Nara Cristina Frutuoso Ferreira
Estudo fitoquímico de
Waltheria ferruginea
_______________________________________
Dissertação de Mestrado
Natal/RN, maio de 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
NOrO CristinO Frutuoso FerreirO
ESTUDO FITOQUÍMICO de Waltheria ferruginea
Natal-RN
2014
Qualificação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Química.
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN Biblioteca Setorial do Instituto de Química
Ferreira, Nara Cristina Frutuoso.
Estudo fitoquímico de Waltheria ferruginea / Nara Cristina Frutuoso Ferreira. – Natal, RN,
2014. 94 f. : il.
Orientadora: Renata Mendonça Araújo.
Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.
1. Flavonoides – Dissertação. 2. RMN – Dissertação. 3. Whaltheria – Dissertação. I. Araújo, Renata Mendonça. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
A todos que acreditaram nesta
Primeiramente a Deus por me oferecer capacidade e ter em dado forças pra eu
chegar até aqui.
Aos meus pais pelo apoio.
A toda minha família por sempre acreditar em mim.
Ao meu namorado João Paulo pelo seu apoio e colaborações.
Renata Mendonça de Araújo pelas suas contribuições, dedicação e ami-ade.
Aos amigos do laboratório pelas contribuições e companheirismo, em especial a
Deusielly Avelar que esteve ao meu lado em toda parte experimental.
Edilberto Rocha Silveira (UFC)pelo seu apoio, coleta do material vegetal e
disponibili-ação do CENAUREMN para a reali-ação das análises de RMN.
Aos membros da banca examinadora, Aparecida Maciel, Fabricio Gava e Sávio
Pinheiro pela dedicação e contribuições.
UFRN por me oferecer o espaço e oportunidade para a reali-ação do trabalho.
O gênero Waltheria pertencente à famíliaSterculiaceae e é reportado como fonte prolífica de flavonoides e alcalóidesquinolônicos, substâncias de grande interesse devido às várias atividades biológicas associadas. Este trabalho relata o estudo fitoquímico inédito do extrato etanólico de Waltheria ferruginea, visando contribuir para o conhecimento químico da espécie e o isolamento de substâncias com potencial biológico. Para o estudo fitoquímico foram usadas técnicas de cromatografias em sílica gel e por exclusão molecular em Sephadex LH-20. A elucidação estrutural dos constituintes isolados foi reali-ada utili-ando as técnicas espectrométricas de RMN 1H e 13C uni e bidimensionais e comparação com dados reportados na literatura. Foram isoladas cinco substâncias, quais sejam: os flavonoides canferol-3-O-β-(6''-cumaroil)-glicopiranosídeo (F1), canferol-3-O-β-glicopiranosídeo (F2), ambas as moléculas com propriedades por farmacológicas comprovadas, além do flavonoide quercetina-3-O-β-glicopiranosídeo (F3), puro e em mistura epimérica com o anômeroα(F3'), o terpeno geranil-geranila (G1) e o ácido 12-hidroxi octadecanóico(A1), todas inéditas para a espécie.
The Waltheria genus belonging to the Sterculiaceae family, it is reported as a prolific source of flavonoids and quinolone alkaloids, substances of great interest due to several associated biological activities. This work describes a novel phytochemical study from Waltheria ferruginea, aiming to contribute to the chemical knowledge of this specie and the isolation of substances with biological potential. For the phytochemical study were used chromatography techniques on silica gel and molecular exclusion in Sephadex LH-20.The structural elucidation of the isolated compounds was performed through spectrometric techniques 1H and
13
C NMR, including uni and bidimensional pulse sequences, and comparison with data from literature. Five substances were isolated, namely: the flavonids kaempferol-3-O-β-(6''-cumaroil)-glucopyranoside (F1) and kaempferol -3 -O- β - glucopyranoside (F2), both analy-es with pharmacological properties, the flavonol quercetin-3-O-β-glucopyranoside (F3 ) pure and in the epimeric mixture α (F3') and (F3), the terpenegeranyl - geranyl (G1) and the 12-hydroxi-octadecanoic acid, all no previous reported in the literature.
Figura 1- Flavonoides isolados de Waltheria Indica... 15
Figura 2- Estruturas do acido kójico (12), hidroquinona (13) e arbutina (14)... 18
Figura 3- Fotos de Waltheria ferruginea (A) Arbusto e (B) Flor ... 18
Figura 4- Estrutura básica dos flavonoides (15) e isoflavonoides (16)... 21
Figura 5- Flavonoides ativos contra a diabetes Mellitus (17) e (18)... 30
Figura 6- Estrutura da hesperidina (19)... 30
Figura 7- Flavonoides com atividade antitumoral (20) e (21)... 31
Figura 8- Flavonoide com atividade leishimanicida (22)... 31
Figura 9- Flavonoide com atividade antibacteriana (23 - 25)... 32
Figura 10- Flavonoide com atividade imoduladora (26) e (27) ... 33
Figura 11- Flavonoide com atividade anti-inflamatória (28)... 33
Figura 12- Espetro de RMN 1H (500 MH-, MeOD)de F1... 62
Figura 13- Espectro de RMN 13C (125 MH-, MeOD) de F1... 63
Figura 14- Espectro de RMN bidimensional de correlação heteronuclear 1 H, 13C – HMBC de F1... 64 Figura 15- Espectro de RMN bidimensional de correlação homonuclear 1H, 1 H – COSY de F1... 65 Figura 16- Espectro de RMN bidimensional de correlação heteronuclear 1 H, 13C – HSQC de F1... 66 Figura 17a- Espetro de RMN 1H (DMSO-d6, 500 MH-) de F3... 70
Figura 17b- Espetro de RMN 1H (DMSO-d6, 500 MH-) de F3’... 71
Figura 18- Espectro de RMN 13C (125 MH-, MeOD) de F3... 72
Figura 19- Espectro de RMN bidimensional de correlação homonuclear 1H, 1 H – COSY de F3... 73
Figura 20- Espectro de RMN bidimensional de correlação heteronuclear 1 H, 13C – HSQC de F3... 74
Figura 21- Espectro de RMN 1H de F2... 77
Figura 22- Espectro de RMN de1H (300 MH-, CDCl3) de G1... 79
Figura 23- Espectro de RMN 13C 75 MH-, CDCl3) de G1... 80
Figura 24- Espectro de RMN 1H de A1 (CDCl3, 500 MH-) ... 81
Tabela 1- Alcaloides isolados de W. douradinha... 17
Tabela 2- Estruturas químicas de compostos da subclasse de flavonoides, apresentando exemplos e fontes comuns... 22
Tabela 3- Flavonoides com atividade anti-neuroinflamatória (29-31)... 34
Tabela 4- Deslocamentos químicos típicos de RMN 13C de flavonoides 5-hidroxilado... 36
Tabela 5- Solventes utili-ados durante a cromatografia flash de WFFH... 52
Tabela 6- Solventes utili-ados durante a cromatografia flash WFFH 10-13... 53
Tabela 7- Solventes utili-ados durante a cromatografia flash WFFH 25-32... 53
Tabela 8- Solventes utili-ados durante a cromatografia de adsorção das frações WFFEAc 9-16 provenientes da cromatografia por exclusão... 55
Tabela 9- Solventes utili-ados durante a cromatografia de adsorção das frações WFFEAc 28 - 37 provenientes da cromatografia por exclusão... 56
Tabela 10- Substâncias isoladas de W. ferruginea... 58
Tabela 11- Dados do RMN 1H (500 H-) e 13C (125 H-) de F1... 67
Tabela 12- Dados do RMN 1H e 13C de F3... 75
1D - Unidimensional
2D - Bidimensional
CCD - Cromatografia em camada delgada
COSY - Experimento bidimensional de correlação homonuclear1H-1H
EM - Espectrometria de massa
HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana
HMBC- Heteronuclear Multiple Bond Correlation
HSQC - Heteronuclear Single Quantum Correlation
IC50- Concentração inibitória média em testes biológicos
IV - Espectroscopia na região do infravermelho
MHz - Mega Hert-
OMS- Organi-ação Mundial de Saúde
PAL - Fenilalanina amônioliase
PLP - Piridoxal fosfato
ppm- Partes por milhão
Rf- Fator de Retenção
RMN- Ressonância Magnética Nuclear
RMN 1H- Ressonância Magnética Nuclear de hidrogênio 1
RMN 13C- Ressonância Magnética Nuclear de carbono 13
WFFE - Extrato etanólico bruto das folhas de Waltheria ferruginea
WFFEAc- Fração acetato de etila resultante da partição do extrato etanólico de Waltheria ferruginea
WFFE-Cl - Fração clorofórmio resultante da partição do extrato etanólico de Waltheria ferruginea
WFFE-H - Fração hexano resultante da partição do extrato etanólico de Waltheria ferruginea
WFFH - Extrato hexânico das folhasde Waltheria ferruginea
δ- Deslocamento químico
µs- Micro segundo
1 INTRODUÇÃO... 13
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GÊNERO WALTHERIA... 15
3 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO... 19
3.1 METABÓLITOS... 19
3.1.1 Metabólitos primários... 19
3.1.2 Metabólitos secundários... 19
3.2 ESTRUTURA QUÍMICA DOS FLAVONOIDES... 20
3.3 FLAVONOIDES GLICOSILADOS... 23
3.4 BIOSSINTESE,... 23
3.4.1 Formação do ácido chiquímico... 24
3.4.2 Formação do ácido cinâmico... 25
3.4.3 Formação do núcleo flavonóidico... 26
3.4.4 Glicosilação... 27
3.5 ATIVIDADES BIOLÓGICAS... 29
3.5.1 Diabetes Mellutus... 29
3.5.2 Aticâncer... 30
3.5.3 Leishimanicida... 31
3.5.4 Antibacteriana... 32
3.5.5 Imunomoduladora... 32
3.5.6 Anti-inflamatória... 33
3.5.7 Doenças Cardiovasculares... 35
3.6 FLAVONOIDES GLICOSILADOS COM OCORRÊNCIA NA LITERATURA... 35
3.6.1 Flavanol... 36
3.6.2 Flavonas... 37
3.6.3 Flavonol... 43
4 OBJETIVOS... 49
4.1 OBJETIVO GERAL... 49
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 49
5 PARTE EXPERIMENTAL... 50
5.2.1 Cromatografia de Adsorção... 50
5.2.2 Cromatografia de Exclusão... 51
5.3 MÈTODOS ESPECTROMÉTRICOS... 51
5.3.1 EspectroscopiO de RessonânciO MOgnéticO NucleOr de Hidrogênio (RMN 1H) e de COrbono-13 (RMN 13C) ... 51
5.4 FRACIONAMENTO CROMATOGRÁFICO DE WALTHERIA FERRUGINEA... 52
5.4.1 Fracionamento de WFFH... 52
5.4.2 Fracionamento de WFFE... 55
5.4.3 Fracionamento de WFFE-Ac... 55
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 59
6.1 CARACTERIZAÇÃO DE F1... 59
6.2 CARACTERIZAÇÃO DE F3/F3’... 68
6.3 CARACTERIZAÇÃO DE F2... 77
6.4 CARACTERIZAÇÃO DE G1... 78
6.5 CARACTERIZAÇÃO DE A1... 81
7 CONCLUSÕES... 83
Introdução
1 INTRODUÇÃO
Na antiguidade, as plantas eram a única fonte de recursos terapêuticos de
algumas comunidades e grupos étnicos. Tradicionalmente, continuam sendo
utili-adas como fontes de tratamento contra diversas doenças em muitas partes do
mundo. Elas são importantes fontes de substâncias biologicamente ativase possuem
significativa influência na manutenção das condições de saúde das pessoas. Tal fato
tem favorecido uma ascendente busca por esses produtos naturais oriundos de
plantas, em diversas partes do mundo. Nelas podem ser encontrados diferentes
compostos bioativos, que vêm sendo cada ve- mais utili-ados como novos
medicamentos com suas ações terapêuticas comprovadas.
Pesquisadores de áreas distintas, como a botânica, farmacologia, biomedicina
e fitoquímica buscam novos conhecimentos para comprovar seu uso medicinal,
descobrir novos tratamentos através da medicina natural e suprir a necessidade do
mercado farmacêutico.Fitoquímica é a ciência que estuda os vegetais desde a sua
composição química as suas atividades medicinais. (PAN, 2003; ROKAYA, 2010;
LETO, 2013).
Entre os metabólitos secundarios, destacam-se os flavonoides, os quais
representam um dos mais importantes e diversificados grupos fenólicos entre os
produtos de origem natural, sendo amplamente distribuídos no reino vegetal. Na
grande maioria das ve-es, são compostos biologicamente ativos. Suas potentes
atividades medicinais vêm sendo cada ve- mais exploradas e comprovadas nos
trabalhos científicos.Compostos fenólicos são caracteri-ados por apresentar pelo
menosum anel aromático onde ao menos um dos hidrogênios está substituído por
grupo hidroxila.A busca por esses compostos vem crescendo significativamente
devido a variedade de atividades biológicas apresentadas por eles. (SIMÕES, 2004).
Sterculiaceae é uma família constituída de 68 gêneros, onde no Brasil,
encontram-se naturalmente 11 gêneros destes. Este gênero é relatado na literatura
como fonte prolífica de flavonoides e alcalóides quinolônicos, substânciasde grande
Introdução
O estudo fitoquímico inédito de Waltheria ferruginea mostra-se bastante promissor na busca de substâncias com potencial biológico, tendo em vista queos
Considerações Botâniãas
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GENERO WALTHERIA
Sterculiaceae é uma família constituída de 68 gêneros e 1100 espécies. No
Brasil encontram-se naturalmente 11 gêneros e 115 espécies, entre as quais 60
pertencem ao gênero Waltheria. Sua abundância no mundo predomina em regiões tropicais e subtropicais de ambos os hemisférios e são caracteri-adas pelo porte
arbori-ado, muitas ve-es com pelos estrelados e apresentam folhas variadas
(BARROSO, 1978; WANG, 2012; HUANG, 2013; VELÁZQUEZ, 2012).
Espécies deste gênero nascem espontaneamente, geralmente em locais
indesejados e são nocivas por contribuírem negativamente na produção da
agricultura, ganhando a disputa pelos nutrientes da terra, sendo chamadas de ervas
daninhas. (MACEDO, 1998).
FigurO 1- Flavonoides isolados de Waltheria Indica
O
O H
OH OMe O MeO
OMe O
H
OH
O
O H
OH OMe O
O H
OMe OMe
OMe
(4)
(5) O
OH O H
OH OH
OH O
OH O H
OH OH
OH O
O
O OH O H
OR
OH
(1)
(2)
O
OH
OH O
H
H H
O
O
O H (3)
R=
Fonte: JANSEN (2010); FRAGASA (1997).
Os metabólitos secundários encontrados comumente nas espécies pertencentes a essa família são flavonoides, alcaloides, amidas, saponinas,
Considerações Botâniãas
Levantamento bibliográfico reali-ado com espécies do gênero Waltheria revelou a predominância de substâncias pertencentes à classe dos flavonoides
(FigurO 1) e alcaloides (TObelO 1), destacando também sua importância medicinal em diversos tipos de tratamentos, tais como: anti-inflamatório antimicrobiana e
antidiarreico (OLAJUYIGBE, 2011; KOTESWARA, 2005; ZAVALA, 1998).
Um estudo reali-ado com o extrato bruto de diferentes gêneros relatou as
propriedades antiplasmódica de Waltheria indica. Essa espécie ainda apresentou propriedades antifúngicas, a partir de dois flavonoides isolados da mesma, 4 e 5
(FigurO 1).(JANSEN, 2010; FRAGASA, 1997).
O estudo com extratos de diferentes plantas usadas tradicionalmente na
medicina popular da África avaliou algumas atividades antimicrobianas da W. lanceolata e pôde comprovar suas propriedades biológicas em tratamentos contradiarreia, vômitos e tosses (BEVER, 1983).
Borokini (2012) desenvolveu um trabalho com plantas da Nigéria buscando
informações sobre o uso popular de diversos vegetais em tratamentos medicinais,
entre elas W.americana, e reali-ou testes para identificação da classe das substâncias presentes nessa espécie. O extrato etanólico de suas folhas
apresentam atividades imunoprotetoras, anti-inflamatórias e antifúngicas.Arai- é
utili-adano tratamento de inflamações na garganta. Nesta espécie, foi detectada a
presença de alcaloides, saponinas, esteroides, flavonoides, terpenos e glicosídeos,
os quais podem ser responsáveis pelo uso popular desta planta nosdiferentes tipos
de tratamentos medicinais (BOROKINI e OMOTAYO, 2012).
O estudo fitoquimico de W. douradinha possibilitou o isolamento de seis substâncias(6-11)representadas na TObelO 1. O extrato etanólico desta apresentou resultados satisfatórios em testes de atividade antimicrobiana, a qual foi
associadaprincipalmenteàpresença do alcaloide 6. A amida isolada obtida11apresentou atividades anti-HIV. (GRESSER, 2006).
As pesquisas reali-adas com o gênero Waltheriatambém revelam suas propriedades clareadoras e preventivas de manchas escuras na pele. O extrato
Walheria indica age diretamente da produção de melanina impedindo a sua formação.Substâncias químicas como o ácido kójico(13), a hidroquinona(12) e a
Considerações Botâniãas
pele e sua eficiência é significativamente elevada quando usadas em conjunto com
extratos de plantas do gênero Waltheria (Gillion, 2003).
TObelO1- Alcaloides isolados de W. douradinha
Quinolona Ciclo peptídico
N H CH3 OMe O OH (6) MeO N H O OMe Me O O H (7) WOltherionO-A MeO N H O OMe Me O O H (8) WOltherionO-B (9) ChOmOedrinO N H N H O C H3 C H3 O O N H N O CH3 CH3 N H H H CH3 C H3 N H N H O O O N H N O CH3 CH3 C H3 C H3
(10) wOltherinO A
Amida NH OMe MeO H O R (11) (O)-metiltembOminO
Fonte: GRESSER (2006).
O interesse da população mundial em relação à prevenção de manchas
Considerações Botâniãas
dos raios solares, bem como em funçãoda busca pela bele-a, que sempre foi fator
de grande interesse, sobretudo entre as mulheres.
FigurO 2- Estruturas do acido kojico (12), hidroquinona (13) e arbutina (14)
(12) (13) (14)
O O H
O
OH
OH
OH
OH
O O
OH O
H O H
OH
Fonte: CALAÇA (2011).
A espécie Waltheria ferruginea (FigurO 3) é nativa do Brasil e caracteri-ada pela presença de caule fino, folhas longas caídas, peludas e flor e amarela.
FigurO 3- Fotos de Waltheria ferruginea (A) Arbusto e (B) Flor
Fonte: Prof. Edilberto R. Silveira (2013).
Levantamento bibliográfião
3 LEVATAMENTO BIBLIOGRÁFICO
3.1 METABÓLITOS
Os metabólitos são compostos presentes nos organismos de seres vivos que
agem diretamente no conjunto de reações químicas no interior das células, ou seja,
no metabolismo celular. Os vegetais são uma grande fonte de metabólitos, além do
metabolismo primário, eles também desenvolvem o metabolismo secundário, muitas
ve-essão compostos com grande potencial biológico e farmacológico.
3.1.1 MetObólitos primários
Os metabólitos primáriosapresentam funções essênciasparaa sobrevivência e
estão distribuídos de forma universal entre os organismos. Esses metabólitos
desempenham papéis como fotossíntese, respiração e o transporte dos nutrientes.
Nos vegetais, são exemplos a clorofila, os aminoácidos e as en-imas ATP e
NADPH.
3.1.2 MetObólitos Secundários
O metabolismo secundário é responsável pela produção de compostos que
não são necessários para sobrevivência dos vegetais, no entanto, são de grande
importância na interação da planta com o meio ambiente,eles estão associados aos
mecanismos de defesas.Os principais metabolitos secundários estão divididos em
três grupos, terpenos, compostos fenólicos e compostos nitrogenados. Como estão
associados à proteção e adaptação das plantas, estes podem variar de acordo com
diferentes fatores, como temperatura, disponibilidade hídrica, radiação ultravioleta,
nutrientes, altitudes, poluição atmosférica e indução por estímulos mecânicos ou
ataques de patógenos. (NETO, 2007)
A época em que é reali-ada a colheita é um dos fatores que mais influencia
na sua composição, uma ve- que a quantidade não está disponível o ano todo e há
uma variação nos metabólitos presentes. Há estudos mostrando que a composição
do vegetal também pode ser alterada a cada ciclo de dia e noite, descrevendo
Levantamento bibliográfião
Os compostos fenólicos consistem em um grupo hidroxila ligado diretamente
a um anel aromático. Entre eles, destacam-se os flavonoides, os quais representam
um grupo de substâncias polifenolicas.
3.2 ESTRUTURA QUÍMICA DOS FLAVONOIDES
Os flavonoides fa-em parte de uma subclasse de polifenóis e são
caracteri-ados por possuir quin-e carbonos no seu esqueleto básico. A sua estrutura
geral é formada por dois anéis aromáticos, sendo um derivado da cadeia policetídica
(anel A) e outro do ácido chiquímico (anel B), com mais três átomos de carbono que
unem os dois anéis e formam um terceiro oxigenado entre eles (anel C). Compostos
que possuem como esqueleto básico as estruturas15 ou 16 (FigurO 4) são denominados flavonoides. Quando apresentam uma unidade glicosídica ou
O-glicosídica ligadas a algum átomo de carbono da cadeia, são classificados como
flavonoides glicosilados.
Esses compostos agem como antioxidantes, não apenas pelo seu poder
doador de hidrogênio ou elétrons, mas também devido a seus radicais intermediários
estáveis, que impedem a oxidação de vários ingredientes do alimento.
(BRAND-WILLIAMS, 1995)
Esses metabólitos secundários biossinteti-ados nas plantas por rotas
metabólicas mistas, a partir das vias do acetato e do chiquimato, podem, ainda,
apresentar uma ampla variação de combinações de grupos adicionais promovida por
reações de hidroxilação, metilação, acilação, glicosilação, entre outras,
apresentando as funções orgânicas éster, éter, derivados glicosídicos ou ainda uma
mistura deles. Grande parte deles aparece, muitas ve-es, acompanhada por
unidades glicosídicas (KOES, 1994).
Os flavonoides podem ainda ser divididos entre diferentes classes, aTObelO 2
exemplifica as principais relatadas na literatura e suas respectivas estruturas
moleculares, exemplificando a fonte alimentícia mais comum de cada uma das
Levantamento bibliográfião
FigurO 4-Estrutura básica dos flavonoides (15) e isoflavonóides (16)
A
B
B A
C
C
2
3
3
4 5
5 6
6 7
7 8
8
1'
1' 2'
2' 2
3' 4' 5' 5'
4'
O
O
4
(15) (16)
3'
Fonte: Flambó (2013).
As flavanonas, como a grande maioria dos flavonoides, apresentam o anel B
unido ao anel C através de C2 e uma carbonila na posição C4, que fornece à
molécula o grupo funcional cetônico. Os flavonóis apresentam uma estrutura planar
com uma dupla ligação na posição C2-C3 e uma extensão de conjugação por todo o
esqueleto básico da molécula, com carbonila de cetona conjugada em C4 e
obrigatoriamente devem possuir um grupo hidroxila no C3. As flavonas possuem
estruturas semelhantes àsflavanonas, mas também possuem uma instauração no
anel C, como os flavonóis. Nas antocianidinas o anel C apresenta duas
insaturações, em O-C2 e C3-C4, e um grupo hidróxilo em C3. A isoflavona é o único
tipo de flavonoide em que o anel B é ligado ao anel C através de C3. A insaturação
no anel C está presente entre os carbonos C2-C3 e ainda possui um grupo cetônico
Levantamento bibliográfião
TObelO 2- Estruturas químicas de compostos da subclasse de flavonoides, apresentando exemplos e fontes comuns.
Subclasse Estrutura Exemplo Fontes
Dietéticas
Flavanona O
O
Hesperidina Naringenina Neohesperidina
narirutina
Laranja Limão Menta
Flavonol O
OH O
Canferol Quercentina
Mirecetina
Cebola Brócolis
Maçã Cereja
Flavanol O
OH
Catequina Epicatequina Galocatequina
Procianidina
Mação Cha verde
Coco Chá preto
Flavona O
O
Apigenina Diosmina Luteolina Rutina
Vinho tinto Salsa Casca de frutas
Pimentão vermelho
Mel
Antocianima O+
OH
Cianidina Delfinidina
Cereja Uva Amora Framboesa
Repolho
Isoflavona
O
O
Genisteína Daidi-eína
Soja Ervilha
Levantamento bibliográfião
3.3 FLAVONOIDES GLICOSILADOS
O estudo químico do extrato etanólico das folhas de Waltheria ferruginea mostrou a presença de diferentes flavonoides glicosilados na espécie.Esses metabólitos secundários podem apresentar abundância e tipo de estruturas variadas
em relação às diferentes partes da planta, ou seja, substâncias encontradas nas
folhas não necessariamente são as mesmas que poderão ser encontradas nas
flores, rai-, caule ou fruto. Ainda, o metabolismo e a produção desses compostos
podem ser afetados por diferentes fatores naturais como radiação solar, períodos de
seca ou chuva (estações do ano), tipos de solo (nutrientes disponíveis) e também
por um fator artificial, a poluição.
Os flavonoides glicosilados fa-em parte de um subgrupo, dentro da classe
dos flavonoides, os quais representam um dos mais importantes e diversificados
grupos fenólicos entre os produtos de origem natural, sendo amplamente
distribuídos no reino vegetal. Compostos fenólicos são caracteri-ados por
apresentar pelo menos um anel aromático onde ao menos um dos hidrogênios está
substituído por grupo hidroxila. Os flavonoides são frequentemente encontrados na
nature-a como O-glicosídeos contendo unidades de açúcar ligadas a um grupo
hidroxilo fenólico (SIMÔES, 20014).
Proteções contra radiações ultravioletas e micro-organismos patogênicos nos
vegetais são, muitas ve-es, atribuídas a presença de diferentes moléculas de
flavonoides na espécie, o que pode lhe oferecer um alto grau de defesa
(NYATWERE, 2012).
A utili-ação de flavonoides glicosilados como fonte terapêutica tem sido o foco
do estudo em diversos trabalhos científicos, como será relatado mais adiante. O
interesse por essas substâncias vem crescendo significativamente devido as suas
potentes atividades biológicas.
3.4 BIOSSÍNTESE DOS FLAVONOIDES
Os flavonoides são compostos sinteti-ados a partir de vias metabólicas
mista,que tem como precursores o ácido chiquímico, formador do anel A e um
Levantamento bibliográfião
3.4.1 FormOção do ácido chiquímico
A via chiquimato é a principal rota metabólica de compostos aromáticos,
adotada por micro-organismos e plantas. Principal precursor dos compostos
fenólicos, o ácido chiquímico é gerado pelo acoplamento do fosfoenolpiruvato com
D-eritose-4-fosfato (compostos derivados da degradação da glicose).Inicialmente, a
dupla ligação daD-eritose-4-fosfato ataca o carbono carbonílico eletrofílico
dofosfoenolpiruvato, formando o ácido 7-fosfato-3-desoxi-D-arabino-heptulosonico,
através de uma reação tipo aldol(EsquemO 1).Como o PO é um bom grupo abandonador, deixa a molécula levando consigo os elétrons da ligação, provocando
uma β-eliminação, que ocorre com a liberação do hidrogênio e a formação de uma
nova dupla ligaçãonucleofílica que ataca o carbono carbonílico eletrofílico e em um
mecanismo concertado é formada uma dupla ligação com o oxigênio exocíclico,
através de reação do tipo aldolintramolecular, para produ-ir o ácido
3-dehidro-quínico. Tal intermediário é convertido em ácido chiquímico após desidratação e
redução com NADPH.
EsquemO 1-Rota biossintética do ácido chiquímico
PO CH2 CO2H HO
O H OP O H O H H O H OP OH CO2H
O CH2 OH O H O H
HO2C
O
O
OH OH CO2H O
H
NADH - H2O
CO2H
O H OH OH Ácido Chiquímico D-eritrose-4-fosfOto H- A Fosfo-enol-piruvOto H+ O OH OH CO2H O
H ReOção tipo Aldol
Ácido 3-dehidro-quinico
-H+, PO -NAD+ 1 2 3 4 5 6 7
8 2 1
3 4 5 6 7 8 2 3 4 5 6 7 8 2 3 4 5 6 7 8
Levantamento bibliográfião
3.4.2 FormOção do ácido cinâmico
O ácido cinâmico é formado a partir da fenilalanina, pela ação da en-ima L
fenilalanina amônialiase (PAL), que é capa- de catalisar a remoção da amônia.
Esses aminoácidos podem se transformar respectivamente em ácido cinâmico e
ácido p-cumárico, após eliminação de amônia da cadeia lateral (EsquemO 2).
EsquemO 2- Rota biossintética do ácido Cinâmico
CO2H
O H
OH OH
ATP ADP
PO
OH OH CO2H
PO
CH2 HO2C
CO2H H
OH
PO O CO
2H
OP H H H
OH
CO2H
O O
O H O
CO2
CO2 H
NH2
OH O
Ácido Cinâmico Ácido Chiquímico Ácido 3-fosfo-chiquímico
..
Ácido 5-enolpiruvil- 3- fosfo-chiquímico
Ácido corísmico Ácido prefênico
Ácido fenil-pirúvico
L-fenil-OlOninO
TrOnsOminOção viO PLP
DesOminOção viO PAL
Rearranjo sigmatrópico
H+
-HOP
eliminOção 1,2
O CO2H CH2
OH CO2H AromOtizOção
-CO2 - H2O
Fonte: DEWICK (2002)
A reação se inicia com a oxidação do acido chiquímico a partir de uma
molécula de ATP, formando o acido 3-fosfo-chiquímico. Como o PO é um bom grupo
Levantamento bibliográfião
molécula de D-eritrose fosfato e esta sofre um ataque nucleofilico. Após a eliminação
do segundo PO, a molécula sofre um rearranjo [3,3] sigmatrópico, via reorgani-ação
de elétrons, causando uma mudança na posição da ligação sigma e em seguida
uma descarboxilação e eliminação de H2O se transformando no ácido fenil-piruvico.
Uma transaminação seguida por desaminação leva a formação do ácido cinâmico.
3.4.3 FormOção do núcleoflOvonóidico
Os flavonóides são produtos de uma unidade decinamoil-CoA, com a
extensão da cadeia por meio de três moléculas de malonil-CoA que dá origem a uma
cadeia de policetídio que, de acordo com a nature-a da en-ima podese aromati-ar
após enoli-ação das carbonilas cetônicas, ocorrendo através de umataque
nucleofílico. Essa condensação se dá após uma descarboxilação na molécula de
malonil que deixa nucleofilico o carbono inicialmente alfa (EsquemO 3).
EsquemO 3-Rota biossintética de flavonoides
SCOA O O H O SCoA H O O
O- SCoA CH3 O O H O O SCoA O O H H O H B -O O SCoA O O O H -O O O SCoA O -O H O O O O O H O OH O H OH O H .. O O H OH O OH O O H OH O OH R OH [O] R=H COnferol R=OH QuercetinO 2 x MOlonil-CoA
NOrigeninO ChOlconO NOrigeninO
.. .. .. .. 4-hidroxi-cinamoil-CoA MOlonil-CoA Ataque nucleofílico (OH a cetona a, ß-insaturada) NADPH
(redução)
-CO2
Levantamento bibliográfião
O produto gerado, a naringenina-chalcona, pode se converter na forma
isomérica de flavanona, igualmente denominada naringenina através de um ataque
nucleofílicointramoleculardo grupo OH a carbonila cetonicaα,β-insaturada. Sucessivas oxidações da naringenina produ-em os flavonoides canferole quercetina.
3.4.4GlicosilOção
Aocorrência generali-ada deglicosídeose polissacarídeosrequer
processospara fixar unidades de açúcara umátomoadequadodeuma glicona para
darum glicosidiooudeoutro açúcardando um polissacarídeo.
Essas ligações tendem aser através de oxigênio, embora não se limitem, uma
ve- que S-, N-, e C- glicosidios são bem conhecidos.O agenteparaa glicosilaçãoé
uma molécula de uridina difosfato,como UDP-glucose. Esteé sinteti-adoa partir
de1-fosfato de glicose eUTPe,em seguida,o processo deglicosilação podeser entendido
como uma reação nucleofílicaSN2(EsquemO 4).
Uma ve- que a UDP-glucosetem o seugrupo de saídana configuração α, o
produto formado tem configuração β, comoé mais comumente
encontradoemglicosídeosnaturais. A hidrólisede glicosídeosé conseguida através de
en-imas hidrolíticas específicas, como β-glucosidase paraβ- glicosídeos
eβ-galactosidase paraβ-galactosídeos. Essas en-imasreali-am processos decatálise
ácida.[EsquemO 4(b)].Emcondições ácidas, as formas dohemiacetalα- e β-
anomérico podemestabelecer um equilibrio que envolve também a cadeiaaberta de
açúcar.
É importante perceber que, embora O-, N -, eS-glicosídeos podem ser
hidrolisados porácido, os C-glicósideos permanecem estáveis. Esses últimos são
produ-idosde uma maneirasimilar ao processo deC-alquilação descrito acima, em
que umcarbononucleofílico adequadoestá disponível, como, por exemplo, nos
Levantamento bibliográfião
EsquemO 4- Biossíntese da adição glicosídica
O OP O H OH OH OH O H O O P O O OH P O OH O O H H H H H H N O O O H O H OH OH
+
UTP UDP+
O OR O H O H OH OH H+ O+ OH O H O H H OH OH2 OH2 b O O O H OH OH OH O H O H b H2 H+ O OH OH O H O H OH OH O H O H OH OH CH3 OPP O H O H OH OH O O H O H O OH O H O H OH O H OH Etapa AO-glicosilOção
Etapa B
Hidrolise de O-glicosideo
Etapa C -glicosilOção .. O O+ O H O H OH OH H R .. .. .. .. .. .. .. .. ROH..
Reação SN 2
UDP-glicose
α-D-glicose
β−D-glicose
UDP-glicose
C-β−D-glicosídeo glucose 1-P
glucose 1-P glucose 1-P
Levantamento bibliográfião
3.5 ATIVIDADES BIOLÓGICAS
Diversos ensaios in vivo e in vitro vêm comprovando e determinando a ampla variedade das atividades biológicas dos flavonoides. Suas estruturas químicas
podem variar, resultando em diferentes ações biológicas.
Entre as diversas atividades encontradas nos flavonoides, pode-se destacar a
mais conhecida,a antioxidante. Inúmeras reações presentes no organismo podem
formar radicais livres, que são compostos causadores de diversas doenças, como
câncer e doenças coronárias. Os antioxidantes são responsáveis por inibir a
propagação de reações em cadeias causadas por radicais livres, redu-indo os
danos causados por esses. Os flavonoides podem doar um átomo de hidrogênio a
um radical livre, de forma que esses radicais se transformem em moléculas estáveis,
evitado reações de propagação em cadeia. Podem ainda se manter como radicais
estáveis, uma ve- que são estabili-ados por ressonância (SILVA, 2010; BIANCHI,
1999).
Há evidências sugerindo que o consumo de alimentos ou bebidas ricas em
polifenóis diminui a incidência de doenças cardiovasculares, mas os mecanismos do
benefício ainda permanecem indefinidos (REIN, 2003; YAMADA e WATANABE,
2007).
3.5.1 DiObetes Mellitus
Pesquisadoresavaliaram a taxa de glicemia em variados tempos após a ação
dedois diferentes flavonoides derivados docanferol(17 e 18)e estesse mostraram
atuantesna atividade contra a diabetesMellitus, quando usados como complexos commetal vanádio (CAZAROLLIA, 2006).
Verificou-se que a ingestão de vegetais que têm sua composição rica em
flavonoides também diminui significativamente os riscos da diabetes tipo II
(encontra-se apresença de insulina, mas sua ação é dificultada). Avaliou-se também
o efeito antidiabético dos flavonoides totais provenientes do vegetal
Levantamento bibliográfião
FigurO 5- Flavonoides ativos contra diabetesMellitus
O OH
C H3 O H
O
H O
O
O H
CH3
OH OH O
O
O
OH
OH O
OH O
H O H
O
O
O
CH3
OH OH O
O H
O
OH
OH
(17) (18)
Fonte: (CAZAROLLIA, 2006).
3.5.2 AtividOdeOnticâncer
NATARAJEN (2011) reali-ou um estudo com o objetivo de investigar o
impacto do flavonoide glicosiladohesperidina (19) na linha de célulasde mama
cancerígenascujosresultados são promissores. Os resultados mostraram que esta
inibe significativamente a proliferação das células cancerígenas, variando com a sua
concentração. A hesperidina indu-iu citotoxidade em células cancerígenas in vitro,
que pode ser devido a fragmentação do DNA.
FigurO 6- Estrutura química da hesperidina
O
O OH O
OH
OCH3 O
OH O
H O H
O O O H
OH OH
OH
(19)
Fonte: NATARAJEN (2011).
Uma flavona (20) isolada a partir do caldo de cana e se mostrou ter elevadas
atividades antioxidante, ela apresentou atividades anti-proliferativa in vitro contra
várias linhas celulares do câncer humano, com maior seletividade em relaçãoas
Levantamento bibliográfião
O flavonoide protapigenona(21) foi isolado a partir de uma samambaia nativa
de Taiwan e foram estudados seus efeitos sobre células causadoras de câncer do
ovário. Testes em animais revelaram que este flavonoide suprimiu significativamente
o crescimento do tumor sem efeitos colaterais graves e mostrou uma atividade
significativa com baixa toxicidade, além dos resultados positivos também no
tratamento do câncer de próstata. (CHANG, 2008)
FigurO 7- Flavonoides com atividade antitumoral
O O
O OH O
OH O
H O H
OH O
H3CO O
OCH3
OCH3
(20)
O
O
O OH
O H O H
(21)
Fonte: (ALMEIDA, 2007; CHANG, 2008).
3.5.3 AtividOde LeishimOnicidO
UZITANO e colaboradores (2012) avaliaram o potencial terapêutico em testes
de atividade leishimanicida do flavonoide glicosilado 22(FigurO 8), isolado de
Kalanchoepinnatae obteve bons resultados quanto ao seu potencial contra Leishimaniose, um grande problema de saúde global.
FigurO 8- Flavonoide com atividade leishimanicida
OH O O
O OH O
OH O
H O H
OH OH
H3CO
OCH3
(22)
Levantamento bibliográfião
3.5.4 AtividOde OntibOcteriOnO
FigurO 9- Flavonoide com atividade antibacteriana
O
O OH O H
OH
OH
O
O O H
OH
OH OH
O
O OH O H
OH
OH
O O
O H
OH OH
OH
(24) (25)
O
OH OH O
O O
H
OH
O OH
OR H3CO
O H
O H
(23)
O
O
H OCH3
O
O
OH OH O
H
R=
Fonte: WAAGE, 1985).
Os flavonoides agem geralmente impedindo o crescimento de
micro-organismos e sua ação deve-se muitas ve-es ao pH. É comum encontrarmos
flavonoides que apresentem atividade antibacteriana (FANG, 2008). Os compostos
(23 – 25) isolados de Narrowleaf ervilhaca apresentaram poder de inibição contra o
crescimento das bactériasPseudomonasmaltophilia e Enterobactercloacae(WAAGE, 1985).
3.5.5 AtividOde ImunomodulOdorO
Em um estudo reali-ado por WANG e colaboradores (2004), detectou-se a
presença de dois flavonoides glicosilados (26) e (27) nas folhas de
Pleioblastusamarusque apresentam resultados positivos quanto às suas atividades imunomoduladoras, melhorando a atuação na defesa do organismo contra agentes
Levantamento bibliográfião
FigurO 10- Flavonoide com atividade imoduladoras
O O
O O H
OH OH OCH3
OCH3
O OH H3CO
O H
O
OH OCH3
OCH3
O O H3CO
O
OH O
H O H
OH
(26)
(27)
Fonte: WANG (2004).
3.5.6 AtividOde Onti-inflOmOtóriO
Os flavonoides atuam modulando as células envolvidas no processo de
inflamação (por exemplo, inibindo a proliferação de linfócitos T), inibindo a produção
de citocinas pró-inflamatórias e modulando também a en-ima formadora de óxido
nítrico, a óxido nítrico sintaseindi-ida (iNOS). Na busca por ação anti-inflamatória
são reali-ados diversos ensaios in vitro e in vivo. Os testes in vitro são reali-ados em cultura de células com o objetivo de observar se o flavonoide é capa- de redu-ir ou
até mesmo inibir a formação de mediadores, a produção de en-imas e citocinas
envolvidas, a proliferação de linfócitos, dentre outros. Enquanto que os ensaios in vivo utili-am agentes indutores de inflamação nos animais de laboratóriovisando avaliar se o flavonoide é capa- de inibir ou redu-ir a formação do edema, a migração
das células de defesa ou a formação de mediadores e en-imas.
FigurO 11- Flavonoide com atividade anti-inflamatória (28)
O O
H
O H
OH
O O
O OH O
H
O H O H
(28)
Levantamento bibliográfião
Quercetina e canferol apresentam significativa ação anti-inflamatória, que
pode ser atribuída à inibição de diferentes en-imas e da produção de óxido nítrico,
através da modulação da en-ima iNOS. A figura 11 e tabela 3 mostram exemplos de
TObelO 3- Flavonoides com atividade antineuroinflamatória (29-31)
OR3
OR1
O
O OH
R2O
R1 R2 R3
29
O
O H
OCH3 O
O
OH OH O
H
H O
OH O
H O H
OH
30
O
O H
OCH3 O
O
OH OH O H
O
OH O
H O H
OH
H
31
O
O H
OCH3 O
O
OH OH O H
O
OH O
H O H
OH
O
OH O
H O H
OH
Levantamento bibliográfião
flavonoides que atuam na atividade anti-inflamtoria e antineuroinflamatórias
(QUEIROZ, 2010; JUNG, 2012; WOO, 2012).
3.5.7 DoençOs cOrdiovOsculOres
Uma série de ensaios reali-ados com alimentos ricos em
flavonoidesdemostraram a capacidade destas substâncias no controle da pressão
arterial, assim como os efeitos na prevenção de diversas enfermidades
cardiovasculares(NIJVELDT, 2001).Essas substânciaspodem atuar no relaxamento
dos músculos do sistema vascular, contribuindo para redu-ir a pressão arterial e
melhorando a circulação em geral. (ARAÚJO,2005)
Experiências reali-adas em animais proporcionaram uma redução na gordura
do fígado diretamente associadaàpresença de flavonoides no organismo. Também
redu-iu o colesterol total em 30,9% e o LDL em 29,3%. (YUGARANI, 1992).
3.6 FLAVONOIDES GLICOSILADOS DESCRITOS NA LITERATURA
Foi reali-ada uma revisão bibliográfica dos dados espectroscópicos de RMN
13
C de flavonoides glicosilados relatados, com o intuito de disponibili-ar um banco de
dados, além de adquirir padrões para justificar a elucidação estrutural dos
compostos isolados. Foram encontrados flavonoides glicosilados pertencentes à
classe dos flavonóis, os quais foram isolados da espécie Waltheria ferruginea, além de flavonas e flavanois.
O núcleo básico de flavonoidesé reconhecido no espectro de RMN13C por apresentar quin-e carbonos, dentre os quais, do-e sinais são de nature-a aromática.
A diferença geralmente se encontra na substituição aromática dentro da mesma
classe e, entre as classes, no anel C. Normalmente o sinal do carbono anomérico
(C1’’)do açúcar presente em flavonoides o-glicosilados é identificado por uma
absorção na região entre δ 98 e 102, no RMN 13Ce a quantidade de carbonos anoméricos visíveis no espectro é referente ao numero de unidades de açúcar
Levantamento bibliográfião
ausente, uma ve- que C1’’ está ligado a apenas um carbono, assim todas as
ressonâncias da unidade do açúcar aparece entre 60 e 80 ppm.
Os tipos de glicosídeos de flavonoides são indistinguíveis pelas ressonâncias
de carbonos aromáticos, mas os desvios químicos das ressonâncias no anel C (C2,
C3 e C4) são de grande importância para obter essas informações. Geralmente, há
um limite onde esses átomos devem absorver no espectro de RMN 13C. A media dos deslocamentos químicos típicos de RMN13C do anel C, em ppm, de flavonóis e flavonassão apresentados na TObelO 4.
TObelO 4-Deslocamentos químicos típicos de RMN 13C de flavonoides
5-hidroxilado
C2 C3 C4
FlOvonOs 159.7-165.8 101.9-113.5 176.0-183.7
FlOvonois 140.159.7 132.5-139.2 175.9-179.8
Fonte: AGRAWAL (1989).
Os efeitos variam notavelmente para a glicosilação do grupo 5-hidroxiem
anéis A de flavonoides. O principal fator responsável por esse comportamento
incomum é o rompimento das interações intramoleculares do tipo ligação de
hidrogênio, pela presença de unidades de açúcar nesta posição. (AGRAWAL, 1989).
3.6.1 FlOvOnol
As moléculas de flavanois não apresentam carbonila e observa-se uma
absorção característica de carbono saturadono espectro de RMN 13C próxima deδ 26,0, referente ao C4. Quando ligados a moléculas através do oxigênio, o carbono
normalmenteabsorve em valores maiores que δ155. Carbonos orto a posições oxigenadas são identificados pela absorção entre δ95,0 devido a densidade eletrônica disponibili-ada pela mesomeria reali-ada pelos oxigênios orto. Carbonos
glicosilados e orto a dois grupos doadores de densidade eletrônica, absorvem por
Levantamento bibliográfião 76.2 72.9 65.8 60.4 80.8 144.6 156.7 155.7 155.0 94.8 114.2 130.2 144.6 100.5 96.1 69.4 101.9 76.6 118.4 115.0 27.3 O OH O H O H OH O OH OH OH O OH
(32) NONAKA, G., 1983 (DMSO-d6 + D2O, 25MHz)
169.5 156.8 155.1 156.6 144.9 95.4 115.1 114.1 67.5 25.5 99.6 96.6 20.9 O OH O H O H OH O O O CH3 OH O OH O H 100.5 76.6 76.4 73.3 69.6 60.6 76.4 129.1 117.5 144.9
(33) MENG, D. 2010 (100MHz, DMSO-d6)
169.6 156.8 155.1 156.3 145.0 95.8 115.2 114.1 67.5 25.5 99.7 96.8 20.9 100.5 73.9 76.3 73.2 70.0 63.4 76.4 129.0 117.5 145.0 C H3 O C H3 O OH O H O H O O O O CH3 OH O OH O H 176.1 33.2 18.8
(34) MENG, D. 2010 (100MHz, DMSO-d6)
169.5 156.8 155.1 156.5 144.9 95.7 115.2 114.0 67.4 25.5 99.7 96.8 20.8 76.3 11.2 63.4 76.4 129.0 117.5 144.9 175.7 40.1 26.3 16.3 O OH O H O H O O O CH3 O OH OH OH O O C H3 C H3 100.5 73.8 73.2 70.0
(35)MENG, D. 2010 (100MHz, DMSO-d6)
O O O O CH3 OCH3 O H OH OH O O H OH OH OH 172.0 153.3 152.5 149.4 146.0 145.9 130.9 128.6 119.0 115.9 115.0 69.33 26.62 101.1 93.7 20.77 56.83 101.16 75.75 77.66 69.33 56.83 78.0
(36) CUENDET, M., 2001 (50MHz, CD3OD)
3.6.2 FlOvonOs
As flavonas possuem uma carbonila em seu núcleo básico, a qual é
caracteri-ada no RMN 13C por uma absorção por volta de δ 180,0, que é justificada pelo efeito mesomérico retirador do grupo carbonila. Nos anéis aromáticos, quando
temos oxigênios ligados a moléculas, o carbono da ligação normalmente absorve em
Levantamento bibliográfião
Carbonos orto a posições oxigenadas são identificados pela absorção entre δ95,0. C- glicosideos, quando orto a dois grupos doadores de densidade eletrônica,
absorvem por volta de δ 128,0 ppm. . 73.6 72,.4 61.2 182.2 163.7 148.7 164.7 157.8 161.9 99.4 119.0 114.0 125.3 117.2 147.9 104.3 94.5 70.4 99.7 74.4 O O H OH OH O H O O O O H OH OH 104.3
(37) BERTRAND, A., 2006(75MHz, DMSO-d6)
74.3 81.4 71.8 70.32 61.0 78.7 182.3 164.1 161.4 162.7 155.2 108.5 128.9 122.0 116.2 103.6 102.8 104.7 159.5 74.5 71.8 79.1 70.8 81.8 61.5 O OH O H O H OH O O H OH O H OH O OH O OH O H
(38) LU, Y., 2000 (75MHz, DMSO-d6)
73.6 73.2 60.5 69.8 99.9 77.5 133.4 128.0 128.5 130.2 164.8 144.5 117.0 O O H3CO
OH O OH OH O H O OCH3 O O 110.4 181.7 160.8 132.9 149.0 156.5 95.7 121.5 116.3 103.8 128.2 158.1 122.8 129.1 155.1 56.1 60.6
(39) DAMU, A. G., 1999 (75MHz, DMSO-d6)
71.4 82.2 73.0 71.4 61.8 77.1 119.9 109.2 145.2 138.6 165.7 O O OH O H OH O O H OH O H O OH O OH O H O H 183.1 166.6 149.7 163.3 157.0 98.1 119.9 114.0 122.0 115.7 145.9 104.6 102.7 104.6 161.7
(40) LATTÉ, P. K., 2002 (100MHz, CD3OD)
77.1 74.6 104.8 62.4 176.6 163.2 132.1 153.9 153.4 143.0 103.5 126.8 131.1 129.1 107.6 128.1 71.3 O OH O H O H OH O O O O H OH 104.2 77.6
(41) BILIA, A. R., 1993 (200 MHz, CD3OD)
72.2 81.9 72.9 70.8 61.8 182.9 166.6 149.9 163.9 157.8 109.3 119.3 113.2 122.6 115.7 145.9 103.9 102.9 95.0 O O O H O H OH O OH O OH O H O O H O H O H O H 109.3 145.2 138.6 165.7 163.9 82.2 119.9
Levantamento bibliográfião 182.2 164.8 163.2 161.4 150.2 146.0 119.4 116.2 105.6 103.4 100.1 99.8 77.4 76.7 73.4
69.8 60.9 113.8
121.6 O OH O H O H OH O O OH O OH OH 157.2 95.0
(43) WANG, M., 1998 (DMSO, 200MHz)
O O OH O H O H OH O
H3CO
OH O OH 100.2 76.7 77.2 73.1 69.6 60.6 182.1 164.2 161.3 156.3 152.3 152.0 132.5 128.4 121.0 115.9 105.6 102.6 94.3 60.2
(44) WANG, M., 1998 (DMSO-d6, 300MHz)
O OH OH OH O O O H O H O H OH OH O 164.9 103.3 182.2 161.4 99.8 163.2 95.0 157.2 105.6 121.3113.7 146.2 150.8 116.3 100.28 73.48 76.75 69.93 77.51 60.99
(45) LU, Y., 2000 (75 MHz, DMSO- d6)
184.2 168.6 166.9 163.3 163.3 129.8 117.2 106.7 104.1 101.9 75.4 77.6 74.5 71.3 64.9 122.9 O OH O H O H O O OH O OH COCH3 158.8 96.3 172.6 20.6
(46) SVEHLIKOVA, V., 2004 (150MHz, CD3OD)
182.2 162.9 164.5 161.5 161.3 128.8 116.2 105.6 103.3 99.8 99.8 74.0 76.3 73.2 69.7 64.3 121.2 O OH O H O H O O OH O OH COOH O 157.2 95.0 167.0 41.5 167.9 103.2 184.1 166.9 151.3 164.6 163.1 158.9 101.2 114.4 122.0 147.1 107.1 96.1 116.8 120.6 77.8 74.6 65.2 72.2 101.0 75.7 132.9 116.2 163.6 123.5 O OH O H O H O O O OH OH O O H OH 168.1 164.9 162.1 158.2 163.8 95.2 117.2 129.2 103.0 182.2 105.3 100.2 O O O H O H OH O OCH3 O OH O O OH 99.99 73.9 77.5 78.2 71.8 60.0 163.2 166.2 115.1 130.8 125.2 129.9 160.1 114.7
(48) HIROBE, C., 1997 (100 MHz, CD3OD).
(49) PILOUKAS, M., 2010 (75MHz, MeOD-d6)
Levantamento bibliográfião 182.2 164.5 166.8 162.7 161.5 128.8 116.2 105.7 103.4 99.5 99.6 71.2 75.5 73.1 70.8 63.3 121.2 O OH O H CH3CO
O O OH O OH COOH O 157.1 95.0 167.7 41.4 169.9 20.8 172.6 164.1 103.2 182.2 104.9 162.1 99.8 164.9 95.2 157.7 129.1 117.0 164.3 71.3 77.3 71.8 73.9 64.1 166.2 100.2 O OH O OH O O O H O H O O OH OH 122.2 114.1 129.9 124.8 115.2 129.9 O O OH O H O H OH O OH O OH OH O H 101.34 76.18 77.64 73.56 70.05 61.04 182.6 164.9 150.1 151.6 149.3 146.9 130.8 113.8 119.3 122.2 146.1 116.3 106.1 102.9 94.37 99.2 73.7 75.3 82.4 69.5 63.1 182.3 164.1 161.3 152.2 143.8 150.4 99.6 128.6 128.6 121.2 115.9 115.9 105.6 102.7 127.4 102.5 71.5 70.8 71.5 66.7 63.5 O
OH O H O H OAc O O O O H O H 55.8 O OH O OH OH 170.3 20.6 99.3 77.1 75.5 82.5 69.2 60.5 182.3 164.0 161.3 152.1 143.6 150.3 100.0 128.6 121.1 115.9 105.5 102.6 127.8 102.5 71.4 70.7 71.4
66.7 63.4 O
OH O H O H OAc O O O O H O H OH O OH O OH OH 170.2 20.4
(50) SVEHLIKOVA, V., 2004
(150MHz, CD3OD)
(51) PILOUKAS, M., 2010. (75MHz, MeOD-d6)
(52) LU, Y., 2000 (75 MHz, DMSO-d6)
(53) LENHERR, A., 1987 (125 MHz, DMSO-d6)
Levantamento bibliográfião 99.5 77.1 75.6 82.2 69.3 60.6 182.4 164.0 151.2 152.3 143.9 150.7 100.1 119.0 113.2 123.1 146.8 105.6 103.4 127.6 102.3 71.5 70.9 71.5 67.0 63.6 O OH O H O H OAc O O O O H O H OH O OH O OCH3 OH O H 170.3 20.4 55.8 112.1 99.5 77.1 75.6 82.2 69.3 60.6 182.4 164.0 151.2 152.3 143.9 150.7 100.1 119.0 113.2 123.1 146.8 105.6 103.4 127.6 102.3 71.5 70.9 71.5
67.0 63.6 O
OH O H O H OAc O O O O H O H OH O OH O OCH3 OH O H 170.3 20.4 55.8 112.1 99.2 77.0 75.4 82.1 69.1 60.4 182.2 164.2 149.8 152.1 143.8 150.5 99.8 119.1 113.5 121.5 115.8 145.6 105.4 102.6 127.4 102.2 71.4 70.7 71.4
66.8 63.3 O
OH O H O H OAc O O O O H O H OH O OH O OH OH OH 170.2 20.5 99.O 73.5 75.2 81.9 69.4 63.0 182.2 164.2 149.8 152.1 143.9 150.3 99.4 119.1 113.5 121.4 115.8 145.6 105.4 102.6 127.3 102.1 71.3 70.7 71.3
66.8 63.4 O
OH O H O H OAc O O O O H O H OAc O OH O OH O H OH 170.2 20.5 20.3 170.1 79.9 72.5 103.8 65.1 183.9 166.1 151.1 165.3 158.7 162.1 108.8 114.1 123.4 147.0 105.1 95.5 71.9 75.4 79.9 116.8 120.4 O OH O H H3CO
O O O O H OH OH O OH OH OH 127.7 115.1 146.7 149.6 116.5 123.1 147.7 114.9 169.3 49.7
(55) LENHERR, A., 1987 (125 MHz, DMSO-d6)
(56) LENHERR, A., 1987 (125 MHz, DMSO-d6)
(57) LENHERR, A., 1987 (125 MHz, DMSO-d6)
(58) LENHERR, A., 1987 (125 MHz, DMSO-d6)