• Nenhum resultado encontrado

Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo"

Copied!
64
0
0

Texto

(1)

Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

Dissertação de Mestrado em:

Ciências do Desporto com especialização em Jogos Desportivos Colectivos

Filipe Miguel Branquinho Vaz

(2)

com vista à conclusão do 2º Ciclo de estudos em Ciências do Desporto e à obtenção do grau de Mestre em Desporto: Especialização em Jogos Desportivos Colectivos.

(3)

AGRADECIMENTOS III

AGRADECIMENTOS

Tal como no futebol, a vida é um sistema complexo, aberto, dinâmico e caótico pelo que ao longo destes anos tive a honra e felicidade de contactar com centenas de milhares de pessoas que me fizeram ser como e quem sou hoje em dia!

Na busca incessante que elaboro na tentativa de encontrar essas pessoas deparo-me com a dificuldade e impossibilidade de nomear/relembrar cada uma dessas pessoas contudo, este trabalho também é vosso.

Dessa forma, irei somente destacar um conjunto reduzido de pessoas/grupo que me permitirá abranger o número máximo de pessoas a quem sinto que devo honrar o seu nome neste trabalho que tanto orgulho lhes dará!

O primeiro grupo (porque sim!) pertence à minha família! Felizmente tenho uns pais que sempre se esforçaram para que eu e a minha irmã pudéssemos lutar por tudo o que sonhamos/ambicionamos! Ao meu Avô José, minha Avó “da aldeia” e Tio Né que estão lá cima a olhar por nós todos! À minha irmã por ser minha irmã e basta! A todos os outros familiares por serem do meu sangue!

Posteriormente agradecer a todos aqueles a quem eu considero como amigos…no Karaté destacar três pessoas especiais entre tantas outras magnificas pessoas: Sensei Mário Marques, Zé e Hélder….o sentimento é inexplicável. OSS! Ao Sensei H. Kanazawa por ter ser um ídolo desde que me lembro.

Passamos para o “grupo” da Faculdade e, primeiramente queria destacar aquele grupo fantástico que ao longo da licenciatura me permitiu estar feliz em Vila Real (Dino, Fábio, Fred, Jorge e Xico….saudades vossas meus irmãos!); posteriormente enaltecer o professor e orientador desta Tese, o Professor Jaime Sampaio pela forma como me cativou nas suas aulas e, por toda a paciência e incentivo na conclusão desta tese; ao Professor Vítor Maçãs pelas suas aulas de futebol; ao Professor Nuno Leite por quem a empatia que criei por si me leva a destaca-lo neste momento. Não menos importante para a conclusão desta tese esteve o papel fundamental do Bruno Gonçalves (muito obrigado por tudo!) e da Alex! Por último, às pessoas (Alexandra, Débora, Isabel, Marisa e Tracy) que me convidaram para ser seu padrinho…não sei o que viram em mim para ter um papel tão importante na vossa vida académica mas aceitei com muito gosto!

(4)

AGRADECIMENTOS IV

Apesar de não os ter conhecido na faculdade obviamente não podia deixar passar em vão a importância dos amigos do infantário/básico e secundário. Esquerda, Pedro, gémeos, Ló, Sandro; Sandrine; Raquel; Vanessas; Rita e Marília etc….que contente fico em vos ver bem! Às gémeas (Elisa, Camila, Vanessa e Pamela) pela amizade criada! E a todos os professores(as) com quem tive o prazer de aprender (em especial à Prof. Elisabete).

Não menos importante está o “grupo da bola”….A todos os meus colegas de equipa (João Paulo, Joãozinho; Sobral, Rui Mário, Hélio, Manu, David, Filipão, Lalá, Mika etc etc etc); aos meus treinadores (Tito, Augusto, Sr. Camilo, Antas, Rochinha e Hernâni…penso não me ter esquecido de nenhum); às pessoas (treinadores) que muito me ensinaram até hoje (João Baptista; Andreia, Pipito, e Liliana…aos adjuntos Miro, Cardoso, Luís Silva, João Luís, Garcia, Pedro Bessa, Pedro Vilar, Inácio e Garcia… não esquecendo também o Arantes, Fábio Araújo, Dani, Pedro Silva, Reis, Baía, José Miranda, Isabel, Telmo, Álvaro, Mesquita, Gustavo, Fábio Ferreira e André Mota…ainda aos Coordenadores Carlos Campos e Ângelo Caetano…e por último mas não menos importante, Nuno Faria!!!) e às referências (Josep Guardiola, José Mourinho, Tiago Moreira, João Neves, Miguel Lopes e Mara Vieira) e, obviamente a todos os meus pernetas fraquinhos que eu já tive a oportunidade de treinar (tal como já havia dito anteriormente “acordo e trabalho para que TODOS possam viver as melhores experiências possíveis”; um dia quero ver-vos lá cima ). Não posso esquecer a “minha” primeira equipa: o futebol feminino da UTAD! Por fim, agradecer a alguém por quem o sentimento de respeito e admiração é difícil de explicar: o Professor Vítor Frade.

Não posso também deixar de destacar uma pessoa como o Jocelino! E, para terminar queria deixar dois agradecimentos muito especiais para a D. Rosa (e família) e D. Armanda (e família) por me terem recebido em suas casas como um se eu fosse vosso filho e, por me permitirem sentir como em “minha casa”.

Termino com a certeza da felicidade dos bons (e maus) momentos que já passei convosco e, apesar de não conviver diariamente com a maioria de vocês acreditem que tenho um carinho muito especial por todos vocês (apesar de muitas vezes parecer ausente e insensível às vossas manifestações de carinho!).

(5)

RESUMO V

RESUMO

As equipas de futebol possuem um determinado tipo de organização que, quanto melhor for a coordenação entre todos os factores que a influenciam, melhor será a optimização do rendimento da equipa. O objectivo do presente trabalho foi comparar a percentagem de sincronização nos movimentos das díades de futebolistas durante vários períodos de um jogo de futebol. A amostra foi constituída por 22 jogadores de futebol do género masculinos (idade: 18.1±0.7 anos de idade; massa corporal: 70.5±4.3 Kg; altura: 1.8±0.3 m; épocas como federado: 9.4±1.3), pertencentes a uma equipa da 1ª Divisão do Campeonato Nacional de Juniores (Zona Norte, época de 2010-11). Os 22 jogadores realizaram um jogo recorrendo ao porte de um dispositivo GPS cuja função permitiu-nos ter 5 dados por segundo da localização, em termos espaciais, da localização de cada um dos jogadores no terreno de jogo levando-nos posteriormente a percebermos como é que os jogadores se movimentam e interagem ao longo do jogo de futebol. Os dados dos dois Guarda-Redes foram excluídos de análise. Tal como esperado, encontramos o par de jogadores “Defesa Central Esquerdo – Defesa Central Direito” como o par que passou mais tempo coordenado independentemente do sentido de jogo ou seja, independentemente se a equipa se encontra a atacar ou a defender, o par de jogadores que passa mais tempo coordenado é o “Defesa Central Esquerdo – Defesa Central Direito”. Pela percepção dos riscos que uma descoordenação no sector defensivo pode provocar na obtenção de um golo para o adversário, os jogadores que actuam no sector defensivo, tendem a assumir comportamentos mais previsíveis e mais coordenados entre si e entre os restantes companheiros de equipa. Outros factores que contribuem para o aumento do tempo de coordenação entre pares de jogadores são as proximidades entre os pares; missões tácticas semelhantes; corredor de jogo e as variáveis situacionais do jogo. Quanto a este último ponto, fizemos uma comparação por Período de jogo das ligações estabelecidas entre as diferentes díades de jogadores e, verificamos que há uma tendência de os jogadores assumirem ligações mais fortes no início de cada uma das partes do jogo e, com o desenrolar do mesmo parece haver a tendência das ligações fortes diminuírem e, aumentarem as ligações fracas.

(6)

ABSTRACT VI

ABSTRACT

Football teams have a certain type of organisation that is boosted by inter-player synchronisation. The purpose of this study was to compare the synchronisation percentages from dyads of players during various periods of a football game. The sample consisted of 22 male football players (age: 18.1±0.7 years old; body mass: 70.5±4.3 Kg; height: 1.8±0.3 m and playing experience: 9.4±1.3), playing at elite youth team of a 1st Division of National Portuguese Championship (North Zone, season 2010-11). All the 22 players performed a game wearing a 5Hz GPS device whose function, providing the location of each player on the pitch. Data from the two Goalkeepers were excluded from analysis. As expected, we find that the dyad of players “Left Central-Back – Right Central-Back” as the pair that spent more time synchronised regardless of the direction of play. That is, whether the team is attacking or defending, the pair of players more synchronised was “Left Central-Back – Right Central-Back”. The perceived risk that a lack of synchronisation in the defensive pitch can have on getting a goal for the opponent, players operating in the defensive sector, tend to take more predictable behavior and more coordinated with each other and among the remaining team mates. Other factors contributing to the increase in time coordination between pairs of players are also the proximity of the pairs; similar tactics missions; section of play and situation variables of the game. Related to the last point, we made a comparison per game period of the connections established between the different dyads of players and we find a tendency for the players to take stronger connections at the beginning of each part of the game and, with the course of the game seems to have a trend of strong connections decrease and increase the weak connections.

(7)

INDICE GERAL VII

Índice Geral

Agradecimentos ... III Resumo ... V Abstract ... VI Índice Geral ... VII Índice de Quadros ... VIII Índice de Figuras ... IX Abreviaturas... X 1. Introdução ... 1 2. Objectivos ... 13 3. Metodologia ... 14 3.1 Participantes ... 14 3.2 Procedimentos ... 14 3.3 Equipamentos ... 15

3.4 Processamento das Variáveis Posicionais ... 15

3.5 Processamento dos dados e análise estatística ... 17

4. Resultados ... 18

5. Discussão dos Resultados ... 25

6. Conclusão ... 35

(8)

INDICE DE QUADROS VIII

Índice de Quadros

Quadro 1: Correlações intra e inter-sectoriais defensivas/ofensivas ... 19 Quadro 2: Correlações intra e inter-sectoriais ofensivas/defensivas ... 21 Quadro 3: Número de ligações das diferentes díades de jogadores entre os 4 períodos de

jogo ... 22 Quadro 4: Comparação do número de ligações das diferentes díades entre o início de cada parte da partida com o os finais de cada parte da partida ... 24 Quadro 5: Comportamento das equipas relativamente ao tipo de ligações estabelecidas entre as diferentes díades de jogadores ... 24

(9)

INDICE DE FIGURAS IX

Índice de Figuras

Figura 1: Coordenação “Em-Fase”: ambos os jogadores aproximam relativamente ao Centroide ... 17 Figura 2: Coordenação “Em-Fase”: ambos os jogadores afastam-se relativamente ao Centroide ... 17 Figura 3: Coordenação “Anti-Fase”: Em relação ao Centroide, o Jogador A está a

afastar-se enquanto que Jogador B está a aproximar-se (movimento antagónico) .. 17 Figura 4: Coordenação “Anti-Fase”: Em relação ao Centroide, o Jogador A está a

aproximar-se enquanto que Jogador B está a afastar-se (movimento antagónico) ... 17 Figura 5: Campogramas Equipa 1 ... 31 Figura 6: Campogramas Equipa 2 ... 32

(10)

ABREVIATURAS X

ABREVIATURAS

ABREVIATURA DESCRIÇÃO

CD Centroide Defensivo DC Defesas Centrais DCD Defesa Central Direito DCE Defesa Central Esquerdo

DL Defesas Laterais DLD Defesa Lateral Direito DLE Defesa Lateral Esquerdo

EE Extremo Esquerdo

ED Extremo Direito

GPS Sistema de Posicionamento Global km/h Quilómetros por hora

MC Médio Centro

Nº Número

(11)

INTRODUÇÃO 1

1. INTRODUÇÃO

Na aparência simples de um jogo de Futebol esconde-se um fenómeno que assenta numa lógica complexa, decorrente da elevada imprevisibilidade e aleatoriedade dos factos do jogo, o que conduz a dificuldades acrescidas na previsão dos desfechos das partidas (Garganta, 1997), sendo talvez estes os ingredientes que anos após anos foram tornando o jogo de futebol como a modalidade desportiva de maior expressão mundial, alcançando uma popularidade sem precedentes na história da humanidade (Garganta, 1997, 2006a; Giacomini & Greco, 2008; Graça & Mesquita, 2002; Pollard & Reep, 1997; Reilly, 1996). Actualmente, o Futebol é praticado, sem excepção, em todas as nações (Reilly, 1996).

O jogo de futebol é um jogo entre duas equipas. Quando uma das equipas detém a posse da bola, os seus elementos interagem na tentativa de tenta ultrapassar a oposição dos adversários no sentido de se aproximar da baliza, rematar e marcar golo. Por sua vez, os elementos da equipa que não possui a bola, necessitam de estabelecer relações de cooperação no sentido de impedir a progressão e os remates dos adversários, ao mesmo tempo que tenta apoderar-se da bola para atacar (Duarte, Araujo, Correia, et al., 2013; McGarry, Anderson, Wallace, Hughes, & Franks, 2002; Wade, 1978) pois a finalidade dos comportamentos dos jogadores é guiada pelo objectivo de vencer o jogo (Dietrich, 1978; Gréhaigne, 1989; Oslin, Mitcheli, & Griffin, 1998). Trata-se, portanto, de uma luta incessante pelo tempo e pelo espaço, dentro dos constrangimentos impostos pelo regulamento, no sentido de que sejam realizadas as tarefas pretendidas (Garganta, 1997). Vários autores vêm colocando este jogo no lote dos denominados Jogos Desportivos Colectivos (Castelo, 2006, 2009; Duarte, Araujo, Correia, et al., 2013; Garganta, 1997; Teodorescu, 1984) tal como o Basquetebol, Andebol, Futsal entre outros. Estes podem ser considerados de acordo com a sua natureza e similaridade (Bunker & Thorpe, 1982; Gréhaigne, 1989, 1992; Gréhaigne & Godbout, 1995; A. Pinto, 2007; Ramos, 2003) estando o Futebol no grupo de jogos de invasão/território (Bayer, 1994; Bunker & Thorpe, 1982; Carvalho, 2003; Castelo, 2003; Garganta & Pinto, 1998; Gréhaigne, 1992; Leal & Quinta, 2001; Moreno, 1994; Teodorescu, 1984). De acordo com alguns autores (Bayer, 1994; A. Pinto, 2007), as modalidades que se incluem neste grupo possuem em comum as seguintes características: existência de um objecto (bola, disco), que pode ser jogado pelo jogador quer com a mão, quer com o pé ou por

(12)

INTRODUÇÃO 2

intermédio de um instrumento; um terreno de jogo estandardizado que limita a acção dos jogadores; um alvo a atacar ou a defender (baliza, cesto); os companheiros que, cooperando, ajudam a progressão da bola; os adversários cuja oposição é preciso vencer; e, por fim, a existência de um regulamento que necessita ser respeitado. Deste modo, este processo envolve uma forte componente de interacção e coordenação entre os diferentes elementos que os obrigam a actuar como um grupo/equipa e exibir relações intra e inter pessoais/equipa com o objetivo de ganhar o jogo (Davids, Araújo, & Button, 2012; Duarte, 2012; McGarry et al., 2002; Travassos, Araujo, Correia, & Esteves, 2010).

Sendo que os jogos desportivos colectivos disputam-se num contexto permanentemente variável (Garganta, 1996, 1997; Konzag, 1991; Morino, 1985; Pawels & Vanhille, 1985; A. Pinto, 2007; Pittera & Riva, 1982), de oposição e cooperação (Delfini, 1994; Garganta, 1997; Konzag, 1991; Moreno, 1994; Sisto & Greco, 1995) onde o factor estratégico-táctico assume uma importância capital (Barth, 1994; Deleplace, 1994; Gréhaigne, 1989; Mombaerts, 1996), muitos autores consideram o jogo de futebol como um sistema constituído por outros sistemas dando assim origem a vários subsistemas (Gréhaigne, 1989) com interacções intra e inter-dinâmicas (Lames & McGarry, 2007), sendo portanto um sistema aberto, dinâmico, complexo e não-linear (Bourbousson, Seve, & McGarry, 2010b; Castelo, 1992; Cunha e Silva, 1995; Davids, Araújo, & Shuttleworth, 2005; Dunning, 1994; Garganta, 2005, 2006b; Garganta & Gréhaigne, 1999; Grehaigne, Bouthier, & David, 1997; Júlio & Araújo, 2005; Lames & McGarry, 2007; McGarry, 2005; McGarry et al., 2002) e caótico (Dunning, 1994) sendo estes extremamente sensíveis a pequenas perturbações (Dunning, 1994; Garganta, 2008; Tarnowski, 1993). Ou seja, ténues diferenças nas condições iniciais poderão, portanto, em certas circunstâncias, levar a mudanças maiores no comportamento do sistema (Garganta, 2008; Santos, 1989).

Neste tipo de sistemas, o comportamento colectivo emerge a partir de padrões de coordenação interpessoal entre os seus agentes (Bar-Yam, 2005; Frencken, Lemmink, Delleman, & Visscher, 2011; Passos et al., 2009), como resultado de trocas de energia, matéria e informação entre eles (exemplo: os jogadores) e o meio ambiente (exemplo: constrangimentos do jogo que afectam constantemente o comportamento dos jogadores) (Beek, Peper, & Stegeman, 1995; Kugler, Kelso, & Turvey, 1980). Turvey (1990) afirma que neste tipo de sistemas, todos os elementos cooperam espontaneamente no sentido de

(13)

INTRODUÇÃO 3

atingir um “entendimento comum” para atingir os objectivos pretendidos. Para este denominado “entendimento comum”, alguns autores sugerem a emergência do conceito de sinergias (Bernstein, 1967; Turvey, 2007) interpessoais como um conceito chave para a compreensão do processo em que as componentes individuais (os jogadores) quando partilham tarefas comuns, interagem no sentido de aumentar a coordenação entre os seus elementos, reduzir os graus de liberdade do sistema (equipa), criando assim a emergência de um único comportamento colectivo (Riley, Richardson, Shockley, & Ramenzoni, 2011), ficando o sistema muito maior que a soma das suas partes (Sumpter, 2006). Assim sendo, visto que indivíduos/jogadores apesar de possuírem altos níveis de variabilidade individual na sua tomada de decisão necessitam de coordenar as suas relações com os restantes companheiros no intuito de atingir as suas metas então, uma equipa de futebol pode ser considerado como um “superorganismo” (Seeley, 1989; Wilson & Sober, 1989; Wilson & Wilson, 2007) demonstrando a emergência dos padrões da coordenação interpessoal dos diferentes elementos que a constituem (Duarte, 2012).

A optimização dos sistemas complexos como o caso do futebol levam à denominada performance desportiva, decorrendo esta de um alto grau de desenvolvimento e especialização de diversos factores durante o processo de treino (Bangsbo, 2002; Castelo, 2002; Dantas, 1998; Folgado, Duarte, Fernandes, & Sampaio, 2014; Garganta, 1997, 2006a; Sampaio & Maças, 2012), tradicionalmente agrupados em quatro macrodimensões: táctica, técnica, física e psicológica (Bangsbo, 1994; Castelo, 2002; Dellal et al., 2010; Kunze, 1981; Miller, 1995; Ramos, 2003; Soares, 2005; Tavares, 1993). Sendo que para (Seirul-lo, 1993) a optimização dum sistema num dado momento, resulta da confluência de distintos níveis de organização dos demais sistemas que o compõem. É a concordância dessas confluências que mediatiza o caminho da optimização.

Nesse sentido, vários autores têm procurado perceber os constrangimentos que caracterizam os diferentes jogos desportivos, no sentido de modelar um quadro de exigências que se constitua como referência fundamental para o treino (Dufour & Verlinden, 1994; Garganta, 1997; Garganta & Silva, 2000; Gréhaigne, 1989; Reep & Benjamin, 1968; Sampaio & Maças, 2012). Contudo, apesar de vários autores salientarem a pertinência de uma análise orientada para a vertente estratégico-táctica do jogo (Barth, 1994; Deleplace, 1994; Garganta, 1997, 2001; Gréhaigne, 1989; Mombaerts, 1996) a fim

(14)

INTRODUÇÃO 4

de se entenderem em termos de interacções espácio-temporais entre os jogadores e não só as exigências individuais de cada jogador ao longo do jogo (Folgado, Duarte, et al., 2014; Gréhaigne, Godbout, & Bouthier, 1999; Stacey, 1995). Contudo, a verdade é que no domínio da investigação e da produção bibliográfica, a performance no jogo de Futebol foi, e continua a ser, largamente referenciada a partir de factores energéticos e biomecânicos e das características fisiológicas dos jogadores (Bangsbo, 1994; Faina et al., 1988; Reilly, 1990; Talaga, 1984). Estão nestes casos, por exemplo, a utilização da Frequência Cardíaca para quantificar o dispêndio físico de cada jogador (Bangsbo, Mohr, & Krustrup, 2006; Brito, Krustrup, & Rebelo, 2012; Jeong, Reilly, Morton, Bae, & Drust, 2011) pela sua relação com o consumo energético (Castagna, Impellizzeri, Chaouachi, Bordon, & Manzi, 2011; Jeong et al., 2011; Little & Williams, 2007). Também foram feitos diversos estudos na descrição dos padrões de movimentos durante o treino (Barbero-Alvarez, Coutts, Granda, Barbero-Alvarez, & Castagna, 2010; Dellal et al., 2012; Krustrup, Mohr, Ellingsgaard, & Bangsbo, 2005) e na competição (Carling & Dupont, 2011; Di Salvo et al., 2007; Lago, Casais, Dominguez, & Sampaio, 2010). Contudo, na nossa opinião, este tipo de indicadores pouco informam acerca da forma como a equipa joga, como os seus elementos interagem uns com os outros e que tipos de padrões de movimentos é que são verificados pois, os dados observados centram-se em estudos de análise quase exclusivamente a indicadores individuais (Issurin, 2010; Smith, 2003).

Nesse sentido, o estudo do comportamento dos intervenientes do jogo, centrado nas acções e interacções dos actores e na sua relação com o envolvimento pode proporcionar outro tipo de informação relevante. É nas articulações do sistema que este tece a sua identidade e é também nelas, e através delas, que cria condições para a manter ou alterar, em função das circunstâncias e das respectivas debilidades e mais-valias dos intervenientes (Garganta, 2005). Actualmente, acredita-se que as equipas desportivas podem ser estudadas como sistemas sociais (Frencken et al., 2011) tendo os primeiros estudos sido realizados através da análise do comportamento em sistemas colectivos da natureza no intuito de chegar ao entendimento de como é que as grandes populações de organismos interagem e adaptam as suas acções para atingir objectivos comuns (Deneubourg & Goss, 1989). Por exemplo, os estudos dos sistemas biológicos relevaram a emergência espontânea (não controlada externamente) de comportamentos colectivos em cardumes de peixes (B. Partridge, 1982; B. Partridge & Pitcher, 1979), enxames de

(15)

INTRODUÇÃO 5

abelhas (Visscher & Camazine, 1999) e colónias de formigas (Mallon, Pratt, & Franks, 2001; Pratt, Mallon, Sumpter, & Franks, 2002). Leis semelhantes foram encontradas em estudos do comportamento humano tais como a origem das denominadas “ondas mexicanas” em eventos desportivos de larga escala (Farkas, Helbing, & Vicsek, 2002), fuga em situações de pânico (Farkas & Vicsek, 2005; Helbing, Farkas, & Vicsek, 2000) ou os fluxos de trafego (Yuan, Wang, Xu, & Li, 2005).

Tal como já foi exposto anteriormente, acredita-se que o factor estratégico-táctico assume uma preponderância fulcral no que toca aos jogos desportivos-colectivos (Barth, 1994; Deleplace, 1994; Gréhaigne, 1989; Mombaerts, 1996) consideram-se portanto que uma das principais chaves na performance no futebol é o posicionamento da equipa e a distribuição dos jogadores no campo (Duffield, Reid, Baker, & Spratford, 2010; Kannekens, Elferink-Gemser, & Visscher, 2011), porque reflecte a tomada de decisão colectiva no respeito pelos princípios de jogo definidos pela equipa. Nesse sentido, uma das mais importantes tarefas a realizar é a identificação de variáveis tácticas que possam ilustrar/capturar o comportamento emergente (Bourbousson, Seve, & McGarry, 2010a; Duarte, Araujo, Correia, & Davids, 2012).

No intuito de se conseguir captar o comportamento dos jogadores, diversos estudos têm sido realizados recorrendo a dispositivos como o GPS. A validade e fiabilidade deste tipo de aparelho tecnológico já foi comprovada através de diversos estudos (Coutts & Duffield, 2010; Duffield et al., 2010; Gray, Jenkins, Andrews, Taaffe, & Glover, 2010; Johnston et al., 2012; MacLeod, Morris, Nevill, & Sunderland, 2009) sendo usualmente testada via uso de uma Simulação de Circuito para Desportos Colectivos (Coutts & Duffield, 2010; MacLeod et al., 2009). Estes dispositivos também têm sido utilizados para a captura de comportamentos complexos em grupo (Duarte, Araujo, Correia, et al., 2012; Duarte, Araujo, Correia, et al., 2013; Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013; Passos, Araujo, Davids, Gouveia, & Serpa, 2006) através da análise de variáveis relacionadas com o grau de dispersão e agregação das equipas no terreno de jogo, comumente denominadas de “variáveis posicionais compostas” (Duarte, Araujo, Correia, et al., 2012), como por exemplo:

i) A área ocupada pelas equipas (Frencken et al., 2011; Schollhorn, 2003) que é calculada como a área de um polígono através da ligação dos jogadores

(16)

INTRODUÇÃO 6

posicionados na periferia do campo e, expressa as formas e a área ocupada por toda a equipa em cada momento do jogo e sua variação ao longo do jogo.

ii) O centro geométrico da equipa (Lames, Erdmann, & Walter, 2010; Schollhorn, 2003; Yue, Broich, Seifriz, & Mester, 2008a) que é calculado através da posição média de todos os jogadores ao longo do jogo em ambos os eixos de direcção (x,y) e, representa o ponto médio da equipa ou “centro de massa” da equipa; e através dela podem-se verificar os movimentos oscilatórios da equipa seja em termos de aproximação/afastamento das balizas ou das linhas laterias. Também pode ser utilizado como um indicador de proximidade das equipas.

iii) O “stretch índex” da equipa (Bourbousson et al., 2010b) que segundo (Yue et al., 2008a) também é conhecido como “radius”, é calculada como a média da distância vectorial de cada jogador para o centro de equipa correspondente (Yue et al., 2008a) sendo a alternativa possível o cálculo da decomposição das posições dos eixos x e y dos movimentos dos jogadores. Esta variável representa o valor médio da dispersão dos jogadores à volta do centro geométrico de cada equipa que, segundo (Bourbousson et al., 2010b) varia em função das trocas de posse de bola entre as equipa.

iv) O “team range”, também conhecido como o comprimento e a largura da equipa (Lames et al., 2010), é calculado a partir da diferença entre a posição máxima e a mínima dos jogadores em termos do sentido do eixo do x para a profundidade e do eixo do y para a largura da equipa. Representa portanto o tamanho da equipa em termos de das direcções de profundidade e de largura podendo revelar como estão espalhadas as equipas no terreno de jogo.

Com a referência aos sistemas de detecção do posicionamento do jogador, novos estudos foram surgindo no sentido de revelar como é que os jogadores e as equipas interagem constantemente durante o jogo (Duarte, Araujo, Correia, et al., 2012). Por exemplo, foi demonstrado que o centro geométrico e o team ranges (largura e profundidade) entre duas equipas de futebol em confronto tendem a mover-se fortemente sincronizado no sentido longitudinal (baliza-baliza) e lateral (linha lateral-linha lateral) (Lames et al., 2010). Situação semelhante foi verificada nos estudos de Duarte, Araujo, Freire, et al. (2012); Frencken and lemmink (2008); Frencken et al. (2011) e Bourbousson et al. (2010b) relativamente aos altos níveis de sincronização entre os centros das equipas em termos do plano longitudinal (baliza-baliza). Usando a medida do stretch índex, (Yue

(17)

INTRODUÇÃO 7

et al., 2008a) também encontraram uma forte sincronização dos centros geométricos no sentido longitudinal contudo, relativamente ao sentido lateral apesar de se verificar uma relação dinâmica em anti-fase (ou seja, quando uma equipa está contraída a outra está estendida no terreno de jogo) com um atraso de cerca de 2 segundos. Alguns autores (Bourbousson et al., 2010b; Frencken & lemmink, 2008; Yue, Broich, Seifriz, & Mester, 2008b) sugerem que tal situação acontece porque quando uma equipa está a atacar tende a expandir (abrir) no sentido de aumentar as distâncias entre os defesas abrindo assim espaços por forma a criar perigo na baliza adversária; em contra partida, a equipa sem posse de bola tende a contrair-se (fechar) juntando os seus jogadores e diminuindo as distâncias entre eles resultando assim numa área de ocupação menor. Sendo estes comportamentos de contracção versus expansão da equipa segundo Bourbousson et al. (2010b) estão tipicamente relacionados com as trocas de posse de bola entre as equipas. Dessa forma, a equipa com mais posse de bola deverá ter uma maior dispersão dos seus jogadores no terreno de jogo comparativamente à equipa adversária (Bourbousson et al., 2010b). Relativamente à coordenação no plano longitudinal, visto que o objectivo do jogo é marcar golos então à partida o centroide da equipa que está a atacar move-se na direcção da baliza adversária e, em contra partida, é esperado que o centroide da equipa sem posse de bola recue na direcção da baliza que defendem pois essa equipa tem por objectivo prevenir e impedir que a equipa adversária marque golo (Frencken & lemmink, 2008).

Duarte, Araujo, Folgado, et al. (2013) observaram um jogo de futebol da Premier League e verificaram que apesar de haver uma sincronização a nível dos centros geométricos das equipas, repararam através do “team ranges” que ambas as equipas apresentaram estratégias de jogo completamente diferentes, já que a equipa da casa mostrou ter uma tendência em apresentar padrões colectivos de comportamento caracterizados por altos níveis de profundidade, enquanto que a equipa visitante apresentou padrões de comportamento em que a propagação lateral foi predominante nos dois períodos da partida. Segundo os autores, estes dados sugerem que a equipa visitante tentou predominantemente explorar os espaços laterais do campo, possivelmente através de uma maior circulação lateral da bola (característica de equipas em jogam em ataque organizado). Em contra partida, a equipa da casa tentou explorar predominantemente os espaços livres em profundidade o que provavelmente poderá estar relacionado com um número mais reduzido de passes entre os seus elementos e com um estilo de jogo mais directo (Franks, 1996).

(18)

INTRODUÇÃO 8

Apesar destes estudos terem sido muito importantes, Frencken, Poel, Visscher, and Lemmink (2012) afirmam que no caso do jogo formal de futebol 11 contra 11, o centro da equipa não apresenta grande variabilidade e poder descritivo relativamente à forma como a equipa joga e como os seus intervenientes interagem entre si. Neste seguimento, Gonçalves, Figueira, Maças, and Sampaio (2014) sugerem que a definição de centroides específicos por sectores (defensivo, intermédio e ofensivo) possa capturar o comportamento táctico dos jogadores com mais precisão.

No sentido de aumentar o conhecimento acerca do comportamento colectivo nos jogos desportivos colectivos e de se compreender melhor a forma como os intervenientes (jogadores) interagem entre si, outros estudos foram elaborados no âmbito do futebol utilizando técnicas de processamento de sinal (como exemplo a fase relativa) (Bourbousson et al., 2010a, 2010b; Duarte, Araujo, Correia, et al., 2012; Folgado, Duarte, et al., 2014) que, segundo Bourbousson et al. (2010b) e Kurz and Stergiou (2004) podem ser utilizadas para descrever e quantificar a sincronização espacial e temporal entre dois agentes oscilantes.

Nesta visão acerca do jogo, Sampaio e Maças (2012) realizaram um estudo pré-pós teste para avaliar os comportamentos tácticos em jogos reduzidos de alunos universitários sujeitos a um período de treino em futebol, tendo calculado a fase relativa das distâncias entre cada jogador e a sua posição ao centroide da equipa. No pré teste não foram revelados fortes indicadores de coordenação entre as diferentes díades de jogadores contudo, 13 semanas de treinos após o pré-teste, os dados do pós-teste permitiram identificar um aumento na estabilidade no sentido de coordenação em modos de em-fase e em anti-fase. Sugerindo assim que o aumento do conhecimento táctico/expertise leva a aumentos de níveis de coordenação.

Os mesmos autores vão portanto ao encontro de Duffield et al. (2010) e Kannekens et al. (2011), sugerindo que o posicionamento dinâmico dos jogadores possa ser um indicador de performance relevante porque oferece informações acerca do espaço ocupado pela equipa, da distribuição dos jogadores no campo e como é que os constrangimentos do ambiente (jogo) afectam a dinâmica da equipa. Por outro lado, como o posicionamento de cada jogador é condicionado do ponto de vista estratégico e táctico então, seria esperado que jogadores expert pudessem possuir repetidos padrões de comportamento resultando em níveis de coordenação superiores comparativamente a

(19)

INTRODUÇÃO 9

jogadores não-expert. Mesmo tendo por base o respeito pela natureza do caos, o posicionamento dos jogadores expert deverá ser mais regular (Sampaio & Maças, 2012). Folgado, Lemmink, Frencken, and Sampaio (2014), elaboraram um estudo onde através do rácio da profundidade da equipa pela largura tentaram comparar o comportamento táctico de jovens jogadores de diferentes idades e diferentes níveis de expertise. Os resultados obtidos reforçaram a ideia de que um estado maior de estabilidade de coordenação poderá estar relacionado com o aumento do conhecimento táctico do jogo e consequentemente uma melhor performance. Estes dados parecem estar de acordo com o estudo prévio de Sampaio e Maças (2012).

Esta situação foi também verificada por outros autores em expertise onde demonstraram que os jogadores expert possuem uma melhor capacidade perceptiva e cognitiva (MacMahon, Starkes, & Deakin, 2009; Poplu, Ripoll, Mavromatis, & Baratgin, 2008) levando a que o seu processo de decisão seja muito mais relacionado com os padrões estruturais do momento ou seja, depende da posição do jogador, da sua orientação e direcção (Couzin, 2009; Poplu et al., 2008) já que segundo Bardy e Laurent (1998) sugeriram que, os jogadores expert são mais sensíveis a informações visuais no sentido de explorar e utilizar a variabilidade momentânea para aumentar a estabilidade do comportamento em sistemas de elevado nível de organização.

Portanto, aumentar a qualidade do jogador (expertise) deverá contribuir para um aumento na coordenação inter-jogadores (Sampaio & Maças, 2012) pois os jogadores tendem a ajustar constantemente a sua posição no campo (MacMahon et al., 2009; Poplu et al., 2008) de forma a estarem o melhor posicionado possível. Sampaio e Maças (2012) sugerem ainda que os padrões de movimentos que os jogadores possuem estão mais dependentes do posicionamento dos seus colegas de equipa do que do local de campo em si.

Também utilizando a análise da fase relativa, Travassos, Araujo, Vilar, e McGarry (2011) realizaram o primeiro estudo no sentido de verificar as tendências de coordenação das díades intra-equipa num jogo de futsal (5 contra 5). Este estudo mostrou uma forte atracção dos comportamentos em-fase para a equipa sem posse de bola mas uma fraca atracção entre os elementos da equipa com posse de bola sugerindo que na presença da posse de bola os seus elementos tentam explorar diversas interacções dinâmicas para perturbar a estrutura defensiva do adversário.

(20)

INTRODUÇÃO 10

Estudo semelhante foi realizado por Gonçalves et al. (2014) mas neste caso o jogo analisado foi um jogo formal de 11 contra 11. Neste estudo foi analisada a relação entre cada jogador com o seu centroide específico por sector de jogo já que os autores dividiram a equipa em 3 sectores de jogo (defensivo, intermédio e ofensivo) tendo verificado todos os jogadores assumiam maiores níveis de coordenação com o seu centroide específico de posição.

Para os referidos autores, estes dados sugerem que o posicionamento de um jogador é influenciado pelo centroide específico, provavelmente pelo facto do processo de tomada de decisão e de coordenação intra-jogadores tornar-se facilitada quando os jogadores possuem missões tácticas semelhantes e as distâncias são menores (Gonçalves et al., 2014). Estes dados parecem estar de acordo com Travassos et al. (2010) quando afirmam que é possível que missões tácticas semelhantes a diferentes escalas da equipa (individuais, sectoriais, grupais, colectivas) possam influenciar o acoplamento de pares de jogadores tornando-os mais coordenados) dessa forma, não será de estranhar que estudos recentes demonstraram que os pares de jogadores com elevados níveis de sincronização são formados por jogadores vizinhos (exemplo defesa central-defesa central) (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Passos et al., 2011) possivelmente pela revelação de um certo nível de dependência da proximidade para se estabelecerem níveis superiores de movimentos sincronizados.

No que se refere aos níveis de sincronização entre os elementos da zona defensiva, Gonçalves et al. (2014) sugerem que os jogadores compreendem os riscos associados a descoordenações em zonas defensiva estando esta afirmação de acordo com Headrick et al. (2012) quando afirmam que os jogadores necessitam de estabelecer maiores níveis de coordenação em zonas próximas da baliza que defendem pois, devem tentar reduzir os espaços abertos que o adversário queira aproveitar para fazer golo (Duarte, Araujo, Freire, et al., 2012).

Dessa forma, os dados do estudo de Gonçalves et al. (2014) vão totalmente ao encontro dos verificados no estudo de Duarte, Araujo, Davids, et al. (2012) sugerindo que o sucesso dos atacantes é caracterizado por um alto nível de irregularidade enquanto que o sucesso dos defesas possui um comportamento inverso, ou seja é caracterizado por altos níveis de regularidade/coordenação.

(21)

INTRODUÇÃO 11

Contudo, o facto de parecer existir uma forte influencia do centroide-especifico para a tomada de decisão o mesmo não significa que é eliminada a influencia de outro(s) tipo(s) de constrangimento(s) (Davids & Araujo, 2010; Sampaio & Maças, 2012) pois por exemplo, ao longo do jogo, o posicionamento dos defesas pode ser afectado pelo centroide dos médios ou dos avançados, fornecendo assim diversas opções de possibilidades de acção. No estudo de Gonçalves et al. (2014), foi verificado uma maior irregularidade relativamente aos jogadores que compunham o centroide ofensivo estando os dados de acordo com o que foi encontrado em outros estudos (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Travassos et al., 2011). Uma possível justificação para estes altos níveis de irregularidades pode ser encontrada no tipo de tarefas que estes jogadores possuem já que são responsáveis máximos pela criação de contínuas situações de golo imprevisíveis de forma a surpreender o adversário (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012).

Relativamente aos outros dois centroides, foram verificados altos níveis de coordenação dinâmica sobretudo no sector intermédio contrariamente ao que pudesse ser espectável no sentido de ser o sector defensivo (Gonçalves et al., 2014). Estes dados parecem estar de acordo com Kannekens et al. (2011) e Sampaio e Maças (2012) referindo que os jogadores que actuam como médios revelaram os melhores dados no que toca ao seu posicionamento e tomada de decisão. Gonçalves et al. (2014) chegam mesmo a afirmar que o papel principal destes jogadores é o de controlar o centro do terreno do jogo através de uma boa coordenação espacial inter-jogadores podendo inclusivamente ser considerado o “core” do campo pelo que o controlo dessa zona de campo é de extrema importância.

Folgado, Duarte, et al. (2014), a fim de clarificarem algumas problemáticas acerca da importância das cargas físicas no decorrer da denominada “pré-época” elaborou um estudo ondeanalisaram as distâncias percorridas em jogos da pré-época contra diferentes níveis de qualidade/dificuldade de oposição (Primeira Divisão; Segunda Divisão e Amadores) sendo estes jogos uma das estratégias dos treinadores para o desenvolvimento das diversas dimensões do jogo (Folgado, Duarte, et al., 2014).

Os mesmos autores no referido estudo analisaram ainda as tendências de movimentos de sincronização das diferentes díades tendo os dados demonstrado diferenças estatisticamente significativas de acordo com o nível de oposição das equipas. Curiosamente foram encontrados níveis de coordenações mais fortes nos jogos contra

(22)

INTRODUÇÃO 12

equipas de elevado nível (Folgado, Duarte, et al., 2014). Uma possível justificação que os autores encontram para o verificado deve-se ao facto de o jogo contra adversários de nível elevado (Primeira divisão) deva obrigar a um trabalho de colaboração maior para conseguir ganhar vantagem sobre o adversário em ambas as fases do jogo: ataque e defesa. Duarte, Araujo, Correia, et al. (2013), chegam mesmo a afirmar que parece existir uma forte atracção sinergética entre o comportamento das duas equipas, ou seja, é possível que o aumento ou diminuição dos níveis de sincronização entre as equipas também esteja sincronizado o mesmo é dizer que se uma equipa possui níveis de coordenação mais elevados então é esperado que a outra equipa tenha necessidade de elevar os seus níveis de coordenação. Estes dados parecem estar de acordo com Fajen, Riley, e Turvey (2009) que afirmam que em determinadas condições ambientais, os indivíduos (jogadores/equipas) são capazes de ajustar continuamente os seus comportamentos, baseando-se em propriedades de informações como as suas posições, movimentos e mudanças de movimentos de outros indivíduos.

Apesar das importantes contribuições teóricas e práticas promovidas pelos estudos mencionados anteriormente, os autores sugerem uma proposta de análise às tendências de movimentos de sincronização tendo em consideração os diferentes patamares de velocidade de jogo (Folgado, Duarte, et al., 2014) pois no estudo de Sampaio e Maças (2012) verificou-se que os jogadores apresentaram maior regularidade no seu comportamento a velocidades mais baixas (<13km/h-1) tendo tido mais dificuldade em

ajustar o seu posicionamento em velocidades maiores.

Através de alguns estudos elaborados em análises notacionais, foram reportadas algumas questões levantadas como influenciadoras da performance desportiva como as variáveis situacionais (Lago, 2009, 2012; Taylor, Mellalieu, James, & Barter, 2010; Taylor, Mellalieu, James, & Shearer, 2008): local de jogo (Gómez, Gómez-Lopez, Lago-Penas, & Sampaio, 2012; Lago-Peñas & Dellal, 2010; Lago-Peñas & Lago-Ballesteros, 2011; Tucker, Mellalieu, James, & Taylor, 2005), qualidade do adversário (Lago-Peñas & Lago-Ballesteros, 2011; Lago et al., 2010; Taylor et al., 2008), momentos chave do jogo (inicio da partida, intervalo, reinicio da partida e fase final da partida) (Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013), evolução da marcha do resultado do jogo (Bloomfield, Polman, & O'Donoghue, 2005; Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013; Lago & Martin, 2007; Taylor et al., 2008), percentagem de posse de bola (James, Mellalieu, & Holley,

(23)

OBJECTIVOS 13

2002; Lago-Peñas & Dellal, 2010; Lago & Martin, 2007) e, ainda a própria fadiga (Mohr, Krustrup, & Bangsbo, 2005) contudo, relativamente a este ultimo tópico apesar de se acreditar que possa ser uma causa para a incapacidade de manutenção da organização da equipa e da exibição de comportamentos colectivos menos complexos, ou seja, funcionam de forma mais regular e previsível (Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013) a verdade é que ainda não se compreende muito bem quais os efeitos da fadiga nos processos de sincronização da equipa (Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013). Por exemplo, no estudo de Royal et al. (2006) em jogos de polo aquático de elevado nível foram verificados um declínio no que toca ao desempenho técnico mas, verificaram também uma estabilização no que toca à precisão e uma melhoria na tomada de decisão em função do aumento de fadiga. Uma possível justificação que pode ajudar a explicar esta melhoria na toma de decisão com o aumento da fadiga acumulada pode ser encontrado na sugestão de Bernstein (1967) quando afirma que em fenómenos sociais como o caso do futebol, cada individuo tem um considerável grau de liberdade dentro da equipa, contudo, com o aumento da fadiga o individuo deixa de equacionar um número alargado de possibilidades devido à sua incapacidade física tornando dessa forma indivíduos mais estáveis, previsíveis e coordenados (Passos et al., 2011). Dessa forma, Duarte, Araujo, Folgado, et al. (2013) consideram mesmo que a presença da fadiga, do stresse e do conhecimento prévio das características da equipa adversária podem influenciar os processos de coordenação através da redução da variabilidade dos movimentos dos agentes que constituem o sistema.

2. OBJECTIVOS

O objectivo do presente trabalho foi comparar a percentagem de sincronização nos movimentos das díades de futebolistas durante vários períodos de um jogo de futebol.

(24)

METODOLOGIA 14

3. METODOLOGIA

3.1 Participantes

A amostra foi constituída por 22 jogadores de futebol do género masculinos (idade: 18.1±0.7 anos de idade; massa corporal: 70.5±4.3 Kg; altura 1.8±0.3 m; épocas como federado: 9.4±1.3), pertencentes a uma equipa da 1ª Divisão do Campeonato Nacional de Juniores (Zona Norte, época de 2010-11). Todos os jogadores e seus Encarregados de Educação foram informados acerca dos procedimentos de recolha, requerimentos necessários, benefícios e riscos, tendo ainda assinado uma declaração em como estavam plenamente de acordo com o estudo a ser realizado, tendo sempre a possibilidade de abandonar livremente o estudo. O protocolo de recolha de dados seguiu as indicações estabelecidas na Declaração de Helsinki e foi aprovado pelo Comité de Ética do Centro de Investigação em Ciências do Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano, Vila Real, Portugal.

3.2 Procedimentos

Previamente à fase principal da recolha de dados, todos os jogadores realizaram 20 minutos de aquecimento standard com corrida, alongamentos e exercícios de manutenção de posse de bola. Posteriormente, o Treinador principal distribuiu os jogadores, o mais equilibradamente possível, por duas equipas (11 jogadores para cada equipa), tendo como critério a capacidade individual de passe, controlo de bola, conhecimento de jogo, posto-específico, capacidade física e, titularidade em jogos oficiais (Aguiar, Botelho, Gonçalves, & Sampaio, 2013; Hill-Haas, Dawson, Impellizzeri, & Coutts, 2011). As duas equipas utilizaram o mesmo Sistema de Jogo (1-4-3-3), sendo constituídas por 1 Guarda-redes, 4 Defesas (2 Defesas Centrais e 2 Defesas Laterais), 3 Médios (2 Médios Defensivos e 1 Médio Ofensivo) e 3 Avançados (2 Extremos e 1 Ponta de Lança). Foi requerido aos jogadores para assumirem os “comportamentos standard” subjacentes ao posto-específico assumido ao longo do jogo (Di Salvo et al., 2007). As duas equipas realizaram um jogo de 11x11 num campo oficial de relva natural (dimensões: 105m de comprimento e 70m de largura), com aplicação de todas as regras de jogo.

A situação de Jogo dividiu-se em duas partes de 25 minutos de duração, perfazendo um tempo total de 50 minutos. Entre cada parte existiu um período de 10 minutos de intervalo, deliberadamente manipulado para minorar os efeitos de fadiga nas variáveis em

(25)

METODOLOGIA 15

estudo (Mohr, Krustrup, & Bangsbo, 2003). A sessão terminou com 10 minutos de retorno à calma com Jogging e exercícios de alongamentos.

3.3 Equipamentos

O registo da posição de cada jogador ao longo do tempo foi obtido através de sistemas de posicionamento global (GPS Sport System SPI PRO, GPSports, AU) com capacidade de recolher dados a 5-Hz. O GPS é um dispositivo de pequena dimensão e não causa nenhum impedimento ao jogador, já que é colocado num “colete” apropriado. Após a sessão todos os registos contidos em cada um dos GPS’s foram transferidos para um computador através de um interface adequado (GPSport Team AMS) e guardados para posterior análise dos dados.

Foi registada a hora a que cada elemento recebeu o seu dispositivo, ou seja, a hora a que o dispositivo foi ligado, foi ainda registada a hora a que cada momento do protocolo (aquecimento, 1ª parte do jogo, intervalo, 2ª parte do jogo e retorno à calma) começou e acabou. A validade e fiabilidade do GPS como elemento capaz de medir o movimento dos atletas já foi comprovada (Coutts & Duffield, 2010; Duffield et al., 2010; Gray et al., 2010; Johnston et al., 2012; MacLeod et al., 2009).

Tal como foi proposto em outras investigações (Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013; Lames et al., 2010) as medidas de desempenho foram calculas através dos 10 jogadores de campo tendo portanto sido excluído os dados relativos aos Guarda-Redes de cada equipa.

3.4 Processamento das Variáveis Posicionais

Através dos dados obtidos das diversas localizações em que cada jogador esteve no campo ao longo do jogo, foram definidos 3 Centroides Sectoriais diferentes: (1) Centroide Defensivo, como sendo o ponto médio entre os 4 Defesas; (2) Centroide Intermédio, isto é o ponto médio entre os 3 elementos que jogaram no Meio-Campo (Médios); e um (3) Centroide Ofensivo, como sendo o ponto médio entre os 3 atacantes da equipa (2 extremos mais o Ponta de Lança). As coordenadas dos jogadores (latitude e longitude) foram transformadas em coordenadas cartesianas (x,y) e assim, a título de exemplo: Centroide dos Defesas = Soma de todas as diferentes posições em que cada um dos quatro defesas se encontrou ao longo do jogo a Dividir pelo número toral de elementos que

(26)

METODOLOGIA 16

constitui o Sector Defensivo (4). Ou seja, Centroide dos Defesas = Σ ((Σ DEx, Σ DEy) + (Σ DCEx, Σ DCEy) + (Σ DCDx, Σ DCDy) + (Σ DDx, Σ DDy))/4.

Não obstante esta situação, foram calculadas todas as distâncias de cada jogador a cada um dos diferentes Centroides (defensivo, intermédio e Ofensivo). Por exemplo, foi calculada (ao longo de todo o jogo) a distância real do Defesa Direito da “Equipa 1” ao Centroide Defensivo, Centroide Intermédio e, Centroide Ofensivo. A fórmula utilizada que permitiu obter todas as distâncias consideradas foi o Teorema de Pitágoras: Distância (DD,CD)=√((DDx − CDx) 2 + (DDy − CDy)2. O mesmo procedimento foi realizado para todos os casos.

A Fase Relativa foi calculada usando a transformação de Hilbert (Palut & Zanone, 2005) com o objectivo de obter padrões de coordenação inter-centroides (i.e. centroide/centroide). Os resultados obtidos são expressos em ângulos sendo que valores próximos dos 0° (e múltiplos 360º) significam que as 2 séries temporais estão coordenadas “Em-Fase”. Por outro lado, valores próximos dos 180° (ou múltiplos 360º) significam que as 2 séries temporais estão coordenadas em “Anti-Fase”. Foi considerado que os jogadores se encontram coordenados “Em-Fase” no intervalo entre -30° e +30°. Para a coordenação em “Anti-Fase”, caso os valores se encontrassem nos ângulos compreendidos de -150° e -210° ou entre 150° e 210°.

O modo de coordenação “Em-Fase” significa que as séries temporais em causa revelam comportamentos idênticos, e.g., ambos os jogadores se aproximam/afastam do centroide (ver figura 1 e 2 para observação inferencial), enquanto que o modo de coordenação “Anti-Fase” significa que as séries temporais em causa revelam comportamentos antagónicos, e.g., um jogador aproxima-se do centroide e outro afasta-se (ver figura 3 e 4 para obafasta-servação inferencial)

(27)

METODOLOGIA 17

3.5 Processamento dos dados e análise estatística

De acordo com os tempos de coordenação de cada par de jogadores com as posições específicas, foi realizada uma análise de Clusters com Log-likelihood como medida de distância e Schwartz’s Bayesian como critério. Com este procedimento, foram obtidos 3 grupos em função do tempo de coordenação (inferior, intermédio e superior). Para identificar diferenças entre os grupos formados, foi aplicada uma análise de variância ANOVA para um fator (i.e., tempo de coordenação).

Foram utilizados os coeficientes de correlação de Spearman (rho) para identificar as relações entre as variáveis em estudo.

Figura 2: Coordenação “Em-Fase”: ambos os jogadores afastam-se relativamente ao Centroide

Figura 1: Coordenação “Em-Fase”: ambos os jogadores aproximam relativamente ao Centroide

Figura 4: Coordenação “Anti-Fase”: Em relação ao Centroide, o Jogador A está a aproximar-se enquanto que Jogador B está a afastar-se (movimento antagónico)

Figura 3: Coordenação “Anti-Fase”: Em relação ao Centroide, o Jogador A está a afastar-se enquanto que Jogador B está a aproximar-se (movimento antagónico)

(28)

RESULTADOS 18

Os cálculos foram obtidos através da utilização do software MATLAB (version 6.5; The Math-Works Inc., Natik, MA) e o processamento estatístico no software SPSS (versão 18.0, Chicago, Illinois, USA). O nível de significância foi mantido em 5%.

4. RESULTADOS

Os quadros 1 e 2 apresentam as relações entre pares de jogadores numa perspectiva independente da equipa em causa e da parte do jogo analisado (1ª ou 2ª parte), quer as correlações intra e inter-sectoriais defensivas/ofensivas (quadro 1) quer as ofensivas/defensivas (quadro 2).

Relativamente ao Quadro 1 pode-se observar uma maior prevalência de correlações entre os jogadores que constituem o sector defensivo. Por exemplo, os DLE, apresentam elevados valor de correlação com os seus companheiros de sector (DLD (ρ = .638, p < .001), DCD (ρ = .542, p < .001), e DCE (ρ = .407, p = .001)) e do mesmo corredor: EE (ρ = .378, p = .002). A mesma tendência de correlação é estabelecida entre os DLD que se relaciona mais com os jogadores do sector defensivo: DLE, DCD e DCE por ordem de importância, sendo ainda a natural grande proximidade de coordenação com o ED (ρ = .331, p = .009). Também se verificou forte associação com o extremo do lado oposto (EE, ρ = .339, p = .006). Ainda de notar a forte relação entre os Defesas Centrais sendo, inclusivamente, os pares de jogadores que mais forte ligação possuem.

Relativamente aos elementos do sector intermédio, o Quadro 1 indica-nos que cada um dos elementos desse sector passa mais tempo coordenado com o PL da equipa comparativamente ao qualquer outro companheiro de equipa. A excepção é feita ao MC1 que, apesar de possuir uma forte ligação para com o PL, o par com quem passou mais tempo coordenado foi o MC3 (ρ = .330, p = .008). Relativamente ao sector avançado, os jogadores que actuam como EE possuem um grande tempo de coordenação com todos os restantes companheiros sendo a excepção feita ao DCE; MC2; MC3 e PL (ver Quadro 1 para observação inferencial). Naturalmente, possuem uma grande relação com os DLE (ρ = .378, p = .002) seguindo-se o Extremo do lado contrario e o DLD (ρ = .360, p = .004; ρ = .339, p = .006, respectivamente). Em situação semelhante encontra-se o ED que, passa muito tempo coordenado com o DLD e com o Extremo do lado contrario mas, nenhum deles ultrapassa o tempo que se encontra coordenado com o PL (ver Quadro 1 para

(29)

RESULTADOS 19

observação inferencial). Por fim, o PL passa muito tempo coordenado com o ED (ρ = .528, p < .001) e, numa menor proporção com todos os elementos do sector intermédio.

Quadro 1: Correlações intra e inter-sectoriais defensivas/ofensivas

DLE DCE DCD DLD MC1 MC2 MC3 EE PL ED DLE CC 1 .407** .542** .638** 0,176 -0,015 0,162 .378** 0,103 0,186 Sig. (2-tailed) . 0,001 0 0 0,163 0,905 0,201 0,002 0,417 0,148 N 72 63 63 64 64 64 64 64 64 62 DCE CC .407** 1 .731** .518** -0,143 -0,2 -0,077 0,223 0,038 0,24 Sig. (2-tailed) 0,001 . 0 0 0,264 0,116 0,547 0,079 0,768 0,058 N 63 71 63 63 63 63 63 63 63 63 DCD CC .542** .731** 1 .567** -0,11 -0,235 -0,135 .285* -0,002 0,164 Sig. (2-tailed) 0 0 . 0 0,391 0,064 0,293 0,024 0,989 0,198 N 63 63 71 63 63 63 63 63 63 63 DLD CC .638** .518** .567** 1 0,201 -0,073 0,099 .339** 0,106 .331** Sig. (2-tailed) 0 0 0 . 0,111 0,569 0,437 0,006 0,404 0,009 N 64 63 63 72 64 64 64 64 64 62 MC1 CC 0,176 -0,143 -0,11 0,201 1 0,119 .330** .319* .308* 0,108 Sig. (2-tailed) 0,163 0,264 0,391 0,111 . 0,35 0,008 0,01 0,013 0,404 N 64 63 63 64 72 64 64 64 64 62 MC2 CC -0,015 -0,2 -0,235 -0,073 0,119 1 0,055 0,021 .369** 0,072 Sig. (2-tailed) 0,905 0,116 0,064 0,569 0,35 . 0,665 0,871 0,003 0,576 N 64 63 63 64 64 72 64 64 64 62 MC3 CC 0,162 -0,077 -0,135 0,099 .330** 0,055 1 0,074 .376** 0,214 Sig. (2-tailed) 0,201 0,547 0,293 0,437 0,008 0,665 . 0,559 0,002 0,095 N 64 63 63 64 64 64 72 64 64 62 EE CC .378** 0,223 .285* .339** .319* 0,021 0,074 1 0,152 .360** Sig. (2-tailed) 0,002 0,079 0,024 0,006 0,01 0,871 0,559 . 0,23 0,004 N 64 63 63 64 64 64 64 72 64 62 PL CC 0,103 0,038 -0,002 0,106 .308* .369** .376** 0,152 1 .528** Sig. (2-tailed) 0,417 0,768 0,989 0,404 0,013 0,003 0,002 0,23 . 0 N 64 63 63 64 64 64 64 64 72 62 ED CC 0,186 0,24 0,164 .331** 0,108 0,072 0,214 .360** .528** 1 Sig. (2-tailed) 0,148 0,058 0,198 0,009 0,404 0,576 0,095 0,004 0 . N 62 63 63 62 62 62 62 62 62 70

** CC (Correlation Coefficient) is significant at the 0.01 level (2-tailed).

(30)

RESULTADOS 20

Relativamente às ligações inter e intra-sectoriais ofensivas/defensivas (Quadro 2), podemos verificar que existe uma forte ligação entre todos os elementos do sector defensivo e, entre cada um desses elementos com os restantes companheiros de equipa. Por exemplo, os resultados demonstram que os DL passam muito tempo coordenado com todos outros colegas com exceção do MC2 e, do mesmo modo que no Quadro 1, existe uma natural tendência para passar mais tempo coordenado com o Extremo do seu lado. Os DLE parecem ter os MC1 (ρ = .537, p < .001) como o elemento com o qual possui uma ligação mais forte sendo, que os DLD passam mais tempo coordenados com os ED (ρ = .441, p < .001).

Relativamente ao comportamento dos DC, constatamos, há semelhança do que já tínhamos verificado no Quadro 1, que é entre o par de defesas centrais que se estabelece a ligação mais forte de coordenação dentro da equipa. Revelam ainda grande coordenação com os DLE e também com o MC1 (ver Quadro 2 para observação inferencial) e uma menor correlação com MC2, EE, ED, PL (p > .05).

No sector intermédio, os dados sugerem duas posições distintas dentro dos três elementos do meio-campo. Se os jogadores que actuam como MC1 possuem uma ligação forte com todos os seus colegas de equipa à excepção do PL em contra partida, os jogadores da Posição MC2 apenas apresentam valores de correlação significativos com dois elementos do seu sector (MC1: ρ = .472, p < .001 e MC3: ρ = .358, p = .004). É com os elementos que actuam como MC1 que possuem maior tempo de coordenação. Relativamente ao outro elemento que constitui o sector intermédio, este parece ser um misto do MC1 e MC2 sendo que passa muito tempo coordenado com a grande maioria dos companheiros da equipa, com exceção do DCE, ED e PL (p > .05). Os jogadores da posição MC3 passam mais tempo coordenados com o MC1 (ρ = .445, p < .001) do que com qualquer outro jogador da equipa. Para além dos colegas de sector, o MC1 possui uma ligação de coordenação muito forte com o DLE, seguindo-se então os seus dois colegas de sector, MC2 e MC3 por ordem de maior coordenação (ver Quadro 2 para observação inferencial).

Tendo em conta o sector constituído pelos dois extremos e PL, verificamos que os jogadores que actuam como extremo, possuem o seu par de maior coordenação o jogador que joga como Extremo do lado contrário seguindo-se o DLE com maior valor de correlação (p < .001). O ED ainda demostra ter uma proximidade maior com o MC1

(31)

RESULTADOS 21

contudo, o EE acrescenta não só o jogador dessa posição como também o MC3 e o PL (ver Quadro 2 para observação inferencial). Já o PL, para além de estabelecer uma forte ligação com o EE (ρ = .360, p < .003), é com o DLE que estabelece maior valor de correlação (ρ = .421, p = .001).

Quadro 2: Correlações intra e inter-sectoriais ofensivas/defensivas

DLE DCE DCD DLD MC1 MC2 MC3 EE PL ED DLE CC 1 .453** .546** .400** .537** 0,087 .288* .476** .421** .447** Sig. (2-tailed) . 0 0 0,001 0 0,496 0,021 0 0,001 0 N 72 64 64 64 64 64 64 64 64 64 DCE CC .453** 1 .751** .365** .409** 0,094 .271* -0,049 0,011 0,071 Sig. (2-tailed)) 0 . 0 0,003 0,001 0,459 0,03 0,698 0,934 0,576 N 64 72 64 64 64 64 64 64 64 64 DCD CC .546** .751** 1 .338** .401** 0,204 .371** 0,01 0,023 0,032 Sig. (2-tailed) 0 0 . 0,006 0,001 0,107 0,003 0,935 0,857 0,802 N 64 64 72 64 64 64 64 64 64 64 DLD CC .400** .365** .338** 1 .310* 0,015 .345** .437** .307* .441** Sig. (2-tailed) 0,001 0,003 0,006 . 0,013 0,908 0,005 0 0,014 0 N 64 64 64 72 64 64 64 64 64 64 MC1 CC .537** .409** .401** .310* 1 .472** .445** .404** -0,021 .320** Sig. (2-tailed) 0 0,001 0,001 0,013 . 0 0 0,001 0,869 0,01 N 64 64 64 64 72 64 64 64 64 64 MC2 CC 0,087 0,094 0,204 0,015 .472** 1 .358** 0,228 -0,065 0,183 Sig. (2-tailed) 0,496 0,459 0,107 0,908 0 . 0,004 0,071 0,609 0,147 N 64 64 64 64 64 72 64 64 64 64 MC3 CC .288* .271* .371** .345** .445** .358** 1 .292* 0,227 0,105 Sig. (2-tailed) 0,021 0,03 0,003 0,005 0 0,004 . 0,019 0,071 0,41 N 64 64 64 64 64 64 72 64 64 64 EE CC .476** -0,049 0,01 .437** .404** 0,228 .292* 1 .360** .692** Sig. (2-tailed) 0 0,698 0,935 0 0,001 0,071 0,019 . 0,003 0 N 64 64 64 64 64 64 64 72 64 64 PL CC .421** 0,011 0,023 .307* -0,021 -0,065 0,227 .360** 1 0,176 Sig. (2-tailed) 0,001 0,934 0,857 0,014 0,869 0,609 0,071 0,003 . 0,163 N 64 64 64 64 64 64 64 64 72 64 ED CC .447** 0,071 0,032 .441** .320** 0,183 0,105 .692** 0,176 1 Sig. (2-tailed) 0 0,576 0,802 0 0,01 0,147 0,41 0 0,163 . N 64 64 64 64 64 64 64 64 64 72

** CC (Correlation Coefficient) is significant at the 0.01 level (2-tailed). * CC (Correlation Coefficient) is significant at the 0.05 level (2-tailed).

(32)

RESULTADOS 22

Relativamente aos níveis de coordenação entre as diferentes díades de jogadores por períodos (Quadro 3), verificamos que as equipas tendem a estabelecer maior número de coordenações fortes no 1º ou 3º período sendo que foram encontradas 39,74% ligações fortes no 3º período da Equipa 1 e, 29,49% ligações fortes no 1º período da equipa 2. No que diz respeito ao período em que as equipas estabeleceram maior número de coordenações fracas entre as diferentes díades de jogadores, as ambas as equipas possuíram maiores níveis no 4º e último período de jogo, tendo a Equipa 1 registado 42,31% das ligações fracas entre os seus jogadores enquanto que a Equipa 2 registou um pouco menos: 41,03%.

Em contra partida, foi no 3º período de jogo (recomeço da parida) que ambas as equipas apresentaram menor número de ligações fracas entre os seus jogadores (apenas 23,08% para a Equipa 1 e, 33,33% para a Equipa 2) tendo o 4º e último período do jogo ter relevado o menor número de ligações fortes para ambas as equipas com apenas 20,51% de ligações fortes para a Equipa 1 e, somente 17,95% para a Equipa 2.

Quadro 3: Número de ligações das diferentes díades de jogadores entre os 4 períodos de jogo

Nº de ligações 1º PERÍODO

C. Defensivo C. Intermédio C. Ofensivo Total (Nº) %

Equipa 1 Ligações Fortes 8 12 6 26 33,33 Ligações Intermédias 7 7 10 24 30,77 Ligações Fracas 15 5 8 28 35,90 Equipa 2 Ligações Fortes 5 7 11 23 29,49 Ligações Intermédias 12 11 2 25 32,05 Ligações Fracas 13 6 11 30 38,46 Nº de ligações 2º PERÍODO

C. Defensivo C. Intermédio C. Ofensivo Total (Nº) %

Equipa 1 Ligações Fortes 8 7 7 22 28,21 Ligações Intermédias 10 7 9 26 33,33 Ligações Fracas 12 10 8 30 38,46 Equipa 2 Ligações Fortes 4 9 8 21 26,92 Ligações Intermédias 9 11 9 29 37,18 Ligações Fracas 17 4 7 28 35,90

(33)

RESULTADOS 23

Nº de ligações 3º PERÍODO

C. Defensivo C. Intermédio C. Ofensivo Total (Nº) %

Equipa 1 Ligações Fortes 11 11 9 31 39,74 Ligações Intermédias 10 8 11 29 37,18 Ligações Fracas 9 5 4 18 23,08 Equipa 2 Ligações Fortes 9 2 9 20 25,64 Ligações Intermédias 10 16 6 32 41,03 Ligações Fracas 11 6 9 26 33,33 Nº de ligações 4º PERÍODO

C. Defensivo C. Intermédio C. Ofensivo Total (Nº) %

Equipa 1 Ligações Fortes 9 6 1 16 20,51 Ligações Intermédias 8 7 14 29 37,18 Ligações Fracas 13 11 9 33 42,31 Equipa 2 Ligações Fortes 3 5 6 14 17,95 Ligações Intermédias 9 13 10 32 41,03 Ligações Fracas 18 6 8 32 41,03

Quando juntamos os valores de ambas as equipas (Quadro 4) e, agrupamos os inícios das partes dos jogos e os comparamos com as partes finais dos jogos (Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013), verificamos que existe uma clara tendência em baixarem os números de ligações fortes com o decorrer do tempo de jogo e, em contra partida aumentarem o número de ligações fracas. Por exemplo, verificamos que relativamente ao Centroide Ofensivo houve uma perda percentual de 22, 81% de ligações fortes entre os inícios das partes com os finais das mesmas! Em sentido oposto, verificamos um aumento de 11,11% de ligações fracas relativamente ao Centroide Defensivo com perda para os inícios das partidas. Como curiosidade, podemos verificar que é no Centroide Intermédio onde se verificam maiores percentagens de ligações fortes e intermédias e, menores percentagens de ligações fracas.

(34)

RESULTADOS 24 Quadro 4: Comparação do número de ligações das diferentes díades entre o início de cada parte da partida com o os finais de cada parte da partida

Nº de Ligações 1º+3º Período 2º+4ºPeríodo Total %

Diferença % 1º+3ºP vs 2º+4ºP C. Defensivo Ligações Fortes 33 24 57 23,75 -15,79 Ligações Intermédias 39 36 75 31,25 -4,00 Ligações Fracas 48 60 108 45,00 11,11 C. Intermédio Ligações Fortes 32 27 59 30,73 -8,47 Ligações Intermédias 42 38 80 41,67 -5,00 Ligações Fracas 22 31 53 27,60 16,98 C. Ofensivo Ligações Fortes 35 22 57 29,69 -22,81 Ligações Intermédias 29 42 71 36,98 18,31 Ligações Fracas 32 32 64 33,33 0,00

Os dados sugerem ainda que houve um comportamento distinto entre as duas equipas (Quadro 5) devido à grande diferença no que se refere ao tipo de estabelecimento de ligações entre os diferentes pares de jogadores de cada equipa pois a Equipa 1 teve mais 15,45% de ligações fortes e menos 2,24% de ligações fracas que a Equipa 2. A Equipa 1 teve maior percentagem de ligações do tipo fracas (34,94%) seguindo-se as intermédias (34,62%) e por último as ligações fortes (30,45%). Por sua vez, a Equipa 2 verificou uma maior percentagem de ligações do tipo intermédias (37,82%), seguindo-se as ligações fracas (37,18%) e por último as ligações fracas (25,00%).

Quadro 5: Comportamento das equipas relativamente ao tipo de ligações estabelecidas entre as diferentes díades de jogadores

EQUIPA 1 EQUIPA 2 TOTAL Equipa 1+2

Nº de Ligações % Nº de Ligações % Nº de Ligações %

Ligações Fortes 95 30,45 78 25,00 173 27,72

Ligações Intermédias 108 34,62 118 37,82 226 36,22

Ligações Fracas 109 34,94 116 37,18 225 36,06

Como curiosidade, verificamos que o tipo de ligações mais frequente foram as ligações intermédias com 36,22% sendo que no 1º+3º Período foram registadas 110 ligações intermédias (correspondendo a 35,26% das ligações desse período) e, no 2º+4º período foram encontras 116 ligações intermédias (correspondendo a 37,18% das ligações desse período), dando assim um total de 226 ligações em 624 ligações possíveis.

Imagem

Figura  3:  Coordenação  “Anti-Fase”:  Em  relação  ao  Centroide,  o  Jogador  A  está  a  afastar-se  enquanto  que  Jogador  B  está  a  aproximar-se (movimento antagónico)
Figura 5: Campogramas Equipa 1
Figura 6: Campogramas Equipa 2

Referências

Documentos relacionados

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for

Outras possíveis causas de paralisia flácida, ataxia e desordens neuromusculares, (como a ação de hemoparasitas, toxoplasmose, neosporose e botulismo) foram descartadas,

Apesar do Decreto de Lei nº118/2013 ter sido lançado em 2013, fazia falta o lançamento de um despacho que definiria a forma de calculo de Qusable e SPF. Apenas em dezembro de 2015

Microbial 692 interactions in the rhizosphere: Beneficial influences of plant growth- 693 promoting rhizobacteria on nutrient acquisition

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Este artigo chama a atenção dos pesquisadores sobre tipologia textual, na área da Linguística Textual, sobre aspectos que são importantes para que estas pesquisas gerem conclusões

esta espécie foi encontrada em borda de mata ciliar, savana graminosa, savana parque e área de transição mata ciliar e savana.. Observações: Esta espécie ocorre

É, precisamente, neste âmbito que se apresentam quatro áreas que, dada a sua forte vertente estratégica, poderão influenciar significativamente as organizações, a