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Crescer com peso saudável - uma intervenção nas crianças do 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE ÉVORA

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM S.JOÃO DE DEUS

Mestrado Enfermagem Comunitária

Relatório de estágio

“Crescer com Peso Saudável” - Uma intervenção nas crianças do 1º

ciclo da freguesia de Viana do Alentejo

Celeste Teresa Cavalete Gomes Patinhas

Orientadora:

Ermelinda do Carmo Valente Caldeira Batanete

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MESTRADO ENFERMAGEM COMUNITÁRIA

Relatório de estágio

“Crescer com Peso Saudável” - Uma intervenção nas crianças do 1º

ciclo da freguesia de Viana do Alentejo

Celeste Teresa Cavalete Gomes Patinhas

Orientadora:

Ermelinda do Carmo Valente Caldeira Batanete

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A melhor de todas as coisas é aprender. O dinheiro pode ser perdido ou roubado, a saúde e força podem falhar, mas o que você dedicou à sua mente

é seu para sempre. (Louis Dearborn LaMoore)

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AGRADECIMENTOS

Após o término deste trabalho e depois de tantos obstáculos a ultrapassar, finalmente conseguimos alcançar mais uma etapa.

Gostaríamos de agradecer a todas as pessoas que nos apoiaram e deram força para continuar!

À Professora Ermelinda Batanete, docente da Escola Superior de Enfermagem S. João de Deus e orientadora na elaboração deste relatório, agradecemos a sua disponibilidade, determinação e paciência.

Ao agrupamento de escolas de Viana do Alentejo, nomeadamente aos professores do 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo, cuja colaboração foi essencial para a realização deste trabalho.

À família, particularmente mãe, marido e filhos Rui e André, pela compreensão, acompanhado de um pedido de desculpas pelos planos trocados e pouca atenção dada, ao longo destes meses.

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SIGLAS E ABREVIATURAS

ACES – Agrupamento de Centros de Saúde APN – Associação Portuguesa de Nutricionistas ASE – Ação Social Escolar

ARSA,IP - Administração Regional de Saúde do Alentejo BVVA – Bombeiros Voluntários de Viana do Alentejo CDE – Código Deontológico do Enfermeiro

CMVA- Câmara Municipal de Viana do Alentejo CNO - Centro de Novas Oportunidades

CRVCC – Centro de Reconhecimento Validação e Certificação de Conhecimentos CS - Centro de Saúde de Viana do Alentejo

DGS – Direção Geral de Saúde

DECO – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor DR – Diário da Republica

DRE – Direção Regional de Educação ECR – Equipa Coordenadora Regional EDP – Energias de Portugal

IMC – Índice de Massa Corporal

IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social JFVA- Junta de Freguesia de Viana do Alentejo

NRAPCO – Núcleo Regional do Alentejo da Plataforma contra a Obesidade Nº-Número

OE – Ordem dos Enfermeiros

OMS – Organização Mundial de Saúde P. - Página

PNSE – Programa Nacional de Saúde Escolar SIC – Sociedade Independente de Comunicação SPSS - Statistical Product and Service Solutions UCC – Unidade de Cuidados na Comunidade

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Resumo

Hábitos alimentares incorretos, aliados ao sedentarismo, estão hoje nitidamente identificados como os principais factores envolvidos na origem das doenças crónicas não transmissíveis, nomeadamente a obesidade, considerada pela O.M.S, como a epidemia global deste século.

A Educação para a Saúde, e particularmente a educação alimentar, devem ser consideradas pelas escolas, ao nível do ensino básico, áreas de eleição no sentido de desenvolver hábitos de vida saudáveis nas crianças.

Com o projeto “Crescer com peso saudável - Uma intervenção nas crianças do 1ºciclo da freguesia de Viana do Alentejo”, pretendemos promover a adoção de comportamentos alimentares saudáveis e sensibilizar para a prática de uma alimentação equilibrada e de exercício físico.

O projeto envolveu 127 alunos do primeiro ciclo do ensino básico e os respectivos pais/encarregados de educação.

A análise dos resultados do diagnóstico permite concluir que das 127 crianças, 52,76% apresentam peso normal e 37% excesso de peso, dos quais 17,34% são obesos e 10,24% baixo peso. Em relação aos hábitos alimentares, constata-se que: 54,4% dos alunos fazem 6 refeições diárias, 90,53% ingerem sopa no entanto, consomem grandes quantidades de hidratos de carbono (arroz-94,5%, batatas fritas-89,1%, massa-86,7%, e pão-85,2%).

Face aos resultados obtidos, foram planeadas e desenvolvidas intervenções com recurso a estratégias pedagógicas diversificadas, no sentido de levar os alunos, assim como os pais, a reflectirem sobre as suas escolhas e práticas alimentares, contribuindo para a aquisição e manutenção de hábitos alimentares saudáveis.

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Abstract

Incorrect eating habits, coupled with a sedentary lifestyle, are now clearly identified as the main factors involved in the rise of chronic noncommunicable conditions, including obesity, considered by WHO as a global epidemic of this century.

The Health Education, and particularly food education, should be considered by schools, the level of basic education, areas of choice to develop healthy lifestyle habits in children.

With the project "Growing healthy weight - An intervention in children in the 1st cycle of the parish of Viana do Alentejo", we intend to promote the adoption of healthy eating behaviors and awareness of the practice of a balanced diet and exercise.

The project involved 127 students of the first cycle of basic education and their parents / guardians.

The analysis of the results of the diagnosis shows that of the 127 children, 52.76% had normal weight, 37% overweight, of which 17.34% are obese and 10.24% underweight. Regarding eating habits, it was found that: 54.4% of students do six meals a day, eat soup 90.53% however, consume large amounts of carbohydrates (rice-94, 5%, fries-89 , 1% by mass-86, 7%, and bread-85, 2%).

Considering our results, interventions were planned and developed using diverse

teaching strategies in order to take students as well as parents, to reflect on their choices and eating habits, contributing to the acquisition and maintenance of healthy eating habits.

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ÍNDICE Página

INTRODUÇÃO………...…………..…………... 14

1- ANÁLISE DO CONTEXTO…………... 16

1.1 – CARATERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO 16 1.2 - CARATERIZAÇÃO DOS RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS ... 22

1.3 - DESCRIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ……… 23

2 - ANÁLISE DA POPULAÇÃO … ……….….……….. 25

2.1 – POPULAÇÃO - ALVO………..………... 25

2.2 – CUIDADOS E NECESSIDADES ESPECÍFICAS DA POPULAÇÃO ALVO………... 26

2.3 - ESTUDOS SOBRE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO……… 33

2.4 - RECRUTAMENTO DA POPULAÇÃO - ALVO ………..……… 35

3. ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE OS OBJETIVOS…………...………..….. 37

3.1- OBJETIVOS DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL ………..………. 37

3.2 - OBJETIVOS A ATINGIR COM A POPULAÇÃO-ALVO ….…....……….. 38

4. ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE AS INTERVENÇÕES……….. 40

4.1 - METODOLOGIAS………..……….. 40

4.1.1- Instrumentos de colheita de dados ……….………... 41

4.2 – FUNDAMENTAÇÃO DAS INTERVENÇÕES……… 43

4.3 - ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE AS ESTRATÉGIAS ACIONADAS……. 51

4.4- RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS ENVOLVIDOS………..….. 52

4.5- CONTATOS DESENVOLVIDOS E ENTIDADES ENVOLVIDAS…….… 53

4.6 - FUNDAMENTAÇÃO DA CONCRETIZAÇÃO DO PROGRAMA………. 54

4.7- ANÁLISE DA ESTRATÉGIA ORÇAMENTAL………...………. 54

4.8 - CUMPRIMENTO DO CRONOGRAMA………... 55

5 - ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO E CONTROLE………... 57

(9)

5.2 - AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA ……… 58 5.3 - DESCRIÇÃO DOS MOMENTOS DE AVALIAÇÃO INTERMÉDIA E

MEDIDAS CORRETIVAS INTRODUZIDAS ……….. 59

6. ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE AS COMPETÊNCIAS

MOBILIZADAS E ADQUIRIDAS………... 60

CONCLUSÃO……….………..……….…… 62

BIBLIOGRAFIA……….…….….. 66

ANEXOS

Anexo I -Declaração de autorização para utilização do questionário Anexo II - Questionário aplicado

Anexo III - Pedido e Autorização do Agrupamento de Escolas Anexo IV - Consentimento informado aos pais

Anexo V - Cálculo do IMC e Tabelas de Curvas de Percentil

Anexo VI - Ficha de encaminhamento para aconselhamento nutricional Anexo VII – Alimentação Saudável

Anexo VIII - Convite aos pais para a sessão com a nutricionista Anexo IX - Hábitos Alimentares

Anexo X - Peddy Paper e Apoios Anexo XI - Jogos Tradicionais Anexo XII - Roda dos Alimentos

Anexo XIII – Pedido da colaboração da nutricionista

Anexo XIV - Proposta de “Protocolo de Contratualização de nutricionista Anexo XV - Orçamento do Projeto

Anexo XVI – Resultados do IMC entregues ao Agrupamento de escolas Anexo XVII – Agenda das próximas atividades

Anexo XVIII – Resumo do Estudo “Prevalência da Obesidade Infantil” Anexo XIX – Tabelas dos Gráficos

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ÍNDICE DE FIGURAS Página

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ÍNDICE DE GRÁFICOS Página

Gráfico 1 – Refeições que as crianças dizem fazer sempre………. 28

Gráfico 2 – Alimentos ingeridos ao Pequeno-almoço………...……..……. 28

Gráfico 3 – Alimentos ingeridos a meio da manhã……….. 29

Gráfico 4 – Alimentos que as crianças dizem consumir ao almoço………. 30

Gráfico 5 – Alimentos ingeridos ao lanche……….……. 30

(12)

ÍNDICE DE QUADROS Página

Quadro 1 – População inscrita por sexo e grupo etário……….………... 20

Quadro 2 – Utentes inscritos por grupo etário………. 21

Quadro 3 – Número de alunos por sexo e escola…….……….…………...… 22

Quadro 4 – Idade dos alunos poe sexo e ano de escolaridade……….…. 25

Quadro 5 – Refeições que os alunos fazem diariamente………..…..….. 27

Quadro 6 – Com quem os alunos jantam……….………… 32

Quadro 7 – Alimentos ingeridos à ceia………....… 32

Quadro 8 - Determinação do peso através do cálculo do IMC………... 33

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ÍNDICE DE TABELAS Página

Tabela 1 – Necessidades/Problemas de saúde ………22 Tabela 2 – Alunos segundo o Ano Escolar e Sexo………..………....25 Tabela 3 – Local de almoço dos alunos inquiridos….………... 29

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INTRODUÇÃO

Os enfermeiros, assim como todos os outros profissionais de saúde, têm a responsabilidade pessoal e coletiva de se envolverem na educação para a saúde, facilitando a aquisição de competências e autonomia dos indivíduos, família e comunidade. Sendo a Saúde Escolar uma área de intervenção dos Centros de Saúde, compete à equipa multidisciplinar identificar as necessidades da comunidade educativa. Por outro lado, a escola é um local privilegiado de aprendizagem e desenvolvimento e a saúde escolar tem um papel fundamental na mudança de atitudes e comportamentos das crianças e jovens, como tal, cabe-nos a nós enfermeiros refletir sobre a nossa prática em contexto de Saúde Escolar e Infantil, no sentido de desenvolver um novo olhar e novas condutas. È principalmente às crianças e jovens que se devem dirigir os grandes esforços de educação e intervenção, na prevenção e na adoção de hábitos saudáveis. Neste âmbito, João Breda et al (2011, p. 26) referem que “a obesidade infantil tem sido considerada uma epidemia global e a sua prevalência tem vindo a aumentar em todo o mundo”. No mesmo sentido Isabel do Carmo (2011), considera que esta doença se tornou uma epidemia, quando há alguns anos afetava um número relativamente pequeno de crianças.

De facto, segundo a Plataforma da Obesidade, em Portugal, cerca de 32% das crianças com idades compreendidas entre 7 e 9 anos apresentam excesso de peso, sendo 11% obesas.

Perante esta realidade e tendo em conta que a obesidade e o excesso de peso são considerados fatores de risco que irão causar maior morbilidade e mortalidade quando atingirem a idade adulta, a educação alimentar é uma das temáticas de intervenção prioritária na Escola, principalmente nos mais jovens. É importante que todos se consciencializem que, à Escola também compete educar para os valores, promover a saúde, a formação e a participação cívica dos alunos, num processo de aquisição de competências que suportem as aprendizagens ao longo da vida e promovam a autonomia. Uma vez que a alimentação saudável e atividade física são duas das áreas prioritárias para a promoção de estilos de vida saudáveis, no contexto da intervenção de Saúde escolar do Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE), aprovado pelo

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Despacho nº 12.045/2006 e publicado no DR nº 110 de 7/06/2006, decidimos desenvolver o projeto “ Crescer com peso saudável. Uma intervenção nas crianças do 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo”. Este projeto surge no âmbito do programa de

saúde escolar da UCC de Viana do Alentejo e está direcionado para os alunos do 1º ciclo do Ensino Básico da freguesia de Viana do Alentejo. Tem como objetivo geral: - Promover hábitos alimentares saudáveis e prática de exercício físico nas crianças do 1º ciclo do ensino básico, da freguesia de Viana do Alentejo, durante os anos letivos 2011 a 2015.

Os Objetivos específicos são:

- Conhecer os hábitos alimentares percecionados pelas crianças do 1º ciclo, das escolas de 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo;

- Identificar o desenvolvimento estato-ponderal dos estudantes das escolas de 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo;

- Planear e implementar uma intervenção sobre educação alimentar para as crianças do 1º ciclo do ensino básico da freguesia de Viana do Alentejo;

- Estimular a prática de exercício físico dos estudantes

- Sensibilizar os pais/encarregados de educação, das crianças do 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo para a prática de uma alimentação equilibrada.

Este relatório está organizado segundo a Estrutura do Relatório de Mestrado em Enfermagem, da Universidade de Évora. O texto apresenta-se formatado igualmente de acordo com o respetivo regulamento com referências bibliográficas ao longo do texto segundo os critérios normativos da Norma Portuguesa 405, estabelecidos no Guia de Elaboração de Trabalhos Escritos.

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1 - ANÁLISE DO CONTEXTO

Neste capítulo do relatório, é apresentada a caracterização do ambiente de realização do estágio, assim como dos recursos materiais e humanos disponíveis. No ponto 2.2, descreve-se e fundamenta-se o processo de aquisição de competências ao longo do desenvolvimento do projeto.

1.1 – CARATERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO O estágio decorreu em Viana do Alentejo, na UCC do centro de saúde e nas duas escolas do 1º ciclo da freguesia.

- CARATERIZAÇÃO DO CONCELHO DE VIANA DO ALENTEJO

O concelho de Viana do Alentejo, fica situado a 28 Km de Évora, capital do Alto Alentejo, e é constituído por 3 freguesias: Aguiar, Viana do Alentejo e Alcáçovas, numa área de 393,9 Km2.

Figura 1 – Mapa do concelho de Viana do Alentejo

Em relação à população e de acordo com o Anuário Estatístico da Região Alentejo, em 2008 residiam no concelho cerca de 5700 pessoas e os resultados preliminares do INE, atualizados a 30 de Julho de 2011, confirmam que o município de Viana do Alentejo

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tem 5.746 habitantes, com uma densidade populacional de 14,6 hab/Km2, constatando-se um aumento da população (mais 131residentes) nos últimos anos.

Segundo o INE (2012), a região do Alentejo com 758 739 pessoas recenseadas pelos Censos 2011, tem vindo a perder progressivamente população ao longo das últimas décadas. Nos últimos dez anos a redução foi de 2% e nos últimos 30 anos a região regista menos 60 598 pessoas. No mesmo sentido, Alto Alentejo e Baixo Alentejo apresentam respetivamente quebras da ordem dos 6%, cada. No entanto e contrariando estes dados, o concelho de Viana do Alentejo e comparando os dados de 2001 com os de 2011,viu a sua população a aumentar, de 5615 para 5746, assim como o nº de famílias que passaram de 2100 para 2208, os alojamentos de 3307 para 3590 e edifícios que aumentaram de 3115 para 3440.

Em termos de trabalho/emprego e segundo os dados do INE atualizados em 17 de Janeiro de 2012, em 2009 existiam no concelho 472 empresas, sendo que 465 dessas empresas empregam menos de 10 pessoas e apenas 7 dão trabalho ao grupo que inclui entre 10 a 49 pessoas. Segundo dados atualizados em Novembro de 2011, o ganho médio mensal é de 775 euros que se encontra um pouco acima do salário médio nacional.

Segundo o site do IEFP, existem 276 desempregados em Viana do Alentejo, sendo que 247 pretendem novo emprego e 29 procuram o 1º emprego.

No que respeita a serviços relacionados com a saúde, existe um centro de saúde agora com duas valências a UCC e a UCSP na sede de concelho, e duas extensões de saúde, a Unidade de Saúde em Alcáçovas que funciona diariamente das 8 às 17,30 horas e em Aguiar 2ª, 4ª e 6ª feira. Existe uma Corporação de Bombeiros Voluntários que serve todo o Concelho nas situações urgentes e programadas, exceto em Alcáçovas onde a Cruz Vermelha possui um polo desde 2011. O concelho de Viana do Alentejo possui ainda três farmácias, sendo duas na sede de concelho e uma em Alcáçovas, e um posto farmacêutico em Aguiar.

A rede de transportes é muito reduzida, pois diariamente há dois autocarros Viana do Alentejo - Évora e vice-versa, sendo que o da manhã é no sentido Alcáçovas – Évora e à noite ao contrário.

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18 Viana do Alentejo possui dois agrupamentos de escolas: o de Alcáçovas com a Escola EB/Integrada de Alcáçovas e o de Viana constituído por um Jardim Infantil em Aguiar e outro em Viana do Alentejo, uma escola primária em Aguiar, duas escolas primárias em Viana do Alentejo: S. João e Escadinhas, e uma escola secundária com o 2º, 3ºciclos e secundário, com o curso de Ciências e Humanidades, e ainda dois Cursos de Educação e Formação. Considero importante referir que se encontra em construção o novo Centro Escolar que vai abranger o 1º ciclo e Pré-primária e cuja inauguração está prevista para o 1º trimestre do próximo ano – 2013.

Embora seja uma instituição particular, existe um Colégio de Irmãs denominado Colégio do Imaculado Coração de Maria onde funciona uma creche que recebe crianças desde o ano de idade até á Pré-primária, distribuídos por 4 salas com as respetivas educadoras e auxiliares. Consideramos importante realçar este fato, porque é neste local que alguns dos alunos do 1º ciclo têm os tempos livres e vêm almoçar.

De salientar o fato de existirem três cantinas na comunidade escolar: uma na Pré-primária para as crianças que a frequentam, outra na Escola EB 2,3, Secundária Isidoro de Sousa, que abrange também os alunos do 1º ciclo que se deslocam para almoçar, de autocarro cedido pela Câmara Municipal e uma outra existente no Colégio atrás referido.

No que se refere às estruturas de apoio à 3ª idade, existem Lares em Viana e Alcáçovas, das respetivas Misericórdias. Aguiar tem um lar privado, 15 camas, ao qual os seus residentes não recorrem por não estar acessível aos seus recursos económicos. Por protocolo entre a Administração do referido Lar, a ARSA, IP e a ECR do Alentejo, grande parte do mesmo foi transformado em Unidade de Longa Duração e Manutenção ficando esta Unidade com um total de 30 camas.

É um Concelho onde existem mais de trinta Associações de cariz variado: desportivo, cultural, social, religioso, económico e de desenvolvimento, como é o caso da Associação Terras Dentro com sede em Alcáçovas, mas, com abrangência regional. Entre outras áreas, esta associação faz formação a adultos, nomeadamente através do CRVCC/CNO. A Associação Terra Mãe é uma IPSS, com sede em Alcáçovas e que está a fazer acompanhamento psicossocial às famílias do concelho que necessitam desse apoio.

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Culturalmente, evidenciam-se as Associações cuja atividade principal é o Cante

Alentejano. Há 6 Grupos Corais só a vozes e 3 Corais e Instrumentais.

Existe um Cineteatro, propriedade da Câmara Municipal, onde são exibidos filmes ao fim de semana e onde são realizados pontualmente colóquios e outros eventos. No que respeita ao desporto, existem 2 pavilhões gimnodesportivos, um em Alcáçovas e outro em Viana onde se desenvolvem as mais diversas atividades desportivas como a educação física escolar, ginástica de manutenção com técnicos da Câmara Municipal para toda a população, competições de ténis de mesa e de futsal, e ainda ensaios de dança de ballet, sevilhanas e hip hop. Além dos pavilhões, temos campos de futebol com as respetivas equipas atualmente a jogarem para o campeonato.

– CARATERIZAÇÃO DO CENTRO DE SAÚDE DE VIANA DO ALENTEJO

O centro de saúde de Viana do Alentejo pertence ao ACES Alentejo Central II e pode ser definido como um conjunto de unidades funcionais de prestação de cuidados de saúde primários. Está situada no centro da vila, com bons acessos, a cerca de 200m de distância dos Bombeiros Voluntários, e o seu horário de funcionamento durante a semana é das 8h às 20h, e aos fins-de-semana e feriados funciona das 8 às 14horas. Este centro de saúde é composto por uma Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e uma Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC), que foi homologada a 16 de Novembro de 2010 e inaugurada em Abril de 2011. Desta equipa fazem parte uma enfermeira graduada com a especialidade de Saúde Materna e Obstétrica (atual coordenadora), e duas enfermeiras Graduadas com a especialidade de Saúde Comunitária, que trabalham a tempo inteiro, uma assistente administrativa, uma médica, uma assistente social e uma psicóloga que estão contratualizadas apenas 6 horas por semana.

A UCC presta cuidados de saúde e apoio psicológico e social de âmbito domiciliário e comunitário, especialmente às pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis, em situação de maior risco, dependência física e funcional ou doença que requeira acompanhamento próximo. Atua ainda na educação para a saúde, na integração em redes de apoio à família e na implementação de unidades móveis de intervenção.

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20 A equipa da UCC não se encontra completa, aguardando-se a integração de outros técnicos, nomeadamente um fisioterapeuta, um técnico de serviço social, um higienista oral e um nutricionista, imprescindíveis para o desenvolvimento de vários projetos. As atividades da carteira de serviço contratualizada com o ACES do Alentejo Central II incidem essencialmente nas áreas de intervenção em programas no âmbito da promoção da saúde e prevenção da doença na comunidade.

Através do projeto “Crescer com peso saudável” conseguimos dar resposta nas áreas de intervenção em dois programas: Programa Nacional de Saúde Escolar e Prevenção da Obesidade Infantil.

De realçar que a população inscrita no CS é superior à população residente. Encontram-se inscritos 6156 utentes, provenientes de concelhos limítrofes (Évora, Portel, Alvito, Montemor- o Novo), como se pode verificar no quadro 1.

Quadro 1 - População inscrita por sexo e grupo etário

Fonte: SINUS (consultado a 17/01/2012)

No quadro 2 podemos verificar que embora envelhecida, a população inscrita no CS apresenta 57% no grupo etário de 20-64 anos de idade, que corresponde à população ativa:

Idade Masc. Fem. total

<1 15 27 42 1 a 4 101 106 207 5 a 9 147 148 295 10 a 14 150 162 312 15 a 19 142 126 268 20 a 24 185 172 357 25 a 29 198 182 380 30 a 34 204 205 409 35 a 39 236 201 437 40 a 44 210 205 415 45 a 49 241 226 467 50 a 54 236 197 433 55 a 59 177 138 315 60 a 64 132 161 293 65 a 69 116 179 295 70 a 74 138 178 316 >75 382 533 915 total 3010 3146 6156

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Quadro 2 - utentes inscritos por grupo etário.

Fonte: SINUS - consultado a 17/01/2012

- CARATERIZAÇÃO DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE VIANA DO ALENTEJO

Como foi referido anteriormente o agrupamento de escolas é constituído por um jardim Infantil e uma escola de 1ºciclo em Aguiar e em Viana do Alentejo um Jardim Infantil e duas escolas de 1º ciclo: S. João e Escadinhas; e uma escola secundária com o 2º, 3º ciclos e secundário, com o curso de Ciências e Humanidades, e ainda dois Cursos de Educação e Formação, tendo na totalidade 30 turmas e 518 alunos, sendo 231 do sexo masculino e 287 do feminino.

Para além do concelho de Viana (Viana, Aguiar e Alcáçovas), encontram-se matriculados alunos dos concelhos de Portel (Oriola e S. Bartolomeu do Outeiro), de Alvito (Alvito e Vila Nova da Baronia) e de Alcácer do Sal (Torrão) e ainda 18 de países estrangeiros.

De salientar o facto de existirem três cantinas na comunidade escolar: uma no Jardim Infantil para as crianças que a frequentam, outra na Escola EB 2,3, Secundária Isidoro de Sousa, que abrange também os alunos do 1º ciclo que se deslocam para almoçar, de autocarro cedido pela Câmara Municipal e uma outra existente no Colégio atrás referido.

Atualmente encontram-se 73 professores e 26 funcionários não docentes distribuídos pelos diversos estabelecimentos de ensino do agrupamento de escolas de Viana do Alentejo.

Em relação aos alunos, encontram-se distribuídos como se pode verificar no quadro 3.

Idade inscritos percentagem 0 a 19 1124 18% 20 a 64 3506 57% >64 1526 25% total 6156 100%

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22

Quadro 3 - Número de alunos por sexo e escola

Escolas Sexo Masculino Sexo Feminino Total de alunos

Jardim Infantil 17 26 43 1º ciclo 76 85 161 2º ciclo 42 41 83 3º ciclo 48 63 111 Secundário 48 72 120 Totais 231 287 518

Fonte: Agrupamento de Escolas de Viana do Alentejo – Setembro 2011

No agrupamento de escolas de Viana do Alentejo, as necessidades/problemas de saúde existentes e, identificadas pelo próprio agrupamento estão descritas na seguinte tabela:

Tabela nº 1 -Necessidades/Problemas de saúde

Problema de saúde Total

Autismo 1 Emocionais 4 Cognitivos – epilepsia 2 Dislexia 11 Fenda palatina 1 Hiperativo 1 Mutismo seletivo 1 Hidrocefalia 1 Invisual total 1 Hemiparesia 1 Problemas de personalidade 1 Síndroma de Aspergen 2

Fonte: Agrupamento de Escolas de Viana do Alentejo – Setembro 2011 1.2 - CARATERIZAÇÃO DOS RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS

Para Ulrich Schiefer et al (2006), recursos são os meios humanos, materiais ou financeiros, disponíveis e mobilizáveis para a concretização de determinadas atividades e objetivos. Neste âmbito, os recursos humanos envolvidos na execução do projeto constituem a equipa de saúde escolar sob coordenação da enfermeira com especialidade em saúde comunitária, as professoras responsáveis pelas 7 turmas dos alunos do 1º ciclo, órgãos de gestão e encarregados de educação. Contámos ainda com a presença de uma nutricionista no projeto, pois considerámos a sua colaboração como uma

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mais-valia, nomeadamente na sessão de educação para a saúde, cuja temática “Benefícios de uma alimentação correta” está diretamente relacionada com aquela profissional. Tânia Cordeiro e Alexandra Bento (2011), consideram que os nutricionistas são imprescindíveis para a melhoria da qualidade de vida das populações e otimização dos recursos de saúde.

Em relação aos recursos financeiros, para além das escolas do 1º ciclo do ensino Básico de Viana do Alentejo, onde se desenvolve o projeto, respetivamente Escola das Escadinhas e Escola de S. João, foram fundamentais os recursos materiais para o desenvolvimento das intervenções como folhas de papel, canetas, tinteiros, fita métrica, balança digital, computador, projetor de vídeo.

1.3 - DESCRIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

A comunidade sendo um espaço privilegiado para o desenvolvimento dos cuidados de enfermagem, impõe desafios à perícia dos enfermeiros e proporciona-lhes partilha e crescimento tanto pessoal como profissional (Ana Gomes, 2011). Neste âmbito, os enfermeiros especialistas adquirem competências ao longo do seu percurso de formação inicial e especializada, que lhes permitem detetar as necessidades de saúde da comunidade e desenvolver projetos de intervenção.

Enquanto enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária, e através do artigo 4.º do Diário da República, 2.ª série — N.º 35 — 18 de Fevereiro de 2011, adquirimos as seguintes competências:

- Através do cálculo do IMC e aplicação do questionário, conseguimos diagnosticar as necessidades de saúde das crianças do 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo, mais especificamente os hábitos alimentares e a obesidade. De acordo com este problema definimos objetivos, estratégias e meios de intervenção, nomeadamente sessões de educação para a saúde, dirigidas para as crianças, e pais/encarregados de educação. No desenvolvimento das intervenções, hierarquizámos prioridades e mobilizámos os recursos existentes, avaliando as intervenções desenvolvidas, pelo que desenvolvemos competências de avaliação do estado de saúde duma comunidade; com base na metodologia do planeamento.

– No sentido de promover bons hábitos alimentares nos alunos do 1º ciclo, realizámos ações de promoção da saúde, às crianças e aos pais/encarregados de educação,

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24 relacionadas com alimentação saudável e prática de exercício físico, deste modo desenvolvemos competências no sentido da capacitação de grupos e de comunidades; - No contexto da intervenção do Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE), aprovado pelo Despacho nº 12.045/2006 e publicado no DR nº 110 de 7/06/2006, a alimentação saudável e atividade física são duas das áreas prioritárias para a promoção de estilos de vida saudáveis, pelo que ao decidirmos implementar o programa “Crescer com peso saudável. Uma intervenção nas crianças do 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo”, desenvolvemos competências de integração e coordenação de programas de saúde de âmbito comunitário e a consecução dos objetivos do plano nacional de saúde, ou seja integrámos as orientações estratégicas definidas no Plano Nacional de Saúde na tomada de decisão sobre as necessidades em saúde daquela comunidade.

- Através do cálculo do IMC e aplicação do questionário aos alunos, desenvolvemos a competência de realizar e cooperar na vigilância epidemiológica de âmbito geodemográfico.

(25)

2. ANÁLISE DA POPULAÇÃO

2.1 – POPULAÇÃO - ALVO

O projeto envolveu os alunos do 1º ciclo do Ensino Básico da freguesia de Viana do Alentejo. Participam 127 crianças, sendo 60 do sexo masculino e 67 do sexo feminino. Relativamente ao ano escolar, encontram-se 37 no 1º ano, 35 no 2º, 16 no 3º e 39 no 4º ano, conforme mostra a tabela abaixo:

Tabela 2 - Alunos segundo o Ano Escolar e Sexo

Ano Escolar Sexo Total

Masculino Feminino 1 17 20 37 2 21 14 35 3 3 13 16 4 19 20 39 Total 60 67 127

Outro dado importante é a idade dos alunos, que têm entre os 5 e os 11 anos de idade, sendo maioritariamente dos 6,7 e 9 anos e cuja média de idades é 7.45, conforme o quadro abaixo:

Quadro 4 - Idade dos alunos por sexo e ano de escolaridade

Ano de Escolaridade Idade Sexo Total Masculino Feminino 1º 5 6 2 8 10 15 12 27 2º 6 7 8 9 0 1 1 16 13 29 4 0 4 1 0 1 3º 7 8 1 0 1 2 13 15 4º 8 9 10 11 2 1 3 13 15 28 3 4 7 1 0 1 Total 60 67 127

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26 De referir ainda que em relação às condições socioeconómicas do grupo de alunos da freguesia de Viana do Alentejo em que o projeto incide, o número que beneficia do apoio, e aufere ASE são:

– 11 Alunos com escalão A, 13 do Escalão B e 18 na Escola das Escadinhas - 12 Alunos do escalão A, 22 do escalão B e 24 na Escola S. João

No que respeita á vacinação, todos os alunos do 1ºciclo da freguesia de Viana do Alentejo se encontram devidamente protegidos.

2.2 - CUIDADOS E NECESSIDADES ESPECÍFICAS DA POPULAÇÃO ALVO Atualmente verifica-se que, associado à redução progressiva do dispêndio de energia há um aumento substancial da ingestão calórica, que pode levar a um desequilíbrio.

Viana do Alentejo, sendo uma vila rural, repleta de tradição e com uma população envelhecida, como já foi referido, possui muitos idosos reformados, pelo que alguns alunos ficam à guarda dos avós enquanto os pais trabalham. Este fato constitui uma vantagem para ambas as partes, pela paciência e tempo que os avós têm para mostrar afetividade e contar as próprias histórias. É neste grupo etário dos 6 aos 10 anos, que as crianças crescem e aumentam de peso a uma velocidade lenta, portanto um aumento significativo de peso por volta dos 6 a 7 anos de idade, pode indicar que houve mudança de hábitos alimentares, o que justifica uma intervenção efetiva. No mesmo sentido Tânia Cordeiro et al (2011, p.2) defendem que “Ter uma alimentação saudável é imprescindível enquanto contributo para a promoção e manutenção da saúde e prevenção de doenças e, portanto para um estado nutricional adequado, de forma transversal a todas as fases do ciclo de vida.”

Para além de uma alimentação saudável, a atividade física também ajuda a prevenir a obesidade, logo, é bom que as crianças façam exercício, joguem e brinquem, daí a necessidade de combater o hábito de permanecer sentado e em frente á televisão e ao computador. Para tal, torna-se necessário incentivar a prática do exercício físico e promover o convívio entre gerações.

Isabel do Carmo (2011:68) refere que “um grupo de investigadores demonstrou que o tempo despendido a ver televisão entre os 6 e os 11 anos de idade foi o fator preditivo mais importante para o estabelecimento da obesidade entre os 12 e os 17 anos”. Para que a atividade física espontânea regresse à vida quotidiana das crianças atualmente

(27)

paradas frente aos ecrãs, deverão ser tomadas medidas na nossa sociedade, em casa e nas escolas.

Neste âmbito, as escolas e os pais têm um papel fundamental na educação alimentar, pois compete-lhes a formação de gerações que, a médio prazo, poderão inverter o padrão de saúde atual.

No nosso projeto, com o intuito de conhecer os hábitos alimentares das crianças foi aplicado um questionário com consentimento livre e esclarecido, seguido de todos os procedimentos formais e éticos, os quais se encontram descritos no ponto 5.1 (metodologias).

Após autorização dos pais/encarregados de educação, 127 alunos responderam ao questionário cujos resultados são apresentados de seguida.

Através do quadro 5 pode verificar-se que dos 127 alunos do 1º ciclo da freguesia de Viana Alentejo, cerca de 90,6 % (115) fazem cinco ou mais refeições, prevalecendo o nº de alunos que toma seis refeições. Apenas 9,4% (12) fazem quatro refeições por dia, e 7,9% (10) fazem sete refeições diárias.

Quadro 5 - Refeições que os alunos fazem diariamente

Nº de refeições diárias Alunos % Quatro 12 9,4 Cinco 46 36,2 Seis 59 46,5 Sete 10 7,9 Total 127 100,0

À

pergunta “Quais as refeições que tu fazes sempre”, como se pode verificar no gráfico 1, a maioria das crianças respondeu que são: o pequeno-almoço 126 (99.2%); o lanche a meio da manhã 105 (82.8%); o almoço 127 (100%); o lanche da tarde 122 (96.1%); o jantar 127 (100%) e a ceia 87 (68%). Pode ainda verificar-se que a ceia, antes de deitar, é a refeição menos frequente, segundo o ponto de vista das próprias crianças.

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28

Gráfico 1 – Refeições que as crianças dizem fazer sempre

0 20 40 60 80 100 120 140

PeqAlm LanchManh Almoço LanchTarde Jantar AntesDeitar

Não Sim

Em relação ao pequeno-almoço, podemos verificar pelo gráfico 2 que o leite (111), o pão (93), os cereais (88), são sem dúvida os alimentos mais consumidos. De referir que 70 dos 127 alunos bebem água e como acompanhamento do pão, utilizam manteiga (69), fiambre (59) e queijo (35). Dos 44 que ingerem bolachas ao pequeno-almoço, apenas 4 comem sempre.

Gráfico 2 - Alimentos ingeridos ao Pequeno-almoço

Em relação à refeição do lanche da manhã, como se pode verificar no gráfico 3, 80 dos 127 alunos bebem leite, 55 comem pão. Relativamente aos outros alimentos questionados e com valores significativos, surge a manteiga preferida por 30 alunos, seguida do fiambre por 24, sendo relegado para segundo plano o consumo de queijo, bolachas, fruta e bolos, tal como se pode observar no gráfico 3, que se segue:

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Gráfico 3 – Alimentos ingeridos a meio da manhã

0 50 100

Alimentos ingeridos a meio da

manhã

Através da tabela 3 podemos constatar que cerca de metade dos alunos (45,7%), almoçam em casa, 28,3% vão comer à escola, e 24,4% tomam o almoço noutra cantina.

Tabela 3 - Local de almoço dos alunos inquiridos Local de almoço Nº de alunos Percentagem

Casa 58 45,7%

Escola 36 28.3%

Noutra cantina 31 24.4%

Não respondeu 2 1.6%

Total 127 100%

No que diz respeito ao almoço, verifica-se pelo gráfico 4 que os alimentos mais consumidos ao almoço são a sopa e o arroz (115), a massa (113), a carne (112), o peixe (106), a água foi escolhida por 112 alunos; a fruta preferida por 108 crianças; a salada e o pão tiveram o mesmo valor (97). Na mesma refeição, os alimentos menos consumidos são o Bolicau que apenas 3 alunos responderam que ingeriam às vezes, e a compota escolhida por 9 alunos que referem consumir às vezes.

(30)

30

Gráfico 4 - Alimentos que as crianças dizem consumir ao almoço

No que respeita ao lanche da tarde, dos 127 alunos, 105 lancham sempre e 16 às vezes, ou seja apenas 4 não lancham e 2 alunos não responderam a esta questão.

Como se pode verificar no gráfico 5, o pão é dos alimentos mais ingeridos ao lanche pelos alunos (33), e 18 escolhem a manteiga como acompanhamento. Como bebida, na merenda da tarde, 43 dos alunos escolhem o leite, seguida da água que é preferido por 34 alunos.

Gráfico 5 - Alimentos ingeridos ao lanche

De salientar que ao lanche, 20,3% (26) dos alunos bebem leite sempre, 36,7% (47) só tomam às vezes, 39,8% (51) não bebem e 3,1% (4) não responderam.

(31)

No respeitante ao jantar todos os alunos referiram jantar em casa.

Em relação aos alimentos ingeridos ao jantar, verifica-se pelo gráfico 6, que os alimentos mais consumidos são o arroz (120), a sopa (115), a carne (115), a fruta (108), e a massa (110). A bebida preferida de 110 crianças é a água.

No entanto, existe um numero considerável de alunos que ingere alimentos menos saudáveis como, batatas fritas (113), embora só 6 referem comer sempre, hambúrgueres, (77), e apenas 2 ingerem sempre; salsichas (98), contudo apenas 2 comem sempre; e doces (61) que comem às vezes.

Se compararmos estes resultados com os do almoço, constatamos que as crianças em casa consomem alimentos mais calóricos como os hambúrgueres, batatas fritas e doces.

Gráfico 6 – Alimentos que as crianças dizem consumir ao jantar

No respeitante à questão de com quem jantavam, como se pode verificar no quadro 6, os alunos responderam maioritariamente com a família (80) seguida da companhia dos pais (27), e uma minoria de 20 alunos jantavam respetivamente: 12 com a mãe, 4 com os avós, 3 com os irmãos e apenas 1 referiu jantar com o pai.

(32)

32

Quadro 6 - Com quem os alunos jantam

Família Pais Mãe Avós Irmãos Pai 80 27 12 4 3 1

À questão sobre qual dos restaurantes os alunos escolheriam se os pais os levassem a comer onde quisessem, a maioria 64,6% (82) respondeu McDonalds, devido aos brinquedos oferecidos no Menu, enquanto 16,5% (21) preferiu a Casa das Bifanas, 12,6% (16) optou pela Churrasqueira e 8 não responderam à questão.

No restaurante a comida preferida de 59 alunos é a carne que inclui bifes (13), bifanas (2), bitoques (5), carne (15), frango assado (14) e hambúrgueres (10). Como acompanhamento, 23 escolheram batatas fritas e/ou 20 arroz, 8 referem ter pedido ovo estrelado e apenas 8 salada. Em relação ao peixe, dos 10 que o escolheram, 4 preferiram pratos de bacalhau. Um número reduzido de alunos escolheu outros alimentos nomeadamente piza (5), massas (5) e comida chinesa (2).

A bebida preferida de 11 alunos foi o sumo e de 6 a água. Curiosamente apenas 3 referiram comer sopa e em relação á sobremesa, apenas 2 nomearam a fruta, 3 gelado e 1leite creme.

Em relação à ceia, 68,5% (87) dos alunos responderam que ceavam, enquanto 30,7% (39) referiram que não e 1 não respondeu.

Dos alimentos que faziam parte da ceia, o leite foi a bebida mais ingerida pela maioria dos alunos 55,9% (71), e as bolachas juntamente ao iogurte foram os alimentos preferidos de 25,2% (32), como se pode verificar no quadro 7.

Quadro 7 - Alimentos ingeridos à ceia

Alimento ou bebida Alunos %

Leite 71 55,9 Iogurte 32 25,2 Bolachas 32 25,2 Pão 23 18,1 Fruta 10 7,9 Bolos 10 7,9 Chá 10 7,9 Sumo 4 3,1 Coca-Cola 1 0,8

(33)

Para além de conhecer os hábitos alimentares percecionados pelas crianças através da aplicação do questionário, também foi possível identificar o seu desenvolvimento

estato-ponderal.

Através da determinação do percentil pelo cálculo do IMC, podemos verificar, como se pode observar no quadro 8, que dos 127 alunos, 22 são obesos, 25 com excesso de peso e 13 apresentam magreza, ou seja 47,24% não apresentam peso adequado à sua idade e estatura.

Quadro 8 - Determinação do peso através do cálculo do IMC

ESCOLA ESCADINHAS ESCOLA S. JOÃO TOTAL Peso normal 26 41 67 Pré-obesos 11 14 25 Obesos 8 14 22 Peso baixo 8 5 13 TOTAL de alunos 53 74 127

A turma que apresenta uma maior problemática é a turma do 3º ano da escola de S. João, pois pode-se constatar que dos 16 alunos que fazem parte da turma, só 5 tem peso normal, ou seja mais do dobro dos alunos não tem peso adequado à sua idade e estatura, como se pode ver no quadro 9.

Quadro 9 - Peso dos alunos do 3º ano, de acordo com o IMC

Peso normal Pré-obesos Obesidade Magreza Total

5 5 5 1 16

2.3 - ESTUDOS SOBRE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO

Em 2000, Hernâni Galvão e Graça Raimundo realizaram um estudo (não publicado e gentilmente cedido ao C.S. de Viana do Alentejo), sobre a “Prevalência da obesidade infantil nas Escolas do 1º ciclo do Ensino básico no concelho de Viana do Alentejo”, que incidiu sobre 210 alunos dos 6 aos 9 anos de idade. Como resultado, obteve-se uma

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34 prevalência de obesidade infantil de 22,4% e 7,8% dos alunos apresentavam excesso de peso.

No estudo “Obesidade Infantil, Atividade Física e Sedentarismo em crianças do 1ºciclo do ensino básico da cidade de Bragança (6 a 9 anos) ”, realizado por L. F. Campos, J. M. Gomes e J. C. Oliveira em 2008, detetou-se que dos 226 indivíduos, 49 apresentam excesso de peso (21,68%) enquanto 25 (11,06%) apresentam obesidade. Estes valores são particularmente sentidos nas faixas etárias compreendidas entre os 8 e os 9 anos de idade. Aqueles investigadores verificaram que num total de 118 indivíduos do sexo masculino, 22 apresentam excesso de peso e 15 obesidade enquanto, num total de 108 indivíduos do sexo feminino, esses valores são de 27 e 10, respetivamente para indicadores de excesso de peso e obesidade.

João Breda e outros autores apresentaram os resultados de um estudo realizado em 2009 sobre “Variáveis materno-infantis e obesidade infantil nos municípios de Fundão, Montijo, Oeiras, Seixal, e Viana do Castelo. Das 3173 crianças avaliadas, 50,6% eram do sexo feminino e a média das idades foi de 7,5 anos. Em relação ao estado nutricional, 65,5%das crianças tinha peso normal, 2,4% baixo peso, 32,1% apresentava excesso de peso e 14,3% eram obesas, ou seja 34.5% das crianças não tinham o peso adequado à sua idade e estatura.

Cláudia COSTA, Maria FERREIRA, e Rosário AMARAL em 2010 para caracterizarem as crianças obesas, inscritas na consulta de Pediatria Geral, realizaram um estudo de coorte descritivo, que avaliou 482 crianças e jovens, acompanhados ao longo de 12 anos, relativamente a variáveis demográficas, fatores familiares/ sociais, antecedentes pessoais/hábitos, índice de massa corporal (IMC), co morbilidades, parâmetros laboratoriais, intervenção clínica e evolução temporal.

Procederam à avaliação somatométrica dos 482 utentes (51% rapazes) e ao aconselhamento sobre hábitos alimentares e de atividade física em todas as consultas. As autoras do estudo referem ter obtido uma taxa de sucesso terapêutico de 10%, para um acompanhamento médio de 16 meses (± 7 meses), verificando-se uma diminuição de 1,22 vezes no IMC. Concluíram ainda que as características da amostra parecem estar de acordo com a literatura, e ao longo do acompanhamento, as crianças e jovens

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que aderiram ao plano terapêutico modificaram o seu estilo de vida, obtendo um IMC adequado.

Rafaela Rosário, professora da Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho desenvolveu um estudo "Excesso de peso e obesidade em crianças: implementação e avaliação de um programa de intervenção na escola", com 464 crianças estudadas, entre os 6 e 10 anos de idade, provenientes de sete escolas de Guimarães, em que 293 foram submetidas a uma intervenção ativa, enquanto as restantes responderam apenas a um questionário sobre hábitos alimentares, além de serem monitorizadas antropometricamente. Em 2012, apresentou os resultados deste estudo onde verificou um "travar" do excesso de peso, um aumento no consumo de hortofrutícolas e uma redução de alimentos sólidos de elevada densidade enérgica e de baixo valor nutricional; tendo chegado à conclusão de que basta um ano para potenciar nas crianças hábitos alimentares saudáveis.

2.4 - RECRUTAMENTO DA POPULAÇÃO ALVO

Segundo a DGS (2006), a Saúde Escolar procura promover o desenvolvimento de competências na comunidade educativa que lhe permita melhorar o seu nível de bem-estar físico, mental e social e contribuir para a sua qualidade de vida.

Compete aos enfermeiros educar as crianças para que estas adquiram comportamentos e hábitos de vida saudáveis. Através de sessões de Educação para a Saúde podemos dinamizar a promoção da saúde e prevenção da doença, em contexto escolar. De acordo com Antonieta Guerreiro (2011, p.17) “A educação para a saúde é algo que só dará os seus frutos se formos perseverantes e se todos fizermos sempre um bocadinho mais”. No mesmo sentido, o grande objetivo da educação para a saúde é a promoção de conhecimentos, de forma a incentivar comportamentos e hábitos saudáveis. A educação alimentar é portanto uma das temáticas de intervenção prioritária na Escola, principalmente nos mais jovens, tendo em conta que a obesidade e o excesso de peso são considerados fatores de risco que irão causar maior morbilidade e mortalidade quando atingirem a idade adulta.

Neste âmbito, Andreia Oliveira (2011) defende a realização de intervenções na área alimentação/nutrição e da atividade física, e o facto de estas poderem beneficiar de uma

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36 abordagem que conjugue a esfera comportamental com a cognitiva afetiva, vai ter um papel fundamental no seu sucesso, e na sua manutenção a médio-longo prazos.

De acordo com as Orientações do Programa Nacional de Combate à Obesidade, supramencionadas pela Plataforma contra a Obesidade e ainda pelo NRAPCO, devem ser realizados anualmente rastreios aos alunos que completem 11,15 e 18 anos até 31 de Dezembro no ano letivo correspondente. Perante estas orientações, existe uma lacuna para rastrear as crianças do 1º ciclo, daí a importância deste nosso projeto incidir sobre essa população. No mesmo âmbito e mediante o estudo supracitado (Hernâni, 2000), considerámos pertinente intervir nesta população após 12 anos, para constatar a realidade atual.

É na infância que se moldam comportamentos e criam hábitos alimentares que irão permanecer pela vida fora, pelo que, é lícito afirmar-se que neste grupo etário, dos 6 aos 10 anos em que as crianças crescem e aumentam de peso a uma velocidade lenta, não existe diferença entre as necessidades e problemas de saúde de raparigas e rapazes, e como tal justifica-se a intervenção neste grupo de crianças do 1º ciclo.

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3. ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE OS OBJETIVOS

Ulrich Schiefer et al (2006) consideram os objetivos como metas caraterizadas por serem específicas, mensuráveis, precisas, realistas e delimitadas temporalmente, ou seja, as metas a atingir são concretizadas em termos de mensurabilidade e circunscrição temporal.

Atendendo aos indicadores de saúde e aos problemas definidos como prioritários, os objetivos correspondem aos resultados esperados para a população alvo. Ou seja, com base no diagnóstico e após a identificação das necessidades da população alvo, definimos como prioridades de intervenção um programa estruturado para a promoção de hábitos alimentares saudáveis.

3.1- OBJETIVOS DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL

Os enfermeiros têm uma responsabilidade social para com a comunidade, através dos conhecimentos e competências adquiridos na formação e na vivência enquanto profissionais de saúde. Neste âmbito, Maria Augusta Sousa, ex bastonária da OE (2011, p.1), afirma que “Reforçar a intervenção de cada enfermeiro é assumir a responsabilidade que decorre do mandato social da profissão.”

De facto, é fundamental que os enfermeiros apliquem inteiramente esses seus conhecimentos, uma vez que os desafios que se colocam são cada vez maiores. Atualmente, existem desigualdades chocantes na saúde, com repercussões que aumentarão o fosso já existente nas camadas sociais que constituem as comunidades. Para Ana Gomes (2011), os hábitos de vida sedentários e uma alimentação desadequada são fatores que contribuíram para aumentar o número de pessoas com doença de evolução prolongada. Esta realidade exige ao enfermeiro uma aprendizagem e adaptação constantes, assim como uma diversidade de cuidados de enfermagem na comunidade.

Pelo Artigo 80º do Código Deontológico do Enfermeiro, são definidos os deveres que o enfermeiro tem para a comunidade, como ser responsável e promover a saúde, conhecer

(38)

38 as necessidades da comunidade em que está inserido, assim como colaborar com outros profissionais e participar na orientação do grupo na busca de soluções para os problemas detetados. Neste âmbito, todos nós temos o dever de participar na definição das políticas de saúde que melhor respondam às necessidades da comunidade (Jacinto Oliveira, 2011). A comunidade torna-se assim um espaço privilegiado para a excelência dos cuidados de enfermagem, pela imposição de constantes desafios à perícia dos enfermeiros.

Neste âmbito, como profissional e enfermeira especialista, consideramos que esta intervenção trouxe algo de inovador, pois alem de contribuir para inverter a tendência das estimativas do aumento da obesidade infantil a nível nacional, permitiu realizar um programa estruturado para a promoção de hábitos alimentares saudáveis nas crianças do 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo.

3.2 - OBJETIVOS A ATINGIR COM A POPULAÇÃO-ALVO

Os objetivos a atingir com a população alvo são os objetivos inerentes ao projeto “Crescer com peso saudável. Uma intervenção nas crianças do 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo “, e como foi referido anteriormente tem como objetivo geral:

- Promover hábitos alimentares saudáveis e prática de exercício físico nas crianças do 1º ciclo do ensino básico, da freguesia de Viana do Alentejo, durante os anos letivos 2011 a 2015.

Os Objetivos específicos são:

- Conhecer os hábitos alimentares percecionados pelas crianças do 1º ciclo, das escolas de 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo;

- Identificar o desenvolvimento estato-ponderal dos estudantes das escolas de 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo;

- Planear e implementar uma intervenção sobre educação alimentar para as crianças do 1º ciclo do ensino básico da freguesia de Viana do Alentejo;

- Estimular a prática de exercício físico dos estudantes.

- Sensibilizar os pais/encarregados de educação, das crianças do 1º ciclo da freguesia de Viana do Alentejo para a prática de uma alimentação equilibrada.

O Diretor Geral da Saúde apela a que a nova Estratégia do Plano Nacional de Saúde 2011-2016 deva ter um enfoque claro no plano da promoção da saúde e prevenção da doença, uma vez que a evidência tem demonstrado que uma aposta nestes planos

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conduz a ganhos em saúde efetivos, com redução nos custos associados ao tratamento de doenças evitáveis.

Assim, pretendeu-se conhecer o desenvolvimento estato-ponderal dos estudantes através do percentil, a fim de caraterizar a prevalência da obesidade e excesso de peso na população alvo pois a obesidade infantil, juvenil e adulta é um forte indicador da ingestão de uma alimentação pouco saudável e está a aumentar no mundo ocidental em geral e também em Portugal. Pois é a partir da 2ª metade do século passado que se começam a valorizar as sequelas da obesidade, e a procurar combatê-la (Mário Carqueijeiro, 2011).

Por outro lado, é necessário sensibilizar os encarregados de educação para a promoção de uma alimentação saudável pois são os mais velhos que podem dar um bom exemplo perante as crianças, habituando-os desde a infância a um estilo de vida saudável.

(40)

40

4. ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE AS INTERVENÇÕES

Neste ponto pretendemos, através de uma análise reflexiva, descrever e justificar as intervenções desenvolvidas durante o estágio. Para Ulrich Schiefer et al (2006), intervenção considera-se qualquer atividade ou conjunto articulado de atividades que é gerada de modo a que possa contribuir para a mudança de um dado sistema social. No mesmo sentido, Zulfiqar A. Bhuta (2011), considera que o grande objetivo das intervenções deve adequar-se às caraterísticas da população, e visa a promoção de estilos de vida ativos e a modificação dos padrões alimentares, através de uma regulação eficaz e informada, pelo que a nossa intervenção através do projeto “Crescer com peso saudável”, foi fazer o diagnóstico de saúde daquela população e, depois de conhecer os seus hábitos alimentares, realizar um programa estruturado com o planeamento e implementação de estratégias para intervenções de âmbito preventivo e de promoção da saúde.

Neste sentido, o projeto “crescer com peso saudável” engloba as seguintes etapas: ▫ Apresentação e discussão do projecto;

▫ Diagnóstico de situação

▫ Aplicação do questionário sobre hábitos alimentares e análise dos dados recolhidos; ▫ Determinação do percentil estudantes;

▫ Encaminhamento dos alunos para aconselhamento nutricional; ▫ Intervenção “Alimentação saudável”;

4.1-METODOLOGIAS

Para o desenvolvimento do projeto, torna-se necessária uma metodologia que pressupõe um planeamento de toda a intervenção. Ulrich Schiefer et al (2006:260) consideram o planeamento como um “processo de programação de uma intervenção que articula um determinado conjunto de objetivos, resultados desejáveis e atividades, tendo em vista a

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realização de um dado objetivo, de modo a maximizar e racionalizar os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis”.

Por sua vez este projeto considerou várias fases ou etapas: 1ª Fase – Fase de Diagnóstico

2ª Fase – Fase de preparação 3ª Fase – Fase de intervenção 4ª Fase – Fase de avaliação

4.1.1 – Instrumentos de colheita de dados

O instrumento de colheita de dados utilizado foi um questionário elaborado por Lúcia Alves em 2005, e a quem pedimos autorização para aplicação do mesmo (anexo I). Após a pesquisa e depois de ser ajustado à nossa população - alvo, procedeu-se à sua aplicação.

O questionário (Anexo II), foi estruturado para fornecer as seguintes informações: 1. Caracterizar os alunos por idade, sexo e ano de escolaridade.

2. Conhecer a frequência com que as crianças comem (questões 1, 2, 4, 8 e 14), sendo a questão 1 sobre o número de refeições feitas por dia (que pode ir de uma a sete, ou a mais de sete), a questão 2 sobre as refeições que o aluno faz sempre, a questão 4 se costuma lanchar a meio da manhã, a questão 8 se costuma lanchar a meio da tarde e a questão 14 se come alguma coisa antes de se deitar.

3. Identificar os alimentos mais consumidos nas refeições do dia (questões: 3 -pequeno-almoço, 5 - meio da manhã, 7 - -pequeno-almoço, 9 - meio da tarde e 11 - jantar). Em cada questão, foi apresentada a mesma listagem de alimentos e as crianças assinalaram aqueles que costumam consumir em cada refeição.

4. Caracterizar os locais e os acompanhantes das crianças nas principais refeições do dia (questões: 6 - almoço, 10 - jantar).

5. Conhecer os alimentos mais desejados nas idas ao restaurante (questão 12). 6. Conhecer o restaurante da localidade preferido e qual a razão (questão 13).

7. Avaliar os conhecimentos sobre os alimentos e respetivos grupos da roda dos alimentos (questão 15) e sobre os alimentos que devemos consumir em maior ou menor quantidade (questão 16).

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42

Procedimentos da Recolha de Dados

Tendo em conta as considerações éticas, e embora exista um protocolo entre os Ministérios da Saúde e da Educação para a implementação do PNSE que torna a escola e o centro de saúde parceiros, foi necessário informar a direção da escola sobre os objetivos do projeto, nomeadamente de que aquele iria ser alvo de relatório para obtenção de Grau de Mestre em Enfermagem Comunitária da enfermeira da saúde escolar (anexo III)

No que concerne ao procedimento da recolha de dados, foi solicitado aos pais/encarregados de educação o consentimento informado por escrito (anexo IV), para aplicação do questionário e avaliação antropométrica das crianças, por estas serem menores de idade. Os pedidos de autorização foram entregues ao professor de cada turma, para que os alunos levassem para que os seus pais/encarregados de educação pudessem assinar e devolver. Posteriormente foram marcados com os professores os dias de aplicação dos questionários. Foi respeitado o direito da confidencialidade e anonimato das crianças.

A aplicação dos questionários foi de administração direta e presencial, durante o tempo letivo, sempre supervisionada pelo professor da turma, para que as crianças fossem corretamente apoiadas. Como se tratava de crianças relativamente pequenas, foi explicada pergunta por pergunta, não havendo, depois disso, grandes dúvidas. As crianças precisaram de cerca de uma hora para responderem ao questionário.

Quanto à metodologia utilizada na recolha de dados antropométricos, os alunos foram pesados e medidos na biblioteca das escolas, pela enfermeira, utilizando a mesma balança e craveira para todos os estudantes. Estavam vestidos com cueca ou boxers e blusa, sem sapatos nem casacos.

Os dados recolhidos foram apontados na folha de turma, onde consta o nome e a data de nascimento da criança, para posterior cálculo do IMC (Índice de Massa corporal) pela fórmula de Quételer e tendo em conta a idade e o sexo fez-se a correspondência às curvas de percentil da DGS (Anexo V).

(43)

4.2 - FUNDAMENTAÇÃO DAS INTERVENÇÕES O projeto foi implementado em quatro fases:

1ª Fase – Fase de Diagnóstico

A primeira fase do projeto coincidiu com o início do ano letivo, em que foi contatada a escola e, se procedeu à discussão dos aspetos relacionados com a operacionalidade do projeto. Posteriormente esta fase permitiu realizar o diagnóstico dos hábitos alimentares dos alunos do 1º ciclo através da aplicação do questionário “Hábitos alimentares” e proceder à avaliação antropométrica dos mesmos, de modo a conhecer o seu desenvolvimento estato-ponderal através da avaliação do IMC e respetivas curvas de percentil.

▫ APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DO PROJETO

Ao longo da reunião agendada (telefonicamente) para a primeira terça-feira de Outubro, com os elementos representativos dos órgãos de gestão do Agrupamento de escolas de Viana do Alentejo, foi apresentado e fundamentado o projeto, discutida a sua pertinência e operacionalidade e solicitado para reproduzir o conteúdo aos docentes responsáveis do 1º ciclo.

Ficou estabelecido que no final seriam apresentados os dados recolhidos acerca dos hábitos alimentares dos alunos.

A área da alimentação já pensada em anos anteriores, foi considerada prioritária para a promoção de estilos de vida saudáveis, pois uma alimentação saudável é imprescindível enquanto contributo para a promoção da saúde e prevenção das doenças e para um estado nutricional adequado, de forma transversal a todas as fases do ciclo de vida (Tânia Cordeiro et al, 2011).

▫ DIAGNÓSTICO ACERCA DOS HÁBITOS ALIMENTARES DOS ALUNOS Tendo em conta que alguns dos alunos comem fora de casa e se encontram condicionados pelas dietas existentes nas cantinas, considerámos importante conhecer os hábitos dos alunos para posteriormente intervir. Antonieta Guerreiro (2011) salienta as recomendações de Pedro Moreira, investigador da Faculdade de Ciências da Nutrição

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44 e da Alimentação da Universidade do Porto, de que se deve começar o dia a comer bem pois isso é tão importante quanto maior a exposição ao exterior, porque a alimentação fora de casa nem sempre é nossa amiga.

Para fazer o diagnóstico acerca dos Hábitos Alimentares dos alunos procedeu-se à aplicação de um questionário, tendo em conta os procedimentos já referidos na metodologia. Os questionários foram aplicados pela enfermeira com a colaboração dos professores no caso dos alunos que apresentavam alguma dificuldade de interpretação e leitura.

Esta intervenção iniciou-se em Outubro com a preparação do instrumento de colheita de dados, assim como a solicitação das autorizações aos encarregados de educação. Em Novembro procedeu-se à aplicação do questionário, seguindo-se o tratamento dos dados em programa estatístico SPSS nos meses de Fevereiro e Março, cujos resultados foram apresentados no ponto 2.2 - Cuidados e necessidades específicas da população alvo. A avaliação desta intervenção foi feita pela percentagem de questionários aplicados (100%) e pela análise dos dados.

▫ DETERMINAÇÃO DO PERCENTIL

Segundo a circular normativa nº 5 de 2006 da DGS sobre a “Atualização das Curvas de Crescimento”, e de acordo com o Programa Nacional de Combate à Obesidade, optou-se por substituir as curvas da relação peso-estatura pelas do índice de massa corporal (IMC), mais adequadas à correta monitorização do estado de nutrição de cada criança. De acordo com a DGS (2006), o IMC ou Índice de Quetelet é o método mais prático e usual que permite avaliar a adequação entre o peso e a altura de um indivíduo. Este calcula-se através da seguinte fórmula:

Índice de massa corporal (IMC) = Peso (kg)

Estatura (m)2

Após os cálculos do IMC, consultam-se as tabelas de percentis, segundo as quais se chega aos seguintes resultados:

▫ Baixo peso: Uma criança que esteja abaixo do percentil 5 ▫ Normal: Uma criança que esteja entre o percentil 5 e 85.

▫ Excesso de peso – IMC entre o percentil 85 e 95 para a idade e sexo ▫ Obesidade – IMC acima do percentil 95 para a idade e sexo

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A intervenção da determinação do percentil iniciou-se no espaço físico onde funcionam as bibliotecas, das duas escolas, em colaboração com o professor de cada turma, depois de solicitado o consentimento aos encarregados de educação para posterior avaliação dos seus filhos. Os alunos do 1º ciclo foram pesados e medidos durante o mês de Outubro, utilizando a mesma balança e craveira, vestidos com as cuecas e uma camisola interior e sem calçado. Os resultados foram anotados em folha de presença, que contêm nome e data de nascimento dos alunos (Anexo V) e posteriormente a enfermeira calculou o IMC e respetivo percentil.

Através da determinação do percentil pelo cálculo do IMC, podemos verificar que dos 127 alunos pesados e medidos, existem 22 obesos e 25 com excesso de peso, correspondendo a 36,8% e 13 apresentam magreza, ou seja 47,24% não apresentam peso adequado à sua idade e estatura (quadro 8).

Estes dados vão de encontro aos resultados do estudo de 2007, realizado por uma equipa de investigadores coordenada por Cristina Padez, da Universidade de Coimbra, e Pedro Moreira, da Universidade do Porto, segundo o qual, das mais de 4500 crianças, entre os sete e os nove anos estudadas, 31,3% das crianças são obesas ou têm excesso de peso. Neste contexto, Isabel do Carmo (2011) refere que alguns estudos sobre a obesidade em crianças e adolescentes realizados em escolas ou regiões há 15 anos, davam 15% de peso excessivo, noutros mais recentes e localizados, apareceram 20%, e atualmente são 31% a nível nacional no estudo da professora Cristina Padez de Coimbra de 2007. Por outro lado e apesar de serem em menor número, as crianças com baixo peso (10,24%) merecem uma atenção específica, pelo risco de carências nutricionais e, consequentemente, dificuldades de aprendizagem e de concentração e fragilidade nos ossos e dentes.

2ª Fase – Fase de preparação

Decorrentes do diagnóstico dos hábitos alimentares e da determinação do percentil dos alunos, foram nesta fase definidos os objetivos e delinearam-se as ações a desenvolver: ▫ Fazer o encaminhamento dos alunos, identificados com obesidade ou com baixo peso, para aconselhamento nutricional.

Imagem

Figura 1 – Mapa do concelho de Viana do Alentejo
Tabela nº 1 -Necessidades/Problemas de saúde
Tabela 2 - Alunos segundo o Ano Escolar e Sexo
Gráfico 2 - Alimentos ingeridos ao Pequeno-almoço
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Referências

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