd o e sse nc ia l sua o rig ina lid a d e , Ab e la rd o a s c la ssific a p o r mo nume nto s, p a tria rc a s, c a sa is, c ria nç a s, fé re tro s e instituiç õ e s, p ro c ura nd o se mp re id e ntific a r p e lo me no s o no me e a histó ria d o fo to g ra fa d o , o no me d o fo tó g ra fo , a d a ta , o lo c a l e , se p o ssíve l, e m q ue c irc unstâ nc ia a q ue la fo to fo i tira d a . Se mp re q ue p o ssíve l Ab e la rd o d isc ute “ sua s fo to s” c o m o utra s p e sso a s, p e lo p ra ze r q ue e nc o ntra nisso e ta mb é m c o mo uma fo rma d e ra stre a me nto . Isso o fa z a d q uirir p ista s, p o is to d a s e la s p o d e m se r va lio sa s p a ra e le , p o is “ a lg ué m se mp re se le mb ra d e te r visto uma fo to inte re ssa nte e m a lg um lug a r” . No mo me nto , a lg uma s d e sua s fo to s e stã o e mo ld ura d a s, e nq ua nto o utra s, e nc o ntra m-se g ua rd a d a s num g ra nd e b a ú.

As c urio sid a d e s d a s sua s fo to s a ntig a s sã o vá ria s, c o mp ro va nd o muita s ve ze s histó ria s q ue e ra m tid a s p o r le nd a s. Uma d e la s é a d o se d uto r q ue tinha um c a c ho d e c a b e lo d o ura d o q ue d izia m se rvir p a ra c o nq uista r a s sua s p re te nd e nte s; e m uma d e sua s fo to s a p a re c e re a lme nte um ho me m c o m e ssa s c a ra c te rístic a s. O utra histó ria é a d o a uto mó ve l c o mp ra d o no Rio d e Ja ne iro , na d é c a d a d e 1920, e q ue c he g o u à e sta ç ã o fe rro viá ria se m q ue ning ué m ima g ina sse q ue e le p re c isa va d e c o mb ustíve l, p a ra a nd a r.

F on

IG. 03 – Abelardo e seu baú, de é guardado o restante de

sua coleção.

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Na s última s d é c a d a s, o c o le c io nismo c re sc e u c o m a e xp lo sã o d e info rma ç õ e s e ima g e ns no c ine ma , na tv, no víd e o , no DVD, na Inte rne t. O s me io s d e c o munic a ç ã o p a ssa ra m a e stimula r o c o nsumo d a s ima g e ns c ria nd o d iá lo g o s c ultura is e ind ivid ua is, fa ze nd o c o m q ue o ma te ria l c o lo c a d o à d isp o siç ã o d o me rc a d o fo sse visto c o m o o lha r d a c o le ç ã o . Esse ima g iná rio se rá d e se nvo lvid o p rinc ip a lme nte p e lo s e stúd io s d e Ho llywo o d .

No vo s g ê ne ro s d e c o le c io na d o re s surg ira m a p a rtir d e c o le ç õ e s d e o b je to s d istinto s, p o ré m to d o s ma nte nd o uma id e ntid a d e c o mum. Numa e ntre g a c o nsta nte à p ro c ura d o o b je to “ e sp e c ia l” , o C o le c io na d o r p e sq uisa , d e sc o b re , b usc a e c o nq uista d e fo rma le nta , g ra d ua l e c o nsc ie nte a q uilo q ue julg a imp o rta nte p a ra sua c o le ç ã o . Exp lo ra nd o a o rig ina lid a d e , a ind ivid ua lid a d e , a a p ro p ria ç ã o d e fa to s c o ntid o s no s o b je to s, sua a ute ntic id a d e , sua o rig e m, sua d a ta , se e le p e rte nc e u a a lg um p e rso na g e m imp o rta nte , p o d e ro so , e , so b re tud o sua e xc lusivid a d e , o c o le c io na d o r é c a p a z d e d isc e rnir e ntre o q ue é d e q ua lid a d e o u “ lixo ” .

O c o le c io na d o r c ria um unive rso e sp e c ífic o d e ntro d a c o le ç ã o a tra vé s d e sua s p ró p ria s histó ria s, d ific uld a d e s e c urio sid a d e s na s e xp e riê nc ia s e le mb ra nç a s inc o rp o ra m-se à c o le ç ã o . O b je to s p ré -histó ric o s e a ntig o s re me te m-no a o p a ssa d o ; o s o b je to s o rg a niza d o s d e ntro d a c o le ç ã o sã o tra nsfo rma d o s num tip o d e “ ling ua g e m ma te ria l” c ria nd o um te mp o à p a rte e na rra nd o a c o nte c ime nto s d e fo rma e vo lutiva , o s a rte fa to s tra nsfo rma ra m-se e m sig no s e símb o lo s, e mitind o me nsa g e ns e c ria nd o c a te g o ria s, tra nsfo rma d o s e m te xto s p a ra se re m inte rp re ta d o s a tra vé s d e se u c ulto , c ria nd o d istinç õ e s e ntre um p e río d o e o utro c o m sua p re se nç a físic a ; to rna ra m-se sig nific a tivo s p a ra o ind ivíd uo o u a so c ie d a d e , a o la d o d o s va lo re s mo ra is e e c o nô mic o s, c o mo o re sulta d o d a e xp e riê nc ia histó ric a , e p e sso a l.12 O te mp o d o c o le c io na d o r nã o é sinc ro niza d o c o m se us o b je to s

q ue , se b e m c o nse rva d o s, g a nha m uma e sp é c ie d e imo rta lid a d e , e nq ua nto se u p o ssuid o r d e ve d e ixá -lo s p o r he ra nç a .

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O s o b je to s a tiva m o p o d e r d o c o le c io na d o r d e fund ir, a tra vé s d a ima g ina ç ã o , a “ re a lid a d e virtua l” c o m a re a lid a d e p re se nte ; a p e rse g uiç ã o a um o b je to to rna -se re a lid a d e a tra vé s d o c o le c io na r. Alé m d isso , o c o le c io na d o r d á sig nific a d o s so c ia is p a ra o s o b je to s, q ue p e rd e m se u va lo r fo ra d a o rg a niza ç ã o , q ua nd o a ind a e stã o na c o tid ia nid a d e . C o mo vo ye urs, se g und o a lg uns a uto re s, o b se rva nd o o te mp o e a s p e sso a s a tra vé s d e “ ja ne la s” c ria d a s p e lo s o b je to s, inte rp re ta nd o e re inte rp re ta nd o a tra vé s d e sua ima g ina ç ã o , o s c o le c io na d o re s c ria m um link e ntre a s p e sso a s, a fa nta sia d o p a ssa d o e e le s me smo s. O o b je to é a re p re se nta ç ã o d e uma re a lid a d e o u d e uma fa nta sia q ue se to rna p a lp á ve l, se us o b je to s p o d e m se r visto s, se g ura d o s c o m a mã o , se ntid o s, p o d e m se r o rg a niza d o s num e sp a ç o , re sumind o to d o s o s sig nific a d o s q ue ne le s o c o le c io na d o r inve ste .

Um únic o o b je to nã o b a sta , ma s o p ra ze r d e um c o le c io na d o r nã o e stá e m a d q uirir uma g ra nd e q ua ntid a d e d e o b je to s, ma s sim a d q uiri-lo s d e fo rma e sp e c ia l, se mp re re inic ia nd o uma no va tra je tó ria , numa e sp é c ie d e “ jo g o ” a tra vé s d a tro c a , d a e xib iç ã o e d a p o sse . O c o le c io na d o r é instig a d o a c o mp le ta r sua c o le ç ã o ; c o ntud o , p o d e mo s q ue stio na r a té q ue p o nto uma c o le ç ã o fo i fe ita p a ra se r fina liza d a . Alg uns tip o s d e o b je to s c o le c io na d o s e xiste m e m um núme ro limita d o d e va ria ç õ e s, d e te rmina nd o o s limite s d a c o le ç ã o , fa c ilita nd o a ta re fa d o c o le c io na d o r e m c o mp le tá -la .13 Já e xiste m

lug a re s e sp e c ífic o s p a ra c e rto s o b je to s e p a ra e sse tip o d e c o le c io na d o r; o limite é c o nse g uir se u último o b je to , é o lug a r o nd e e le se c o mp le ta rá ; e nq ua nto o utro s sã o c o le c io na d o s a vid a inte ira , p o is a s va ria ç õ e s d o s o b je to s sã o infinita s d e p e nd e nd o d o c o le c io na d o r. Em a mb a s, a c a rê nc ia d o o b je to e xc ita o d e se jo d o c o le c io na d o r e m a d q uiri-lo , d e se jo e sse tra nsfo rma d o num o b je tivo d e vid a , numa me ta , d a nd o à s ve ze s muito ma is p ra ze r q ue a p re se nç a d e ta l ite m d e p o is d e a d q uirid o . É d a fa lta d o o b je to , d o ina c a b a d o , q ue e le ne c e ssita , sua c o le ç ã o re sse nte -se d o o b je to d e se ja d o e a use nte . O c o le c io na d o r o b c e c a -se na sua p ro c ura .

13 O s no rte -a me ric a no s – c o le c io na d o re s fa ná tic o s – usa m c o mume nte o te rmo c o mp le tist

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O utro a sp e c to q ue d e fine o s c o le c io na d o re s é o fa to d e a lg uns c o le c io na re m c o mo ho b b y, c o mo a tivid a d e d e p ra ze r, sa tisfa ç ã o e p a ssa te mp o , e nq ua nto o utro s c o le c io na m c o mo me io d e inve stime nto no me rc a d o d a c o le ç ã o , o nd e o s o b je to s se rã o va lo riza d o s e futura me nte ne g o c ia d o s. Um e xe mp lo é Irle i So a re s d a s Ne ve s,14 um ne g o c ia nte e

c o le c io na d o r q ue lid a c o m numismá tic a . Se g und o e le , há muita s d ife re nç a s e ntre o s d o is tip o s d e c o le c io na d o re s; no se u c a so , “ a s d ua s situa ç õ e s c a minha m e c o nvive m junta s e a mb o s sã o uns d e sa fio s e sinto c a d a ve z ma is e ntusia smo ta nto c o mo c o le c io na d o r e c o me rc ia nte . É o se g uinte : se surg e uma p e ç a ra ríssima e re a lme nte d e d ifíc il a q uisiç ã o d e um no vo e xe mp la r, e u nã o a ve nd o , e la é minha , a g o ra , se a lg ué m q ue r p a g a r-me um b o m p re ç o p o r e la e se ve jo a p o ssib ilid a d e d e a d q uirir o utra e se p o ssíve l me lho r, p o r q uê nã o ve nd ê -la ? Q ue m e stá no ra mo sa b e q ua se q ue c o m c e rte za q ua is a s p e ç a s p o d e m se r ne g o c ia d a s e q ua is d e ve m se r ma ntid a s” .

O s fa to re s so c ia is, c ultura is e e c o nô mic o s a tra vé s d a o c up a ç ã o , o p a d rã o fina nc e iro , o e stilo d e vid a , a p e rso na lid a d e , id a d e , se xo e o e stá g io d a vid a , influe nc ia m na c o le ç ã o d e te rmina nd o te ma s e a sp e c to s p a ra se c o le c io na r. As mulhe re s te nd e m a c o le c io na r o b je to s ma is fe minino s, c o mo b o ne c a s, c o mo um tip o d e d e c o ra ç ã o , o b je to s d e c o zinha , e sp e c ia lme nte a tra vé s d e sho p p ing s; e nq ua nto o s ho me ns te nd e m a g o sta r d e c o le c io na r c o isa s ma is ma sc ulina s, q ue p ro je te m sua p ró p ria ima g e m, c o mo a rma s, c a rro s, re ló g io s, te nd ê nc ia s e ssa s re fo rç a d a s p e la so c ie d a d e . G e ra lme nte no â mb ito fa milia r, sã o o s p re se nte s, a lé m d o s o b je to s c o mp ra d o s o u d e ixa d o s c o mo he ra nç a q ue c o nstitue m o iníc io d o p ro c e sso d e c o le c io na r. C o m o a p o io d a fa mília , o link e ntre d a r p re se nte e a c o le ç ã o to rna -se e stre ito , le va nd o a mig o s e p a re nte s a a ume nta r a c o le ç ã o d o c o le c io na d o r. Po ré m, a lg uma s ve ze s a trito s sã o g e ra d o s q ua nd o nã o há e ste a p o io , o nd e tra nc a d a s e m q ua rto s o u e sc o nd id a s, a s c o le ç õ e s d ivid e m o s me smo s e sp a ç o s d o mé stic o s c o m o s me mb ro s d a fa mília .

14 C o m o no me d e Numismá tic a Ne ve s Ltda . Irle i te m se d e na G a le ria d o O tho n Pa la c e

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Dia nte d e ssa inte ra ç ã o c o m o mund o ma te ria l p a ra se fo rma r uma c o le ç ã o , o c o le c io na d o r se e nvo lve numa e strutura q ue lid a c o m d ive rsa s re la ç õ e s d ia nte d e se us o b je to s c o mo limp e za , q ue m p o d e to c á -lo s o u nã o ; e xp o siç ã o ; se g re d o s ma is imp o rta nte s; p ró xima a q uisiç ã o ; re la c io na me nto físic o c o m o o b je to no se u d ia a d ia . É c o m a fa mília , o s a mig o s, c o le g a s d e tra b a lho , g rup o s e sp e c ia liza d o s, o b se rva d o re s e c ura d o re s q ue , d e fo rma ind ire ta , o c o le c io na d o r “ d ivid e ” sua c o le ç ã o , p a rtic ip a nd o sua s ne c e ssid a d e s d e q ue re r, te r, p o ssuir, sa b e r e d ivid ir. Sua c o le ç ã o p a sso u a se r, a p a rtir d o mo me nto e m q ue o o b je to fo i se le c io na d o , p o ssuíd o , o rg a niza d o c o m se us p a d rõ e s e lig a d o a e le , o e sp e lho d a sua p e rso na lid a d e , se u c o tid ia no , se u me io so c ia l c o mo uma e sp é c ie d e b io g ra fia ma te ria l, “ a ma d ure c e nd o ” a o lo ng o d o s a no s. Assim, c o mo e xe mp lo d e p a ssa te mp o e id e ntid a d e a tra vé s d a c o le ç ã o , ve mo s Bre nt,15

um d a nç a rino ho mo sse xua l d e sc rito p o r Pe a rc e : e le c o le c io na b o ne c a s Ba rb ie s e , e ntre e la s, um Bo b ve stind o ro sa e a g ind o c o mo fa d a ma d rinha , e nq ua nto a s o utra s b o ne c a s sã o usa d a s c o mo simp le s c o a d juva nte s; o nd e uma d e la s é c ha ma d a d e “ Miss Pig g y” (Se nho rita Po rq uinha ).

O o b je to c o le c io na d o to rna -se sa g ra d o , à me d id a q ue e le é a rra nc a d o d e se u c o nte xto ve rd a d e iro p a ssa nd o a se r “ mo rto ” , p a ra re c e b e r a imo rta lid a d e na c o le ç ã o , a ume nta nd o o va lo r d e imp o rtâ nc ia o nd e lhe é d a d o um d isc urso so c ia l d e va lo r, riq ue za e p re stíg io . Se g und o Hub e rt e Ma uss, um o b je to to rna -se sa g ra d o a p a rtir d o e sfo rç o e sa c rifíc io , fa ze nd o mud a r o c a rá te r d e sua e xistê nc ia : p a ssa nd o p e lo sa c rifíc io na fo rma d a mo rte p a ra a e te rnid a d e a tra vé s d a vid a .16

Na vid a mo d e rna o s o b je to s te nd e m a se r re va lo riza d o s to rna nd o -se p e ç a s d e muse us e / o u d e c o le ç õ e s p a rtic ula re s. No intuito d e ma nte r o o b je to vivo a tra vé s d a p re se rva ç ã o , o C o le c io nismo e xp a nd iu-se a tra vé s d a c ria ç ã o d e muse us, b ib lio te c a s, e a c e rvo s, o nd e a c o le ç ã o , a lé m d e p re se rva d a , tra nsfo rmo u-se num sup o rte p a ra a info rma ç ã o . E à me d id a q ue

15 PEARC E, Susa n M. O n c o lle c ting : a n inve stig a tio n into c o lle c ting in the Euro p e a n tra d itio n,

p .211.

16 C f. PEARC E, Susa n M. O n c o lle c ting : a n inve stig a tio n into c o lle c ting in the Euro p e a n

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te c no lo g ia e o a c úmulo d e c o nhe c ime nto ra mific a ra m p a ra o utra s á re a s d o c o nhe c ime nto , q ua nd o surg iu o c ine ma , p o r e xe mp lo , ne c e ssita nd o ma nte r a me mó ria e m mo vime nto a tra vé s d a p e líc ula c ine ma to g rá fic a , c ria ra m-se a s c ine ma te c a s. C o m a Inte rne t, p ro life ra m o s Ba nc o s d e Da d o s. O muse u te ve o rig e m na G ré c ia c o m o no me d e Mo use îo n, o u “ te mp lo d a s musa s”17

c o mo mistura d e te mp lo e instituiç ã o d e p e sq uisa vo lta d a p rinc ip a lme nte p a ra a filo so fia . Ap ó s d ua s g ue rra s mund ia is e c o m a so c ie d a d e me rc a ntil, a c ria ç ã o d o muse u, se g und o Alb e rto Ma ng ue l,18 fe z re ssa rc ir trê s me d o s

g e ra d o s d ia nte d o c o le c io na d o r: o me d o d a p e rd a – o p ré d io nã o p e rmitiria q ue a s c o le ç õ e s se e sp a lha sse m, p o is se u va lo r e ra visto c o mo c umula tivo ; o me d o d a d e te rio ra ç ã o – a instituiç ã o p ro te g e ria a c o le ç ã o c o ntra ro ub o e o te mp o ; e me d o d o e xc e sso – e xig ind o e sp a ç o p a ra o c re sc ime nto d a c o le ç ã o . Pa ra d a r se ntid o à c o le ç ã o , o c o le c io na d o r d ivid e o e sp a ç o e m re g iõ e s e o te mp o e m p e río d o s, p a ssa nd o à e sc o lha d o te ma , à a q uisiç ã o , à p re se rva ç ã o e à c a ta lo g a ç ã o ; a ssim, utiliza nd o e sse s me smo s p ro c e sso s me to d o ló g ic o s d a c o le ç ã o , c o ub e a e ssa s instituiç õ e s o rg a niza r se u c o nhe c ime nto c o mo fo nte p a ra d ive rso s c a mp o s d o sa b e r, b usc a nd o re unir o s fa to s p a ra re c o mp o r a histó ria a tra vé s d e te xto s, ima g e ns e , so b re tud o , d o o b je to e m si.

Dura nte o s sé c ulo s XV a XVIII, c o mo o s d e se nvo lvime nto s inte le c tua is e c ultura is e sta va m e m a lta , c o le ç õ e s tra d ic io na is fo ra m fo rma d a s a tra vé s d e e stud o s d a c iê nc ia na tura l, histó ria a c a d ê mic a , a rq ue o lo g ia , a ntro p o lo g ia e histó ria d a a rte , e sta b e le c e nd o p a râ me tro s e d a nd o sig nific a d o s a o s o b je to s o u g rup o s d e ma te ria is c o le ta d o s a nte s me smo d o c o nc e ito o u sig nific a d o d o p ro c e sso d e c o le c io na r se r e sta b e le c id o . Alé m d isso , a tra vé s d a p o lític a me rc a ntilista , vá rio s te so uro s na c io na is fo ra m fo rma d o s, p rinc ip a lme nte so b a fo rma d e o uro e p ra ta . To d a s e ssa s c o le ç õ e s fo ra m a c umula nd o c o nhe c ime nto , re ve la nd o c urio sid a d e s e p e c ulia rid a d e s,

17 As musa s e ra m filha s d e Ze us g e ra d a c o m Mne mo sine , a d ivind a d e d a me mó ria . Ela s q ua l

p o ssuía m uma me mó ria irre p re e nsíve l, ima g ina ç ã o c ria tiva e p re sc iê nc ia , a jud a nd o o s ho me ns, c o m sua s d a nç a s, músic a s e histó ria s, a e sq ue c e re m sua s a nsie d a d e s e triste za s.

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ma nte nd o a me mó ria a tra vé s d a c ultura d o ma te ria l q ue mo stro u sua p ró p ria fo rç a a o lo ng o d o te mp o .

Até p o r vo lta d o sé c ulo XVIII, a c o le ç ã o fo i d e sc rita p e la p a la vra muse u, ma s o se ntid o d o se u sig nific a d o to rno u-se uma me tá fo ra p a ra uma te nd ê nc ia d o sé c ulo XVI e XVII d e c o mp ila r um te ma , a b ra ng e nd o uma fo nte d e c o nhe c ime nto a tra vé s d e uma e strutura q ue c o mb ina va o e stud o c rític o d a c iê nc ia (a tra vé s d a a p re se nta ç ã o d e c o nhe c ime nto no s se us re sulta d o s, p rinc íp io s e hip ó te se s) c o m a ne c e ssid a d e so c ia l p a ra uma imp o rta nte e xp o siç ã o . E fo i, se g und o Ma rle ne Sua no , a p o lític a e c o nô mic a d e ste p e río d o a té o sé c . XVIII q ue g e ro u a “ p o lític a e d uc a c io na l e c ultura l re sp o nsá ve l e m p a rte p e la a mp lia ç ã o e a c e sso à s g ra nd e s c o le ç õ e s” .19 As

visita s c o me ç a ra m g ra d a tiva me nte a se re m a b e rta s a o p úb lic o na s g a le ria s d e p a lá c io s, “ g a b ine te s” e “ muse us” , c o mo e ra m c ha ma d o s e sse s lug a re s o nd e e ra m ma ntid a s c o le ç õ e s. Em 1600, o c o le c io na d o r d e me ta is e na tura lista Ald o vra nd o Bo lo g na c he g o u a utiliza r a p a la vra p a ra uma c o mp ila ç ã o p ub lic a d a so b o no me d e “ Muse um Me ta llic um” .

Assim c o me ç o u a surg ir vá rio s e sp a ç o s c o mo e sse s e m to d a Euro p a , p o ré m o s c o le c io na d o re s re a g ira m à s e ntra d a s d a s p e sso a s d e c la ma nd o q ue “ a s visita s d o p o vo ro mp ia m o ‘ c lima d e c o nte mp la ç ã o ’ e m q ue o s o b je to s d e ve ria m se r a p re c ia d o s” ,20 d e vid o à s a titud e s d e sre sp e ito sa s ne sse s

e sp a ç o s “ no vo s” , a lé m d e ro ub o s d o s o b je to s. O c o stume d o p úb lic o e ra ve r e sse tip o d e o b je to ra ro e c urio so e m c irc o s e fe ira s a mb ula nte s; a ssim, q ua nd o surg ira m e sse s e sp a ç o s, nã o so ub e ra m a d a p ta r-se à s c o nd iç õ e s “ ne c e ssá ria s” d e c o mp o rta me nto , le va nd o , a ssim, re striç õ e s à s visita ç õ e s p úb lic a s, q ue se to rna ra m c o nfusa s.

C o m a Re vo luç ã o Fra nc e sa , e m 1789, o a c e sso à s g ra nd e s c o le ç õ e s fo i a b e rto d e finitiva me nte , to rna nd o e sse s e sp a ç o s e fe tiva me nte p úb lic o s. A c ria ç ã o , a p a rtir d e 1791, d e q ua tro muse us – o Lo uvre (1793), o Muse u d o s Mo nume nto s, o Muse u d a Histó ria Na tura l e o Muse u d e Arte s e O fíc io s – e ste nd e -se o há b ito a o re sto d o mund o . Fo ra m ina ug ura d o s, e ntre o fina l d o

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sé c ulo XVIII e p rime ira me ta d e d o sé c ulo XIX, o Be lve d e re , e m Vie na (1783); o Muse u Re a l d o s Pa íse s-Ba ixo s, e m Amste rd ã (1808); o Muse u d o Pra d o , e m Ma d ri (1819); o Alte s Muse um, e m Be rlim (1810); o Muse u He rmita g e , e m Sã o Pe te rsb urg o (1852).

O d e se nvo lvime nto d a c iê nc ia no sé c ulo XIX tiro u d a c o le ç ã o o c a rá te r d e simp le s c urio sid a d e e d e u-lhe o e sta tuto c ie ntífic o q ue a té ho je a a c o mp a nha . E c o le ç õ e s fo rma d a s p o r a ma d o re s to rna ra m-se muita s ve ze s d e g ra nd e va lo r p a ra a p e sq uisa c ie ntífic a , q ua nd o c o nsta va m d e d a d o s e sse nc ia is p a ra id e ntific a ç ã o e p ro ve niê nc ia d o s e sp é c ime s e o u o b je to s. Envo lve nd o e sta p a ixã o p e la a ntig uid a d e c lá ssic a d o sé c ulo XVIII, e stã o a s “ g ra nd e s e xp o siç õ e s” d o s o b je to s e instrume nto s q ue a nte s e ra m p ro d uzid o s d e mo d o a rte sa na l e q ue p a ssa ra m a se r fe ito s e m e sc a la ind ustria l; e a me nta lid a d e c la ssific a tó ria d a c iê nc ia q ue o s muse us c o me ç a ra m a mud a r re ma ne ja nd o inte rna me nte sua s c o le ç õ e s, d istrib uind o re sp o nsa b ilid a d e e e sta b e le c e nd o p la no s d e a ç ã o .21 Lo g o a p ó s a Se g und a G ue rra Mund ia l, o s

muse us p a ssa ra m a re fle tir o s inte re sse s d a s so c ie d a d e s ma is a va nç a d a s, a e uro p é ia e a me ric a na .

Assim, o muse u to rno u-se um e sta b e le c ime nto p e rma ne nte c ria d o p a ra c o nse rva r, e stud a r, va lo riza r p e lo s d ive rso s mo d o s, e , so b re tud o , e xp o r, p a ra o p ra ze r e a e d uc a ç ã o d o p úb lic o , c o le ç õ e s d e inte re sse a rtístic o , histó ric o e té c nic o ,22 a tra vé s d e p e sq uisa s d e c a mp o e d e se u a c e rvo ,

inc luind o a tivid a d e s d e re sta uro , c o nse rva ç ã o e p ub lic a ç ã o . O muse u fo i a ssim tra nsfo rma d o d e simp le s sa la d e e xib iç ã o numa d a s p rinc ip a is instituiç õ e s d e e nc o ntro so c ia l d o mund o mo d e rno . Esta b e le c e nd o o q ue d e ve se r e xp o sto a tra vé s d e c o nc e ito s d o q ue é “ b o m” o u “ ruim” e d a nd o à s c o le ç õ e s um se ntid o d e sta tus, o muse u a ume nto u a ind a ma is a imp o rtâ nc ia d o o b je to , le va nd o -o à imo rta lid a d e e a ume nta nd o se u va lo r no me rc a d o d e a ntig uid a d e s. O muse u d isse mino u se us c o nc e ito s e sta b e le c e nd o c o mo re g ra e m to d o o mund o ; a s c o le ç õ e s c a se ira s já o rg a niza d a s e q ua lific a d a s p a ssa m a te r se u sta tus d iminuíd o c o m o risc o d e

21 SUANO , Ma rle ne .O q ue é muse u?, p .37.

Imagem

FIG. 05 – A mala  de Tarsila do  Amaral doada pela  família da pintora à  Pinacoteca. FIG
FIG . 09 – To ma d a  da   insta la ç ã o  “ Do a do r”, d e  Elida
FIG. 19 – Instalações de filmes e fitas coloridas no prédio da Paramount Pictures. Robert McCracken supervisiona o acervo de 40.000 metros quadrados
FIG .  22  –  Em  c a d a   ro lo   d e   filme   o u  fita   é   c o lo c a d o  um c ó d ig o  d e  b a rra  e   lo c a liza ç ã o  c o m um siste ma  so fistic a d o  d e   inve ntá rio   c o m  b a se   no   c o mp uta d o r
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