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CRENÇAS E CONHECIMENTOS DOS DIABÉTICOS ACERCA DE SUA DOENÇA

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Academic year: 2021

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Crenças   e   conhecimentos   dos 

diabéticos   acerca   de   sua   doença 

   Beliefs   and   knowledge   of   patients   with   Diabetes   Mellitus   about   their   disease      Hugo   R   B   Costa 1 ,   José   R   B   Costa      1    Graduando   em   medicina   pelo   Centro   Universitário   Serra   dos   Órgãos   –   UNIFESO     Professor   do   Curso   de   medicina   no   Centro   Universitário   Serra   dos   Órgãos   –   UNIFESO         Resumo 

Introdução:  O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome crônica e degenerativa que constitui um          importante problema de saúde pública mundial. A percepção e a atitude dos pacientes em        relação ao Diabetes são influenciadas pelas crenças e conhecimentos acerca da doença.        Portanto, o profissional de saúde deve conhecer e respeitar as crenças dos pacientes para        adaptar a abordagem e devem ser realizados programas de educação em saúde para        aumentar o conhecimento sobre Diabetes, possibilitando melhor autocuidado e melhora da        qualidade de vida.  Objetivo:  Identificar crenças e conhecimentos dos pacientes portadores de              Diabetes Mellitus acerca da sua doença e avaliar sua influência no tratamento.  Métodos:       

Revisão de literatura utilizando as seguintes bases de pesquisa: PubMed, Scielo, Google        Acadêmico e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), em português e inglês.  Resultados:  As          crenças influenciam na conceituação do Diabetes e nas práticas de autocuidado. O        conhecimento, em geral, é insuficiente. Observaram­se bons resultados quando se avaliou o        conhecimento de pacientes inseridos em programas de educação em Diabetes. Observou­se        ainda que a aquisição de conhecimento não necessariamente gera mudança de        comportamento.  Conclusão: O profissional de saúde deve conhecer e respeitar as crenças        dos pacientes para adaptar sua abordagem. Um bom conhecimento do paciente acerca do        Diabetes possibilita o desenvolvimento de habilidades em relação ao autocuidado. A educação        em Diabetes deve ser um processo permanente para possibilitar a construção e a consolidação        de conhecimentos que favoreçam o autocuidado, promovendo autonomia dos pacientes,        prevenindo   complicações   e   melhorando   sua   qualidade   de   vida. 

 

Descritores:    Diabetes   Mellitus,   conhecimento,   crenças,   influência,   tratamento   

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Abstract 

Introduction: Diabetes Mellitus (DM) is a chronic and degenerative syndrome that represents        an important global public health problem. Patients’ perceptions and attitude towards Diabetes        are influenced by their beliefs and knowledge about the disease. Therefore, it is important that        the health professional knows and respects the patients’ beliefs to adapt their approach as        health education programs must be carried out to increase knowledge about Diabetes, thus        enabling a better self­care and improvement quality of life.  Aims: To identify the beliefs and        knowledge of Diabetes Mellitus patients about their disease and to evaluate their influence on        the treatment.  Methods: Literature review using the following research bases: PubMed, Scielo,        Google Academic and Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) in Portuguese and English.  Results:        Beliefs influence the conceptualization of Diabetes and self­care practices. Knowledge, in        general, is unsatisfactory and insufficient. Good results were observed when assessing the        knowledge of patients enrolled in Diabetes education programs. It was also observed the        acquisition of knowledge does not necessarily generates behavior change.  Conclusion: The        health professional must know and respect the beliefs of patients in order to have confidence        and adapt their approach. Good knowledge about Diabetes enables the skills development in        relation to the way in which self­care is performed that motivates the patient to take care of        himself. Diabetes education must be a permanente process to enable the construction and        consolidation of knowledge that favors self­care, promoting patients' autonomy, preventing        complications   and   improving   their   quality   of   life.    Keywords:    Diabetes   Mellitus,   knowledge,   beliefs,   influence,   treatment            1.   Introdução 

O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome crônica e degenerativa que        constitui um importante e crescente problema de saúde pública mundial, devido        à elevada prevalência, morbimortalidade e custos do tratamento. Estima­se que        a população mundial com Diabetes é de aproximadamente 382 milhões de        pessoas e que deverá atingir 471 milhões em 2035. No Brasil, há cerca de 13        milhões   de   pessoas   vivendo   com   Diabetes. 1,2  

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Além do impacto financeiro para o paciente e para o sistema de saúde,        esta doença é carregada de significados simbólicos e representa um choque        emocional para os indivíduos e seus familiares. O paciente não está preparado        para conviver com as limitações consequentes à esta condição crônica e        muitas vezes o seu diagnóstico acaba por gerar sentimentos negativos perante        a percepção do pouco controle sobre a sua vida, diminuindo a potência para        agir e pensar, ou a  felicidade de acordo com o conceito de Espinosa (filósofo        holandês do século XVII):  “Se uma coisa aumenta ou diminui, facilita ou reduz                         

a potência de agir do nosso corpo, a idéia dessa mesma coisa aumenta, facilita                           

ou reduz a potência de pensar de nossa alma” . Consequentemente, ocorre a                     

redução   da   qualidade   de   vida. 3  

O Diabetes acaba por romper a harmonia orgânica, transcendendo a        pessoa do doente, interferindo na vida familiar e comunitária, afetando        profundamente seu universo de relações. O indivíduo passa a ter que mudar        hábitos de vida já consolidados e assumir uma nova rotina, o que torna o        controle e o acompanhamento desses pacientes uma tarefa complexa,        influenciada   por   diversos   fatores. 4,5 

Conhecendo a dimensão da epidemiologia do DM e o que se observa na        prática assistencial, pode­se perceber a relevância desta doença no contexto        da saúde pública e da saúde do indivíduo e a importância de um rígido controle        da   mesma,   visando   prevenir   complicações   e   melhorar   a   sua   qualidade   de   vida.   Para um controle efetivo do Diabetes é fundamental uma adequada adesão do        indivíduo ao tratamento, que vai muito além do que simplesmente o ato de        cumprir determinações do profissional de saúde. Neste processo, o paciente é        influenciado por seus sentimentos, conhecimentos, crenças, desejos e atitudes        a respeito da doença, pela sua condição socioeconômica, por familiares,        amigos, mídia e deve ter autonomia para debater com os profissionais de        saúde as recomendações e condutas, tornando­se participante ativo do        tratamento. 6 Logo, é fundamental que os profissionais de saúde levem em                   

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A concepção de saúde e a forma como cada indivíduo encara e se        comporta diante da doença são determinados a partir das experiências        pessoais,   que   guardam   íntima   relação   com   seus   valores   e   crenças. 7  

O conhecimento dos pacientes a respeito do Diabetes é outro fator que possui        grande influência no comportamento em relação à doença. Um bom        conhecimento acerca da patologia possibilita o desenvolvimento de habilidades        em relação à maneira de realizar o autocuidado que, por sua vez, estimulam e        motivam   o   paciente   a   se   cuidar. 8  

Desta forma, este trabalho tem por objetivo realizar uma revisão da        literatura para analisar de que forma as crenças e o conhecimento dos        pacientes diabéticos acerca da sua doença influenciam no tratamento e        demonstrar a importância de projetos de intervenção voltados para a educação        em saúde. Este trabalho tem como objetivo principal fornecer resultados de        estudos sobre as crenças e o conhecimento dos pacientes portadores de DM        acerca de sua doença e de que forma influenciam no tratamento. Além disso,        espera­se demonstrar a importância de projetos de intervenção como os        Programas   de   Educação   em   Saúde. 

 

2.   Métodos 

O presente trabalho consiste em uma revisão de literatura sobre as        crenças e o conhecimento dos pacientes portadores de DM acerca de sua        doença   e   sua   influência   no   tratamento. 

Foram consultados artigos publicados em sites de pesquisa como        PubMed, Scielo, Google Acadêmico e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas        línguas   portuguesa   e   inglesa. 

 

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O DM é uma síndrome crônica e degenerativa de etiologia multifatorial.        Pode ocorrer por consequência à ausência de produção de insulina, como no        Diabetes tipo 1, mais comum na infância, adolescência e início da idade adulta;        ou pela redução da capacidade de produção de insulina pelo pâncreas e        resistência dos tecidos periféricos à ação deste hormônio como ocorre no        Diabetes Tipo 2, que representa cerca de 90% dos casos. Esta última aparece        geralmente na idade adulta, embora sua prevalência esteja aumentando na        população jovem, e está intimamente relacionada à síndrome metabólica e à        obesidade. 9  

Caracteriza­se por hiperglicemia crônica acompanhada de distúrbios do        metabolismo de lipídios, carboidratos e proteínas. Pode apresentar ao longo de        seu  curso,  complicações  agudas  como:  hiperglicemia,  hipoglicemia,  cetoacidose e coma hiperosmolar hiperglicêmico e crônicas, que podem ser        divididas em macrovasculares: coronariopatia, doença vascular periférica e        doença cerebrovascular e microvasculares: nefropatia, retinopatia e ainda        neurológicas:   neuropatia. 9,10 

Atualmente, pode­se afirmar que há uma verdadeira pandemia de DM        em curso no planeta, configurando­se num grave problema de saúde pública.        Estima­se que a população mundial com Diabetes é de aproximadamente 382        milhões de pessoas e que deverá atingir 471 milhões em 2035. Cerca de 80%        desses indivíduos vivem em países considerados emergentes, onde a        pandemia tem maior intensidade, com crescente proporção de pessoas        afetadas em grupos etários mais jovens. O número de indivíduos diabéticos        está aumentando devido ao crescimento e ao envelhecimento populacional, à        maior urbanização, à crescente prevalência de obesidade e ao sedentarismo,        bem   como   pela   maior   sobrevida   de   pacientes   com   DM. 1,2,   11   

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Hoje, no Brasil, há cerca de 13 milhões de pessoas vivendo com        Diabetes, o que representa 6,9% da população.             2 Dados de 2011 e 2013 do           

Ministério da Saúde colocavam o Diabetes como a quarta principal causa de        morte. Na maioria dos países desenvolvidos, quando se analisa apenas a        causa básica do óbito, verifica­se que o DM figura entre a quarta e a oitava        posição. Estudos brasileiros sobre mortalidade por DM mostram que, quando        se menciona DM na declaração de óbito, a taxa de mortalidade por essa        enfermidade   aumenta   até   6,4   vezes. 12  

O DM possui importante impacto em diferentes esferas. Sob o ponto de        vista socioeconômico, pode­se afirmar que, devido à sua natureza crônica, à        gravidade das complicações e os recursos necessários para controlá­las, é        uma doença muito onerosa não apenas para os indivíduos afetados e suas        famílias, mas também para o sistema de saúde.               1 Os custos diretos com DM         

variam entre 2,5 e 15% do orçamento anual da saúde de um país, dependendo        de   sua   prevalência   e   do   grau   de   complexidade   do   tratamento   disponível.  

Estudos de 2012 estimavam que os custos diretos para o Brasil        oscilassem em torno de 3,9 bilhões de dólares, enquanto os custos do        tratamento ambulatorial dos pacientes com diabetes pelo Sistema Único de        Saúde são de aproximadamente US$ 2.108,00 por paciente, dos quais US$        1.335,00 são relativos a custos diretos.           13,14 Além disso, muitos indivíduos com         

Diabetes tornam­se incapazes ou limitados para continuar a trabalhar já que o        DM é a principal causa de amputação não traumática e de cegueira adquirida e        importante causa de mortalidade, muitas vezes precoce, o que acarreta perda        da  produtividade. 2,15  Combinando  as  estimativas  para  25  países 

latino­americanos, calcula­se que os custos decorrentes da perda de produção        pela   presença   de   DM   podem   ser   cinco   vezes   maiores   que   os   custos   diretos. 16  

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Sob o ponto de vista do impacto dessa doença na vida do indivíduo e de        seus familiares, pode­se destacar os custos intangíveis do Diabetes, como dor,        ansiedade, angústia e perda de qualidade de vida. Muitas vezes, o diagnóstico        do Diabetes é carregado de significados simbólicos e representa um choque        emocional para o indivíduo, que não está preparado para conviver com as        limitações decorrentes desta condição crônica, podendo gerar sentimentos de        revolta, depressão, medo, culpa, baixa autoestima, insegurança e não        aceitação. O Diabetes acaba por romper a harmonia orgânica, transcendendo a        pessoa do doente, interferindo na vida familiar e comunitária, afetando        profundamente seu universo de relações. O indivíduo passa a ter que mudar        hábitos de vida já consolidados e assumir uma nova rotina que envolve        disciplina rigorosa do plano alimentar, a incorporação ou aumento da prática de        atividade física e uso permanente e contínuo de medicamentos, o que torna o        controle e o acompanhamento desses pacientes uma tarefa complexa,        influenciada   por   diversos   fatores.    4,5  

Tendo em vista a magnitude dos dados epidemiológicos referentes ao        Diabetes e o que se observa na prática assistencial, pode­se perceber a        relevância que esta doença possui no contexto da saúde pública e na saúde do        indivíduo e a importância de um rígido controle da mesma, visando prevenir        complicações   e   melhorar   a   sua   qualidade   de   vida.  

É essencial para um controle efetivo do Diabetes uma adequada adesão        do indivíduo ao tratamento. Esta deve ser entendida muito além do que        simplesmente o ato de cumprir determinações do profissional de saúde. Neste        processo, o paciente é influenciado pela sua condição socioeconômica, por        familiares, amigos, mídia e deve ter autonomia e habilidade para debater com        os profissionais de saúde as recomendações e condutas, tornando­se        participante ativo do tratamento.       6 Para isso, é necessário que o paciente entre               

em contato com seus sentimentos, conhecimentos, crenças, mitos, tabus,        desejos e atitudes a respeito da doença e que os profissionais de saúde levem        em   consideração   todos   esses   fatores   no   gerenciamento   do   seu   tratamento. 4 

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Os costumes sobre as práticas de saúde, os valores, as percepções e o        conhecimento dos pacientes em relação à doença e ao tratamento são        diferentes daqueles pensados pelos profissionais de saúde pois, geralmente,        fazem parte de grupos socioculturais, linguísticos e psicológicos distintos. A        concepção de saúde e a forma como cada indivíduo encara a doença são        determinados a partir das experiências pessoais, que guardam íntima relação        com   seus   valores   e   crenças. 7  

O conhecimento dos pacientes a respeito da doença é outro fator que        possui grande influência no tratamento do Diabetes. Um bom conhecimento        acerca da condição – componente cognitivo – possibilita o desenvolvimento de        habilidades em relação à maneira de realizar o autocuidado – componente        afetivo – que, por sua vez, estimulam e motivam o paciente a se cuidar –        componente   comportamental. 8  

Portanto, cabe aqui questionar: de que forma as crenças e o        conhecimento dos pacientes portadores de Diabetes acerca da sua doença        influenciam   no   tratamento? 

 

Crenças 

Pode­se começar a responder este questionamento estabelecendo o        conceito de crença como o “resultado do domínio da experiência, constituída        de convicções não fundadas racionalmente e que modelam a conduta        cotidiana”. 7  

No universo da saúde as crenças são definidas como ideias, conceitos,        convicções e atitudes tomadas pelos pacientes que estão relacionadas à saúde        ou   doença. 6  

As crenças em saúde poderiam ser classificadas em cinco tipos,        segundo   Rokeach 17 

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I) Crenças primitivas ­ consenso 100%: apreendidas pelo encontro direto        com o objeto da crença, reforçadas por um consenso social unânime entre        todas as referências de pessoas ou grupos. Representam as verdades básicas        do indivíduo sobre a realidade física, social e a natureza do eu, não sendo        sujeitas   à   discussão   ou   controvérsia; 

II) Crenças primitivas – consenso zero: sua manutenção não depende        do fato de ser compartilhada com outros. Não há referência de grupos ou        pessoas   fora   do   eu   que   possam   discutir   tal   crença; 

III) Crenças de autoridade: inicialmente primitivas que se modificam a        partir da expansão do sistema de crenças, pela interação com o meio social,        normalmente   submetidas   a   uma   autoridade   consentida; 

IV) Crenças derivadas: provenientes das crenças em determinadas        autoridades. Exemplos: crenças ideológicas, originadas mais pela identificação        com a autoridade ­religiosa, política – do que com o objeto da crença. Crenças        obtidas através de fontes consideradas confiáveis como jornais e revistas        também   estão   neste   grupo. 

V) Crenças inconsequentes: apresentam questões de gosto, tendo        pouca ligação com as outras crenças e sua modificação não traz implicação        para   a   organização   do   sistema   de   crenças   do   indivíduo. 

O modelo apresentado acima permite avaliar a força das crenças no        sistema organizado pelo indivíduo, o que poderia servir de base para a        abordagem do mesmo caso se desejasse a modificação de determinada        crença. Acredita­se que quanto mais próxima da crença primitiva de consenso        100%,   mais   imutável   seria.  

Outro modelo que contribui para compreender o comportamento das        pessoas na área da saúde é o Modelo de Crenças em Saúde (MCS) proposto        por Becker   18 , que inclui um forte componente de motivação e do mundo                     

perceptual do indivíduo, procurando prever ações e atitudes dos indivíduos em        relação   às   doenças,   tendo   em   vista   quatro   variáveis   interdependentes: 

I) Susceptibilidade percebida: avalia a aceitação da possibilidade de        contrair   uma   determinada   condição   ou   patologia; 

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II) Severidade percebida: avalia a percepção da seriedade de uma        determinada condição. O grau de seriedade pode ser julgado pelo grau de        estimulação emocional criado pelo pensamento de uma doença, pelas        dificuldades que o indivíduo acredita que irá enfrentar ou pelo simples        conhecimento das complicações que aquela doença poderá trazer para a sua        saúde   e   sua   qualidade   de   vida; 

III) Benefícios percebidos: o comportamento do indivíduo dependerá da        crença de quão benéficas serão as alternativas para reduzir a ameaça à dada        condição   de   saúde; 

IV) Barreiras existentes: aspectos negativos percebidos pelo indivíduo        em relação às ações em saúde. Ele pode perceber essas ações como caras,        inconvenientes, desagradáveis, dolorosas ou que exigem muito tempo        disponível. Essas qualificações das ações tornam­se barreiras e criam motivos        conflitantes. 

Pontieri e Bachion, (2010)       6  em um estudo desenvolvido com nove           

pacientes em uma unidade de referência para atendimento de diabéticos no        SUS em um município no estado de Goiás, identificaram na análise das falas        diferentes categorias de crenças. Com relação às recomendações recebidas        sobre a alimentação, foram observadas crenças de autoridade, sobre as quais        os profissionais de saúde das áreas de nutrição e medicina eram as        referências. Estes, talvez por tentarem uma adesão mais significativa e estrita        do paciente ao tratamento, utilizavam orientações simplistas e impositivas,        carregadas de expressões como “não pode”, cuja tônica era a restrição e a        proibição, o que pode contribuir para uma resistência do paciente ao plano        alimentar. 

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Quanto à adesão à terapia nutricional, foi identificada a crença primitiva        consenso zero de que a dieta é difícil de ser seguida, podendo constituir­se        como barreira à adesão do paciente ao tratamento. O conjunto das crenças        identificadas denota baixa adesão à terapia nutricional. Segundo os autores, a        baixa adesão ao tratamento poderia ser explicada pelo fato de que as        mudanças necessárias ao indivíduo para que ele tenha sucesso no tratamento        não estão acontecendo por não estarem sendo abordadas de maneira        adequada   no   processo   de   atendimento   em   saúde. 

Foi realizado por Rasxid       19 um estudo com cinco pacientes portadores de             

diabetes no município de Piracicaba – SP no método de grupo focal, no qual a        pergunta norteadora era “ O que os portadores de Diabetes podem ou não        podem fazer? ”. Após a análise dos discursos, identificou­se fatores cognitivos        e afetivos nos portadores de Diabetes que poderiam influenciar no        comportamento   alimentar   e   social   dos   indivíduos. 

Determinaram­se então quatro categorias: crenças, tabus, mitos e        aspectos afetivos – atitudes e sentimentos. As crenças ficaram bastante        evidentes e tiveram maior destaque na área de terapia alternativa, com relatos        de grande utilização de ervas e plantas devido às histórias passadas de        geração em geração. Além disso a desconfiança em relação à medicina        convencional, acarretava uma maior busca por tratamentos alternativos,        acreditando ter efeitos mais eficazes. Os mitos eram influenciados por        familiares e amigos, e se relacionaram com o tipo de alimentação que o        diabético poderia ou não consumir, enquanto os tabus determinavam a maneira        de se alimentar dos pacientes, entendendo a alimentação do diabético como        um   regime,   com   muitas   restrições,   proibições   e   opções   reduzidas.  

Todas essas categorias estão atreladas aos aspectos afetivos, logo, as        atitudes em relação à pratica alimentar e ao tratamento medicamentoso, são        influenciadas   pelo   que   se   sente   em   relação   aos   alimentos   e   medicamentos.  

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Sendo assim, conclui­se que é extremamente importante que o        profissional de saúde conheça os comportamentos cognitivos do paciente        diabético, pois estes sempre irão existir, independentemente do surgimento de        novos   estudos   científicos. 

Nunes 20  desenvolveu em 2004 um estudo no distrito de Viseu em                   

Portugal, com 266 pacientes diabéticos tipo 1, com o objetivo de investigar a        relação das variáveis psicossociais com a qualidade de vida e a gestão da DM        tipo 1, e verificou que a qualidade de vida estava associada com as crenças em        saúde, observando que, quanto maior a percepção dos obstáculos e benefícios        do tratamento e a percepção de gravidade e vulnerabilidade às complicações        do   Diabetes,   maior   a   qualidade   de   vida. 

Jannuzzi et al     21 realizaram uma pesquisa com 17 pacientes diabéticos             

em acompanhamento ambulatorial com o objetivo de identificar as crenças        comportamentais, normativas, de controle e de autoeficácia, relacionadas ao        comportamento de adesão aos antidiabéticos orais, utilizando a Teoria do        Comportamento Planejado (Theory of Planned Behavior – TPB)               22 , um dos     

principais modelos utilizados para estudar comportamentos em saúde. Tal        modelo postula que as crenças impactam os fatores preditores da intenção        (motivação) – determinante imediato do comportamento. Assim, identificar as        crenças relacionadas à adesão medicamentosa é essencial para compreender        as ações de autocuidado adotadas, uma vez que representam as opiniões        sobre as orientações de saúde, com base em conhecimentos próprios ou em        experiências   vividas,   permitindo   que   se   rejeite   ou   aceite   as   condutas   prescritas.  Os resultados demonstrados nas tabelas abaixo evidenciam que a        adesão aos antidiabéticos orais é um comportamento complexo permeado por        crenças comportamentais, normativas e de controle que devem ser        consideradas na avaliação dos determinantes do comportamento. A        investigação da influência das crenças na intenção em aderir aos antidiabéticos        orais pode fornecer subsídios para intervenções focadas na promoção da        adesão   medicamentosa   entre   pacientes   com   DM. 

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Tabela   1   ­   Crenças   comportamentais. 21    Crenças   comportamentais  Tomar   os   medicamentos   para   o   tratamento   do   diabetes   exatamente   como   prescritos...       Provoca   reações   adversas      82,4  Mantém   a   glicemia   e   o   diabetes   sob   controle      58,8  Evita   complicações   do   diabetes      52,9  Evita   internações   e   a   morte      41,2  Evita   ou   retarda   a   indicação   de   insulina      29,4  Provoca   sintomas   de   hipoglicemia      29,4  Melhora   os   sintomas   de   hiperglicemia    23,5      Quadro   1   –   Falas   dos   pacientes:   crenças   comportamentais    “Não   é   normal   ficar   soltando   o   intestino   desse   jeito.   Pode   desidratar.   Às   vezes   começa   a   dar  suador,   a   língua   adormece.   Aí,   eu   tenho   que   comer   uma   coisa   salgada   ou   uma   coisa   doce.   Sempre  dá   isso   aí   em   mim.   Ela   descontrola.   Então,   eu   acho   que   é   o   uso   do   medicamento   direto.”    (Sujeito  16).  “Então,   os   remédios   controlam   o   açúcar   mais   que   a   dieta.   Daí,   nesses   dias   que   eu   não   estou  tomando,   ele   tá   subindo.”    (Sujeito   2).  “Agora   se   não   tomar,   mais   tarde   vêm   as   complicações.   Eu   tenho   medo   de   complicar   sim,   porque  na   família   teve   um   caso   desses   e   eu   tinha   que   cuidar   dessa   pessoa.   Só   que   ela   não   tomava   os  medicamentos.”    (Sujeito   16).           

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  Tabela   2   ­   Crenças   normativas. 21    Crenças   normativas  Ao   tomar   os   medicamentos   para   o   tratamento   do   diabetes   exatamente   como   prescritos,   seria  aprovado   por...      Meus   filhos    70,6  Meu   médico    58,8  Meu   esposo   ou   esposa    52,9  A   equipe   de   enfermagem  17,6    Ao   tomar   os   medicamentos   para   o   tratamento   do   diabetes   exatamente   como   prescritos,   não   seria  aprovado   por...      Conhecidos   que   são   diabéticos   e   não   aderem   ao   tratamento  58,8      Quadro   2   –   Falas   dos   pacientes:   crenças   normativas    “Um   dos   filhos   sempre   me   ajuda.   Se   não   me   lembrarem,   eu   não   tomo   nenhum.   Eu   esqueço.   Minha  ideia   de   uns   tempos   pra   cá   fugiu   muito.   Fica   mais   difícil.”   (Sujeito   8).   “Eu   sigo   as   ordens   dos  médicos,   confio   muito   neles.”      (Sujeito   7).  “Ele   (aponta   para   o   marido)   que   ajuda,   que   vai   buscar.   Porque   o   posto   é   meio   longe   e   como   eu  tenho   essas   dores   nas   pernas,   ele   pega   e   vai   buscar.   Me   dá   a   receita   aí,   ele   fala.   Tem   as  enfermeiras   na   reunião   dos   diabéticos.   Elas   falam   assim:   a   tal   da   diabetes   mata,   né?   Tem   que  cortar   a   perna,   não   pode   machucar.”   (Sujeito   2).  “Tem   uma   prima   da   minha   esposa   que   fala   assim:   “minha   avó   tinha   diabetes   desde   30   anos,  nunca   tomou   remédio   e   morreu   com   90.   Larga   mão   disso”.   Ela   faz   assim   e   acha   que   tô   fazendo  mal   porque   me   proíbem   de   comer   tantas   coisas.   Ela   acha   que   é   por   isso   que   tô   sofrendo   à   toa,   que  não   precisa   tomar   isso,   não.”   (Sujeito   7).      Tabela   3   ­   Crenças   de   controle. 21   

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Crenças   de   controle  Torna­se   mais   fácil   a   tomada   dos   medicamentos   para   o   tratamento   do   diabetes   exatamente   como   prescritos...    Adquirir   os   medicamentos   de   forma   gratuita      70,6  Associar   a   tomada   de   medicamentos   aos   marcadores   temporais      29,4  Levar   os   comprimidos   ao   sair   de   casa      29,4  Diferenciar   os   medicamentos   por   cor,   formato   e   tamanho      17,7  Ter   rotinas   e   controle   das   atividades   diárias      11,8    Torna­se   mais   difícil   a   tomada   dos   medicamentos   para   o   tratamento   do   diabetes   exatamente   como   prescritos...       Ter   que   tomar   os   medicamentos   mais   do   que   uma   vez   por   dia    23,5    Quadro   3   –   Falas   dos   pacientes:   crenças   de   controle      “Pegar   no   posto   facilita   […]   Tem   dia   que   você   não   tem   um   real   pra   comprar   pão.   Eu   acabo   de  almoçar,   e   já   tomo   em   cima,   com   o   estômago   cheio.”    (Sujeito   17).  “Quando   eu   saio   eu   levo.   Faz   parte   já.   É   que   nem   minha   carteira:   pra   onde   vou,   eu   levo.”    (Sujeito  7)  “Eu   não   sei   o   nome,   mas   sei   pela   cor   e   pelo   tamanho.   Alguns   são   tudo   igual.”    (Sujeito   12)  “Eu   tenho   horário   pra   tudo,   pro   café,   pro   almoço,   pro   café   da   tarde,   pra   janta,   tudo.   Eu   tenho  horário   pra   tudo.”    (Sujeito   4)  “ Tem   que   tomar   cedo   e   à   noite,   e   é   isso   aí   que    que   uma   vez   por   dia   dificulta   o   comportamento   de  aderir    me   atrapalha.   Melhor   se   fosse   só   uma   vez.”    (Sujeito   10)      Tabela   4   ­   Crenças   de   autoeficácia. 21    Crenças   de   autoeficácia  %  

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Eu me sinto capaz de tomar os medicamentos para o tratamento do diabetes exatamente        como   prescritos   devido...    À   compreensão   da   receita   e   da   forma   de   uso   dos   medicamentos      35,3 

Às vezes, eu não me sinto capaz de tomar os medicamentos para o tratamento do diabetes        exatamente   como   prescritos   devido   ao...       Ao   esquecimento    17,6    Quadro   4   –   Falas   dos   pacientes:   crenças   autoeficácia    “ A   única   coisa   que   eu   tava   comentando   é   que   tem   remédio   aqui   que   eu   tava   tomando   e   nem   sabia  prá   quê   que   era.   […]   Mas,   entendendo   prá   que   serve   fica   mais   fácil.”       (Sujeito   13)  “[…]   quando   a   gente   lembra,   né?   Eu   trabalho,   e   levo   os   remédios   no   trabalho.   O   problema   é   que  a   gente   esquece,   fica   envolvido.”       (Sujeito   14)     

Xavier  et al     7 desenvolveram um estudo com nove pacientes portadores             

de Diabetes Tipo 2 em uma instituição de saúde privada, localizada em        Fortaleza­CE, cujo objetivo era conhecer as crenças que permeavam as        atitudes de autocuidado dos diabéticos. Analisando os discursos dos        entrevistados foram encontradas três categorias de significação: a influência        das crenças na conceituação do Diabetes; as crenças, o autocuidado e as        práticas cuidativas e a crença no papel da família, da mídia e dos profissionais        de   saúde   no   autocuidado.  

Com relação à influência das crenças na conceituação do Diabetes        evidenciou­se que, segundo o saber popular, esta doença é incurável e surge        devido ao “sangue fraco” ou ao “sangue virando água”. Os diabéticos        percebem a ‘força” da doença em seus corpos, que ficam à mercê dos efeitos        da doença. Pode­se inferir que o Diabetes significa muito mais do que um        conjunto de sintomas, possuindo muitas representações simbólicas, como        percebidas   nas   falas   desses   pacientes:  

(17)

“Eu acho que é o sangue fraco [...] A gente não poder trabalhar. Não                            pode   andar   no   mundo.”   (Sujeito   3)  

“É o sangue virando água né [...] Quem tem Diabetes não pode ser muito feliz                             

não.”   (Sujeito   5)    

 Outras frases interessantes surgiram ao longo da entrevista, apontando       

a   relação   das   crenças   com   as   práticas   do   autocuidado   em   Diabetes: 

”Eu tenho cuidado né... pra não comer nada pesado, pra não comer nada                         

coisado   assim   né,   pra   não   sentir   mal...   pra   diminuir   a   diabetes   né...”   (Sujeito   1) 

“O meu dia a dia é assim, eu sigo a minha dieta... no caso na minha casa,                                 

assim,   refrigerante   só   entra   se   for   diet,   sorvete   também...”   (Sujeito   2) 

“Agora a alimentação é que eu acho fraca porque é verdura, fruta e carne                           

moída... gordura de jeito nenhum... Açúcar eu não como... ninguém come                     

farinha,   ninguém   come   tapioca.”   (Sujeito   3) 

“Eu só faço almoçar e jantar. A doutora diz que é pra mim comer três vezes.                               

Deus   me   livre   mulher,   se   eu   comer   três   vezes   eu   vou   inchar.”   (Sujeito   4)   

Observa­se que, enquanto para alguns (sujeitos 1 e 2) parece não haver        grandes dificuldades em relação à alimentação adequada, para outros (sujeito        3)   o   plano   alimentar   recomendado   parece   tirar   o   prazer   de   comer. 

Na sociedade ocidental alguns hábitos alimentares são tidos como        tabus, considerando alguns alimentos nocivos e proibindo a alimentação de        outros.   É   o   que   se   expressa   nas   falas   dos   sujeitos   1   e   4. 

Percebe­se que as crenças influenciam diretamente as escolhas        alimentares. A alimentação humana parece estar muito mais vinculada às        exigências   tradicionais   do   que   às   próprias   necessidades   fisiológicas.  

As crenças e as práticas relacionadas à alimentação são difíceis de        serem   modificadas,   mesmo   quando   interferem   com   a   nutrição   adequada. 23  

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A alimentação envolve questões históricas, culturais e antropológicas        como a relação da cultura com a natureza, o simbólico e o biológico.        Alimentar­se é um ato vital, mas, ao alimentar­se, o ser humano cria práticas e        atribui significados àquilo que está incorporando a si mesmo, o que vai além da        utilização   de   alimentos   pelo   organismo. 24  

A busca pelo cuidado alternativo também foi demonstrada pelos        entrevistados deste estudo através de crenças que denunciavam a ingestão de        fitoterápicos   de   forma   indiscriminada.  

 “Eu faço chá de quebra­pedra que é amargoso [...] Pro Diabetes é a                         

mesma coisa, também é muito bom, porque o Diabetes não quer nada doce, só                           

quer   amargo.   [...]   Diabetes   é   só   coisa   amargosa.”   (Sujeito   3) 

“Eu tomo o chá da mão­da­vaca [...] A mão­da­vaca é pra abaixar o                         

diabete. [...] Eu já tô com vontade de deixar de ficar ou sem as pílulas ou sem o                                   

chá.”   (Sujeito   4) 

“Eu plantei agora um galhinho que é muito bom – a insulina – é uma                             

plantinha verde... É pra mim tomar o chá dela direto que é muito bom. Eu                             

aprendi com uma conhecida minha que ela tinha Diabetes e ela tomava...”                       

(Sujeito   5) 

 Os tratamentos alternativos aparecem como “ajuda” ao tratamento       

convencional, mesmo com resultados muitas vezes questionáveis. Algumas        ervas são tradicionalmente utilizadas para Diabetes, sendo seu conhecimento        passado de geração para geração, independentemente da indicação do        profissional   de   saúde. 

O uso de práticas baseadas no saber popular não está presente apenas        na falta de esclarecimento ou de recursos financeiros por parte da população.        As crenças e práticas baseadas no saber popular e em experiências empíricas        são adotadas como ferramentas destinadas à manutenção da saúde ou cura        de   doenças,   se   justificando,   principalmente,   pela   crença   na   ação   terapêutica. 

(19)

Com relação à terceira categoria identificada nos discursos – A crença        no papel da família, da mídia e dos profissionais de saúde no autocuidado –        observa­se que os comportamentos de autocuidado dos indivíduos em relação        ao Diabetes  são influenciados de maneira importante por esses agentes. Nas          falas a seguir percebe­se a relevância do componente familiar nos        comportamentos de autocuidado, tendo a família um papel de incentivadora        dos   comportamentos. 

“[...]  porque a família deve ajudar a pessoa que é diabética, evita na                         

frente dele ou dela a alimentação que ele não pode que é o caso na minha                               

casa...”.    (Sujeito   2) 

“A família tanto se cuida como cuida da outra pessoa, ta sempre ali,                         

fulano tomou o remédio? Lá em casa estão sempre me lembrando porque eu                         

sou   um   pouco   esquecido...   ”    (Sujeito   6) 

Nessa relação, a família motiva ações autocuidativas, além de        demonstrar   sentimentos   de   afeto,   cooperação   e   solidariedade. 

Os meios de comunicação, principalmente a televisão, foram        considerados incentivadores da prática de autocuidado do Diabetes. Nas falas        encontra­se a crença de que a televisão fornece informações sobre a        necessidade   do   autocuidado,   incentivando   a   busca   de   orientação   profissional. 

“[...]  as meninas vê na televisão e disse que viu na televisão sobre a                           

Diabetes e me diz "olhe mãe ta vendo? tá passando na televisão pra pessoa                           

com   diabetes   fazer   viu?".    (Sujeito   5) 

“Porque eu assisto muita televisão e vejo os doutores dizendo que o                       

nosso corpo precisa do açúcar, precisa da gordura, agora não só comer toda                         

hora,   todo   instante   aquilo,   mas   lá   uma   vez   na   vida   eu   faço.”    (Sujeito   4) 

Percebe­se então, que a mídia, especialmente a televisão, influencia os        sujeitos, na medida em que produz imagens e significações. É capaz de        fornecer saberes que de alguma forma se dirigem à "educação" das pessoas,        ensinando­lhes   modos   de   ser   e   estar   na   cultura   em   que   vivem. 

(20)

É atribuída ao diabético, muitas vezes, a responsabilidade pelo sucesso        ou não do autocuidado, no entanto, precisamos ficar atentos às práticas        veiculadas nos meios de comunicação de massa, já que é dentro de um        processo quase mágico, veloz e sutil que mensagens ­ formas simbólicas, dos        tipos mais diversos, passam a interagir com as diversas culturas, criando        representações   e   transformando   relações. 25 

Além da mídia, o relacionamento entre o profissional de saúde e o        paciente   mostrou­se   fundamental   na   orientação   nas   práticas   de   autocuidado.  

“[...]  a doutora disse que é muito bom caminhar né... que eu não                         

caminhava... Eu acredito em Deus e acredito nos médicos em segundo né.”                       

(Sujeito   2). 

“ Eu me cuido o que a doutora me explica como é. O que eles me                              ensinarem,   eles   me   explicam,   e   tem   as   consultas   e   eu   vou   né.”    (Sujeito   3). 

“A doutora me explica como é, no dia que dá, eu gosto de participar das                             

palestras   porque   é   muito   animado,   eu   aprendo.”    (Sujeito   9). 

Portanto, o profissional de saúde parece ser a pessoa mais indicada        para orientar a respeito das práticas de autocuidado que possam garantir a        eficácia da adesão ao tratamento, desde que ele conheça e respeite as        crenças dos pacientes. Entende­se que o paciente com DM está apto a        aprender a cuidar de si, mas o modo como se ensina tem sido insuficiente        porque ele não associa o cuidado à sua crença. Logo, o profissional deve ser        flexível para adaptar a sua abordagem aos fatores que possam influenciar a        capacidade   e   a   vontade   do   paciente   de   aprender   sobre   o   Diabetes. 26 

 

(21)

O conhecimento dos pacientes diabéticos acerca de sua doença é uma        das bases fundamentais para o sucesso do tratamento. Um bom conhecimento        acerca da condição possibilita o desenvolvimento de habilidades em relação à        maneira de realizar o autocuidado que, por sua vez, estimulam e motivam o        paciente a se cuidar, seguindo um adequado plano alimentar, iniciando ou        aumentando a prática de atividade física, cuidando dos pés e realizando o        controle regular da glicemia capilar, prevenindo desta forma, episódios de        complicações agudas como a hipoglicemia e complicações crônicas, e        melhorando   sua   qualidade   de   vida. 8  

Indivíduos com baixa escolaridade e com alfabetismo em saúde        insuficiente representam um grupo que tende a apresentar maiores dificuldades        em compreender a doença e suas consequências, estando sujeitos        consequentemente, à sofrerem com as complicações do Diabetes. Um estudo        utilizando o  Spoken Knowledge in Low Literacy Patienes with Diabetes                   

(SKILLD) 27 , instrumento originalmente criado na língua inglesa para avaliar o                   

conhecimento de pacientes com baixa escolaridade acerca do Diabetes e        traduzido para o português nesta pesquisa, demonstrou grande percentual de        erros nas respostas dos entrevistados e uma associação do SKILLD com a        escolaridade (82,9% tinham Ensino Médio incompleto), o tempo de doença,        uso   de   insulina   e   alfabetismo   funcional   em   saúde.  

Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação,        a Ciência e a Cultura (UNESCO) divulgado em 2014, o Brasil ocupa o 8                            olugar 

dentre 150 países com o maior número de analfabetos. Dados do Instituto        Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes à Pesquisa Nacional por        Amostra de Domicílio (PNAD) realizada em 2012 mostram que a taxa de        analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais foi estimada em 8,7%, cerca        de 13,2 milhões de brasileiros. Coincidentemente, número muito semelhante ao        de portadores de DM. A situação fica ainda mais estarrecedora quando se        considera os analfabetos funcionais: 27% da população brasileira não é capaz        de   interpretar   textos   e   fazer   operações   matemáticas   mais   elaboradas. 28,29 

(22)

Diversos estudos se dedicaram a analisar o conhecimento dos pacientes        diabéticos acerca de sua doença. Nascimento  et al               30 realizaram um estudo com       

20 pacientes diabéticos para investigar o conhecimento destes a respeito das        lesões desenvolvidas em membros inferiores e constataram que 50% tinham o        entendimento de que o pé diabético constitui uma das principais complicações        do DM e 40% não realizavam nenhum tipo de prevenção para evitar lesões nos        membros   inferiores. 

Rocha e Filho     31 , ao analisarem o conhecimento de pacientes em uma                 

área de Estratégia de Saúde da Família, verificaram que a maioria possuía        conhecimento insuficiente sobre as práticas de autocuidado bem como das        complicações desencadeadas pela não realização destas. Nem mesmo com as        orientações da equipe multiprofissional da Unidade Básica de Saúde os        pacientes conseguiam realizar adequadamente a rotina de medicamentos e as        demais   práticas   domiciliares   de   autocuidado.  

Outro estudo que analisou o conhecimento e atitude de 79 pacientes em        relação ao Diabetes, demonstrou resultado insatisfatório quanto ao        conhecimento e ao autocuidado. Em relação às atitudes verificou­se        dificuldades   para   o   enfrentamento   da   doença. 32  

Neste contexto, há que se destacar a importância de se desenvolver        programas e atividades de educação em saúde para os diabéticos e seus        familiares. A educação em Diabetes deve ser um processo permanente,        gradativo, contínuo e interativo, de forma a possibilitar ao paciente a        construção e a consolidação de conhecimentos que favoreçam o autocuidado,        promovendo a autonomia dos pacientes.         33  Em resumo, a educação em         

(23)

Otero  et al     33 desenvolveram um estudo prospectivo cujo objetivo era             

avaliar o conhecimento de pacientes diabéticos acerca de sua doença, antes e        depois da implementação de um programa educativo. Foram entrevistados 54        pacientes sobre aspectos gerais do DM. Verificou­se que houve ganho        significativo de conhecimento com relação ao conceito, fisiopatologia,        tratamento, atividade física e alimentação. Observou­se ainda que a aquisição        de conhecimento não necessariamente se traduz em mudança de        comportamento.  

Desta forma, fica claro que é necessário além de disponibilizar ao        paciente todas as informações acerca do autocuidado, acompanhá­lo ao longo        do tempo, contribuindo para a tomada de decisões frente às situações que a        doença   impõe. 

Cinco anos após este estudo referido acima, Chagas et al                   34 realizaram 

uma nova pesquisa com 40 desses pacientes para analisar se o conhecimento        adquirido com o programa educativo ainda estava consolidado e verificaram        que os itens que obtiveram maior percentual de acertos foram relacionados ao        conhecimento das complicações crônicas, ao cuidado com os pés, à        automonitorização da glicemia capilar e ao conceito, fisiopatologia e tratamento        do DM. Por outro lado, itens relativos à alimentação e apoio familiar        necessitavam   de   maior   incremento.  

Estes estudos demonstram que é recomendável que haja reforço        contínuo dos ganhos de conhecimento adquiridos com o programa educativo,        para propiciar a adoção duradoura de comportamentos de autocuidado. O        processo de educação em saúde deve ser permanente para assegurar a        consolidação   do   conhecimento   adquirido. 

Os programas educativos em Diabetes podem ter estratégias tanto para        abordagem em grupo quanto individual. Um estudo realizado por Torres et al                       35 

comparou essas duas estratégias e concluiu que a mudança de        comportamento alimentar e das práticas de atividades físicas nos pacientes        com DM Tipo 2 está condicionada à melhora dos conhecimentos e à        modificação   de   atitudes   sobre   a   doença. 

(24)

Observou­se neste estudo que o tempo de contato, o número de        profissionais e de sessões da educação em grupo e individual promoveram        melhora  de  conhecimento e atitudes, favorecendo a mudança de        comportamento dos pacientes para aderirem ao plano alimentar e à atividade        física. Os resultados da educação em grupo e individual foram semelhantes no        que diz respeito ao ganho de conhecimento, na mudança de comportamento e        na qualidade de vida. Observou­se redução dos níveis de hemoglobina glicada        (HbA1c) nos dois grupos, porém esta foi mais significativa na estratégia de        educação   em   grupo. 

Segundo alguns autores     36,37 , o aumento do conhecimento e a             

modificação das atitudes não necessariamente melhoram a glicemia e reduzem        o peso. É necessário que o paciente passe a aderir ao plano alimentar        adequado e pratique atividades físicas regularmente. Além disso, deve        entender sua doença e ser encorajado a seguir as orientações educativas. A        educação combinada com a terapia de comportamento pode trazer grandes        benefícios para os diabéticos, fortalecendo e estimulando a decisão de        sustentarem   o   regime   terapêutico. 38  

Martin et al     39 avaliaram os conhecimentos dos pacientes diabéticos com             

DM antes e após atividade educativa sobre cuidados com os pés e verificaram        que houve diferença significativa nos cuidados com os pés, incluindo: corte de        unhas, calçado adequado, não andar descalço, uso de meias de algodão, sem        elásticos   e   hidratação   dos   pés. 

(25)

Costa et al     40 desenvolveram um estudo com o objetivo de analisar e                 

ampliar o conhecimento dos pacientes diabéticos sobre sua doença através de        palestras educativas e grupos de trabalho com temas relacionados às        complicações do Diabetes. Foram aplicados questionários antes e após o        programa de educação em saúde e constatou­se melhora no conhecimento        referente aos sintomas da hipoglicemia e prevenção de lesões em membros        inferiores. O número de pacientes que não acreditavam que a doença pudesse        ser assintomática se manteve elevado, o que pode ser explicado pelo fato dos        entrevistados já serem portadores da doença e, logo, conhecerem os sintomas.        No entanto, é função da equipe de saúde melhorar a abordagem deste tópico        de fundamental importância, uma vez que o indivíduo que aguarda ter sintomas        para procurar assistência médica, pode já ter complicações se desenvolvendo        em   seu   organismo. 

 

4.   Discussão 

 A revisão bibliográfica demonstra de forma contundente a influência que       

as crenças e o conhecimento dos pacientes diabéticos acerca da sua doença        possuem   sobre   o   tratamento. 

Sabe­se que o diagnóstico desta patologia é carregado de significados        simbólicos e, muitas vezes, representa um choque emocional para o indivíduo,        que passa ter que mudar hábitos de vida consolidados e assumir uma nova        rotina que envolve alimentação, atividade física e tomada de medicamentos. É        necessário, portanto, uma mudança de atitude e comportamento para que haja        uma adequada adesão ao tratamento e o sucesso terapêutico seja alcançado,        prevenindo   a   ocorrência   de   complicações. 4,5 

(26)

O processo de adesão vai muito além do o ato de cumprir        determinações do profissional de saúde. Neste processo, o paciente é        influenciado pela sua condição socioeconômica, por familiares, amigos, mídia e        deve ter autonomia e habilidade para debater com os profissionais de saúde as        recomendações e condutas, tornando­se participante ativo do tratamento.               6 

Para isso, é necessário que o paciente entre em contato com seus        sentimentos, conhecimentos, crenças, mitos, tabus, desejos e atitudes a        respeito da doença e que os profissionais de saúde levem em consideração        todos   esses   fatores   no   gerenciamento   do   seu   tratamento. 4  

A concepção de saúde e a forma como cada indivíduo encara a doença        são determinados a partir das experiências pessoais, que guardam íntima        relação   com   seus   valores   e   crenças. 7  

Uma interessante definição propõe que a crença é “resultado do domínio da        experiência, constituída de convicções não fundadas racionalmente e que        modelam   a   conduta   cotidiana”. 7  

No universo da saúde as crenças são definidas como ideias, conceitos,        convicções e atitudes tomadas pelos pacientes que estão relacionadas à saúde        ou   doença. 6  

Estudos que procuraram identificar as crenças dos pacientes diabéticos        acerca da doença demonstraram que estas influenciam na conceituação do        Diabetes e nas práticas de autocuidado (alimentação, adesão aos        antidiabéticos   orais,   uso   de   terapias   alternativas). 6,7,19,21  

Quanto à alimentação destacam­se as crenças sobre o que um paciente        com Diabetes pode ou não pode comer e o fato de muitos pacientes        entenderem a alimentação do diabético como algo restritivo e proibitivo, o que        muitas   vezes   contribui   para   uma   resistência   ao   plano   alimentar   adequado. 7,21 

Com relação à adesão aos antidiabéticos orais, pode­se destacar as crenças        relativas   aos   efeitos   colaterais   e   à   eficácia   dos   mesmos. 21 

Quanto às terapias alternativas, foram identificadas crenças relativas ao        uso de ervas e plantas passadas de geração para geração ou indicadas por        amigos   e   vizinhos. 7,19 

(27)

Sendo assim, é extremamente importante que o profissional de saúde        conheça e respeite as crenças do paciente com Diabetes, pois estes sempre        irão existir, independentemente do surgimento de novos estudos científicos e        isto possibilita uma adaptação da abordagem aos fatores que possam        influenciar a capacidade e a vontade do paciente de aprender sobre o        Diabetes.   

Estudos que avaliaram o nível de conhecimento dos pacientes        diabéticos acerca da doença através de questionários, demonstraram que, na        maior parte das vezes, o conhecimento é insatisfatório e insuficiente. Há que se        destacar aqui que tais estudos foram realizados no Brasil, país que possui um        assustador e vergonhoso número de 13,2 milhões de analfabetos (8,7% da        população) e 27% de analfabetos funcionais, o que, sem dúvidas, tem papel        importante na falta de compreensão adequada de uma doença tão        prevalente. 28,29,30,31,32,39 

No entanto, resultados satisfatórios e animadores foram observados        quando se avaliou o conhecimento de pacientes inseridos em programas de        educação em Diabetes. Quando se comparou o índice de acerto às perguntas        dos questionários antes e após os programas educativos, verificou­se aumento        considerável no conhecimento. Observou­se ainda que a aquisição de        conhecimento  não  necessariamente  se  traduz  em  mudança  de  comportamento. 33­36,38,40 

Desta forma, fica claro que é necessário além de disponibilizar ao        paciente todas as informações acerca do autocuidado, acompanhá­lo ao longo        do tempo, contribuindo para a tomada de decisões frente às situações que a        doença   impõe. 

A educação em Diabetes deve ser um processo permanente, gradativo,        contínuo e interativo, de forma a possibilitar ao paciente a construção e a        consolidação de conhecimentos que favoreçam o autocuidado, promovendo a        autonomia   dos   pacientes. 33  

(28)

O conhecimento dos pacientes diabéticos acerca de sua doença é um        dos pilares para o sucesso do tratamento. Um bom conhecimento acerca da        condição possibilita o desenvolvimento de habilidades em relação à maneira de        realizar o autocuidado que, por sua vez, estimulam e motivam o paciente a se        cuidar, seguindo um adequado plano alimentar, iniciando ou aumentando a        prática de atividade física, cuidando dos pés e realizando o controle regular da        glicemia capilar, prevenindo desta forma, complicações e melhorando sua        qualidade   de   vida. 8  

 

5.   Conclusão 

Utilizando o conceito do materialismo dialético de Marx               41 no qual o     

critério de verdade é a prática social, pode­se concluir que a verdade em        relação à esta revisão bibliográfica é que a crença e o conhecimento dos        pacientes diabéticos acerca de sua doença possuem importante influência no        tratamento.  

A literatura demonstra que as crenças dos pacientes portadores de        Diabetes influenciam na conceituação da doença e nas práticas de        autocuidado.  

Estudos que avaliaram o conhecimento dos pacientes diabéticos acerca        da doença, demonstraram que, em geral, o conhecimento é insuficiente para        que   um   tratamento   adequado   seja   realizado. 

No entanto, resultados positivos foram observados quando se avaliou o        conhecimento de pacientes inseridos em programas de educação em Diabetes.        Observou­se ainda, que a aquisição de conhecimento não necessariamente se        traduz   em   mudança   de   comportamento.  

(29)

Conclui­se, portanto, que os profissionais de saúde devem conhecer e        respeitar as crenças dos pacientes para que possam adaptar a abordagem e        que é necessário ampliar os programas de educação em Diabetes. Este deve        ser um processo permanente, para possibilitar ao paciente a construção e a        consolidação de conhecimentos que permitam o desenvolvimento de        habilidades de autocuidado, estimulando o paciente a se cuidar, promovendo        sua   autonomia,   prevenindo   complicações   e   melhorando   sua   qualidade   de   vida.    

6.   Referências 

1. World Health Organization.  The world health report 2002: reducing risks,                      promoting   healthy   life .   World   Health   Organization.   2002. 

 

2. Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) 2015­2016. Sociedade        Brasileira   de   Diabetes.   2016. 

 

3.   Lima   OF.   O   conceito   de   felicidade   em   Espinosa.   2008;1:1.   

4. Péres DS, dos Santos MA, Zanetti ML, Ferronato AA. Dificuldades dos        pacientes  diabéticos  para  o  controle  da  doença:  sentimentos  e  comportamentos.   Revi   Lat­Am   Enferm.   2007;15:1105­12. 

 

5. de Lima SM. Papel da psicologia no acompanhamento do paciente com        diabetes.   Rev   Hosp   Univ   Pedro   Ernesto.   201514(4). 

 

6. Pontieri FM, Bachion MM. Crenças de pacientes diabéticos acerca da terapia        nutricional e sua influência na adesão ao tratamento. Cien Saúde Col.        2010;15:151­60. 

 

7. da Franca Xavier AT, Bittar DB, de Ataíde MBC. Crenças no autocuidado em        diabetes­implicações   para   a   prática.   Texto   Contexto   Enferm.   2009;18:124­30.   

Imagem

Tabela   1   ­   Crenças   comportamentais.  21    Crenças   comportamentais  %  Tomar   os   medicamentos   para   o   tratamento   do   diabetes   exatamente   como   prescritos...       Provoca   reações   adversas      82,4  Mantém   a   glicemia   e  
Tabela   4   ­   Crenças   de   autoeficácia.  21 

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