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Controle biológico de pragas e outras técnicas alternativas. - Portal Embrapa

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Controle biológico de pragas

e outras técnicas alternativas

Clayton Campanhola Wagner Bettlol

Introdução

0 objetivo deste capítulo é m ostrar que há práticas alternativas de controle de pragas que já estão disponíveis para uso pelos agricultores, mas que por uma série de razões não chegam ao seu conhecim ento.

A seguir são listadas as prá tica s que são apresentadas, fica n d o evidente a grande predom inância das possibilidades biológicas de controle: c o n ­ tro le biológico da broca da cana-de-açúcar, da lagarta-da-soja, dos pulgões-do- trig o , da tra ç a -d o -to m a te iro , do p e rc e v e jo -d a -s o ja , c o n tro le b io ló g ic o das c ig a rrin h a s -d a s -p a s ta g e n s , da c ig a rrin h a -d a -fo lh a -d a -c a n a -d e -a ç ú c a r, da la- g a rta -d o -ca rtu ch o -d o -m ilh o , do mandarová-da-mandioca, da cochonilha Orthezia sp. dos citros, do pulgão-do-fum o, da broca ou m oleque-da-bananeira, da broca- do-café, da m osca-dos-chifres, da vespa-da-m adeira em espécies de Pinus, da m osca-da-renda da seringueira, de cochonilhas, fum agina e outros fungos de re­ vestim ento pelo caracol rajado em pomares cítricos, e de larvas de lepidópteros;

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controle cultural do bicudo-da-cana-de-açúcar; nnanejo de cupins e outras pragas de solo em cana-de-açúcar; controle da broca-da-laranjeira com a planta armadilha “ Ma­ ria preta” ; m onitoram ento e controle de pragas com o uso de feromônios sintéticos; manejo de pragas do dendê e term oterapia de fru to s para controle das moscas-das- frutas.

Para cada praga é apresentado o m étodo com um ente utilizado no seu controle, com a prática alternativa sendo descrita em seguida. Há um último item em que se analisam as possibilidades ou perspectivas de uso mais abrangente de cada técnica pelos agricultores.

Controle biológico da broca-da-cana-de-açúcar^

C aracterísticas da praga e práticas de controle utilizadas

A broca-da-cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis (Fabr.), é a princi­ pal praga dessa cultura. As lagartas penetram no colm o da cana, abrindo galerias, geralmente no sentido longitudinal. 0 ciclo reprodutivo da broca é de aproxim ada­ m ente 6 0 dias, variando um pouco com a época do ano, mas no mínimo ocorrem 4 gerações anuais.

Os danos são causados pela abertura das galerias, com perda de peso da cana, e pela destruição das gemas, que podem causar a m orte das plantas quando pequenas. Há também danos indiretos que são causados pela broca- da-cana-de-açúcar, decorrentes da invasão e crescim ento de fungos nos orifícios e galerias. Esses fungos causam a podridão verm elha nos colm os e a inversão da sacarose, com conseqüente perda na produção de açúcar.

No Brasil, e em particular no Estado de São Paulo, o controle biológico pode ser atualm ente denom inado com o m étodo convencional de con­ trole, uma vez que é praticado desde 1976.

9 8 --- --- ---M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F itossa n itá rio z

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M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

As espécies nativas empregadas no controle biológico da broca são: Lydella minense (Townsend) e Paratheresia claripalpis W ulp, ambas pertencentes à ordem Diptera e à família Tachinidae. São parasitóides da fase larval da praga. A tu ­ am com o endoparasitos e desenvolvem de 1 a 4 descendentes por broca parasitada. Apesar de terem sido amplamente criadas em laboratórios entomológicos de usinas e destilarias, atualm ente são poucos os interessados em m anter e m ultiplicar essas duas espécies, que continuam sendo encontradas em baixos níveis populacionais em praticam ente todos os canaviais.

A partir de 1 986, houve maior im pulso na criação da espécie C otesia flavipes (Cameron), anteriorm ente pertencente ao gênero Apanteles, que m ostrou-se bem adaptada às condições brasileiras, além de ser um eficiente parasitóide da fase larval da broca. Nos dias de hoje, é a principal espécie produ­ zida e liberada nos canaviais para o controle da broca. As vantagens que apre­ senta em relação às moscas taquinídeas são: maior agressividade, ciclo mais c u rto , maior número de descendentes por período de tem po, visto que se obtém 50 adultos de Cotesia flavipes por larva parasitada, em média, além da facilid a ­ de de criação e a não exigência de m anutenção em laboratório durante o período de gestação, que é uma etapa necessária na criação das moscas citadas.

A vespinha é originária da Ásia, tendo ocorrido várias te n ta tiva s de introdução de diferentes linhagens no início das pesquisas, sendo que a linhagem atualm ente m ultiplicada foi trazida do Paquistão. 0 m étodo de m u ltip li­ cação é artesanal, sendo produzidas larvas de Diatraea saccharalis em dietas a rtificia is que são oferecidas às fêmeas fecundadas de Cotesia flavipes, as quais prontam ente depositam seus ovos no interior das lagartas por meio de uma "fe rro a d a ". Cerca de 80% das larvas inoculadas dão origem a massas de casu­ los, em cerca de duas semanas.

Para a liberação dos adultos no cam po é necessário que se d e fi­ nam as áreas mais infestadas pela praga e que se determine a densidade populacional C o n tro le B io ló g ico e o u tra s té cn ica s a lte rn a tiv a s de c o n tro le de p ragas agropecuárias z i; 9 9

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e O estágio predominante do ciclo do inseto no m om ento da amostragem. Os levanta­

mentos populacionais são realizados a partir de 3 meses após o plantio da cana-de- açúcar ou 2 a 3 meses após o corte da cana, nos canaviais após o primeiro corte. São então amostrados no mínimo 2 pontos/ha, sendo examinados todos os brotos e perfilhos em duas linhas duplas de 5m em cada ponto. São coletadas todas as form as biológi­ cas da praga encontradas em cada ponto de amostragem, assim com o os parasitóides (massas de casulos ou pupários de moscas taquinídeas) existentes no local. Os dados são anotados em fichas próprias e empregados para o cálculo da densidade populacional da praga e da idade ou instar larval predom inante. C onhecendo-se a metragem amostrada e o espaçam ento da cultura é possível estim ar o núm ero de brocas em idade ideal, por unidade de área, para serem parasitadas pelas fêmeas do braconídeo. A seguir é feito o cálculo do número de adultos do parasitóide a ser liberado no talhão de cana am ostrado. A liberação é fe ita nas primeiras horas do dia, realizando o caminhamento em compasso pré-estabelecido em função do número de adultos a ser liberado, sendo que o funcionário de cam po deverá atravessar o talh ã o de cana, andando no sentido das linhas e abrindo os copos com ad u lto s de C otesia flavipes que, desta form a, se dispersam pelo canavial. Nos locais com altas densidades populacionais da praga e em alguns outros locais, ao acaso, são efetuados levanta­ mentos posteriores com a finalidade de realizar liberações com plem entares ou verifi­ car os resultados do controle. As larvas da praga coletadas no cam po são levadas ao laboratório, onde permanecem até a m udança de fase ou até que dêem origem a parasitóides, servindo as informações para o cálculo do parasitism o no cam po antes e após a liberação dos parasitóides. Pode-se dizer que são liberados, em média, 6 a 7 mil adultos de Cotesia flavipeslha.

São feitos acompanhamentos em todas as fases, desde as descritas até durante a colheita da cana, quando é avaliada a intensida de de infestação ou porcentagem de entrenós brocados, servindo para se determ inar as perdas ocasiona­ das pela praga no decorrer de um ano-safra, bem com o verificar o resultado alcança­ do de controle.

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Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

Existem 3 8 laboratórios de produção deste parasitóide no Estado de S ão P a u lo , s e n d o q u e apenas d o is são in d e p e n d e n te s de u n id a d e s sucroalcoole ira s. Estes tênn sua produção de parasitóides adquirida por grandes e nnédios p ro d u to re s de cana-de-açúcar que não possuem laboratórios próprios ou que não tê m produção suficiente da vespinha. A com ercialização é fe ita em copos plásticos descartáveis contendo, em geral, 1 .500 adultos de Cotesia flavipes ou 3 0 m assas de casulos do inseto. 0 preço é fornecido por unidade de massa, por copo c o n te n d o 3 0 massas ou por milhar de indivíduos adultos. 0 custo de utilização desse m é to d o de controle varia de US$ 7 ,0 0 a US$ 9 ,0 0 /h a , por ano.

As em presas que com ercializam os parasitóides são as próprias usinas de açúcar e destilarias de álcool, quando há excedentes de produção, e os la b o ra tó rio s particu la re s não vinculados às unidades produtoras.

P raticam ente todas as áreas de cana-de-açúcar do Estado de São Paulo, onde há problem as com a broca-da-cana, recebem direta ou indireta­ m ente o b e n e ficio do c o n tro le biológico. Estimou-se, em 1 995, um to ta l de apenas I.SOOha em que havia sido realizado o controle quím ico da broca-da- cana, em fu n ç ã o de densidades populacionais de praga m uito elevadas. A eficá­ cia do parasitóide pode ser determ inada pela atual intensidade de infestação da broca-da-cana, que passou de 10% em 1980, para 2 ,8 % em 1996, na média das unidades cooperadas da Copersucar.

A té c n ic a acim a descrita foi obtida ju n to ao Centro de Tecnologia da C opersucar (Piracicaba, SP), na Escola Superior de Agricultura “ Luiz de Queiroz” (Piracicaba, SP) e nas estações de pesquisa do Centro de Ciências Agrárias da U niversidade de São Carlos (Araras, SP).

Q uso dos parasitóides não sofre pressões de legislação, em função do beneficio que traz ao setor e ao meio ambiente. No entanto, existem problemas relacio­ nados aos custos de produção dos parasitóides e à necessidade de número considerável de funcionários bem treinados para a realização dos trabalhos nos laboratórios e no campo.

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A técnica descrita é atualm ente em pregada em virtude de se defen­ der as vantagens que apresenta, traduzidas por m aior preservação do equilíbrio natu­ ral das populações de broca-da-cana e de outras pragas em função da não aplicação de inseticidas na parte aérea da cultura canavieira durante to d o o seu ciclo. Não pode ser esquecida a vantagem econômica, por ser um m étodo de m enor custo em relação ao controle químico. Outra vantagem é o domínio das técnicas de criação, m ultiplica­ ção, amostragens e liberação, permitindo que haja um efeito benéfico de controle em vastas áreas, beneficiando grande número de produtore s, m esm o aqueles que não efetuam qualquer tipo de controle.

Portanto, não existem problem as para a u tilização deste m étodo de controle, devendo a produção fu tu ra dos parasitóides se m a n te r nos níveis atuais, com liberação anual de cerca de 2 ,7 bilhões de adultos de parasitóides para o controle da broca-da-cana.

C ontrole biológico da lagarta-da-soja^

C aracterísticas da praga e práticas de co n tro le utilizadas

As lagartas-da-soja são de coloração variada, podendo ser verdes, avermelhadas ou pretas, apresentando 5 listras brancas longitudinais. São bastan­ te ativas e atacam as folhas. Na medida em que crescem , se alim entam mais e chegam a destruir com pletam ente as folhas das plantas de soja. Em infestações severas chegam a se alimentar também das hastes mais novas das plantas.

A form a convencional e ainda a m ais utilizada para o co n tro le deste inseto é a aplicação de inseticidas químicos.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

0 Baculovirus anticarsia é um vírus de poliedrose nuclear (VPN) per­ tencente à família Baculoviridae, que é restrita a invertebrados. Este VPN foi isolado

102 - ---M é to d o s A lte r n a tiv o s de C o n tro le F ito s s a n itá rio

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de lagartas-da-soja, A n tica rsia gem m atalis Hueb., infectadas ou mortas naturalmen­ te em lavouras de soja da região de Londrina, PR e se destina ao controle desta espécie de inseto.

O B a cu lo viru s pode ser m ultiplicado ta n to em laboratório, com o em lavouras de soja. Em la boratório , o inseto é criado continuam ente em dieta artificial. Larvas de início de q u in to instar são inoculadas com o vírus mediante incorporação na d ie ta do inseto. A o morrerem, as larvas são coletadas e arma­ zenadas sob co n g e la m e n to . No cam po, o vírus é aplicado em lavouras de soja com populações m oderadas a altas. A partir do sétim o dia da aplicação, as larvas m o rta s pelo p a tóge no são coletadas e armazenadas sob congelam ento. 0 material é hom ogeneizado em água, filtra d o e em seguida form ulado. 0 material filtrado é m istu ra d o com caolin seco e moído, resultando em uma form ulação pó-m olhável.

As técnicas específicas para o VPN da lagarta-da-soja foram desen­ volvidas pela Embrapa Soja, te ndo sido dedicados vários anos à sua pesquisa. Esse método tem sido utilizado em substituição ao uso de inseticidas químicos, principal­ mente porque os p ro d u to s biológico s são seletivos, seguros à saúde do homem e outros vertebrados e não-poluentes do solo e água.

Q uanto à aplicação do vírus, ela é fe ita quando a maioria das lagartas ainda são pequenas ( < 1,5cm ) e num número m áxim o de 10 lagartas por m etro linear de file ira de soja (ou 20/pano de amostragem ). A dose utilizada é de 20 a 2 5 g da fo rm u la çã o /h a ou 1 ,5 -2 ,0 x 1 0 " poliedros/ha. Em situações de seca prolongada d u rante a safra, o número m áxim o de lagartas para a aplica­ ção do vírus deve ser a m etade do descrito acima.

Para a a plicação do B aculovirus pode-se utilizar equipam ento costal, tra to riz a d o ou aéreo. Nos dois prim eiros casos usa-se um volum e mínimo de 1001 de calda/ha. Para a aplicação aérea usam-se no mínimo 151, quando o veículo fo r a água, ou 5 l/ha quando o veículo fo r óleo. Geralmente a aplicação é fe ita em meados de dezem bro a meados de janeiro. De um modo geral, uma aplicação é

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ciente para o controle da lagarta da soja, pois as lagartas que morrem em decorrên­ cia da aplicação repõem grande quantidade de vírus sobre as plantas, servindo de inóculo para contam inar as lagartas eclodidas posteriormente à aplicação.

0 vírus pode ser m isturado ao inseticida Curacron® (profenofós), a 30g de i.a./ha, ou ao inseticida endossulfam, a 35g i.a./ha, para situações em que a população de lagartas tenha ultrapassado o lim ite para o uso do vírus isoladamente. Estes dois produtos são, até o momento, os únicos inseticidas oficialmente registrados para a mistura com o vírus. No entanto, pesquisas têm dem onstrado que os outros produtos também recomendados para o controle da lagarta, via de regra, funcionam na mistura a 1 /4 da dose recomendada.

Possibilidades de uso da té cn ica de controle a lte rn a tivo

0 p ro d u to à base de B a c u lo v iru s chega ao p ro d u to r a um c u s to médio de R$ 1 ,8 0 - 2 ,GO/ha, depois da sua produção e form ulação por empresas privadas.

A área em que se u tiliza esse c o n tro le m anteve-se ao redor de 1 m ilhão de ha, desde a safra 1 9 8 9 /9 0 até a sa fra 1 9 9 7 /9 8 , quando a tin g iu 1 ,4 milhão de ha. Posteriorm ente, o uso do vírus passou a oscilar entre 1 m ilhão e 1,4 m ilhão de ha. Desde que aplicado dentro das recom endações, a eficácia de co n ­ tro le é superior a 8 0 % .

0 p ro d u to e n co n tra -se re g istra d o no M in is té rio da A g ric u ltu ra , conform e a legislação vigente para defensivos agrícolas. 0 mercado para em pre­ sas que co m ercializam o p ro d u to tem sido de 1 m ilhão a 1 ,4 m ilhão de ha. Na safra 1 9 9 6 /9 7 foram produzidas cerca de 35 toneladas de lagartas m ortas pelas várias empresas que com ercializam o p ro d u to , quantidade su ficie n te para tra ta r cerca de 1 ,7 5 m ilhão de ha na safra 1 9 9 7 /9 8 , mas as em presas co lo ca ra m no mercado quantidades de vírus para tratar 1,4 milhão de ha.

Q u a n to aos p ro b le m a s e n c o n tr a d o s p e la s e m p re s a s na im plementação desse m étodo de controle, destacam-se: a dificuldade para registro

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C o n tro le B io ló g ico e o u tra s té c n ic a s a lte rn a tiv a s de c o n tro le de pra g a s agro p e cu á ria s 105

do produto pelas empresas, que demorou praticam ente 3 anos, e a necessidade de aprim orar a form ulação atual e o m étodo de produção em laboratório, que ainda é m u ito oneroso. E quanto aos problemas que dificultam o uso ainda mais extensivo desse método de controle destacam-se: ação relativamente mais lenta quando com ­ parado aos químicos, uma vez que o inseto continua se alimentando por alguns dias, embora em menor quantidade. Daí a necessidade de ajustar a aplicação contra lagar­ tas quando forem , em sua maioria, pequenas.

Caso seja possível aperfeiçoar consideravelm ente os m étodos de produção, principalm ente em laboratório, acredita-se que a área tratada possa atin g ir 4 milhões de ha.

Os endereços das empresas que com ercializam o produto na fo r­ m ulação em pó molhável podem ser encontradas no seguinte endereço eletrôni­ co: h ttp ://w w w .c n p s o .e m b ra p a .b r/b a c u lo v .h tm . 0 controle de qualidade de lo­ tes de produção das empresas é realizado na Embrapa Soja, Londrina, PR.

C ontrole biológico dos pulgões-do-trigo^

Características da praga e práticas de controle utilizadas

0 pulgão verde-pálid o das fo lh a s , M e ta p o lo p h iu m d irh o d u m (W alk.), provoca o am arelecim ento das folhas, ocorre no início da cultura de trig o e pode levar as plantas à m orte. Entretanto, os maiores prejuízos resultam da transm issão do vírus do nanismo amarelo da cevada. Os prejuízos são m aio­ res no período entre a germinação das plantas de trig o e o seu espigam ento.

Por sua vez, o pulgão das espigas, Sitobion avenae (Fabr.), pode acar­ retar prejuízos q u a n tita tivo s e qualitativos, devido ao enrugam ento dos grãos e à perda do poder germ inativo das sementes. Os maiores prejuízos são causados no período que vai do início do espigamento até a fase de grão formado (grão em massa).

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= ' 106 M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F itossa n itá rio

0 controle convencional dos pulgões antes do programa de controle biológico apoiava-se no uso de inseticidas químicos, com cerca de 4-5 aplicações em 95% da área tritíco la do Estado do Rio Grande do Sul. 0 programa foi iniciado em 1978, na Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS, com o apoio técnico da Universidade da Califórnia, por intermédio de projeto de cooperação técnica com a FAQ (Foodand A griculture Organization, das Nações Unidas).

M étodo de controle alternativo u tiliz a d o ou disponível

0 m étodo alternativo utilizado refere-se ao controle biológico clás­ sico com m icrohim enópteros parasitóide s, introduzidos de diversos países (Chi­ le, USA, França, Israel, C hecoslováquia, Hungria e Espanha). Até 1 9 82, foram introduzidas 14 espécies de m icro h im e n ó p te ro s. A produção massal se dá em laboratório, sobre os próprios hospedeiros (pulgões-do-trigo), com posterior liberação a campo visando ao estabelecim ento e a m ultiplicação natural dos parasitóides. O material é liberado no cam po na fo rm a de pulgões parasitados e m ortos (múmias), antes da emergência dos parasitóides.

A Embrapa Trigo realizou levantam entos e estudos de adaptação e estabelecim ento das espécies in tro d u zid a s e avaliou o seu efeito sobre as populações de pulgões.

As liberações in u n d a tiva s dos parasitóides são feitas diretam en­ te pela Embrapa Trigo ou por m eio da d istrib u içã o aos agricultores via correio, transportadoras, serviços de assistência té c n ic a , EMATERs e Cooperativas A grí­ colas, entre outros.

Possibilidades de uso da técnica de co n tro le alternativo

0 m étodo de controle se propagou principalmente no Estado do Rio Grande do Sul, mas tam bém houve liberações no Paraná, Santa Catarina e M ato Grosso do Sul, assim como houve envio de parasitóides para Castelar (Argentina). A grande vantagem é que o controle biológico utilizado não envolve custos adicionais

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para os agricultores, pois uma vez liberados no cam po os parasitóides se estabelecem e não há necessidade de liberações subseqüentes.

Como resultado do uso dos parasitóides, houve uma expressiva dim inuição do problema de pulgões-do-trigo e o uso de inseticidas caiu significativa­ mente. Estima-se que no RS, o uso de inseticidas foi reduzido para apenas uma aplica­ ção em 5% da área tritícoia do Estado.

Entretanto, a maior lim ita çã o do uso desses parasitóides é que eles não são eficientes contra o pulgão S chizaphis gram inum (Rondani). Quanto às perspectivas de uso dessa tecnolog ia de c o n tro le , não há lim itações, uma vez que o parasitism o tem se m antido em níveis e ficie n te s para o controle natural na maioria dos locais, ao longo dos anos.

C ontrole biológico da traça-do-tom ateiro^

C aracterísticas da praga e práticas de c o n tro le utilizadas

A tra ç a -d o -to m a te iro , T uta a b s o lu ta (M e yrick) (Lepidop tera, Gelechiidae), é uma das pragas im p o rta n te s do tom a te iro cultivado, principal­ m ente, sob condições de clima quente , co m o é o caso da região semi-árida do nordeste brasileiro. Esta praga ocorre dura n te to d o o ciclo de desenvolvim ento do tom a te iro . As suas larvas atacam com severidade os brotos term inais, as gemas, as flores, as folhas, nas quais fazem galerias destruindo todo o m esófilo foliar. Abrem tam bém galerias na inserção dos ramos e no interior dos fru to s, deixando-os imprestáveis para a com ercialização. Em infestações elevadas, a traça pode ocasionar a perda total da produção.

A té 1991, o controle convencional dessa praga era realizado princi­ palmente com inseticidas do grupo dos o rganofo sforados e piretróides. A partir de C o n tro le B io ló g ico e o u tra s té cn ica s a lte rn a tiv a s de c o n tro le de pragas a g ro p e c u á ria s___ 1 0 7

^ Informações fornecidas por Francisca Nemaura Pedrosa Hajl, pesquisadora da

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então, os produtores adotaram o programa de manejo da traça, utilizando a com bina­ ção do controle biológico com o uso de produtos fisiológicos, Bacilius thuringiensis, calendário de plantio, práticas culturais e outros.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

Uma das práticas que tem sido utilizada na Colômbia com m uito sucesso no controle da traça-do-tom ateiro é o controle biológico pelo parasitóide Trichogram m a p re tio su m Riley. Com o o b je tivo de solucionar o problem a da traça-do-tom ate iro na região do Subm édio do Vale do Francisco, a Embrapa Sem i-Árido im portou esse parasitóide da Colôm bia, em 1990 e 1 9 9 1 , com a devida autorização da Secretaria de Defesa Sanitária Vegetal, do M in isté rio da A gricultura, Pecuária e A bastecim ento, para ser liberado na cultura do to m a te (áreas de 1 .1 0 0 e 1 .4 5 0 ha). Nessa época foram instalados laboratório s de produção massal desse parasitóide.

A produção massal de Trichogram m a pretiosum é realizada u tili­ zando-se com o hospedeiro alternativo a traça-dos-cereais, S itotroga cereaíeiia (Olivier), que por sua vez é criada em grãos de trig o . A vespinha é liberada no cam po no estádio adulto ou em carteias, no estádio de pupas.

Para a lib e ra ç ã o no c a m p o , c a rte ia s c o n te n d o p u p a s de Trichogramma p re tio su m são acondicio nadas em pequenos sacos de papel bran­ co , os quais são presos na e xtre m id a d e de um a estaca de m adeira co m 6 0 cm de a ltu ra . Estas c a rte ia s são d is trib u íd a s em 3 0 a 5 0 p o n to s por h e c ta re da c u ltu r a . O u tra a lte r n a tiv a é c o lo c a r as c a r te ia s em c o p o s p lá s tic o s d e s c a rtá v e is com c a p a cid a d e de 3 0 0 m l, os q uais são suspensos por um ara­ me preso à e x tre m id a d e de um a e sta ca de m adeira, a cerca de 5cm a c im a do to p o das p la n ta s de to m a te .

A liberação das vespinhas é fe ita em função da co n sta ta çã o da praga na cultura do to m a te , que é m onitorada por meio da am ostragem de folíolos. Faz-se de uma a duas liberações por semana, dependendo do nível de

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in festação da traça, em uma quantidade de 4 5 0 mil parasitóides no estádio adulto ou de 150pol^ de carteia com pupas, por hectare.

Possibilidades de uso da técnica de controle biológico

0 custo de produção das vespinhas parasitóides é R$15,0 0 por hec­ tare, por liberação semanal, sendo que geralmente são feitas 10 liberações durante o ciclo do tom ateiro. 0 custo de produção é considerado elevado, pois o trigo utilizado com o substrato de criação da traça-dos-cereais é proveniente das regiões sul e su­ deste do país.

Durante o período em que esse m étodo de controle foi utilizado no manejo integrado da traça-do-tom ateiro, na região do Submédio do Vale do São Francisco, as vespinhas foram liberadas em, aproxim adam ente, 5 mil hecta­ res. O parasitism o médio em ovos da traça no cam po variou de 19 a 4 6 % , sendo que a média de fru to s danificados de tom ate esteve entre 1 e 13% .

Não existem atualm ente laboratórios de produção massai de Trichogram m a para fins com erciais. A té 1 9 94, a empresa FRUTINOR dispôs de um laboratório de produção massai de Trichogram m a p re tio su m , com cerca de 2 5 0 0 gabinetes ou unidades de criação deste parasitóide. A tualm ente, no país, o m aior laboratório é o da Embrapa Sem i-Árido (2 0 0 gabinetes).

Trichogram m a pretiosum deixou de ser utilizado na região semi- árida do nordeste devido, principalm ente, à não disponibilidade deste insumo biológico no mercado brasileiro, e à ocorrência de doenças viróticas no to m a te i­ ro, transm itidas pela m osca-branca (Bemisia argentifoUi Bellows & Perring), vetor do gem inivirus. A partir da constatação dessa nova praga na região, a traça-do- to m a te iro praticam ente desapareceu. Aventa-se a hipótese de que a mosca- branca tenha ocupado o nicho ecológico da traça, pois a infestação da mosca- branca em qualquer um de seus estádios (ovo, ninfa e adulto) é tão grande que cobre to d o s os folíolos, não sobrando espaço vazio para ser atacado pela traça. Mas em 2000, Tuta absoluta ressurgiu no Submédio do Vale São Francisco, em surto C o n tro le B io ló g ico e o u tra s té c n ic a s a lte rn a tiv a s de c o n tro le de pra g a s a g ro pecuárias _ 1 0 9

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semelhante ao ocorrido em 1989, quando esta praga ocasionou perdas em torno de 50% da produção de tom ate, em uma área estim ada em 1 5 mil ha. Pressupõe-se que, com o manejo da mosca branca desenvolvido e a utilização de to m a te híbrido resistente ao geminivírus, o Trichogramma voltará a ser utilizado como parte do m a­ nejo integrado das pragas do tomateiro.

C ontrole biológico dos percevejos-da-soja

pela vespa Trissolcus basalis^

C aracterísticas da praga e práticas de controle utilizadas

Os percevejos que causam danos à soja pertencem à fam ília Pentatomidae, sendo três as espécies principais: Nezara viridula (L.), tam bém conhecido como percevejo-verde ou “ fede-fede” , Piezodorus guUdinii (V\lest\Nooá) ou percevejo-pequeno e Euschistus heros (Fabr.) ou percevejo-marrom.

Os percevejos podem causar grandes prejuízos aos so jicu lto re s pelo fa to de se alim entarem diretam ente dos grãos da soja, o que ocorre a p a rtir do aparecim ento das vagens. Os grãos atacados tornam -se menores, enruga­ dos, mais escuros e m uitas vezes são chochos, podendo ocorrer ab o rta m e n to das vagens em ataques precoces. A qualidade do óleo tam bém fica co m p ro m e ­ tida quando o ataque de percevejos é intenso.

Tanto as form as jovens com o os adultos alim entam -se da seiva dos ramos, das hastes e das vagens. Com a sucção dos ramos e hastes injetam tam bém toxinas que alteram a fisiologia das plantas de soja. Os percevejos transm item doenças com o a “ soja louca” , que retarda a m aturação dos fru to s e provoca a retenção foliar, dificultando a colheita mecânica.

0 controle dos percevejos é fe ito praticam ente com o uso dos se­ guintes inseticidas: endossulfam, metamidofós, monocrotofós e triclorfom , sendo que

110 _____ , _..:r M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F ito s s a n itá rio

® Informações prestadas por Beatriz Spalding Corrêa-Ferreira, pesquisadora da Embrapa Soja, Lon­ drina, PR.

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O mais usado entre eles é o m onocrotofós. Uma das maneiras de reduzir o uso do controle químico é misturar sal de cozinha refinado com metade da dose recomenda­ da dos inseticidas. A quantidade de sal adicionada deve ser de 500g por 1001 de água (ou 0 ,5 % ), em aplicação terrestre. Recomenda-se lavar o equipamento de aplicação após o uso, com detergente ou óleo mineral, para evitar a corrosão provocada pelo sal. Cabe ressaltar que esses inseticidas são bastante tóxicos aos inimigos naturais das pragas, contribuindo para a baixa eficiência de um possível controle natural de pragas.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

Uma das alternativas viáveis ao uso de inseticidas é o controle biológico dos percevejos-da-soja com a vespa Trissolcus basalis (W ollaston) (Hym enoptera: Scelionidae), que é um parasitóide de ovos.

Trissolcus basalis foi descrita por W ollaston em 1858 em m ateri­ al proveniente da Ilha da Madeira. No Brasil, foi encontrada em lavouras de soja e coletada pela primeira vez em dezembro de 1979 na região de Londrina, PR. Na safra seguinte, foi encontrada tam bém em outros locais.

Os m étodos de m ultiplicação das vespas em laboratório e de sua liberação no cam po foram desenvolvidos na Embrapa Soja. Não há uma dieta artificial para a criação desse parasitóide, o que exige, p o rtanto, a criação de um hospedeiro para a sua multiplicação. 0 percevejo-verde, ou Nezara viridula, é o hos­ pedeiro mais adequado devido ao tamanho de sua massa de ovos, que tem em média de 80 a 100 ovos, enquanto os outros percevejos-da-soja têm um número menor - o percevejo-pequeno tem massa de ovos com uma média de 21 ovos e o percevejo- m arrom, de 7 ovos. Além disso, o percevejo-verde era facilm ente encontrado nas lavouras de soja, o que facilitava a sua coleta.

0 percevejo-verde é criado em gaiolas teladas que são colocadas em câmaras climatizadas com temperaturas no intervalo de 2 3 ° a 2 7 °C, umidade rela­ tiva em torno de 70% e fotoperíodo de 14h de luz em 24 horas. 0 alimento oferecido C o n tro le B io ló g ic o e o u tra s té cn ica s a lte rn a tiva s de c o n tro le de pragas agropecuárias " 111 z

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às ninfas e aos adultos consiste de sennentes secas de soja e amendoim, as quais são coladas em tiras de papel, sendo estas fixadas na parte superior das gaiolas. Como complemento alimentar são oferecidos frutos de Ligustrum lucidum Ait. (Oleaceae), que aumentam a taxa reprodutiva do percevejo-verde. Ainda, no interior das gaiolas é colo­ cada uma planta de soja que serve como substrato para oviposição. A coleta dos ovos é feita diariamente, sendo armazenados em baixa temperatura para que possam perma­ necer viáveis para a multiplicação dos parasitóides. Em nitrogênio líquido (-195°C ) duram até um ano, enquanto que em freezer (-15°C) podem ser conservados por seis meses.

0 parasitism o dos ovos do percevejo-verde pela vespa Trissolcus basalis se dá em laboratório, no interior de tubos de celulóide. Cada fêmea oviposita em média 2 5 0 ovos, colocando um ovo em cada ovo de percevejo. 0 ciclo de vida da vespa - de ovo a adulto - varia de 10 dias, para os m achos, a 12 dias, para as fêm eas. A pós os ovos terem sido p arasitado s, eles são colados em carteias de papelão para fa c ilita r o tra n s p o rte . Em seguida, as carteias são revestidas com um a te la para e v ita r a predação dos ovos no cam po, antes da em ergência dos parasitóides. Nessas condições, os parasitóides sobrevivem por até 10 dias, te m ­ po s u fic ie n te para o seu e nvio pelo c o rre io e re ce b im e n to pelos interessados. G eralm ente, há ao redor de 1 .5 0 0 ovos por ca rte ia e a recom endação é de que sejam colocadas 3 carteias com ovos parasitados por ha. As carteias são am ar­ radas na parte mediana das plantas, na bordadura das lavouras de soja, que é por onde a in fe sta çã o dos percevejos se in icia . A d is trib u iç ã o das vespas se dá por dispersão natural e m ostra um a boa e fic iê n c ia , pois as vespas voam em busca dos ovos dos hospedeiros.

A liberação também pode ser feita diretamente com adultos, reco­ mendada especialmente para os locais mais próximos da sua criação. Recomenda-se a liberação de 5 mil adultos por ha, que são previamente acondicionados em tubos de plástico e alimentados com mel. A liberação deve ser feita no período do início da manhã ou no final da tarde, portanto, em períodos mais frescos do dia.

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A liberação do Trissolcus no campo é feita no final do florescim ento da soja, correspondendo ao período de colonização das lavouras pelos percevejos e início de oviposição. Este período geralmente ocorre no final de dezembro e início de janeiro, antes do estádio de formação das vagens, quando a soja é mais suscetível ao ataque dos percevejos.

A m ultiplicação das vespinhas se dá no próprio cam po, havendo necessidade de apenas uma liberação por safra. Geralmente, ocorre sobrevivên­ cia de um ano a outro, onde há locais apropriados de refúgio (matas), pois em tem peraturas baixas a longevidade dos adultos amplia-se bastante - a 1 8 °C , a longevidade dos adultos pode chegar de 180 a 220 dias. Já, em condições de campo a 3 0 °C , a longevidade média cai para 31 dias.

Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

A demanda dos interessados pelo uso desse m étodo de controle tem sido m uito grande. A capacidade de atendim ento pela Embrapa Soja está em to rn o de 1,5 m ilhão de vespinhas por ano, quantidade suficiente apenas para atender as demandas da pesquisa para a realização de testes em diferentes localidades, com vistas à difusão da tecnologia e atendim ento aos produtores em trabalhos desenvolvidos em microbacias hidrográficas ou com unidades, rea­ lizados em parceria. Por isso, a Embrapa Soja atua ju n to a seus parceiros - associações de produtores, cooperativas agrícolas, Emater, Prefeituras, Sanepar, Secretarias de A gricultura - no sentido de estim ulá-los e orientá-los na produ­ ção da vespa parasitóide para atender aos produtores que estejam, preferencial­ m e n te , p a rtic ip a n d o de pro g ra m a s de m anejo in te g ra d o em m ic ro b a c ia s hidrográficas no Estado do Paraná.

Na parceria, a Embrapa Soja envia cartelas apenas para dar início às criações das vespinhas pelos grupos organizados. Além da prioridade dada ao programa de microbacias hidrográficas, os produtores de soja orgânica também têm sido tratados como clientes preferenciais para o recebimento das cartelas com ovos contendo as

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vespinhas. Nesses casos, os agricultores, associações, co o p e ra tiv a s , não pagam nada pelo material recebido, apenas se responsabilizam pelo pagam ento das des­ pesas de correio.

Uma das condições de sucesso no uso desse m étodo de controle é que os agricultores utilizem o Manejo Integrado de Pragas, pois o uso de produtos mais seletivos no controle das pragas permite que as vespinhas liberadas, juntam ente com todo 0 complexo de inimigos naturais presentes nas lavouras, sejam preservados na área.

Uma lim itação ao uso desse m étodo de co n tro le é a necessidade de criação do hospedeiro para a reprodução das vespinhas. Os percevejos são difíceis de criar em condições de laboratório, além do que o percevejo-verde está tendo uma redução populacional no c a m p o , o que te m d ific u lta d o a sua c o le ta para a m a n u te n çã o das c ria çõ e s em la b o ra tó rio . N essa s itu a ç ã o , te m -s e o p ­ ta d o pela c ria çã o do p e rc e v e jo -m a rro m (E u s c h is tu s h e ro s ) c o m o h o s p e d e iro da vespinha.

Não se sabe ao certo em que área to ta l as vespinhas estão sendo usadas para o controle dos percevejos na cultura de soja. No Estado do Paraná, estima-se que essa técnica esteja sendo usada em 2 0 mil ha, mas o seu uso tem se expandido tam bém nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa C atarina, São Paulo e M ato Grosso do Sul.

A estim ativa de área para uso do controle biológico dos percevejos- da-soja com Trissolcus basalis é em torno de 5 milhões de ha, considerando-se que cerca de 40% da área plantada com soja no Brasil tem problem as com percevejos e requerem a introdução de medidas para o seu controle.

A Embrapa Soja já conta com um outro parasitóide de ovos de perce- vejos-da-soja - Telenomus podisi Ashmead que pode ser utilizado como complemento ao uso de Trissolcus basalis. Toda essa tecnologia está pronta para uso no campo, mas na multiplicação deste parasitóide há a necessidade de criação do percevejo-marrom uma vez que esse parasitóide não se multiplica eficientemente em ovos do percevejo-verde.

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C ontrole b io ló g ico das cigarrinhas-das-pastagens

C aracterísticas da praga e práticas de controle utilizadas

A s cigarrinhas-das-pastagens, Mahanarva fim briolata (Stal), Deois fla v o p ic ta (Stal) e Zu/ia entreriana (Berg.), depositam os ovos na base do capim , ou seja, ju n to às raízes das plantas. As ninfas procuram os coletos dos capins para sugar seiva, produzind o uma espuma branca para proteção contra preda­ dores e dessecam ento. A s c ig a rrin h a s a d u lta s ta m b é m se a lim e n ta m da seiva das p la n ta s . A s c ig a rrin h a s atacam as pastage ns em épocas de alta um idade e são re s p o n s á v e is pela secagem das fo lh a s . Esse se ca m e n to é re s u lta d o da in je ç ã o de to x in a s n o s c o lm o s das g ra m ín e a s, ca u s a n d o a m a re le c im e n to e p o s te rio r m o rte . Q u a n d o em e stado e n d ê m ico , aparecem reboleiras de capim “ q u e im a d o ” , e v o lu in d o para o pa sto in te iro , com in c id ê n c ia m aior nas áreas e nsolarad as.

O c o n tro le dessa praga é realizado através da pulverização de inseticidas ou por co lo ca çã o de fogo na pastagem.

M é to d o de c o n tro le a lte rn a tiv o utilizado ou disponível

Os fu n g o s M e ta rh iz iu m a n iso p lia e (M e ts c h n ik o ff) S orokin e Beauveria bassiana (Balsamo) Vuillemin são normalmente encontrados na nature­ za parasitando cigarrinhas. Q uando há um m anejo ina d e q u a d o de solos e p a s ta ­ g e n s sua o c o r r ê n c ia n a tu ra l é b a ixa . Q u a n d o as c ig a rrin h a s são a ta c a d a s p e lo s fu n g o s e la s m o r r e m , to rn a n d o -s e fo n te de in ó c u lo dos fu n g o s e n to m o p a to g ê n ic o s .

O esquema de produção comercial é basicamente o seguinte: ♦ coleta, no cam po, de insetos parasitados pelos fungos;

♦ isolamento do fungo; ♦ preparo do inóculo; ♦ preparo de m atrizes;

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♦ preparo de matrizes (inóculo básico - meio de arroz em sacos de polipropileno com 250g de meio);

♦ preparo dos recipientes (esterilização no caso de vidro);

♦ confecção do meio de c u ltu ra (arroz pré-cozido por 3 m in u to s em água fe r­ vente);

♦ preparo das embalagens com meio de cultura (coloca-se 4 0 0 g em cada saco de polipropileno, fechando-o com grampeador);

♦ autoclavagem a 12 0 °C , por 30 minutos; ♦ resfriamento do meio;

♦ inoculação (utiliza-se as matrizes - lO g de inóculo/saco); ♦ incubação a 2 5 °C , por 15 dias;

♦ retirada do material;

♦ secagem em câmaras (salas com bandejas de 1m x 0 ,4 m co b e rta s por papel cra ft e colocadas em prateleiras distanciadas em 35cm );

♦ separação dos conídios em peneira; ♦ moagem;

♦ mistura dos conídios com o material moído; ♦ embalagem;

♦ venda.

As técnicas de prod u çã o fo ra m d e se n v o lv id a s na Escola S u p e ri­ o r de A g ric u ltu ra “ Luiz de Q u e iro z” , bem co m o pelas p ró p ria s e m p re s a s p ro ­ d u to ra s.

0 material form ulado consta de arroz m oído com conídios em concentração que varia de 6 ,5 x 10® a 10® conídios/m l. A com ercialização é fe ita em embalagens plásticas de Ik g , sendo disponibilizadas de 4 0 a 6 0 to n por safra. Algum as empresas produtoras m ultiplicam os fu n g o s sob encom enda, mas m antêm uma reserva para venda im ediata. Q c o n tro le de qualidade do produto é fe ito por meio da contagem dos esporos viáveis e de um a avaliação para verificar se está ocorrendo infecção das cigarrinhas.

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A pulverização dos fungos pode ser realizada com qualquer equi­ pam ento, que deverá estar limpo e sem resíduos de agrotóxicos. Para limpar o pulverizador, lavar com água e sabão e enxaguar com água limpa. Dissolver o pro d u to em um balde com água, agitar e deixar descansar por cerca de 1 m inuto para d e canta ção do am ido. Transferir essa suspensão para o pulverizador, sem­ pre usando a peneira, repetindo a operação duas a três vezes. Em seguida, co m p le ta r o vo lu m e do tanque do pulverizador com água.

A aplicação dos fungos é fe ita sempre isoladam ente, uma vez por safra. Sugere-se realizar a aplicação quando a população atingir de 20 a 25 cigarrinhas/m ^. C o ntudo , recomenda-se que seja realizada uma reaplicação nas áreas com problem as após a primeira aplicação.

Q u anto à quantidade aplicada, no pulverizador de barra utiliza-se de 1 a 2kg de p ro d u to em 2 0 0 a 6 0 0 litros de água, por hectare. No pulverizador costal a q u a n tid a d e utilizada é de 1 a 2kg de produto em 4 0 a 100 litros de água, por hectare. No atom izador, de 1 a 2kg de produto em 4 0 a 6 0 litros de água, por hectare. E no avião, de 1 a 2kg de produto em 2 0 a 30 litros de água, por hectare. A aplicação deve ser conduzida em área to ta l, buscando-se pulve­ rizar to d a a pastagem de form a homogênea.

Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

Os custos de controle por esses fungos correspondem a R $ 2 5 ,0 0 / kg do p ro d u to adicionados ao custo de aplicação de R $8,00/ha. A eficácia de controle é de 8 5 a 9 0 % .

O problem a mais im portante na fase de produção é a presença de c o n ta m in a n te s , o que leva a perdas de até 4 5 % . E os problemas na fase de utilização do p ro d u to são: equipam entos com resíduos de agrotóxicos; a aplica­ ção deve ser realizada em tem peratura de no m áxim o 2 6 °C , pela manhã ou à tarde; a um idade no m om ento da aplicação deve ser maior que 7 5 % ; e a pastagem deve te r em to rn o de 25cm de altura.

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Ainda não existe registro desses fu n g o s, mas a docum entação ne­ cessária para o processo de registro está em preparação.

A área em que essa técnica é utilizada é de aproxim adam ente 50 mil hectares, mas a área em que o produto pode ser usado está estimada em 1 milhão de hectares. Para que esse m ontante seja atingido há necessidade de maior divulgação e aumento da oferta do produto.

As empresas que comercializam os fu ngos form ulados são; Itaforte Bioprodutos Ltda. (Itapetininga, SP); T ecnocontro l Ltda. (Piracicaba, SP); Em­ presa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (Recife, PE) e In s titu to Biológico de São Paulo (Campinas, SP), entre outras.

Controle biológico da

cigarrinha-da-folha-da-cana-de-açúcar®

Características da praga e práticas de controle u tilizadas

As form as jovens das cigarrinhas, M ahanarva p o s tic a ta (Stal), as ninfas, fixam -se nas raízes, na base dos colm os, para sugar a seiva. Para a sua proteção, as larvas elim inam uma espuma e sbranqu içada c a ra cte rística , que envolve a base da touceira da cana. Os adultos, ou cigarrinhas-das-folhas, vivem na parte aérea das plantas de cana e tam bém sugam seiva.

Com a sucção da seiva, as folhas m o stra m estrias am areladas no sentido longitudinal, e as pontas tornam -se enroladas, o que pode ser c o n fu n d i­ do com o sintom a de estresse hídrico. Os colm os ta m b é m d e fin h a m , com encur­ tam ento dos internódios. 0 maior prejuízo causado por essa praga, no e n ta n to , é a perda de rendim ento de açúcar.

1 1 8 ,1:_____ ^--- M é to d o s A lte r n a tiv o s de C o n tro le F ito s s a n itá rio :

^ Inform ações fo rnecidas por Vanildo A. Leal B. C a va lca n ti, Em presa P e rnam bucana de Pesquisa Agropecuária - IPA, Recife, PE.

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O c o n tro le desses insetos é geralm ente realizado com inseticidas do grupo dos carbam atos.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

A técnica alternativa utilizada é o controle biológico realizado com o uso do fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae (Metschnikoff) Sorokin. 0 agente de controle é originário de diferentes regiões dos Estados de Sergipe e Rio de Janeiro.

A produção massal do fungo entom opatogênico se dá em meio de cultura constituído de arroz e água, em sacos de polipropileno autoclavado, que após o resfriam ento à tem peratura ambiente é inoculado com uma suspensão fúngica pro­ veniente de uma m atriz produzida em garrafas de Roux. O produto final é um granu­ lado produzido sobre os grãos de arroz.

O p ro d u to está prontam ente disponível para com pra na Empresa Pernam bucana de Pesquisa A gropecuária - IPA, Recife, PE, mas em alguns perí­ odos a produção ocorre sob encom enda do cliente.

A vantage m do uso desta técnica é a facilidade de produção do patógeno, a sua e ficiê n cia de controle e, principalm ente, a conservação ambiental pelo não uso de inse ticid a s quím icos.

Os equipamentos utilizados para a aplicação do fungo são os pulveri­ zadores costais, ou tratorizados, ou aéreos, dependendo da extensão da área infestada pela praga. Recomenda-se o tratam ento quando a praga atinge o nível de controle que é em torno de 5 ninfas média/cana. Geralmente, se faz uma única aplicação por ano, na dose de 0,5kg/ha. É necessária a adição de espalhante adesivo na suspensão fúngica, mas não se faz mistura com outros produtos inseticidas.

Possibilidades de uso da té c n ic a de controle alternativo

O custo de aplicação do fungo é de R$4,50/kg, adicionado da mão-de- obra e equipam ento de aplicação. O produto está disponível no mercado e pode ser adquirido diretam ente ju n to à Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária - IPA. C o n tro le B io ló g ic o e o u tra s té c n ic a s a lte rn a tiv a s de c o n tro le de p ragas a g ro p e c u á ria s__ 1 1 9 _

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A eficácia de controle está em torno de 30 a 35% para as ninfas, que é a fase de desenvolvimento da praga mais suscetível ao ataque do fungo, devido à sua imobilidade.

As perspectivas de uso são grandes, sendo que na região N ordes­ te já é bastante com um a utilização do fu n g o para o controle das cigarrinhas-da- cana-de-açúcar. Cabe ressaltar que o m esm o isolado de M etarhizium anisopHae tam bém é utilizado para o co n tro le da cigarrinha-das-pastagens, p rin cip a lm e n te para a população de ninfas, na razão de 2kg/ha.

Controle biológico da lagarta-do-cartucho-do-m ilho^

Características da praga e práticas de controle utilizadas

A lagarta-do-cartucho-do-milho, Spodoptera frugiperda (Smith), é uma praga que ataca as lavouras de milho desde o seu início. 0 sintoma característico de ataque dessa praga é o secamento das folhas apicais, o que vulgarmente se denomina de “ coração morto” . Em plantas mais desenvolvidas, observa-se furos nas folhas cen­ trais da planta, resultantes da alimentação das lagartas. Em anos de grande infestação inicial, pode levar plantas novas á morte, diminuindo a população de plantas por área e, conseqüentemente, a produtividade de milho. O controle convencional da praga é reali­ zado com o uso de inseticidas, deve ser feito no início da infestação, quando as lagartas ainda não entraram no cartucho da planta, pois do contrário, o controle se torna mais difícil, uma vez que as lagartas ficam protegidas no interior das plantas.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

Um dos m étodos alternativos para o controle da lagarta-do - cartucho-do-m ilho é o uso do Baculovirus obtid o de lagartas infectadas no cam po. Em laboratório, o vírus é m ultiplicado nas próprias lagartas, sendo posteriorm ente

1 2 0 _____^___::____________ ___ M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F ito s s a n itá rio

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form ulado sob a form a de pó molhável. Essa técnica foi desenvolvida na Embrapa Milho e Sorgo.

Am ostras do produto para fins de pesquisa e para uso em unidades de observação ou demonstração são fornecidas pela Embrapa Milho e Sorgo.

A aplicação do baculovirus é realizada com os mesmos pulverizadores usados na aplicação de agrotóxicos, no início da infestação da lagarta-do-cartucho. Ge­ ralmente, faz-se de uma a duas aplicações durante o ciclo do milho, devendo-se aplicar o produto isoladamente. A quantidade aplicada deve ser de 2,5 x 10^ ^ poliedros/ha, o que equivale a 50g do produto formulado/ha.

Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

0 c u s to de aplicação do b a cu lo viru s é de R $ 4 ,0 0 /h a , por a p li­ cação. A e fic á c ia de c o n tro le é elevada, e stando entre 8 0 e 9 0 % , mas a tu ­ alm e n te a u tiliz a ç ã o do m é to d o se re strin g e a áreas e x p e rim e n ta is e de­ m o n s tra tiv a s .

A Embrapa Milho e Sorgo já obteve a patente do processo de produ­ ção do patógeno. Entretanto, ainda não há empresas que comercializam o produto.

Portanto, há excelentes perspectivas para o uso generalizado do baculovirus no controle da lagarta-do-cartucho-do-m ilho, mas ainda há dificuldades na produção do hospedeiro natural (lagarta) em grande escala para que quantidades maiores do produto form ulado possam ser disponibilizadas aos agricultores.

C ontrole biológico do mandarová-da-mandioca®

Características da praga e práticas de controle utilizadas

0 m andarová-da-m andioca, Erinnyis e/lo ello (L.), é considerado a praga de m aior im p o rtâ n cia na cu ltu ra da m andioca. Em Santa C atarina, onde a

C o n tro le B io ló g ico e o u tra s té c n ica s a lte rn a tiv a s de c o n tro le de pra g a s agropecuárias z t_ t: _ 121

® In form ações prestadas por Aurea Teresa S ch m itt e Renato A. Pegoraro, EPAGRI, Florianópolis, SC.

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cultur.a abrange uma área de 87 mil ha, esta praga, em bora de ocorrência esporádica, causa danos expressivos. A maior incidência de Erinnyis ello ello dá- se de novem bro a abril, correspondendo à fase inicial do c u ltiv o e considerada a mais crítica. A larva pode consum ir até 1 .lO O cm ^d e folhagem durante seu ciclo. Dependendo da c u ltiv a r, da idade e vig o r da planta e da intensidade do ataque, pode ocorrer até 50% de redução no re n d im e n to de raízes. As m aiores perdas ocorrem em plantas jovens com até 1 5 0 dias; após este período, a planta pode to le ra r desfolhas de até 8 0 % sem apresentar perdas sig n ific a tiv a s na produção de raízes.

Devido aos danos causados e aos preços menores pagos pelas indús­ trias de fécula para raízes provenientes de lavouras atacadas pela praga, os produto­ res rurais de Santa Catarina utilizam , m uitas vezes, pro d u to s quím icos à base de piretróides, com o Decis®, A m bush® e o u tro s, ou o org a n o fo sfo ra d o D ipterex® para o c o n tro le do m andarová. Porém, estes p ro d u to s não são registra d o s no M inistério da A g ricu ltu ra para uso na cultura da m andioca. A utilização irre strita de produtos químicos ocasiona um desequilíbrio entre a praga e seus inimigos naturais, reduzindo o potencial de controle biológico e aumentando o custo de produção.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

Dentre os diversos inim igos naturais do m andarová-da-m andioca constatados em Santa Catarina, observou-se uma grande incidência de um vírus entom opatogênico.

A prim eira co n sta ta çã o do vírus em Santa C atarina fo i realizada pela pesquisadora da Estação Experim ental de Ita ja í- EPAGRI, Dra. Áurea Teresa S c h m itt, na safra de 1 9 8 0 /8 1 , nos m unicípios de Içara e Jaguaruna. 0 vírus foi identificado posteriorm ente pelo Dr. E.W. Kitajim a com o sendo Baculovirus (vírus de granulöse), o qual passou a ser cham ado de Baculovirus erinnyis.

A m ultiplicação do Baculovirus erinnyis te m sido realizada anual­ m ente nas co ndiçõe s de cam po, com p ulverização e c o le ta de lagartas m o rta s

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pelo vírus que são, p o s te rio rm e n te , arm azenadas em fre e ze r (2 °C ) para a sua conservação. As técnicas para a utilização do Baculovirus erinnyis foram desenvol­ vidas pela EPAGRI - Estação Experimental de Itajaí, durante o período de 1980-

1 986. Portanto, o m étodo já está disponível para uso.

Durante a safra, a solução de B aculovirus é preparada a partir de lagartas recém -m ortas coletadas nas lavouras. As lagartas m ortas são maceradas e a suspensão re su lta n te é coada e filtra d a para a co le ta da fra çã o líquida. As form ulações à base de Baculovirus ainda estão sendo desenvolvidas pela pesqui­ sa, não estando até o m om ento disponíveis no m ercado.

A utilização desta técnica para o controle do m andarová-da-m an- dioca apresenta vantagens, tais com o: redução do custo de produção; eficácia de co n tro le ; sim plicidade e facilidade de aplicação; capacidade de dispersão; produ­ ção pelo próprio a g ricu lto r e conservação para uso poste rio r; segurança contra o u tro s inim igos naturais e dim inuição no uso de inseticidas quím icos.

Os p rin c ip a is e q u ip a m e n to s u tiliz a d o s para a a p lica çã o do Baculovirus erinnyis são: pulverizador costal manual ou m otorizado, pulverizador m ecânico tra to riza d o de barras ou com atom izador e aviação agrícola.

Para m aior su ce sso , a a p lic a ç ã o do B a c u lo v iru s deve ser rea­ lizada quand o se e n c o n tra uma popu la çã o de cin c o a sete la g a rta s pequenas (até 2cm ) por p la n ta . No e n ta n to , este núm ero é fle x ív e l d e p e n dendo, p rin c i­ p a lm e n te , da idade e v ig o r das p la n ta s . P la n ta s com idade in fe rio r a c in c o m eses d evem re c e b e r m a io r a te n ç ã o , pois os p re ju íz o s c a u sa d o s pelo m a n d a ro vá podem ser maiores. A melhor época de controle é de até cinco dias após a emergência das lagartas ou quando as lagartas têm até 5cm de tamanho (segundo ou terceiro estádio). 0 controle não será satisfatório se a aplicação for realizada em lavou­ ras com lagartas maiores do que 5cm (quarto ou quinto estádio).

A freqüência de aplicação depende da reinfestação de Erinnyis ello eHo. Se a pulverização fo r realizada corretam ente, uma única aplicação durante o cu ltivo tem sido suficiente para controlar a praga.

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A solução de Baculovirus pode ser m isturada com espalhante ade­ sivo, ou aplicada isoladam ente. M isturas com p ire tró id e s para o c o n tro le de la­ g artas m aiores do que 5cm têm -se m o stra d o e fic ie n te s no s e n tid o de e v ita r a reinfestação da praga.

A dose de aplicação recomendada é de 20m l por ha do líquido obtido após a maceração das lagartas mortas por B aculovirus e sua filtragem . Esta dose é equivalente a 10 lagartas grandes (7 a 9cm) ou 22 lagartas pequenas (4 a 6 c m ). 0 líquido filtrado contendo Baculovirus é misturado com uma quantidade de água sufici­ ente para molhar as plantas a serem pulverizadas.

Possibilidades de uso da técnica de controle a lte rn a tiv o

0 custo de uma am ostra (20m l) para p rodutore s do Estado de Santa Catarina é de R $2,50. Para produtores de o u tro s Estados, o cu sto de cada amostra é de R $6,50 (excluindo o custo de tra n sp o rte ).

Por ser uma praga cíclica, com grandes infestações geralmente ocor­ rendo de 2 em 2 anos e em regiões e locais dife re n te s, estim a-se que no Estado de Santa Catarina o seu uso ocorra em 1 % da área plantada (87m il ha). Nos Estados do Paraná, M ato Grosso e M ato Grosso do Sul, o B aculovirus está sendo am plam ente utilizado, com o por exem plo, nas safras de 1 9 9 5 /9 6 e 1 9 9 6 /9 7 . Nesses Estados estima-se o seu uso em mais de 2% da área plantada.

A e ficá cia do vírus no c o n tro le do m a n d a ro v á , q u a n d o a p lic a ­ do c o rre ta m e n te , é de 9 0 a 9 5 % . O B a c u lo v iru s te m a p re s e n ta d o boa e s ta ­ bilidade, não m o stra n d o m udanças no DNA de is o la d o s u tiliz a d o s e c o le ta d o s perio d ica m e n te em S anta C atarina.

A partir de 1990, a incidência do m andarová-da-m andioca no Esta­ do de Santa Catarina tem sido considerada baixa. 0 desaparecim ento das grandes infestações que normalmente ocorriam principalm ente no sul do Estado não mais foram constatadas nos últim os seis anos. Este fa to provavelm ente está relaciona­ do ao uso do Baculovirus durante o período de 1 9 8 4 a 1 9 9 0 , quando anualmente

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C o n tro le B io ló g ic o e o u tra s té c n ic a s a lte rn a tiv a s de c o n tro le de p ragas agropecuárias ' 1 2 5

foram realizadas pulverizações com esse microrganismo. Nestas áreas é encontra­ da uma m aior incidência de ovos e lagartas parasitadas, como também uma maior ocorrência de lagartas infectadas por Baculovirus. 0 assunto foi discutido em reu­ nião com té cn ico s do CIAT, os quais também relataram que na Colômbia, nas áreas onde o uso do Baculovirus foi realizado por vários anos seguidos, foi consta­ tada baixa incidência da praga e, em algumas regiões, houve o desaparecimento do mandarová. Isso provavelm ente está relacionado com a persistência e dissemi­ nação do vírus no am biente, que mantém a praga sob controle.

A s am ostras de Baculovirus erinnyis, cada uma com dose equi­ valente para o uso em um hectare, têm sido comercializadas ju n to aos produto­ res e ind u stria is que queiram iniciar o controle biológico, e produzir seu próprio material de estoque. P o rtanto, o Baculovirus erinnyis não tem sido com ercializado em grande escala, por ser um p roduto de fácil m ultiplicação pelos próprios pro­ dutores. Em S anta C atarina, a com ercialização do Baculovirus erinnyis na sua form a natural te m sido realizada pela Epagri. No Paraná, a comercialização está sen­ do realizada pela Secretaria de A gricultura do município de Paranavaí e pela Emater. Ainda, a E m ater/M S , algum as indústrias produtoras de amido, como tam bém algu­ mas cooperativas, principalmente do Estado do Paraná, estão produzindo o Baculovirus em quantidade suficiente apenas para atender aos seus produtores. Todas as amos­ tras são acom panh adas com fo lh e to inform ativo sobre o produto e sua form a de aplicação.

V á rio s tra b a lh o s de pesquisa vêm sendo desenvolvidos a fim de realizar a ca racterização e a form ulação do vírus. A té o presente m om ento não foram observados problem as na saúde humana ou no meio ambiente resultantes da utilização desse agente de controle biológico.

Com relação às lim itações ao uso do Baculovirus erinnyis, pode-se citar: falta de form ulação do vírus, falta de maior estoque do produto, deficiência na análise e controle de qualidade, coleta e armazenamento inadequados, e ausên­ cia de acom panham ento do m aterial coletado e utilizado pelo produtor.

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1 2 6 --- --- --- M é to d o s A lte rn a tiv o s de C o n tro le F ito s s a n itá rio

A perspectiva de uso do Baculovirus erinnyis nas esferas nacional e in te rn a cio n a l é m u ito grande. Ele já é u tiliza d o em lavouras de m a n d io ca dos Estados do Paraná, M ato Grosso, M ato Grosso do Sul, Pará, Rio Grande do Norte e Espírito Santo, com o tam bém em países com o Colômbia, Paraguai e Venezuela. A taques constantes da praga são registrados principalm ente nos Estados do M ato Grosso, M ato Grosso do Sul, oeste e norte do Paraná e nos Estados do Nordeste. No Paraná, M ato Grosso e M a to Grosso do Sul, o uso do B a c u lo v iru s é uma p rática corrente, principalm ente nas áreas de produtore s que recebem assistên­ cia té cn ica das indústrias de fécula e de té cn ico s da Emater.

0 Brasil tem uma área de 1 .6 3 5 .9 3 3 ha de m a n d io ca (IBGE, 1 9 9 9 )^ , sendo que to d a s as regiões produtora s estão sujeitas ao a taque do m andarová. Além da c u ltu ra da m andioca, esta lagarta tam bém é co n sid e ra d a praga da seringueira. Assim sendo, há uma tendên cia à am pliação na u tiliza çã o do Baculovirus para o controle dessa praga em seringueira.

Controle biológico da cochonilha

Orthezia sp. dos citros^°

Características da praga e práticas de controle utilizadas

A ortézia dos c itro s , O rthezia p ra e lo n g a Douglas (H o m o p te ra : O rth e ziid a e ), apresenta grande capacidade de m u ltip lic a ç ã o e causa sérios danos à c u ltu ra dos c itro s , c o m p ro m e te n d o , quando o nível de d isse m in a çã o d e n tro da planta está m u ito a lto , sua produção e co n ô m ica . 0 c o n tro le a tu a l­ m ente recom endado, em Sergipe, te m sido o c o n tro le quím ico co m o uso do A ld ica rb ® aplicado no solo, na dose de 6 ,7 5 g /p la n ta .

9 Fonte: Produção Agrícola M un icipa l ( tittp ://w w w . s id ra .ib g e .g o v .b r/b d a /a g ric ). 10 In form ações fo rnecidas por Luiz M ano S antos da Silva - Em dagro, Aracaju, SE.

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M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

0 controle biológico da ortézia tem sido realizado com o uso dos fungos entom opatogênicos: Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Sacc., Beauveria bassiana (Balsamo) Vuillem in e Beauveria b ro n g n ia rtii (Sacc.) Petch. Quanto à sua obtenção, o C olletotrichum cepa CTAA foi cedido pelo Dr. Charles F. Robbs, da Embrapa Agroindústria de Alimentos; enquanto que inóculos de Beauveria spp. cepas CPATC028 e CPATC032 foram obtidos da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

0 m étodo de m ultiplicação dos fungos constitui-se da inoculação destes em arroz autoclavado, não havendo, contudo, uma form ulação do produto disponível no mercado. As técnicas utilizadas foram obtidas na literatura e ensaios de pesquisa em campo para comprovação da eficiência dos fungos.

A aplicação dos fungos entomopatogênicos é feita com pulverizador costal ou tratorizado, no período de junho a setembro, preferencialmente no final da tarde. A quantidade aplicada é de 200g de arroz -i- esporos/20 litros de água, em m istura com óleo mineral a 1 %, pulverizados em 4 plantas. A freqüência de aplica­ ção é de 1 a 2 vezes ao ano. Esse método de controle é utilizado devido ao seu baixo custo, ao menor risco para o homem e ambiente, e à sua alta eficiência no controle da ortézia, já comprovada em campo.

Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

Os custos de aplicação do fungo são de aproximadamente R $0,06/ planta, sendo que a área tratada em 1997 foi de 4ha. A eficiência de controle da cochonilha é superior a 90% .

O produto ainda não está registrado para uso nos órgãos com peten­ tes, o que impede a sua comercialização e aplicação mais generalizada. Outra lim ita­ ção para o uso do produto é que o Estado de Sergipe dispõe de laboratório com pequena capacidade de produção.

Há grande perspectiva de uso desses fungos, pois somente no Estado de Sergipe há 300 mil plantas de citros infestadas com ortézia. A citricultura do Rio C o n tro le B io ló g ic o e o u tra s té cn ica s a lte rn a tiva s de c o n tro le de pragas agropecuárias i 1 2 7

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de Janeiro, da Bahia, de São Paulo e do Pará tannbém te m m u ito s focos da praga, o que aum enta ainda mais a potencialidade de uso do co n tro le biológico por esses fungos.

Controle biológico do pulgão-do-funno"

C aracterísticas da praga e práticas de controle utilizadas

A té 1986, o pulgão verde, M yzus p ersicae (Sulzer), ocorria em fum o nos Estados Unidos, sendo que em 1987 foi de scrita um a form a verm elha desse inseto que foi classificada com o M yzus n ico tia n a e Blackman. 0 mesmo fenôm eno ocorreu no Brasil. 0 M yzus nicotianae tom o u -se a praga mais im por­ tante no cu ltivo do fum o no país. Essa im portância é devida aos danos diretos causados pela contínua sucção da seiva e pelo surg im e n to de fum agina resul­ ta n te da secreção da seiva das plantas pelos pulgões. Os danos indiretos são resultantes da transm issão dos vírus PVY e CM V por esses insetos. 0 controle quím ico é realizado com aplicações de inseticidas à base de a cefato (Orthene®) e nitroquanidina (Confidor®).

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

Entre dezembro de 1991 e janeiro de 1 9 9 2 fo i verificada a m orte natural dos pulgões em algumas fazendas de produção de fum o nos Estados do Paraná e Santa Catarina, com evidentes sinais de que um fungo entom opa togênico estava envolvido no fenômeno. Nessas situações, o fungo mostrava um alto nível de controle do inseto. A pós isolam ento, o fungo foi id e n tifica d o com o sendo C ladosporium cladosporioides (Fres.) de Vries.

Uma única aplicação do fungo entom opatogênico C. cladosporioides substitui quatro aplicações do inseticida Orthene®. O utra vantagem é que após um

1 2 8 --- --- --- M é to d o s A lte rn a tiv o s de C o n tro le F itossa n itá rio i

In fo rm a çõe s prestadas por Shinobo Sudo e E. G alina. Souza Cruz S .A . R &D , A v . Suburbana 2 0 6 6 , Rio de Ja n e iro , RJ.

Referências

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