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A educação cristã na Web. Uma reflexão teológico-prática

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874 M. deFrança Miranda. Conversão e reforma eclesial

intelectual e moral.Elaestápresenteeatuantenopróprioa t odefé,se o consideramosu m arespostadeamoraoamorprimeirodeDeus.En‑ quantotal,ela envolve todaapessoa, transformando‐a emn o v acriatu‑

ra,capacitando‐a averc o m o u t r o s olhos arealidade, estimulandosuas

opções, unificando sua existência. Consiste n u mentregar‐se na fé ao Mistério deDeus e à açãolivredoEspíritoSanto emnossasvidas.Mas

não é um objetivo fácilde alcançar,poisconsistenumaconquistaque envolvetoda a existência.“Tendemos sempre abuscarnossosinteres‑

ses emqualqueração que empreendemos,mesmonas mais sagradas.13 Quandoqueremos algo,o quequeremos defato?Motivaçõesegoístas podemlevar‐me aopções queparecem boas,masnãoo são.”

A fé fundamenta nossa vida emDeus,tornando‐nos lima;aore‑

lativizarmos tudo oquenão sejaDeus.O contrárioé o medoquenos

paralisaemnossassegurançashumanaseimpedeaaberturaanovidade do Espírito.A (antemão, que deve nos acompanhar aolongo davida

c o m oalítmlebárz'mdo cristão, consisten u m a prontidãoa se autotrans‑ cender seja emseu horizontede compreensão, sejaemsua motivação

para a ação, seja em suavivência da fé c o m o respostano amor a um amorinfinito prévio.Esta atitude é imprescindívelpara areforma da Igreja. Vemo‐la concretizada napessoa do PapaFrancisco, emsua li‑ berdade,emsuacoragem,emseuensinamento, emsuadestemidaati‑ tudeprofética.MasareformadaIgreja dependetambémdetodosnós, quesomos a Igreja!

Endereço doAutor. Residência da PUC

RuaMarquês de S.Vicente389

22451-041 Riodejaneiro ‐ R]/BRASIL

E‐mail:mfranca©puc‐rio.br

12.RATZINGERJ.Dem[ari/asei)“.SãoPaulo:Paulinas, 2006,n.17,

13.jáSantoInáciodeLoyolaadvertiaosjesuítas:“Sejamfrequentementeexortadosaprocurarem todas asc º i s a saDeus_NossoSenhor, arrancando se de si,quantopossível, oamorde todas ascriaturas

parao por todo no Criadordelas,amando‐Oem todas e amando a todas n'Ele” (Conrtifmjçãer n.288). 14.VALADIER,P. Lap a r idar f/JOJ'H.Comproiuiset intransigeance.Paris:Lethielleux,2010, p. 167-208.

A EDUCAÇÃO CRISTÃNA W E B

U m a reflexão

teológico-prática

PeloPe.D r.Luís"MiguelFigueiredo Rodrigues Braga. Portugal

Síntese: A sociedade contemporânea éfortemente inHuenciada pela

Internet,onde esta desempenha um papel importantenas aprendiza‑ gensdos indivíduos. Esteartigoprocura discutiraspotencialidades da

W/eb para a educaçãocristã,suasvantagens e asmodalidades dec o m o

otestemunhopodeserdado,umavez queesteé omodoprivilegiado

de realizar aeducação cristã.

Palavras-chave:Educação cristã. Internet.Testemunho.

Abstract:ContemporarysocietyisstronglyinHuencedbythe Internet, Where it plays animportant role in the learningof individuals. This paper discusses the WebpotentialforChristianeducation,itsbenefits and how the testimonycanbe carriedout,because thisis thepreferred wayto achieve Christian education.

Keywords:Christianeducation. Internet.Testimony.

OfatodequeaIgrejaexistaparaevangelizar(Cf.EN 14) levaaque asreHeXõesproduzidaspelaTeologiaPráticatenhama transmissão da fécomo panodefundo,emt o r n odo qual,ou a serviço do qual realiza

seu trabalho.E neste quadroquenosinserimos,procurandoperceber

até que ponto o dégítal, entendido aqui no sentido amplo e cultural, podeserutilizado na educaçãocristã.

Na culturadigital, oprocessodeensinoe aprendizagem ‐ querna aprendizagem aolongo da vida, quer naaprendizageminformal‐ dá destaque ao que Manuel Castells denomina por “nós”. Estespodem ser bibliotecas,organizações,pessoas,Sitesdainternet,livros,revistas;

numapalavra,tudo aquesepossarecorrerpara resolverum problema oudescobriralgoque sequer aprender.A importância decada“nós” depende nãodesuas características especiais,“mas dasua capacidade

paraos objetivos darede”,ª daquiloque aportaepotencia.

1.CASTELLES, M. Informacionalismo, redes y sociedad red:u n apropuestateórica.In:ID.(Ed).

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876 L M .Figueiredo Rodrigues. Aeducação cristãna Web

As redes,c o m o estruturasabertas,promovemorganizações sociais

dinâmicas eabertas,muito suscetíveis à inovação e àexpansão,o que colocaoproblemadaidentidade, e desuamanutenção,c o mtudooque issoimplicanamissão daIgreja aserviçoda fé, paraquea identidade continue asercristãenãooutra,no ambientedigital.

Esteambiente, naligação c o m oso u t r o s ambientes c o m os quais o indivíduointerage,continua at e rum tempo e umespaço próprios. O espaço,emboraimaterial,continua asero suporte daspráticasque

a c o n t e c e m simultaneamente eque estão interligadas,ao passo que o

tempo deverá ser compreendido como u m a sequência depráticas,se

bemquenotempointemporaldeixadehaverumasequência cronoló‑ gica, para seprivilegiara simultaneidade, o perpétuopresente.

A fé, aoserpercebidacomorelação,postulaum processo detrans‑ missão,e este acontece namedidaem quesuperao tempoe o espaço,2o

queevidenciaaimportância e osignificado datradiçãoque,desi, inclui algo próximoà educação. Porestarazão,aeducaçãoda fé e a formação doseducadores dafédevet e rcomo soloprivilegiado areflexãosobrea transmissão dafé,emsuas diversas coordenadas: pessoal, eclesial e de conteúdo. Estascoordenadas assumem enfoques diferentes ao serem integradas na cultura digital, promovida pelo paradigma informacio‑ nal.3 Surgealgonovo,a que a instituiçãoeclesial,apesardos reiterados apelos do Magistério,4 aindanãofoi capaz de daru m arespostasatisfa‑ tória,pelo menosno que àeducação cristãdiz respeito. Seàtradição importassem apenas os conhecimentos (fía'er quae), a Internet, Vista c o m omera substituição de suporte,não só não ofereceria dificuldade

comotrariagrandesvantagens;mas,importatambémaadesãovital(]?‑

desaaa),semaqualnãoépossível a experiência de fé noDeusdeJesus

Cristo. Para aeducação e transmissão da fé nãobasta, então,dizer,é

2.Cf.DEBRAY,R. Trammelíre.Paris:Odilejacob,1997; MOSER,W Transmettreetcommuni‑ quer. Chassés‐crisésconceptuales àpartirde Régis Debray.Intermédz'a/z'tér:Hírtoireet the'ariede!afir,

derlettreretderterhníqaer, Montréal, v.2005,n. 5, p. 191‐206, 2005.

3.Cf.HJARVARD,S.The mediatization of religion:Atheoryof themedia asagentsof religious change.Northernngbtr: FilmÚ M e a ' z ' aStudíeiYearbook, Copenhagen, v. 6, n. 1, p.9-26,2008; L O V H E I M ,M. Mediatisation of religion:Acriticalappraisal.CultureandReligion,Perth, v.12, . 2, p.153‐166,2011; LYNCH, G. Whatcanwe learn fromthe mediatisation of religione debate? CultureandReligion,Perth,v.12,n. 2, p.203-210,2011

4Veja‐se,aestepropósito,asMensagenspapaisparaoDia Mundial dasComunicaçõesSociais, sobretudo apartirde2002,bemcomoos documentospublicadosnesse mesmo ano:PONTIFÍCIO

CONSELHOPARAAS COMUNICAÇÓESSOCIAIS. ElizanaInternet,eIgrg'aeInternet.

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preciso Jantar afé,5 promovendo o diálogo através deu m a proposta

significativa paracada indivíduo. Pelanarração daexperiência pessoal de fé ‐ pelotestemunho ‐‐convidam‐seo u t r o s àexperiência deDeus.

O papaFrancisco desafia osagentespastoraisa exercitar‐se

naa r t e deescutar,que é mais do queouvir. Escutar, na comunicação c o mooutro,é a capacidade do coraçãoque t o r n a possívelaproximi‑ dade,semaqualnãoexisteumverdadeiro e n c o n t r oespiritual.Escutar ajuda-nosa individuar ogesto e apalavraoportunos que nosdesins‑ talam da cômoda condição de espectadores. Só apartir desta escuta

respeitosa ecompassiva e'que sepodemencontrar oscaminhos para um crescimentogenuíno,despertaro desejodo idealcristão,oanseio

de corresponderplenamenteaoamordeDeuseodesejodedesenvol‑

veromelhordequantoDeussemeounanossaprópriavida (EG171).

Esteé o objetivo da evangelização, aser integrado quando sere‑

corre àsnovas tecnologias, que não são meros instrumentos.Antes, promovem um determinado estilo de sociedade, aqual eatravés da qual, éprecisoevangelizarfªMasesteé umprocesso comunitário;logo, de responsabilidade detodo ocorpoeclesial, onde cada sujeitoecon‑ vidado acontribuirc o m anarração desua experiência deDeus,c o m seutestemunho. Estaexperiência só éplena,quando integradanuma comunidadeeclesialqueaprende,celebra,Viveereza(Cf.Act2,42‐47) apresença transformadora do Deusque seda a conhecer nahistória

e faz desta 0 lugar d e e n c o n t r o c o m Ele (Cf.G 8 4). A recepção d a tradiçãodá umsignificadon o v oàsexperiênciaspessoais,relidasapar‑ tirdo acontecimentofundamental, oeventoJesus Cristo. Masimporta t e r presente que a experiência do sentido da fé “se exprime por um conhecimentoper eonaafara/z'tatem de tudo o que diz respeito à fé, de

tipointuitivo‐global enãot a n t o discursivoeargumentativo”,7peloque

aobjetividade do sentido da fé esuaindefectibilidade são expressões darealidade daredençãooperada pormeio da Encarnação e do dom doEspírito Santo.O Evangelho tem, então,u m a oportunidadeneste mundo da globalização digital,porque se trata de “darforma bz'rzªo'rz'ea à 5.CONFERENCIAEPISCOPAL PORTUGUESA. Paraqueacreditemetenhamvida.Orienta‑ çõesparaa catequeseactual. In: ID. Documento:Pai-tarem". v. VI ‐ 2002-2005,p.253‐278.

6. Cf. ZANON, D. O zer/parto da Jader/adeem redembrea Igreja[ate'/ira.Elementos para u m a

cibereclesiologia.Lisboa:Paulus, 2012.

7.STAGLIANÓ,A. Semmjídeícristianointempodi globalizzazione.In: GIULIODORI,C. et al.(Ed.).Glaba/z'zzazíone,romanirazíane etradz'zz'one.Milano:SanPaolo,2004,p.199.

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878 L M .Figueiredo Rodrigues. AeducaçãocristãnaW'eb

manifestação do Amor de Deus no e v e n t o humano”;8daí aimpor‑ t a n C i a da narração, c o m o autocompreensão e c o m o testemunho.9

Nestecontexto,

o exercício c o r r e t o do mmmfaleidepende de u m a prática da fé que

corresponda autenticamente aRevelação deDeus,c o m o experiência íntimae eclesial dee n c o n t r oc o moSenhor,metendoemjogoaprópria

liberdadenaadesãopessoala Cristo, na participaçãoVitalnomistério deDeus,conhecidoporque amado?"

A fé cristã, aoser,sobretudo,umaexperiência derelação, nãopode servertida,semmais,paraumsuportedigital,“ sob qualquer formato, porquenãoobterá o resultado esperado: a transmissão.Mas, aousara “linguagem do amor c o m o linguagem das experiências fundamentais dohomem,quee'infinitamente variada, precisa de todos os sentidos e de todos osregistos expressivos, aindaquesejaparaseaproximaràqui‑ lo que querdizer”.13 O amor pedea atualização doVirtual,no atual de

cadahistóriapessoal,porque a linguagem doamor,“comoalinguagem religiosa,t e mnecessidadedeumacomunicaçãopessoalecorporal”..ªª A

Web,comomeio,t e r n antesacapacidade desero catalisadorpositivo, porque,numaculturade paradigma informacional]4podepotenciaros processos de transmissão, aosero meiodominante.

Limitese possibilidades

A possibilidade deusar aInternetaserviço daeducação cristã é, m u i t a svezes,olhadade soslaio, porparecerque nãointegraadimensão fis1cada realidade. Eumadificuldade aque temos de darresposta,até

porque,m a i s deuma vez, ostextos do magistério apelam à utilização dosm e i o s digitais:

8. Ibidem, p. 206.

9. Cf. RICOEUR,P. L'identité narrative.E r"! .7‐8 295‐ 1 ' ' ' '

, , ”a ” ! ” -Paris;Seuil, 1990. Jp : , ri , p. 304,._988, ID. .loz-memem i ) / w e

10.STAGLIANÓ, A. Op. rir., p.200; Cf. DV 8;LG 12.

11. Cf.LAURITA,R. La comunicazione della fede:evan l i ,( * fã ' neirwedia.Credere Ogggz',Padova,v.32,n. 2, p.36,2012. ge 7 2 1 “e C ª c ª m e n t enelt e m p ºdel

12. LY N C H]. ”pro/imadeiÍÍIIIOIIÍ.Tecnologiaerapporti umani nelFeradi Facebo '

. , . , ok. Torino:

Lindau,2011, p.84; Cf.GROSSOGARCIA,L. Elamor:ejearticulador delaeducación.Apuntespara

unapedagogiadelamor.Tea/ogia]Cateqltm'r,Madrid,v. 115, p. 37‐50,2010. 13.LAURITA, R.Ar!.Kit.,p,38.

14.CASTELLS,M. A em(lainjbrwacãv: economia sociedade e c lt A ' d d

v. I. 3.ed.Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian,2007, p.225‐230. u U f ª .. SOCIC ª º emrede‑

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A Internet é relevantepara muitas atividades e programas daIgreja‐ a

evangelização,incluindoa reevangelização e an o v aevangelização, e a obramissionária tradicionaladgentei, acatequeseeo u t r o stiposde edu‑

cação, notícias e informações, apologética,governo e administração, assimc o m oalgumas formas de conselhopastorale dedireçãoespiri‑

tual.Nãoobstantearealidadevirtualdoespaço cibernético nãopossa substituiracomunidadeinterpessoalconcreta,arealidadedaencarna‑

çãodossacramentos e aliturgia,ou aproclamaçãoimediataediretado

Evangelho, contudo podecompleta-las, atraindo aspessoas parau m a

experiênciamaisintegraldavida de fé e enriquecendo avidareligiosa

dosutentes.15

Da reflexãosobreaposiçãooficial daIgrejaarespeitoda Internet, a

primeira

ideiaadestacaré o claro benefício que a Web t e mparaa mis‑ são da Igrejaesua relevância paraaformação dos cristãos.Mas,para isso,pressupõe‐se u m acompreensão mais profunda desta novaetapa

cultural emquevivemos,a denominada sociedade em rede. Aqui,para os cristãos, acomunhão esuaexpressão naautênticaculturadoencon‑

t r o (Cf.EG 220)é, seguramente, um dos maioresdesaíios.

O que o mundo digitalevidencia, antes detudo, é an a t u r e z a c o ‑ municativa do serhumano,pois só ele écapaz deassumir enegociar

relaçõescomplexaseambientes sociais.16MasahistóriadaWeb recor‑

da‐nosum detalheinteressante:comunicareinteragir, criarrelação.17A vontade de comunicar faz c o mqueoindivíduonãoselimiteaserum

receptor(Web1.0),antes desejeinteragir(Web2.0),peloqueacapaci‑ dade de interação, de criar em a n t e rrelações set o r n o u a característica‑

chavedaWeb 2.0.Dosm a s ;media,passamospara os[ r o mmedia.

Este fenômeno leva auma nova compreensão das categorias de

tempo e(apago,bem c o m o àassunção denovas linguagens e denovos significados, de umn o v ouniversosemântico. Muitaspalavrasdom u n ‑ do digital resultam deprocessos de ressignificaçãolinguística (p. ex.,

amizade) e, inclusive, algumasc o mressonâncias nagramáticareligiosa,

15.PONTIFÍCIO CONSELHOPARAAS COMUNICACOESSOCIAIS.IgrejaeInternet. L'Orrerz'atore Romano,cd.emportuguês,16 de março de2002,p. 5.

16.Cf. ALBRECHT, K. Social intelligence:Thenewscience of success.San Francisco:]ossey‑ ‐Bass,2006,p. 211‐215.

17. Cf. WATZLAWICK, P. et al. Pragmática da [amami-agohummm.Um Estudo dos Padrões, Patologias eParadoxosdaInteração.9.ed.SãoPaulo:Cultrix,1993,p.20‐35.

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c o m o seja o caso dos t e r m o s “salvar”, “justificar” ou ainda “conver‑ ter”.18A comunicação é um bem deprimeiranecessidadepara 0Cris‑ tianismo,pois,semcomunicar, aIgrejanãorealizasuamissão.

A formação que aWeb possibilitatem,então,deservista apartir do problema das linguagens e do modo c o m o cada pessoa participa e está presente nas redes mediáticas, sobretudo apartir da categoria de amizade, muito falada neste contexto, que deverá ser vista como expressão do testemunho cristão,querdos indivíduos,quer das c o m u ‑ nidades,n u mpermanenteexercíciodeaberturade portas,sobretudoàs

periferiasexistenciais (Cf.EG 46‐47).

Mas a relevância da Internet será t a n t o maior quanto esta puder

ser utilizada deacordoc o mapedagogia divina,19 que se concretiza em

t o r n o detrês princípios: 0 da condescendência, o daparticipaçãoc o ‑

munitáriae o da participaçãogradual(Cf.D G C 139-147).

O recurso à web responde ao princípio da mndereendênez'a divi‑

na,queseadaptoua“condiçãohumana”(Cf.D G C146).A utilização

daInternet mais não é,também,doquea adaptação àscondiçõesem quehojeu m aboaparteda humanidadevive,procurandoreconhecer e potenciar as possibilidades existentes no ambiente digital. Mas o

augeda condescendência deDeusrealiza-seemJesusCristo, apalavra de Deus feita carne,queé o pontomaisalto da condescendênciadi‑ vina. A pedagogiada encarnação, talc o m o estárefletida no Diretório Geralda Cateqnere,não coloca c o m o ponto central apresença de um

corpo,mas sim“o Evangelho [que] deveserpropostosempreparaa vida e navida das pessoas” (DGC 143);logo,mais do que proximi‑

dade física,importau m aproximidade Vivencial.Destaca‐seaVisibi‑ lidade que é dada à experiência de fé, asua narração.20Verifica-sea necessidade de“iluminareinterpretaraexperiênciac o modado da fé (...),sobpenade secairem justaposições artificiais ou em compreen‑ sõesintegristas daverdade” (DGC153),logo,contrárias ao princípio

da condescendência.

18.Cf.SPADARO,A. beedeo/ogzà.Pensare il cristianismo altempodellar e t e [e-Book].Milano: Vitae Pensiero,2012,p. 22‐24.

19.Cf. GRESHAM, J. The divinepedagogyas a model foronline education. Teaching Theo/ºg)! andRelégz'on,Grawfordsville, v. 9, n. 1, p.24‐28,2006.

20. Cf.CALLIERI,B. Daspetto narratologiconellacultura della realitã virtuale:t r asfidaerischio.

Premier/), v. 1, p.9‐17, 2003.

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A dimensão cewnnz'lán'a da pedagogia divina também t e m na Web um fator potenciador. Recordemos que esta dimensão requer que se

valorize a experiência de fé deu m a comunidade c r e n t e e se apoia na

relaçãopessoale nodiálogo (cf.D G C 143).A Internetoferecerecur‑ sosparaqueestapartilhade experiênciasaconteçae odiálogo,de onde pode brotaru m aprofunda relação,surja. Se,porvezes, o diálogo e a

partilha

set o r n a m difíceis n u m e n c o n t r o presencial,nos espaços Vir‑ tuais édiferente.21O reconhecimento e apotenciaçãodeecologias de

aprendizagem22 não sódarãoespaço paraque cadamembrodacomu‑ nidade seexpresse,c o m opoderãomesmo modificara fisionomia das

comunidades,tornando‐asmais ativas.

Porúltimo,o recurso à Internetpermite que a gradna/z'dade, que é

própria da pedagogia divina, seja personalizada, o que é bem difícil emo u t r o s âmbitos mais clássicos. Aqui, o c e n t r o é de fato o indiví‑ duo, que t e m uma participação ativa em todo o processo; éele que decide o ritmo.Sem essa participação, oprogresso não severifica,e

isso(: evidenciável.

Outroaspetorelevante dapedagogia divina e orecursoaossinaise símbolos:“o emprego detodos osrecursosda comunicaçãointerpes‑ soal,taisc o m oapalavra, o silêncio, ametáfora,aimagem, o exemplo e

tantossinaisdiversos,c o m oofaziamosprofetasbíblicos” (DGC 140). Masos símbolos,paracumprirem sua missão, precisamdeu m a c o ‑ munidade de sentido,onde possam ser lidos e percebidos ‐ surtir efeito‐, e nãosejammerossinaisefêmeros.23 Paraqueistosejapossível, importa perceberque transmitire transportar notempo,fazerherança, enãoapenasinformar.Logo,nãobasta atécnica;épreciso um esforço institucionalconsciente.24

As comunidades de aprendizagem e a aprendizagem contextuali‑ zada,no âmbito da educação, poderão ser as precursoras da Web se‑ mântica,ouWeb 3.0, naquala Internet, amáquina, seorganiza efaz

umusointeligente do conhecimento já disponibilizado online, dando

21. Cf.GRESHAM,].A n tm.,p.27.

22. Cf.SIEMENS,G.[070anknow/edge,2004,p.42‐47.Disponívelem:<http://www.elearnspace.

org/aningKnowledge_LowRes.pdf>.Acessoem27jul.2016.

23.Cf.CHAUVET,L.‐M. Ljnguaggz'a e mnha/o.Saggi sui sacramenti. Leurnan: Elle Di Ci,1982, p. 17‐78.

24. Cf. DEBRAY, R. Tranrmettre... Op. [il.,p. 177‐178;Cf. ID.Mangªerter média/agíquer. Paris: Gallimard, 1994, p.415.

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882 L M .FigueiredoRodrigues.AeducaçãocristãnaWeb

ao cibernauta aquilo que eleprocura, por antecipação, apartir de um histórico de visitas ou dos conceitos associados. Para isso, épreciso

roflwareque vairealizando, ele mesmo,algumtipo dememorização‑ há quem ochameaprendizagem ‐ c o movastoconteúdodisponívelna

Web,queanalisa eelencadeacordo c o mcritériospreviamenteestabe‑ lecidos.E à instituiçãoeclesialque convém determinar esses critérios, jáqueestamos muitopróximosdo conceito de inteligência artificial. A diferençae n t r eaweb2.0 e a Web3.0é a diferençae n t r eobteru m alista derespostaseumasoluçãoconcretae personalizada paradeterminada

pergunta.E a diferençaentreasintaxe e a semântica.25

No campo daeducação, esta possibilidade ainda não encontrou anecessária estabilidade conceitualpara poder ser introduzida numa reflexãocomoaqueestamos a elaborar. Há jáalgunsestudos sobre o assunto, mas que não são conclusivos, antes, “demonstram que, por estar sendo explorada por apenas algumas iniciativas, sua utilização está pouco consolidada. Osresultados m o s t r a r a mque diversas o n t o ‑ logias estão sendo desenvolvidas para modelar osobjetos de apren‑ dizagem“.ªª' A este dado acresce a diversidade de ferramentas que atualmente seestão autilizar,não ainda demodo satisfatório, “o que confirma a preocupação e o interesse da comunidade científica em oferecer ferramentas quepossamcontribuirparaotimizaraqualidade

dessesambientes”.27

Em t e r m o s eclesiais,28 o desafio consiste em fomentar a aprendi‑ zagembásicados recursostecnológicos ‐ a literaciadigital‐ aserviço daeducação cristã,para,depois,capacitar osagentesde

pastoral

paraa

25.Umportalquevaleapenaservisitadoé o <http://www.wolframalpha.com/>;nãoe'um

m e r om o t o rdebuscadaweb2.0,masensaiau m aresposta,emvezder e m e t e rparapotenciais respos‑

tas.Depoisdefeitau m apergunta,osistemaprocessaasrespostas,recolhendodadosdeváriaspáginas ebases quecontenhamunicamenteinformaçãorelevanteparaessaperguntaemconcreto.

26. ZEM‐LOPES, A.M. et al. Uma revisão sistemáticadas tecnologiasdaNVeb Semânticaem ambienteseducacionais[em linha]. In:Anaisda;Íl'brkr/JoprdoszgratraBrutti/eiradeI;;fàrzzzátim naEdnmçãa.

Campinas:Unicamp, 2013,p.578.

27.I/iidem; Cf.MARCONDES, C H .Organizaçãoerepresentação doconhecimentocientífico em ambiente Web:doformatotextual linearaosartigossemanticos.PontodeArena,Salvador,v. 7, n. 1, p. 7‐41,2013. Comoexemplodesse trabalho,veja‐seaTese dedoutoradode M.C.MALTA.Contributo

metodo/agitoparao rimam/Pimenta depedirdeap/íraçãa naron/mwdaW'ebSantàl/[ta.Tesededoutoradoem Tecnolo iaseSistemasdeInformação,Universidade doMinho,Braga.2014.Disponívelem:<http://

hdl.handle.net/l822/30262>.Acessoem12jul. 2015.

28.Vejam‐seosdiversosestudos publicados por CAMPBELL,H. (Ed.). Digita!Reª/Ágio”.Un‑

derstandingreligiouspracticeinn e wmediaworlds.N e wYork:Routledgs,2013.

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adaptaçaodo conhecimento,“9 gerando novos conhecimentos ‐ a lite‑

r a c i amediática.30

- A instituiçãoeclesial,c o m o comunidade desentido, épedido en‑ tao,que ofereçaordem,queorganize e configure a herança do que se ha de transmitir, imunizando o coletivo c o n t r a adesordem e aagres‑

sao,marcandoterritório noespaçovirtual. A Igreja,aoser sacramento universalde salvação,t e m na Encarnação doVerboomodelopara sua

açao,procurando“perceberc o m o équeapalavrade Deusfezcaminho na humanidade. A luzdo dogma de Calcedônia, a Igreja é convidada a reHetiromodoc o m oasideias‐ ovirtual‐ podemseratualizadas,ga‑

nhandocorpo.Percebidoesteprocesso,asexperiênciascrentespodem fazer ocaminho i n v e r s oesertambémvirtualizadas.31

Testemunhoaberto:novasformas dedizeree s c u t a r

A Redeestáem vias detornar‐seocontextoexistencialdominante.32

Importa,en‐tão, assumir que ela possuium ambiente cultural próprio comnovas formasdepensar enovosterritórios,c o mconsequentesim‑ plicaçõeseducativas,relacionaisemodosdeestimularainteligência. O conhec1mento e asrelações jánãosão procuradoscomoquemprocura umn o r t eou um objeto,c o m abússola ou oradar;antes,deixam‐seen‑ contrar.Estãoaí,disponíveis,paraquemasquiserprocurar.33Osm o t o ‑

resdebusca,aumasimplespergunta,devolvemumalistamuito grande de informações,que mais não são do que sugestões indexadas como

adequadasaost e r m o sintroduzidos. A esta“memorização”damáquina eainda acrescidoohistóricodas pesquisasdecadaindivíduo, oque faz

c o mqueamáquina devolvaas respostasque,deacordoc o mosalgorit‑

mos1ntroduzidos,ela considera mais adequadas. Estefenômeno éde‑ safiantepor dois motivos:primeiro,porqueépreciso considerarquehá

29. Cf.DIAS,P. Comunidades de d “ ' 7 * ' - - » » ‐ e

é“ Demº/0345,Évora,v. 4, P. 2,4‐10,2012? ucaçaoei n o xaçaona soc1edadedigital.Educaçao,For/llama 30. Cf.PALLETA E C ' M A L D O N A D O E PInform' ' ' '

_ . , ., , _, . . a t i c ae tecnolo 1a:a r o . r < ? ‑

duçaodeconhecimentonaXWeb3.0.Prateedmgrof[ Va r / ( ÍCougar;anCall/llítnítªa50llªlii-[firª]:

ª“;

p. 343‐346,2014.

1. :". ' , , ' . « , «

1998? ( f LEVE,P. ÇJÚemr/Iure.Paris.( ) d i l ejacob, 1997; ID.Queet laz'zrtztal?Barcelona:Paidós,

32. Cf.CASTELLS M A. ,. , . erada informa “çao..., 0 . at.,' - 'LANGN,D. O ' ' redeira/mªaIgrejarafa/zm.Elementos parau m acibereclesiollbgia.Lisboa: PaulusZOlillâÍiamdªM ª e d ª ] ?e , ”

(6)

884 L M .FigueiredoRodrigues.AeducaçãocristãnaW'eb

realidadesque escapamàlógica dosprogramas debusca;poro u t r olado, éprecisoajudar os cibernautas a identificar asrespostasqueverdadeira‑ m e n t edãosentido à existênciahumananasuatotalidade.Estesdesafios m o s t r a m anecessidadedeuma espiritualidadecapaz dedar unidade a fragmentaçãodasmensagens.34

O modo deestar naWeb, para aIgreja, implica,então,um n o v o modo de dizer e escutar,35 de onde sobressaem os seguintes desafios: passar deuma

pastoral

derespostas à de perguntas, do centrar‐se nos conteúdos parase centrar nas pessoas,e do centrar‐se nasideias para centrar‐se nanarraçãoª6

A pastoral,ao deslocar suapreocupação das respostasparaasper‑

guntas, assume o fato d e que hoje não é difícil e n c o n t r a r u m a m e n ‑

sagem que faça sentido; adificuldade reside,antes,em descodificá‐la, reconhecê-la c o m o importante e significativa, no meio das inúmeras

ofertasdisponíveis e noc o n t e x t odeumaidentidadecrente.Aoesforço dedarrespostas, de set e ru m aresposta,quesurgirásemprec o m omais umano meiodetantas,correspondea apresentação doEvangelhonão “como olivro quecontémtodasasrespostas,(...)mas c o m oolivroque contémtodas as perguntasjuntas,37 asquevaleapenaserem

respondi‑

das. Estedado

postula

um esforçoeducativoquenãosecentreapenas na oferta de conteúdos,masnaliberdadedeprocurar, deforma crítica,

os conteúdosqueoferecemsentido.

O segundodesafio depreende-se do anterior: urnapastoralque se centrenaspessoasenãonosconteúdos. AInternetfavoreceurnabus‑ ca à medida, ondecada umprocura o quequer,quando quer e onde

34. Cf.Ibidem, p.54‐55.

35.“Quemacompanhasabereconhecer que asituaçãode cada pessoa diante de Deus e asuavida emgraçasãoummistérioqueninguémpodeconhecerplenamente a partir doexterior.O Evangelho propõe‐nos que secorrijaeajudeacresceru m apessoaapartirdo reconhecimento damaldadedesuas ações(cf.Mt 18,15),massemproferirjuízos sobreasuaresponsabilidade e culpabilidade (cf. Mt 7,

l; Lc 6,37). Sejacomofor,um acompanhante deverdadenãotransigec o mosfatalismosn e mc o m

apusilanimidade.Sempreconvidaaquerercurar‐se,apegarnocatre(cf.Mt 9,6),aabraçaracruz,a deixar tudoepartirsemcessarparaanunciaro Evangelho. A experiênciapessoal denosdeixarmos acompanharecurar,conseguindoexprimirc o mplenasinceridadeanossavidaaquemnosacompanha, ensina-nosaserpacientese compreensivosc o mosoutrosehabilita‐nosaencontrarasformaspara despertarneles a confiança, a abertura e avontadedecrescer” (EG172).

36. Cf. SPADARO,A. Le 6 grandisfidedellacomunicazionedigitaleallapastorale.Q&erTeo/ogía,

3 denovembrode2014.Disponívelem: <http://www.cyberteologia.it/2014/11/le-6‐grandi‐sfide‑

della‐comunicazione‐digitale‐alla‐pastorale/ >.Acessoem28jul.2016. 37.Ibidem.

REB,Petrópolis,volume76,número304,p.875-889,Out./Dez.2016 885

quer.já nãoháu m a ofertaprogramadaparatodos, simultaneamente antes,buscas que implicam seleções e interações. O poder

transitou

do emissorpara os receptores,admitindo ainda c o m o possívelo uso

ÍÃÃÍZÉÃHÃÃÉZÉQZZÍ

CÍZEÉZÉLtambém ela,participa desta

. , _ o a medida decadaum,apar‑

tir

dos conteudos disponíveis na Internet. E estes serão t a n t o mais

uteis.quanto mais forem respostas às inquietações dos cibernautas o queimplicau m a atitudepermanente de osescutar.38A cultura

digital

oferece estaoportunidadepara dialogar,paracompreender quais são as _“alegrias e as esperanças, astristezase asangústias dos homensde

h01e,

(GSP.

Eé aquique ganham redobradaimportância os“ami‑

gos e os seguidores” nae r b ,uma vez que estes serão t a n t o mais eficazesquantoforem capazes desersignificativos para a rede decada pessoa. A centralidadedaspessoasenãodosconteúdosleva aassumir

u m apresença eclesialcada vez maiscomunicativa e participativa que

favorecea narração testemunhal da experiência crente, c o m a

qiial

é

posswelidentificar-se. E este testemunho permite fazer emergir are‑

laçao entreindivíduos, ()que implicaapartilha de redes derelações. Nestatela, oconteúdopartilhadoestáintrinsecamenteligado aquem o partilha,e é 0 quemque acaba por qualificar o que”. Quempartilha

nuncaofazde

modo

neutro,aindaque sejaapenaso replicar umobje‑ tonumaredesoc1al:

“Quando

aspessoast r o c a minformações estãojá apartilhar-se asimesmas,asuavisãodo mundo, assuasesperãnças os

seusideais”.39 O Documento daAparecida afirmaclaramente que,“a missãonãoselimitaa umprogramaou projeto,masé compartilhar a experiênciado acontecimento doe n c o n t r oc o mCristo, testemunha-lo e anuncia-lo depessoa apessoa, de comunidade acomunidade e da

Igrejaatodos osconfins do mundo (cf. At 1,8)”.40

O terceiro desafio,o centrar‐se na narração e não nas ideias,é a consequencia naturaldas relações interpessoais, porque aqui oque se

mNªg.th). Câà/IÃSSIONETEOLOGICAINTERNAZIONALE. I/sensus Hdeifte/&: Mitadel/aChie‑ f,' em re , p.120‐l26.Disponivelem:<http://wwwvatican.va/roman curia/congregations/ c aith/ctl_documents/rc_cti_20140610_sensus-fidei_it.html>.Acessoem28qu2016.

39.. .BENTO XVI. X LV Dia Mundial das. _ . Comunica ”çoesSociais,' ' 2011‐ “V ' ' autentic1dadedeVida,naeradigital”.Lºwermtore Romano, ed.emportuguês,29agrªªiioªrciªnzcõi16

p. :>.

40. EPISCOPADO. , LATINO‐AMERICANO E DO_ CARIBE, D ! ' Conclusivoda V Conferencia Geral. Brasília;SãoPaulo:Ed. CNBB;PauluosáulzízÍZliºnãíírgâãçªfíldªiggªtº

(7)

886 L M .Figueiredo Rodrigues. Aeducação cristãnaW'eb

realizaé o dizer dizendo‐se, na

proximidade

doe n c o n t r o deu m aVida partilhada.“tl

Nestetempo emque asredes edemais instrumentos dacomunica‑ ção humana alcançaram progressos inauditos, sentimos o desafio de descobrire transmitir a “mística” d e V i v e r j u n t o s , m i s t u r a r ‐ n o s ,e n ‑ c o n t r a r ‐ n o s ,dar o braço,apoiar-nos, participarn e s t amaré.u m pouco caóticaquepodetransformar‐senumaverdadeiraexperienCiadefrater‑ nidade,numacaravanasolidária,n u m aperegrinação sagrada.Assim,as

maiorespossibilidadesdecomunicaçãotraduzir‐se‐ãoemnovasopor‑

tunidades dee n c o n t r oe solidariedadee n t r etodos(EG87).

A Web 2.0 oferece u m a oportunidade fantástica para dar

visibili‑

dadeet o r n a r significativas asexperiências vividas, graças àfacilidade

c o m quesepodemnarrarepartilhar. E narrare'.“res_tituir ossujeitos do conhecimento à densidade simbólica e experienCial do mundo. A narração naredepode ser, sim,individualista e autorreterenc1al,mas tambémpode ser polifônica eaberta”?3Asnovasformas denarrare

e s c u t a rimplicamu m a ecologia educativadigitalacolhedora,capaz de amparar as perguntas que naWeb sepodemfazer e que n a o encon‑ t r a m lugar emo u t r o s âmbitos, sem esquecer que as. novas paisagens mediáticaspermitemintegrar a continuidade bidireCionale n t r e oV i r ‑

tuale o presencial.

Mas das caraterísticas deumaecologia educativa, tal c o m o Georg Siemens

a

teorizou

no

Cwmlimrfzo,43 deriva

a imprescindibilidade

de os facilitadores deaprendizagempossuíremumaidentidadevirtual acessível equelhesdê existênciadigital,organizada apartirdeu m apre‑

sença facilmente localizavele interligavelcom.asdiversasferramentas

Web 2.0.E esta presençadigitalt e mde possuir caracteristicas t a i s que seja viável para desempenhar tudo o que se espera deu m a educaçao cristã digital contextualizada e sua facilitação. E este recurso que vai permitirao facilitador realizar todos os papéisa c 1 m areferidos,p º i se o “espaço” onde ainteraçãoc o mos aprendentesacontece.

41.Cf.LAURITA, R.Art.[l'/.,p. 34. 42. SPADARO,A. Le 6 grandi...,ar!.m.

* " ' ' ' ' ' ' ' d networks.

43. Cf. G. SIEMENS, Ixnowing...,anª.at.,ID.Learningecologies,c o m m u n i t i e s ,an » Extendingtheclassroom(17/10/2003).Disponívelem:<http:/[www.elearn-space.org/Articles/

learning_communities.htm>.Acessoem29jul.2016. ID.Connectivism:Alearningtheory"foradigi‑ talage(12/12/2004). Disponívelem: <http://www.elearnspace.org/Articles/connectiVism.htm>. Acesso em 26jul.2016.

REB,Petrópolis,volume76, número304,p. 875-889,Out./Dez.2016 887

Portudo oque acimase disse epela facilidade decriação emanu‑

tenção,bemc o m o pela ausência decustos para o utilizador,estamos persuadidos deque essapresença há deserumblog.44PaulAnderson refletesobre aquelasque serãoas ferramentas e osserviçostípicos da Web 2.0, a saber: o blog, a wiki, o racialbookmarking e o sistema de etiquetagem de conteúdos, apartilha deaudio e depodcarlz'nge,por fim, a sindicância de conteúdos.“15 De comum,estas ferramentas têm

o fato dedarem ao utilizador 0 controle do processo deprodução, catalogação edivulgação dos conteúdos, bemc o m o amoderação dos

comentários,nosquais sefaz adiscussão.Etambémapossibilidade de

facilitar epromovera replicação dos seusconteúdos.

Em nosso caso,eporqueé a ferramenta que permite fazer asín‑ tese detodas asoutras,pelapossibilidade que t e m deembeber oso u ‑ t r o s conteúdos c o m facilidade, concentrar‐nos-emos no blog.A apa‑

r e n t e simplicidade de um blog, no dizer deGeorge Siemens ePeter

Tittenberger,“e' ilusória.O blogofereceoportunidades únicasparaos educadores melhorarem a comunicação c o m os alunos, aumentando a profundidade da aprendizagem através dareflexão e permitirem a formaçãodediversospontosdevistaeperspectivas”?Acresce aindao

fatodet e r sidoesta ferramentaquepermitiu, emgrandeescala,apas‑

sagempara a segundageraçãoda Web,c o mdestaquepara aproduçãoe reorganização da informação porpartedecadautilizador,0quepoten‑

ciouexponencialmente aexistênciadainteligência coletiva.

Um blogéumapágina simples,onde seuutilizador ou utilizadores

vão inserindo textos, imagens,sons,vídeos e hiperligações. Há ainda

a possibilidade de osleitorespoderemescrever comentários,enrique‑ cendo o t e x t o inicialc o m a discussão sucessiva.47 Esta discussão por comentários pode ser totalmente livre, mediada pelo a u t o r do blog ou simplesmente vedada. Cada publicação,também denominadaport,

44.SANTOS,R.Blogues ‐ demodaa ferramenta indispensável dacomunicação. In:ARAÚJO, H P.(Coord.)et al.Daio/agiaeSociedade.Tecnologia,Humano ePós‐Humano.Lisboa:Universidade CatólicaEditora,2007,p.31-47.

45. Cf.ANDERSON,P.WhatisWeb 2.0?Ideas,technologiesandimplicationsfor education, p.7‐13.Disponívelem:<http://oreilly.com/web2/archive/what‐is‐web-20.html>.Acessoem 12jul. 2016.

46.SIEMENS,G.;TITTENBERGER, P.Handbookof emergingtechnologies for learning, 2009,p.43.Disponívelem:<http://elearnspace.org/Articles/HETL.pdf>.Acessoem29jul.2016.

47.Cf. RODRIGUES,C.Blag;e :: ji'agleezltqfão do(BJ;/711,60púb/[m [eBook].Covilhã: Universida‑

(8)

888 L M .FigueiredoRodrigues.AeducaçãocristãnaWeb

podeser categorizadaporpalavras-chave.Estas permitemqueo pes‑ quisadorprocureum determinadot e m ano blog ouchegueatéelepela pesquisade conceitos‐chave.

Osucessodestaferramentaétalquesecriouot e r m o“blogosfera” paradesignar a existência de umnúmeromuitoelevadodepessoasque têmseupróprioespaço naW'eb.48 Estesespaços têm finalidades varia‑ das.“ As mais comuns são a

partilha

e agestão de conhecimento. O cidadão comumtorna-se, de fato,o centro daweb!

Das diversas possibilidades efinalidades dablogosfera,avertente quemaisnosinteressa ésua colaboração naconstrução do Espaçodo Sabereconsequentecontributoparaa inteligênciacoletiva.50

GeorgeSiemens,já em2002, elaborouu m areflexão, que continua atual,“ sobreou s opedagógicodosblogs,naqualapontaos benefícios do recursoaoblog para finspedagógicos. O primeiroéquepromovea: pm'fm'ar,umavez que asideias podemser avaliadas por si,de acordo c o m seu mérito, e não apenas pela fonte deorigem. O blogpermi‑ te também af/tragem, ou seja, os conteúdos meritórios são filtrados atravésdoblogepodemrecebercomentários eessesseremreplicados,

recebendo assimor e t o r n odeperspectivas diversas e complementares sobre uma ideia ouconceito,explorando c o m exaustão seus diversos aspectos. O blog t e m também a capacidade de eliminar barreirar, 0

que

permite

acompanhar areflexão de peritos n u mdeterminado as‑ sunto que, sem o recurso aoblog,não seteria acesso,seja qual for a

natureza da barreira que separa. Por o u t r o lado,qualquer ideia pode

t e r expressão, o que origina o ]íaxo livre do conhecimento, sendo a interaçãocomoutrosindivíduos overdadeirocritériodeseleção.Mais:

este processopode ser acompanhado emtempo real,embora possa, e

48. Cf.CANAVILHAS,]. El nuevosistema mediático. IndexComunitario”,Madrid,v. 1, n. 1,

p.21212011

49.OSite<http:/ / technorati.com/ >disponibiliza,hávários anos,estudospormenorizadosso‑ bre a evolução dosblogs.

50.LEVY,P. A intekgênzia colectiva.Parau m a antropologia do ciberespaço.Lisboa: Instituto Piaget,1997;ID.Astecnologias da inteligência. Ofuturodopensamentonaerainformática.Lisboa: InstitutoPiaget,1994.

51.SIEMENS,G.Thea r tof blogging‐ Part 1. Overview, definitions,uses,andimplications (1/12/2002). Disponívelem:<http:/ / wwwelearnspaceorg/Articles/ blogging_part_1.htm>.Aces‑ so em 23jul.2016; ID. Thea r t of blogging‐ Part 2.Gettingstarted, “how to”, tools, resources (6/12/2002).Disponívelem:<http://www.elearnspaceorg/Articles/bl0gging_part_2.htm>.Acesso em 23jul.2016.

REB,Petrópolis,volume76,número304,p.875-889, Out./Dez.2016 889

e o que normalmenteacontece, ocorrer deforma assíncrona. Por fim

. . : » ,

um blogpermite agregar dzoerrar lzgaçoer, o que faz c o m que diversos campos dei n t e r e s s e e depensamento sejam reunidos e organizados atraves daaçao colaborativa dediversos participantes nablogosfera. Temaindaa vantagem deficartudoguardadoemarquivo oque ermi‑

- , p

te aconsultaposterioremqualquer oportunidade.

Mas a ograndedesafioestá,acimadetudo,nãonas ferramentas e

recursos,masnaatitudec o mque seabordaa Web e seautiliza a servi‑ ço da educaçaocristã.

Endorego doAutor.

UniversidadeCatólicaPortuguesa

Faculdade deTeologia , RuadeSantaMargarida

4710‐306Braga‐ PORTUGAL E‐mail:lmr<*)drigues©braga.ucp.pt

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