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Lúpus Eritematoso Sistémico

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Academic year: 2021

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LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO

O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) é uma doença multissistémica, auto-imune, caracte-rizada por inflamação vascular e do tecido conjuntivo, com anticorpos antinucleares. As manifestações clínicas são variáveis, com uma história natural progressiva e imprevisível. Apresentamos o caso de uma adolescente, com antecedentes de artrite dos joelhos, febre e astenia de etiologia não esclarecida, com um ano de evolução. Internada na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos por pneumonia bilateral a Streptococcus pneumoniae complicada com derrame pleural, anasarca e hematúria macroscópica. Iniciou antibioticoterapia, com evolução favorável, após o que se verifica agravamento clínico, com reaparecimento do derrame pleural, lesões vesiculares disseminadas sugestivas de etiologia herpética, hipertensão arterial sintomática e convulsão tónico-clónica generali-zada.

Da investigação, destaca-se estudo imunológico compatível com LES em actividade, poliserosite, proteinúria nefrótica, nefrite lúpica classe IV e anemia grave.

LÚPUS ERYTHEMATOSUS

Systemic Lúpus Erythematosus (SLE) is an auto-imune disorder, with multiple organ involvement, characterized by vascular and connective tissue inflammation, as well as antinuclear antibodies (ANA).

We report a case of a black teenager with a past of arthritis of knees, fever and asthenia during the year previous to this admission. She was admitted to the Pediatric Intensive Care Unit (PICU) for bilateral Streptococcus pneumoniae pneumonia complicated by pleural effusion. She also had generalized edema and macroscopic hematúria. She was started on antibiotics, with improvement.

The studies were compatible with active SLE, poliserositis, nephrotic proteinúria, lupic nephritis class IV and serious anemia.

During the admission, she had symptomatic hypertension with tonic-clonic seizure. She was transferred to Italy, clinically stable, medicated with steroids, anti-hypertensive and anti-convulsant drugs.

R E S U M O

S U M M A R Y

M.F., A.B.S., J.E., J.R., L.V., M.C.V., D.B.: Unidade de Cui-dados Intensivos Pediátricos. Hospital de Dona Estefânia. Lisboa

© 2008 CELOM

Manuela FERREIRA, Ana Bárbara SALGUEIRO, João ESTRADA, José RAMOS, Lurdes VENTURA, Mª Carmo VALE, Deolinda BARATA

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INTRODUÇÃO

O Lúpus eritematoso sistémico (LES) é uma doença auto-imune, caracterizada por inflamação vascular e do tecido conjuntivo e pela presença de anticorpos antinuc-leares (ANA), em particular anticorpos anti-DNA dupla cadeia (dsDNA). É uma doença multissistémica, recorren-te, com uma apresentação clínico extremamente variável e uma história natural imprevisível, sendo progressiva e potencialmente fatal, se não tratada1.

A etiologia e fisiopatologia do LES não estão completa-mente determinadas, sabendo-se que factores genéticos, hormonais e ambientais contribuem para a desregulação imunológica nela envolvida, estando descritas algumas as-sociações genéticas (HLA-B8, HLA-DR2, HLA-DR3)2.

Com uma incidência entre os 0.36 e os 0.53 por 100.000 casos/ano, variável de acordo com os regiões e grupos étnicos, alguns registos referem que corresponde a 1% das doenças reumatológicas em Pediatria no Reino Uni-do, 1,5 a 3 % no Canadá e 4.5% nos EUA1,3.

Rara antes dos oito anos de idade, é mais frequente no sexo feminino (4:1 antes da puberdade, aumentando para 8:1 a partir dessa altura) e mais grave quando se inicia na infância3.

O diagnóstico é clínico e suportado por alterações laboratoriais específicas. Existem várias classificações da

doença, sendo uma das mais frequentemente utilizadas, a do American College of Rheumatology, revista em 1997 (Quadro 1). A abordagem terapêutica depende dos órgãos afectados e da gravidade da doença (Quadro 2) e a exten-são da doença renal nem sempre se correlaciona com os achados clínicos, o que torna obrigatório a realização de biópsia renal.

O prognóstico tem vindo a melhorar a par dos progres-sos ao nível do diagnóstico e tratamento, com uma taxa de sobrevida superior a 90% aos cinco anos. As causas de morte mais frequentes incluem infecções, nefrite, doença neurológica, hemorragia pulmonar e enfarte do miocárdio. Os doentes com classe IV da OMS têm um maior risco de desenvolver doença renal terminal1-3.

CASO CLÍNICO

M.S., sexo feminino, 14 anos, raça negra, quadro clíni-co de febre, toracalgia e dificuldade respiratória de início súbito, quando em trânsito de Moçambique, sua residên-cia habitual, para Itália. No Serviço de Urgênresidên-cia do Hospi-tal Dona Estefânia é-lhe diagnosticada pneumonia bilate-ral com derrame à esquerda, sendo transferida para a Uni-dade de Cuidados Intensivos Pediátricos (UCIP).

Dos antecedentes pessoais, salienta-se anemia de etiologia desconhecida desde os seis anos de idade, re-sistente à terapêutica com ferro oral, e, desde um ano antes do interna-mento, episódios de poliartrite mi-gratória (joelhos, mãos e pés) asso-ciados a febre e astenia.

À entrada estava febril, polip-neica, taquicárdica, com edema ge-neralizado, mucosas descoradas, semiologia de derrame pleural à es-querda, hepatomegália e hematúria macroscópica. Efectuada toraco-centese com remoção imediata de 240 ml de líquido com característi-cas de exsudado, em que se isolou

Streptococcus pneumoniae,

sensí-vel à penicilina, eritromicina e vanco-micina. A hemocultura foi positiva para o mesmo agente.

Dos exames complementares de diagnóstico, salienta-se: leucocitose com neutrofilia, PCR e VS elevadas, anemia grave (microcítica, hipocró-mica, sem reticulocitose), insuficiên-cia renal (Taxa de Filtração

Quadro 1 – Critérios de classificação de Lúpus Eritematoso Sistémico (adaptado da

referência 2). São necessários, quatro dos 11 critérios s o i r é t i r C Definição r a l a m h s a R Ertiemamalar ifxo,planoouelevado.Normalmentepoupaossulcosnasolabiais e d i ó c s i d h s a R Placasertiematosascomcrostaqueratósicaaderente(cicatrizesatróifcasnaslesõesanitgas) e d a d il i b i s n e s o t o F Exantemaresutlantedeumareacçãoexageradaàexposiçãosolar s i a r o s a r e c l Ú Ulceraçãooralounasofaríngeahabtiualmentedolorosa e ti r t r A Nãoerosivaenvolvendo2ou+aritculaçõesperfiéricascomdo,redemaederrame e ti s o r e S PleurtieePericardtie l a n e r o ã ç a r e tl A Proteinúriapersistente>0.5g/diaou>=+++(testenãoquanttiaitvo) ) s o t s i m u o , V G e d u o a n i b o l g o m e h e d , s e r a l u b u t , s e r a l u n a r g ( a i r ú r d n il i C a c i g ó l o r u e n o ã ç a r e tl A ConvulsõesePsicose(naausênciadecausatóxicaoumetabóilca) a c i g ó l o t a m e h o ã ç a r e tl A Anemiahemoílitcacomreitculoctioseou m m / 0 0 0 4 < a i n é p o c u e L 3ouilnfopénia<1500/mm3em2oumaisocasiões m m / 0 0 0 0 0 1 < a i n e p ó ti c o b m o r T 3 a c i g ó l o n u m i o ã ç a r e tl A Ant-icorposant-iDNAduplacadeia r a e l c u n m S -i t n a s o p r o c it n A u o m S -i t n A * s e s e m 6 s o n e m o l e p r o p s il if í s a r a p o v it i s o p o s l a F o d i p il o f s o fi t n a s o p r o c it n A s e r a e l c u n it n a -s o p r o c it n A Ttíulosaumentadosemtestesdeimnolfuorescênciaenaausênciadeexposiçãoafármacos S E L e d s e r o t u d n i

*Confirmada por Imobilização T. Pallidum ou em teste de absorção de anticorpos por fluorescência

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rular – TFG - 58.9 ml/1.73m2/min), hipoalbuminémia,

proteinúria e eritrocitúria. A prova de Mantoux e Adenosina diaminase (ADA) foram negativas, assim como a pesqui-sa de Plasmodium e Schistosoma Haematobium (fezes e urina). A electroforese das hemoglobinas revelou uma Hb A2 aumentada (4%, valor de referência <3.5%). A ecografia abdominal mostrou uma hepato-esplenomegália hetero-génea e ascite moderada e no ecocardiograma tinha uma pequena lâmina de derrame pericárdico, sem cardiopatia estrutural.

Efectuou antibioticoterapia com Penicilina G Cristali-na, de acordo com o antibiograma, num total de 12 dias. Manteve drenagem torácica até D6.

Teve uma boa evolução clínica, laboratorial e radioló-gica, com apirexia

em D9 e normaliza-ção da funnormaliza-ção re-nal, mantendo con-tudo hematúria macroscópica e edema generaliza-do. Em D10, verifi-ca-se o aparecimen-to de lesões vesicu-lares na região do períneo e coxas, com agravamento e generalização

pro-gressivas, apesar de medicada com Aciclovir oral e tópico (Figura 1).

Em D11, surge dificuldade respiratória com hipoxémia e novamente com imagiologia compatível com pneumonia e derrame pleural bilateral, mais extenso à direita. Foi reali-zada nova toracocentese, com drenagem de 430 ml de lí-quido pleural com características citoquímicas semelhan-tes ao anterior, mantendo isolamento positivo de

Strepto-coccus pneumoniae, com a mesma sensibilidade. Foi

me-dicada com cefotaxime, vancomicina e aciclovir endo-venoso Analiticamente, apresentava anemia moderada, leucopénia com linfopénia e o estudo imunológico com alterações compatíveis com LES em actividade (Quadro 3), pelo que em D12 e apesar da gravidade do quadro in-feccioso e da infecção a Herpes, se decidiu iniciar pulsos de metilprednisolona e, após três dias, prednisolona 2 mg/ kg/dia oral, com rápida melhoria do estado geral e do edema generalizado. Por manter uma proteinúria nefrótica maciça (138,5mg/m2/h) e a biópsia renal ter revelado uma nefrite

lúpica classe IV, Classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), manteve-se posteriormente terapêutica com prednisolona na dose de 40 mg/m2/dia.

Das serologias pedidas (VIH 1 e 2, CMV, EBV, Herpes 1e 2, VDRL, Hepatites A, B e C), foi positiva a do Herpes 1 (IgM e IgG).

Em D21, cefaleias bifrontais contínuas, com fotofobia, associadas a valores tensionais acima do percentil 95 para a idade e sexo, com boa resposta terapêutica ao enalapril e doseamento de renina plasmática normal. Dois dias

de-s i a r e g s o d a d i u C s o d a u q e d a o c i s íf o i c í c r e x e e o ã ç i r t u N o c i g ó l o c i s p o i o p a e o ã ç a c u d E s e r a l o s s e r o t c e t o r p e d o s U ) a c i c ó c o m u e n p -i t n a a n i c a v m o c ( o ã ç a n i c a V s e õ ç c e f n i s a d a t a i d e m i a c it u ê p a r e T E N I A ) e d a d i x o t a p e h e d o d i c s e r c a o c s i r o a o ã ç n e t a ( Sinaisesintomasmusculoesqueléitcos o ã ç a l u g a o c it n A ) s o d a v e l e a n i p il o i d r a c it n a s o p r o c it n a e d s o l u tí t o d n a u Q ( e s o b m o r t e d a i c n ê s u a a n – ) s e s o d s a x i a b ( S A A e s o b m o r t a i c n ê t s i x e e S – e n i r a f r a v e d a d i u g e s a l u c e l o m o s e p o x i a b a n i r a p e H a n i u q o r o l c i x o r d i H Nasmanfiestaçõescutâneaseassociadoaoscoritcosteróidesparatratamentodadoença a c i m é t s i s s e d i ó c it r o c o c u l G , s a t a r a t a c , e ti r t s a g , o ã s n e t r e p i h : s o i r á d n u c e s s o ti e f e ( ) e d i o g i h s n u c s e i c á f , a i n é p o e t s o e v a r g a ç n e o d a n s a i d 3 , ) g 1 . x a M ( e s o d / g k / g m 0 3 a n o l o s i n d e r p li t e M e e d a d i v a r g m o c o d r o c a e d ( a i d / s e s o d 2 s o n e m o l e p m e a i d / g k / g m 2 -5 . 0 l a r o a n o s i n d e r P ) o d a t c e f a o ã g r ó o d s e r o s s e r p u s s o n u m I o ã ç n u f s i d , s a i r á d n u c e s s e õ ç c e f n i : s o i r á d n u c e s s o ti e f e ( ) s a i s a l p o e n e l a d a n o g s o ti e f e m o c u o E C s o a m e d n o p s e r o ã n e u q s o n ) O P ( a i d / g k / g m 2 -1 a n i r p o it a z A s e v a r g s o i r á d n u c e s a ç n e o d u o a s u fi d a v it a r e fi l o r p e ti r f e n o l u r e m o l G ) O P ( a i d / g k / g m 2 -1 a d i m a f o f s o l c i C e v a r g a c i g ó l o r u e n ) V E ( s ê m x 1 2 M / g m 0 0 0 1 -0 0 5 a d i m a f s o f s o l c i C a d i v e d o c s i r m o c s e v a r g s o r d a u q m e u o e t n e t s i s e r a c i g ó l o r u e n u o l a n e r a ç n e o d a N

Quadro 2 – Abordagem terapêutica no LES (adaptado da referência 1)

Figura 1 – Herpes cutâneo

→ → →

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pois, tem convulsão tónico-clónica generalizada, contro-lada com diazepam e difenilhidantoína. O EEG apresentava alterações sugestivas de disfunção encefálica do tipo meta-bólico e actividade paroxística focal direita escassa e a RMN-CE mostrou …lesões vasculares isquémicas não agudas,

consequência de processo de vasculite, do território da vertebro-basilar… O estudo dos anticorpos antifosfolípidos

(APA), revelou um valor aumentado para o IgM (216,2 PL/nl, N <15). Os anticorpos-anticardiolipina foram negativos.

É transferida em D47 para hospital em Itália clinica-mente bem, com os diagnósticos de: LES com nefropatia Lúpica Classe IV, síndrome nefrótico e hipertensão arteri-al; vasculite cerebral com APA elevados e, como inter-corrências associadas, pneumonia pneumocócica com derrame pleural e infecção oportunista a HSV-1.

DISCUSSÃO

A forma de apresentação clínica do LES é muito hete-rogénea, podendo variar entre a doença crónica e insidio-sa, com sinais e sintomas intermitentes e a doença aguda e rapidamente fatal.

A doença renal é uma das formas mais frequentes de apresentação do LES, ocorrendo em 30-70% dos doentes e podendo ser a sua única manifestação. A nefropatia lúpica é mais frequente e grave na criança que no adulto, sendo a Nefrite classe IV da Classificação da OMS a mais comum no grupo pediátrico1,2.

No tratamento das formas mais graves de Nefrite Lúpica (classes III e IV) está preconizada a infusão en-dovenosa de ciclofosfamida (500-1000 mg/m2) mensal por

seis meses, seguida de uma dose trimensal por 18 a 36 meses2,6,7, tendo-se, no caso do nosso doente, decidido

iniciar esta terapêutica só após a transferência para o Hospital da área de naturalidade.

As complicações infecciosas são a principal causa de mortalidade no LES. As bactérias gram negativas, fungos e agentes oportunistas (pneumocistose, CMV e vírus do grupo Herpes) são os agentes mais frequentes. A linfopénia (CD4+), a reduzida capacidade fago-cítica dos polimorfonucleares, a diminui-ção do complemento sérico e a asplenia funcional são responsáveis pela fre-quência e gravidade das infecções. Por outro lado, nos doentes com síndrome nefrótico existe um risco infeccioso acrescido devido à perda urinária de imunoglobolinas e factor B da properdina, ao defeito na imunidade celular, à malnutrição e ao facto do edema/ascite constituir um potencial meio de cultura1. Estes mecanismos podem explicar, no caso descrito, a infecção grave a Streptococcus pneumoniae, o agente bacteriano mais frequente nestes doentes1,2, assim como a má resposta à terapêutica antibiótica e a infecção oportunis-ta a Herpes simples1.

Do ponto de vista hematológico, cerca de metade dos doentes com LES tem uma anemia moderada que é habitu-almente normocítica e hipocrómica, característica da mia das doenças crónicas, podendo também ser uma ane-mia hemolítica auto-imune com Coombs positivo1-3. Tra-tando-se, neste caso, de uma doente de raça negra com antecedentes de anemia de etiologia desconhecida e com LES e que, à entrada, tinha uma anemia grave microcítica e hipocrómica com arreticulocitose, levou-nos a considerar uma etiologia multifactorial. Dada a existência de uma Hemoglobina A2 aumentada e excluída a homozigotia e heterozigotia para Hemoglobina S, podemos apontar para além da doença crónica, outras causas como a existência de uma β-talassémia minor, as perdas urinárias, a infecção aguda e a possibilidade de existência de uma ferropénia associada, frequente neste grupo etário.

Nos doentes com LES podem ocorrer alterações da série plaquetária, habitualmente associadas a um hiperesplenismo, assim como da coagulação, o que não se verificou neste caso. Vários factores contribuem para um estado de hiper-coagulobilidade no LES, tais como a existência de anticor-pos antifosfolípido, elevações da homocisteinémia, defi-ciência de proteína S e mais raramente defidefi-ciência de fac-tor II. A existência de um síndrome nefrótico agrava esta situação, levando a um aumento de factores protrom-bóticos (fibrinogénio, hemoconcentração, imobilização) e uma diminuição dos factores fibrinolíticos (perda urinária de antitrombina III, Proteínas C e S).

o c i g ó l o n u m I o d u t s E Valores )l / g ( M g I / A g I / G g I 15.4 / 3.17/2.14 )l / g 4 . 1 -5 7 . 0 : N ( 3 C 0.247 )l / g 4 3 . 0 – 1 . 0 : N ( 4 C 0.029 s A N A Posiitvo(padrãomosqueado1/1280) )l m / I U ( A N D it n A >50Posiitvo : a n E -i t n A – 0 7 L C S , -B S S , + A S S , + m S , + m S / P N R >50Posiitvo ) 5 < N ( C I C 8.6

(5)

A Síndrome antifosfolípido (APLS) é caracterizado pela presença de níveis elevados de anticorpos antifosfolípido (APA), os mais frequentes – anticorpos anticardiolipina e a B2 glicoproteína, e duas ou mais das seguintes manifes-tações clínicas (trombose venosa ou arterial, úlceras dos membros inferiores, livedo reticularis, anemia hemolítica, trombocitopénia, abortos espontâneos de repetição)8,9. Neste caso a doente tem valores significativamente altos de APA mas sem clínica sugestiva desta síndrome. Por todos os factores de risco associados, tem indicação para fazer terapêutica anti-agregante plaquetária.

O envolvimento neurológico é, a seguir ao renal, a se-gunda causa de morbilidade e mortalidade nestes doen-tes. As principais manifestações são as alterações neuropsiquiátricas (depressão, dificuldades de concen-tração, perda de memória e psicose), cefaleias, convul-sões e acidentes vasculares cerebrais1,2 (associados a HTA, hemorragia secundária a trombocitopénia ou síndrome antifosfolípido). Neste caso, tanto a clínica como as alte-rações no EEG e na RMN, são as habitualmente encontra-das nesta doença10.

As recomendações actuais do tratamento do LES na criança baseiam-se sobretudo em estudos retrospectivos, não controlados e extrapolados dos realizados em adultos3. Um dos aspectos mais importantes na abordagem te-rapêutica é uma reavaliação clínica e laboratorial frequen-te e minuciosa, com particular afrequen-tenção para os aspectos renal e serológico, com o objectivo de detectar e tratar precocemente as recidivas da doença, o que é fundamen-tal para a boa evolução. Para além da detecção de recidi-vas, os cuidados devem ser dirigidos também em prevenir e minorar os efeitos secundários da terapêutica imunos-supressora a longo prazo.

O prognóstico do LES melhorou nas últimas três déca-das, sendo o prognóstico individual imprevisível e difícil de determinar durante os primeiros 24 meses da doença.

Neste caso, a existência de nefrite proliferativa e de doença neurológica persistente agravam-no substancialmente.

Conflito de intereses:

Os autores declaram não ter nenhum conflito de interesses relati-vamente ao presente artigo.

Fontes de financiamento:

Não existiram fontes externas de financiamento para a realização deste artigo.

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Imagem

Figura 1 – Herpes cutâneo

Referências

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