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Vista do Atitudes que influenciam na indisciplina dos alunos: o olhar do professor e do estudante | Acta Científica. Ciências Humanas

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OLHAR DO PROFESSOR E DO ESTUDANTE

Emily Christine Barbosa

1

Gildene de Ouro Lopes Silva

2 Resumo: Este trabalho teve como objetivo identificar a visão do professor e do

estudante sobre as atitudes que promovem a indisciplina. A pesquisa foi realiza-da em uma escola particular localizarealiza-da no interior de São Paulo. A amostragem foi composta por 102 estudantes, com idades variadas entre 16 e 18 anos, cursan-do o 3º ano cursan-do ensino médio, e 28 cursan-dos seus respectivos professores. Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário de 25 questões, que foi respondido pelos alunos e professores. Em seguida, submeteram-se os resultados à análise quan-titativa e qualitativa. Os resultados foram organizados, primeiramente, segundo a opinião dos professores e alunos com relação às atitudes que promovem a in-disciplina e, em seguida, conforme a opinião dos professores e dos alunos sobre as atitudes que não promovem a indisciplina. Posteriormente, é apresentada a opinião dos professores e alunos que discordaram sobre as atitudes que promo-vem a indisciplina. Os resultados permitiram observar a possibilidade de que existem diversas atitudes entre professores e alunos que acabam promovendo a indisciplina no cotidiano da sala de aula. Percebeu-se também que os alunos e professores estão cientes sobre suas atitudes que promovem a indisciplina, em-bora os professores não se demonstrem interessados em mudanças da prática pedagógica no dia a dia de sala de aula que favoreceram as atitudes inibidoras 1 Bacharel em Pedagogia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo. E-mail: emily.cbb@hotmail.com. 2 Doutorado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Mestra em Psicologia pela Pontifícia

Universidade Católica de Campinas. Pós-graduada em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba. E-mail: gildene.lopes@ucb.org.br.

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da indisciplina pelos alunos. Conclui-se que é necessário avançar na pesquisa de estratégias que promovam mudança das atitudes que promovem a indisciplina tanto pelo professor, como pelo aluno.

Palavras chave: Professor; Alunos; Indisciplina.

Abstract: This study aimed to identify the teacher and student view on the attitudes that promote indiscipline. The survey was conducted at a private school located in São Paulo. The sample was composed of 102 students, with varying ages between 16 and 18 years, attending the 3rd year of high scho-ol, and 28 of their teachers. To collect data, we used a questionnaire of 25 questions, which were answered by students and teachers. Then they submit-ted the results to the quantitative and qualitative analysis. The results were organized, first, in the opinion of teachers and students with the attitudes that promote indiscipline and then, according to the opinion of teachers and students about the attitudes that do not promote indiscipline. Later, it pre-sented the views of teachers and students who disagreed on attitudes that promote indiscipline. Results showed the possibility that there are different attitudes among teachers and students who end up promoting indiscipline in the classroom everyday. It is also realized that students and teachers are aware of their attitudes that promote indiscipline, although teachers do not show interest in change the pedagogical practice daily in the classroom that favored the inhibitory actions of indiscipline by students. We conclude that it is necessary to advance the research strategies that promote change in atti-tudes that promote indiscipline by both the teacher and the student.

Ketwords: Teacher; Students; Indiscipline.

Ao observar uma escola percebe-se que é difícil encontrar alunos que manifestem com-portamentos adequados em sala de aula. De acordo com Silva (2010) alguns dos fatores mais significantes para que isso ocorra pode ser percebido pela condição de, alguns, que revelam ter em sua vida a ausência do hábito no cumprimento das suas obrigações, e também no fato de não possuírem o domínio próprio, não conseguem utilizar a própria liberdade.

Meier (2009) diz que a “culpa” também da falta de limites e/ou indisciplina pode ser o comportamento do professor em sala de aula, quando em alguns casos, mostram insegurança ao abdicar de seu poder transferindo-o ao diretor ou coordenador da escola. Porém, se o pro-fessor antecipadamente se prepara e se organiza estará demonstrando autoridade sem precisar falar. Assim, ao ser um professor justo, disciplinado e respeitador, pelas próprias atitudes ga-nhará a confiança e o respeito de seus alunos.

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Pensando nesse contexto, nosso trabalho teve como objetivo identificar a visão do pro-fessor e do estudante sobre as atitudes que promovem a indisciplina. A expectativa é de que contribua para as reflexões sobre a indisciplina em sala de aula, favorecendo as práticas educa-tivas de todos os profissionais que atuam na educação.

O que é indisciplina e disciplina

Quando a porta da sala de aula se fecha, começa ali um mundo de possibilidades: ensino, aprendizagem, amizades, conflitos, indisciplina, disciplina, entre outros. Neste cenário a maior dificuldade dos professores, a indisciplina dentro da sala de aula, tem sido discutida e pesqui-sada. É possível que quase todos os professores já tiveram alguma experiência nesse sentido. A indisciplina na escola sempre foi uma barreira para o bom andamento das aulas e do bom desen-volvimento do processo ensino-aprendizagem. Hoje as escolas passam por um momento muito complicado, pois a cada dia, vemos que a situação da indisciplina está se agravando. É difícil manter a disciplina dentro da escola, pois fora dela o aluno é influenciado pela família, pela mí-dia, pelos amigos e por isso, tende a apresentar os comportamentos indisciplinados em sala de aula (GASPAR, 2010).

Ao voltarmos nosso olhar para a sala de aula, percebemos que ainda existe uma indefini-ção sobre o que é ou não permitido, sobre o que se deve ou não aceitar em sala de aula, o que é ser um aluno indisciplinado ou disciplinado. Muitas vezes o aluno que não questiona e sempre obedece, nunca pergunta, nada diz em sala de aula, é considerado como um exemplo de aluno disciplinado, e que o oposto é considerado indisciplinado.

Gaspar (2010) relata que a indisciplina se manifesta em níveis diferentes e pode ir de pequenas perturbações, como entrar em sala de aula sem pedir permissão a atos de vandalis-mo, ou até mesmo agressão física. Infelizmente, no mundo em que vivemos, as perturbações são, muitas vezes, consideradas como atos normais e inevitáveis, considerando-se indisciplina somente atos extremos, como roubo, agressão, destruição, entre outros.

Com o passar do tempo, podemos observar que a sociedade tem deixado de valorizar regras importantes na educação dos adolescentes, mas tem incentivado o individualismo. Al-gumas atitudes negativas observadas há algum tempo atrás, na minoria dos adolescentes, hoje atinge a quase todos, não importando a sua classe social, raça ou religião. Algumas dessas ati-tudes são: egoísmo, agressão, vandalismo, provocação, não sabe receber “não” como resposta, entre outros, e nos faz pensar como é difícil entender por que os adolescentes têm se compor-tado dessa maneira e, o mais complicado, é saber lidar com essas situações, para amenizar a indisciplina e melhorar o aprendizado (GASPAR, 2010).

Algumas pesquisas têm sido realizadas para saber o que de fato é considerado um aluno indisciplinado. Dayan (2008) cita uma pesquisa realizada em 1997 por três pesquisadores, Peti-narakis, Gentili e Sénore, com professores de certo lugar (não identificado). O resultado apontou que, para eles, um aluno indisciplinado é aquele que é provocador (80%), aquele que não obedece

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às regras (60%), aquele que pode ser bagunceiro (70%) ou, ainda, aquele que realiza atos de van-dalismo com materiais da escola (50%). Para Dayan (2008, p. 18) o conceito de indisciplina é:

definido em relação ao conceito de disciplina, que na linguagem corrente significa regra de conduta comum a uma coletividade para manter a boa ordem e, por extensão, a obediência a regra. Assim, o conceito de disciplina está relacionado com a existência de regras; e o de indisciplina, com a desobediência a essas regras.

Dayan (2008) informou que durante o século XIX, a escola era regida à base de regras e castigos, era exigida disciplina e se caso não houvesse, aplicava-se o castigo. Neste período as crianças disciplinadas eram aquelas submissas e obedientes, e as que eram indisciplinadas eram as rebeldes e desobedientes. No século XIX, de acordo com as pesquisas de Dayan (2008), o professor era a figura de maior autoridade em sala de aula. Ele falava, ensinava, impunha as regras e os alunos não podiam falar e nem questionar, e deviam permanecer em silêncio durante todo o período de aula. Por isso, a indisciplina não era tão frequente nas escolas, mas existia de forma velada.

Segundo Rego (1996), o conceito de disciplina é como toda cultura e religião, não é estável, não é uniforme e tampouco universal. Assim, consequentemente, o conceito de indisciplina também muda e a cada ano esse conceito se transforma. O que há cinco anos se considerava uma atitude de indisciplina, hoje não é mais. Por se tratar de um assunto tão complexo, cada professor tem o seu con-ceito formado sobre a indisciplina. Esses concon-ceitos variam do momento em que a pessoa está vivendo, do contexto em que está sendo aplicado, da realidade em que vivem e da classe social, entre outros. Mesmo tendo alguma coisa em comum. Seus enfoques e suas interpretações são diferentes.

Segundo o dicionário, indisciplina significa: falta de disciplina; ato ou dito contrário à disciplina; desobediência, desordem e rebelião. Para compreendermos esses significados e suas consequências no dia a dia escolar, temos que descobrir o que significa disciplina, e o que ela interfere na indisciplina.

Em geral disciplina se trata de regras de como devemos nos comportar, para mantermos uma boa ordem. É considerado um aluno disciplinado aquele que é submisso e obediente às regras ditadas pelo professor e/ou escola. Porém, às vezes, a disciplina também pode ser vista como corretiva, por exemplo, numa sala de aula onde quase todos os alunos estão conversando, então a professora aplica uma atitude corretiva: todos vão escrever um texto de 25 linhas, sem conversar, para ser entregue daqui a meia hora. Dessa forma o aparente silêncio, que deveria ser “disciplina”, é na verdade um castigo, uma correção (DAYAN, 2008).

A disciplina na escola, para muitos, tem relação com o poder do adulto sobre a criança, o do professor sobre o aluno. Porém, este poder é concedido ao professor pelo próprio pai, ou res-ponsável, do aluno, permitindo-lhes exercer esse poder por um tempo limitado. A forma como o professor exercerá esse poder fará a diferença. No entanto, a maioria dos pais concede a autoridade ao professor de forma “limitada”, pois ele se sente no direito de chamar a atenção do professor e, às vezes, até brigar com ele porque deixou seu filho de “castigo” ou chamou a atenção dele. É exigido

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pela sociedade que o professor exerça sua função e, muitas vezes, é a de educar esses alunos. A dis-ciplina aparece, neste caso, como uma regra na qual o indivíduo se submete por interesse, podendo ser por medo do castigo ou porque deseja ser recompensado (DAYAN, 2008).

Os atos que caracterizam os alunos indisciplinados, na escola, estão relacionados às suas atitudes, tais como: brigas com alunos ou professores, bagunça, desobediência, falar ao mes-mo tempo que o professor e, principalmente, não realizar as tarefas (DAYAN, 2008).

A nossa sociedade, com o passar do tempo, foi se modificando, e junto com ela os alu-nos também foram. Porém, as alu-nossas escolas continuam com o mesmo método de ensino há várias décadas. Sendo assim, a indisciplina de nossos alunos pode estar ocorrendo por não estarmos suprindo as suas expectativas. O aluno precisa ser considerado no meio ou no momento histórico em que está inserido, ou seja, o professor precisa atualizar seus métodos e contextualizá-los para a época em que vivem os alunos, por exemplo, para a era do desenvol-vimento tecnológico (TREVISOL, 2007).

Ainda, Vasconcelos (2000 apud TREVISOL, 2007) afirma que o aluno quando não se sente integrado no processo ensino-aprendizagem apresenta comportamentos preocupantes, agitação, interrupção das aulas, ou mesmo o contrário, fica alienado e não compreende as regras, tornando-se uma atitude indisciplinar.

Trevisol (2007) alerta que pela convivência em sociedade a criança aprende a respeitar as regras ou as normas morais. Considerando que existem vários tipos de relações sociais, Pia-get (1977) as classifica de duas formas: moral heterônoma, ou seja, que é baseada na obediência, e a moral autônoma, que é baseada na igualdade, admitindo que as relações com outros sejam uma condição necessária para a autonomia. No tipo de relação que acontece entre o adulto e a criança, a criança sempre ocupa o mesmo papel, o de que deve obedecer, e este papel dificil-mente será invertido com o do adulto.

Piaget (1977) relata que quando se é criança relaciona-se um sentimento de dever com as ordens que recebem de um adulto respeitável, muitas vezes, sem fazer indagações sobre a ordem recebida. Ele chama esse estagio de “moral do dever”, e para as crianças de 6 a 8 anos de idade chama-se de coação parental. Esta coação consiste em que a criança habitua-se a observação de certas regras e respeitar certas realidades, antes mesmo que aprenda a entender estas razões. Porém, quando a criança se torna adolescente, acontece uma mudança muito grande em seu jeito de ser, em seu físico e em seu psicológico. Nesta fase podem ocorrer mudanças comportamentais.

Dayan (2008) relata que durante a adolescência podem ocorrer mudanças no hu-mor rapidamente. Aparecem os sinais da agressividade, tristeza, felicidade, agitação e preguiça, que começam a ser comuns entre muitos adolescentes neste período devido às mudanças hormonais. Por se tratar de um período muito complicado para os adolescen-tes, deve haver uma maior compreensão por parte dos pais, dos professores e de outros adultos. O diálogo durante este período é fundamental. Em casos de mudanças muito severas, tanto biológicas como comportamentais, deve haver o acompanhamento de um médico ou psicólogo.

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Os adolescentes não são crianças e nem adultos, porém, é exigido deles respon-sabilidades de adultos, mas são considerados crianças para certos padrões de compor-tamento. Eles buscam informações e se aborrecem quando não podem supri-las. Cabe então aos pais e professores fornecer a eles essas informações. O jovem, por sua vez, contesta tudo o que pode, inclusive a ele mesmo. O problema não está na indisciplina ou no comportamento (DAYAN, 2008).

Durante essa fase os adolescentes ficam constantemente irritados com as limitações que são impostas a eles por adultos. Os limites são de extrema importância e devem ser colocados para eles de forma racional, uma vez que, seja necessário entender que os limites contribuem para o seu próprio bem. Em geral, os adolescentes costumam ser dóceis e amáveis, e são flexíveis quando conseguem ser compreendidos em um diálogo, criando-se assim um ambiente de con-fiança e amizade (DAYAN, 2008).

Para Tardif e Lessard (2009, p. 177) quando houver um processo de interação entre o professor e seus alunos e “determinar os limites, as significações e as orientações da situ-ação que o grupo de alunos se prepara para viver” e definir as regras, as condutas e colocar os pingos nos “is”, isso permitirá que haja uma melhor disciplina e consequentemente haja sucesso no processo ensino-aprendizagem. A indisciplina escolar tem sido um desafio no contexto educacional e pode interferir no aprendizado dos alunos, por isso se faz necessário investigá-la nos mais diversos aspectos.

A indisciplina e a docência

De acordo com Dayan (2008), a indisciplina na escola não é um fenômeno estático e nem abstrato, pois não mantém as mesmas características sempre. Em cada um dos casos é necessário questionar o grau da participação da escola na causa da indisciplina, pois não podemos assumir uma posição ingênua e autoritária, dizendo que o problema de indisciplina é só do professor, ou só aluno, ou da escola. Uma das principais queixas dos professores é a conduta dos jovens, e isso não é específico de um determinado país, está presente no mundo afora. É afirmado que os jovens de hoje pensam somente em si próprios e não tem qualquer respeito por seus pais ou pelas pessoas mais velhas, pois são individualistas (DAYAN, 2008).

A conduta displicente e desrespeitosa dos alunos em sala de aula preocupa os professo-res, pois essas atitudes perturbam e os impedem de exercer a sua função de professor. O pro-blema é que essas situações acontecem de maneira particular, não se apresenta do mesmo modo, sendo às vezes em um pequeno grupo de alunos que, ao se ajuntarem, desestabilizam a ordem da aula, tais como o desafio verbal, a resistência para fazer as atividades ou também através de brincadeiras que expõem o professor.

Os alunos tendem a testar o professor e descobrir até onde podem chegar. Quan-do o professor não consegue controlar a situação, ficanQuan-do inquieto e saturaQuan-do, pode se expressar agressivamente, desqualificando o aluno mais provocador. Em geral, aluno e professor se enfrentam, enxergam-se como inimigos na intenção de se defenderem. O

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problema é que a relação professor/aluno é desigual. As situações e condutas de indisci-plina geram muita angústia e quando existe angústia não se pode estabelecer uma rela-ção adequada entre o professor e o aluno, e não se pode estabelecer um clima de respeito mútuo (DAYAN, 2008).

Como deveria ser a relação entre aluno e professor? Uma relação positiva entre ambos. Devemos considerar que o desenvolvimento de relações positivas entre o professor e o aluno é um dos passos mais efi cazes para o estabelecimento de um ambiente positivo em sala de aula. É muito importante lembrar que quando tratamos os alunos com respeito, eles nos apreciam, gostam de nós e sentem-se mais dispostos a nos agradar, dispondo-se a cooperar através do comportamento adequado.

Por isso, buscamos em Morales (2008, p. 61) informações sobre a infl uência do profes-sor sobre o aluno. Ele diz que “o aluno se vê infl uenciado, pois sua percepção do profesprofes-sor, como o vê e como vê sua relação com ele, e pelo qual o professor de fato faz: comunica expec-tativas, responde adequadamente, proporciona ajuda estratégica etc.” O autor ainda informa que o aluno bonzinho, bem educado e interessado recebe muito mais atenção do que o outro que demonstra falta de interesse e difi culdade. Ele afi rma que “esses últimos” “recebem de seus professores comentários ou outro tipo de comunicação, que os desmotiva ainda mais” e isto com certeza gerará indisciplina.

A atitude do professor tem um impacto muito forte sobre seus alunos. Sabemos que a influência entre eles é mútua. Se a classe está indisciplinada e não corresponde aquilo que o professor deseja, esses se sentem desmotivados, irritados e a indisciplina vira causa e efeito (BOYTON, 2008).

Morales (2008) demonstra por meio de quadros a infl uência recíproca de comportamen-to/atitude entre professor e aluno:

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Usando como exemplo o quadro 1, feito por Meireles (2008), exemplifi ca-se, no caso de indisciplina, uma relação de causa e efeito:

Quadro 2 – Interação entre condutas e possível percepção do professor e do aluno em uma situação de indisciplina.

É importante lembrar que, quando se trata do comportamento dos alunos, é mais provável que a qualidade do relacionamento que é estabelecido entre o professor e o aluno, estimule-o a cumprir as normas. Rogers (2008, p. 34) ao escrever sobre o relacionamento professor e aluno relata que no início da sua carreira ele teve que aprender uma dura lição: o professor não pode simples e facilmente querer controlar o comportamento de seus alunos, mas “eu consigo me controlar na situação de ensino [...] até onde refl etidamente controlo a mim mesmo, a minha linguagem, meus “modos” e meu enfoque com os alunos”. Assim, quando nos controlamos, conseguimos controlar o outro e o convidamos à cooperação. Por tanto, o grau de cooperação no comportamento do aluno também depende do tipo de relacionamento que existe entre o professor e o aluno.

Segundo Th ompson (1998) apud BOYTON (2008), a arma mais poderosa disponível para os professores de ensino médio, que promove um clima que favorece a aprendizagem em sala de aula, é o desenvolvimento de uma relação positiva com os alunos. Os alunos tendem a resistir às normas e a procedimentos se a base de um bom relacionamento entre professor e aluno não tiver sido estabelecida. As estratégias que tem por objetivo desenvolver esta relação positiva deveriam receber a maior parte da atenção no planejamento do professor.

A equipe de redação da Revista Profi ssão Mestre (2008) publicou um artigo que fala sobre a indisciplina e aponta algumas dicas do que não se deve fazer em sala de aula. São elas:

-Amigos demais, cedo demais- os autores comentam que por mais que sejamos simpáti-cos, divertidos, alegres e que gostemos de fazer amigos, devemos evitar mostrar esse lado para os alunos de início, temos que mostrar que, em primeiro lugar, sabemos liderar e podemos

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ser bastante exigentes. A classe está sob sua liderança e é aconselhado a “apertar o nó”desde o começo e ir soltando aos poucos. Desta forma o respeito e a amizade tenderão a caminhar juntos em sala de aula.

Ensinar pelos motivos errados- os autores nos alertam sobre a razão de escolhermos ser profes-sores. Caso tenhamos escolhido pelo fato de o professor ter férias mais longas, trabalhar menos horas por dia, só ficar mandando, é melhor refletir mais. O professor, além das horas em sala de aula, possui uma intensa carga para ser realizada em casa, como corrigir provas e trabalhos, preparar aulas e se aprimorar. Se não amamos ensinar, e não ficamos realizados quando o nosso aluno aprende a matéria, estamos na profissão errada. Nossos alunos certamente irão perceber nossa falta de entusiasmo.

Chegar à aula despreparado- os autores nos dizem para que sempre tenhamos um plano B. As nossas aulas devem seguir uma certa rotina, porém algumas coisas podem mudar, pois o nosso dia não é previsível como gostaríamos, e nem sempre o plano de aula vai ser seguido da forma como imaginamos. Os alunos percebem quando o professor fica improvisando por falta de planejamento e isto pode gerar indisciplina. Não admitir quando está errado- os autores nos mostram a importância de admitirmos o erro. Perder a paciência com um aluno que nos enfrenta é comum e pode acontecer com qualquer professor. Porém, quando percebemos que fomos injustos ou excessivamente grosseiros com um dos alunos, temos que pedir desculpas, de preferência diante de toda a sala. Isso fará com que eles não percam o respeito por nós, pelo contrário, estaremos ensinando a humildade, e certamente eles jamais esquecerão.

Agir primeiro, pensar depois- os autores querem nos mostrar que a nossa postura deve ser absolutamente profissional. Quando enfrentamos uma daquelas situações onde o que você quer realmente é gritar, sair chorando, devemos parar, fechar os olhos, respirar fundo e nos concentrar. Nós não seremos os primeiros e nem os últimos a lidar com aluno difícil, e se não mostrarmos autocontrole ninguém nos respeitará.

Descuidar da aparência- os autores nos alertam sobre a nossa aparência em sala de aula. Toda a atenção estará sobre o que estamos fazendo, como estamos vestidos e como está a nossa aparência. Não devemos dar motivos para risos ou desrespeitos, por isso devemos nos vestir apropriadamente, sem mostrar pele demais, usar sapatos confortáveis, evitar maquiagem pesada e exagero no perfume. O mais importante é o conteúdo, mas a primeira impressão é a que fica.

Se afastar dos outros professores- os autores dizem que devemos ter um bom relacio-namento com os colegas de trabalho, não precisamos ser melhores amigos de ninguém, mas devemos participar das conversas e não se esconder. Temos que dar a nossa opinião sobre os assuntos que atingem a todos, mas não se envolver em fofocas e brigas internas, devemos ficar alheios a esse tipo de confusão, pois nunca acaba bem e pode sujar a nossa imagem.

Imaturidade- os autores alertam para o nosso trabalho, onde não devemos misturar os papéis, muitas vezes agindo da mesma forma que o aluno. Precisamos ajudar os alunos a se tornarem pessoas maduras, que saibam como tratar diferentes tipos de pessoas, respeitando a sua autoridade. Os alunos devem gostar de nós, mas isso tem que ser resultado de nossa per-sonalidade e do nosso método de ensino, não de uma aproximação excessiva. Não somos um colega, somos professores, e devemos ser respeitados pela posição que ocupamos.

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Incoerência- os autores nos alertam para tomarmos cuidado com o famoso “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. O respeito deve ser mútuo, pois os alunos certamente irão lu-tar pelos direitos deles. Resumindo, não faça nada em sala de aula que seus alunos não possam fazer também. Precisamos lembrar que nossas atitudes são observadas pelos alunos e, muitas vezes, copiadas por eles.

Esquecer que eles são só jovens- os autores dizem que por mais que façamos o nosso me-lhor e que nos esforcemos para sermos excelentes professores, nossos alunos são apenas jovens. Nem sempre agirão como achamos que deveriam agir, podem ser mal educados ou desrespei-tosos sem motivo aparente. Mas, como bons professores, sabemos que mesmo o aluno mais difícil merece outra chance. Afinal eles são apenas jovens.

Método

Descrição do local

A pesquisa foi realizada em uma instituição de ensino médio de uma instituição parti-cular, localizada no interior do estado de São Paulo. O ambiente físico da escola é composto por 40 salas de aulas amplas, uma cozinha, áreas cobertas, áreas descobertas, cantina, jardim, secretaria, sala para os professores, sala para o diretor disciplinar, salas para duas coordena-doras e salas para duas orientacoordena-doras.

Descrição dos participantes

A) Alunos

O ensino médio possui dois cursos: regular e técnico. Nesta pesquisa participaram 102 alunos cursando 3º ano, do ensino médio regular, com idades variando entre 16 e 18 anos, sendo 49 do sexo masculino e 53 do sexo feminino.

B) Professores

Participaram da pesquisa 28 professores, sendo 15 do sexo feminino e 13 do sexo mas-culino. Todos possuem formação completa de ensino superior em cursos específicos da dis-ciplina que lecionam.

Instrumento

Para a coleta de dados, foram utilizados:

Questionário Fechado: O questionário foi construído, especialmente para utilização nesta pesquisa. Ele é constituído de 25 questões, com o objetivo de caracterizar as atitudes dos professores que influenciam na indisciplina de seus alunos. Professores e alunos fizeram o mesmo questionário.

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Termo de consentimento livre e esclarecido aos professores: possibilitou a participação voluntária dos professores do ensino médio da instituição onde foi realizada esta pesquisa, e ofereceu garantias de privacidade, esclarecimento dos pesquisadores e possibilidade de desis-tência em qualquer momento do desenvolvimento da pesquisa.

Coletas de dados

a) Coleta de dados com alunos participantes

O questionário foi aplicado individualmente em cada sala de aula, mediante orientações dadas pelo aplicador, sobre cada questão.

b) Coleta de dados com professores participantes

O questionário foi aplicado individualmente no espaço escolar, num momento determi-nado pelos participantes.

Discussão de resultados

Os resultados foram organizados em Tabelas a partir da análise das respostas dos partici-pantes. A Tabela 1 faz uma comparação entre as respostas dos alunos e professores, ao indicarem o nível de importância de cada atitude que contribui pouco ou muito para a indisciplina. A Tabe-la 2 reveTabe-la as atitudes que a maioria dos professores e alunos concordam que geram indisciplina, ao analisar o grau de importância atribuído para cada questão que descreve uma atitude.

Posteriormente, a Tabela 3 apresenta as atitudes que a maioria dos professores e alunos concordam que não geram indisciplina, ao analisar o grau de importância atribuído para cada questão que descreve uma atitude. Em seguida, a Tabela 4 apresenta as atitudes que os professo-res e alunos discordam entre eles que geram indisciplina, considerando o grau de importância .

Tabela 1 – Resultados comparativos entre as respostas dos professores e alunos

Questões/Atitudes

Alunos Professores

Pouco

importante Muito importante Pouco importante Muito importante

Questão 1 – Professores que

chegam atrasados 72,5% 27,4% 23,8% 76,2%

Questão 2 – Professores com

pouca experiência 28,4% 71,4% 22,7% 77,3%

Questão 3 – Professores que sabem

demais 78,7% 21,1% 90,2% 9,09%

Questão 4 – Professores que

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Questão 5 - Professores

impacientes 28,6% 71,2% 9,09% 90,9%

Questão 6 – Professores sem

autoridade 14,8% 85% 0% 100%

Questão 7- Desrespeito ao

professor 30.6% 69,2% 9,09% 90,9%

Questão 8 – Sala numerosa 28,6% 71,1% 0% 100%

Questão 9 – Em situação de conflito, vê o professor/aluno como inimigo

33,9% 24,6% 68,15% 31,8%

Questão 10 – Aulas que só o

professor fala. 65,5% 34,2% 90,9% 9%

Questão 11 – Conversas durante

a aula 14% 86% 9% 91%

Questão 12 – Aulas não

preparadas coma antecedência 37% 63% 4,55% 95,4%

Questão 13 – Aluno que dormem

em sala 71% 26% 72,2% 27%2

Questão 14 – Desrespeito com o

aluno 31,3% 68,4% 13,5% 86,3%

Questão 15 – Alunos que não

fazem as tarefas 70,2% 29,6% 18,1% 81,8%

Questão 16 – Alunos que levantam

do lugar sem necessidade 34,2% 65,5% 0% 100%

Questão 17 – Alunos que deixam

seu material desorganizado 82% 17,7% 68,2% 31,8%

Questão 18 – Alunos que não

levam o material escolar 71,4% 28,3% 9% 90,9%

Questão 19 – Aluno que não

aceitam as regras do professor 21,7% 78,1% 0% 100% Questão 20 – Alunos provocadores 21,5% 78,3% 0% 100% Questão 21 – Atividades

consideradas difíceis pelos alunos 65,2% 34,5% 30,4% 69,5% Questão 22 – Atividades que não

despertam interesse para aprender 21,3% 78,5% 9% 90% Questões 23 – Atividades repetidas 31.6% 68% 9% 90%

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Questão 24 – Atividades que não

exigem esforço para realizá-las 74,2% 25,6% 18% 81,8% Questão 25 – Muitas tarefas ao

mesmo tempo 21,5% 78,3% 23,76% 76%

Observa-se que a atitude mais importante para a maioria dos alunos foram as con-versas deles durante a aula e os professores sem autoridade. Também para os professores foram os professores sem autoridade, bem como sala numerosa, alunos que levantam do lugar sem necessidade, alunos que não aceitam as regras do professor e alunos provoca-dores. Por outro lado, pouco importante para os estudantes foi alunos que deixam seu material desorganizado, já para os docentes, foram professores que sabem demais e aulas que só o professor fala.

Tabela 2 – Atitudes que professores e alunos concordam que geram indisciplina.

Questões/Atitudes

Alunos Professores

Pouco

importante importanteMuito importantePouco importanteMuito

Questão 2 – Professores com pouca experiência 28,4% 71,4% 22,7% 77,3% Questão 5 - Professores impacientes 28,6% 71,2% 9,09% 90,9% Questão 6 – Professores sem autoridade 14,8% 85% 0% 100% Questão 7- Desrespeito ao professor 30.6% 69,2% 9,09% 90,9% Questão 8 – Sala numerosa 28,6% 71,1% 0% 100% Questão 11 – Conversas durante a aula 14% 86% 9% 91% Questão 12 – Aulas não preparadas com

a antecedência 37% 63% 4,55% 95,4%

Questão 14 – Desrespeito com o

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Questão 16 – Alunos que levantam do lugar sem necessidade

34,2% 65,5% 0% 100%

Questão 19 – Alunos que não aceitam as regras do professor 21,7% 78,1% 0% 100% Questão 20 – Alunos provocadores 21,5% 78,3% 0% 100% Questão 22 – Atividades que não despertam interesse para aprender 21,3% 78,5% 9% 90% Questões 23 – Atividades repetidas 31.6% 68% 9% 90% Questão 25 – Muitas tarefas ao mesmo tempo 21,5% 78,3% 23,76% 76%

Como pode ser visto na tabela 2, alunos e professores concordaram que existem muitas atitu-des que podem gerar a indisciplina em sala de aula. Declaram também que não são apenas atituatitu-des do professor que geram a indisciplina, mas algumas atitudes dos próprios alunos também colaboram. Ao observar esta tabela, podemos notar que os próprios alunos acham que levantar do lugar sem ne-cessidade, alunos que não aceitam as regras dos professores e que a conversa deles durante as aulas são causadores de indisciplina em sala de aula. Os resultados de uma pesquisa citada por Dayan (2008), realizada em 1997, confirma que a visão dos professores de 1997 não se modificou até o ano atual, porém podemos perceber que não somente os professores acham que essas atitudes influenciam na indisciplina, porém os alunos também concordam e estão cientes sobre essas atitudes.

Tabela 3 – Atitudes em que os professores e os alunos concordam que não geram indisciplina

Questões/Atitudes Pouco Alunos Professores

importante Muito importante Pouco importante Muito importante

Questão 3 – Professores que sabem

demais 78,7% 21,1% 90,2% 9,09%

Questão 9 – Em situação de conflito,

vê o professor/aluno como inimigo 33,9% 24,6% 68,15% 31,8% Questão 10 – Aulas que só o

professor fala. 65,5% 34,2% 90,9% 9%

Questão 13 – Alunos que dormem

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Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 45-61, 2º semestre de 2011

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Questão 17 – Alunos que deixam seu

material desorganizado 82% 17,7% 68,2% 31,8%

Como pode ser visto na tabela 3, algumas das atitudes citadas podem até gerar dificul-dades no processo de ensino-aprendizagem, tais como, alunos que dormem em sala de aula, material desorganizado, professores que não dão oportunidade para que os alunos deem a sua opinião, porém ambos concordam que essas atitudes não geram indisciplina.

Boynton (2008) diz que, para que haja um bom desenvolvimento e para uma possível prevenção da indisciplina, os professores devem fazer com que os alunos participem mais em sala de aula, dando mais oportunidades para que expressem suas opiniões. Porém, ao realizarmos a pesquisa de campo, descobrimos que os professores concordam que, se na aula somente eles falarem, isso não acarreta indisciplina em sala de aula. As repostas dos alunos, concordando que se somente o professor falar em sala não acarretará indisciplina, confirma o resultado de nossa pesquisa.

Tabela 4 – Atitudes que professores e alunos discordam entre eles que geram indisciplina considerando o grau de importância

Questões/Atitudes Pouco Alunos Professores

importante Muito importante Pouco importante Muito importante

Questão 1 – Professores que

chegam atrasados 72,5% 27,4% 23,8% 76,2%

Questão 15 – Alunos que não

fazem as tarefas 70,2% 29,6% 18,1% 81,8%

Questão 18 – Alunos que não

levam o material escolar 71,4% 28,3% 9% 90,9%

Questão 21 – Atividades

consideradas difíceis pelos alunos 65,2% 34,5% 30,4% 69,5% Questão 24 – Atividades que não

exigem esforço para realizá-las 74,2% 25,6% 18% 81,8%

Como pode ser visto na tabela 4, existem algumas atitudes em que alunos e professores dis-cordaram que podem gerar indisciplina, por exemplo: os alunos acham que um professor que che-ga atrasado não vai provocar uma atitude de indisciplina, mas para o professor essa atitude provoca muita indisciplina. Os alunos também acham que atividades que não exigem esforço para serem feitas não geram indisciplina, porém os professores acham que isso é um causador de indisciplina em sala de aula, pois é possível inferir-se que, pelo fato da atividade não exigir esforço dos alunos, eles acabariam a atividade rapidamente e daria abertura para que ocorresse a indisciplina.

Morales (2008), ao falar sobre a conduta do professor e do aluno, afirma que a conduta do professor gera um efeito no aluno e este gera um efeito no professor, por exemplo: se o professor acha

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que quando os alunos não trazem material escolar estão sendo indisciplinados, pois não prestarão atenção na aula, então ele chama a atenção da classe. Os alunos, por sua vez, não acham que ao es-quecerem o material escolar estão sendo indisciplinados, por esta razão acham que o professor esta tomando uma atitude desnecessária e por este motivo o aluno não faz questão de prestar atenção na aula do professor. Por outro lado, o professor percebe que o aluno não está prestando atenção em sua aula e fica aborrecido, tendo como consequência, o aluno vai para a coordenação ou direção.

Esse tipo de atitude acaba se tornando um ciclo, em que professores e alunos não chega-rão a um consenso. Sendo assim, sempre haverá casos de indisciplina em sala de aula, a menos que ambos resolvam buscar entender melhor um ao outro.

Considerações finais

Por meio deste trabalho pode-se repensar alguns questionamentos sobre as atitudes que promovem a indisciplina dentro de sala de aula a partir do olhar do aluno e do professor. Observou-se que algumas atitudes que geram indisciplina podem ser provocadas pelo profes-sor, e isso reafirma a tendência de culpar o professor pelas indisciplinas em sala de aula. No entanto, muitas atitudes são provocadas pelos próprios alunos. Tanto alunos quanto professo-res estão cientes de que algumas de suas atitudes promovem a indisciplina, mesmo cientes de que a indisciplina interfere de forma prejudicial no processo de ensino-aprendizagem.

Percebeu-se também que não existe apenas uma definição para a indisciplina, pois ela está sem-pre se modificando, através dos anos, das culturas e, principalmente, por meio das pessoas. Para que aconteça uma relação entre professores e alunos é essencial que haja uma boa comunicação. O profes-sor deve expor aos alunos o que ele espera deles, suas expectativas, seus métodos de ensino e colocar as suas regras. Ele deve dar oportunidade para que seus alunos questionem seus métodos ou regras e levar em consideração o que foi colocado para que assim possa ocorrer uma relação mais adequada e justa entre professores e alunos (REGO, 1996; DAYAN, 2008; TREVISOL, 2007).

Conclui-se que é necessário avançar na pesquisa de estratégias que resulte em mudança das atitudes que promovem a indisciplina tanto pelo professor, como pelo aluno.

Referências

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BRAGA, R. Indisciplina: de quem é a culpa? Revista Profissão Mestre, Curitiba, ano 11, n. 125, p. 28-29, fev. 2010.

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Acta Científica, Engenheiro Coelho, SP, p. 45-61, 2º semestre de 2011

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BOYTON, M.; BOYTON, C. Prevenção e resolução de problemas disciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2008.

DAYAN, S. P. Como enfrentar a indisciplina na escola. São Paulo: Contexto, 2008

FREIRE, P. Disciplina na escola autoridade versus autoritarismo. Disponível em: <http://bit. ly/1R49GAO>. Acesso em: 18 out. 2010.

GARCIA, J. Indisciplina na escola: precisamos cuidar dos nossos professores. Revista Aprendizagem: a revista da prática pedagógica, São Paulo, ano 3, n. 11, p. 28-29, abr. 2009.

GASPAR, P. F. Indisciplina escolar na atualidade. Disponível em: <http://bit.ly/1XOK4gM>. Acesso em: 18 nov. 2010.

GUIMARÃES, C. Os segredos dos bons professores. Revista Época, São Paulo: Abril, n. 623, p. 110-119, 2010.

GONÇALVES, J. T. O design do estudo de caso. Disponível em: <http://bit.ly/1QA7Nva> acesso em: 02 de maio 2010.

MEIER, M. Quem manda aqui sou eu! Revista Aprendizagem: a revista da prática pedagógica, São Paulo:, ano 3, n. 11, p. 20-21, abr. 2009.

MICHAELIS. Moderno dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://bit. ly/1Qg9WQS> acesso em: 09 nov. 2010.

MORALES, P. A relação professor-aluno: o que é, como se faz. São Paulo: Editora Loyola, 2008. PIAGET, J. O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jou, 1932/1977.

ROCHA, A. F. Indisciplina na adolescência. Disponível em: <http://bit.ly/1QgleRW>. Acesso em: 21 nov. 2010.

ROGERS, B. Gestão de relacionamentos e comportamento em sala de aula. 2 ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2008.

SANTOS, L. A. Apostila metodológica da pesquisa científica II. Disponível em: <http://bit. ly/1SXeLRo> acesso em: 02 de maio 2010.

Referências

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