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Estudo de viabilidade econômica e financeira para sistemas de armazenagem de grãos

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Academic year: 2021

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UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

JULIANA MÜLLER

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA PARA

SISTEMAS DE ARMAZENAGEM DE GRÃOS

IJUI/RS 2014

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JULIANA MÜLLER

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA PARA SISTEMAS DE ARMAZENAGEM DE GRÃOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Econômicas do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação - DACEC, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUI, na disciplina de Monografia II no 2º semestre de 2014, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Professor Mestre José Valdemir Muenchen

Ijuí/RS 2014

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Dedico este trabalho a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que ele se realizasse, principalmente meus pais, irmão, marido, amigos e colegas de trabalho.

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AGRADECIMENTOS

“É importante saber agradecer. Agradecer quem me fez bem, quem me abençoou, quem esteve comigo na hora da alegria ou da dor.”

Obrigada Deus! Obrigada pai e mãe por sempre estarem ao meu lado, me apoiando, me sustentando em todos estes anos em que estive na faculdade e agora nestes momentos finais

de trabalho de conclusão. Obrigada irmão, por me ajudar sempre que possível. Ao meu marido, obrigada por entender quando não pude estar perto e obrigada por sempre me ajudar,

você é incrível!

Obrigada amigos e amigas, por tornarem as viagens de ônibus até a faculdade divertida e obrigada aos colegas por fazer das aulas de economia um ótimo lugar!

Obrigada a todos aqueles que tornaram este momento divertido, e entenderam os momentos em que perdi a paciência.

Obrigada Prof. Valdemir, que orientou os meus estudos, fazendo-me acreditar que seria possível alcançar este objetivo.

Obrigada colegas de trabalho e também todos aqueles que de alguma forma contribuíram na elaboração deste trabalho, sem vocês isso não se tornaria possível.

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RESUMO

O agronegócio é o maior negócio da economia brasileira e torna-se o conceito mais abrangente do setor agrícola. A produção de insumos é apenas uma parcela deste processo, pois fazem parte deste sistema os equipamentos para a produção, o processamento e a industrialização da produção, o transporte, o armazenamento e a distribuição, englobando todas as etapas até chegar ao consumidor final.

Uma das principais etapas deste processo é o armazenamento dos grãos, pois a produção de grãos no Brasil tem aumentado de forma espantosa, culminando em safras recordes. Em contrapartida a este desenvolvimento a infraestrutura e a logística não tem acompanhado este crescimento, fazendo com que as unidades armazenadoras existentes não sejam suficientes para armazenar toda a produção, tornando-se um gargalo dentro do processo.

Diante destas dificuldades, através deste trabalho foi desenvolvido um estudo econômico e financeiro para a implantação de sistemas de armazenagem de diferentes portes através de simulações com diferentes linhas de financiamento disponibilizados pelo governo. A implantação de novos sistemas de armazenagem se apresenta como um meio eficaz de diminuir os problemas relacionados.

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ABSTRACT

The biggest business in Brazilian economy is the agribusiness and it became the most comprehensive of the agricultural sector. The inputs production are just a portion of this process, the production equipment, the processing and the industrialization of the production, the transportation, the storing and the distribution, also make part of this system comprehending all of this stages until arrives to the final consumer.

One of the principal stages of this process is the grain storing, because Brazil production has increased amazingly, ending in record harvests. In opposite to this progress the infrastructure and the logistics haven’t grown that much, so the storage units haven’t been enough to store all the production, becoming a difficulty in the process.

Toward these difficulties, through this process it was developed an economic and financial study for the implementation of storing systems of different dimensions through simulation with different allowances released by the government. The implementation of new storing systems has been an effective way to reduce the related problems.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICO A – Participação do PIB do Agronegócio no PIB Total do Brasil – Percentual. . 19

GRÁFICO B – Comparativo do Total de Exportações no Brasil e Exportações do Agronegócio – Balança Comercial Brasileira. ... 20

GRÁFICO C – Comparativo do Saldo Comercial no Brasil e Saldo Comercial do Agronegócio – Saldo da Balança Comercial. ... 21

GRÁFICO D – Exportação, Importação e Saldo da Balança Comercial do Agronegócio Fonte: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC. ... 22

QUADRO 1 – Área Plantada, Produtividade e Produção – GRÃOS. ... 25

GRÁFICO E – Área Plantada, Produtividade e Produção – GRÃOS. ... 25

QUADRO 2 – Mapa da Capacidade Estática dos Armazéns. ... 26

QUADRO 3 – Valor das Receitas da Venda Direta do Grão. ... 75

QUADRO 4 – Valores dos Custos Fixos e Variáveis... 76

QUADRO 5 – Análise Econômica do Projeto de Pequeno Porte (Projeto 1). ... 76

QUADRO 6 – Avaliação de Rentabilidade do Projeto 1. ... 77

QUADRO 7 – Simulação do financiamento via Linha Moderinfa... 78

QUADRO 8 – Fluxo de Caixa do Projeto 1 – Método SAC – Financiamento Moderinfra... ... 82

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QUADRO 9 – Simulação do financiamento via Linha PSI. ... 83

QUADRO 10 – Fluxo de Caixa do Projeto 1 – Método SAC – Financiamento PSI. ... 86

QUADRO 11 – Simulação do financiamento via Linha PCA. ... 87

QUADRO 12 – Fluxo de Caixa do Projeto 1 – Método SAC – Financiamento PCA. ... 92

QUADRO 13 – Análise Econômica do Projeto de Médio Porte (Projeto 2) ... 93

QUADRO 13 – Avaliação de Rentabilidade do Projeto 2. ... 94

QUADRO 14 – Simulação do financiamento via Linha Moderinfra. ... 95

QUADRO 15 – Fluxo de Caixa do Projeto 2 – Método SAC – Financiamento Moderinfra... ... 99

QUADRO 16 – Simulação do financiamento via Linha PSI. ... 100

QUADRO 17 – Fluxo de Caixa do Projeto 2 – Método SAC – Financiamento PSI. ... 103

QUADRO 18 – Simulação do financiamento via Linha PCA. ... 104

QUADRO 19 – Fluxo de Caixa do Projeto 2 – Método SAC – Financiamento PCA.. ... 108

QUADRO 20 – Análise Econômica do Projeto de Grande Porte (Projeto 3) ... 109

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QUADRO 22 – Simulação do financiamento via Linha Moderinfra. ... 111

QUADRO 23 – Fluxo de Caixa do Projeto 3 – Método SAC – Financiamento Moderinfra. 115 QUADRO 24 – Simulação do financiamento via Linha PSI. ... 116

QUADRO 25 – Fluxo de Caixa do Projeto 3 – Método SAC – Financiamento PSI. ... 119

QUADRO 26 – Simulação do financiamento via Linha PCA. ... 120

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1. AGRONEGÓCIO: DEFINIÇÕES E IMPORTÂNCIA NO CENÁRIO BRASILEIRO COM ENFÂSE NO SETOR DE ARMAZENAGEM DE GRÃOS ... 13

1.1. Agronegócio ... 13

1.2. Armazenagem: Caracterização ... 30

2. CRÉDITO ... 39

2.1. Crédito – Introdução ... 39

2.2. Crédito – Linhas de Financiamento ... 42

3. VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DE SISTEMAS DE ARMAZENAGEM ... 71

3.1. Análise Econômica do Projeto de Pequeno Porte (Projeto 1) ... 76

3.2. Análise Econômica do Projeto de Médio Porte (Projeto 2)... 93

3.3. Análise Econômica do Projeto de Grande Porte (Projeto 3) ... 109

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 127

REFERÊNCIAS ... 129

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INTRODUÇÃO

O agronegócio é simplesmente o maior negócio da economia brasileira e apesar de sua importância tanto para a economia brasileira quanto para a economia mundial, ainda é pouco estudada.

O agronegócio é um conceito mais abrangente do setor agrícola em que a produção agropecuária é apenas uma parcela, uma vez que inclui também a aquisição de insumos e equipamentos para a produção, o processamento e a industrialização da produção, o transporte, o armazenamento, a distribuição, ou seja, engloba todas as etapas, com todas as transformações, até chegar na boca do consumidor.

O sistema de comercialização inclui desde a existência de uma rodovia ou ferrovia, passa pelo estabelecimento e funcionamento de um poder comprador, até a instalação de uma planta agroindustrial ou de um centro de armazenamento.

O armazenamento de grão porém pode iniciar na própria propriedade, ou em alguma localização próxima à pequenos agricultores que podem armazenar em conjunto sua safra, diminuindo assim os custos de transporte e ganhando mais na negociação do grão, pois é possível vender na entressafra, quando ganha-se mais pela saca.

Armazenar grãos é muito importante. Armazenar grãos com qualidade é mais importante ainda devido ao consumo constante e produção sazonal, ou seja, produção que ocorre somente em determinados períodos do ano.

Diante disso, neste Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia), será abordado a importância de uma das partes do sistema de comercialização, que é a armazenagem. Conforme será visto no desenvolvimento deste trabalho, este ponto da comercialização é considerado o “gargalo” do agronegócio.

As definições sobre Agronegócio e a importância do Sistema de Armazenagem de Grãos serão objetos de estudo do primeiro capítulo.

No segundo capítulo deste trabalho será elaborado um resumo sobre as principais linhas de financiamento disponibilizadas pelo Governo para o financiamento do Agronegócio e também apontadas as principais linhas disponíveis para implantação de Sistema de Armazenagem.

No terceiro capítulo elabora-se um estudo de viabilidade econômica e financeira para implantação de Sistemas de Armazenagem de pequeno, médio e grande porte, conforme

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informações de pesquisa. Este estudo é realizado através de simulações, utilizando as informações das principais linhas de financiamento disponibilizadas.

Por fim, tecem-se as considerações finais com a síntese dos principais resultados encontrado com as simulações realizadas.

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1 AGRONEGÓCIO: DEFINIÇÕES E IMPORTÂNCIA NO CENÁRIO BRASILEIRO COM ENFÂSE NO SETOR DE ARMAZENAGEM DE GRÃOS

Este capítulo está organizado em dois subitens. No primeiro faz-se uma caracterização do agronegócio dentro de suas definições, indicando o seu papel dentro da econômica brasileira bem como os problemas relacionados, no caso específico deste trabalho, a armazenagem de grãos. No segundo item faz-se uma caracterização da armazenagem como tipos, formas, locais, funções e também as dificuldades encontradas para implantação deste tipo de investimento.

1.1 AGRONEGÓCIO

Um dos conceitos primários da Agricultura se restringe à atividades como arar o solo, plantar semente, fazer colheita, ordenhar vacas ou alimentar animais. Esse, na realidade, era o conceito de agricultura até o início dos anos 60, onde as propriedades rurais eram muito diversificadas, com várias culturas e criações diferentes, necessárias à sobrevivência de todas as pessoas que nela trabalhavam. Porém a industrialização da agricultura e o imenso avanço tecnológico, paralelamente ao êxodo rural de grande número de pessoas do campo para as cidades, levaram a uma radical mudança de concepção sobre a agricultura. (MENDES; JUNIOR, 2007).

A estrutura das propriedades mudou totalmente: perderam a autossuficiência; especializaram-se, procurando gerar excedentes de consumo para abastecer mercados distantes e enfrentarem a globalização e internacionalização da economia. Assim, a atividade econômica passou a ser vista como um negócio, sendo os produtores cada vez mais profissionalizados e providos de novas tecnologias que contribuíram para aumentar a produção; o que fez com que a atividades agropecuárias experimentassem grandes saltos nos seus índices de produtividade.

Diante de todas as transformações que foram ocorrendo, recentemente tem sido utilizado outro conceito para a Agricultura, que é chamado Agronegócio.

A agricultura é vista como um amplo e complexo sistema, que inclui não apenas as atividades dentro da propriedade rural (‘porteira agrícola’ que é a produção em si) como também, e principalmente, as atividades de distribuição de suprimentos agrícolas (insumos)

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de armazenamento, de processamento e distribuição de produtos agrícolas. (MENDES; JUNIOR, 2007).

Isso significa que o agronegócio ultrapassa as fronteiras ‘propriedade rural’ (agrícola e pecuária) para envolver todos os que participam direta e indiretamente do processo de levar os alimentos e fibras aos consumidores. Em outras palavras, o agronegócio engloba não apenas os que trabalham diretamente com a terra, mas também as pessoas que fornecem

insumos1, processam os produtos agropecuários2, transportam e vendem3 esses produtos aos

consumidores. (MENDES; JUNIOR, 2007).

O sistema de alimentos e fibras, conhecido também como agronegócio, que em inglês é traduzido como agribusiness, foi criado por dois economistas norte americanos, John H. Davis e Ray A. Goldberg, em um congresso sobre a distribuição de alimentos, ocorrido em 1957. Davis e Goldberg definiram agribusiness com a contribuição à atividade economia requerida para que alimentos, vestuários, calçados e fumo cheguem aos consumidores domésticos e também para apoiar as exportações agrícolas. (MENDES; JUNIOR, 2007).

Outros autores utilizaram termos diferentes para expressar a mesma ideia. Por exemplo, Lee, Schulter, Edmondson e Wills, em 1987, usaram o termo ‘sistema de alimentos e fibras’ para o mesmo conceito e mais o investimento de capital agrário. Outros termos definidos foram: ‘sistema de comercialização de alimentos’, por S. W. Greig, em 1984, e ‘indústrias manufatureiras de alimentos’ por Connor, Rogers, Marion e Mueller, em 1985. (MENDES; JUNIOR, 2007).

Um dos primeiros conceitos sobre este assunto foi apresentado por John H. Davis4,

em janeiro de 1956: “Por agronegócio deve-se entender a soma total das operações da produção e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos com base neles.” (MENDES; JUNIOR, 2007).

No ano seguinte, Davis e Ray A. Golberg publicaram em conjunto um conceito de Agribusiness. Estas duas publicações introduziram e definiram o termo “Agronegócio” como:

a soma total de todas as operações envolvidas na fabricação e distribuição de insumos agrícolas; produção operação na fazenda; e o armazenamento, processamento e distribuição de commodities agrícolas e itens feitos a partir deles. Assim o agronegócio

1 Exemplo: Fertilizantes, defensivos, rações, sementes, crédito. 2 Exemplo: Grãos, fibras, carne, leite, entre outros.

3 Exemplo: Pães, bolachas, massas, sorvetes, calçados, roupas, entre outros.

4 Foi diretor do programa na agricultura e negócios da Escola de Negócios de Harvard, publicado “A partir de Agricultura Agronegócio" n” Harvard Business Review (Davis 1956).

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essencialmente engloba hoje a função que o termo agricultura denotado a 50 anos. (KING; BOEHLJE; COOK; SONKA, 2009 apud DAVID; GOLBERG, 1957, p. 2).

Consequentemente estão nesse conjunto, conforme citado anteriormente, todos os serviços financeiros, de transporte, classificação, marketing, seguros, bolsas de mercadorias, entre outros. Todas essas operações são elos da cadeia que se tornam cada vez mais complexos à medida que a agricultura se modernizou e o produto agrícola passou a agregar mais serviços que estão fora da porteira (fazenda). (MENDES; JUNIOR, 2007).

Desta forma, o conceito de agronegócio inclui também os fornecedores de bens e serviços para a agricultura, os produtores rurais, os processadores, os transformadores, e distribuidores de origem agrícola até chegarem ao consumidor final. Participam ainda os agentes que afetam os mercados, as entidades comerciais, financeiras e de serviços. (MENDES; JUNIOR, 2007)

Para melhor entendimento, o agronegócio pode ser dividido em cinco principais setores: fornecedores de insumos e bens de produção; produção agropecuária propriamente dita; processamento e transformação; distribuição e consumo e serviços de apoio.

Existe também outra maneira de representar o sistema de agronegócio em cinco setores, conforme segue: os de insumos (composto pelas indústrias que fornecem insumos e serviços necessários à produção agrícola); o de comercialização de produtos agrícolas in natura (que consiste nos vários métodos pelos quais o agricultor vende ou armazena seu produto); o de processamento/serviços/embalagem e distribuição (que consiste naquelas indústrias que fazem os processos e serviços de transformação de matérias-primas agrícolas em produtos manufaturados ou semimanufaturados) e o de consumo. (MENDES; JUNIOR, 2007).

Enfim, são várias as formas que demonstram o quanto este processo é complexo e o quanto tem evoluído, levando em consideração as diferentes partes que integram o agronegócio, mostrando sua evolução em relação ao conceito da agricultura.

Na sequencia estudaremos algumas dificuldades encontradas, principalmente no setor de comercialização de produtos agrícolas, observando a parte dos transportes, mas daremos ênfase aos problemas encontrados na parte de armazenagem dos produtos.

Ainda sobre o conceito do agronegócio, diversos outros autores trouxeram sua contribuição. Para Batalha (1995), o agronegócio ou agribusiness significa: “o conjunto das empresas produtoras de insumos, propriedades rurais, indústrias de processamento,

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distribuição e comércio nacional e internacional de produtos agropecuários in natura ou processados. (DE MARTINI; PRICHOA; MENEGAT, 2009 apud BATALHA, 1995).

Ferreira (2001) diz que, o agronegócio: “soma às operações e distribuições nas unidades agrícolas, o armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles”. (DE MARTINI; PRICHOA; MENEGAT, 2009 apud FERREIRA, 2001).

No Brasil, essa abordagem sistêmica sobre o agronegócio foi utilizada por Araújo, Wedekin e Pinazza (1990), com a finalidade de levantar as dimensões básicas do agribusiness brasileiro. Então, o agronegócio é toda relação comercial envolvendo produtos agrícolas.

Araújo (1990), explica que o agronegócio brasileiro compreende atividades econômicas ligadas a: a) insumos para a agricultura como fertilizantes, defensivos, corretivos; b) produção agrícola compreendendo lavouras, pecuária, floresta, e extrativismo; c) transporte e comercialização de produtos primários e processados; e d) agroindustrialização dos produtos primários. (DE MARTINI; PRICHOA; MENEGAT, 2009 apud ARAÚJO, 1990).

Como produtos auxiliares ao agronegócio incluem-se os financeiros, de pesquisa e assistência técnica. O conceito de agronegócio implica na ideia de cadeia produtiva com seus elos entrelaçados e sua interdependência. A agricultura moderna, até mesmo a familiar, extrapolou os limites físicos da propriedade. Esta depende cada vez mais de insumos adquiridos fora da fazenda e sua decisão de o que, quando e como produzir, está fortemente ligada ao mercado consumidor. (DE MARTINI; PRICHOA; MENEGAT, 2009).

Desta forma, vemos que, independente da forma como cada autor trata o conceito de Agronegócio, todos procuram enfatizar que a produção agrícola e sua comercialização tem várias complexidades, mostrando-se importante em várias áreas da cadeia produtiva, levando em conta a agregação de valor em cada fase deste processo. O conceito rudimentar de agricultura foi atualizado, tendo em vista que o agronegócio é o nosso negócio.

1.1.1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

A história econômica brasileira tem suas raízes fincadas junto ao Agronegócio. O Agronegócio é o conceito atual da agricultura, diante disso, esta evolução faz menção à acontecimento anteriores ao novo conceito.

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Foi através da exploração de um tipo de madeira, que se deu o nome definitivo ao nosso País, o pau-brasil. A ocupação do território brasileiro (XVI), na época apoiada na doação de terras, através de sesmarias, monocultura de cana-de-açúcar e escravidão, foram responsáveis pela expansão do latifúndio. (LOURENÇO, 2008).

A extinção do pau-brasil coincidiu na implantação da lavoura, que durante esse período serviu de base e sustentação para a economia. O processo de colonização e crescimento está ligado a vários ciclos agroindustriais: a cana-de-açúcar, com grande desenvolvimento do nordeste; a borracha na região amazônica transformando Manaus numa metrópole mundial; logo depois o café torna-se a mais importante fonte de poupança interna e o principal financiador do processo de industrialização; mais recentemente, a soja ganhou destaque como a principal commodity brasileira de exportação. (LOURENÇO, 2008 apud RENAI, 2007)

Em resumo, pode-se dizer que, a partir da década de 30, com maior intensidade na de 1960 até a década de 1980, o produtor rural passou, gradativamente, a ser um especialista, envolvido quase exclusivamente com as operações do cultivo de animais: por sua vez, as outras funções efetuadas no passado, atribuídas ao conceito de agronegócio como armazenar, processar e distribuir produtos agropecuários, e também as funções de suprir insumos e fatores de produção, foram passados para organizações produtivas e de serviços nacionais e/ou internacionais fora da fazenda impulsionando com isso a indústria da base agrícola. (LOUREÇO, 2008 apud VILARINHO, 2006).

Entre as décadas de 70 e 90, com o desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, o Agronegócio brasileiro passou por outro grande impulso proporcionando o domínio de regiões antes consideradas pouco ou nada produtivas para a agropecuária. O país passou então a ser considerado como aquele que dominou a “agricultura tropical”, chamando a atenção de todos os seus parceiros e competidores em nível mundial. Atualmente, produtos oriundos de complexo de soja, carnes e derivados de animais, açúcar e álcool, madeira (papel, celulose e outros), café, chá, fumo, tabaco, algodão e fibras têxteis, vegetais, frutas e derivados, hortaliças, cereais e derivados e a borracha natural são itens importantes da pauta de exportação brasileira. (LOUREÇO, 2008 apud VILARINHO, 2006).

A evolução da composição do Complexo do Agronegócio confirma que as cadeias do agronegócio adicionam valor às matérias-primas agrícolas, nos quais o setor de armazenamento, processamento e distribuição final constituem o portador de maior aumento

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no valor da produção vendida ao consumidor final, arraigado na rede de interligação entre a agricultura e a indústria. (LOURENÇO, 2008).

1.1.2 O PAPEL DO AGRONEGÓCIO NA ECONOMIA

Segundo dados do Ministério da Agricultura, o agronegócio é moderno, eficiente e competitivo. O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e exportação de vários produtos agropecuários. É o primeiro produtor e exportador de café, açúcar, etanol de cana-de-açucar e suco de laranja. Além disso, lidera o ranking das vendas externas do complexo soja (farelo, óleo e grão).

Com o exemplo de outros países, o agronegócio no Brasil, compreende o segmento de alimentos, fibras e energia renovável. Segundo Mendes e Júnior, 2007, no caso do nosso país, o agronegócio é responsável por:

a) Mais de 30% do PIB nacional cerca de R$ 2 trilhões, ou seja, R$ 600 bilhões. b) Mais de 40% da receita gerada com a exportação do Brasil, ou seja, mais de U$D

50 bilhões.

c) Cerca de 37% da mão-de-obra ou do total de empregos no pais (35 milhões de pessoas), sabendo-se que o PEA (população economicamente ativa) é de aproximadamente 95 milhões de pessoas.

d) Cerca de 45% dos gastos ou do consumo das famílias brasileiras. e) Utilização de mais de 50% da frota nacional de caminhões.

A urbanização e renda foram fundamentais para que o agronegócio brasileiro assumisse a importância que tem agora em razão das mudanças radicais da cadeia de alimentos e fibras, tanto ‘antes da porteira’ das fazendas (pesquisa e experimentação, sementes melhoradas, corretivos e fertilizantes, defensivos agrícolas, tratores, máquinas, combustíveis, vacinas e medicamentos veterinários) quanto, principalmente, ‘depois da porteira’ (transporte, armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas ou destes derivados). (MENDES; JUNIOR, 2007).

Segundo informações coletadas no site Corretora Mercado (2005) o agronegócio é responsável por 37% dos empregos, 30% do PIB (Produto Interno Bruto) e 39,4% das exportações. No ano de 2004 o setor registrou superávit de U$$ 35,6 bilhões, contra US$ 2,1 bilhões dos demais segmentos da economia. Com isso, o desempenho do agronegócio levou o

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Brasil a atingir superávit de US$ 37,8 bilhões na balança comercial no ano de 2008. (GOTTARDO; CESTARI Jr., 2008).

Segundo Araújo (2003), essa contribuição esconde uma realidade: as exportações estão sendo efetuadas basicamente com produtos commodities como açúcar, café, soja, frutas, etc., ou ainda com produtos intermediários não acabados, como farelo de soja, sucos concentrados, frangos e carnes congelados e outros. Ou seja, no tocante do agronegócio, o Brasil ainda é um país exportador de matéria-prima e de bens intermediários ou não acabados, possibilitando a agregação de valor fora do país. (GOTTARDO; CESTARI Jr., 2008 apud ARAÚJO, 2003).

Esses fatores chamam a atenção para a competência fora do país na produção ‘dentro da porteira’, ou seja, na produção agrícola propriamente dita, mesmo com toda a tributação e entraves no exercício da atividade.

Sobre as dificuldades encontradas dentro da cadeia produtiva do agronegócio, falaremos mais a seguir.

GRÁFICO A – Participação do PIB do Agronegócio no PIB Total do Brasil – Percentual.

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Através do gráfico acima, é possível quantificar a participação do PIB Agro, em relação ao PIB Nacional. O ano de 2003 teve sua participação mais elevada, 26,3%. Após este ano o percentual caiu e vem oscilando em resultados parecidos desde o ano de 2009.

GRÁFICO B – Comparativo do Total de Exportações no Brasil e Exportações do

Agronegócio – Balança Comercial Brasileira.

Fonte: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC

O gráfico da Balança Comercial Brasileira trás informações sobre à quantidade exportada total, levando em consideração tudo o que é exportado e também à quantidade exportada do Agronegócio.

Podemos perceber que as exportações do Agronegócio tem crescido, porém em proporções menores que o crescimento das exportações totais, indicando que existe o aumento de exportações de outros produtos.

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GRÁFICO C – Comparativo do Saldo Comercial no Brasil e Saldo Comercial do

Agronegócio – Saldo da Balança Comercial.

Fonte: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC

O gráfico do Saldo da Balança Comercial nos fornece informações sobre o resultado do cálculo de subtração da importação pela exportação.

O saldo do Agronegócio é crescente, indicando que as exportações tem crescido em relação às importações. O saldo total do Brasil está em queda, indicando o aumento das importações, em certos períodos o saldo até foi negativo.

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GRÁFICO D – Exportação, Importação e Saldo da Balança Comercial do Agronegócio

Fonte: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC.

O gráfico acima trás informações somente do Agronegócio, levando em consideração os números de exportação e importação. Percebemos que as importações tem aumentado um pouco, porém as exportações vem crescendo em valores maiores, deixando o saldo positivo e crescente.

1.1.3 AGRONEGÓCIO - COMERCIALIZAÇÃO

Neste tópico vamos procurar entender a importância da comercialização como uma das fases citadas nos conceitos sobre Agronegócio.

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O desenvolvimento histórico da comercialização está intimamente relacionado com a própria história do homem. A comercialização é o resultado direto da especialização e da tecnologia utilizada na produção, uma vez que ambas resultam em uma produção que excede as necessidades de subsistência, tanto para uso meditado quanto para uso futuro. (MENDES; JUNIOR, 2007).

No período pré-histórico, a maioria das famílias era (quase) auto suficiente. Produziam a maior parte dos produtos de que necessitavam. ‘Fabricavam’ a própria família, cozinhavam o próprio pão, teciam suas fibras e abatiam seus animais. Com o passar do tempo as pessoas perceberam que os diferentes recursos e talentos permitiam-lhes produzir algumas coisas melhores que outras. (MENDES; JUNIOR, 2007).

O excedente de produção em relação ao autoconsumo fez surgir o sistema de trocas de mercadorias entre grupos sociais (tribos). Assim, a comercialização aparece, pela primeira vez, no estágio de simples troca. Tribos e aldeias inteiras passaram a se especializar na produção de alguns bens que sua disponibilidade de recursos e habilidade natural os tornava capaz de gerar. (MENDES; JUNIOR, 2007).

Produziam para o autoconsumo e também excedentes passíveis de escambo, ou seja, a troca direta de mercadorias sem interferência da moeda. A especialização econômica aumentou a importância da troca direta e encorajou o aparecimento de mercados locais, nos quais diferentes bens eram reunidos em certos dias da semana ou épocas do ano. Era o conceito rudimentar de mercado. (MENDES; JUNIOR, 2007).

Neste momento surgiu outro problema: muitos bens a serem trocados eram inteiramente diferente e indivisíveis (uma carroça por um carneiro, por exemplo), o que dificultava a troca. Daí adveio o dinheiro como meio de troca em substituição aos metais (ouro e prata), que, por sua vez, já haviam substituído outros artigos (sal, pimenta, pérolas, carneiros, porcos, vacas, escravos) como padrão de valor. (MENDES; JUNIOR, 2007).

A especialização e a tecnologia, tanto dentro da propriedade rural quanto fora dela, contribuiu substancialmente para a evolução do sistema de comercialização, uma vez que seu objetivo é aumentar a produtividade e, por consequência, a produção. (MENDES; JUNIOR, 2007).

Diante deste sistema, define-se comercialização como o desempenho de todas as atividades envolvidas no fluxo de bens e serviços, desde o ponto inicial de produção agrícola até que eles cheguem às mãos do consumidor final. (MENDES; JUNIOR, 2007).

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Assim, em uma das abordagens da comercialização, a produção é considerada uma parte de um conjunto inter-relacionado de atividades econômicas, em que a ênfase está no sistema de comercialização como um meio de executar a coordenação entre a produção e da demanda do consumidor. Com esse enfoque, Brandt (1980), considera o sistema de comercialização como “o mecanismo primário para coordenação de produção, distribuição e consumo”. Sob esse prisma, a comercialização inclui as atividades de intercâmbio associadas com transferência dos direitos de propriedade de um produto, manipulação dos produtos e arranjos institucionais que facilitam essas atividades. (MENDES; JUNIOR, 2007 apud BRANDT, 1990)

A comercialização consiste naqueles esforços que realizam a transferência de propriedade e criam as utilidades de tempo, lugar e forma para os produtos. A utilidade de tempo é adicionada ao produto com o armazenamento. A facilidade de lugar é incorporada ao produto pelo transporte. Finalmente, a utilidade de forma é adicionada por meio de processamento. Pela geração dessas utilidades, as atividades da comercialização são produtivas e adicionam valores à matérias-primas agrícolas que os consumidores desejam. (MENDES; JUNIOR, 2007).

O papel da comercialização concentra-se em aspectos básicos: orientar a produção e o consumo e produzir utilidades. É considerada por muitos autores como o mecanismo mais eficiente de desenvolvimento econômico. Diante disso, será dado ênfase ao setor de armazenamento, pois a produção agrícola é altamente sazonal, ou seja, ocorre em determinados meses do ano, porém o consumo é constante no decorrer deste período, o que faz com o que armazenamento permita melhorar a distribuição da produção aos níveis de consumo. (MENDES; JUNIOR, 2007).

1.1.4 ARMAZENAGEM: PROBLEMAS RELACIONADOS

A produção de grãos no Brasil aumenta a uma velocidade espantosa, culminando em safras recordes que sustentam a crescente demanda nacional e internacional. Apesar disso, a infraestrutura e a logística parecem ter andado na contramão do desenvolvimento, como podemos confirmar através do gráfico e quadros à seguir.

(25)

PRODUTO 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 Previsão (¹)

BRASIL (Área Plantada em mil Hectares) 47.867,6 46.212,6 47.411,2 47.674,4 47.415,7 49.872,6 50.885,2 53.563,0 56.988,4 57.755,1 BRASIL (Produtividade em Kg/ha) 2.560 2.851 3.040 2.835 3.148 3.264 3.266 3.522 3.393 3.501

BRASIL (Produção em mil toneladas) 122.530,8 131.750,6 144.137,3 135.134,5 149.254,9 162.803,0 166.172,1 188.658,1 193.386,1 202.183,7

Fonte: Conab

Legenda: (1) Estimativa em janeiro/2015

Série Histórica de Área Plantada, Produtividade e Produção - GRÃOS

Safras 2005/06 a 2014/15

Legenda: (*) Produtos selecionados: Caroço de algodão, amendoim (1ª e 2ª safras), arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijão (1ª, 2ª e 3ª safras), girassol, mamona, milho (1ª e 2ª safras), soja, sorgo, trigo e triticale

Abaixo quadro e gráfico com informações da Conab sobre Área Plantada, Produtividade e Produção de Grãos:

QUADRO 1 – Área Plantada, Produtividade e Produção – GRÃOS

Fonte: CONAB (2014).

GRÁFICO E – Área Plantada, Produtividade e Produção - GRÃOS

(26)

Segundo informações disponibilizadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a capacidade estática de armazenagem no Brasil é de 149.737.679 de toneladas, conforme mostra o quadro abaixo:

Mapa da Capacidade Estática dos Armazéns

UF

Convencional Granel Total

Quantidade Capacidade (t) Quantidade Capacidade (t) Quantidade Capacidade (t) AC 14 28.279 1 1.000 15 29.279 AL 57 201.861 16 348.856 73 550.717 AM 15 35.702 8 311.898 23 347.600 AP 4 6.276 - - 4 6.276 BA 347 871.539 294 3.287.305 641 4.158.844 CE 92 216.575 10 168.000 102 384.575 DF 56 152.065 38 328.755 94 480.820 ES 252 682.306 19 810.251 271 1.492.557 GO 301 1.331.808 622 11.291.821 923 12.623.629 MA 39 135.265 121 1.861.742 160 1.997.007 MG 767 3.081.507 485 5.967.186 1.252 9.048.693 MS 186 653.787 670 7.620.330 856 8.274.117 MT 453 2.237.216 1.743 28.675.548 2.196 30.912.764 PA 81 210.670 59 645.464 140 856.134 PB 25 58.509 4 41.330 29 99.839 PE 70 395.097 39 582.647 109 977.744 PI 51 94.780 90 869.001 141 963.781 PR 1.198 4.656.082 1.907 23.701.811 3.105 28.357.893 RJ 21 105.448 7 79.050 28 184.498 RN 20 58.210 2 5.287 22 63.497 RO 84 211.582 51 521.969 135 733.551 RR 14 35.406 13 112.069 27 147.475 RS 1.160 2.853.287 3.557 25.872.620 4.717 28.725.907 SC 310 783.611 658 4.418.004 968 5.201.615 SE 1 3.200 1 3.200 SP 704 4.211.680 477 7.371.421 1.181 11.583.101 TO 53 314.469 84 1.218.097 137 1.532.566 Total Geral 6.375 23.626.217 10.975 126.111.462 17.350 149.737.679

QUADRO 2 – Mapa da Capacidade Estática dos Armazéns

(27)

Algumas regiões do Brasil mostram um quadro crítico em seus sistemas de armazenamento. É o caso do Mato Grosso e do Paraná, os maiores produtores de soja e milho do País, que enfrentam uma situação complicada com a colheita. Durante a safra, é notável o congestionamento nas estradas e, sobretudo, nos pátios de recepção. É comum o “armazenamento” ao ar livre por falta de espaço nos silos. Considerando as duas colheitas de milho e soja na safra 2012/2013, a produção estimada é de 41,0 milhões de toneladas no Mato Grosso, e 33,2 milhões de toneladas, no Paraná. No entanto, a capacidade estática para a armazenagem de grãos é de 28,5 milhões e 27,3 milhões de toneladas, respectivamente. (AGUIAR; GRÍGOLLI; LIMA FILHO; TORRES JUNIRO, 2013 apud CONAB).

Para amenizar essa situação de déficit na armazenagem, cabe ponderar o escoamento rápido de parte da colheita. No entanto, é preciso também considerar que só uma parcela dos armazéns é destinada à recepção de grãos. Muitos deles ficam distantes e servem exclusivamente indústrias e portos. Soma-se isso ao fato de a concentração de barracões não corresponder ao volume produzido em cada região. Transportar grãos para regiões distantes de portos só encarece a produção, além de que, a questão dos transportes também é um grave problema na estrutura do agronegócio brasileiro. (AGUIAR; GRÍGOLLI; LIMA FILHO; TORRES JUNIRO, 2013 apud CONAB).

A pouca eficiência nos sistemas de transporte de cargas tem levado o agronegócio nacional a se deparar com muitas dificuldades no que tange a produzir de forma competitiva, tanto para o mercado interno, quanto para o externo, devido à inadequação das estruturas de transporte e logística.

Em resumo, podemos dizer que existem quatro tipos diferentes de modais de transporte. O primeiro em questão é o modal rodoviário, que, devido às distâncias percorridas pelos produtos encarece o custo do produto, devido ao preço do transporte. No caso do milho, cerca de 22% do seu preço reflete o valor do transporte; no caso da soja esse valor é de 16%, do trigo de 15% e do café apenas de 2% em média. Além de que este transporte é economicamente indicado para distâncias de até 500 km em relação ao ferroviário, e para distâncias até 1.000 km em relação ao de cabotagem. (MENDES; JUNIOR, 2007).

Muitos produtos agrícolas, porém, fazem um “passeio’, pois percorrem distâncias muitos maiores dos que as informadas anteriormente. O farelo de soja, por exemplo, percorre cerca de 555 km, a soja em grão 756 km, o trigo 851 km, o milho 1603 km, o arroz 1653 km. (MENDES; JUNIOR, 2007).

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Fora esses aspectos, o transporte rodoviário é preferido ao trem porque permite a entrega na porta e permite maior rapidez na entrega pois possui maior flexibilidade de rotas. Além de que suas embalagens podem ser mais simples, leves e baratas pois as mercadorias são submetidas a menos choques e menos manuseios. (MENDES; JUNIOR, 2007).

O segundo modal de transporte é o modal rodoviário que já o foi principal meio de transporte utilizado, e que hoje transporta com maior quantidade o minério de ferro. Neste tipo de transporte, o que dificulta é a enorme heterogeneidade do sistema, com ferrovias modernas e produtivas operando com outras deficitárias. O sistema registra bom desempenho, com elevados índices de produtividade, quando comparado aos dos países com economias semelhantes. (MENDES; JUNIOR, 2007).

O modal hidroviário, nos anos de 1990, passou a ser utilizado com maior escala no Brasil, como forma de baratear o preço final dos produtos, principalmente os de exportação. O custo por quilômetro é duas vezes menor que o da ferrovia e cinco vezes mais baixo que o da rodovia. (MENDES; JUNIOR, 2007).

Comparando o transporte marítimo de cabotagem ao rodoviário, percebe-se:

a) Um comboio de 10 mil toneladas transporta a carga equivalente à transportada por 278 caminhões de 36 toneladas cada;

b) Esse mesmo comboio, em um percurso de 500 quilômetros, consome cerca de 21 toneladas de combustível. A frota de caminhões, para cobrir o mesmo percurso, consome 54 toneladas.

c) Para essa frota de 278 caminhões, são necessárias 556 pessoas, entre motoristas e ajudantes, ao passo que o comboio de 10 mil toneladas é tripulado por apenas 12. Os investimentos para transformação de um rio em hidrovia, porém, são altíssimos, pois são necessárias algumas obras de engenharia para retirada de terra do fundo do rio de modo a deixá-lo operacional a navios e barcos de maior porte. (MENDES; JUNIOR, 2007).

Ainda existe o transporte do tipo dutoviário, onde o principal produto transportado é o petróleo.

Diante de todas estas situações, referente ao transporte, é possível verificar que o agronegócio nacional tem o custo mais elevado do mundo para o escoamento das safras e dos produtos agroindustriais. Segundo a Associação Brasileira de Agribusinesses (Abag, 2000), são U$$ 400 milhões ao ano à espera de caminhões, U$$ 200 milhões à espera de vagões, U$$ 250 milhões à espera de navios, que, quando adicionados a outras ineficiências, chegam a cerca de U$$ 2 bilhões ao ano em média. (MENDES; JUNIOR, 2007).

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Os problemas de movimentação de safras tendem a crescer ano após ano, exigindo planejamento e investimentos em infraestrutura.

A falta de transportes é responsável por altos custos de comercialização e pela predominância da agricultura de subsistência.

Segundo Lorini (2002) as perdas quantitativas durante o processo de colheita, transporte e armazenamento em média, no Brasil, chegam a 20% da produção anual. Além disso existem perdas de qualidade de grãos e de subprodutos, divido a fatores de colheita, secagem e armazenamento. (COIMBRA, PARRÉ, DALPASQUALE, 2006 apud LORINI, 2002).

Segundo Dockers (2006), capacidade estática das estruturas armazenadoras existentes no Brasil, registrada até o mês de novembro de 2006, é de 121,96 milhões de toneladas, distribuídas em 16.382 unidades cadastradas. Os armazéns existentes anualmente, no Brasil, seriam capazes de estocar apenas 83% da colheita de grãos projetadas para o ano-safra 2004/05. (COIMBRA, PARRÉ, DALPASQUALE, 2006 apud DOCKERS, 2006).

Estima-se que apenas 5% das propriedades rurais brasileiras (cerca de 240 mil), possuem algum tipo de sistema de armazenagem, contra 62% no Estados Unidos, 35% na Argentina e 30% na França. Gerando, com isso, perdas pós-colheitas, grande oferta de produção na época da colheita com preço baixo, pouca perspectiva de remuneração (renda) do produtor e perda de competitividade no agronegócio. Condição também que sobrecarrega sobremaneira a rede coletora (intermediários) e compromete a rede terminal (portos). (NOGUEIRA E NOGUEIRA, 2007).

O sistema de armazenagem nacional está subdimensionado e poderá se tornar um sério problema (gargalo) para o desenvolvimento e a expansão do agronegócio nacional e faz

parte do chamado “Custo Brasil5”. Na condição de celeiro do mundo, o Brasil deve zelar pelo

planejamento e pala garantia da regularidade do abastecimento interno, além de manter a competitividade do produto no mercado externo.

5 O custo Brasil representa o gasto necessário para a produção de um bem ou para a geração de um serviço em nosso pais. Dentre os principais itens que compõem o Custo Brasil, podem ser citados: a falta de infra-estrutura e de logística (transporte, armazenagem e portos); a excessiva carga tributária e fiscal; os pesados encargos trabalhistas que oneram o custo de mão-de-obra; a taxa de juros real excessivamente alta, que inibe a produção; a falta de políticas adequadas e de longo prazo e a existência de protecionismo e barreiras internacionais, entre outros aspectos.

(30)

1.2. ARMAZENGEM: CARACTERIZAÇÃO

Segundo Weber (2001), cientistas franceses ao estudar o comportamento humano nos seus primórdios, chegaram à conclusão de que um marco importante na história da humanidade, quem sabe o marco divisor poderia ter sido o início da armazenagem.

Segundo os pesquisadores, mesmo os mais notáveis feitos da humanidade não teriam a importância que tiveram a experiência e o aprendizado da armazenagem na vida das pessoas e dos povos. Com ela, os nômades deixaram de vagar de terra em terra à procura do alimento, e passaram a colher e armazenar para o consumo diário em períodos que a natureza não era propícia ao plantio e cultivo.

Estabelecidos, não precisavam mais abandonar suas terras e constituíram aldeias onde passavam a cultivar, colher e armazenar, o marco que poderia dividir a História da humanidade, entre o antes e o depois da armazenagem.

A história da Humanidade registra, e o Museu Britânico preserva até hoje um papiro com uma história do Egito, em que se conta sobre a fome que sobreviria àquele país. Seriam sete anos de grandes safras, boas produções de grãos, haveria fartura e sobrariam mantimentos. Mas haveria a seguir outros sete anos, estes de miséria e fome, sem produção de alimentos.

O livro de Gênesis, capítulo 41, parte do Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, também registra a história egípcia que envolveu o hebreu José, nos idos dos anos 1700 a.c., de onde destacamos:

V.29 – “E eis que vem sete anos, e haverá grande fartura em toda a terra do Egito”. V.30 – “E depois deles levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será esquecida na terra do Faraó, para mantimento nas cidades e o guardem”-,

V.35 – “E ajuntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e amontoem trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento das cidades, e o guardem”-,

V.36 – “Assim será o mantimento para provimento da terra para os sete anos de fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome”.

O fato é interessante pois esse registro trata de uma experiência de 3.700 anos atrás, em que uma nação implanta um programa extraordinário de produção, experimentando sete super safras e armazenando os excedentes, para, findo o período, abrindo os depósitos e os silos, retirar os grãos, especialmente trigo com boas condições para o provimento, “para que a terra (o povo) não pereça de fome”.

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Sem os atuais recursos, sem tecnologia, sem produtos químicos, sem tantos outros conhecimentos, porém com determinação, força, política e sabedoria, implantaram um plano de produção com separação de um quinto das safras ao longo dos sete anos para armazenar. Este é o desafio, armazenar para períodos de 1, 2, 3 anos, e períodos longos de 5, 6 e 7 anos. Este fato serve como estímulo para mostrar que basta querer produzir e não haverá falta de alimentos.

Diante disso, mostra-se a importância que os sistemas de armazenagem possuem, e se não há sistemas de armazenagem o suficiente, isso é um grande problema, pois parte da produção pode estar sendo perdida, e os produtos deixam de alimentar a população.

Veremos a seguir as diferentes características, tipos, formas e locais de armazenagem.

Unidades Armazenadoras a) Classificação

1. Por Entidade

Governo: A estrutura de armazenagem nacional conta com a participação

governamental através das empresas Estatais, Federias e Estaduais.

A rede pública no País possui aproximadamente 12% da capacidade armazenadora para grãos a granel, incluindo as Empresas de Economia Mista.

Cooperativas: As cooperativas, com 32% da capacidade graneleira, têm uma

participação relevante no setor de produção e de armazenagem.

Particulares: As instalações particulares, as indústrias de óleo, os silos rurais em

nível de fazenda e urbanos, as empresas de armazenagens gerais representam uma participação importante no complexo armazenador a granel, na ordem de 59%. A armazenagem em nível de fazenda participa com valores muito discretos em relação ao que seria conveniente e à armazenagem dos países mais avançados. No Brasil, é armazenado algo da ordem de 5% da produção total de grãos, enquanto nos EUA, a armazenagem neste nível de fazenda chega à casa dos 40%.

2. Quanto à Localização

No que diz respeito à localização, as unidades podem ser classificadas:

Produtor: Estão localizadas nas empresas agrícolas ou pessoas físicas, junto às

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Coletoras: Essas unidades se encontram a uma distância média das propriedades

rurais e servem a vários produtores. São de médio ou grande portes e, como exemplo, podemos mencionar as Cooperativas.

Subterminais: As unidades subterminais armazenam produtos de origem das

fazendas ou das unidades coletoras. Localizam-se em pontos estratégicos do sistema viário, em locais atendidos pelo sistema ferroviário e, sempre que possível, do hidroviário, que apresenta enormes vantagens aos produtores, consumidores e ao complexo exportador, em função da diminuição dos custos de transporte. Esta redução não se deve apenas em relação aos valores do transporte, mas a todo o sistema, especialmente na expansão e conservação das rodovias.

Terminais: São as unidades localizadas junto aos grandes centros consumidores, de

onde o produto sai para o consumo imediato. Também são assim denominadas, as encontradas junto aos portos para a exportação de grãos.

3. Quanto ao Tipo de Edificações por Espécie

Classificamos os silos quanto ao tipos de edificações, seu projeto e funcionamento, es características mínimas de boa preservação dos grãos armazenados.

Convencionais: Não se trata propriamente dos silos, mas dos armazéns, construídos

com a finalidade de armazenar grãos ensacados. Têm sido utilizado especialmente junto às lavouras de arroz, empresas de beneficiamento, em produtores de sementes ou para a guarda de insumos diversos.

Graneleiros: Historicamente, os armazéns graneleiros representam uma grande

contribuição e um avanço da armazenagem no Brasil quando da implantação das lavouras existentes nos anos 60. Os projetos dos armazéns convencionais se adaptaram às condições locais e se buscava com eles uma solução econômica para a granelização a partir dos armazéns com transporte mecanizado de carga e descarga.

Inicialmente, muito limitados em seu uso, sem termometria e aeração, recebiam apenas grãos limpos, bem secos e como único recurso, quando do aquecimento da massa, a transilagem. Ainda são construídos, porém com menor frequência e dotados de sistemas de termometria que indica, preventivamente, o aumento da temperatura interna e aeração, que atua removendo focos de aquecimento, mantendo os grãos em boas condições por períodos prolongados.

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No que diz respeito ao fundo, estes silos podem ser: a) fundo plano com aeração sem túnel; b) fundo plano com aeração e túnel; c) fundo semi –“V” com túnel; d) fundo “V” com túnel; e) fundo elevado em “V”.

Concreto: Os órgãos públicos executaram, ao longo dos anos, várias unidades

denominadas de silos elevadores, compreendidos por células de concreto em que se aproveitava como unidade de armazenamento, as células e as intercélulas. Também são utilizados junto a moinhos e portos, pois pela sua forma cilíndrica vertical e altura ocupam menos espaço.

São edificações que exigem elevados investimentos e tinham como “argumento” a característica forte de hermeticidade, que seria uma condição necessária para os casos de armazenagem prolongada acima de três ou mais anos, e o tratamento químico (expurgo) dos grãos. Sabe-se, porém, que estes argumentos não são relevantes, visto que os silos metálicos, disponíveis com completa segurança de termometria aeração e expurgo.

Hoje são construídas as células de concreto, versão mais econômica, também em forma de bateria, porém afastadas umas das outras sem a existência da intercélula. São mais econômicas do que os projetos dos silos elevadores largamente utilizados na Europa e nos Estados Unidos, especialmente nas unidades subterminais e terminais.

Metálicos: Os silos metálicos têm história no Brasil. Nos anos 50 e 60, foram

importantes algumas unidades e outras recebidas através do Projeto Alimentos para a Paz, dos EE.UU. Na época, o pouco conhecimento destes silos, seu sistema de funcionamento e a falta de acessórios indispensáveis para a boa conservação, fez com que os silos adquiridos ou recebidos não apresentassem resultado satisfatório.

Em quase todos os casos faltaram sistemas de carga e descarga adequados e velozes, sistema de ventilação e termometria. Alguns casos sequer fundos possuíam, a não ser chão batido. Nestas condições, os silos metálicos representavam más condições de armazenagem e ficaram desacreditados, até porque perdeu-se muito produto em suas células e muitos deles terminaram sendo desmontados e suas chapas utilizadas para o fechamento de galpões.

Vencidas as resistências naturais dos produtores por um equipamento tão marcado pela ineficácia, os silos metálicos, isolados ou em baterias, estão sendo produzidos e instalados em larga escala e a sua versatilidade, facilidade de ampliação e qualidade têm sido preferidos para obras de pequeno, médio e grande porte.

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Os silos metálicos possuem vantagens sobre os armazéns: Menor custo de mão de obra; maior velocidade de recebimento e expedição; inexiste o custo de embalagem; possibilidade de expurgo; elimina os roedores, etc.

Basicamente os depósitos destinados ao armazenamento de grãos a granel são classificados em silos elevados e silos horizontais segundo a forma da estrutura de armazenamento. Os silos elevados são depósitos cuja altura é maior que o diâmetro. São os bin, upright storge e vertical storage. Os silos horizontais ou armazéns graneleiros tem altura menor que a base e são denominados horizontal storage ou flat storage. (REGITANO, ESALQ/USP).

A implantação do manuseio e armazenagem a granel constitui uma tendência universal. Nos países desenvolvidos, a manipulação a granel é generalizada e integrada à colheita. À medida que o agricultor melhora o nível de tecnologia, utilizando combinadas nas colheitas, verifica-se a tendência de manipular a sua produção a granel, como acontece em algumas regiões do sul e sudeste do país. (REGITANO, ESALQ/USP).

Diante de toda a variedade que existe para armazenamento de grãos e de sua importância, os principais parâmetros que devem ser verificados para escolher a unidade armazenadora a ser implementada são: tipo de produto a ser armazenado; fatores técnicos e econômicos; custo de instalação e de operação; finalidade a que destina a unidade; localização.

Devido a inúmeros parâmetros, a seguir serão destacados as vantagens e desvantagens de cada tipo de unidade armazenadora a granel. (REGITANO, ESALQ/USP).

a) Silo Metálico:

Vantagens: funções mais simples e baratas; custo por tonelada inferior ao silo de concreto; células de capacidade média permitindo maior flexibilidade operacional.

Desvantagens: possível infiltração de água; possibilidade de vazamento de gases durante o expurgo; transmissão de calor ambiente para dentro da célula, podendo ocorrer condensações; maior custo de instalação que os armazéns graneleiros.

b) Silo Vertical de Concreto:

Vantagens: menor espaço ocupado; devido seu desenvolvimento vertical; paredes espessas, evitando transmissão de calor para a massa de grãos; melhor conservação dos grãos, permitindo armazenagem por longo tempo.

Desvantagens: alto custo de implantação e longo tempo para construção; torre de serviço cara; grande altura de queda de grãos, causando quebra.

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c) Armazém Granelizado / Graneleiro:

Vantagens: baixo custo de instalação; rapidez de execução; aproveitamento da capacidade ociosa de armazéns convencionais.

Desvantagens: menor versatilidade de movimentação dos grãos; baixa capacidade dinâmica; grande quantidade de mão-de-obra para movimentar os grãos; grande possibilidade de infiltração de água; funcionamento inadequado de sistema de aeração, quando existente.

O objetivo de armazenamento adequado de grãos é manter sua duração, as qualidades biológicas, químicas e físicas que os grãos possuem, imediatamente após a colheita. A operação de secagem é uma parte importante do processamento que antecede a armazenagem. A qualidade dos grãos não pode ser melhorada durante o armazenamento; grãos colhidos inadequadamente serão de qualidade baixa, não importando como serão armazenados. Dois fatores afetam de modo especial a qualidade dos grãos: alto teor de umidade e colheita inadequada. (DE MARTINI; PRICHOA; MENEGAT, 2009).

Os principais agentes que causam redução da qualidade e diminuição da quantidade de produtos armazenados são os roedores, insetos, pássaros e fungos. A respiração dos grãos pode, em menor escala, contribuir para a perda de matéria seca durante a armazenagem. (DE MARTINI; PRICHOA; MENEGAT, 2009).

De acordo com estudos da universidade de Viçosa, Estado de Minas Gerais, a quantidade de grãos de milho perdidos por armazenagem, em fazendas do Brasil, foi estimada em 35%. Nos Estados Unidos, onde condições de clima e facilidades de transporte e armazenagem são menos propícias ao desenvolvimento de insetos, as perdas causadas por esses agentes não são tão elevadas quanto no Brasil. (DE MARTINI; PRICHOA; MENEGAT, 2009).

Os fungos foram reconhecidos como os mais importantes causadores de danos às sementes. Os principais tipos de danos causados pelo desenvolvimento de mofos em grãos armazenados são: diminuição da percentagem de respiração, descoloração de parte ou de todo o grão, alterações biológicas, produção de toxinas que podem ser prejudiciais aos homens e animais e perda de peso. (CESA 1974).

As condições principais que influenciam o desenvolvimento de fungos em produtos armazenados são: teor de umidade dos grãos, temperatura, tempo de armazenagem, graus de infestação por fungo no campo, presença de material estranho e atividades de insetos roedores. (DE MARTINI; PRICHOA; MENEGAT, 2009).

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1.2.1 ARMAZÉNS PRÓPRIOS – VIABILIDADE

Um depósito próprio é operado pela empresa proprietária da mercadoria. As instalações podem ser próprias ou alugadas. A decisão a respeito da melhor estratégia para cada empresa é essencialmente financeira. Nem sempre é possível encontrar um depósito ou aluguel que atenda a todas as necessidades. Depósitos exigem muitas atividades de manuseio de materiais, e as instalações existentes disponíveis para aluguel podem não estar adequadamente projetadas. Um depósito eficiente deve ser planejado, considerando o sistema de manuseio de materiais, a fim de permitir a máxima eficiência do fluxo da mercadoria. (HONG, 2009).

As principais vantagens da armazenagem própria é o controle, a flexibilidade, o custo, e outras vantagens intangíveis. Depósitos próprios oferecem mais controle, pois a empresa tem autoridade absoluta para a tomada de decisões a respeito das atividades e das prioridades nas instalações. Esse controle facilita a integração das operações do depósito com os outros procedimentos logísticos internos da empresa. (HONG, 2009).

Os depósitos próprios oferecem geralmente mais flexibilidade, pois podem ser ajustados políticas e procedimentos operacionais para atender necessidades específicas. Empresas com clientes ou produtos muito especiais são motivadas a instalar seus próprios depósitos. (HONG, 2009).

Depósitos próprios são considerados menos custosos do que depósitos públicos, por que nos custos daqueles não são computadas margens de lucro. Assim, tanto os custos fixos como os custos variáveis são menores. Essa vantagem, entretanto, pode não ser verdadeira, já que os depósitos públicos são frequentemente mais eficientes. É importante fazer avaliações precisas do total de custos envolvidos, antes de se tomar decisões sobre as estratégias que serão adotadas. (HONG, 2009). Veremos as avaliações, no terceiro capítulo deste trabalho.

Ainda, depósitos próprios têm algumas vantagens intangíveis, principalmente em relação à presença no mercado. Um depósito próprio com o nome da empresa na porta dá impressão aos clientes de pronta resposta e estabilidade. Isso pode dar também uma vantagem de marketing sobre outras empresas. (HONG, 2009).

A maior parte das indústrias e grandes empresas comerciais possuem seus armazéns que variam desde instalações simples para acondicionamento de pequenas quantidades até grandes instalações especializadas. A grande dúvida que se tem em investir um armazém próprio é se a taxa de retorno é compensatória, pois é isso que vai fazer o proprietário investir

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ou não. Além do risco da perda de capital, a empresa irá criar um elo de atividade-meio, quando poderia dedicar todos os seus esforços na produção, atividade fim. (HONG, 2009).

Souza (2004), diz que por falta de preparo ou de erros de avaliação, muitos novos negócios ou produtos geram grandes prejuízos para o investidor. “A decisão de investir é de natureza complexa, porque muitos fatores, inclusive de ordem pessoal entram em cena”. (DE MARTINI; PRICHOA; MENEGAT, 2009 apud SOUZA, 2004).

Além de aspectos gerais envolvidos, como tecnologia disponível, mercado consumidor, logística e distribuição, etc, no plano financeiro, segundo Woiler (2007), é determinado por:

1. Lucratividade (Preço – Custos), em relação aos produtos ou serviços

correspondentes ou similares.

Necessidade de capitais (Giro e Fixo) adicionais para o novo negócio ou produto. (DE MARTINI; PRICHOA; MENEGAT, 2009 apud FERREIRA, 2001).

Vemos que são diversos fatores que influenciam na implantação ou não de uma unidade própria de armazenagem. Talvez o custo de implantação, e o tempo de retorno sobre o investimento seja o que mais dificulte, fazendo com que no Brasil esta não seja uma prática muito difundida, ao contrário de outros países. Diante disso, o governo brasileiro tem aberto algumas linhas de crédito para financiar unidades, entre outros. Essas linhas de crédito serão objeto de nosso estudo no segundo capítulo deste trabalho.

Em outros países, principalmente desenvolvidos, onde a produção de grãos constitui uma das principais fontes de divisa, a sequência do sistema de armazenagem principia na fazenda e evolui para os armazéns coletores, intermediários e terminais. No Brasil observa-se o contrário, porque a estrutura de armazenagem inicia nos terminais intermediários coletores, geralmente representados pelas cooperativas, resultando numa atividade tipicamente urbana.

A armazenagem na propriedade, além de propiciar a comercialização da produção em melhores períodos, evitando as pressões naturais do mercado na época da colheita, a retenção de produto na propriedade, quando bem conduzida, apresenta inúmeras vantagens. Dentre elas devem ser citadas:

- Minimização das perdas de quantidade e qualidade que ocorrem no campo, pelo atraso da colheita ou durante o armazenamento em locais inadequados;

- Economia do transporte, pois os fretes alcançam seu preço máximo no “pico da safra”. Quando o transporte for necessário, terá o custo diminuído, devido à eliminação das impurezas e do excesso de água pela secagem.

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- Maior rendimento na colheita para evitar a espera dos caminhões nas filas das unidades coletoras ou intermediárias;

- Melhor qualidade do produto, evitando o processamento inadequado devido ao grande volume a ser processado por período da safra;

- Obtenção de financiamento por meio de linhas de crédito específicas para pré-comercialização. (REGITANO, ESALQ/SP).

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2 CRÉDITO

Neste capítulo será realizada uma revisão das principais linhas de financiamento disponibilizadas pelo governo destinado ao estímulo do agronegócio, com ênfase na armazenagem de grãos. Serão revisados os objetivos, beneficiados, valores, limites e as condições de taxa de juros e prazo para os pagamentos.

A primeira parte do capítulo fará uma introdução ao assunto, indicando as origens e os objetivos do crédito rural. A segunda parte trará as informações disponibilizadas no site do BNDES.

2.1 CRÉDITO - INTRODUÇÃO

Devido ao fato de a produção agrícola ser altamente estacional, ao passo que o consumo é relativamente constante no decorrer do ano, levando em consideração também o investimento na produção, que demanda custos altos, seja com o plantio, colheita, armazenamento ou comercialização da produção um conjunto de ações voltadas para o planejamento, o financiamento e o seguro da produção constitui a base da Política Agrícola do Ministério da Agricultura.

Por meio de estudos na área de gestão de risco, linhas de créditos, subvenções econômicas e levantamento de dados, o apoio do estado acompanha todas as fases do ciclo produtivo. Essas ações se dividem em três grandes linhas de atuação: gestão do risco rural, crédito e comercialização.

A gestão de risco rural realiza-se em duas frentes. Antes de iniciar o cultivo, o agricultor conta com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático. Essa ferramenta tecnológica indica o melhor período para se plantar em cada município do país, conforme a análise história do comportamento do clima. E, para se proteger dos prejuízos causados por eventos climáticos adversos, o produtor pode contar com o Seguro Rural, com parte do prêmio subsidiado pelo Ministério.

Referências

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