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VOLLEY-BALL

Paulo Emmanuel da Hora Matta PLANO GERAL DE TREINAMENTO FÍSICO

OBJETIVO

Preparar fisicamente a Seleção Brasileira de Volley-Ball masculino para os Jogos Olímpicos do México.

ORIENTAÇÃO DO TREINAMENTO

Sendo o Volley-Ball um desporto que exige potência muscular, resis-tência, agilidade e coordenação, serão empregados, na proporção abaixo, os seguintes métodos de treinamento:

PREPARO NEUROMUSCULAR Power Training , 20% (Potência Muscular = Força x Circuit Training 15% Velocidade) Interval Training 15%

(50%)

PREPARO ORGÂNICO (Resis- Cross Promenade 10% tência — Endurance — Adapta- Interval Training 15% ção à altitude) Circuit Training 5%

(35%) Altitude Training 5% A G I L I D A D E E COORDENA- Ginástica Acrobática 10% ÇAO MUSCULAR Ginástica Natural 5%

(15%) SERVIDÕES

Considerando o fato de estar o local da competição (México) situado a 2.240 metros de altitude, e com uma diferença correspondente a 4 fusos

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norários no sentido Leste—Oeste, serão constatadas reações orgânicas por parte dos atletas, tornando-se, pois, necessário observar as sebuintes ser-vidões:

a) Adaptação à altitude

Antes da viagem — U m período de pré-aclimatação de duas (2) sema-nas de treinamento em Campos de Jordão (1.800 metros de altitude).

Após a chegada — U m período de aclimatação no local da competição, constando de quatro (4) dias de repouso e duas semanas de treinamento progressivo até à estréia no Torneio.

b) Fusos horários

Para neutralizar parte dos efeitos negativos da mudança de fusos, os atletas serão instruídos de modo a alterar, a longo prazo, o horário de suas atividades. O quadro abaixo serve de orientação:

HORA — MÉXICO A T I V I D A D E HORA — RIO

07,00 Desjejum 11,00 12,00 Almoço 16,00 16,00 Lanche 20,00 20,00 Jantar 24,00 22,00 Recolher 02,00 CADERNETA DE TREINAMENTO

Será mantido um registro individual de todos os atletas, em fichas apropriadas, onde constarão:

— Dados biométricos (peso, altura, envergadura, pulso, pressão e t c ) . — Observações durante o treinamento.

— Controle alimentar.

— Observações durante a competição. PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA

Serão realizadas breves palestras de orientação para os atletas, abor-dando, entre outros, os seguintes assuntos:

— Importância da representação esportiva do Brasil. — Espírito olímpico.

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— Importância do preparo físico nas performances.

— Normas gerais de ação para treinamentos, viagens e concentração. — Esclarecimento sôbre o efeito da altitude e da mudança de fusos. — Atualização sôbre regras e conceitos de arbitragem. ,

CALENDÁRIO

1. " Fase .

— (28 dias — Rio) Concentração no C.E.M. (Ilha das Enxadas). Início — 6 de julho — Apresentação.

— Exames médicos. " *' " — Normas para o treinamento.

— Preparação física de base (70% do tempo de treinamento). — Preparação técnica e tática (30% do tempo de treinamento). Término — 4 de agôsto •— 1* dispensa.

Fase intermediária (14 dias — nos Estados de origem).

Início — 5 de agôsto. . — Execução de um programa individual de treinamento, a ser

pres-crito.

Término — 18 de agôsto.

2. " Fase • ]

— (20 dias — Rio) Concentração ho C.E.M. (Ilha das Enxadas). Início — 18 de agôsto.

— Preparação física específica (50%). — Preparação técnica e t á t i c a (50%). Término — 6 de setembro — 2." dispensa.

3. a Fase

— (14 dias — Campos do J o r d ã o ) . Início — 9 de setembro — Viagem.

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— Preparação física 30%.

— Preparação técnica e tática (70%). — Adaptação inicial à altitude.

Término — 23 de setembro — Retorno. Viagem para o México

Preparativos — de 23 a 25 de setembro. Embarque — 26 de setembro.

4." Fase

— (18 dias — Cidade do México).

— Repouso (recuperação e adaptação) — de 27 de setembro a 1.° de outubro. . „ .

— Treinamentos finais, em ritmo progressivo — de 2 a 14 de outubro. — Estréia — dia 15 de outubro.

PLANO DE TREINAMENTO TÉCNICO — PASSES

. toque

. recepção (rolamentos e suspensão) . alto

. no local da penetração

. na entrada, no centro e na saída, dando condição a uma cortada ou a outro passe.

— LEVANTAMENTO . para frente

. para o lado . para trás

. posição em relação à bola . bola alta

. bola baixa (rápido, levantamento curto)

. bola longa (com exploração de corredor e do bloqueio) . em diagonal

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DEFESA alta baixa (manchete) queda rolamento mergulho

posição do corpo e dos pés.

BLOQUEIO ofensivo defensivo simples duplo triplo, no centro '

posição do corpo e das mãos

deslocamento do centro para as laterais recuperação

tempo.

CORTADAS

frontal (tipo tênis e gancho) em diagonal

forte fraca dirigida

entrada na bola (posição do corpo, braço e punho) caída do corpo no chão

afastamento da rêde

aproveitamento do bloqueio adversário. rapidez

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PLANO DE TREINAMENTO TÁTICO

— COBERTURA

. deslocamento com relação ao bloqueio e ao ataque adversário. .

— FECHADA

. no ataque de sua equipe, feita pela defesa centro, direita e esquerda. . demais deslocamentos.

— BOLAS DE PRIMEIRA

. abertura para a rêde (laterais e centro).

— PENETRAÇÃO

. pela direita e pelo centro.

— JOGADAS PREESTABELECIDAS

. com infiltração e trocas . fintas.

— CONJUNTO

. execução dos itens anteriores.

1» F A S E TRE/NAMENTO FÍSICO

Inicialmente foram feitos os exames médicos, completados com exames de laboratório, para todos os atletas.

Na primeira semana foram realizadas sessões de ginástica, visando adaptar os atletas às cargas de trabalho das semanas subseqüentes, bem como testes de velocidade, recuperação física, agilidade e coordenação

(Burpee Test), e verificação de carga (Pêso), para se conseguir as justas medidas para o internai, Circuit e Poiuer Trainings, Paralelamente, saben-do que no vôlei há uma grande exigência de flexibilidade e, levansaben-do em conta o pouco trabalho neste setor, nos clubes brasileiros, foi efetuada dià-riamente uma sessão de flexibilidade.

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2.a SEMANA

Nesta semana o trabalho físico constou de: a) 4 sessões de calistenia (reduzidas).

b) 3 sessões de Interval-Training, começando com 6 x 100, e termi-nando com 8 x 100 m.

c) 2 sessões de Circuit-Training, com 10 etapas. d) 1 sessão de Cross em 1.200 m.

e) sessões diárias de flexibilidade.

Além do trabalho físico, foram escolhidos dois dias na semana, de acordo com o trabalho executado, para sauna e massagens, bem como uma parte de recreação, acompanhando o trabalho diário.

Em virtude de descuido pessoal durante seu aquecimento (aqueceu-se e foi falar no telefone), o atleta A r y , no dia 19/7 em uma sessão de

Inter-valo-Training, sentiu distensão no bíceps crural.

. 3.° SEMANA Constou de:

a) 5 sessões de ginástica (reduzidas).

b) 3 sessões de Cross, começando com 1.200 e terminando com 2.300 m. c) l sessão de Circuit-Training, com 10 etapas (igual à sessão

anterior).

d) 1 sessão de interna l-Training, com 6 x 100 m. e) saunas e massagens (2 dias).

f) sessões de flexibilidade (diárias).

g) recreação (basquete, natação, futebol e t c ) .

4." SEMANA

Constou de:

a) 3 sessões de ginástica (reduzidas).

b) 2 sessões de Interval-Training, 6 x 100 m e 8 x 100 m. c) 2 sessões de Circuit-Training, com 10 etapas com 2 repetições.

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d) 1 sessão de Cross de 1.200 m. e) saunas e massagens (2 dias). í) sessões de flexibilidade (diárias).

g) recreação (basquete, natação, futebol e t c ) .

Finda esta primeira etapa de treinamento, chegamos à conclusão que o estado atlético do plantei era muito bom. Lamentamos que tivéssemos que interromper o ritmo de trabalho, pois, em virtude dos atletas serem em sua maioria estudantes, deviam comparecer às suas escolas, que não os haviam dispensado. Sabíamos que tal interrupção iria prejudicar nosso tra-balho,, porém tivemos que nos submeter à realidade nacional. Com o obje-tivo de amenizar êsse prejuízo, organizamos guias de preparação física e técnica, para os convocados executarem nos seus clubes, no período de 5 a 17/8, ou seja, enquanto estivessem fora de concentração. Além disto, f i -zemos preleções, procurando lembrar a necessidade de tal procedimento, e o benefício que traria ao plantei.

GUIA DE PREPARAÇÃO FÍSICA PARA O PERÍODO DE 5/8/1968 a 18/8/1968

INTRODUÇÃO

Visando a manutenção de sua forma física, conseguida com bastante sacrifício durante 30 dias, a Confederação Brasileira de Volley-Ball e nós, particularmente, esperamos que você cumpra êste Guia de Preparação Fí-sica, para que, ao retornar para a 2.a Fase de treinamento, possa ser tra-balhado sem prejuízo da continuidade do planejamento.

INSTRUÇÕES

a) LOCAL — Cada atleta deverá usar o seu clube de origem ou outro clube qualquer.

b) TRABALHO A SER EXECUTADO Em dias alternados: 6 tiros de 100 metros

1.500 metros em trote.

Diàriamente: Sessão de flexibilidade. ANEXOS: a) Sessão de aquecimento.

Quando fôr dia de tiros repetidos de 100 metros, deverá obedecer à seguinte série de exercícios, antes de iniciar os tiros, visando ao devido aquecimento:

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Agachamento com as mãos aos quadris — 10 repetições.

•Flexão e extensão, das pernas e joelhos (para um lado e para outro, mantendo uma perna flexionada e outra estendida — 5 para cada lado.

Correr curto com elevação dos calcanhares, procurando alcançar a região glútea.

Andar cruzando as pernas alternadamente e ao mesmo tempo flexionar o tronco, alcançando o chão com a palma da mão.

Andar e executar alternadamente a elevação da perna, tocando o braço do mesmo lado.

Andar na posição de cócoras (20 metros). Dar 7 piques de 70 metros.

Sessão de flexibilidade:

Salto no mesmo lugar com as pernas semi-abertas: 10 vêzes em cada direção.

Circundação dos braços — 15 vêzes em cada direção, iniciando o

movimento para a frente. 1

Inclinação lateral do tronco: 10 vêzes para cada lado. Circundação do tronco: 10 vêzes.

Flexão e extensão do tronco: com abertura lateral das pernas: 10 vêzes, sendo 3 tempos em baixo e 1 em cima e procurando tocar os dedos nos calcanhares.

Flexão e extensão do tronco, com as pernas unidas: 10 vêzes, sendo bastante similar ao exercício anterior, alcançando o chão com a pal-ma da m ã o .

Flexão e extensão das pernas e joelhos para o lado, simulando uma manchete, 13 vêzes, alternando os lados.

Flexão e extensão das pernas e joelhos para a frente, simulando uma manchete: 14 vêzes, alternando a perna que vai à frente. Abertura m á x i m a (lateral) das pernas, forçar o máximo e perma-necer 1 minuto na posição.

Sentar partindo da posição anterior.

Abdominal (mergulho dos braços e cabeça na direção de cada perna): 10 vêzes na direção de cada perna, mantendo as pernas estendidas.

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12) Fechar as pernas e executar o mesmo exercício anterior: 10 vêzes procurando tocar a cabeça no joelho.

13) Flexão e extensão dos braços na posição de apoio de frente: 15 vêzes.

14) Alternância das pernas na posição de apoio de frente: 10 vêzes. 15) 5 rolamentos para trás.

16) 5 rolamentos para frente.

17) Deitar e levantar rapidamente, forma correta e simulando a posi-ção básica do Volley-Ball cada vez que levantar: 10 vêzes. 18) Corrida estacionaria: 6 minutos ininterruptos.

F I N A L

Esperamos que você realmente cumpra .o compromisso que tem com a CBV, com seus técnicos e com sua própria pessoa; esperamos recebê-lo de volta no dia 18, na plenitude de sua forma física.

TREINAMENTO TÉCNICO " ' 1." FASE

Antes de tratarmos do treinamento técnico, gostaríamos de tecer algu-mas considerações sôbre um fenômeno que se observa na preparação de seleções nacionais. Os técnicos perdem tempo precioso em consertar defeitos na execução dos fundamentos, tendo que ensinar a atletas de seleção gestos básicos e elementares. É lamentável que tal aconteça, quando se sabe que o fundamento é igual, seja no Japão ou no Brasil. Como não podíamos fugir à realidade, tivemos de trabalhar muito neste setor.

No trabalho de fundamento visamos consertar os vícios de posição e de equilíbrio, para condicionar os atletas à tática que seria empregada.

Cada treino técnico constava de:

a) passes (toque), obedecendo a tôdas as variações, aproximadamente 25 minutos.

b) Manchete — idem.

c) Saque — livre e com precisão, aproximadamente 15 minutos. d) Trabalho de r ê d e :

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1) levantamento; 2) cortada; 3) bloqueio.

Com tôdas as variações e com duração aproximada de 60 minutos. De acordo com a maior deficiência encontrada nos coletivos, era au-mentada a intensidade dêsse ou daquele fundamento.

Semanalmente, reuníamos a Comissão Técnica para analisar o trabalho executado durante o período, seus resultados e planejar as atividades da se-mana seguinte.

No final da primeira etapa t a m b é m foi preparado um guia de trabalho técnico, para a fase fora de concentração.

GUIA PARA O TREINAMENTO DOS ATLETAS NO PERÍODO FORA DA CONCENTRAÇÃO (TREINAMENTO TÉCNICO)

O treinamento deverá ser diário e com bola japonesa.

Os atletas de uma mesma cidade deverão realizar o treinamento em grupo, de modo contínuo, sem interrupções. A altura da rêde será sempre de 2,50 m, obrigatoriamente.

Composição de um dia de treinamento:

Aquecimento — 10 minutos. Passe (toque) em dupla ou trinca:

— 25 minutos — Passe alto e longo (largura da quadra) para frente. Passe longo e rasante (largura da quadra). Passe curto de frente e de costas. Passe com salto, longo e curto, para frente e para trás.

Passe (manchete) em dupla ou trinca:

— 25 minutos — Passe longo de frente. Passe curto de frente (sempre de frente e com o corpo atrás da bola).

Educativos da cortada:

— 15 minutos — Batida da bola para o chão só com a "quebrada" de punho. Batida da bola para o chão com a movimentação de todo o braço. Batida da bola na rêde, prêsa a outra mão, saindo da linha de ataque. Batida da bola na rêde, jogando-a sôbre a rêde, sem corrida. Batida da bola da linha de ataque sem corrida.

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Cortada:

— 30 minutos (cêrca de trinta cortadas) — Batida da bola levantada rasante (s/arco) na entrada da rêde e na altura da faixa.

Bloqueio:

— 10 minutos — Cêrca de trinta vêzes. Bloqueio nas três posições, extremidades (duplo) e centro (triplo), procurando o máximo de equilíbrio e de invasão (uma corda é um bom auxiliar neste treina-mento e serve como referência).

Dejesa:

— 10 minutos (cêrca de 40 defesas) — Caso haja possibilidade, treinar defesa de bola batida da rêde, caso contrário, treinar a defesa com a bola batida por um companheiro de 3 m de distância.

Saque;

— Estilo livre, procurando tirar efeito da bola e executá-lo o mais rasante possível; dirigido para pontos pré-determinados.

Volta à calma — 5 minutos.

TREINAMENTO TÁTICO FASE: — Considerações.

Nesta fase, a parte tática era de menor percentagem. Porém, começa-mos a fazer ver aos atletas o que precisaríacomeça-mos nesse setor. Para tra-çarmos o esquema tático a ser utilizado pela seleção brasileira, fizemos um levantamento de tôdas as apresentações internacionais do Brasil, a partir da Olimpíada de Tóquio. Procuramos nas súmulas os dados ne-cessários para saber:

a) quais os atletas que haviam participado; b) quem tinha jogado mais, e em que situação; c) como tinham transcorrido os jogos.

De posse dêsses dados e com o conhecimento que tínhamos da maneira de atuar das equipes européias, chegamos à conclusão que deveria ser mudada a nossa maneira de jogar, pelas seguintes razões:

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1) com um levantamento alto, ficaríamos com o nosso jôgo preso pelo bloqueio eficiente (invadido) dos nossos adversários;

2) - os nossos adversários possuíam maior condição física e atlética, e em confronto direto levariam vantagem.

3) a malícia e agilidade ainda são as principais características dos j o -gadores brasileiros;

4) o aparecimento no cenário mundial das equipes japonesas, de cons-tituição física semelhante à nossa.

Todas essas considerações levamos ao conhecimento dos atletas, pro-curando a necessidade de mudança. Sabíamos, e deixamos bem claro, que, para alguns, o esforço seria bem maior. Em princípio, encontramos boa receptividade.

A tática a ser empregada era baseada em jogadas de velocidade, com ' levantamentos curtos no centro e saída da rêde, bolas rápidas na entrada, trabalho permanente de finta. Na defesa trabalharíamos dentro do padrão das equipes brasileiras.

Para reforçar nossas explicações, apresentamos filmes, fotografias e usamos um quadro magnético, onde eram feitas as jogadas a serem u t i l i -zadas.

Como teríamos de efetuar dispensas no término dessa primeira fase, procuramos, visando n ã o prejudicar nenhum atleta, deixar mais ou menos livre a esquematização tática nos primeiros treinos.

Para colocar os atletas novos-mais à vontade, cabia a êles, em princípio, a escolha das equipes. Depois fomos separando os quadros, procurando fazer o maior n ú m e r o de combinações possíveis, com o f i m de dar a todos oportu-nidades iguais, e evitar que fossem formados grupos, a favor ou contra êsse ou aquele atleta. Ao término de cada treino, era feita uma palestra, ocasião em que se analisavam as principais falhas individuais e coletivas. Além disto, recomendavam-se algumas manobras táticas a serem observadas nos treinos seguintes. Assim, gradativamente, procuramos chegar à tática a ser empregada, sem causar impacto aos atletas.

2." FASE

TREINAMENTO FÍSICO

Para a 2.a fase os jogadores se apresentaram em condições físicas e atléticas bem inferiores ao que se esperava. Pouco adiantou nossa recomendação. Somente uns poucos realizaram o trabalho previsto para o período sem concentração. Tivemos, por conseguinte, de alterar o nosso planejamento.

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1." SEMANA Constou de: a) b) c) d) e) f)" 1 sessão de ginástica. 3 de Cross (sendo 2 de 1.120 e 1 de 2.250 m ) . 3 de flexibilidade. 1 de Poioer-Training. 1 de recreação. 1 sauna e massagem. 2. " SEMANA

Constou o trabalho desta semana de:

a) 2 sessões de ginástica.

b) 2 de Interval-Training (5x100 e 6x100 m ) . c) 2 de Poiaer-Training (1 e 2 circuitos). d) 2 de flexibilidade.

e) 1 de equilíbrio — Trampolim de solo. f) 1 Cross de 700 m.

g) 2 de sauna e massagens.

h) palestra sôbre "Aquecimento dos Jogos". 3. " SEMANA • Constou de: a) 1 sessão de ginástica. b) 2 sessões de flexibilidade. c) sauna e massagens. i d) exames biométricos.

Nesta última semana o trabalho foi mais de manutenção, observando -se que os jogadores voltaram à condição que se encontravam na 1.* fase.

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TREINAMENTO TÁTICO

Intensificamos nesta fase a parte de conjunto, realizando, diariamente, uma média de 5 sets.

Procuramos variar as equipes, a fim de que os atletas atuassem nas mais diferentes posições e com os mais variados companheiros. Diariamen-te eram feitos comentários, após os treinos, sôbre o que estava certo e- as principais falhas apresentadas. Foram realizados Scouts coletivos e indivi-duais. Estes últimos feitos pelo Cap. Souto e Ten. Tubino, sem o conheci-mento dos atletas, e variavam de jogadores. Vale também o registro do receio que os atletas possuem deste processo de aferição técnica. Por ser de base matemática, não aparece registrada "aquela jogada sensacional".

Quando do término da l .a fase de treinamento, organizamos um Calen-dário de Jogos-Treinos que necessitaríamos realizar. Foram previstos 10 jogos, nas seguintes datas: 28, 29 e 30/8; 11, 12, 13, 14, 18, 19 e 20/9. Fa-lamos com a Vice-Presidência Técnica sôbre a necessidade de tais confron-tos e que o ideal seria termos como adversários equipes estrangeiras de bom gabarito. Sabíamos que tal possibilidade dificilmente ocorreria e pro-pusemos, como segunda alternativa, a formação de seleções em São Paulo, Minas e Guanabara, para servir de sparring à seleção nacional. Como últi-ma alternativa, faríamos os jogos contra equipes de "Clubes". Em virtude de uma série de problemas de ordem técnica e financeira e da já tradicio-nal "má vontade" dos que estão "por fora" da seleção naciotradicio-nal, tivemos de nos contentar mesmo com os jogos que realizamos.

na Escola Naval, contra a Escola Naval,

no Centro de Esportes da Marinha, contra a Liga Macabi. na A . A . Banco do Brasil contra a A.A.B.B.

no Fluminense F . C , contra o Fluminense, em Niterói, contra o Icaraí de Regatas,

no Centro de Esportes da Marinha, contra a Liga Macabi. 27/8 — 28/8 — 29/8 — 30/8 — 3/9 — 4/9 —

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COMPETIÇÃO

Para fazermos uma análise dos nossos adversários, nesta Olimpíada, bastaria separá-los da seguinte maneira: a) bloco socialista (sem a Alema-nha), mais Estados Unidos; b) Alemanha Oriental; c) J a p ã o ; d) Bélgica e México.

As equipes assim separadas, atuavam da mesma maneira tática, va-riando somente no valor técnico dos atletas que a empregavam.

Equipes mais altas

Equipes mais baixas Equipe mais pesada Equipe mais leve Equipes mais velhas

Equipes mais novas

Atletas mais altos

Atleta mais baixo

Atleta mais pesado

Atletas mais leves *

Atletas mais velho

Atleta mais novo

U.R.S.S., Tcheco-Eslováquia, Média 1,87 m Japão e D.D.R. México e Polônia U . R. S. S. México Média 1,85 m Média 86 kg Média 74 kg Tcheco-Eslováquia e Alemã- Média 27 anos nha (D.D.R.)

Bélgica e Japão

Zdzislaw Ambroziak — n.° 7

Média 22 anos

— Polônia e Jesus Loya — 1,99 m n.° 10 — México

Juan Manuel Duran — México

n.° 1 1,71 m

Vladimir Belyaev — n.° 3 — 110 kg ' U. R. S. S.

Anguel Koritarov — n.° 11

— Bélgica e Juan Manuel 68 kg Duran — n.° 1 — México.

Bohumil Golian — n.° 1 — 37 anos Tcheco-Eslováquia.

Juan Manuel Duran — n.° 1 17 anos — México.

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BÉLGICA:

Usava a seguinte equipe base:

6 — Josef Mol (18 anos — 1,83 m ) , 8 — Benno Sae-4 — 12 — 8 lens (20 anos — 1,95 m ) , que era seu capitão, 12 — Fernand Walder (22 anos — 1,74 m ) , 4 — Roger Maes 1 1 — 7 — 6 (25 anos — 1,79 m ) , 11 — Ronal Vandewal (22 anos — 1,87 m) e 7 — Berto Poosek (24 anos — 1,98 m ) . Atuavam no ataque com bolas altas nas pontas, que eram cortadas nas diagonais bem para. o fundo e faziam no centro jogadas com bolas curtas. Seus principais atacantes eram os n°s 11 e o 8, sendo melhor o último, que era canhoto. Trabalhavam num sistema de 4/2, usando os jogadores n.°s 4 e 6 na preparação de bola. Defendiam com o centro-defesa recuado e os . laterais presos no fundo da quadra. Seu bloqueio duplo era razoável.

Entravam t a m b é m em jôgo: o n.° 2 — Willen Bossàerts (27 anos — 1,83 m ) , para as funções principais de preparação e bloqueio; n.° 9 — Ber-qard Vaillant (20 anos — 1,83 m ) , com as mesmas funções; n.° 3 — Leo Diercky (25 anos — 1,90 m ) , para o ataque; n.° 1 — Hugo Huybrechts (23 anos — 1,93 m ) , atacante, porém muito fraco. Quase não jogaram os n,°s 10 — Roger Vandergatem (25 anos — 1,85 m) e 5 — Paul Mesdagh (21 anos — 1,87 m ) . A equipe da Bélgica tem técnica pouco apurada, falhan-do muito ainda para uma equipe européia. No jôgo contra o Brasil (sua grande vitória), ela se superou (errou menos) e contou com uma atuação péssima da nossa parte, para auxiliá-la.

U.R.S.S.:

Equipe Base:

12 — Georgy Mondzolewsky (34 anos — 1,72 m ) , 4 8 — 1 — 4 — Eugeny Lapinsky (26 anos — 1,92 m ) , 1 — Eduard Sibirikov (27 anos — 1,97 m ) , 8 — Yury Pyarkov (31 11 — 3 — 12 anos — 1,85 m ) , 11 — Ivan Bugaenkov (30 anos —

1,82 m) e 3 — Vladimir Belyaev (24 anos — 1,94 m ) . Os demais eram: 7 — Vitor Mikhalchuk (22 anos —1,85 m ) , 6 — Vasi-lijus Matusheras (23 anos — 1,86 m ) , 9 — Boris Tereshuk (23 anos — 1,86 m ) , 2 — Valery Kravchenko Valery (29 anos —.1,96 m ) . Os n.°s 5 e 10 quase não jogaram.

(18)

Esta equipe (medalha de ouro) atuava em um sistema que, academi-camente, poderia ser considerado 4/2, porém usava o jogador n.° 12, nosso velho conhecido, infiltrando em todas as posições. O seu colega de função na preparação de bola era o n.° 8, também veterano que foi transformado de cortador em levantador. Êste atleta fazia a finta durante tôda a Olim-píada, sem receber uma bola.

O ataque era realizado nas pontas, com bolas altas (atacadas a 2,70 m de altura aproximadamente), em sua maioria, para o fundo de campo e cruzando na diagonal.

Os atacantes chegavam a sair da quadra para conseguir atacar bem em cima da faixa. Continua o ataque desta equipe sendo dos mais fortes. Apresentou a U.R.S.S., neste Campeonato, maior número de jogadas de velocidade com trabalho de finta no centro e na saída da rêde. Só as bolas assim trabalhadas eram atacadas para os pontos mais próximos da linha de ataque do adversário. Usaram para estas jogadas os atletas n.°s 1, 4 e 2. O melhor atacante continua ser o n.° 11 (conhecido no Brasil como

capace-te). Dos demais, o n.° 4 ataca mais fraco porém tira grande proveito do

bloqueio; o n.° 3 (com seus 110 kg) ataca com vigor tremendo, precisando da mais maturidade (pois ainda comete erros que não se admitem numa equipe da categoria da U.R.S.S.).

A defesa trabalha no fundo da quadra, os laterais sôbre a linha, abai-xados (alguns chegam a tocar a mão no chão, quando o adversário se prepara para atacar). Seu bloqueio (muito bom) é duplo nas. pontas e, se uma bola é levantada no centro mais alta, ele é triplo. Tanto no ataque, quanto na defesa, efetuam trocas, para que os jogadores fiquem nas po-sições que mais bem atuam. Esta equipe tem um problema: ainda n ã o conseguiu substitutos para os n.°s 12 e 8. Todas as vêzes em que pre-cisou tirá-los para melhorar bloqueio ou potência de ataque, a equipe caiu vertiginosamente, obrigando a volta imediata dos dois.

ESTADOS UNIDOS:

Esta foi a única equipe da qual não conseguimos os dados estatísticos, pedimos várias vêzes e foram sempre protelando, até nos dizer que não podiam dar.

Apresentou-se nesta Olimpíada bem diferente das outras oportunida-des. Seu técnico cumpriu, no ano passado, um estágio de 6 meses na Po-lônia. De volta, convocou os jogadores e iniciou o treinamento. Seus

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jo-gadores eram de estatura semelhante à nossa, sendo que os homens que

faziam o trabalho de levantamento tinham estatura entre 1,33 m e 1,85 m.

A sua equipe base era:

7 — Smitty Duke, 2 — Pedro Velasco, 11 — Rudy

Su-6 — 11 — 2 Alstron.

A preparação de bola (levantamento) era feita .

3 — 8 — 7 wara, 6 — David Bright, 3 — John Henn e 8 — John

pelos n.°s 2, 7 e 3. A esquematização tática era igual

a européia. Usavam no início da competição muitas

jogadas curtas no centro da quadra, com os jogadores 7 e 3 trabalhando

bo-las um para o outro no tempo. Seu bloqueio nos primeiros jogos foi o melhor

da Olimpíada, caindo depois da sua primeira derrota, como caiu todo o

seu jôgo. Na fase inicial, sua defesa funcionou muito bem, alternando o

centro, ora na frente (quando era um levantador que ali se encontrava),

ora atrás, com defesas de queda iguais às melhores do bloco socialista. O

principal homem de ataque e bloqueio (perfeito nesta última função) era

o n.° 11. Seus homens do banco, muito fracos, quase não eram usados. O

grande feito que lhe valeu a participação na competição, foi ter vencido,

pela primeira vez na história do Volley-Ball mundial, a equime da U.R.S.S.

no jôgo de estréia única derrota desta. Não sabemos se. o trabalho feito

na equipe dos Estados Unidos, terá seguimento. Se tal acontecer, temos

certeza que ela subirá no ranking internacional.

TCHECO-ESLOVÁQUIA

Esta equipe apresentou-se com uma série de problemas.

Primeiramen-te era idéia dos seus dirigenPrimeiramen-tes fazer uma renovação no seu planPrimeiramen-tei.

Ti-nham inclusive feito a festa de despedida, de alguns dos seus astros (Musil,

Gòlian e Paulus). Com a invasão do seu território, porém, não puderam

realizar o treinamento que desejavam e ficaram no seguinte dilema: levar

uma equipe nova com preparo deficiente, ou chamar de volta seus

vete-ranos e usar a sua maior categoria. Optaram pela segunda hipótese. Pela

primeira vez, esta equipe deixou de ocupar as 2 primeiras colocações em

certames desta envergadura (foi 3* colocada).

Sua equipe base era:

11 — 1 — 10 ' 6 — Vladimir Petlak (22 anos — 1,96 m), 10 —

Zde-nek Croessl (27 anos — 1,88 m), 1 — Antonin

Pro-chazka (26 anos — 1,84 m), 11 — Pavel Schenk (27

12"^- 9 — 6 anos — 1,98 m), 12 — Drahomir Koudelka (22 anos

— 1,92 m), 9 — Golian Bohumil (37 anos — 1,75 m).

285

(20)

Além destes, eram usados: 2 — J i r i Svoboda (27 anos — 1,84 m ) , atle-ta que apresenatle-tava a particularidade coratle-tar usando, na impulsão apenas uma das pernas; 8 — Fraktisek Sokol (28 anos — 1,94 m) e 4 — Josef Musil (36 anos — 1,79 m ) ; êste deu a todos os demais atletas participan-tes a maior lição de solidariedade, espírito de equipe e humildade. Sendo considerado o mais completo jogador (técnico) em vários eventos mun-diais, aceitou ficar numa situação de reserva, entrando somente na defesa e saindo ao chegar à rêde, quando passava a dar instruções e incentivar seus colegas do banco, foi de grande utilidade para sua equipe, nos piores momentos.

Os demais foram muito pouco usados.

Na parte tática -sta equipe atuou dentro do seu padrão habitual. Con-tinua sendo a equipe mais técnica e taticamente disciplinada que existe: só assim conseguiu sua medalha de bronze. De condição física (atlética) muito fraca, assim mesmo liderou a competição- até seu penúltimo jôgo (contra a Polônia). Seu ataque à exceção do n.° 7, era fraco, porém diri-gido para lugares desguarnecidos, ou usava, em seu benefício, o bloqueio. A defesa era muito boa, embora aparentemente parecesse mal distribuída. O atleta n.° 11 (Pavel Schenk) acidentou-se no jôgo contra o Brasil, só voltando a atuar no jôgo final, porém sem a mínima condição. Gostamos muito do trabalho do n.° 12 no ataque: não perdia jogada, aproveitava bem o bloqueio. O trabalho de preparação era executado pelos n.°s 1 e 9 e, às vêzes, pelo n.° 4. A grande atuação desta equipe foi contra o Japão 3 x 2 (depois de haver perdido os dois primeiros parciais por 15 x 2 e 15 x 3). Sua pior apresentação foi contra a U.R.S.S. no jôgo final. Acredi-tamos que, para seus próximos compromissos, esta equipe será reformulada. BULGÁRIA:

Atuando dentro do sistema tático do bloco socialista, apresentava a seguinte equipe base:

9 — K i r i l Slavov (23 anos — 1,91 m ) , 8 — Dimitar 2 — 6 — 8 Karov (24 anos — 1,73 m ) , 6 — Zdravko Simoov (22 anos — 1,86 m ) , 2 — Dimitar Slatanov (18 anos — - 1,93 m ) , 4 — Petar Kratcmarov (30 anos — 1,86 m) 4 — 5 — 9 e 5 — Alexandre Alexandrov (26 anos — 1,95 m ) . Além destes, também jogavam: 12 — Stolan Stoyanov (21 anos — 1,87 m ) , 3 — Gramen Prinov (24 anos — 1,86 m ) , 11 — Anguel Koritanov (18 anos — 1,81 m ) , 1 — Alexandre Trenev (22 anos

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— 1,84 m ) . O n.° 4 era o jogador que coordenava todo o jôgo. A represen-tação da Bulgária constituiu uma das equipes mais novas do campeonato, o que inspira confiança de muita melhora para o futuro. Possui atletas novos, bem promissores, como é o caso do n.° 2, que deverá ser, pelo que apresentou, um ótimo cortador.

P O L Ô N I A : '

Atua dentro do padrão das equipes socialistas, com as mesmas carac-terísticas táticas, ocupando, juntamente com a Bulgária, categoria inter-mediária neste bloco. Seu maior feito foi a vitória sôbre a Tcheco-Eslová-quia, por 3x1. Sua equipe básica era:

7 — Zdzislaw Ambroziak (24 anos — 1,99 m ) , 9 — 4 — 10 — 9 Romuald Paszkiewicz (27 anos — 1,93 m ) , 10 — H u

-bert Wagner (27 anos — 1,83 m ) , 4 — Eduard Skorek (25 anos — 1,92 m ) , 5 — Zbigniew Yasinkiewicz (21 5 — 6 — 7 anos — 1,80 m) e 6 — Tadeusz Siwek (33 anos —

1,80 m ) .

Além destes, também participaram: n.° 2 — Andrzej Aleksander Ski-ba (23 anos — 1,84 m ) , 12 — Zbigniew Zarzycki (22 anos — 1,84 m ) , 1 — Stanislaw Zdunczyk (26 anos — 1,83 m ) e n.° 11 — Wojciech Rutkowski

(33 anos — 1,90 m ) . O n.° 11, que, no Brasil, tinha sido o melhor jogador da Polônia, quase n ã o atuou e, quando entrou em campo, apresentou-se muito mal. O atleta que mais nos agradou nesta equipe foi o de n.°-7, cortador de ótimo porte atlético, atacava com grande vigor e era possuidor de boa defesa e ótimo bloqueio. Convém chamarmos a atenção do fato de que, na equipe polonesa, bem como na quase totalidade das equipes euro-péias e aquelas que destas sofreram influência direta, como o caso do Mé-xico e Estados Unidos, na recepção de saque, o homem que se encontrava no centro-ataque, aproximava da rêde, ficando em uma posição em que a bola não o alcançava. Tal procedimento era observado mesmo quando a infiltração se dava pelo meio, neste caso o infiltrador também se aproxi-mava, ficando as equipes com 4 jogadores distribuídos em semicírculo, para a recepção. Isso fazia com que os atletas tivessem mais espaço para sua movimentação.

A L E M A N H A ORIENTAL — D.D.R.:

Esta equipe, embora pertencendo a bloco socialista, tinha maneira de atuar um pouco diferente das demais. Equipe dotada de um ótimo estado atlético, das mais altas que se apresentaram, fazia seu jôgo baseado nestes

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atributos. Seu ataque era realizado no ponto mais alto (em nossa abserva-ção, mais ou menos na faixa dos 2,80 m ) . Para que isto acontecesse, rea-lizava seu levantamento tão alto, como jamais tínhamos visto em outra equipe. Era a única equipe que se dava ao luxo de usar também no centro da rêde o levantamento alto. Seus atletas cortavam forte, porém para o fundo do campo, manobra que todas as melhores equipes foram obrigadas a usar, na tentativa de ultrapassar ou, ao menos, atuar, em seu favor, com 0 bloqueio, que cada vez se torna mais alto e invadido. Só havia bolas atacadas para setores mais próximos, nas jogadas, ou em trabalho* de finta, em que o cortador se sentisse sem bloqueio. Seu bloqueio era muito bom, talvez o mais regular da competição. A defesa atuava igual às demais de-fesas européias. Êste time tem apresentado progresso muito grande, nos últimos anos. Acontece, porém, que, sendo uma das mais velhas, não sabe-mos se o grupo que a irá substituir (já se encontra em treinamento para 1972) conservará as mesmas características. Sua equipe base era:

3 — Siegfried Schneider (28 anos — 1,94 m ) , era o ca-7 — 12 — 6 pitão da equipe, cortador de bons recursos técnicos;

6 — Eckehard Pietzsch (29 anos — 1,86 m ) , 12 — Wolfgang Webner (31 anos — 1,90 m ) , 7 — Arnold 10 — 11 — 3 Schulz (25 anos — 1,93 m ) , considerado no último

mundial o melhor cortador, confirmou a fama, 10 — Walter Toussaint (30 anos — 1,83 m) e 11 — Jurgen Freiwald (28 anos — 1,91 m ) . Atuavam em 4/2 com os n.°s 6 e 10 fazendo o levantamento com infiltração. Além destes, também participavam bem abaixo dos titulares: 1 — Peter Horst (22 anos — 1,85 m ) , 2 — Eckard Tielscher (26 anos — 1,92 m) e 9 — Jurgen Kessel (31 anos — 1,83 m ) . Quanto aos demais, quase não chegaram a atuar.

J A P Ã O :

Tem esta equipe as maiores possibilidades para assumir a liderança em futuro próximo, se continuar no rabalho que vem realizando. Senão, vejamos: equipe mais nova das que se apresentaram (média de 22 anos), conseguiu o 2.° lugar pelo saldo de sets (foi a que apresentou resultados mais uniformes): os dois jogos que perdeu foram em decorrência de falhas mínimas (falta de maior maturidade e de jogada mais rápida na entrada da r ê d e ) .

Atuou o Japão num sistema de 5/1, sendo o seu levantador n.° 3, Katsutoshi Nekoda, possuía uma velocidade na penetração e um domínio de bola impressionantes. Oitenta por cento das jogadas de ataque eram

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rea-lizadas numa faixa de 2 metros no centro da. rêde, com bolas de tempo, usando todas as variações possíveis, em alta velocidade,,com poder de sus-tentação no salto e equilíbrio por parte dos jogadores; 6 — Kenji Kimura, 5 — Isao Koizumi, 7 — Yasuaki Mitsumor e 4 — Mamoru Shiragami, espe-taculares. Ficavam 20% para bolas altas, levantadas preferencialmente na entrada da rêde (em cima da faixa) e atacadas pelos jogadores n.°s 9 — Tadayoshi Yokata, 8 — Jungo Morita, 10 — Seiji Ohko e 2 — Masayuki Minami. Eram êstes atletas de estatura muito elevada, porém de movi-mentos mais lentos. Quando nas 2 oportunidades Tcheco-Eslováquia e de-pois U.R.S.S., bloquearam as jogadas do centro, não conseguiram pelas pontas o caminho da vitória. Seu bloqueio era atento e bom. Tanto na defesa quanto no ataque, faziam troca de lugares entre os atletas.

Sua equipe base era:

3 — Katsutoshi Nekada (24 anos — 1,78 m ) , 8 — Jun-6 — 9 — 8 go Morita (21 anos — 1,94 m ) , 9 — Tadayoshi Yokota

(20 anos — 1,94 m ) , 6 — Kenji Kimura (23 anos — 1,85 m ) , 5 — Isao Koizumi (23 anos — 1,83 m) e 10 5 — 1 0 — 3 — Seiji Ohko (20 anos — 1,92 m ) .

Além dêstes, jogavam: 4 — Mamoru Shviagami (24 anos — 1,75 m ) , 7 — Yasuaki Mitsumor (21 anos — 1,84 m) e 2 — Ma-sayuki Minami (27 anos — 1,96 m ) . Seu capitão era o n.° 1 — Naohiro Ikeda (28 anos — 1,87 m ) , que não participou de partida alguma nas Olimpíadas.

MÉXICO:

Por ser a dona da casa, esperava-se mais desta equipe. Contratou um técnico rumeno, pagando-Ihe US$ 850 por mês, livre de despesas. Seus di-rigentes elaboraram plano de treinamento, seguido nos mínimos detalhes, com a duração de 2 anos. Jogaram no exterior 45 vêzes, nos meses de maio e junho. Não conseguiram vencer 1 só jôgo. Faltou-lhes tradição des-portiva (cancha) e mais convicção do treinamento executado na fase de competição. Caíram demais do treinamento que presenciamos, para a com-petição, depois das primeiras derrotas. O público não lhes perduou o fato de terem sido gastos cêrca de NCr$ 100.000,00 e não conseguirem uma única vitória.

Sua equipe básica era:

8 — César Osuna (20 anos — 1,90 m ) , 10 — Jesus 9 — 7 — 10 Loya (22 anos — 1,99 m ) , 7 — Joel Calva (25 anos —

1,77 m ) , 9 — Leopoldo Reyna (21 anos — 1,85 m ) , 12 — Antônio Bárbet (22 anos — 1,84 m) e 11 — 12 — 11 — 8 Francisco Gonzalez (21 anos — 1,85 m ) . Contando

t a m b é m com: 289

(24)

1 — Juan Manuel Duran (17 anos — 1,71 m ) , 4 — Carlos Barron (26 anos — 1,83 m ) , 6 — Luis MartelI (23 anos — 1,78 m ) e 5 — Eduardo J i -menez (21 anos — 1,88 m ) . Deixamos de tecer comentários sôbre ar ma-neira de atuar desta equipe em virtude das condições em que competiu e das maneiras como se apresentou.

JOGO S REALIZADO S JOGO S PERDIDO S PONTO S GANHO S SETS PONTOS P A Í S E S JOGO S REALIZADO S JOGO S GANHO S JOGO S PERDIDO S PONTO S GANHO S GANHO S PERDIDO S A FAVO R CONTR A COLOCAÇÃ O U . R. S. S. 9 8 1 17 26 8 464 326 1.° Japão 9 7 2 16 24 6 430 253 2 ° Tcheco-Eslováquia 9 7 2 16 22 15 454 412 3.° Alemanha Oriental 9 6 3 15 22 12 449 373 4.<» Polônia 9 6 3 15 18 11 370 280 5.° Bulgária 9 4 5 13 16 17 379 385 6.° Estados Unidos 9 4 5 13 15 18 382 .414 7.° Bélgica 9 2 7 11 6 24 239 417 8.° Brasil 9 1 8 10 8 25 352 469 9.° México 9 0 9 9 6 27 284 474 10.°

(25)

ATUAÇÃO D A EQUIPE BRASILEIRA

Antes de analisarmos a atuação da equipe brasileira, convém uma ex-plicação. Não procuraremos justificar suas apresentações, nem tampouco nos isentar de culpa. Como técnico, somos responsável por tudo e disto não fugimos u m só instante. Procuraremos dissecar nossas atuações, para que, no futuro, os técnicos que porventura venham a trabalhar com a sele-ção, possuam subsídios para o seu trabalho.

A principal característica apresentada por nossa equipe foi a oscilação de jôgo, tanto no plano coletivo, quanto no individual: um mesmo grupo podia jogar um set muito bem e, no seguinte, dentro das mesmas circunstâncias, apresentarse pèssimamente, daí o número de substituições que t i -vemos de efetuar. U m atleta que atuava muito bem um dia, no seguinte tinha de ser tirado do jôgo. Nossa melhor partida foi contra a Tcheco--Eslováquia e a pior contra a Bélgica. A defesa foi a nossa principal falha. Nossos atletas t ê m o vício de, quando dão o saque ou quando a bola se encontra no campo adversário, ir-se aproximando (os da defesa) da zona de ataque (quando analisamos nossos adversários, chamamos atenção de q u é eles atacavam para o fundo da quadra), então se dava que as bolas ou cobriam nossos defensores ou êles eram apanhados recuando na hora dp ataque (posição de contra-pé), o que lhes tirava completamente a con-dição de defesa. Éramos a única equipe que tinha seus defensores em pé

(mesmo os homens mais baixos), gerando a impossibilidade da defesa de bolas atacadas para o chão. Nosso ataque perdia muitos pontos tentando

cravar bolas, com bloqueio; estas voltavam tão fortes e rápidas que era

impraticável uma proteção (cobertura). Todas estas falhas, que foram apresentadas, são produto de falta de fundamento ou êrro no seu ensino. U m treinamento de seleção, por mais demorado que seja, não dá maturi-dade aos novos hábitos, de forma a fazer esquecer vícios tão antigos. O bloqueio era t a m b é m outro problema: funcionava em um jôgo ou um set e no seguinte apresentava-se completamente falho.

Estás variações, em nossa opinião, se prendem ao fato de a falta de intercâmbio criar, em nossos atletas de seleção, a falsa impressão de supe-rioridade, no âmbito interno; aqui mesmo apresentando falhas, conseguem vencer jogos e campeonatos. Quando aumenta o gabarito técnico dos seus adversários (jogos internacionais), êles se sentem perdidos e assumem uma atitude de inferioridade de todos os aspectos condenável. Na ocasião, sur-gem os problemas disciplinares e são criados casos que outra intenção não têm, senão tentar justificar, na volta ao Brasil, suas atuações. Não pude-mos, de sã consciência, saber da nossa condição física, pois, em instante nenhum, sentimos o empenho total do nosso plantei. Registramos também (com tristeza) uma observação feita, que n ã o está ligada apenas ao Volley--Ball e, sim, à maioria das equipes brasileiras de esportes coletivos, no

(26)

exte-rior. A falta quase total, por parte de grande. n ú m e r o de atletas, de co-nhecimento do que representa a ausência de amor e respeito ao uniforme que enyergam, também concorre para deficiências em uma equipe: feliz-mente para nós, que amamos o esporte, existem exceções, sinal que ainda há remédio para êste mal.

CONCLUSÕES

1 — Sejam feitas no âmbito nacional, reuniões com dirigentes, técnicos e jornalistas, para ser encetada campanha de base, no sentido de ser dada maior ênfase ao trabalho de conjunto e diminuir a promoção do individualismo.

2 — Seja tentada uniformidade no ensino de fundamentos.

3 — Haja intercâmbio maior e mais repetido com equipes como: U.R.S.S., Tcheco-Eslováquia, Alemanha e Japão, preferencialmente, trazendo--as ao Brasil, para que maior número de atletas possa colhêr ensi-namentos.

4 — Nas próximas seleções, antes dos exames médicos, sejam realizados por psicólogos testes que informem o grau de sociabilidade e abnega-ção dos convocados. Seja feito acompanhamento, por êstes técnicos, dos treinamentos e, se possível, da competição. Achamos êste ponto um dos mais necessários e uma das nossas grandes falhas.

5 — Que, em vez de mudarmos as seleções preocupando-nos apenas com a parte cronológica e física, nos deveremos preocupar também com a mudança de mentalidade.

6 — Que componham nas nossas delegações pelo menos 2 técnicos, como ocorre nos outros centros.

7 — Finalmente que seja mantido, nas próximas seleções, o sistema de jôgo adotado nesta, que, acreditamos, é o que melhor se adapta às nossas condições.

Referências

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