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Considerando que o jogo de futebol se caracteriza pela qualidade das relações de coordenação que os jogadores conseguem estabelecer entre si e entre os adversários, é de todo pertinente tentar medir essa coordenação. Neste sentido, este estudo teve como objectivo identificar a percentagem de coordenação nos movimentos das díades de futebolistas durante vários períodos de um jogo de futebol.

Na generalidade, os dados obtidos parecem estar de acordo com o que a literatura nos informa, nomeadamente no que diz respeito à existência de maior coordenação entre os elementos que compõem o sector defensivo e intermédio provavelmente pela percepção dos riscos acentuados de surgirem falhas ou desequilíbrios que possam ser aproveitados pelo adversário (Headrick et al., 2012). Ou seja, os jogadores demonstram uma maior coordenação nas zonas próximas da baliza que defendem (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Gonçalves et al., 2014; Headrick et al., 2012; Kannekens et al., 2011; Sampaio & Maças, 2012) porque tentam reduzir os espaços abertos e consequentemente as oportunidades do adversário fazer golo (Bourbousson et al., 2010b; Duarte, Araujo, Freire, et al., 2012; Frencken & lemmink, 2008; Yue et al., 2008b). De facto, pela proximidade da baliza que protegem, uma descoordenação entre os elementos mais defensivos da equipa pode desproteger espaços de jogo que, em último caso, a equipa adversária pode aproveitar para concretizar em golo.

Os dados obtidos, confirmam que existiu essa tendência porque a díade de jogadores que passou mais tempo coordenado pertence ao sector defensivo (DCE-DCD r=0,751). Podemos desta forma afirmar que a proximidade com a baliza que se defende é

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um factor que aumenta a importância de cada acção realizada e entendido assim, os jogadores assumem menos comportamentos de risco e baseiam mais o seu comportamento em acções mais coordenadas com quem os rodeiam pois os jogadores tendem a ajustar constantemente a sua posição no campo (Gonçalves et al., 2014; MacMahon et al., 2009; Poplu et al., 2008) de forma a estarem o melhor posicionados possível, em função da localização e parâmetros cinemáticos da bola, companheiros de equipa e adversários.

Os resultados indicam que, independentemente do sector de jogo, os jogadores que possuem missões tácticas semelhantes tendem a criar ligações mais fortes entre si. Por exemplo, o par DCE-DCD (independentemente do sentido de jogo foi sempre o par que estabeleceu uma maior coordenação entre si); os elementos da posição MC2 e MC3 no sentido ofensivo/defensivo tiveram o elemento da posição MC1 como o par de maior coordenação; ou ainda o ED que, independentemente do sentido de jogo também teve um elemento do seu sector como o elemento com o qual passou mais tempo coordenado (no sentido defensivo/ofensivo foi o PL e no sentido ofensivo/defensivo foi o EE).

É possível assim verificar que existiu uma forte influência intra-sectorial no que toca à possibilidade de se estabelecerem elevadas relações de coordenação entre dois pares de jogadores. Ou seja, os jogadores tendem a coordenar-se com quem está mais próximo (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Gonçalves et al., 2014; Passos et al., 2011; Sampaio & Maças, 2012; Travassos et al., 2010). Para os elementos que não se enquadram na influência da relação intersectorial, o factor que nos pareceu estar associado ao aumento do tempo de coordenação entre esses elementos foi o corredor de jogo. Tanto o jogador MC2 como o MC3 no sentido defensivo/ofensivo tiveram o PL como o elemento com quem estabeleceram maior coordenação; no sentido defensivo/ofensivo o EE teve o seu par com maior tempo de coordenação o DLE e, o DLD no sentido ofensivo/defensivo teve como elemento preferencial de coordenação o ED. Como já foi referido anteriormente, estes resultados parecem ser resultado da actuação em diferentes corredores do jogo, que influencia esta coordenação entre jogadores, já que o MC 2, o MC3 e o PL actuam no corredor central e, os Defesas Laterais criaram forte coordenação com os Extremos que actuam no seu corredor.

Relativamente a este último facto, em que ambos os defesas laterais mostraram grande coordenação com os extremos, algo que poderá explicar tal situação é o facto da

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já referia proximidade entre os elementos e, das missões tácticas atribuídas ao esses jogadores dessas posições serem cada vez mais semelhantes pois actualmente os laterais possuem uma participação muito mais activa na criação de situações de finalização (Barros, 2002; Vieira & Garganta, 1996) e, os extremos têm cada vez mais obrigações em termos defensivos, levando Lobo (2005) a afirmar que uma das principais “vitimas” da tendência evolutiva do jogo ao longo dos tempos foram o fim dos extremos e o nascimento dos defesas laterais ofensivos. Historicamente, a criação de oportunidades de golo estava atribuída aos elementos do sector mais avançado da equipa e, é por isso que estes elementos possuem maior irregularidade (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Gonçalves et al., 2014; Travassos et al., 2011; Wade, 1997). Esta irregularidade provavelmente decorre da interpretação dos princípios de jogo da equipa no sentido de criar situações de finalização para o próprio jogador ou para os seus colegas (Gonçalves et al., 2014), que são mais imprevistas e inesperadas e fazem aumentar a irregularidade dos atacantes (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012).

A evolução do jogo obrigou a que as equipas saibam atacar e defender e passar de um momento para o outro sem hipotecar o equilíbrio colectivo e objectivos da equipa através da coordenação das acções dos jogadores reguladas pelos princípios gerais e específicos da equipa (Garganta & Pinto, 1998) e, é dessa forma, que as funções dos defesas laterais vão para além do saber defender pois também têm que saber atacar e ser competente no 1x1 ofensivo, percepcionar e agir em espaços menos explorados, no sentido de destabilizar a estrutura defensiva adversária pois os corredores laterais foram e continuam a ser uma dos locais preferenciais para criar situações de golo (Barros, 2002; Castelo, 1996; Cunha, 1999; Dufour, 1993; Jinshan, Xiaoke, Yamanaka, & Matsumoto, 1993; Mombaerts, 1991; Olsen & Larsen, 1997; D. Partridge, Mosher, & Franks, 1993; Silva, 1999). Dessa forma, a evolução do jogo fez com que os treinadores deslocassem o olhar para as interacções dos jogadores e sua relação com o envolvimento/contexto do jogo pois é através desta articulação que permite criar condições para manter ou alterar o equilíbrio do sistema (Garganta, 2005) sendo que para Pinto e Garganta (1996) o equilíbrio defensivo é uma das características a considerar para um processo de jogo ofensivo evoluído.

Esta preocupação, fez com que muitos treinadores de renome nacional e internacional afirmassem que têm como preocupação a prevenção do momento da perda

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de bola (Pedro Emanuel cit por Soares, P., 2009; José Mourinho cit por Amieiro, N., 2004), daí haver uma grande necessidade de a equipa estar bem posicionada no momento em que se tem a posse de bola, porque ao perdê-la, estará em melhores condições de a poder recuperar rapidamente (Jesualdo Ferreira cit por Amieiro, N., 2004; Rui Quinta cit por Teixeira, L., 2009) que, só poderá ser possível se existir um permanente equilíbrio do sistema no desenrolar do processo ofensivo obtido pelo permanente equilíbrio posicional dentro do seio da equipa, o qual se traduz na ocupação cuidada e inteligente dos espaços de jogo (Amieiro, 2004) seja em processo ofensivo ou defensivo.

Contudo, especulativamente, parecem ser poucas as equipas que dão liberdade aos elementos que actuam na posição de Defesa Central para saírem dos espaços característicos das suas posições. De facto, estes jogadores estão confinados a determinados espaços da sua posição, pelo que a menor liberdade para serem elementos desequilibradores da estrutura defensiva adversária faz com que sejam jogadores mais equilibradores da sua própria equipa e, consequentemente, maior será a possibilidade de se encontrarem coordenados entre si. Por outro lado, as suas zonas de actuação também são menos ocupadas pela equipa adversária, facto que promove o aumento da coordenação devido a esta menor interferência. Esta especulação parece ir de acordo com José Oliveira cit por Amieiro, N. (2004) onde defende que é fundamental existirem sempre três defesas na estrutura defensiva (os dois defesas centrais mais um dos defesas laterais), nunca podendo subir simultaneamente os dois defesas laterais ao mesmo tempo. Opinião semelhante possui Nelo Vingada cit por Teixeira, L. (2009) afirmando que no plano da organização ofensiva contempla sempre um dos laterais e, caso a bola seja recuperada no lado direito, o defesa lateral direito tem permissão e liberdade para participar no processo ofensivo da equipa. Já Paulo Sérgio cit por Teixeira, L. (2009) vai mais longe e afirma que até poderá dar liberdade aos dois laterais para atacarem se, um dos médios garantir o equilíbrio defensivo mas, caso não se verifique esse abaixamento de um dos jogadores do meio campo então deverá ser o lateral do lado oposto a equilibrar a equipa dando assim liberdade total ao lateral do lado do ataque.

Relativamente ao comportamento do sector intermédio nos diferentes sentidos de jogo, tal como já expusemos, podemos aferir que apesar de actuarem no mesmo sector de jogo, podem possuir missões tácticas muito distintas (desde equilibradores da equipa a desequilibradores) e, dessa forma ocuparem diferentes zonas do campo. José Oliveira cit

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por Amieiro, N. (2004) afirma ainda que certos jogadores que fazem parte do meio campo devem estar posicionados em determinados locais de forma a terem, simultaneamente durante o processo ofensivo, um papel de ajuda ofensiva e um papel nos equilíbrios defensivos da própria equipa e, (Pedro Emanuel cit por Soares, P., 2009; José Oliveira cit por Amieiro, N., 2004) chegam mesmo a afirmar que durante o processo ofensivo, existem elementos que não possuem uma participação tão activa pois estão envolvidos em outras missões para a eventualidade de perda de bola.

O grande objectivo destes elementos do sector intermédio é o de controlar o centro do terreno através de boa coordenação espacial inter-jogadores, porque é a zona que possibilita o desenrolar de mais opções no jogo (Gonçalves et al., 2014). Uma óptima distribuição em campo dos elementos que constituem este sector poderá aumentar a qualidade do jogo, especialmente quando o jogo passa por eles (Wade, 1997), porque aumentam o número de possibilidades de passes para todos os lados (Gonçalves et al., 2014).

Em todo caso, uma melhor eficiência e coordenação forte entre os diferentes elementos do sector intermédio do campo e, entre o seu sector para com o sector defensivo e ofensivo, poderá permitir, por um lado, uma recuperação rápida da posse de bola após a perca da mesma e, por outro lado, um aumento do número de possibilidades de criar situações de golo (Gonçalves et al., 2014) e, com isso mais próximos de dominar o jogo. Tentando agora observar diferenças entre os sentidos de jogos, se olharmos para o sentido ofensivo/defensivo (ver quadro 2 para observação inferencial) constatamos que o número de ligações fortes e o tempo em que os pares de jogadores passam coordenados é muito maior no sentido ofensivo/defensivo comparativamente ao sentido defensivo/ofensivo (ver quadro 1 para observação inferencial) pois no sentido ofensivo/defensivo a equipa encontra-se a defender logo a necessidade de se estabelecerem maiores níveis de coordenação é maior no intuito de evitarem situações de golo para a equipa adversária (Bourbousson et al., 2010b; Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Duarte, Araujo, Freire, et al., 2012; Frencken & lemmink, 2008; Gonçalves et al., 2014; Headrick et al., 2012; Kannekens et al., 2011; MacMahon et al., 2009; Poplu et al., 2008; Sampaio & Maças, 2012; Yue et al., 2008b). Verificamos assim que os nossos dados estão de acordo com (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Gonçalves et al., 2014; Travassos et al., 2011; Wade, 1997) pois em processo ofensivo (sentido

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defensivo/ofensivo), os jogadores tendem a criar acções mais irregulares a fim de provocarem desequilíbrios na estrutura defensiva adversária.

No momento do jogo, onde a equipa se encontra a defender, todos os jogadores parecem assumir um compromisso maior com os princípios estabelecidos pelo treinador e consequentemente todos tendem a passar mais tempo coordenados com os restantes colegas de equipa independentemente das missões tácticas que cada jogador possui e do corredor de jogo em que cada elemento actua. Por exemplo, ambos os Defesas Laterais em momento defensivo conseguiram apresentar níveis de coordenação elevadas com quase todos os seus companheiros de equipa sendo a excepção o jogador da posição MC2. Situação semelhante foi encontrada no jogador que actua na posição de MC1 tendo estabelecido ligações mais fortes com todos os colegas em especial com o DE previsivelmente por uma maior necessidade de ajudar a fechar esse corredor de jogo devido à forma como a sua equipa e a equipa adversária delinearam o jogo estrategicamente. Apenas não conseguiu estabelecer relações fortes com o jogador que actua como PL. Em todo o caso, verificamos dois elementos que parecem se destacar dos restantes companheiros de equipa pois assumem pouca predisposição para estar coordenado com os restantes companheiros aquando do momento defensivo. Falamos dos jogadores que actuam como PL e MC2. No caso do PL assumir reduzidas preocupações com o momento defensivo poderá ser uma indicação do próprio Treinador no intuito de garantir uma possibilidade ofensiva após ganho da posse de bola e/ou para conseguir restringir o número de elementos adversários em zonas mais perigosas do campo. Curiosamente, este jogador assume maior tempo de coordenação com o Defesa Esquerdo. Relativamente ao MC2 presumivelmente poderá ser alguém que é mais protegido relativamente às missões defensivas dando uma maior enfase nesse momento a outros jogadores ou, simplesmente foi um elemento que fugiu às suas responsabilidades no processo defensivo tendo unicamente estabelecido relações fortes com os companheiros de sector (MC1 e MC2).

Verificamos ainda que independentemente do sentido, o par de jogadores que passam mais tempo coordenados são o DCE-DCD (r=0,751). Posteriormente apresenta- se o par EE-ED (r=0,692) no sentido ofensivo/defensivo e, por fim, destaque também para o par DLE-DLD (r=0,638) no sentido defensivo/ofensivo por apresentarem uma forte ligação de coordenação entre ambos. Estes foram os três pares que apresentaram os

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valores mais altos. Por tudo o que já foi exposto, é fácil de compreender que o par DCE- DCD possui características muito próprias que lhes permitem estar muito tempo coordenados. Já relativamente aos pares EE-ED uma presumível explicação poderá ser as missões semelhantes que possuem e para o par DLE-DLD talvez o facto de terem que coordenar as suas decisões em função de outros colegas para garantirem que a equipa se mantenha equilibrada no momento do processo ofensivo, fá-los aumentar o tempo de coordenação entre ambos. Dessa forma, mais uma vez, verificamos que a proximidade entre jogadores, seja por missões tácticas semelhantes ou pela influência do corredor de jogo, foram catalisadores de aumento do tempo de coordenação entre pares de jogadores. Quando observamos o comportamento das equipas ao longo do jogo analisado, conseguimos detectar que cada equipa se comportou como um organismo diferenciado apesar de todos os intervenientes de cada equipa sofrerem o mesmo processo de treino/aprendizagem ao longo da época. Este facto poderá ser justificado por algumas variáveis situacionais que influenciam o comportamento das equipas contudo, apesar de ter sido pedido aos jogadores para assumirem os comportamentos standard reduzindo assim a probabilidade de se verificarem comportamentos inesperados pelos seus colegas e consequentemente diminuição do tempo de coordenação entre as diferentes díades de

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jogadores. Em todo o caso, jogar o jogador X é diferente de jogador o jogador Y e consequentemente o desenrolar do jogo também é diferente por si só.

Podemos verificar (ver figura 5 e figura 6 para observação inferencial) que a Equipa 1 e a Equipa 2 possuem padrões de comportamentos diferenciados no que se refere ao tipo estabelecimento de ligações de coordenação. De facto, a Equipa 1 parece verificar maiores níveis de coordenação comparativamente à Equipa 2 sobretudo relativamente ao Centroide defensivo e intermédio. Podemos supor que o resultado de jogo lhes tenha sido favorável desde os primeiros minutos da equipa pois o número de ligações fortes é superior comparativamente ao da Equipa 2 o que poderá significar que a Equipa 2 teve mais tempo a posse de bola na procura de reduzir e/ou igualar a marcha do marcador obrigando a Equipa 1 a assumir comportamentos mais defensivos e, a Equipa 2 a assumir mais comportamentos irregulares no tempo por fim a destabilizar a estrutura defensiva da Equipa 1 (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Travassos et al., 2011).

Por não termos acesso a algumas das variáveis situacionais do jogo analisado (marcha do marcador; percentagem de posse de bola, entre outros), a nossa justificação é somente uma possível interpretação dos dados verificados.

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Uma outra possível justificação advém da teoria de que os jogadores expert tendem a aumentar o tempo de coordenação entre si (Folgado, Lemmink, et al., 2014; Sampaio & Maças, 2012) e, na distribuição dos jogadores pelas duas equipas, talvez alguns dos melhores jogadores do sector defensivo e intermédio possam ter ficado juntos na Equipa 1 e consequentemente pela melhor capacidade perceptiva e cognitiva e do jogo dos seus intervenientes terem assumido maiores tempo de coordenação entre eles e os jogadores que os rodeiam (MacMahon et al., 2009; Poplu et al., 2008). Pela sua maior e melhor qualidade de jogo, podem ainda ter influenciado os restantes companheiros a terem assumido comportamentos mais assertivos levando-os a estarem mais vezes coordenados com os restantes companheiros já que a sua experiencia e capacidade de ler o jogo pode influenciar a tomada de decisão de quem os rodeiam (Fajen et al., 2009).

Através do Quadro 3, podemos supor que, à partida a Equipa 1 era constituída por elementos com melhor qualidade de entendimento do jogo pois, independentemente do Período analisado, verificamos que a Equipa 1 teve sempre, sem excepção, maiores percentagens de ligações fortes e, menores percentagens de ligações fracas nos períodos 1 e 3. Ou, como já afirmamos anteriormente, talvez o facto de estarem em vantagem no marcador os levou a assumirem comportamentos mais coordenados entre os diferentes pares de jogadores a fim de evitarem sofrer golo.

Relativamente à única variável situacional do objectivo do nosso estudo, conseguimos encontrar padrões de comportamento semelhantes nas duas equipas já que reparamos que o número de ligações fortes é maior nos inícios de cada uma das duas partes e tende a baixar até ao final das mesmas sendo que em sentido inverso encontramos as ligações fracas que, com o passar do tempo parecem assumir maior preponderância. Estes dados parecem estar de acordo com os verificados no estudo de Duarte, Araujo, Folgado, et al. (2013).

Acreditando que os factores fisiológico apesar de poderem influenciar os níveis de coordenação, não significa que necessariamente o tempo de coordenação entre as diferentes díades vá baixar (Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013), eliminamos dessa forma o desgaste físico como a principal causa do facto das ligações fortes de coordenação tenderem a diminuir com o desenrolar do jogo e em contra partida, a aumentarem as ligações fracas. Como possível justificação, colocamos novamente o resultado momentâneo do jogo (Bloomfield et al., 2005; Duarte, Araujo, Folgado, et al.,

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2013; Lago & Martin, 2007; Taylor et al., 2008) levando a que uma das equipas assuma comportamentos mais irregulares na tentativa de reduzir a marcha do marcador ou de empatar a partida ou de se colocar em vantagem no marcador e, sugerimos ainda como hipótese, o facto de nos inícios das partes os jogadores possuírem frescas as indicações dadas pelos treinadores antes do inicio de cada uma das partes (início de jogo e intervalo) optando dessa forma por cumprir mais afincadamente essas mesmas indicações!

Quando analisamos os períodos de jogo independentemente das equipas (ver Quadro 3 para observação inferencial) e “eliminamos” dessa forma a condicionante da marcha do marcador, os dados parecem estar novamente de acordo com os verificados por Duarte, Araujo, Folgado, et al. (2013) pois os dados assumiram bastantes semelhanças quando analisados em separadamente e por equipa-a-equipa. Por exemplo, os dados indicaram que quando somamos o número de ligações fortes da equipa 1 com as ligações fortes da equipa 2, vamos encontrar o 3º Período (início da 2ª Parte) como o Período onde se verificam um maior número de ligações desse tipo (51 ligações) tendo ainda verificado 61 ligações do tipo intermédio e, 44 ligações fracas. Este foi o melhor período em termos de estabelecimento da qualidade das ligações entre os intervenientes das partidas pois, em nenhum outro período verificaram-se mais ligações fortes e intermédias e menores

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