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As primeiras pesquisadoras brasileiras em história econômica e a construção da disciplina no Brasil

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Academic year: 2021

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as primeiras pesquisadoras

brasileiras em história

econômica e a construção da

disciplina no brasil

Maria Alice Rosa R i b e i r o *

Professora do D e p a r t a m e n t o de E c o n o m i a da

Faculdade de C i ê n c i a s e Letras da U N E S P — C a m p u s de Araraquara

Este artigo procura fazer um balanço da p r o d u ç ã o historiográfica das primeiras pesquisadoras em História E c o n ô m i c a , salientando os avanços da disciplina p r o m o v i d o s pela a b o r d a g e m de novos temas, pela inovação nos p r o c e d i m e n t o s m e t o d o l ó g i c o s , c o m a exploração de n o -vas fontes documentais. Pretende-se identificar através deste balanço as influências recebidas de historiadores, de economistas, de historiadores e c o n ô m i c o s e de cientistas sociais, b e m c o m o de g r u p o s ou escolas, e construir u m a periodização temática, identificando as principais linhas de pesquisa. N ã o se p r e t e n d e a c o m p a n h a r a trajetória das pesquisadoras individualmente, mas traçar um q u a d r o das principais contribuições à disciplina.

O tema do artigo me foi sugerido p e l o professor Tamás Szmrecsányi j u n t o c o m seu convite para t o m a r parte d o simpósio intitulado " A

participação feminina na construção de novas disciplinas: o caso da Historiografia E c o n ô m i c a no Brasil", no V C o n g r e s s o L a t i n o A m e r i -cano de História das Ciências e da Tecnologia — G ê n e r o , Ciência & Tecnologia n a História L a t i n o - A m e r i c a n a , realizado n o R i o d e Janeiro em j u l h o de 1998. O artigo não t e m a pretensão de defender u m a suposta "historiografia e c o n ô m i c a f e m i n i n a " , mas fazer um simples recorte da participação das mulheres na construção deste c a m p o do c o n h e c i m e n t o .

A A u t o r a a g r a d e c e a M i r i a m M o r e i r a L e i t e e a J o s é R o b e r t o do A m a r a l Lapa os c o m e n t á r i o s , e a R e n a t o P e r i m C o l i s t e t e a i n d i c a ç ã o d o a r t i g o d e M a x i n e B e r g s o b r e as historiadoras e c o n ô m i c a s b r i t â n i c a s . F i n a l m e n t e , a A u t o r a a g r a d e c e aos pareceristas p o r seus c o m e n t á r i o s e sugestões de alterações.

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Em função desse propósito, a periodização escolhida t e m início nos anos trinta e t e r m i n a p o r volta de 1970, a c o m p a n h a n d o a p r o d u ç ã o historiográfica da década de 1930 aos anos sessenta. O primeiro marco foi definido em função da criação das Faculdades de Filosofia, em São Paulo (1934) e no R i o de J a n e i r o (1935), e da Escola de Sociologia e Política (1933) q u e i n t r o d u z i r a m o ensino, a pesquisa e a profissiona-lização nas ciências sociais. P o r sua vez, o a n o terminal foi escolhido em função da inauguração dos programas de pós-graduação, a qual ampliou o n ú m e r o de trabalhos de história e c o n ô m i c a e social e dis-persou suas temáticas. A a d o ç ã o deste p e r í o d o , restrito às primeiras pesquisadoras, além de ajustar-se ao objetivo do artigo — registrar a participação feminina na c o n s t r u ç ã o da disciplina — não c o m p r o m e t e o seu c o n t e ú d o p o r q u e essas historiadoras p o d e m ser chamadas de "pioneiras", p o r t e r e m atuado na p ó s - g r a d u a ç ã o e p o r terem sido, de fato, as formadoras das novas gerações de pesquisadores em História Econômica.

O levantamento da historiografia foi feito na coleção da Revista de História (1950-1977) e nos p r i m e i r o s escritos de História E c o n ô m i c a das coleções de obras raras de Peter E i n s e n b e r g e de Sérgio B u a r q u e de H o l a n d a , cujos acervos são preservados na Biblioteca Central da U N I C A M P . C o m o base d e a p o i o , utilizaram-se o s levantamentos da p r o d u ç ã o histórica do Brasil realizados p o r Carlos Fico e R o n a l d o Polito, e p o r M a r i a H e l e n a C a p e l a t o e M a r i a Lígia Prado, assim c o m o as avaliações da historiografia e c o n ô m i c a feitas p o r Francisco Iglésias (1970),Alice Piffer Canabrava (1971), Nícia Vilela Luz (1977) e Tamás Szmrecsányi (1996).

Fragmentos de História E c o n ô m i c a :

Primeiras Manifestações

Em Teoria da História do Brasil ( 1 9 6 9 , 3 ed.),José H o n ó r i o R o d r i g u e s faz u m a classificação dos gêneros da História. E n t r e os diversos gêneros listados — dezoito ao t o d o — aparece a História E c o n ô m i c a , caracte-rizada p o r ele c o m o u m a especialidade relativamente recente dos escri-tos da História. A pobreza bibliográfica do g ê n e r o no Brasil deve-se j u s t a m e n t e à sua novidade. De a c o r d o c o m José H o n ó r i o , os primeiros

cronistas realizaram mais estudos descritivos da atividade e c o n ô m i c a existente no País do q u e de História E c o n ô m i c a p r o p r i a m e n t e dita. E n t r e os cronistas q u e escreveram sobre a atividade e c o n ô m i c a d e -senvolvida na C o l ô n i a figuram: G a b r i e l Soares de Sousa, A m b r ó s i o

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Fernandes B r a n d ã o , A n d r é João A n t o n i l , José M a r i a n o da C o n c e i ç ã o Velloso, D i o g o Pereira R i b e i r o de Vasconcelos e Luís Vilhena. O u -tros autores — c o m o José da Silva Lisboa, Visconde de Cairú, e J o ã o R o d r i g u e s de B r i t o — realizaram estudos basicamente voltados à Polí-tica E c o n ô m i c a .

Para José H o n ó r i o , os estudos de História E c o n ô m i c a p r o p r i a m e n t e ditos c o m e ç a m apenas no século X X , c o m as obras de A m a r o Cavalcanti, José Pandiá Calógeras, L e o p o l d o Bulhões, A n t o n i o Carlos R i b e i r o de A n d r a d a , R o b e r t o Simonsen, Alfredo Ellis Jr., Afonso A r i n o s de M e l l o Franco, F.T. de Sousa R e i s , J. F. N o r m a n o , Afonso Taunay, Josias Leão, M a r c o s C a r n e i r o de M e n d o n ç a , José J o b i m , Caio P r a d o Jr., Pires do R i o e Alice Canabrava ( R o d r i g u e s , 1969, p. 1 6 7 - 9 ) .

Na sua defesa da antecipação do nascimento da História E c o n ô m i c a , Francisco Iglésias aponta duas obras inaugurais: o trabalho Minas e os Quintos do Ouro, de D i o g o Pereira R i b e i r o de Vasconcelos 1770(?), considerado " u m verdadeiro estudo de história e c o n ô m i c a " , no qual o A u t o r faz u m a história do regime tributário colonial, e n ã o u m a m e r a descrição da atividade e c o n ô m i c a da época, e o trabalho de José J o ã o Teixeira, Instrução para o Governo da Capitania de Minas Gerais, de 1780 (Iglésias, 1970, p . 1 8 1 9 ) . O Catálogo de Exposição da História do B r a -sil de 1881 e de 1883 c o r r o b o r a a tese de Iglésias. N e l e foi realizada a p r i m e i r a tentativa de classificação bibliográfica de nossa historiografia, e a História E c o n ô m i c a aparece fazendo parte da tipologia de aborda-gens da História. De qualquer forma, até fins do século passado, os estudos de História E c o n ô m i c a eram esparsos e não formavam um c o n j u n t o r e c o n h e c i d o de obras do gênero, tal c o m o e n t e n d e m o s hoje seu c o n t e ú d o . As várias obras eram mais u m a descrição do t e m p o vivido, c o n t e n d o observações da época.

Iglésias r e c o n h e c e q u e a bibliografia histórica d o m i n a n t e no século passado possuía um caráter quase exclusivamente político. O principal historiador do século X I X , Francisco Adolfo Varnhagen, tratou p r e d o m i n a n t e m e n t e de temas políticos, dispensando p o u c a atenção aos t e -mas e c o n ô m i c o s , q u e aparecem na sua obra apenas marginalmente. Em Capítulos de História Colonial (1907), Capistrano de A b r e u b u s c o u fugir do d o m í n i o dos temas políticos e divulgar u m a história mais social e e c o n ô m i c a , sem p r e o c u p a ç ã o c o m os grandes feitos e c o m os "grandes sujeitos" da história (Glénisson, 1977, p.280). Para Alice P. Canabra-va, Capistrano de A b r e u , em seu livro de síntese, propôs u m a "nova c o n c e p ç ã o de elaborar a História: sem preocupação c o m autoridades e datas", articulando a história dos h o m e n s c o m elementos da cultura

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Quadro I. Primeiros cronistas das atividades e c o n ô m i c a s

Publicação A u t o r O b r a

1583 F e r n ã o C a r d i m (jesuíta) Narrativa Epistolar

1 5 8 7 G a b r i e l Soares de Sousa Tratado Descritivo do Brasil

1 6 1 2 D i o g o d e C a m p o s M o r e n o Livro que dá Razão do Estado do Brasil

1618 A m b r ó s i o Fernandes B r a n d ã o Diálogo das Grandezas do Brasil

1 7 1 1 A n d r é J o ã o A n t o n i l Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas

1 7 8 0 José J o ã o Teixeira Instrução para o Governo da Capitania de Minas Gerais

1770(?) D i o g o Pereira R i b e i r o d e V a s c o n c e l o s Minas e os Quintos do Ouro

1791 José J o a q u i m da C u n h a C o u t i n h o Memória Sobre o Preço do Açúcar

1 7 9 4 José Joaquim da C u n h a C o u t i n h o José Joaquim da C u n h a C o u t i n h o Ensaio Econômico sobre o Comércio de Portugal e suas Colônias

1 8 0 2 Luís d o s Santos V i l h e n a Recopilação de Notícias Soteropolitanas e Brasílicas

1 8 0 7 J. R o d r i g u e s de B r i t o J. R o d r i g u e s de B r i t o Cartas Econômico-Políticas sobre a Agricultura e Comércio da Bahia

F o n t e s : R o d r i g u e s , J . H . ( 1 9 6 9 ) ; Iglésias, F.(1970) e Canabrava,A P.(1971)

Q u a d r o II. P r i m e i r o s e s t u d o s d e História E c o n ô m i c a

P u b l i c a ç ã o A u t o r O b r a

1 8 8 9 L i b e r a t o Castro Carreira História Financeira e Orçamentária do Império

1 8 9 0 - 9 3

e 1 9 1 6 A m a r o Cavalcanti O Meio Circulante Nacional, 1808-35

1 9 0 4 - 0 5

e 1 9 1 3 J o s é Pandiá Calógeras A Política Exterior do Império

1 9 1 8

e 1 9 2 3 A n t o n i o Carlos R i b e i r o d e Andrada Bancos de Emissão no Brasil

1 9 2 2 V i t o r V i a n a Histórico da Formação Econômica do Brasil

1 9 2 3 J o s é Gabriel d e L e m o s B r i t o Pontos de Partida para a História Econômica do Brasil

1 9 3 7 R o b e r t o S i m o n s e n História Econômica do Brasil

1 9 3 9 J o ã o F r e d e r i c o N o r m a n o Evolução Econômica do Brasil

1 9 3 9 - 4 1 A f o n s o D ' E s c r a g n o l l e Taunay História do Café no Brasil

1 9 4 2 C a i o P r a d o Jr. Formação do Brasil Contemporâneo — Colônia

1 9 4 2 A l i c e Canabrava* O Comércio no Rio da Prata de 1 5 8 0 - 1 6 4 0

1 9 4 4 - 4 7 J o s é Pires d o R i o A Moeda Brasileira e seu Perene Caráter Fiduciário

F o n t e s : R o d r i g u e s , J . H . ( 1 9 6 9 ) ; I g l é s i a s , F . ( 1 9 7 0 ) e Canabrava, A. P . ( 1 9 7 1 ) .

* O b s e r v a ç ã o : A p e s a r de constar c o m o a n o de publicação de 1 9 4 4 , o trabalho de A l i c e Canabrava f o i a p r e s e n t a d o c o m o tese d e d o u t o r a d o e m História d a C i v i l i z a ç ã o A m e r i c a n a e m 1 3 / 1 1 / 1 9 4 2 . Cf. S i m õ e s d e Paula ( 1 9 7 1 ) .

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material, dos m o d o s de vida, da geografia, da política etc. Dessa forma, a História passa a desenrolarse n u m c e n á r i o mais c o m p l e x o , e c o n ô -m i c o e social. " N ã o se trata -mais de narrar os fatos, de descrevê-los objetivamente, mas de c o m p r e e n d ê - l o s n u m a elaboração q u e visa cap-tar u m a realidade c o m p l e x a , c o m apelo do q u e ela apresentava mais simples e irredutível" (Canabrava, 1 9 7 1 , p. 20).

As obras de História E c o n ô m i c a de c u n h o mais geral e r a m no e n -tanto ainda m u i t o poucas. As primeiras d a t a m dos anos vinte, c o m o o estudo de Vitor Viana, História da Formação Econômica do Brasil, c o m e -morativo d a I n d e p e n d ê n c i a , publicado e m 1922, p o r e n c o m e n d a d o Ministério da Fazenda. Apesar da pretensão do título da obra, o A u t o r apresentou mais aspectos de política e c o n ô m i c a e de finanças, do que temas relacionados à história do desenvolvimento da atividade p r o d u t i -va. Em 1923, foi publicado o u t r o estudo, Pontos de Partida para a História Econômica, de L e m o s B r i t o , a b o r d a n d o diversos aspectos da atividade e c o n ô m i c a (Iglésias, 1970, p.4-7).

Apesar da História E c o n ô m i c a aparecer c o m o um g ê n e r o da his-toriografia desde os anos oitenta do século passado, ela era p o u c o siste-matizada, não derivando de temas e problemas definidos, n e m de u m a m e t o d o l o g i a específica. A t é então t a m p o u c o se c o n h e c e r a m traba-lhos femininos. A História E c o n ô m i c a era d o m i n a d a p o r h o m e n s , e esta parecia ser t a m b é m a situação de outros gêneros da História. E essa situação só m u d a r i a a partir dos anos trinta, c o m a criação da Universi-dade de São Paulo.

O Nascimento da Moderna Historiografia Brasileira

e a História E c o n ô m i c a

N o s anos trinta, foi se esboçando um n o v o quadro para a socieda-de e para a vida intelectual brasileiras, c o m a institucionalização das ciências sociais a partir da fundação da Universidade de São Paulo. A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras reuniu, ao lado das ciências da natureza, os estudos das ciências do h o m e m e da sociedade, n u m a d e m o n s t r a ç ã o clara da m u d a n ç a cultural q u e se processava no País naqueles anos. As ciências h u m a n a s — História, A n t r o p o l o g i a , S o -ciologia, Geografia, Letras — passaram a ser objetos de c o n h e c i m e n t o formal, de ensino e de pesquisas sistemáticas, envolvendo u m a r i g o -rosa obediência a m é t o d o s e n o r m a s de a b o r d a g e m e de investigação científica.

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Os primeiros anos do Curso de Geografia e História da Faculdade de Fi-losofia da USP e as primeiras pesquisadoras em História Econômica

(1934-1955)

O p o n t o de partida da participação das mulheres na construção da disciplina de História E c o n ô m i c a e n c o n t r a - s e na fundação da Faculda-de Faculda-de Filosofia, Ciências e Letras da UniversidaFaculda-de Faculda-de São Paulo (USP) e na organização do p r i m e i r o curso s u p e r i o r de História. Os estudos sistemáticos de História foram iniciados f o r m a l m e n t e c o m a criação da USP. Até então, a historiografia brasileira fora dominada pela história dos eventos políticos, apenas figurando c o m o exceções os estudos de Francisco Adolfo V a r n h a g e n e C a p i s t r a n o de A b r e u , a m b o s m e t o -d o l o g i c a m e n t e influencia-dos pela escola histórica alemã. Os estu-dos históricos foram inicialmente desenvolvidos no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ( I H G B ) , fundado em 1838. O nativismo, a exal-tação das riquezas naturais do País e o l o u v o r do caráter dos seus filhos, "varões preclaros", distinguiram os trabalhos produzidos p o r essa institui-ção, os quais c o n c e b i a m a história c o m o forma de p e r p e t u a r os bons e h o n r a d o s exemplos (Canabrava, 1 9 7 1 , p . 1415). O culto à d o c u m e n t a -ção fez c o m q u e o I H G B se dedicasse a organizar e reunir arquivos e d o c u m e n t o s q u e contribuíssem para fundamentar estudos biográficos dos brasileiros ilustres, "distintos p o r letras, armas, virtudes, etc." O g ê -nero biográfico t o r n o u - s e a principal forma narrativa da história do País. Pedro M o a c y r C a m p o s e Emília Viotti da Costa (1977) a p o n t a m c o m o características dos estudos históricos produzidos no I B H G o isolacionismo a t r i b u í d o à N a ç ã o e o sentido personalista atribuído aos acontecimentos. C o n s e q ü e n t e m e n t e , p r e d o m i n a v a m os estudos de H i s -tória Política e Militar em d e t r i m e n t o de outros aspectos da vida social. As estruturas da vida material e de suas transformações recebiam p o u c a o u quase n e n h u m a atenção.

A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras r o m p e u c o m esse estado de coisas e i n a u g u r o u u m a nova perspectiva para os estudos de História, conforme fora desenvolvida pelos mestres franceses da Escola dos Annales. A Escola dos Annales, liderada p o r L u c i e n Febvre e M a r c B l o c h já se rebelara contra a história historizante, a história dos acontecimentos, m o s t r a n d o sua discordância c o m os limites impostos aos estudos histó-ricos. Febvre e B l o c h , e mais tarde seus discípulos, F e r n a n d Braudel, H e n r i B r u n s c h w i g , Georges F r i e d m a n , J e a n Gagé, C . E . Labrousse, Georges Lefebvre, Charles M o r a z é , enveredaram para a História E c o -n ô m i c a e Social (Simões de Paula, 1 9 7 1 , p . 4 2 8 ) . A revista q u e agluti-nou

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o g r u p o , Annales d'histoire économique et sociale,1 de o n d e derivou o n o m e

da escola, data de 1929 e apoiava-se na interdisciplinaridade, r e u n i n d o historiadores, economistas, sociólogos, geógrafos, c o m o objetivo de m o d e r n i z a r a a b o r d a g e m da história. O n o m e da Revista t a m b é m d e -nota u m a possível influência da escola histórica alemã representada p o r M a x Weber. A l é m da inovação temática trazida pelos Annales, a Escola trouxe u m a inovação m e t o d o l ó g i c a — a realização da pesquisa das f o n -tes e a crítica aos d o c u m e n t o s c o n t i n u o u a o c u p a r lugar central do trabalho e m p í r i c o do historiador, mas não se tratava mais do culto ao d o c u m e n t o , mas da interpretação dos processos históricos, dos seus sen-tidos, de suas estruturas, n u m quadro amplo das ciências do H o m e m . O interesse dos Annales pela A m é r i c a do Sul fora manifestado no p r i m e i r o n ú m e r o da revista, q u a n d o Febvre destacou esse c o n t i n e n t e c o m o um c a m p o de estudos privilegiado para a compreensão das diferenças, para a realização de investigações sistemáticas, sendo t e r r i t ó r i o d e s c o n h e -cido e p o u c o explorado. P o r t a n t o , a criação da Faculdade de Filosofia foi u m a grande o p o r t u n i d a d e para q u e m e m b r o s da Escola se aven-turassem a desvendar a natureza da diversidade e dos contrastes dos trópicos. Mais tarde, B r a u d e l diria q u e : "A nova história q u e defendi em O Mediterrâneo de certa forma a concebi, construí, sonhei q u a n d o estava no Brasil" (Massi, 1 9 9 1 , p. 213).

Na Faculdade de Filosofia, a História e a Geografia formavam j u n t a s a quinta subsecção de Ciências. Três cadeiras constituíam a parte refe-rente à História: História Geral, História da A m é r i c a e História do Brasil. A cadeira de História Geral ficou sob a responsabilidade dos professores franceses, e n q u a n t o que a do Brasil ficou a cargo de Afonso D ' E s c r a g n o l l e Taunay e, mais tarde, de Alfredo Ellis Jr. O p r i m e i r o p r o -fessor francês responsável pela cadeira de História Geral foi E m i l e C o o r n a e r t , especialista em História E c o n ô m i c a da Idade M é d i a . O p r o -fessor C o o r n a e r t p e r m a n e c e u p o u c o t e m p o n o cargo, t e n d o sido subs-tituído p o r F e r n a n d Paul Braudel, q u e influenciaria de forma m a r c a n t e a nova geração de historiadores, p e r m a n e c e n d o no País de 1935 a 1937.

1 A revista m a n t e v e o n o m e de Annales d'histoire économique et sociale até 1 9 3 9 , q u a n

-do u m a n o v a fase foi i n a u g u r a d a e o n o m e m u d o u para Annales d'histoire sociale. D u r a n t e a G u e r r a , o t e m o r d e n ã o c u m p r i r a p e r i o d i c i d a d e fez c o m q u e o n o m e m u d a s s e para Mélanges d'Histoire Sociale. Em 1 9 4 7 , o n o m e Annales, p l e n a m e n t e i d e n t i f i c a d o c o m a Escola, fez c o m q u e a revista r e t o m a s s e sua d e n o m i n a ç ã o a n -t e r i o r d e Annales ( E c o n o m i e s , S o c i é -t é s , Civilisa-tions). E m 1 9 5 6 , c o m a m o r -t e d e F e b v r e , B r a u d e l a s s u m i u a d i r e ç ã o da R e v i s t a .

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O professor Braudel ministrava aulas de História Grega, R o m a n a , M e -dieval e M o d e r n a e orientava os alunos nas escolhas de temas de inves-tigação, r e c o m e n d a n d o temas relativos à História do Brasil. Q u a n t o à a b o r d a g e m , a r e c o m e n d a ç ã o era de buscar as relações da História do Brasil c o m a História M u n d i a l , a b a n d o n a n d o o olhar restrito voltado para d e n t r o do País. O fato de os professores franceses ministrarem História Geral abriu os h o r i z o n t e s dos estudantes para novos temas, novos problemas e novos m é t o d o s de abordagem, levandoos a r e p e n -sar a H i s t ó r i a do Brasil e seu passado colonial, b u s c a n d o as raízes na expansão e c o n ô m i c a européia (Campos, 1 9 5 4 , p . 4 9 8 ) . J e a n Gagé foi o terceiro professor francês a vir para a Faculdade de Filosofia, em substituição a F e r n a n d Braudel. P e r m a n e c e u de 1938 a 1945, t e n d o a p r o -f u n d a d o as bases de c o n h e c i m e n t o em H i s t ó r i a Geral dos alunos, o r i e n t a n d o as teses de d o u t o r a d o de Eurípedes Simões de Paula, A s -trogildo R o d r i g u e s de Mello, Alice Canabrava e O l g a Pantaleão. A partir de 1937, Eurípedes Simões de Paula passou a o c u p a r o cargo de assistente de F e r n a n d Braudel. Em 1939, a cadeira de História Geral da Civilização foi definitivamente dividida entre J e a n G a g é e Eurípedes Simões de Paula, que se t o r n o u o p r i m e i r o brasileiro a ministrar essa disciplina.

A f o r m a ç ã o do curso de Geografia e História c o m professores estrangeiros feriu a vaidade dos "guardiões da história pátria", os m e m -bros do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, q u e não aceitaram os professores estrangeiros e os historiadores licenciados das primeiras t u r m a s da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras c o m o sócios d a q u e -la instituição (Massi, 1 9 9 1 , p. 199).

O curso era conjunto, de Geografia e História. Foi s o m e n t e em 1955 q u e o c o r r e u a separação e a criação de dois cursos a u t ô n o m o s . O v í n c u l o estreito entre a História e a Geografia aponta para u m a outra influência dos Annales, q u e considerava impossível pensar a História separada da Geografia. Pierre M o n b e i g , especialista em Geografia H u -m a n a e E c o n ô -m i c a , exerceu forte influência sobre os pri-meiros alunos. E n t r e os professores franceses, ele foi q u e m p e r m a n e c e u m a i o r p e r í o d o no Brasil — cerca de onze anos. A l é m disso, foi um dos p o u c o s q u e e s -c o l h e u -c o m o tema de tese o Brasil, -c o m u m a problemáti-ca assentada na história e c o n ô m i c a — a expansão da fronteira agrícola no Estado de São Paulo. M o n b e i g foi t a m b é m o divulgador mais assíduo de estu-dos sobre o Brasil nos Annales. Em 1937, o c o n t i n e n t e sul-americano foi pela p r i m e i r a vez objeto de estudo de dois artigos publicados nos Annales: um de H e n r i Hauser, sobre a influência do saint-simonisme no

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Brasil, e o u t r o de P i e r r e M o n b e i g , sobre as zonas pioneiras do Estado de São Paulo. Sua forte influência levou Alice Canabrava a afirmar q u e : " M o n b e i g e B r a u d e l c o n q u i s t a r a m os estudantes i n t e l e c t u a l m e n t e . Q u a n d o t e r m i n e i os três anos de curso n ã o tinha idéia do que queria fazer — ser geógrafa ou historiadora" ( D e p o i m e n t o de Alice Canabrava no M I S — SP, Série Estudos Brasileiros, c o o r d e n a d o p o r E r n a n i S. B r u n o 3 0 / 0 9 / 1 9 8 1 , a p u d Massi, 1 9 9 1 , p. 190 e 202).

S e m dúvida, a m a t r i z teórica e m e t o d o l ó g i c a , a f o r m a de fazer h i s t ó ria e a influência das preocupações c o m os aspectos e c o n ô m i c o s v i e -ram dos Annales. As raízes da m o d e r n a História E c o n ô m i c a estão no curso de História e na formação dos p r i m e i r o s historiadores. A t é a criação da Faculdade de E c o n o m i a e Administração em 1946, os estu-dos de História E c o n ô m i c a eram realizaestu-dos exclusivamente no curso de História da Faculdade de Filosofia. Os primeiros professores da disciplina História Geral, É m i l e C o o r n a e r t e F e r n a n d Braudel, o r i e n t a -r a m - n a dent-ro de u m a pe-rspectiva de Histó-ria E c o n ô m i c a da Idade M é d i a (Prof. C o o r n a e r t ) e de u m a História E c o n ô m i c a e Social dos Tempos M o d e r n o s (Prof.Braudel). N a s atividades de pesquisas, os p r o -fessores r e c o m e n d a v a m aos alunos a escolha de temas de História do Brasil, buscando as ligações entre eles e a História Geral. Nascia, assim, u m a m o d e r n a historiografia brasileira.

Para as mulheres, oriundas da p e q u e n a e m é d i a burguesia, a Faculda-de Faculda-de Filosofia significou u m a r u p t u r a , a possibilidaFaculda-de Faculda-de ingressar em níveis do ensino q u e exigiam m a i o r qualificação. A participação das mulheres no magistério, limitada à escola p r i m á r i a , abriu-se ao ensino secundário e ao p r ó p r i o ensino s u p e r i o r e à pesquisa. A Faculdade de Filosofia representou u m a democratização do acesso das mulheres ao ensino superior. De outra forma só p o d e r i a m prosseguir sua formação acadêmica ou profissionalizante nas Faculdades de M e d i c i n a , de D i -reito, d e E n g e n h a r i a , o u n o exterior.

O objetivo da Faculdade de Filosofia era, antes de mais nada, p r e -parar um c o r p o qualificado de professores para a t e n d e r a ampliação do ensino secundário e sua expansão para as cidades do i n t e r i o r do Estado de São Paulo. A recémfundada Universidade de São Paulo i n c o r p o -rava-se à política educacional paulista, f o r n e c e n d o qualificação/trei-n a m e qualificação/trei-n t o / f o r m a ç ã o aos professores p r i m á r i o s c o m i s s i o qualificação/trei-n a d o s pela Secretaria da E d u c a ç ã o para c o n c l u í r e m seus cursos superiores.

Q u a n d o a Capital c o m e ç o u a receber um n ú m e r o crescente de moças vindas do I n t e r i o r para estudarem na Faculdade de Filosofia operou-se u m a verdadeira transformação cultural e de costumes naqueles t u m u l

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-tuados anos trinta. Em seu d e p o i m e n t o , Alice Canabrava relata o des-l u m b r a m e n t o e m c o n t a t o c o m u m m u n d o c o m p des-l e t a m e n t e diferente, c o m a presença dos "notáveis professores e dos dois grandes mestres franceses entre os maiores professores nas respectivas matérias, entre os maiores professores c o n t e m p o r â n e o s : o prof. Pierre M o n b e i g e Fernand Paul Braudel. ..."a Geografia n ã o era mais a geografia de lista telefônica q u e eu tinha aprendido na Escola N o r m a l , era aquele encanto, era aquela sedução de c o m p r e e n d e r a paisagem. O professor de História era, o que diziam, o e n c a n t a d o r de serpentes. N ó s ficávamos, assim embevecidas, bobas, o u v i n d o suas aulas" (Blay e Lang, 1984, p. 2.138).

Alice Canabrava e Olga Pantaleão formaram-se em 1937 e 1938, respectivamente. A m b a s seguiram carreira acadêmica, t e n d o recebido influências das p r e o c u p a ç õ e s c o m a História E c o n ô m i c a . Seus traba-lhos i n a u g u r a r a m no Brasil a participação das mulheres no c a m p o da História E c o n ô m i c a . Alice Canabrava defendeu seu d o u t o r a m e n t o na disciplina de História da Civilização A m e r i c a n a c o m a tese O Comércio no Rio da Prata de 1580-1640. Foi a p r i m e i r a m u l h e r a defender tese no C u r s o de Geografia e História, em 13 de n o v e m b r o de 1942. Olga Pantaleão defendeu seu d o u t o r a m e n t o na disciplina História da C i v i -lização M o d e r n a e C o n t e m p o r â n e a c o m a tese A Penetração Comercial da Inglaterra na América Espanhola de 1713-1873, em 1944.

O Comércio no Rio da Prata de 1580-1640 foi sucedido pelo trabalho A Indústria de Açúcar nas Ilhas Inglesas e Francesas do Mar das Antilhas, tese de livre-docência defendida em 1946. O título de livre-docente em História E c o n ô m i c a p e r m i t i u a Alice Canabrava c o n c o r r e r à cadeira de História E c o n ô m i c a da Faculdade de E c o n o m i a da U S P em 1946, q u a n d o v e n c e u catorze candidatos. Assim, Alice t o r n o u - s e a primeira m u l h e r a o c u p a r a cadeira de História E c o n ô m i c a da Faculdade de E c o n o m i a , o n d e mais tarde exerceria a Diretoria e a Presidência do Instituto de Pesquisas E c o n ô m i c a s (Blay e Lang, 1984, p. 2.142).

O seu terceiro trabalho foi a tese de cátedra em História E c o n ô m i c a Geral e do Brasil da Faculdade de Ciências Econômicas e Administra-tivas, intitulada O Desenvolvimento da Cultura Algodoeira na Província de São Paulo, 18611875, defendida em 1 9 5 1 . Todos os seus trabalhos b a -searam-se em fontes primárias e na procura de respostas a problemas e c o n ô m i c o s e sociais. Seu gosto pela História E c o n ô m i c a foi atribuído a Braudel (Canabrava, 1997, p. 157).

No seu p r i m e i r o trabalho, Alice pesquisou os vários volumes dos Arquivos de B u e n o s Aires no M u s e u Paulista. A fonte d o c u m e n t a l ins-pirou-a na formulação da tese, na qual mostra a expansão comercial

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lusobrasileira nos territórios espanhóis do v i c e r e i n o do Peru, na é p o -ca da u n i ã o das coroas espanhola e portuguesa. O s e g u n d o trabalho, sobre o açúcar nas Antilhas, foi inspirado no estudo q u e fez da obra de A n t o n i l , q u a n d o preparava a introdução à reedição de Cultura e Opulência do Brasil. A pesquisa foi feita na Biblioteca N a c i o n a l , o n d e Alice e n c o n t r o u u m a farta d o c u m e n t a ç ã o sobre e c o n o m i a açucareira, c o m base na qual reconstituiu a trajetória da indústria do açúcar nas ilhas inglesas e francesas, realizando, ao m e s m o t e m p o , um estudo p i o -n e i r o sobre a história das téc-nicas de p r o d u ç ã o (Capelato, Glezer e Ferlini, 1996, p . 1 8 1 9 ) . No trabalho sobre o algodão, investigou as r e percussões da " f o m e de a l g o d ã o " européia, durante a G u e r r a da S e cessão n o r t e a m e r i c a n a , na expansão do cultivo do algodão na P r o víncia de São Paulo. A pesquisadora introduziu os jornais nas suas i n -vestigações, além dos habituais arquivos de d o c u m e n t o s . Por fim, nos últimos trabalhos, fez uso crescente de informações quantitativas, p e s -quisando as formas de riqueza em São Paulo. C o m base na constatação da p o b r e z a da e c o n o m i a agrícola paulista no p e r í o d o colonial, a qual, sem escravos, n ã o p o d e r i a progredir, a p o n t o u para a transformação da sua e c o n o m i a agrícola inexpressiva em centro de abastecimento das Minas, c o m o fator responsável pela superação da pobreza paulista e pela formação da riqueza de São Paulo.

Alice Canabrava foi um elo entre a Faculdade de Filosofia, o n d e se f o r m o u , e a Faculdade de E c o n o m i a , o n d e exerceu sua influência sobre u m a nova geração de historiadores e c o n ô m i c o s , p o r m e i o do ensino e da pesquisa. Sua c o n t r i b u i ç ã o para a disciplina de História E c o n ô -mica d e s d o b r o u - s e em duas direções: primeiro, n u m a consistente tra-j e t ó r i a de investigação de problemas de História E c o n ô m i c a ; s e g u n d o ,

no esforço de construir u m a história do passado c o m base em fontes primárias, no confronto e na crítica à d o c u m e n t a ç ã o . " E m m i n h a s p e s -quisas r e c o n h e ç o u m a g r a n d e influência da base d o c u m e n t a l . Só me sinto segura q u a n d o apoiada em d o c u m e n t o s . N ã o sou pessoa de rea-lizar grandes vôos fora do m a t e r i a l " (Canabrava, 1997, p. 160).

P o r sua vez, O l g a Pantaleão t o r n o u - s e a primeira m u l h e r a o c u p a r o cargo de Assistente da cadeira de História Geral M o d e r n a e C o n t e m -p o r â n e a no curso de História da Faculdade de Filosofia, a convite de seu orientador, Prof.Jean Gagé. Assim, ela fez parte do g r u p o inicial de d o c e n t e s — as pioneiras — na Faculdade de Filosofia (Blay e L a n g 1984, p. 2.141). Sua tese analisou o comércio inglês na A m é r i c a Espanhola entre 1713 e 1 7 8 3 , revelando a intensa atividade de comerciantes i n -gleses no abastecimento e no f o r n e c i m e n t o de mercadorias para os

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c o l o n o s , c h e g a n d o muitas vezes a superar o c o m é r c i o das metrópoles espanhola e p o r t u g u e s a c o m suas colônias em p l e n o r e g i m e do exclu-sivo m e t r o p o l i t a n o . C o m isso, a p e n e t r a ç ã o comercial inglesa pôs p o r terra u m a das prerrogativas do mercantilismo, s e g u n d o a qual as c o l ô -nias deveriam servir suas m e t r ó p o l e s , f o r n e c e n d o matérias-primas e c o n s u m i n d o os p r o d u t o s produzidos ou comercializados pelos c o m e r -ciantes metropolitanos. Essa tese trouxe u m a i m p o r t a n t e c o n t r i b u i ç ã o para o c o n h e c i m e n t o do sistema colonial mercantilista, ao desvendar a r u p t u r a do seu r e g i m e de comércio, baseada no exclusivo comercial metropolitano.

A A m é r i c a Portuguesa foi conquistada mais depressa e mais plena-m e n t e d o plena-m i n a d a pelos coplena-merciantes ingleses do q u e a A plena-m é r i c a Espa-nhola. Os comerciantes ingleses receberam permissão de comerciar c o m os p o r t o s do Brasil e de residir nos p o r t o s de P e r n a m b u c o , Bahia e R i o de Janeiro pelos tratados de 1654 e 1 6 6 1 . A presença inglesa e x p u n h a a " ó t i m a organização comercial dos anglo-saxões" em contraste c o m a ineficiência do sistema colonial p o r t u g u ê s e espanhol. E m b o r a em m e l h o r situação do q u e a portuguesa, a m e t r ó p o l e espanhola n ã o abas-tecia suas colônias e foi p e r d e n d o seu m o n o p ó l i o comercial. Ao l o n g o do século X V I I I , os ingleses t o r n a r a m - s e os maiores fornecedores de escravos, produtos manufaturados, roupas, tecidos, artigos de a l i m e n -tação, livros e outros impressos nos mercados americanos. A A u t o r a utilizou obras do século X V I I I no seu trabalho, mas sua pesquisa nos arquivos de Londres e de M a d r i acabou sendo prejudicada pela G u e r r a (Pantaleão, 1946, p.8).

No início dos anos cinqüenta f o r a m defendidas mais duas teses de d o u t o r a m e n t o inspiradas pela escola dos Annales. U m a foi a de M a -falda Zemella, assistente da cadeira História da Civilização Brasileira, sobre O Abastecimento da Capitania das Minas Gerais no Século XVIII, defendida em 1951 sob a orientação de Alfredo Ellis Jr. A outra tese foi a de M y r i a m Ellis, O Monopólio do Sal no Estado do Brasil

1631-1801: Contribuição ao estudo do monopólio comercial português no Brasil, durante o período colonial, defendida em 1955 sob a o r i e n t a ç ã o formal de Astrogildo R o d r i g u e s de Mello na cadeira de História da Civilização Brasileira.

O t e m a tratado p o r Mafalda foi a organização de u m a rede de abast e c i m e n abast o i n abast e r n o e o desenvolvimenabasto do c o m é r c i o e do capiabastal c o -mercial j u n t o à e c o n o m i a mineradora, e recebeu influência de Braudel, q u e apreciava o assunto. Mas, o resultado alcançado acabou g e r a n d o

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bastante polêmica, pois a influência do O r i e n t a d o r se fez sentir de for-ma m u i t o intensa. A polêmica foi deslocada do t e m a central da tese para a questão do papel d e s e m p e n h a d o p e l o o u r o na R e v o l u ç ã o Francesa. A tese defendida p o r Ellis Jr., e sustentada pela sua orientanda, era de q u e "a causa m á x i m a da R e v o l u ç ã o Francesa foi a R e v o l u ç ã o I n d u s -trial na Inglaterra, e esta foi causada p e l o o u r o brasileiro, o qual, c o m o se vê, i n d i r e t a m e n t e foi o responsável p e l o g r a n d e t e r r e m o t o q u e foi a evolução Francesa" (Zemella, 1 9 5 1 , p . 17 e Janotti, 1 9 5 2 , p . 2 3 7 - 2 4 0 ) .

assunto explorado p o r ela, o abastecimento da população dos sertões de Cataguases na capitania das Minas Gerais (1720), era mais relevante do q u e a discussão provocada, e envolvia o s u r g i m e n t o da atividade comercial brasileira, a integração de um m e r c a d o i n t e r n o de dimensões nacionais, e problemas ligados ao c o m é r c i o internacional — n o t a d a -m e n t e c o -m Portugal e a Inglaterra, q u e fora-m afetados p e l o i -m e n s o crescimento d o m e r c a d o c o n s u m i d o r .

A A u t o r a trabalhou quase exclusivamente c o m fontes primárias até então p o u c o utilizadas, pois raros historiadores haviam se p r e o c u p a d o em estudar c o m o viviam as populações mineradoras, quais os seus p r o -blemas de c o n s u m o e quais os mercados nacional e internacional em q u e se abasteciam. Ela m o s t r o u as dificuldades de abastecer c o m g ê n e -ros alimentícios e artigos de c o n s u m o c o r r e n t e u m a e c o n o m i a colonial marcada pela m o n o c u l t u r a , dadas a inexistência de vias de c o m u n i c a ção, a precariedade dos meios de transporte, e a escassa tradição c o m e r -cial no Brasil, c o m exceção das exportações de p r o d u t o s tropicais e do c o m é r c i o de escravos, b e m c o m o a falta de m o e d a , a precariedade das técnicas de conservação de víveres, as dificuldades de i m p o r t a ç ã o de bens de c o n s u m o , etc. Na e c o n o m i a colonial voltada para a exportação de p r o d u t o s tropicais, n ã o havia sobras de gêneros de c o n s u m o , e, c o n s e q ü e n t e m e n t e , não havia c o m é r c i o i n t e r n o . D e v i d o a t u d o isso, o p o -v o a m e n t o das Gerais acabou i m p u l s i o n a n d o o s u r g i m e n t o u m a rede de abastecimento i n t e r n o a o l o n g o d o século X V I I I .

M y r i a m Ellis utilizou u m a d o c u m e n t a ç ã o inédita, manuscrita e i m -pressa, vinda p r i n c i p a l m e n t e de arquivos de Lisboa, São Paulo, R i o de Janeiro e R i o G r a n d e do Sul, além dos escritos de cronistas e viajantes. O t e m a do m o n o p ó l i o do sal no p e r í o d o colonial fora p o u c o estuda-do até então. D u r a n t e o p e r í o d o de 1631 a 1 8 0 1 , a C o r o a portuguesa impôs o estanque do sal à C o l ô n i a . O m o n o p ó l i o da comercialização do sal era arrendado a particulares, os contratadores de sal. O estanque do sal, c o m o era d e n o m i n a d o , restringia a exploração de salinas do R i o

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Grande do N o r t e , de C a b o F r i o e de outras regiões litorâneas, e proibia a construção de novas " m a r i n h a s " e o transporte de sal das regiões produtoras para as c o n s u m i d o r a s . C o m o conseqüência do m o n o p ó l i o régio, a p o p u l a ç ã o colonial foi privada do p r o d u t o básico para a c o n -servação dos alimentos — em especial, da carne, para a alimentação do gado, e para o t r a t a m e n t o dos couros. A falta do sal, q u e durou cerca de 170 anos, p r o v o c o u u m a v e r d a d e i r a " f o m e de sal", afetando a e c o n o m i a de subsistência e a e c o n o m i a mercantil do Brasil colônia (Revista de História, 1956, p. 2 7 7 - 2 8 8 ) .

As três autoras q u e acabam de ser mencionadas foram as primeiras historiadoras q u e se dedicaram à pesquisa e à elaboração de trabalhos de tese no c a m p o da História E c o n ô m i c a na Faculdade de Filosofia da USP, antes da separação dos cursos de Geografia e História. Os objetos de estudo convergiam para temas relativos ao p e r í o d o colonial. Dois trabalhos tiveram, c o m o base geográfica de estudo, não o Brasil, mas a A m é r i c a Espanhola e as ilhas francesas e inglesas do M a r das Antilhas. Os trabalhos t i n h a m caráter monográfico, esclarecendo, c o m base d o -cumental, problemas p o u c o c o n h e c i d o s , e a b o r d a n d o temas ligados à p r o d u ç ã o colonial para o m e r c a d o internacional e seus mecanismos de comercialização. D o s seis trabalhos aqui examinados, dois trataram do p e r í o d o q u e se estende quase até a segunda m e t a d e do século X I X , mas m e s m o estes n ã o fugiram dos temas p r e d o m i n a n t e s da p r o d u ç ã o i n t e r -na e das relações comerciais c o m o m e r c a d o inter-nacio-nal.

Apesar de ter tido um m a i o r desenvolvimento na Faculdade de F i l o sofia, Ciências e Letras, a História E c o n ô m i c a recebeu t a m b é m i m p o r -tantes contribuições na Escola de Sociologia e Política, criada em 1 9 3 3 , o n d e foi instalada a p r i m e i r a cadeira de História E c o n ô m i c a do Brasil no ensino superior, ministrada p o r R o b e r t o Simonsen. Essa disciplina era d e n o m i n a d a História da E c o n o m i a N a c i o n a l e fazia parte do t e r -ceiro a n o letivo. As aulas ministradas p o r R o b e r t o Simonsen foram reunidas e resultaram no livro História Econômica do Brasil (1500-1822). C a b e aqui apenas u m registro, j á q u e s e desconhece qualquer participa-ção feminina na disciplina daquela instituiparticipa-ção.

A nova geração de pesquisadoras em História Econômica: da separação do curso de História à criação da Pós-Graduação (1955-1911)

De m e a d o s dos anos c i n q ü e n t a até a primeira m e t a d e da década de 1970, a disciplina de História E c o n ô m i c a foi g a n h a n d o projeção e e x -p e r i m e n t o u um intenso d e s e n v o l v i m e n t o na E u r o -p a e nos Estados

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U n i d o s . E n t r e as revistas publicadas nos anos c i n q ü e n t a e sessenta, já havia cerca de v i n t e periódicos especializados em História E c o n ô m i c a , e n q u a n t o cursos universitários especializados em História da P o p u l a ção, História do C o m é r c i o , História da Agricultura, História da I n d ú s -tria, História da M o e d a e dos Bancos, etc. assinalavam um m o v i m e n t o de consolidação do n o v o c a m p o do saber (Cipolla, 1 9 9 1 , p. 16-18). O C o n g r e s s o I n t e r n a c i o n a l d e História, realizado e m R o m a e m 1 9 5 5 , e v i d e n c i o u um interesse crescente p o r temas ligados à E c o n o m i a ( p r o d u ç ã o da vida material, distribuição, redes de comercialização), H i s -tória de Empresas, His-tória dos Preços, His-tória dos Transportes, etc. O p e r í o d o do p ó s G u e r r a suscitou inquietações c o m os problemas r e -lacionados à reconstrução das e c o n o m i a s arrasadas p e l o conflito, ao p l a n e j a m e n t o e c o n ô m i c o e às formas de p r o m o v e r o desenvolvimento e c o n ô m i c o nas e c o n o m i a s atrasadas.

Na A m é r i c a Latina o p e n s a m e n t o e c o n ô m i c o e social recebia dois grandes estímulos: um v i n d o da obra seminal de R a u l Prebisch, Estudio Económico de América Latina, q u e significou um avanço nos estudos das especificidades das economias latinoamericanas; e o u t r o , dez anos d e pois da publicação do Estudio e da criação da Comissão para o D e s e n -v o l -v i m e n t o da A m é r i c a Latina (CEPAL), c o m a publicação, em 1959, do livro de Celso F u r t a d o Formação Econômica do Brasil, q u e i n a u g u r o u u m a nova a b o r d a g e m para a História E c o n ô m i c a do Brasil, e um r e -pensar a História E c o n ô m i c a da região.

A obra de F u r t a d o fechou um ciclo de obras-síntese da História E c o n ô m i c a do Brasil, iniciado p o r três obras anteriores: a de R o b e r t o S i m o n s e n , História Econômica do Brasil (1500-1822),publicada em 1937, e as duas de C a i o P r a d o Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo e História Econômica do Brasil, publicadas respectivamente em 1942 e 1945. A p r i m e i r a representou um esforço pioneiro de e x a m e dos fatos e c o n ô m i c o s e de sistematização de variáveis econômicas mensuráveis, d e n -tro de ciclos e c o n ô m i c o s produtivos, f o r n e c e n d o u m a idéia da situação e do desenvolvimento da e c o n o m i a brasileira do P e r í o d o C o l o n i a l até a I n d e p e n d ê n c i a . P o r sua vez, os livros de C a i o P r a d o Jr. t r o u x e r a m u m a renovação ao estudo da História E c o n ô m i c a do Brasil, ao identifi-car os fundamentos e c o n ô m i c o s e sociais da colonização p r o m o v i d a p e l o mercantilismo na estrutura da e c o n o m i a colonial baseada na es-cravidão, na m o n o c u l t u r a e na g r a n d e p r o p r i e d a d e fundiária.

Sua primeira obra ultrapassou o nível da m e r a transcrição de d o c u -m e n t o s e de dados estatísticos, distanciando-se, sob esse aspecto, da obra de R o b e r t o S i m o n s e n , c o m o tentativa de interpretação de nosso

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passa-do colonial. Já o segunpassa-do livro de C a i o P r a d o Jr. foi a primeira tentativa de apresentar uma História E c o n ô m i c a Geral do Brasil, a b r a n g e n d o os períodos Colonial e Nacional, e tratando de temas até então p o u c o discutidos, c o m o a industrialização e o imperialismo.

P o r sua vez, o livro de Celso F u r t a d o foi u m a c o n t r i b u i ç ã o de e c o -nomista, consubstanciada na análise dos elementos históricos à luz da Teoria E c o n ô m i c a . O problema do desenvolvimento e c o n ô m i c o é a n a -lisado p o r ele c o m base nos conceitos de p r o d u ç ã o , distribuição e fluxo da renda gerada pelas diferentes formas de organização produtiva, desde a e c o n o m i a colonial do c o m p l e x o açucareiro n o r d e s t i n o até a e c o n o -m i a industrial do sul. A c o n t r i b u i ç ã o de Furtado estava na originalida-de do seu estudo, c o m o r e c o n h e c e u Alice Canabrava, ao afirmar q u e : "...é preciso salientar q u e em Celso F u r t a d o a g r a n d e lição não está c e r t a m e n t e nos n ú m e r o s , mas sim, na originalidade de suas h i p ó -teses, na visão ampla dos f e n ô m e n o s e c o n ô m i c o s q u e nos trazem, muitas vezes, a explicação das ações administrativas e políticas; a aplicação das teorias econômicas e conceitos da ciência e c o n ô m i c a e m u m estudo m a c r o e c o n ô m i c o c o m respeito a fatos d o passado" (Canabrava, 1 9 7 1 , p. 31).

N a s décadas de 1950 e 1960, os debates sobre a transição do feu-dalismo para o capitalismo estimularam um o u t r o debate em nossa historiografia — o da passagem da e c o n o m i a colonial à sociedade c a p i talista. As pesquisas sobre o BrasilColônia d e n o t a v a m u m a p r e o c u p a -ção em c o m p r e e n d e r a herança colonial, as relações entre M e t r ó p o l e e C o l ô n i a ; as possibilidades de crescimento de u m a e c o n o m i a de m e r -cado i n t e r n o ; o desenvolvimento e a inserção da e c o n o m i a nacional no capitalismo mundial. Do p o n t o de vista m e t o d o l ó g i c o , a influência p r e d o m i n a n t e da Escola dos Annales manteve-se e foi inovada c o m a i n c o r p o r a ç ã o do instrumental estatístico e quantitativo à análise do c o m é r c i o colonial ( C h a u n u , 1 9 7 1 , p . 2 1 2 4 ) . A o m e s m o t e m p o , a c o r r e n -te de p e n s a m e n t o marxista ganhava t e r r e n o nos m e n c i o n a d o s deba-tes sobre a transição do feudalismo para o capitalismo e nos estudos acerca da natureza da colonização e da inserção internacional do Brasil, p o r m e i o da influência de autores c o m o M a u r i c e D o b b , Paul Sweezy, Paul B a r a n e outros.

U m a referência à influência de Sérgio B u a r q u e de H o l a n d a nos c u r -sos de História torna-se obrigatória. Em 1958, ele d e i x o u a direção do M u s e u Paulista e assumiu a cadeira de História da Civilização

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Brasilei-ra. Sua influência, q u e teve início c o m a defesa da sua tese de cátedra Visões do Paraíso — Motivos Edênicos no Descobrimento e Colonização do Brasil, não se restringiu aos temas culturais, a t i n g i n d o problemas e c o -n ô m i c o s e sociais, c o m o p o d e ser o b s e r v a d o -nos trabalhos de suas três orientandas: Maria T h e r e z a S c h ö r e r P e t r o n e , Emília Viotti da C o s t a2

e Suely R o b l e s R e i s de Q u e i r o z .

A tese de d o u t o r a m e n t o de M a r i a T h e r e z a Schörer Petrone, A La-voura Canavieira em São Paulo: expansão e declínio, 1765-1851, defendida em 1964, seguia a tendência a n t e r i o r dos estudos sobre o passado c o l o nial, fazendo u m a avaliação das possibilidades de crescimento, dos l i m i -tes e avanços criados pela e c o n o m i a agrícola do p e r í o d o . A -tese mostra o quadro desalentador da economia paulista em meados do século XVIII, o s u r g i m e n t o e desenvolvimento da lavoura açucareira e a inserção da e c o n o m i a paulista nos fluxos comerciais de exportação. Essa trans-formação e c o n ô m i c a r e p r e s e n t o u u m r o m p i m e n t o c o m o passado, ao i n c o r p o r a r as grandes plantações de c a n a - d e - a ç ú c a r e os e n g e n h o s à paisagem, e c r i a n d o u m a nova estrutura social a n t e r i o r m e n t e i n c o n c e -bível. O p e r í o d o c o b e r t o p o r essa tese fora até então p o u c o estudado, c o m os historiadores preferindo o p e r í o d o anterior, da expansão do B a n d e i r i s m o , e / o u o p e r í o d o p o s t e r i o r , de expansão da e c o n o m i a cafeeira. A d o c u m e n t a ç ã o referente à cultura da canadeaçúcar, à i n -dústria açucareira e ao c o m é r c i o do açúcar ainda n ã o fora trabalhada pelos historiadores. A d o c u m e n t a ç ã o particular do Barão de Iguape, A n t o n i o da Silva P r a d o , p e r m i t i u à historiadora e x p o r o cotidiano dos negócios de um c o m e r c i a n t e de açúcar do século X V I I I e início do século X I X . Alice Piffer Canabrava fez p a r t e da banca examinadora, t e n d o sido esta provavelmente a p r i m e i r a vez q u e u m a historiadora e c o n ô m i c a deixava a posição de e x a m i n a d a para assumir a de e x a m i -nadora.

Paralelamente e desde 1957, u m a outra historiadora, Nícia Vilela Luz vinha voltando sua atenção para aspectos do nacionalismo e c o n ô m i c o brasileiro e suas manifestações nas i n ú m e r a s tentativas de i n d u s

-2 S é r g i o B u a r q u e d e H o l a n d a era o o r i e n t a d o r d a tese d e d o u t o r a m e n t o , q u e a c a

b o u s e n d o d e f e n d i d a p o r E m í l i a c o m o tese d e l i v r e d o c ê n c i a e m 2 5 d e n o v e m -b r o de 1 9 6 4 , c o m o t í t u l o Escravidão nas Áreas Cafeeiras (aspectos econômicos, sociais e

ideológicos da desagregação do sistema escravista). S ã o P a u l o , U n i v e r s i d a d e de S ã o P a u l o ,

1 9 6 4 . 3 vol. l 0 0 l p . (Tese de L i v r e - d o c ê n c i a a p r e s e n t a d a à c a d e i r a de H i s t ó r i a da Civilização Brasileira da F a c u l d a d e de Filosofia, C i ê n c i a s e Letras da U n i v e r s i d a d e de São P a u l o ) . Veja-se a r e s p e i t o o t e x t o m a i s a d i a n t e .

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trializar o País, desde os t e m p o s coloniais até o fim da Primeira R e -pública. C o m estas p r e o c u p a ç õ e s , N í c i a fugia dos temas das historia-doras e c o n ô m i c a s formadas pela Faculdade de Filosofia. Na verdade, trazia novas influências, vindas de seus contatos c o m alguns brazilianis-tas, especialmente c o m Stanley Stein e c o m o R e s e a r c h C e n t e r in E n t r e p r e n e u r i a l H i s t o r y da Universidade de Harvard. Em 1961, seus artigos publicados na Revista de História foram reunidos no livro A Luta pela Industrialização do Brasil, 1808 a 1930, p o r sugestão do professor J o ã o C r u z Costa. Prosseguindo seus estudos, em 1963, propôs

desven-dar as relações entre industrialização e desenvolvimento e c o n ô m i c o ao l o n g o da história do Brasil, n u m a tentativa de olhar o passado c o m as p r e o c u p a ç õ e s do presente, e refletindo as idéias desenvolvimentistas e nacionalistas q u e estavam e n t ã o p e n e t r a n d o nos meios universitários e nas instituições de pesquisa fora da Universidade (Luz, 1957, 1958, 1959 e 1963).

Em 1964, Nícia p a r t i c i p o u do c o n c u r s o de livre-docência da cadei-ra de História da Civilização Bcadei-rasileicadei-ra, apresentando u m a tese sobre A Política Brasileira e as Pretensões dos Estados Unidos na Amazônia

18501855. D e i x a n d o de lado a temática da industrialização, a Autora v o l -tou-se para o u t r o aspecto do nacionalismo, confrontando o interesse n o r t e - a m e r i c a n o na A m a z ô n i a c o m a política brasileira. A originalida-de originalida-de sua tese repousava na d o c u m e n t a ç ã o , constituída p o r fontes do Itamarati e do D e p a r t a m e n t o do Estado n o r t e - a m e r i c a n o , e na abordag e m utilizada, na qual a questão política p r o v é m do c o n t e x t o e c o n ô -m i c o e social. Mas, na avaliação do professor Iglésias, -m e -m b r o da banca examinadora, a autora n ã o c o m p l e t o u sua análise das relações c o m e r -ciais entre Brasil e Estados U n i d o s , pois faltou u m " e x a m e das correntes importadoras e exportadoras entre os dois países" (Silva e Castro, 1966, p. 2 8 2 - 2 8 3 ) .

No m e s m o c o n c u r s o de livre-docência da cadeira de História da Civilização Brasileira t a m b é m c o n c o r r e u Emília Viotti da Costa, d e -fendendo a tese Escravidão nas Áreas Cafeeiras — Aspectos Econômicos, Sociais e Ideológicos da Desagregação do Sistema Escravista. O tema de estu-do de Emília fazia parte de um c o n j u n t o de trabalhos sobre a escravi-dão e abolição da escravatura realizados sob a orientação de Florestan

Fernandes nos anos sessenta.3 Sua tese abordava a escravidão nas áreas

3 Esses t r a b a l h o s f o r a m feitos p o r F e r n a n d o H e n r i q u e C a r d o s o (Capitalismo e

Escra-vidão no Brasil Meridional), O t á v i o I a n n i (As Metamorfoses do Escravo) e o u t r o s na

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cafeeiras do Vale do Paraíba e do O e s t e Paulista, o b s e r v a n d o a diferença de c o m p o r t a m e n t o social e e c o n ô m i c o entre essas duas regiões p r o -dutoras diante da desintegração do sistema e da perspectiva da abolição da escravidão. N ã o se tratava de um trabalho sobre a e c o n o m i a cafeeira, mas sobre o sistema escravista — u m a forma específica de trabalho na e c o n o m i a cafeeira. F o r a m t a m b é m analisados p o r ela a evolução e c o n ô m i c a dessas regiões nos seus aspectos mais relevantes — c o m o a m u d a n ç a no sistema de transportes, a c h e g a d a das ferrovias, e a crescente m e c a n i z a ç ã o do b e n e f i c i a m e n t o do café, os quais m o d i ficaram a estrutura da e c o n o m i a cafeeira, i n t e r a g i n d o de forma d i n â -mica c o m a f o r m a de trabalho e p r o m o v e n d o a desagregação do traba-l h o escravo.

A Autora r e c o n h e c e u a influência da classificação de F e r n a n d Braudel — história de curta e de longa duração, c o r r e s p o n d e n d o à c o n j u n t u r a e à estrutura na sua exposição. O u t r a influência p o r ela r e c o n h e c i d a foi a da história mais socializante do tipo w e b e r i a n o , na qual o e n f o q u e centraliza os " g r a n d e s mecanismos, tipos da evolução e do processo de m u d a n ç a " . M a s , a o m e s m o t e m p o , ela o p t o u p o r realizar u m a n a r r a t i -va-síntese, evitando seguir u m a ou outra destas orientações. N ã o se p r e o c u p o u apenas c o m aspectos objetivos inferidos das coisas c o n c r e -tas, mas t a m b é m c o m o q u e pensam e dizem os personagens envolvidos nos a c o n t e c i m e n t o s , m e s m o q u e n e m sempre o q u e d i z e m o u p e n s a m seja o q u e r e a l m e n t e o c o r r e u . O cotidiano da vida dos escravos nas zonas rurais e urbanas faz parte da narrativa, ao lado da expansão cafeeira e da crescente especialização da e c o n o m i a cafeeira, levando à criação do m e r c a d o i n t e r n o . Emília Viotti da Costa m o s t r o u q u e a p r ó p r i a dinâmica da e c o n o m i a agrícola, p o r m e i o da acumulação de capital e da distribuição de renda, p e r m i t i u e f u n d a m e n t o u o a p a r e c i m e n t o de u m a e c o n o m i a u r b a n a e industrial. É r e c o n h e c í v e l a influência do livro de Stanley Stein, Vassouras, Grandeza e Decadência do Café na sua c o m b i n a ç ã o do processo de m u d a n ç a c o m o cotidiano.

Dois anos mais tarde, em 1966, M y r i a m Ellis obteve sua livre-docência na cadeira de História da Civilização Brasileira, da qual era assistente, c o m a tese As Feitorias Baleeiras Meridionais do Brasil Colonial, r e t o m a n -do a temática da atividade produtiva na e c o n o m i a colonial, mas tratan-do de u m a atividade e c o n ô m i c a secundária em relação à p r o d u ç ã o de açúcar, à pecuária, a extração de o u r o e diamantes, etc. Sua tese estuda os núcleos de pesca e manufatura de óleo de baleia q u e se constituíram j u n t o aos principais aglomerados urbanos do litoral. A nova indústria expandiu-se do R e c ô n c a v o Baiano para o sul da C o l ô n i a , do litoral

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fluminense ao de Santa Catarina, sendo introduzida p o r pescadores originados de Biscaia, mestres da caça à baleia, nos séculos X V I I e

XVIII.

C o m o orientanda d e Nícia Vilela Luz, A n t o n i a F e r n a n d a Pacca d e Almeida defendeu sua tese de d o u t o r a m e n t o em 1970, c o n j u g a n d o aspectos políticos e e c o n ô m i c o s na disputa entre a p o t ê n c i a consolidada e a nação q u e aspira construir sua influência no c o n t i n e n t e a m e r i c a -n o , -n u m trabalho i-ntitulado Desafio America-no à Prepo-nderâ-ncia Britâ-nica no Brasil: 1808-1850. A tese de livre-docência na cadeira História da Civilização Brasileira, de Maria T h e r e z a Schörer P e t r o n e , e as disser-tações de mestrado de Suely R o b l e s R e i s de Q u e i r o z e de Maria de Lourdes Viana Lyra vieram encerrar as contribuições das pesquisadoras em História E c o n ô m i c a da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras no p e r í o d o q u e antecedeu a criação do seu p r o g r a m a de p ó s - g r a d u a ç ã o .4

T e n t a n d o u m a síntese desse c o n j u n t o de trabalhos, p o d e - s e afirmar q u e o p e r í o d o colonial c o n t i n u o u a atrair os interesses das pesquisado-ras em História E c o n ô m i c a , e c o m novas temáticas sendo suscitadas. Ao m e s m o t e m p o , a primeira m e t a d e do século X I X começava a ser estudada p o r elas.

4 M a r i a T h e r e z a S c h ö r e r P e t r o n e d e f e n d e u a tese Comércio e Tributação de Gado na

Província de São Paulo, segundo a documentação particular de Antonio da Silva Prado 18181830. S u e l y R o b l e s R e i s d e Q u e i r o z d e f e n d e u seu m e s t r a d o c o m o t r a b a

-l h o A-lgumas Notas sobre a Lavoura de Açúcar em São Pau-lo no Período Co-lonia-l, s o b a o r i e n t a ç ã o d e S é r g i o B u a r q u e d e H o l a n d a e m 1 9 6 6 . M a r i a d e L o u r d e s V i a n a Lyra d e f e n d e u a dissertação Os Dízimos Reais na Capitania de São Paulo: contribuição à

história tributária do Brasil Colonial, 1640-1750 sob o r i e n t a ç ã o de N í c i a Vilela L u z ,

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Q u a d r o III. Primeiras teses de pesquisadoras era H i s t ó r i a E c o n ô m i c a defendidas na U n i v e r s i d a d e de São P a u l o

A n o da defesa A u t o r a O b r a

/ p u b l i c a ç ã o

1 9 4 2 / 1 9 4 4 A l i c e Canabrava O Comércio no Rio da Prata de 1580-1640

1 9 4 4 / 1 9 4 6 O l g a Pantaleão A Penetração Comercial da Inglaterra na América Espanhola de 1713 a 1783

1 9 4 6 A l i c e Canabrava A Indústria de Açúcar nas Ilhas Inglesas e Francesas do Mar das Antilhas

1951 A l i c e Canabrava O Desenvolvimento da Cultura Algodoeira na Província de São Paulo, 1861-1875

1 9 5 1 Mafalda Z e m e l l a O Abastecimento da Capitania das Minas Gerais no Século XVIII

1 9 5 5 M y r i a m Ellis O Monopólio do Sal no Estado do Brasil, 1631-1801: Contribuição ao estudo do monopólio comercial português no Brasil, durante o período colonial

Q u a d r o IV. Teses d a s e g u n d a geração d e pesquisadoras e m H i s t ó r i a E c o n ô m i c a da Faculdade de Filosofia, C i ê n c i a s e Letras da U S P

A n o d a defesa A u t o r a O b r a

/ p u b l i c a ç ã o

1 9 5 7 / 6 1 N í c i a Vilela Luz A Luta pela Industrialização do Brasil 1808 a 1930

1 9 6 4 M a r i a T h e r e z a S c h ö r e r P e t r o n e A Lavoura Canavieira em São Paulo: expansão e declínio, 1765-1851

1 9 6 4 E m i l í a V i o t t i da C o s t a Escravidão nas Áreas Cafeeiras (aspectos econômicos, sociais e ideológicos da desagregação do sistema escravista)

1 9 6 4 N í c i a Vilela L u z A Política Brasileira e as Pretensões dos Estados Unidos na Amazônia 1850-1855

1 9 6 6 M y r i a m Ellis As Feitorias Baleeiras Meridionais

do Brasil Colonial

1 9 7 0 S u e l y R o b l e s R e i s d e Q u e i r o z Algumas Notas sobre a Lavoura de Açúcar em São Paulo no Período Colonial

1 9 7 0 A n t o n i a Fernanda Pacca Desafio Americano à Preponderância Britânica

d e A l m e i d a no Brasil: 1808-1850

1 9 7 1 Maria de L o u r d e s V i a n a Lyra Os Dízimos Reais na Capitania de São Paulo: contribuição à história tributária do Brasil Colonial 1640-1750

1971 Maria T h e r e z a S c h ö r e r P e t r o n e Comércio e Tributação de Gado na Província de São Paulo, Segundo a Documentação Parti-cular de Antonio da Silva Prado, 1818-1830

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As Primeiras P e s q u i s a d o r a s em História Econômica

no Rio de Janeiro e no Paraná

Fora de São Paulo, p o d e s e identificar dois outros centros de p e s q u i -sadoras em História E c o n ô m i c a em atividade antes da instalação dos programas d e p ó s - g r a d u a ç ã o : u m n o R i o d e Janeiro e o u t r o n o Paraná.

N a Universidade Federal d o Paraná organizou-se u m g r u p o5 d e

pesquisadores em História E c o n ô m i c a e História Demográfica, lidera-do p o r Cecília Westphalen e Altiva Pilatti Balhana, em funcionamento desde a criação do D e p a r t a m e n t o de História em 1959. As atividades de docência e pesquisa do G r u p o orientaramse para a História E c o -n ô m i c a e Social. E -n t r e as li-nhas de pesquisa dese-nvolvidas pelo g r u p o destacava-se a Quantificação das Atividades Econômicas Paranaenses nos Séculos XIX e XX, c o m p r e e n d e n d o projeto de Pilatti Balhana, cujo o b j e -tivo era o de "reconstruir um q u a d r o tanto q u a n t o possível c o m p l e t o da sociedade e da e c o n o m i a p e c u á r i a " , incluindo o c o m é r c i o do gado e seus preços, a política de terras, a expansão e diversificação agrícola paranaenses, os preços de gêneros alimentícios em Curitiba, análise das exportações, i m p o r t a ç õ e s e flutuações do c o m é r c i o exterior do Brasil M e r i d i o n a l . C o m base na experiência em pesquisa e no uso de i n s t r u -m e n t a l quantitativo nos estudos da história da e c o n o -m i a regional e história demográfica, e m 1 9 7 2 , esse g r u p o i n a u g u r o u u m curso d e p ó s - g r a d u a ç ã o c o m área d e c o n c e n t r a ç ã o e m História E c o n ô m i c a . Na pósgraduação, Cecília Westphalen o r i e n t o u trabalhos sobre os s e -guintes temas: preços de escravos na Província do Paraná 1 8 6 1 - 1 8 8 7 ; o restabelecimento do c o m é r c i o entre Brasil e Japão após a Segunda G r a n d e G u e r r a ; a história da empresa Fundição Tupy S. A. de Santa Catarina; a tributação e a questão constitucional no Paraná entre 1 8 9 2 -1918; as origens e a c o m p o s i ç ã o das fortunas em Palmas 1 8 5 9 - 1 9 0 3 ; a relação entre a eletricidade e desenvolvimento industrial de Ponta Grossa 1 9 0 4 - 7 3 ; a colonização agrícola na C o l ô n i a de Três Barras, 1 9 3 2 - 1 9 7 0 ; as características das migrações internas do Paraná, 1900-1984; carvão em Santa Catarina de 1918 a 1954; a indústria da madeira na e c o n o m i a de Ponta Grossa e Guarapuava, 1 9 1 5 - 1 9 7 4 .

No R i o de Janeiro, nas Universidades Federal Fluminense (UFF) e

5 D e s t e g r u p o fazia p a r t e o Professor Brasil P i n h e i r o M a c h a d o , e s t u d i o s o da H i s t ó

-ria E c o n ô m i c a . Brasil P i n h e i r o M a c h a d o e Francisco Iglésias foram os professores d e fora d o E s t a d o d e S ã o P a u l o q u e m a i s p a r t i c i p a r a m d e bancas e x a m i n a d o r a s d e teses d o D e p a r t a m e n t o d e H i s t ó r i a d a U S P .

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Federal d o R i o d e Janeiro ( U F R J ) u m o u t r o g r u p o f o r m o u - s e mais tarde em t o r n o de M a r i a Yedda Leite Linhares, Eulália M a r i a L a h m e y e r L o b o e M a r i a Bárbara L e v y .

Eulália M a r i a Lahmeyer L o b o foi pioneira nos estudos sobre a H i s -tória dos P r e ç o s6, u m i m p o r t a n t e capítulo d a história e c o n ô m i c a d o

Brasil, p o u c o e x p l o r a d o p o r historiadores e economistas, e sem o qual é quase impossível c o n h e c e r diversos aspectos da vida e c o n ô m i c a n a -cional, c o m o as condições de vida, e os custos de p r o d u ç ã o agrícola e industrial e das atividades de serviços. A mensuração do índice de p r e -ços para cidade do R i o de Janeiro, a b r a n g e n d o o p e r í o d o de 1820 a 1930 foi publicado em 1971 na Revista Brasileira de Economia (Lobo et alii, 1971). E s t e n d e n d o - s e na temática da evolução dos preços, Eulália e s t u d o u o p a d r ã o de vida, os salários de algumas categorias s o c i o profissionais e o custo da alimentação no R i o de Janeiro entre 1 8 2 0 -1930 (Lobo et alii, 1973). Esta Autora a d o t o u os m é t o d o s quantitativos c o m o um i n s t r u m e n t o auxiliar para a reconstituição da forma mais objetiva possível das séries de preços, c o n t o r n a n d o as dificuldades d e -correntes da ausência de estatísticas.

O objetivo da sua pesquisa foi o de analisar, p o r m e i o dos preços, a natureza da e c o n o m i a do R i o de Janeiro no século X I X e o processo de transição para u m a e c o n o m i a capitalista. Selecionou treze gêneros — o n z e p r o d u t o s alimentares e dois bens de c o n s u m o (azeite para iluminação e panos de algodão) — e a c o m p a n h o u os preços p o r m e i o dos arquivos da Santa Casa de Misercórdia, da O r d e m Terceira de São Francisco da Penitência e do Jornal do Comércio. S e g u i n d o as r e c o m e n -dações e advertências feitas pelos estudos de H a r o l d J o h n s o n , R u g g i e r o R o m a n o e Labrousse, q u e reconstituíram a evolução dos preços e da renda de diversas economias do século X V I I I e X I X , Eulália p ô d e c o m p a r a r seu resultados c o m os desses autores, identificando nos g r u -pos sociais controladores do c o m é r c i o u m a c o m u n i d a d e de interesses distinta da dos grandes proprietários fundiários, e relacionando o m o v i m e n t o dos preços c o m a crescente e gradual m o n e t a r i z a ç ã o da e c o -n o m i a e c o m a expa-nsão do sistema de crédito.

D e n t r o da História E c o n ô m i c a , Eulália t e m analisado u m a imensa gama de temas, fazendo estudos comparativos sobre as c o m u n i d a d e s de

6 N a U n i v e r s i d a d e Federal d a B a h i a u m o u t r o g r u p o i n i c i o u , e m 1 9 7 3 , u m e s t u d o

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