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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Sá da Bandeira Porto e no Azienda Ospedaliera Ospedali Riuniti Villa Sofia - Cervello

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Academic year: 2021

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José Carlos Gonçalves Mesquita

Farmácia Sá da Bandeira Porto

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Sá da Bandeira Porto

Maio de 2020 a outubro de 2020

José Carlos Gonçalves Mesquita

Orientador : Dra. Alexandra Rendeiro

Tutor FFUP: Prof.ª Doutora Maria Irene Jesus

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 15 de novembro de 2020 José Carlos Gonçalves Mesquita

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Agradecimentos

É com sentimentos ambíguos que me começo a despedir da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, que no ano de 2015 me acolheu e nos 5 anos posteriores me abençoou com amizades, conhecimento e sobretudo experiências.

Começo por agradecer à comissão de estágios, por tornar possível o meu estágio na Farmácia Sá da Bandeira, em especial à minha tutora, a Prof.ª Doutora Maria Irene Jesus, por me aconselhar e corrigir quando necessário.

Agradeço também a todo o corpo docente que ao longo do meu percurso académico me marcaram, em especial à Prof.ª Doutora Paula Andrade, à Prof.ª Doutora Patrícia Valentão e ao Doutor Nelson Gonçalo Mortágua, pelas oportunidades que me disponibilizaram, pelas suas lições, pelo rigor que me transmitiram e pela simpatia e disponibilidade que sempre me mostraram, que recordarei com muito apreço. Ao Prof.º Doutor Agostinho Almeida, agradeço a oportunidade que me disponibilizou de realizar ERASMUS em Palermo, Itália, sem dúvida das melhores e mais marcantes experiências da minha vida.

Agradeço a todos os colaboradores da Farmácia Sá da Bandeira, em especial à Dra. Alexandra, por me ensinar os valores da farmácia, bem como por todo o rigor , simpatia e individualização que demonstrava em cada atendimento. À Dra. Margarida e à Dra. Paula, obrigado por toda a sabedoria que me transmitiram, por me ensinarem a ser próximo do utente, por me corrigirem e ensinarem, pela paciência e disponibilidade, simpatia e proximidade e por serem exemplos de excelentes pessoas e profissionais. À Dra. Daniela e à Dra. Diana, agradeço o à vontade com que sempre me deixaram, bem como a disponibilidade e dedicação que as caracterizavam. À Sandra, agradeço toda a simpatia e proximidade com que sempre me tratou, bem como toda a ajuda e apoio quando mais era necessário. À Sofia agradeço a boa disposição contagiante com que sempre me recebia, bem como pelos conselhos que me dava quando eram necessários. À Sónia, Catarina, Ricardo Rafael, Cátia, Miguel, Rute, Inês e “To-Zé” agradeço a disponibilidade para tirar qualquer dúvida que surgia no atendimento, bem como pela boa disposição que sempre mostraram. Ao Ricardo Coimbra e à Patrícia, agradeço por me mostrarem a importância da excelente gestão de “backoffice”, pelo vosso rigor e profissionalismo. Ao Dr. António, agradeço a oportunidade em realizar estágio numa farmácia com tanto profissionalismo, rigor e vontade de ajudar, que se encontra ao serviço de um público tão variado, que ergueu as bases de um futuro profissional.

A todos os meus amigos, obrigado por me acompanharem, por me ouvirem e me apoiarem sempre que “tropeçava”. Vivemos estes cinco anos na sua plenitude, as experiências foram incríveis e memoráveis. Cinco anos foi só o começo de uma longa aventura convosco.

À minha família, em especial aos meus pais e à minha irmã, por todos os sacrifícios que fizeram para que possa ser mais e saber mais, palavras nunca poderão descrever o ambiente em que me criaram e o amor e carinho que me deram. O que sou hoje, devo à educação que me proporcionaram. Obrigado.

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Resumo

Este relatório relata as atividades que realizei ao longo do estágio profissionalizante em farmácia comunitária na Farmácia Sá da Bandeira Porto, durante o período de 5 meses e 1 semana, entre o mês de maio e o mês de outubro de 2020.

O relatório encontra-se dividido em duas partes, sendo que a primeira descreve as tarefas que realizei, nomeadamente atendimento ao público, receção de encomendas, preparação de manipulados, medição de parâmetros bioquímicos, entre outros. A segunda parte descreve os dois projetos que desenvolvi. Um deles foi a realização de um panfleto informativo sobre os riscos da exposição solar, desde queimaduras solares, a fotoenvelhecimento e carcinogénese, ao qual se percebeu uma adesão moderada. O segundo projeto, focado na gripe, e envolvendo temáticos como vacinação, descrição do vírus e fisiopatologia, bem como o seu tratamento, e que deu origem à realização de um website, com adesão satisfatória, e uma formação interna à equipa da farmácia.

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Índice

Declaração de Integridade ... iii

Agradecimentos ... iv

Resumo ... v

Lista de Abreviaturas ... viii

Índice de anexos ... ix

Parte I - Atividades desenvolvidas durante o estágio ... 1

1.Resumo do estágio ... 1 2.Farmácia Sá da Bandeira ... 2 2.1.Instalações ... 2 2.2.Recursos Humanos ... 4 2.3.Sistema informático ... 4 2.4.Gestão de Backoffice ... 4 2.4.1.Gestão de stocks ... 4 2.4.2.Realização de encomendas ... 5 2.4.3.Receção de encomendas ... 6 2.4.4.Armazenamento ... 7

2.4.5.Controlo de prazos de validade ... 8

2.4.6.Devoluções e quebras ... 8

2.5.Pandemia de Covid-19 ... 9

3.Dispensa de medicamentos e produtos de saúde ... 9

3.1.Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) ... 10

3.1.1.Prescrição médica ... 10

3.1.2.Dispensa ... 12

3.1.3.Medicamentos genéricos ... 13

3.1.4.Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ... 13

3.1.5.Sistemas de comparticipação ... 14

3.1.6. Conferência do receituário ... 15

3.2.Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) ... 15

3.3.Produtos e medicamentos manipulados ... 16

3.4.Suplementos alimentares ... 17

3.5.Medicamentos e produtos veterinários... 17

3.6.Produtos de Puericultura, Obstetrícia e Nutrição infantil ... 18

3.7.Produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC) ... 18

3.8.Dispositivos médicos ... 18

4.Serviços prestados ... 19

4.1.Entregas ao domicílio ... 19

4.2.Medição da pressão arterial ... 19

4.3.Testes bioquímicos ... 19

4.4.VALORMED ... 20

5.Conclusão ... 20

6.Formações e webinares ... 20

Parte II – Projetos desenvolvidos durante o estágio ... 21

Projeto I – “Riscos da exposição solar” ... 21

Enquadramento teórico ... 21

1.Fisiologia da pele ... 21

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1.2.Escala de Fitzpatrick ... 21

2.Efeitos na pele da exposição solar ... 22

2.1.Efeitos de exposição UV aguda na pele ... 22

2.1.1.Eritema solar e bronze ... 23

2.2.Efeitos de longa duração da radiação UV na pele ... 23

2.2.1.Fotoenvelhecimento ... 23 2.2.2.Carcinogénese ... 24 3.Prevenção e Tratamento ... 25 3.1.Queimadura solar... 25 3.2.Fotoenvelhecimento... 25 Enquadramento prático ... 26 Objetivos ... 26 Métodos ... 26 Resultados e conclusão ... 27

Projeto II – “A época gripal” ... 27

Enquadramento teórico ... 27

1.Gripe ... 27

1.1.Sintomas ... 27

1.2.Medidas a tomar em caso de gripe: ... 28

2.Vírus da gripe (Influenza) ... 28

2.1.Estrutura do vírus ... 28

2.2.Replicação do vírus ... 29

2.3.Fisiopatologia da infeção ... 30

3.Terapia farmacológica ... 30

3.1.Inibidores da proteína M2 ... 30

3.2.Inibidores da neuraminidase (NA) ... 31

3.3.Xofluza® inibidor da CEN ... 32

4.Vacinação ... 32

4.1.Norma 016/2020 ... 32

4.1.1.Quem deve ser vacinado: ... 33

4.1.2.Quem não deve ser vacinado ... 33

4.1.3.Vacinação em farmácia comunitária: ... 33

4.1.4.Fases de vacinação ... 34

4.2.Processo de desenvolvimento de vacinas ... 34

4.3.Métodos de produção de vacinas da gripe ... 34

4.3.1.Vacinas com base em ovo ... 35

4.3.2.Vacinas com base em células ... 35

4.3.3.Vacinas recombinantes ... 35

4.4.Seleção de vírus candidatos a vacinas (CVVs) ... 35

Enquadramento Prático ... 36 Objetivos ... 37 Métodos ... 37 Resultados e conclusão ... 37 Bibliografia ... 39 Anexos ... 44

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Lista de Abreviaturas

AIM – Autorização de Introdução no Mercado A.T.C. – Anatomical, therapeutical, chemical AUE – Autorização de utilização excecional CEN – Cap-dependent endonuclease CNP – Código Nacional do Produto CPD – Dímeros de ciclobutano CVV – Candidate vaccine viruses

DAMP – Damage-associated molecular pattern molecules DCI – Denominação comum internacional

DGAV – Direção-Geral de Alimentação e Veterinária DGS – Direção-Geral de Saúde

FEFO – First expired first out FIFO – First in first out

FP9 – Farmacopeia portuguesa 9 FSB – Farmácia Sá da Bandeira GBA – Gavetas de balcão HA – Hemaglutinina

IRF – Iinterferon regulatory factor IVA – Imposto sobre o valor acrescentado

MAVS – Mitochondria associated antiviral signalling protein MC1R – Melanocortin 1 receptor

MED – Dose mínima eritematosa

MNSRM – Medicamento não sujeito a receita médica MSRM – Medicamento sujeito a receita médica NA – Neuraminidase

NOD-2 – Nucleotide-binding oligomerisation domain-containing protein PAMP – Pathogen-associated molecular pattern molecules

PIC – Preço impresso na cartonagem POMC – Pro-opiomelanocortina

PRM – Problemas relacionados com o medicamento PV – Prazo de validade

PVA – Preço de venda ao armazenista PVF – Preço de venda à farmácia PVP – Preço de venda ao público RIG-1 – Retinoic acid inducible gene-1 SA – Substância ativa

SI – Sistema informático TLR – Toll-like receptors UV – Ultravioleta

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Índice de anexos

Anexo I. Solução de minoxidil a 5%, posteriormente utilizada para embalar individualmente. .43 Anexo II. Preparação de tintura de timerosal 0,1% ………...44 Anexo III. Polvilho para os pés………...45 Anexo IV. Panfleto realizado para alertar a população para os riscos da exposição solar………..46 Anexo V. Apresentação utilizada para a formação interna sobre a gripe. …………...…………..47 Anexo VI. Conteúdo do website criado………...55 Anexo VII. Visualizações e localização das visitas do website. ………..63

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Parte I - Atividades desenvolvidas durante o estágio 1. Resumo do estágio

O meu estágio na farmácia Sá da Bandeira teve a duração de 5 meses, decorridos entre os dias de 11 de maio a 16 de outubro. Inicialmente estagiei entre as 10h e as 17h, com uma pausa de 30 minutos para almoço. Este era um horário reduzido, devido à situação sanitária na qual o mundo se encontra, e às quais a farmácia se teve de adaptar. Posteriormente, e com o início por minha parte de atendimento ao publico, o horário passou a ser variável, com duração entre as 6h30 e as 8h, de acordo com as necessidades da farmácia.

Através do estágio, tive a oportunidade de perceber o impacto que um farmacêutico comunitário tem no quotidiano da população, que da sua atividade está dependente. A dispensa de MSRM de forma segura e o aconselhamento de MNSRM, de cosméticos e dispositivos médicos, são parte integrante do dia a dia do farmacêutico. Foi particularmente notável na Farmácia Sá da Bandeira esta dedicação entre os seus colaboradores, durante a realização das suas atividades, facilmente deduzível pelos seus valores: Qualidade, Paixão, Superação, Rigor, Respeito e Criatividade.[01]

Assim, para garantir a normal realização dos trabalhos, todos os colaboradores têm especificamente designadas as suas tarefas. Na tabela 1, estão especificadas, de forma cronológica, aquelas que enquanto estagiário, realizei.

Tabela 1. Cronograma das atividades realizadas durante o estágio

Data Local/Funções 11/05 – 05/06 Atividades de armazém: • Reposição de produtos • Receção de encomendas • Separação de encomendas • Devoluções • Quebras 08/06 – 19/06 Laboratório de manipulados: • Preparação de manipulados • Acondicionamento e rotulagem • Cálculo de preços 22/06 – 10/07 Atividades de armazém: • Reposição de produtos • Receção de encomendas • Separação de encomendas Farmácia.pt:

• Separação de encomendas individuais 13/07 – 17/07 Acompanhamento do atendimento Atividades de armazém Reposição de produtos Formação interna: • Política de atendimento 20/07 – 07/08 Atendimento ao público Atividades de Armazém

Desenvolvimento do Projeto I – Efeitos da exposição solar 10/08 – 16/10

Atendimento ao público Atividades de Armazém

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2. Farmácia Sá da Bandeira

A Farmácia Sá da Bandeira (FSB) localiza-se na Rua de Sá da Bandeira 236 a 254, 4000-428 Porto, estrategicamente posicionada numa zona de grande desenvolvimento comercial, sendo vizinho à Rua do Bolhão e à rua de Santa Catarina, onde existe elevada movimentação de pessoas. Isto confere uma grande diversidade no atendimento ao público, uma vez que diariamente se apresentavam tanto jovens como adultos, mas predominantemente idosos, de diversas etnias e classes socioeconómicas.

Sendo comum a organização de farmácias em grupos, a FSB não é exceção. Encontra-se inserida num grupo de farmácias de nome “Grupo Sá da Bandeira”. Neste grupo encontram-se 5 farmácias, sendo elas, além daquela em que estagiei, a farmácia Sá da Bandeira Ermesinde, a farmácia Sá da Bandeira Rio Tinto, a Farmácia Avenida e a Farmácia Avenida Mais. Também se encontram incluídos no grupo a plataforma digital “farmácia.pt”, na qual se vende, tanto medicamentos sujeitos a receita média (MSRM), como medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), e a plataforma de venda de produtos de cosmética e perfumaria “skin.pt”, pertencente à empresa “7SKIN”. Neste grupo, a Farmácia Sá da Bandeira Porto atua como armazenista e fornecedor aos restantes parceiros do grupo, uma vez que apresenta o maior stock de produtos e recebe as encomendas de maior volume.

A farmácia inicia a sua abertura às 8h15 e encerra às 19h30, realizando atendimento ao público de segunda-feira a sábado, incluindo feriados e, quando requerido, fazem serviço permanente durante a noite.

2.1. Instalações

A FSB é um edifício devidamente sinalizado com uma cruz verde luminosa e a designação “farmácia”, sendo também facilmente identificável o seu horário de funcionamento, respeitando assim as boas práticas farmacêuticas para a farmácia comunitária[02]. Exteriormente é também visível

os painéis publicitários com as atuais campanhas em vigor. É constituída por três andares com os acessos à farmácia a serem uma porta para a entrada dos utentes, com uma rampa que permite a entrada a pessoas de mobilidade reduzida. Uma saída, de forma a que o movimento dos utentes se realize num só sentido, e o que permite também que o utente visualize todos os produtos expostos (lineares). Apresenta também uma segunda entrada por onde é possível os distribuidores acederem às traseiras da farmácia e deixarem as encomendas.

No rés-do-chão da farmácia é onde acontece o atendimento aos utentes. Este é constituído por nove balcões de atendimento, uma sala para determinação de parâmetros bioquímicos e uma balança digital de determinação de peso e altura. A ordem de atendimento é determinada por ordem de chegada, através de um dispensador automático de senhas, existindo também dois monitores, um a meio e outro no fundo da farmácia, de forma a facilitar aos utentes a visualização do número a ser atendido. Atrás de cada balcão é onde se encontram os medicamentos designados de GBA (Gavetas de Balcão), organizados por ordem alfabética. Nesta área encontram-se arrumados também os sticks

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3 labiais, medicamentos para o enjoo, emplastros, pilulas contracetivas, emplastros, pastilhas para dores de garganta, entre outros produtos.

Numa outra área, ao abrigo da vista do público, encontram-se armazenados em colunas de gavetas as restantes embalagens de medicação, sempre organizadas por ordem alfabética, e divididas em ampolas, xaropes, carteiras, retais, vaginais, pomadas e cremes, nasais, gotas orais, oftálmicos, otológicos, injetáveis e comprimidos e cápsulas. Neste local encontra-se também uma estante onde a medicação cujo prazo de validade se encontra perto do fim é armazenada, e à qual se dá preferência ao dispensar, tendo sempre em conta a posologia do medicamento, certificando-nos que a embalagem é finalizada antes do prazo terminar. Paralelamente oposta a esta área, encontra-se outra secção onde são armazenadas as amostras, os sacos e rolos de papel para impressão, assim como fichas para encomendas individuais, perdidos e achados e o contentor do VALORMED.

No local oposto à porta de saída encontra-se uma escadaria, ao longo da qual se encontram armazenados alguns produtos, nomeadamente loções, pós e outros de uso dermatológico que não se encontram expostos. Do lado direito à escadaria, encontra-se o acesso ao laboratório de manipulados e uma pequena copa, com cacifos para guardar os pertences pessoais dos colaboradores. É também nesta área onde são deixadas as encomendas pelos distribuidores.

No topo da escadaria, há um local de armazenamento de produtos como gazes, sondas, mangas, etc., estando também presente aqui um frigorífico para armazenamento de excesso de stock, além de um pequeno elevador, que permite o transporte das encomendas, do piso onde são inicialmente deixadas, para o piso atual. É também neste piso que se encontra a divisão de “backoffice”. Esta divisão apresenta uma bancada à direita e uma outra à frente, com dois computadores em cada bancada, sendo nestes computadores que se faz a entrada e pedido de encomendas diárias, através do SIFARMA. Organizam-se a saída de encomendas realizadas através das plataformas digitais pelos utentes da farmácia, também na bancada da direita. O restante espaço da divisão está disponível para o armazenamento de medicamentos e produtos de cosmética, nomeadamente, e por ordem, produtos de higiene bucal, produtos capilares, carteiras e produtos de uso nasal e oftálmico no primeiro corredor. Xaropes, shampoos, produtos veterinários, gotas orais e produtos de bebé no segundo. Vaginais, preservativos, produtos “Easyslim®”, cremes e pomadas, e produtos de medição de parâmetros bioquímicos, nomeadamente tiras de medição da glicémia no terceiro. Por fim produtos de cosmética, organizados por marca, no quarto corredor.

Após a divisão de “backoffice”, encontra-se o gabinete da diretora técnica, seguido de uma escadaria que descendo, vai dar a uma pequena divisão onde se realiza a medição de parâmetros bioquímicos, sendo que esta divisão se encontra imediatamente em frente à porta de entrada da farmácia. Antes desta escadaria existe um armazém denominado “ortopedia”, onde são armazenados produtos de alimentação de bebé, fraldas e ortopédicos. Em frente ao gabinete da diretora técnica, encontra-se uma outra escadaria que dá acesso ao terceiro piso, onde estão os escritórios, o callcenter

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4 do “farmácia.pt” e outro armazém de maiores dimensões, que armazenam os excessos, tanto de medicamentos, como cosméticos.

2.2. Recursos Humanos

A manutenção do bom funcionamento da FSB é assegurada por “… uma equipa jovem e dinâmica de profissionais com fortes competências na área da saúde, beleza e bem-estar” que aposta “na sua permanente atualização” para que possam “partilhar conhecimento e paixões!”[01]. Esta

equipa é constituída por 6 farmacêuticos (incluindo o proprietário e a diretora técnica), 10 técnicos de farmácia (estando um responsável pelo laboratório), 2 auxiliares de armazém, 3 estafetas responsáveis pelas entregas ao domicílio, 1 diretora de recursos humanos, 1 diretora de marketing, 3 funcionárias administrativas, 1 auxiliar de limpeza e 1 segurança subcontratado. Há também a possibilidade da contratação de pessoal para outros serviços, temporariamente, caso haja essa necessidade. É o caso disso uma contratação efetuada durante o período de pandemia de Covid-19, para dar resposta ao aumento do número de encomendas online, que permitiu a prestação de um melhor serviço à comunidade. Apesar da equipa da FSB ser de grandes dimensões, isto não apresenta um entrave ao seu bom funcionamento, uma vez que cada membro desta equipa apresenta funções específicas, muito bem definidas. Para além disto, existe uma excelente comunicação entre todos os membros da equipa, permitindo o seu máximo desempenho.

2.3. Sistema informático

Como uma grande parte das farmácias, a FSB utiliza o sistema informático SIFARMA 2000®, desenvolvido pela Glintt. É através deste programa que se faz toda a organização da farmácia, incluindo a dispensa de medicação, gestão da ficha do utente, a entrada e pedido de encomendas, fornecedores preferenciais, a gestão de stocks, quebras e validades e a transferência de produtos entre as farmácias do grupo. Ele é incrivelmente útil no ato da dispensa, podem facilmente aceder-se a todas as informações dos medicamentos e dos seus equivalentes. É também importante a criação de uma ficha de utente, na qual podem ficar registados as compras do utente para análise no ato da próxima dispensa.

Após contacto com esta plataforma, concluo que é de utilização relativamente simples, após algum tempo de exploração, pois apesar de ser intuitiva, as divisões pela qual é constituída torna-a um pouco complexa. Tive também oportunidade de a utilizar na sua plenitude, ao verificar, sobretudo no ato da dispensa de MNSRM, as precauções e contraindicações a ter a conta ao dispensar o medicamento, de forma a perceber se está adequado às necessidades do utente e se não poderão advir complicações do seu uso, facilitando uma comunicação simples e assertiva, focada no utente, promovendo a adesão à terapia indicada.

2.4. Gestão de Backoffice 2.4.1. Gestão de stocks

A boa gestão de stocks é um passo fulcral na boa administração de uma farmácia comunitária. Quando realizada otimamente, garante não só a satisfação das necessidades do utente, ao diminuir o

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5 máximo possível as “falhas ao balcão”, como garante a sustentabilidade económica da farmácia. De forma a garantir isto, o Sifarma® disponibiliza em cada produto um stock mínimo e máximo, que pode ser ajustado conforme as necessidades da farmácia, tendo em conta a sazonalidade de determinados produtos, a existência de campanhas promocionais e o histórico de vendas. Isto permite ao sistema gerar automaticamente uma encomenda diária quando o stock atual dos produtos cai abaixo do stock máximo. Este processo é otimizado, uma vez que está disponível na zona de atendimento, uma folha na qual os colaboradores podem mencionar produtos de “falha ao balcão”, que é posteriormente analisada pelo colaborador responsável, de forma a perceber se é viável alterar ou não, os stocks mínimo e máximo dos produtos. A mesma folha permite também que se declarem erros entre o stock real e o stock informático, que é posteriormente averiguado pelo colaborador responsável, sendo seguidamente realizado, caso efetivamente se verifique o erro, a sua correção.

2.4.2. Realização de encomendas

A farmácia Sá da Bandeira recorre a diversos distribuidores na realização das suas encomendas, que vão dos grossistas convencionais, a pedidos realizados diretamente aos laboratórios, quando são pedidos em grandes quantidades ou com uma vantagem económica associada. Os fornecedores preferenciais da FSB são a OCP Portugal®, que se encontra na ficha da grande maioria de MSRM (medicamentos sujeitos a receita médica) e a Empifarma® que assegura também uma grande gama de MNSRM, alguns produtos de cosmética e produtos de mãe/bebé, como é o caso de fraldas. A Cooprofar® fornece também alguns produtos diversos, incluindo alguns de veterinária, e a Alliance Healthcare® fornece pontualmente alguns produtos. Quanto a matérias primas a serem usadas em laboratório, a Guinama e a Fagrom são os preferenciais.

A realização das encomendas é feita na sua grande maioria através do sistema informático. Estas podem ser encomendas individuais, via verde ou diárias.

As encomendas diárias são sugeridas automaticamente pelo Sifarma®, tendo por base o stock mínimo e máximo de cada produto. A encomenda é concluída quando o colaborador responsável pela sua realização conferir e ajustar os produtos e as suas quantidades e aprovar a sua realização. Este processo é feito duas vezes ao dia, uma a meio da manhã e outra a meio da tarde, minimizando eventuais ruturas no stock ou permitir reposição constante do mesmo.

As encomendas individuais surgem fruto de uma “falha ao balcão”, na qual no momento do atendimento, a farmácia não tem em stock o produto requerido pelo utente. Para a realização com sucesso deste tipo de encomendas, a farmácia possui um impresso próprio. Nele consta a informação do utente, nomeadamente o nome e contacto telefónico, informações do produto em falta, particularmente o nome, CNP (código nacional do produto) e a quantidade pedida, data da realização da encomenda e o operador, fornecedor e número da encomenda no sistema, realização ou não do pagamento no momento e, por fim, se o utente deseja ser contactado aquando da chegada do produto. O utente recebe uma parte deste impresso, com algumas das informações mencionadas, que serve

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6 como comprovativo para entrega na farmácia no ato do levantamento. A outra parte do impresso é colocada na zona de receção de encomendas para separação do produto no ato da receção.

O “Projeto Via Verde do Medicamento” é “uma via excecional de aquisição dos medicamentos abrangidos, que pode ser ativada quando a Farmácia não tem stock do medicamento pretendido”, ou seja, é uma encomenda realizada quando não existe stock de certos medicamentos rateados, neste caso é realizada uma encomenda ao distribuidor que acede a um stock reservado especificamente para este propósito, atribuído pelo detentor da AIM (autorização de introdução no mercado) do medicamento.[03]

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de verificar a realização de encomendas diárias, bem como, já no local de atendimento, de realizar encomendas individuais, tanto pelo sistema informático, como por telefone, quando o produto não estaria disponível nos fornecedores habituais, como era o caso de alguns produtos veterinários.

2.4.3. Receção de encomendas

As encomendas são deixadas pelos fornecedores num espaço identificado, em frente ao laboratório de manipulados. Os produtos vêm acondicionados em contentores de plástico ou cartão, devidamente identificados pelo fornecedor com o nome da farmácia, o número de volumes e o número da guia da encomenda. Existem, no entanto, determinados produtos que requerem uma conservação especial, sendo eles os medicamentos de frio, que se encontram devidamente identificados e acondicionados em contentores especiais. Estes, à chegada à farmácia, são imediatamente retirados dos contentores, identificados pelo CNP, a sua validade anotada na fatura, bem como o seu total, e posteriormente colocados no frigorífico da farmácia.

As encomendas são então organizadas por fatura e levadas para o armazém onde se pode iniciar, informaticamente, a receção. Para isto, é essencial a fatura da encomenda, onde estão mencionadas o número da fatura, o número da encomenda e todos os produtos enviados, organizados por ordem alfabética, com os respetivos CNPs, PVFs (preço de venda à farmácia), PVP (preço de venda ao público), descontos comerciais e bónus associados, e valor total da encomenda. Estão também mencionados todos os produtos que faziam parte da encomenda e que não foram enviados, assim como a justificação da sua falta.

Os produtos são registados no sistema através da leitura do código de barras, verificando-se o estado físico da embalagem e o prazo de validade do mesmo. No fim do registo de todas as embalagens, é procedido à correção dos PVPs dos produtos de venda livre, de acordo com a política de preços praticada na FSB. Produtos como MSRM que contêm PIC (preço impresso na cartonagem) e outros também de venda livre, que vêm com o preço identificado, sendo este que deve ser praticado. De seguida verifica-se que o número de embalagens total registadas é o mesmo que o indicado na fatura e que todos os produtos são os mesmos que os faturados. Por fim, e após verificação da concordância entre o valor total indicado no sistema e o indicado na fatura, termina-se a receção. A fatura original é assinada pelo operador e agrafada ao registo impresso pelo Sifarma® e colocada em

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7 local apropriado, organizado por fornecedor, para que no final do mês, o colaborador designado para tal, analise individualmente cada fatura.

Quanto a produtos destinados a encomendas individuais, estes são separados de acordo com o estado de pagamento (pago ou não pago) e acompanhados por uma segunda secção destacável do impresso interno de encomendas individuais mencionado anteriormente, que contém o nome do utente e a data de receção do produto. Os produtos não pagos são reservados por um período de 3 dias úteis, dado não haver um comprometimento monetário entre o utente e a farmácia. Após esses dias, e não havendo o levantamento do produto, verifica-se se faz sentido tê-lo em stock, caso contrário procede-se à sua devolução. Relativamente às matérias-primas ou produtos destinados a manipulação em laboratório, após a sua receção é feita a quebra.

A receção de encomendas fez parte do meu dia-a-dia na FSB, a qual aproveitava para utilizar as ferramentas do sistema informático e melhor me informar sobre medicamentos que desconhecia, ao visualizar a informação científica e a árvore A.T.C. Percebi também o porquê dos preços praticados na farmácia e a importância de manter os mesmos mais ou menos estáveis, uma vez que estes estão diretamente interligados com a plataforma digital da farmácia. Assim, enquanto um erro no preço do produto pode ser facilmente corrigido na farmácia, na plataforma online esse processo é muito mais complicado.

2.4.4. Armazenamento

O armazenamento dos produtos inicia-se com a sua separação, aquando da receção, em seis caixotes dispostos entre os dois computadores primariamente utilizados para a receção. Estes estão organizados em comprimidos e cápsulas de A a E; comprimidos e cápsulas de F a Z; outras formas farmacêuticas (carteiras, xaropes, gotas, ampolas, nasais, oculares, etc.); produtos expostos nos lineares; medicamentos designados GBA; e produtos armazenados na escadaria/loções. Os psicotrópicos e estupefacientes são armazenados imediatamente após a sua receção, no local apropriado e resguardado do público, separado dos restantes medicamentos e que não se encontra identificado. Já os medicamentos de frio são armazenados no frigórico do atendimento, cujas temperaturas se encontram entre 2-8ºC. Quando as encomendas são de maior volume, principalmente de produtos cosméticos, realizadas diretamente ao laboratório, estas são arrumadas diretamente no armazém superior, onde se encontram os excessos, e repostos conforme a necessidade.

Tanto na reposição como na arrumação é necessário ter sempre em conta os conceitos de First Expired First Out (FEFO) e First In First Out (FIFO). Isto garante a diminuição de desperdícios e devoluções, ao otimizar a gestão do stock.

As condições de armazenamento são outro aspeto a ter em conta, devem oferecer proteção contra a luz solar direta e iluminação, temperatura e humidade controladas e dotadas de ventilação. Isto porque a temperatura não deve exceder os 25ºC e a humidade deve manter-se inferior a 60%.[04]

Um dos colaboradores da farmácia fica responsável pela monitorização destes parâmetros diariamente.

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8 Durante as pausas no atendimento ou quando estava indicado para o armazém dedicava-me também à arrumação e reposição de produtos. Percebi a importância que uma arrumação coerente tem, ao minimizar o tempo de procura assim como possíveis extravios de medicação. Isto permite realizar um atendimento rápido e de qualidade, aumentando a satisfação do utente com a prestação dos colaboradores da farmácia. Uma boa disposição dos produtos lineares, de acordo com a marca e indicação de uso permite também ao utente facilmente identificar aquilo que procura, algumas das vezes de forma autónoma, assim como a correta identificação dos preços lhe permite decidir quais produtos pretende levar, sem necessidade de posteriores constrangimentos ao balcão. A arrumação de medicamentos permitiu-me mais tarde, durante a fase de atendimento, agilizar o processo de procura dos produtos, bem como associar o medicamento genérico ao seu nome comercial de referência, facilitando muitas vezes a comunicação com o utente, quando na receita só estava escrito o princípio ativo e o utente apenas se recorda no nome comercial.

2.4.5. Controlo de prazos de validade

Como referido anteriormente, os prazos de validade de todos os produtos são verificados aquando do processo de receção dos mesmos, ao substituir o prazo de validade presente no Sifarma® pelo novo PV, caso este seja inferior ao antigo ou caso exista stock 0 desse produto. Isto é um passo crucial no bom funcionamento da farmácia, uma vez que impede que sejam dispensados produtos fora desse prazo, algo potencialmente prejudicial para a saúde do utente. Devido a isto a FSB implementa um processo no qual, três meses antes dos produtos chegarem ao fim do seu PV, são retirados do local onde se encontram e colocados em local apropriado, de forma a facilitar o seu escoamento tendo sempre em conta o bem-estar e a saúde do utente. Isto diminui a quantidade de devoluções feitas ao fornecedor.

Durante o estágio assisti por diversas vezes ao controlo dos prazos de validade, não o tendo, contudo, realizado eu mesmo. Ainda assim percebo a sua importância, principalmente financeira, mas também ecológica, a fim de reduzir desperdícios.

2.4.6. Devoluções e quebras

As devoluções são realizadas em situações específicas, como por exemplo uma disparidade entre o produto recebido e o encomendado, produtos danificados, prazo de validade curto, etc.

Quando se verifica erro do fornecedor deve ser feita uma reclamação por chamada telefónica e regista-se na fatura o número da reclamação indicado pelo fornecedor, que é depois separada para local apropriado.

Recorrendo ao Sifarma®, é possível emitir uma nota de devolução em triplicado que deve conter informação sobre o fornecedor, o motivo da devolução, a identificação e a quantidade do produto a devolver, o número da fatura de origem, o preço faturado e o IVA aplicado. Os produtos a serem devolvidos são colocados, juntamente com o original e o duplicado da nota de devolução, em caixotes para posterior recolha do fornecedor. A cópia em triplicado é arquivada na farmácia. Caso a devolução seja aceite pelo fornecedor, é emitida uma nota de crédito à farmácia ou então, o produto

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9 devolvido é substituído pelo inicialmente solicitado. Procede-se então à regularização da devolução. Caso não seja aceite, o produto retorna à farmácia e é adicionado ao stock ou então, se não apresentar condições para ser vendido, procede-se à sua quebra.

A quebra serve para remover um produto do stock sem que seja feita o seu débito. Isto também é utilizado quando chegam produtos que vão ser empregados na manipulação em laboratório e cujo valor é posteriormente tido em conta no preço do manipulado. Para ser realizada, seleciona-se a opção “Produtos” na página inicial do Sifarma®, seleciona-seguindo-seleciona-se de “Quebras” e “Gestão de quebras”. Nesta página lê-se o código de barra de produtos e, em observações, faz-se a justificação da quebra. Para finalizar tiram-se duas cópias da quebra, sendo uma delas assinada pelo responsável de laboratório e guardada em local apropriado. A segunda cópia, juntamente com uma cópia da fatura da encomenda de onde veio o produto, permanece com o responsável do laboratório.

Durante o meu estágio assisti à realização de devoluções e realizei eu mesmo as quebras necessárias aquando da receção de produtos utilizados na manipulação em laboratório. Realizei também reclamações com o fornecedor quando chegavam produtos dispares dos encomendados, pedindo sempre nota de crédito, ficando posteriormente a aguardar regularização.

2.5. Pandemia de Covid-19

Devido ao período de pandemia, foi necessário proceder a algumas alterações relativamente ao funcionamento da farmácia. Para prevenir a propagação do vírus foram colocadas no chão marcações, para as quais os utentes se deveriam dirigir enquanto aguardavam a chamada da sua senha, isto para promover o distanciamento social. Quanto aos balcões, foram colocadas proteções de acrílico, ficando apenas um pequeno postigo por onde se dispensavam os produtos. Para proteção de todos era também obrigatória a utilização de máscara, sendo que se o utente não possuísse uma, um dos colaboradores dirigia-se à entrada da farmácia e lhe entregaria uma de forma gratuita. Os colaboradores da FSB utilizavam uma máscara de proteção FFP2 diariamente. Durante o atendimento eram igualmente respeitados todos os cuidados, nomeadamente a desinfeção da superfície do balcão antes da chegada de cada utente, bem como a desinfeção dos multibancos utilizados.

Estas medidas foram essenciais para que todos os utentes se sentissem seguros durante o atendimento, sendo que a grande maioria respeitava todas as medidas indicadas. Contudo era comum alguns utentes retirarem máscaras durante o atendimento, sendo que neste caso o utente era acautelado para a importância do respeito destas medidas.

3. Dispensa de medicamentos e produtos de saúde

Por definição, a dispensa de medicamentos “…é o ato profissional em que o farmacêutico, após avaliação da medicação, cede medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes mediante prescrição médica ou em regime de automedicação ou indicação farmacêutica, acompanhada de toda a informação indispensável para o correto uso dos medicamentos.”.[02] Neste

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10 problemas relacionados com os medicamentos (PRM), protegendo o doente de possíveis resultados negativos associados à medicação.”[02]

A fase de atendimento ao público foi, para mim, o maior desafio que o percurso académico me proporcionou nos últimos 5 anos. Nele aprendi o impacto que enquanto profissionais temos no quotidiano dos nossos utentes. A receção deles num ambiente familiar ajuda a que estes se abram sobre os seus problemas sem “tabus”, o que ajuda os farmacêuticos a ajudar o seu utente, quer seja com medicação, quer seja com outros produtos cosméticos e dispositivos médicos. Este período foi também uma aula de enorme duração, onde aprendi as indicações terapêuticas de muita medicação bem como precauções a ter ao usá-las e a saber transmiti-las ao utente, de forma a que efetivamente cumpra a posologia indicada. Relembrei temáticas e aprendi a aconselhar os meus utentes quanto às melhores opções para os seus problemas, grande parte também apoiado por uma equipa fantástica que sempre me ajudava com as minhas dúvidas.

3.1. Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM)

Os medicamentos sujeitos a receita médica são classificados no “Regime jurídico dos medicamentos de uso humano”, no artigo 114º do decreto-lei nº 176/2006, de 30/08/2006, é são todos os fármacos que:[05]

a) Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

b) Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; c) Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja, atividade ou reações

adversas seja, indispensável aprofundar;

d) Destinem-se a ser administrados por via parentérica.

Estes medicamentos são dispensados ao público, exclusivamente em farmácias, mediante apresentação de prescrição médica e têm um PVP fixo, definido no artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 97/2015, conjugado com a Portaria n.º 195-C/2015, de 30 de junho. De uma forma geral, o PVP não pode exceder a média dos PVA que resultar da comparação com os países de referência, sendo eles para o ano de 2020 a Espanha, a França, a Itália e a Eslovénia, sendo posteriormente o PVA calculado sem os impostos nos países de referência e com as taxas aplicáveis em Portugal. Relativamente aos medicamentos genéricos estes correspondem a uma percentagem do PVP autorizado em Portugal, definidos nos artigos 7º e 10º da Portaria n.º 195-C/2015 de 30 junho.[6,7,8,9]

3.1.1. Prescrição médica

A prescrição médica pode apresentar vários formatos:

• Manual, que só é utilizada em situações excecionais, na qual exista falência do sistema informático, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio ou até um máximo de 40 receitas por mês. Esta prescrição tem a validade de 30 dias a partir da data de emissão, não sendo renovável.[9]

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11 • Eletrónica, na qual se inclui a materializada (em papel) e a desmaterializada (sem papel).[9]

Tanto nas receitas manuais, como nas receitas eletrónicas materializadas, podem ser prescritos até 4 medicamentos distintos, num total de 4 embalagens por receita e, além disso, só podem ser prescritos no máximo 2 embalagens de cada medicamento, com exceção dos medicamentos de embalagem unitária, em que podem estar prescritas 4 embalagens. A receita eletrónica materializada pode ser renovável e apresentar até um máximo de três vias, podendo atingir uma validade de 6 meses.[9]

Aquando da criação da receita médica, o prescritor tem de prescrever todos os medicamentos pela indicação da DCI, seguida da forma farmacêutica, dosagem, apresentação ou tamanho de embalagem e posologia, sendo que o utente tem o direito de optar por qualquer medicamento com as mesmas características referidas acima. Na prescrição pode também ser usado o nome comercial do medicamento, excecionalmente nas seguintes situações:[9]

• Medicamentos de marca sem similares;

• Medicamentos que não disponham de medicamentos genéricos comparticipados; • Medicamentos que, por razões de propriedade industrial, apenas podem ser prescritos

para determinadas indicações terapêuticas;

• Justificação técnica do prescritor, nas seguintes exceções:

a) Medicamentos com margem ou índice terapêutico estreitos – constantes da lista definida pelo Infarmed.

b) Suspeita, previamente reportada ao Infarmed, de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial;

c) Medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias.

Uma receita manual válida contém identificação do utente (nome e número de utente), vinheta de identificação do médico prescritor, local de prescrição, entidade financeira responsável e número de beneficiário, referência ao regime especial de comparticipação (se aplicável), número de receita, data, assinatura do médico prescritor e identificação da exceção para utilização de receita não eletrónica.[9,10]

No caso das receitas eletrónicas, através da introdução do número da receita e código de acesso no SI, é possível aceder a toda a informação presente na mesma. A prescrição é acompanhada de um código de direito de opção que possibilita a escolha do medicamento pelo utente.[9]

Na FSB recebia diariamente receitas manuais durante o meu atendimento, verificando sempre se toda a informação necessária a uma receita válida estava preenchida. Inicialmente, a identificação das DCIs/SAs prescritas pelo médico foi um desafio, no entanto, com a prático e o aprofundamento do conhecimento relativamente aos nomes dos medicamentos comercializados, foi-se tornando cada mais rápida a identificação das mesmas, foi-sendo que a ajuda do SI neste passo era

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12 também essencial, ao proporcionar uma pesquisa dos fármacos quando apenas a escrita de parte do nome do medicamento prescrito era facilmente identificável. Na FSB procedia-se também a uma segunda revisão da prescrição, ao questionar um colega se estaria a ler os mesmos medicamentos que o colaborador a fazer o atendimento, e se toda a informação se encontrava preenchida, isto permitia que não ocorressem erros na dispensa, mas também a que no momento da conferência do receituário sejam minimizados os erros.

3.1.2. Dispensa

Após a receção da receita médica por parte do utente, esta é validada no sistema informático. Questiona-se o utente sobre qual a medicação que pretende levar e quais os laboratórios, utilizando neste último caso, o código de opção inscrito na receita. Deve-se também ter em atenção se o medicamento pedido se encontra disponível em stock, procedendo-se posteriormente à separação de tudo. Após este passo, finaliza-se o atendimento no SI ao fazer uma dupla verificação da medicação separada, ao “picar” o código de barras de cada embalagem, individualmente, garantido que a medicação que o utente leva é a prescrita. Tratando-se de receitas manuais, após a etapa anterior, é impresso no verso da receita a informação relativa à medicação dispensada. É recolhida a assinatura do utente pagador no local destinado a isso, sendo que o farmacêutico coloca a data da dispensa, assina e carimba, também, o verso da receita.

Por fim, o atendimento conclui-se ao assegurar a devida informação do utente relativamente à terapêutica e posologia a seguir, possíveis interações e precauções a ter com a medicação dispensada.

Durante o meu atendimento, o primeiro ponto que identificava era se a medicação já seria habitual. Nesta situação, a grande maioria dos utentes já teria uma preferência por determinado laboratório e aí selecionava sempre os genéricos/laboratórios habituais, até porque é mais vantajoso para o utente a manutenção das mesmas embalagens a fim de evitar dúvidas em casa no momento da toma. Apesar da FSB manter um stock inteligente em toda a medicação e também dos mais diversos produtos, é inevitável o eventual surgimento de falhas ao balcão. Neste caso, lembrava-me do conceito de “superação”, altamente estimado na equipa, e tentava ou encomendar o produto, quer através do SI, quer por contacto telefónico, ou conseguir uma substituição do produto, informando devidamente o utente de que se tratam de produtos semelhantes, com a mesma indicação. Nesta fase utilizava as ferramentas que o SI me proporcionava de forma a transmitir as precauções a ter ao tomar a medicação. Isto foi particularmente notável quando o utente trazia uma primeira prescrição de bifosfonatos, no qual mencionava sempre o cuidado de ser tomado em jejum, pela manhã e manter-se em pé ou com o tronco ereto durante 30 minutos, recomendando uma caminhada, se possível, nestes casos. Outra situação são os MNSRM utilizados no tratamento da azia, nestes deve-se ter o cuidado de afastar a sua toma pelo menos duas horas antes e após a toma de qualquer fármaco.

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13

3.1.3. Medicamentos genéricos

Um medicamento genérico “é um medicamento com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dose ou concentração, e com a mesma indicação terapêutica que o medicamento inovador, de marca, que lhe serviu de referência, tendo demonstrado que atua no organismo humano da mesma forma que o medicamento de referência.”.[11] Isto é demonstrado por estudos de

bioequivalência, nos quais são realizados estudos clínicos para demonstrar que existe a mesma quantidade de medicamento no organismo para a mesma dose de medicamento genérico e de referência.[11]

Estes são mais económicos para o utente e compete ao farmacêutico divulgar esta informação, de forma a que o utente possa usufruir na plenitude do seu direito de opção, mas também para diminuir os gastos que o SNS tem na comparticipação de medicamentos.

A FSB possui para grande parte das substâncias ativas uma vasta seleção de medicamentos genéricos, sendo que existe sempre um laboratório no qual o stock é superior a todos os outros. Isto torna-se útil ao dispensar um medicamento pela primeira vez, quando o utente não tem preferência por um laboratório, uma vez que permite dispensar um genérico que beneficie economicamente tanto a farmácia, como o utente.

3.1.4. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos que contêm substâncias ativas classificadas como estupefacientes ou psicotrópicos estão listadas nas tabelas do I e II do Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de janeiro, e nº 1 do artigo 86º do Decreto-Regulamentar nº 61/94, de 12 de outubro[12,13]. A sua dispensa deve respeitar

o referido no artigo 19º da Portaria n.º 224/2015, que refere a necessidade de registar a identidade do utente ou do seu representante (o nome, data de nascimento, número e data do bilhete de identidade ou da carta de condução, ou o nome e número do cartão de cidadão, ou, no caso de estrangeiros, do passaporte), identificação da prescrição através do número de prescrição, identificação da farmácia, nomeadamente o nome e número de conferência de faturas, identificação do medicamento, nomeadamente o número de registo e a quantidade dispensada, e a data da dispensa.[14]

Na prescrição desmaterializada, a linha de prescrição é do tipo LE (linha de prescrição de psicotrópicos e estupefacientes sujeitos a controlo). No caso de prescrição materializada ou manual, estes medicamentos têm de ser prescritos isoladamente, em receita do tipo RE (prescrição de psicotrópicos e estupefacientes sujeitos a controlo) e o utente ou representante, assina no verso da receita.[9]

No final do atendimento é emitido um comprovativo de dispensa de psicotrópicos que contém todas as informações relativas à dispensa e que é arquivado na farmácia por um período de 3 anos. A farmácia deverá ainda enviar ao INFARMED a listagem de psicotrópicos e estupefacientes dispensados e as das receitas manuais digitalizadas, até ao dia 8 do mês seguinte.[9]

Na FSB estive familiarizado com o rigor no controlo que toca aos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, tanto na entrada como na dispensa deles. Neste último caso, é feita

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14 sempre uma duplica verificação por um colega, no qual se verificam os dados do utente/representante introduzidos no sistema, bem como os CNPs e o número de embalagens dispensadas.

3.1.5. Sistemas de comparticipação

A comparticipação dos medicamentos prescritos está dependente dos planos do utente. No caso do SNS, regime que abrange a maioria da população, está dividido em quatro escalões de comparticipação, que são aplicados dependentemente da patologia a que o medicamento está indicado: escalão A com 90% de comparticipação; escalão B com 69%; escalão C com 37%; escalão D com 15%.[15]

Existem também regimes especiais de comparticipação. Um em função do benificiário, em que a comparticipação no escalão A é acrescida de 5% e nos escalões B, C e D é acrescida de 15% para os pensionistas cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais em vigor, quando este ultrapassar aquele montante. Outro em função de patologias ou grupos especiais de utentes, sendo elas paramiloidose, lúpus, hemofilia, hemoglobinopatias, doença de Alzheimer, psicose maníaco-depressiva, doença inflamatória intestinal, artrite reumatoide espondilite anquilosante, dor oncológica moderada a forte, dor crónica não oncológica moderada a forte, procriação medicamente assistida, psoríase e ictiose.[16]

São ainda abrangidos por outros regimes de comparticipação, através de portarias, os produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus, com comparticipação de 85% do PVP das tiras-teste e 100% das agulhas, seringas e lancetas[17]; produtos dietéticos com caráter terapêutico,

com comparticipação de 100% desde que sejam prescritos no Instituto de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães (IGM) ou em hospitais protocolados com o IGM[18]; câmaras expansoras, com

comparticipação de 80% do PVP, não podendo exceder 28€, e é limitada a uma câmara expansora, independentemente do tipo, por utente, por cada período de um ano[19]; dispositivos médicos de apoio

a doentes ostomizado, doentes com incontinência ou doentes com retenção urinária, com comparticipação de 100% do PVP a beneficiários do SNS e que apresentem prescrição médica emitida por entidades do SNS[20,21]; medicamentos manipulados, desde que contenham uma SA

presente no despacho e não haja medicamento idêntico no mercado, com comparticipação de 30% do PVP.[22]

Existem ainda outros sistemas de comparticipação complementares ao SNS, disponíveis somente a utentes dele benificiários através da sua profissão, como o caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e do Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários (SAMS).

A FSB tem um leque relativamente grande de clientela pertencente a outros sistemas de comparticipação, isto é justificado pela sua posição estratégica num local comercial, onde estão presentes diversos bancos. A adição de planos extra à comparticipação por SAMS Norte e C.G.D.

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15 era muito frequente, aparecendo também SAMS QUADROS, mas mais periodicamente. Era também diário o aparecimento de comparticipações de pensionistas.

3.1.6. Conferência do receituário

A conferência do receituário consiste na revisão de todas as receitas manuais recebidas durante o atendimento ao balcão, bem como dos documentos impressos relativos aos planos de comparticipação complementares. Isto é realizado por farmacêuticos indicados para tal, com o objetivo de detetar e se possível corrigir possíveis erros que não foram observados durante o atendimento ao balcão, ou seja, se todos os campos obrigatórios das receitas manuais se encontram preenchidas, nomeadamente se a medicação dispensada foi a mesma que a receitada, se está presente a assinatura do médico, se a data de validade está correta, etc. de modo a que seja possível receber a comparticipação delas.

As receitas são organizadas por lotes, sendo que no SNS cada lote contém 30 receitas, ao passo que nas restantes comparticipações complementares existe apenas um lote por mês, sem limite de receitas. Estas receitas são então agrupadas por plano e colocadas em local próprio, devidamente identificado.

Para efeito de pagamento da contribuição do estado, a FSB envia para a Administração Regional de Saúde (ARS) Norte, até ao dia 10 do mês seguinte, os lotes de receitas que recebeu, devidamente conferidas. Juntamente segue a fatura mensal que corresponde ao valor da comparticipação do Estado do PVP dos medicamentos dispensados, válidos a serem comparticipados.[23] Para que se realize o reembolso por parte dos sistemas de complementaridade, a

FSB envia todos os lotes para a Associação Nacional de Farmácias (ANF), que se responsabiliza por intermediar o processo entre os subsistemas e a Farmácia.

Tive a oportunidade de assistir à conferência do receituário e também a realizá-la eu mesmo (somente após já estarem verificadas). Percebi que é um passo importante para maximizar a rentabilidade económica da farmácia ao não obter prejuízos que possam surgir da não receção das comparticipações, valores muito avultados.

3.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)

Os MNSRM estão definidos no Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, como sendo aqueles que não cumpram as condições para serem classificados como MSRM, ou seja, que não apresentem um risco para a saúde do doente, desde que sejam usados para o fim a que se destinam, nas doses adequadas, e sobre os quais se possui uma vasto conhecimento da sua atividade e das possíveis reações adversas.[05] Existem ainda uma subcategoria de MNSRM, que são os

medicamentos não sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia (MNSRM-EF), estes são medicamentos que embora possam ser dispensados sem prescrição médica, a respetiva dispensa é condicionada à intervenção do farmacêutico e aplicação de protocolos de dispensa.[24]

O ato de dispensa de MNSRM não deixa de ser um momento onde o farmacêutico deixa de ter rigor, já que é vulgar um utente dirigir-se à farmácia com um determinado MNSRM em mente

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16 para o seu problema. Aqui é sempre necessário avaliar, colocando diversas questões ao doente, se a utilização do medicamento é pertinente e adequada, assegurando que toda a informação essencial a uma toma racional e segura é transmitida ao doente, nomeadamente a posologia e duração do tratamento. Deve-se associar medidas não farmacológicas sempre que possível e, caso seja pertinente, deve-se direcionar o utente para consulta médica, caso as queixas do utente necessitem de um cuidado especial.

Durante o estágio coloquei em prática o conhecimento que adquiri nos últimos anos, durante momentos de aconselhamento. É exemplo disso um caso em que um utente se dirige à farmácia requerendo um “Cêgripe”. Nesta situação perguntei ao doente quais seriam os seus sintomas, respondendo-me que apenas teria dor de garganta, não apresentando congestão nasal nem quaisquer outras queixas. Com base nisto aconselhei ao utente umas pastilhas analgésicas ou apenas paracetamol, em detrimento do “Cêgripe” uma vez que contém adicionalmente um anti-histamínico, que em nada iria beneficiar o utente, ao que este preferiu o paracetamol. Expliquei a posologia ao utente, bem como os cuidados a ter e medidas não farmacológicas a seguir.

3.3. Produtos e medicamentos manipulados

De acordo com o Decreto-Lei nº95/2004, de 22 de abril, um medicamento manipulado é “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico”. Como referido, estes são divididos em fórmulas magistrais (“medicamento preparado em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares segundo receita médica que especifica o doente a quem o medicamento se destina”) ou preparados oficinais (qualquer medicamento preparado segundo as indicações compendiais, de uma farmacopeia ou de um formulário, em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares, destinado a ser dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviço”).[25]

Para a destas preparações, a FSB possui de um laboratório que obedece às normas que constam na Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho, e possui o equipamento exigido segundo a Deliberação n.º 1500/2004, 7 de dezembro.[26,27]

Relativamente às preparações realizadas, elas seguem as referências ou da receita médica (no caso de fórmulas magistrais) ou a FP9/Formulário Galénico Nacional (no caso de fórmulas oficinais). Aos MM devem também estar associados uma ficha de preparação, e no caso de fórmulas magistrais, elas ficam registadas num copiador com as informações do médico prescritor e do utente, a fórmula prescrita e os lotes das matérias primas, e preço faturado.

Escritos no rótulo devem estar escritos todas as instruções necessárias à correta utilização do medicamento, nomeadamente e segundo a Portaria nº594/2004, de 2 de junho, o nome do doente (caso seja preparado magistral), fórmula do medicamento manipulado prescrita pelo médico, número do lote atribuído ao medicamento preparado, instruções especiais (agite antes de usar, uso externo, etc.), prazo de utilização do medicamento preparado; condições de conservação do medicamento

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17 preparado, via de administração, posologia, identificação da farmácia e identificação do diretor técnico.[26]

Os PVPs dos produtos manipulados são calculados de acordo com a Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho, que origina a seguinte fórmula:

PVP = (valor das MP + valor dos honorários + valor dos materiais de embalagem) x 1,3 + IVA (6%, taxa em vigor).

Sendo que os valores dos honorários são atualizados anualmente.[28]

Na FSB tive a oportunidade de permanecer por um período de duas semanas no laboratório da farmácia. Durante este período realizei diversos produtos, como solução de minoxidil a 5%

(Anexo I), muito provavelmente o manipulado com maior saída, uma vez que proporciona um

tratamento antiqueda do cabelo, a um preço muito inferior às alternativas no mercado. Outras preparações incluíram tintura de timerosal a 0,1% (Anexo II), embrocação, cápsulas de ácido ursodesoxicólico a 50 e 100 mg, para uso veterinário, polvilho para os pés (Anexo III), supositórios de glicerina, e preparação de grandes quantidades de solução de álcool a 70% a partir de solução de álcool a 96%, para uso na desinfeção das superfícies do balcão após cada atendimento, devido à pandemia de covid-19.

3.4. Suplementos alimentares

Segundo o Decreto-Lei n.º 136/2003, de 28 de junho, os suplementos alimentares são “géneros alimentícios que se destinam a complementar e ou suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico, estremes ou combinadas, comercializadas em forma doseada, tais como cápsulas, pastilhas, comprimidos, pílulas e outras formas semelhantes, saquetas de pó, ampolas de líquido, frascos com conta-gotas e outras formas similares de líquidos ou pós que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade reduzida”, sendo a DGAV a autoridade competente reguladora destes produtos.[29,30]

Os suplementos alimentares são produtos muito sujeitos a necessidade de aconselhamento por parte do utente. Aprendi a perceber que tipo de suplementos se adequam às diversas situações, desde a fadiga, a reforço do sistema imunitária, suplementos gerais e de reforço de atenção.

3.5. Medicamentos e produtos veterinários

A FSB possui em stock um leque diverso deste tipo de medicamentos. Varia entre desparasitantes e suplementos alimentares, até hipertensores que requerem receita médico-veterinária.

Dado que esta temático não foi abordada ao longo do meu percurso académico, foi necessário um estudo inicial de modo a estar apto a realizar aconselhamento deste tipo de medicação, no entanto foi-se tornando relativamente simples ao balcão, uma vez que a grande maioria dos pedidos eram de desparasitantes externos, que rapidamente se aprende. A gama de desparasitantes variava entre aqueles direcionados para cães e outros para gatos, com proteção

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18 contra flebótomos, parasitas internos ou somente externos. Durante o meu atendimento tinha o cuidado de explicar o tipo que desparasitantes presentes e mencionava que aqueles indicados para cães com proteção extra contra flebótomos não podem ser administrados a animais que convivam com gatos.

3.6. Produtos de Puericultura, Obstetrícia e Nutrição infantil

Este tipo de produtos constituem um ponto importante na FSB, uma vez que a farmácia tem como parte do seu público alvo as recém mães e bebés. Encontram-se também expostos nos lineares da farmácia alguns desses produtos. A FSB consegue ter preços bastante competitivos nesta área, o que ajuda a fidelizar grande parte deste público, que posteriormente nos procura para outros problemas.

3.7. Produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC)

A FSB possui uma gama muito variada de produtos de cosmética expostos nos lineares, que se encontram divididos por marcas e posteriormente por indicação (limpeza, hidratação, solares, antienvelhecimento, etc.), sendo as marcas mais distintas a Avéne®, Uriage®, La Roche-Posay® e Bioderma®. Encontram-se também expostos produtos capilares das marcas Klorane®, Rene Furterer® e Dercos da Vichy®, assim como produtos de higiene oral como Elgydium®, Eludril®, Bexident® e Corega®. Todos os meses a FSB apresenta uma promoção designada de “marca do mês”, na qual uma marca de produtos de cosmética se encontra com um valor mais apelativo, e que efetivamente resulta a chamar os clientes habituais que utilizam diariamente este tipo de produtos.

Durante o estágio, o conhecimento de produtos de cosmética foi também um desafio, no entanto com o tempo, estudo autónomo e ajuda por parte da equipa, fui conhecendo os produtos expostos e adquirindo competências de forma a ajudar os utentes que procuravam aconselhamento relativamente a este tipo de produtos. Alguns dos produtos que tive oportunidade de aconselhar foram cremes lavantes e águas micelares, incluindo para peles sensíveis, pasta SOS para borbulhas, cremes hidratantes para rosto e mãos e sticks labiais.

3.8. Dispositivos médicos

Por definição, um dispositivo médico é “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, incluindo o software destinado pelo seu fabricante a ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêuticos e que seja necessário para o bom funcionamento do dispositivo médico, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres humanos” para fins de: diagnóstico, controlo, tratamento ou atenuação de doenças, lesões ou deficiências; estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico; controlo da conceção.[31]

Referências

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