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Proposta de embalagem para consumo a granel

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL

CURSO TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO

LUISA PIECHNIK SOUZA

PROPOSTA DE EMBALAGEM PARA CONSUMO A GRANEL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2018

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LUISA PIECHNIK

PROPOSTA DE EMBALAGEM PARA CONSUMO A GRANEL

Trabalho de Conclusão de Curso parcial à obtenção do título de Tecnólogo do Departamento de Desenho Industrial da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof(a). Priscila Daienny Zimermann Nardon

CURITIBA

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TERMO DE APROVAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 082

Proposta de embalagem para consumo a granel

por

Luisa Piechnik Souza – 1555529

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 27 de novembro de 2018 como requisito parcial para a obtenção do título de TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO, do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico, do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A aluna foi arguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, que após deliberação, consideraram o trabalho aprovado.

Banca Examinadora: Prof. Manoel Alexandre Schroeder (MSc.) Avaliador Indicado

DADIN – UTFPR

Profa. Pamela Aragão Henriques (Esp.) Avaliadora Convidada

DADIN – UTFPR

Profa. Priscila Daienny Zimermann Nardon (Esp.)

Orientadora

DADIN – UTFPR

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RESUMO

PIECHNIK, Luisa.​Proposta de embalagem para consumo a granel​​. 2018. 77 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Design Gráfico) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018.

O trabalho de conclusão de curso apresentado a seguir consiste no desenvolvimento de uma proposta conceitual de embalagem reutilizável que oferece uma alternativa ao uso de embalagens descartáveis, promovendo o consumo de produtos a granel e reduzindo, portanto, a produção de lixo. Para alcançar este objetivo foi realizada pesquisa bibliográfica sobre sustentabilidade, design sustentável e o consumo a granel. Analisou-se o impacto da embalagem utilizada atualmente no mercado. A metodologia proposta é o Guia de Orientação para Desenvolvimento de Projetos de Merino (2016). Ao término do trabalho pode-se observar o papel do design ao otimizar a utilização de recursos pensando no contexto sustentável, em materiais biodegradáveis, reduzindo assim o impacto ambiental das embalagens no meio ambiente.

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PIECHNIK, Luisa. ​A reusable packaging proposal for in bulk products purchase​​. 2018.

77 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Design Gráfico) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018.

A conceptual proposal for reusable packaging that promotes the consumption of in bulk products, and therefore reduces the volume of waste, and offers an alternative to disposable packaging is presented in this paper. A bibliographic research was performed on sustainability, sustainable design and in bulk products consumption. The environmental impact of disposable in bulk packaging currently used was analyzed. And by the end of this project it is possible to observe how the design can optimize the use of natural resources when adopting sustainability strategies and guidelines, and biodegradable materials, contributing on environmental impact reduction.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 7 1.1 OBJETIVO GERAL 8 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 8 1.3 JUSTIFICATIVA 9 1.4 METODOLOGIA 10 2. SUSTENTABILIDADE 14

2.1 DESIGN PARA SUSTENTABILIDADE 15

3. EMBALAGEM 17

3.1 EMBALAGEM E O MEIO AMBIENTE 19

3.2 EMBALAGEM PARA CONSUMO A GRANEL 23

3.2.1 Análise de similares 30 4. CRIAÇÃO 33 4.1 MATERIAIS BIODEGRADÁVEIS 33 4.1.1 Compósito polimérico 44 4.1.1.1 Produção 45 4.1.1.2 Confecção da chapa 46 4.2 Geração de alternativa 49 4.2.1 Bolsa Hexagonal 49 4.2.1.1 Alternativa 1 50 4.2.1.2 Alternativa 2 52 4.2.2 Bolsa Retangular 53 5. FASE DE REALIZAÇÃO 55 4. CONCLUSÕES FINAIS 72 REFERÊNCIAS 73

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INTRODUÇÃO

O consumismo e aumento nos processos de produção da indústria acarretam na degradação do meio ambiente pelo descarte inadequado dos resíduos produzidos. O lixo urbano, constituído principalmente por embalagens (32%)(BRASIL-MMA, 2012), gera uma grande discussão sobre o desenvolvimento sustentável (MORENO e NAVEIRO, 2015). As pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015), por sua vez, demonstram que o valor bruto da produção de embalagens atingiu R$ 57,2 bilhões em 2015, no Brasil. Aumento de aproximadamente 4,76% em relação aos R$ 54,6 bilhões de 2014. 40,17% do total do valor da produção corresponde aos plásticos, que representam 35% da participação na produção física de embalagens, perdendo apenas para as embalagens de papel, papelão e cartão (40,5%).

Ao longo dos últimos anos, fomenta-se no Brasil a discussão de projetos de lei que visem a regulamentação de uso das sacolas plásticas em varejos. Tal fato atribui-se à conscientização ecológica acerca dos impactos negativos que este tipo de sacola pode provocar no meio ambiente (SANTOS et al., 2013).

Segundo Viana (2010), as propriedades do plástico – leveza, resistência ao impacto sem sofrer deformação, ao ataque a corrosão e a resistência à decomposição por microorganismos –, fazem dele o material escolhido para inúmeras aplicações, mas elas são também um problema ao final da vida útil dos produtos em que são empregados, especialmente sacolas plásticas e outras formas de embalagens.

De acordo com a Associação Brasileira dos Supermercados (ABRAS, 2012), 80% das sacolas plásticas são utilizadas apenas uma vez e depois descartadas, tendo como principal função, quando reutilizadas, armazenar lixo doméstico. Fato este que comprova o que a maioria dos consumidores fazem após adquirir a sacola plástica: jogar no lixo com o lixo armazenado.

Com base nos resultados de pesquisa feita por Parreira et al.(2008), na qual o objetivo era conscientizar a população e apresentar novas alternativas de embalagens que prejudicasse menos o meio ambiente, dentre as 35 pessoas entrevistadas, 33 afirmaram que participariam de mini cursos que ensinassem métodos de ajudar o meio ambiente. Este é um

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indicativo de que pode existir abertura da população para aprender novos meios de colaborar na redução dos impactos ambientais.

Tendo em vista a concepção de que o descarte indevido de materiais não é somente responsabilidade de indústrias de comércio, esse projeto tem enfoque no consumidor final do produto.

Diante do exposto, este projeto pretende responder à seguinte pergunta: como é possível oferecer uma solução com viabilidade sustentável, por meio de embalagem, que facilite o ato de compra do consumidor do produto a granel?

1.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral desta pesquisa é desenvolver uma proposta conceitual de embalagem que atenda as necessidades sustentáveis, estéticas e facilite a prática do consumo a granel.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Analisar aspectos sustentáveis de atuais embalagens utilizadas para o transporte de produtos comercializados a granel;

2. Entender as necessidades do público consumidor e o que é oferecido no mercado para tais necessidades;

3. Entender o que é a sustentabilidade dentro do âmbito das embalagens;

4. Propor uma alternativa de material sustentável para o desenvolvimento da embalagem;

5. Desenvolver uma proposta experimental de embalagem reutilizável que facilite o consumo a granel.

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1.3 JUSTIFICATIVA

A geração de resíduos urbanos no Brasil, em 2014, atingiu aproximadamente 78,6 milhões de toneladas. Este número representa 2,9% de aumento comparado ao ano anterior, não proporcional ao crescimento populacional no país, com apenas 0,9% (ABRELPE, 2014).

O volume de resíduos urbanos produzido ultrapassa a capacidade de gerenciamento e captação ambiental (COSSU e MASI, 2013; DIAS, 2002, p. 145; JAYARAMAN et al., 2003, MENEGAT et al., 2004; STEWART, 2010; WALDMAN, 2012). 80 mil toneladas diárias, o que equivale a 42% do volume total gerado, tem descarte final inadequado (ABRELPE, 2014). Ressalta-se que 32% do volume equivale a resíduos constituídos principalmente por embalagens (BRASIL-MMA, 2012).

Esse resultado se dá pelo atual sistema de produção e consumo utilizado no Brasil. Tratam-se dos supermercados com o “autosserviço”, no qual o consumidor se serve do produto que deseja consumir, movimentando assim a indústria de embalagens. Cria-se a necessidade de informações impressas sobre o produto e apelo gráfico para competição no comércio. Portanto, a existência dos supermercados contribui para que o mercado global de embalagens movimente cerca de US$ 800 bilhões anuais. Existe previsão de crescimento de 4% ao ano até 2018 (SMITHERS PIRA, 2013).

Diante do impacto ambiental negativo gerado pelo sistema de produção e consumo em conjunto com o mercado de embalagem, indústrias do mundo têm considerado a ecoeficiência como solução para a mudança do quadro atual do planeta (BHAMRA e1 LOFTHOUSE, 2007). Padrões atuais de produção e consumo deveriam ser descontinuados para atingir resultados promissores (ALBACH, 2017).

A transição para a sustentabilidade se daria por uma mudança radical da cultura atualmente dominante. Trata-se de um processo de inovação social, cultural e tecnológico (MANZINI e VEZZOLI, 2005).

1Entende-se, no presente trabalho, o termo ecoeficiência como ações que baseiam-se na redução do impacto

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Revela-se, em pesquisa realizada por Dulce Albach (2017), que uma oportunidade de exploração é a forma atualmente convencional de embalamento, transporte e comercialização de produtos em grãos e a granel.

A partir destes dados e com base do estudo de Dulce Albach (2017), este trabalho propõe o desenvolvimento de uma proposta conceitual de embalagem reutilizável que oferece uma alternativa ao uso de embalagens descartáveis, promovendo o consumo de produtos a granel e reduzindo, portanto, a produção de lixo.

1.4 METODOLOGIA

Para auxiliar o desenvolvimento deste projeto, será utilizado o Guia de Orientação para Desenvolvimento de Projetos (GOPD), uma metodologia de design centrada no usuário.

Conforme ilustra a figura 1, trata-se de uma metodologia configurada por oito etapas que se fundamentam na coleta de informações pertinentes ao desenvolvimento da proposta, o desenvolvimento criativo, a execução projetual, a viabilização e verificação final do produto.

Figura 1 - Etapas do Guia de orientação para Desenvolvimento de Projetos (GOPD) Fonte: MERINO (2016)

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As etapas consistem em três grupos: Inspiração, ideação e implementação.

Três etapas compõe o primeiro grupo, sendo elas: Oportunidades (-1) onde são verificadas as oportunidades do mercado, conforme o produto a ser avaliado, considerando um panorama local, nacional e internacional e a atuação na economia. Desta forma, são evidenciadas as necessidades de crescimento do setor e outras conforme o produto; Prospecção/Solicitação (0), onde é definida a demanda central que encaminhará o projeto; Levantamento de dados (1) onde é desenvolvida a definição do projeto com base em um levantamento de dados conforme necessidade e expectativa do usuário, contemplando usabilidade, ergonomia, antropometria, entre outros.

A ideação é contemplada por Organização e Análise dos Dados (2), onde os dados coletados são organizados e analisados; e Criação (3) com a geração de alternativas preliminares e protótipos que serão submetidas à análise para que seja feita a escolha daquelas que tiverem melhor resposta às especificidades do projeto.

A implementação é composta por Execução (4), onde considera-se o ciclo de vida do produto em relação às propostas para que sejam produzidos protótipos para testagem de usabilidade, entre outros; Viabilização (5), onde o produto é testado em situação real junto ao usuário e são realizadas pesquisas junto ao consumidor potencial; e finalmente a Verificação (6), onde é possível gerar um novo ponto de partida para novas oportunidades.

Figura 2 - Etapas do Guia de orientação para Desenvolvimento de Projetos (GOPD) Fonte: MERINO (2016)

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Para o desenvolvimento deste trabalho iremos seguir as etapas conforme a tabela a seguir.

Oportunidades (-1)

Considerando o quadro atual de degradação ambiental, é possível observar a preocupação do consumidor com questões sustentáveis. Nesta etapa, desenvolvida na introdução deste trabalho, será verificada uma

oportunidade de projeto dentro do mercado regional atual.

Prospecção/Solicitação (0)

Nesta etapa, desenvolvida na introdução deste trabalho, será definida a demanda por uma embalagem focando no consumo a granel.

Levantamento de dados (1)

Nesta etapa será definido qual embalagem será

desenvolvida considerando as necessidades do usuário, os produtos similares já existentes utilizados atualmente no mercado.

Organização/Análise de dados (2)

Nesta etapa serão analisados os dados coletados, gerando insumos que auxiliem e guiem as necessidades reais para o desenvolvimento da embalagem.

Criação (3)

Nesta etapa serão geradas alternativas e, considerando a análise dos dados coletados nas etapas anteriores, serão gerados os protótipos das alternativas selecionadas.

Execução (4)

Esta etapa consiste na produção do protótipo da

embalagem para testagem de usabilidade, porém, existem limitações de produção por se tratar de uma embalagem conceitual.

Tabela 1 – Estrutura do trabalho organizados nas etapas do Guia de orientação para Desenvolvimento de Projetos Fonte: A Autora (2018).

As demandas para realização das etapas de viabilização (5) e verificação (6) do trabalho são inviáveis no período de tempo de um trabalho de conclusão de curso, pelo

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material de escolha ser experimental e possuir limitações de produção. O desenvolvimento das etapas 5 e 6 do GOPD podem ser exploradas em estudos futuros.

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2. SUSTENTABILIDADE

Preceitos da sustentabilidade surgiram proporcionalmente aos debates sobre problemas mundiais como as mudanças climáticas, a fome, a desigualdade social e enfermidades. Somente na década de 90 empresas são encorajadas a associar a questão econômica à questão social e à ambiental (ELKINGTON, 2007a). Elkington (2007b) afirma que a sustentabilidade deixa de focar na conformidade e cidadania para se direcionar para a criatividade, inovação empresarial e incentivos do comércio. Sendo assim, vemos que a sustentabilidade pode ser estudada por meio dos impactos gerados à política, empresas, órgãos reguladores e o mercado financeiro (ELKINGTON, 2007b).

O termo “desenvolvimento sustentável”, citado pela primeira vez em 1987 por meio do relatório “​Our Common Future​” ou Relatório Brundtland, elaborado pela World Commission on Environment And Development, definia “aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer suas próprias necessidades”. (BRIAN, 2008, P. 20).

O conceito de desenvolvimento sustentável é refinado ao longo dos anos. Entre a conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em 1972, e a Rio+20, em 2012, sediada no Brasil, surgem novos conceitos como o da Economia Verde que:

Prioriza a erradicação da pobreza, segurança alimentar, um sólido gerenciamento de recursos hídricos, acesso universal a serviços de energia moderna, cidades sustentáveis, gerenciamento de oceanos e melhorando a resistência e a preparação para desastres, assim como a saúde pública, desenvolvimento de recursos humanos e crescimento sustentado, inclusivo e igualitário que gera empregos, incluindo para jovens. (ONU, 2012, p.6).

O conceito de Economia verde, que surge das crises econômicas e ambientais vivenciadas pelo mundo, sugere crescimento com a proteção dos ecossistemas, contribuindo para a redução da pobreza. Assim com a sustentabilidade deve ser tratada como uma estratégia de preservação do meio ambiente, da cultura e dignidade social. Mudanças culturais envolvendo o desenvolvimento sustentável ambiental, social e econômico, devem ocorrer para que se possa trazer qualidade de vida para a população que vive abaixo da linha da miséria, por exemplo.

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Manzini e Vezzoli determinam que o termo sustentável requer: utilizar recursos renováveis; otimizar o emprego de recurso não renovável; não acumular lixo; e que a sociedade rica permaneça no limite de seu espaço ambiental para que o pobre possa usufruir do seu ambiente, do qual têm direito. (MANZINI e VEZZOLI, 2005, p. 28)

Desse modo, surgem na esfera do design a necessidade de abordagens como: ​Green

Design​; Ecodesign; e o Design para a sustentabilidade. Estes projetos passaram a enfatizar a responsabilidade social, os direitos humanos, as questões ambientais e éticas em detrimento de projetos apenas para o lucro (BHAMRA e LOFTHOUSE, 2007).

O ​Green Design foca em aspectos do impacto ambiental do produto. Utilização de materiais reciclados, recicláveis, redução de consumo de energia. Demanda o menor uso de material para executar a mesma função e a recuperação de algum valor desse material por reutilização ou reciclagem (BHAMRA e LOFTHOUSE, 2007).

Ecodesign, ou o Design do Ciclo de Vida do Produto, pensa em cada estágio do ciclo de vida do produto com objetivo de redução dos impactos ambientais (BHAMRA e LOFTHOUSE, 2007).

Design para Sustentabilidade foca em mudança de normas no sistema de produção e consumo. Atua na dimensão ambiental, sócio-ética e econômica-política. Trata-se de um projeto de estratégias aplicadas por empresas que se impuseram a perspectiva da sustentabilidade ambiental, gerando assim produtos, serviços e a comunicação para sustentar a própria proposta (MANZINI e VEZZOLI, 2005, p. 23). É este o contexto utilizado como enfoque para o desenvolvimento do presente trabalho.

2.1 DESIGN PARA SUSTENTABILIDADE

O design para sustentabilidade utiliza questões ambientais e o ciclo de vida no design de produto. Com este contexto, procura-se balancear o sistema de produção com as necessidades sociais para otimizar o processo e vida útil do produto, e assim reduzir os impactos sociais (MANZINI, 2003). Amplamente, pode ser definido como “prática de design,

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educação e pesquisa que, de alguma maneira, contribui para o desenvolvimento sustentável” (VEZZOLI, 2010, p. 45).

Tendo em vista que 32% do volume de resíduos que poluem o meio ambiente diariamente são constituídos principalmente por embalagens (BRASIL-MMA, 2012), surgem, dentro dos preceitos do design para sustentabilidade, propostas de embalagens retornáveis, reutilizáveis, refis, com materiais biodegradáveis, pois um ponto importante no desenvolvimento de um produto sustentável é a duração do produto no meio ambiente. Considera-se sua concepção até seu descarte ou reaproveitamento e a gestão de todo o processo. A durabilidade deste produto é atribuída por sua obsolescência que pode ser objetiva – motivada pelo avanço técnico –, ou subjetiva – motivada pela aparência ditada pela moda (KAZAZIAN, 2005, p.45).

Entende-se, portanto, que é necessário pensar a embalagem de maneira global, analisando os aspectos de produção, materiais em utilização, obtendo assim uma visão do ciclo de vida da mesma desde sua concepção até seu descarte.

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3. EMBALAGEM

A embalagem pode ser definida como um recipiente ou qualquer forma de acondicionamento removível ou não, destinado a cobrir, empacotar, envasar, proteger, manter os produtos ou facilitar sua comercialização (GURGEL, 2014, p. 1).

Mestriner (2001, p. 17) e Santos e Pereira (1998, p. 761) também abordam essas funções, tais como: conter os produtos seja em estado sólido, líquido ou gasoso; proteger, como, por exemplo, ser hermética e impedir o contato externo com água, umidade, insetos, etc.; identificar seu conteúdo; expor o produto; comunicar servindo de suporte entre o produtor e o consumidor; facilitar o transporte e auto vender o produto, melhorando as vendas.

Além de sua definição por função, embalagens podem ser divididas em: primária, secundária e terciária. O quadro a seguir apresenta essa subdivisão com definições, principais características, exemplos práticos de embalagens, não interferido pelo material com o qual são produzidas.

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Tabela 2 – Categorização de embalagens por tipo

Fonte: ABNT - NBR 9198 (2010); Anyadike (2010); Gurgel (2014) (adaptado por ALBACH, 2017).

Para os propósitos deste projeto iremos destacar os conceitos da embalagem terciária, pois neste tipo de embalagem é possível embalar produtos a granel (BERGMILLER, 1976, p. 36). Para seu desenvolvimento devem ser levadas em consideração a capacidade de suportar peso, o tipo de empilhamento, formato do contentor, dimensões de transporte, entre outros requisitos específicos (GURGEL, 2014, p. 1).

A seleção de material para produção é outro fator relacionado com as características do produto e desempenho esperado da embalagem (TWEDE e GODDARD, 2010). Para fins

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deste projeto, esta seleção deverá ser feita considerando a ecoeficiência do material, pensando o design de maneira sustentável. O material selecionado influencia diretamente a experiência visual da embalagem, cria interesse ao tocar, define os custos e a proporção do impacto ambiental (RONCARELLI, 2010, p. 22).

3.1 EMBALAGEM E O MEIO AMBIENTE

O impacto ambiental causado pelas embalagens é um problema de âmbito complexo e não admite solução única. É necessária implementação de uma ação estratégica para soluções de curto, médio e longo prazo. Requer que se considere o sistema de distribuição em si e seu próprio produto. É preciso uma redefinição de comportamento. Pode ocorrer na concepção dos produtos, com a ação do designer, gerentes de produto e do marketing; na logística de produto, com fabricantes e fornecedores; na relação de mercado, com fabricante, fornecedor e consumidor; e com as organizações públicas (MANZINI 2014).

Manzini (2014) delimita um cenário para o design de embalagem, visando minimizar o impacto ambiental, ao estabelecer os três seguintes pontos: ​redesign dos produtos já existentes​​, que deverá melhorar sua eficiência em questão de consumo de material e energia e simplificar o seu descarte ou reciclagem; novo design de produtos ou serviço que substitua os existentes​​, considerando a demanda por desempenho, ao detectar ideias ecologicamente mais favoráveis do que as atuais; ​propor novo cenário de produção e consumo junto a novos estilos de vida.

A proposta de um novo cenário de produção e consumo é a ação que exige o maior nível de aceitação social. Segundo Manzini, o papel do designer aqui é interpretar, reconsiderar e estimular ideias socialmente produtivas. As ideias devem ser ambientalmente sustentáveis, socialmente aceitáveis e culturalmente atrativas simultaneamente.

Surgem, em meio estas ideias, propostas de embalagens retornáveis, reutilizáveis, refis, materiais biodegradáveis, entre outras alternativas para a diminuição do impacto ambiental.

No Brasil, a destinação de maior destaque, enquanto planejamento ambiental, para as embalagens, ainda é a reciclagem. No entanto, apenas em 17% dos municípios do país

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possuem programas de coleta seletiva funcionando. É possível concluir destas forma, que o volume de material reciclado ainda segue extremamente baixo quando comparado a países como a Suécia, que recicla 99,2% do volume de resíduos produzido (GLOBO, 2018).

No cenário mundial observamos a busca à ecoeficiência em diversos países com implementações de leis que almejam banir a distribuição de sacolas descartáveis (BARBOSA, 2012).

A Irlanda, em 2002, foi um dos primeiros países a aplicar a medida, implantando um imposto que seria cobrado do consumidor por unidade de sacola plástica adquirida. A redução do consumo de sacolas foi de 90% e os fundos angariados foram destinados a projetos ambientais (BARBOSA, 2012).

Em 2010, regiões da Índia implementaram a lei para a redução de impacto ambiental. Um dos grandes motivadores foi o índice de morte de vacas por ingestão de plástico. A iniciativa fortaleceu-se por penas como multas e até prisões (BARBOSA, 2012).

O comércio na Austrália estimulou o uso de Ecobags ao fornecer modelos variados, incluindo bolsas térmicas para armazenamento de produtos quentes ou refrigerados (BARBOSA, 2012).

No cenário nacional, cidades brasileiras também aderiram a leis de banimento das sacolas plásticas. Em Belo Horizonte a lei municipal N° 9.529 decreta a proibição das sacolas plásticas descartáveis tradicionais. Tal lei gerou a mudança de hábito do consumidor, estimulando a utilização de embalagens retornáveis, reutilizáveis, ou caixas de transporte disponibilizadas pelo comerciante e supermercados (APAS, 2012). O descarte indevido das caixas de transporte, no entanto, indica que a prática não é totalmente eficiente, em especial em cidades que não possuam coleta seletiva. Idealmente, o comércio deveria enviar as caixas para reciclagem diretamente, evitando produção de resíduos.

No Rio de Janeiro houve implementação da lei estadual N° 5.502 que determina a substituição das sacolas plásticas por sacolas retornáveis. Constam como opções o desconto no valor de R$ 0,30 para cada cinco itens adquiridos pelo consumidor sem sacola plástica, ou, a troca de um quilo de feijão ou arroz para cada cinquenta sacolas plásticas tradicionais devolvidas ao estabelecimento. Houve uma aceitação maior pela utilização do desconto,

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entretanto, o interesse foi baixo, indicando que apenas 2% dos consumidores aderiram o sistema proposto (COSTA, 2015).

As cidades de Franca, Barretos, Bebedouro, São José do Rio Preto, Guarujá, Sorocaba e Presidente Prudente suspenderam lei que proibia a distribuição gratuita de sacolas após alguns meses de implementação por conta das reclamações do consumidor, demonstrando uma resistência de comportamento do público do estado de São Paulo (BONATO, 2012).

No município de Birigui, interior de São Paulo, a lei Nº 5322/2010 que obriga o comércio a distribuir apenas sacolas biodegradáveis ou oxibiodegradáveis não está sendo cumprida. Lei esta que não soluciona a demanda, tendo em vista que o município contém apenas aterro sanitário para descarte de lixo, onde o material em questão não tem degradação facilitada.

Na cidade de São Paulo, em 2011, a lei N° 15.374 que proibia a distribuição gratuita de sacolas plásticas foi sancionada, porém, não foi regulamentada. Em 2012, a APAS, Associação Paulista de Supermercados, e o Ministério Público criaram um Termo de Ajustamento de Conduta, onde era acordado que estabelecimentos comerciais parassem de distribuir sacolas plásticas gratuitamente, e passassem a vender opções de sacolas variadas por diferentes preços. Estas eram chamadas Ecobags (figura 3). Deste modo, o consumidor deveria utilizar sacolas reutilizáveis ou comprar a Ecobag.

Figura 3 – Ecobags Fonte: AnimaVerde Fabrica (2014)

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Porém, no mesmo ano, a Associação SOS consumidores entrou com uma ação civil pública contra a APAS para que as sacolas plásticas voltassem a ser distribuídas gratuitamente (SANTIAGO, 2015).

O Tribunal de Justiça de São Paulo voltou a entrar com a lei constitucional em 2014 e a mesma foi regulamentada. Em 2015 iniciou-se sua fiscalização e obrigatoriedade que especifica os novos modelos de sacola descartável. A Associação Comercial de São Paulo determina por meio de decreto que a nova configuração de sacola descartável deve: ter ao menos 51% de sua composição derivada de material renovável, seguindo padrão internacional para ser menos nocivo ao meio ambiente; ter maior resistência mecânica, devendo suportar peso máximo de 9,9 kg, possibilitando transporte de produtos mais pesados; ter dimensões 40% maiores que as dimensões das sacolas tradicionais, determinando medidas de 48 centímetros por 55 centímetros. As determinações contribuem para a redução do consumo de sacolas, para a reutilização das mesmas em compras futuras e para a separação correta do lixo, já que receberam um caráter educativo.

Figura 4 – Sacolas plásticas definidas pelo decreto nº 55.827/2015 Fonte: Associação Comercial São Paulo (2015).

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As informações sobre descarte buscam facilitar, de modo didático, o entendimento de suas funções. Como mostra a figura 4, a sacola verde é utilizada para o descarte de lixo reciclável – metal, papel, plástico e vidro –, enquanto a cinza é destinada para insumos orgânicos.

Sabendo que existe resistência na aderência de novos modos de consumo, procurou-se, ao inserir poucas mudanças na rotina de consumo e descarte, conscientizar o consumidor sobre a correta separação do lixo, tendo em vista que a separação incorreta é um dos ofensores da atual situação ambiental.

Além disso, incentivam-se modos de consumo – já implementados no mercado – como o consumo a granel, que busca a diminuição do uso da embalagem, também almeja a preservação do meio ambiente.

3.2 EMBALAGEM PARA CONSUMO A GRANEL

Granel é dita a mercadoria vendida em quantidade fracionária, sem embalagem ou marca de identificação.

Os estabelecimentos que oferecem o sistema de consumo a granel destacam como missão a redução de volume de resíduos de embalagem, redução do desperdício de alimentos, promoção de compra local e sazonal, promoção de compra responsável com consumo sustentável, promoção de uma alimentação saudável e promoção de saúde e vida sustentável.

Sobre o ato da compra em si, o consumidor é encorajado a trazer seus próprios recipientes reutilizáveis como sacos, garrafas e frascos. Estes serão utilizados para transportar o produto desejado. Deste modo, o sistema é de autoatendimento. O cliente é responsável pela pesagem da própria embalagem e serve-se conforme necessidade. Para o consumidor que não tiver a própria embalagem, as lojas disponibilizam recipientes para venda (ALBACH, 2017).

Com o intuito de exemplificar e justificar a eficiência sustentável do sistema de consumo a granel podemos observar o trabalho de Albach (2017), no qual é proposto um experimento teórico-prático. Este experimento, com o objetivo de explorar uma estratégia

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efetiva que pudesse comprovar a premissa da utilização de Cenários Futuros , selecionaria um 2

cenário com conteúdo mais próximo de um “futuro preferível”. Foram reconhecidas, dentre as hipóteses, apenas uma para o Cenário Provável; cento e quatro para Cenários Possíveis e trinta e nove para Cenários Preferíveis.

Dentre as trinta e nove hipóteses de cenários preferíveis, foram identificadas propostas que se repetiam ou se complementavam. Foram então elaborados três cenários com suas respectivas narrativas: Space, Derrocada e Colheita, sendo os dois primeiros elencados como mais radicais e se diferenciam pela participação das tecnologias, o que pode ser considerado de certa forma ficcional. Já o cenário colheita, apresenta-se como o mais próximo da realidade e é apresentado da seguinte forma:

2Termo utilizado por Dulce Albach em seu workshop “Descontinuidade”, que compõe sua tese​Design para

Sustentabilidade em Cenários Futuros no Setor de embalagem de Alimentos em Autosserviço​. “[...]

Ancorado basicamente nas fases sugeridas por Jungk (APEL, 2004) no método Future Workshop (Preparação, Crítica, Fantasia e Implementação) e em associação as etapas Geração, Integração e Consistência para estudos de cenários (sugeridas por Börjeson et al., 2006), foi planejado um modelo específico de workshop para ser aplicado em turmas de Cursos de Design no ensino superior.

O objetivo principal foi o desenvolvimento de proposições que pudessem subsidiar estratégias para ações na dimensão da inovação de sistemas ecoeficientes no setor de embalagens de alimentos em autosserviço, no ambiente supermercado.

Partiu-se do pressuposto de que estas estratégias poderiam ser obtidas por meio da criação de ​Cenários Futuros​. [...]”

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O Cenário Colheita se caracteriza pelo fornecimento de produtos a granel pelos supermercados, com equipamentos específicos otimizados e que também auxiliam a evitar desperdícios – o consumidor compra apenas o seu necessário. As embalagens basicamente se constituem por sacos de pano e frascos ou potes de vidro reutilizáveis. Estas são dos próprios consumidores que assumem um papel ativo em suas compras, no sentido de que com suas embalagens fazem o deslocamento dos alimentos para suas casas e nestas ficam também acondicionados durante o seu consumo. Outras embalagens específicas se distinguem por serem comestíveis e ou biodegradáveis. Há prioridade também para o fornecimento de produtos orgânicos, naturais e de pequenos produtores locais. Além de favorecer o crescimento e desenvolvimento da produção local, esta medida visa a minimização dos custos com transporte (se comparado com produtos produzidos em locais distantes) e ao mesmo tempo diminui a “pegada ecológica”. As pessoas valorizam hortas próprias ou comunitárias, principalmente na produção de verduras e frutas, e ainda com a preocupação de tratar a terra com produtos considerados ecologicamente corretos. Há uma associação importante entre hábitos alimentares e saúde. Neste sentido, um destaque é para redução do consumo de carnes e açúcar refinado. Além da preocupação com a qualidade dos alimentos, as pessoas priorizam fazer suas refeições em casa. A estrutura das moradias possibilita a reciclagem do próprio lixo gerado e o mínimo que se descarta tem destino programado. Neste cenário a consciência de que as ações individuais se refletem em toda a sociedade é uma questão primordial das novas gerações. (ALBACH, 2017, p. 214).

Ao analisar o cenário Colheita foi evidenciado que existe, internacionalmente, um número grande de supermercados utilizando o sistema de consumo a granel (figuras 5 a 7). São estabelecimentos que se propõe a mudanças de comportamento e deslocamento do sistema convencional de produção e consumo. Exploram a comercialização de produtos a granel e evidenciam a participação ativa do consumidor, principalmente em relação às embalagens (ALBACH, 2017).

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Figura 5 – Exemplo produtos a granel –Portugal Fonte: Dulce Albach (2017)

Figura 6 – Exemplo produtos a granel – EUA Fonte: Ingredients (2016)

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Figura 7 – Exemplo produtos a granel – Espanha Fonte: Plans and Plants (2016)

Apesar do presente projeto tratar sobre a embalagem utilizada pelo consumidor final, foi possível observar, na análise de Albach (2017), problemas originados pelas embalagens oferecidas atualmente no mercado para a aquisição do produto a granel.

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Figura 8 – Problemas identificados na aquisição de produtos a granel Fonte: Albach (2017).

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Figura 9 – Problemas identificados na aquisição de produtos a granel Fonte: Albach (2017).

A pesquisa da Albach (2017) foca no funcionamento de dispensers, sacos, bicos, válvulas e dosadores e os problemas que eles geram. A partir dos dados levantados por ela, é possível elaborar considerações sobre a embalagem do consumidor final tendo em vista que ambos os projetos estão inseridos em um mesmo contexto.

Diante disto, observamos como embalagem do consumidor final no contexto atual do mercado baseado no consumo a granel os sacos plásticos, sacos de tecido, sacos de papel, ecobags, potes de plástico e potes de vidro.

(30)

3.2.1 Análise de similares

Neste item são analisadas embalagens utilizadas no mercado do consumo a granel em contexto regional.

Foram consideradas como similares o saco plástico, a ecobag e o pote de vidro.

A tabela a seguir apresenta comparativo das alternativas oferecidas.

Similares Prós Contras

Saco plástico

● Armazena

quantidades variadas compactamente ● Não ocupa espaço ● Barato

● Agride o meio ambiente ● Base de petróleo

● Não é descartado

corretamente por falta de informação ao usuário ● Tempo de decomposição

pode chegar a 500 anos ● Frágil e rasga facilmente

Ecobag

● Menor agressão ao meio ambiente se comparado ao saco plástico

● Fator estético pode ser explorado

● Mais resistente ● Melhor uso da

ergonomia

● Agride o meio ambiente ● Não comporta objetos

muito pequenos, que provavelmente serão armazenados em sacos plásticos ou outro meio para seguirem

fracionados e facilitar o transporte

● Não pode ter contato direto com alimentos ou objetos molhados

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Pote de vidro

● 100% reciclável ● Higiênico ● Pode ser lacrado ● Conserva qualquer

variedade de produto

● Material perigoso e frágil ● Pesado

● Ocupa muito espaço ● Não se decompõe

sozinho no meio ambiente

Tabela 3 - Comparativo entre similares Fonte: A autora (2018)

Os sacos plásticos, bem como sacolas descartáveis em maioria utilizadas no mercado, derivados do petróleo (Polietileno de Alta Densidade), não têm grande resistência mecânica e rasgam facilmente durante o transporte de produtos, conforme aponta relatório de teste do INMETRO, realizado após inúmeras reclamações, feitas por consumidores (BORGES, 2007).

Além disso, o impacto ambiental causado pelo consumo do plástico pode gerar esgotamentos de recursos, poluição e outros diversos desastres ambientais. A distribuição gratuita das mesmas, em conjunto com sua má qualidade, colaboram para o consumo exagerado e descontrolado. (MANZINI; VEZZOLI, 2011).

Em busca de soluções menos agressivas e mais ecológicas foi estimulado o uso das Ecobags. Porém, um estudo feito pela Environment Agency, em 2006, mostra que a quantidade de vezes que a sacola é utilizada impacta diretamente no nível de degradação ambiental causado pela mesma.

Ecobags de TNT (tecido não tecido) precisam ser utilizadas cerca de 14 vezes para compensar sua produção; sacolas de papel precisam ser utilizadas 4 vezes; e sacolas de algodão precisam ser utilizadas 173 vezes para compensar a degradação causada por todo o processo, começando pelo uso de agrotóxicos no plantio de algodão até seu descarte final (ENVIRONMENT AGENCY, 2006).

(32)

Como última solução de material temos o vidro, que representa cerca de 7,5% do volume de lixo doméstico gerado mundialmente, o que o torna um problema sério para a questão ambiental. O material também não é ideal para utilização como meio de transporte, já que quando submetido a impactos pode quebrar e causar risco ao consumidor.

Verifica-se, portanto, com base na análise de similares, a necessidade de uma solução menos degradante ao meio ambiente. Este trabalho almeja desenvolver uma solução experimental de embalagem que não agrida o meio ambiente, que não somente foque no fator estético para apelo no mercado, mas possua resistência mecânica e boa ergonomia para auxiliar o consumidor final.

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4. CRIAÇÃO

A síntese dos dados coletados na análise de similares permite identificar os requisitos da embalagem que constituem-se em:

1. A embalagem deve ser ​reutilizável​​, para que seja possível ser produzida em menor número e gerar menos resíduo;

2. A embalagem deve ser ​ecoeficiente​​, com intuito de reduzir o impacto ambiental minimizando a exploração de matéria-prima;

3. A embalagem deve ser ​resistente​​, para que seja possível reutilizá-la;

4. A embalagem deve ​facilitar o transporte​​, contendo elementos de apoio como alças para trazer conforto e praticidade que incentive o uso.

4.1 MATERIAIS BIODEGRADÁVEIS

Diante do contexto apresentado ao longo do presente trabalho – no qual existe preocupação com o impacto ambiental devido ao volume de resíduos colocados na natureza –, buscam-se soluções que diminuam a degradação ao meio ambiente. Tais soluções perpassam pela escolha de materiais que tragam menos danos ao ambiente quando descartados e que encerrem seu ciclo sendo absorvidos pela própria natureza, como é o caso dos materiais biodegradáveis – compostos de itens orgânicos que se decompõem facilmente pela ação bacteriana.

Há diversas iniciativas e estudos neste aspecto. Entre eles as Bandejas ecológicas de polpa moldável de celulose. Desenvolvidas pela Tamoios Tecnologias, empresa estabelecida em São Paulo, são um exemplo de utilização de material biodegradável. Trata-se de uma bandeja para acondicionamento de cogumelos, com capacidade de absorção da água – elevando assim o tempo de prateleira em até 20% ao reduzir a velocidade da deterioração do alimento –, livre de petroquímicos, aditivos tóxicos e poluentes.

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Figura 10 - Bandeja Ecológica de polpa de celulose Fonte: Tamoios Tecnologia (2017)

Outro bom exemplo são as garrafas de água de papel, da empresa americana ​Paper

Water Bottle​. Elas são também resultado de um projeto que desenvolve produtos com polpa moldável. A garrafa é produzida com a mistura de palha de trigo, fibra de bambu, cascas de legumes e frutas, cana de açúcar e junco por fontes renováveis de energia. O material também é 100% biodegradável.

Figura 11 - Garrafas de àgua de papel Fonte: Paper Water Bottle (2018)

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A empresa espanhola Sorbos, almejando eliminar o uso de canudos plásticos – produto de difícil reciclagem, que leva cerca de 400 anos para se decompor na natureza –, criou o canudo comestível, biodegradável e reciclável. São feitos com açúcar, gelatina e amido de milho e podem ou não ser aromatizados. O canudo tem tempo de vida de 25 a 60 minutos dependendo da temperatura do líquido com o qual está em contato. Após esse período irá dissolver-se, evitando geração de resíduo.

Figura 12 - Canudos Sorbos Fonte: Sorbos (2017)

A empresa japonesa AMAM, por sua vez, está desenvolvendo um projeto de material proveniente da alga marinha Ágar. A alga se desenvolve rapidamente – pode crescer até três metros por dia –, é barata e fácil de extrair. É tradicionalmente consumida como comida no Japão e é comercializada desidratada, em blocos, flocos ou em pó. É muito leve em relação ao seu volume, o que é uma característica interessante para um material designado a embalagens.

Foram trabalhadas três combinações com o material. A primeira utilizava o Ágar puro em pó. Deste foi produzido um filme transparente (figura 13), flocos de amortecimento (figura 14) e um berço de amortecimento (figura 15).

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Figura 13 - Filme transparente Fonte: AMAM (2018)

Figura 14 - Flocos de amortecimento Fonte: AMAM (2018)

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Figura 15 - Berço de amortecimento Fonte: AMAM (2018)

A segunda utilizava mistura de Ágar em pó e extrato de fibra de algas vermelhas. Deste foi produzido, com diferentes concentrações de Ágar e alga vermelha, um material acolchoado que pode ser utilizado para diminuir atritos e mistura que poderia ser moldada em diferentes formatos (figuras 16 e 17).

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Figura 16 - Material acolchoado Fonte: AMAM (2018)

Figura 17 - Material acolchoado e recipientes moldados Fonte: AMAM (2018)

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A terceira utilizava mistura de Ágar em pó e conchas – resíduos produzidos pela indústrias de alimentos – em pó. A mistura de Ágar, conchas e água resulta em um material moldável que pode ser utilizado como material de construção (figura 18).

Figura 18 - Telhas para construção Fonte: AMAM (2018)

O material, após utilizado, pode retornar ao meio ambiente sem causar danos. O produto simplesmente se biodegrada.

Os designers italianos Simone Caronni, Paolo Stefano Gentile e Pietro Gaeli desenvolveram uma embalagem sustentável para batatas fritas, produzida com cascas da própria batata. A ideia originou-se do volume de cascas provenientes da produção de batatas fritas.

As cascas são desidratadas e encaixadas em um molde redondo. Enrola-se o material em formato de cone semelhante a uma casca de sorvete (figura 19). A embalagem é feita 100% de casca de batata e, portanto, também é totalmente biodegradável.

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Figura 19 - Embalagem para batata frita Fonte: CARONNI; GENTILE; GAELI (2018)

Também foi desenvolvido pela designer Odília Josefina Fernandes Abreu, em Portugal, utilizando a fibra de da planta bananeira uma embalagem para transporte do cacho de banana (figura 20), com o intuito de proporcionar uma experiência sensorial.

Figura 20 - Embalagem de transporte para banana Fonte: ABREU (2017)

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Dentro da exploração de fibra de bananeira podemos observar seu uso em diversas peças, como no ​artesanato​:

● peças de fibra de bananeira da artista plástica ​Lilita Noronha​, Sul de Minas Gerais, Brasil;

Figura 21 - Peças de Lilita Noronha Fonte: Lilita Noronha (2008)

● bolsas, confeccionadas a partir do bagaço de cana-de-açúcar e da fibra de bananeira, da Donna Onça​, desenvolvidas com auxílio da Associação de Mulheres Empreendedoras de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro;

Figura 22 - Peças de Donna Onça Fonte: Donna Onça bolsas (2010)

● peças produzidas, pela empresa brasileira ​Banana pra você!​, desenvolvendo tecnologias e produtos a partir da fibra de bananeira;

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Figura 23 - Peças de Banana pra você! Fonte: Banana pra você! (2015)

● cadernos produzidos de forma artesanal, utilizando fibra de bananeira, pela empresa Corrupiola​, no Brasil;

Figura 24 - Peças de Corrupiola Fonte: Corrupiola (2018)

Dentro do contexto do ​design ​podemos observar:

● painéis laminados, constituídos por fibra de bananeira e resida de origem vegetal que provém do óleo de mamona, soja e milho, da empresa ​Bananaplac​, Rio de Janeiro;

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Figura 25 - Peças de Bananaplac Fonte: Bananaplac (2011)

● peças decorativas ou funcionais desenvolvidas, pela cooperativa de artesãos ​Gente de Fibra​,​com resíduos descartados pela indústria local e a fibra de bananeira, em Minas Gerais;

Figura 26 - Peças de Gente de Fibra Fonte: Gente de Fibra (2013)

● embalagem desenvolvida a partir da folha de bananeira pelo designer Israelense ​Tal Marco​, para transportar comida.

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Figura 27 - Peças de Tal Marco Fonte: Tal Marco (2008)

As fibras da planta bananeira apresentam elasticidade elevada, capacidade de absorção de água, resistência elevada, tração e rigidez. É um material biodegradável a custo zero, mostrando ser um bom material para desenvolvimento de embalagens e outros produtos.

O pensar sobre materiais sustentáveis e biodegradáveis são objetos de estudo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná também. O departamento de física da universidade, sob supervisão da Profª.Drª.Elaine Cristina de Azevedo, desenvolve um

compósito de poliuretano de óleo vegetal com fibra de bananeira. Trata-se de um material resistente, sustentável e que não contamina alimentos por contato. Pode, portanto, atender aos requisitos deste projeto e será descrito no item a seguir.

4.1.1 Compósito polimérico

Compósitos poliméricos derivados do petróleo são provenientes de matéria-prima não renovável e possuem solventes: substâncias tóxicas que podem causar aborto, câncer, infecções, reações alérgicas e inclusive mutações (DAHLSTROM HEUSER et al., 2007; NATIONAL TOXICOLOGY PROGRAM, 2010; SYMANSKI et al., 2009; VERONEZ et al., 2006). Portanto causam danos ao meio ambiente e à saúde.

O compósito de poliuretano selecionado para o projeto é derivado de óleo de mamona. É biodegradável, proveniente de matéria prima renovável e não possui solvente em sua composição (PAULA, 2017). A fibra que reforça o material origina-se da planta Bananeira –

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dá-se destino às fibras do pseudocaule da planta que é, normalmente, descartado por falta de uso. Tendo em vista que o Brasil é um dos principais países produtores de banana do mundo, abaixo apenas de Índia e Equador, a fibra é um material geograficamente abundante (FAO, 2003).

A combinação de poliuretano derivado de óleo de mamona com fibra de bananeira (figura 21) é uma proposta com possíveis aplicações na construção civil, na indústria moveleira, artesanato e decorações devido sua leveza, biodegradabilidade e ausência de solventes tóxicos (PAULA, 2017).

Figura 28 - Chapa de compósito de poliuretano de óleo vegetal com fibra de bananeira Fonte: A autora (2018)

4.1.1.1 Produção

Segundo Callister (2002), os compósitos são classificados em ​reforçados com

partículas​​, ​reforçados com fibras e ​estruturais​​. Para fins deste projeto iremos falar sobre compósitos reforçados por fibras.

Estes possuem melhor relação entre alta resistência e peso. São subdivididos em fibras

contínuas ​​e ​descontínuas​​, sendo a segunda separada em fibras alinhadas e fibras aleatórias. Quando alinhadas o compósito pode chegar a valores de módulo de elasticidade e de limite de resistência à tração próximos aos com fibras contínuas. Quando aleatórias há menor eficiência mecânica dos compósitos em relação aos de fibra contínua, porém possui custo de produção

(46)

menor e maior facilidade de fabricação em relação aos de fibra contínua (CALLISTER, 2002).

A resistência pode ser afetada também pelas propriedades físicas e químicas da fibra selecionada na fase dispersa, sendo que essas estão mais rígidas e resistentes que a matriz (CALLISTER, 2002; SHACKELFORD, 2008; VAN VLACK, 1984). A técnica de processamento, manual ou mecanizada, influencía a homogeneidade da distribuição dos componentes na placa.

4.1.1.2 Confecção da chapa

A fibra da bananeira é cortada manualmente e misturada com o compósito com o auxílio de uma batedeira até sua homogeneização. Após, a massa é despejada em um molde com dimensões 27x22 cm, onde será prensada. A espessura da chapa é determinada pela quantidade de material despejado no molde.

Figura 29 – Etapas da confecção da chapa – Mistura dos componentes na batedeira Fonte: Paula ( 2017)

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Figura 30 – Etapas da confecção da chapa – Acomodação da mistura no molde Fonte: Paula (2017)

Figura 31 – Etapas da confecção da chapa – Colchão após pré-prensagem com tampa da forma Fonte: Paula (2017)

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Figura 32 – Etapas da confecção da chapa – Colchão formado pronto para prensagem Fonte: Paula (2017)

A tabela a seguir apresenta valores de medições de densidade, inchamento, absorção de água, tensão máxima e módulo de elasticidade do compósito.

Densidade 710±0,3 kg/m³

Inchamento 2,69±1,45 %

Absorção de água 10,08±1,88 % Tensão máxima 3,0±0,3 MPa Módulo de elasticidade 1,3±0,3 GPa

Tabela 4 – Propriedades físicas do material Fonte: Ellenberguer (2018)

A densidade do compósito é pouco inferior ao valor de densidade do material MDF comercial, que possui valor entre 770 a 880 kg/m³ (ARAUCO, 2017).

Os valores de absorção e inchamento do compósito podem ser atribuídos à eficiência das fibras de bananeira pela PU que resulta em uma boa interface de fibra matriz. Quanto

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maior a interface fibra matriz, menor a absorção de àgua (SILVA, 2003). Em chapas de MDF foram encontrados valores médios de 8,54% em absorção e 4,01% em inchamento (TORQUATO, 2008).

O valor de tensão máxima está próximo ao valor encontrados no MDF, que apresentou o valor de 2,77±0,09 MPa. Já o valor de elasticidade encontrado no MDF foi de 16,25±0,38 GPa, superior ao compósito com 1,3±0,3 GPa. Este valor indica que o MDF requer maior força para ser flexionado (MERLINI, 2011).

O modo de confecção das chapas e suas propriedades físicas tem relação direta com a produção da embalagem desenvolvida no presente trabalho, diante do fato que ainda não há possibilidade de um processo em escala industrial. As alternativas serão geradas respeitando as possibilidades de produção do material e tentando simular as chapas do compósito.

4.2 Geração de alternativa

A geração de alternativas estruturais iniciou com a divisão dos desenhos de modelos mais promissores em grupos de ideias similares. Em cada grupo, as ideias foram refinadas e transformadas em alternativas, para posteriormente ocorrer a avaliação, seleção e refinamento da alternativa final (figuras 34 à 37).

4.2.1 Bolsa Hexagonal

A proposta da bolsa hexagonal é inspirada nos conceitos da biomimética, a abordagem que aplica o design da natureza ao buscar solucionar os problemas da humanidade. O conceito considera imitar a forma biológica e replicar comportamento de organismos biológicos (SOARES, 2008).

É definido que a natureza é como um modelo que deve ser estudado e imitado ou usado como inspiração para resolver problemas humanos, é como uma medida que deve ser usada como um padrão ecológico para julgar relevância e validade das inovações, e é como um mentor com o qual se pode aprender (SOARES, 2008).

(50)

A forma hexagonal dos favos (figura 26) fornece a melhor combinação entre aproveitamento do material estrutural e resistência mecânica, fornecendo um exemplo de construção leve e resistente (COINEAU; KRESLING, 1989).

Figura 33 - Favos da colmeia Fonte: Diyana Dimitrova (2018)

4.2.1.1 Alternativa 1

Considera-se uma bolsa constituída por módulos hexagonais que encaixam-se para juntos formarem um só produto. Os módulos são independentes uns dos outros, tendo encaixe em um módulo central. A bolsa possui alça ajustável para que possa ser vestida no ombro ou transversalmente.

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Figura 34 – Módulos da embalagem Fonte: A autora (2018)

Figura 35 – Geração de alternativa - Alternativa 1 Fonte: A autora (2018)

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4.2.1.2 Alternativa 2

Considera-se o mesmo formato de bolsa da alternativa 1, porém, os módulos independentes encaixam-se uns aos outros, criando uma espécie de corrente. Os módulos linkados enrolam-se em um módulo central e são sustentados em grupo por uma cinta. A bolsa possui alça ajustável para que possa ser vestida no ombro ou transversalmente.

Figura 36 – Geração de alternativa - Alternativa 2 Fonte: A autora (2018)

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4.2.2 Bolsa Retangular

Esta proposta baseia-se na utilização de formas simples e de fácil planificação. Trata-se de uma bolsa que comporta caixotes independentes e de diferentes tamanhos. Ela pode ser usada nas costas, no ombro ou transversalmente.

Figura 37 – Geração de alternativa Fonte: A autora (2018)

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As alternativas foram avaliadas de acordo com suas vantagens e desvantagens, guiadas pelos requisitos de projeto e de sustentabilidade. As que apresentavam maior afinidade com os requisitos definidos foram selecionadas para dar continuidade ao trabalho, que tem em suas próximas etapas o desenvolvimento de protótipos, testes e análises.

Alternativa Vantagens Desvantagens

1. Bolsa Hexagonal – Alternativa 1 1. Reutilizável 2. Módulos independentes 3. Apoio da alça 4. Apelo estético 1. Dificuldade de produção por conter ângulos não retos 2. Bolsa Hexagonal – Alternativa 2 1. Reutilizável 2. Apoio da alça 3. Apelo estético

1. Módulos não são

totalmente independentes 2. Necessita da cinta para

manter módulos unidos 3. Dificuldade de produção

por conter ângulos não retos

3. Bolsa retangular

1. Reutilizável

2. Possibilita o uso nas costas, aumentando a capacidade de peso 3. Facilidade de produção

por conter somente ângulos retos

1. Necessita de dois

materiais diferentes para produção

Tabela 5 – Análise de Alternativas Fonte: A autora (2018)

De acordo com a comparação realizada na tabela acima, a alternativa 1 é a que se apresenta mais promissora levando em consideração os requisitos da embalagem. Mesmo que com a dificuldade do corte dos chanfros, o valor estético compensa a produção.

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5. FASE DE REALIZAÇÃO

Tendo se alcançado uma solução para a embalagem é necessário verificar se essa solução atende realmente os objetivos propostos. Para verificar isso, será construído um modelo de forma dos módulos central e externo.

Entende-se pelo termo modelo de forma a representação física da embalagem sendo desenvolvida no presente trabalho, focando, em primeiro momento, apenas no aspecto formal da mesma e não em sua funcionalidade e aparência (BAXTER, 2011).

A construção do modelo de forma e das planificações iniciou-se na etapa de geração de alternativas. As primeiras embalagens tiveram como objetivo gerar noções estruturais para aperfeiçoamento do modelo. A planificação segue o princípio de montagem de sólidos geométricos em papel, contando com abas para colagem.

Selecionada a alternativa começaram a ser gerados os estudos de planificação.

Figura 38 – Estudo de planificação do módulo central Fonte: A autora (2018)

(56)

Figura 39 – Estudo de planificação do módulo externo Fonte: A autora (2018)

Figura 40 – Modelo do módulo central

(57)

Figura 41 – Modelo do módulo externo

Fonte: A autora (2018)

Figura 42 – Teste de encaixe dos módulos

(58)

Figura 43 – Teste de encaixe dos módulos

Fonte: A autora (2018)

Com os módulos produzidos em papel foi possível observar que seria necessário diminuir as medidas da bolsa. Além disso foi possível concluir que o papel não possibilita a testagem de todos os encaixes e cortes, e portanto, um protótipo em MDF possibilitaria testagens das técnicas necessárias para produção com a chapa do polímero.

Para produção em MDF pensa-se em encaixes de superfície, tendo em vista que o material não demanda pensar em abas, como o papel.

Portanto, na sequência, foi produzido um protótipo em MDF para testagem de encaixes, cortes, pegas, forma e peso. Foram utilizadas chapas de MDF de 9 mm para os tacos retos e de 18 mm para os tacos do módulo central e lados de encaixe dos módulos externos. O equipamento utilizado foi a serra de mesa – para os tacos – e a CNC – para os cortes em formato hexagonal. Seguem os desenhos técnicos exemplificando cada peça.

(59)

Figura 44 – Desenho técnico da peça 01

Fonte: A autora (2018)

Figura 45 – Desenho técnico da peça 02

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Figura 46 – Desenho técnico da peça 03

Fonte: A autora (2018)

Figura 47 – Desenhos técnicos da peça 04

(61)

Figura 48 – Desenhos técnicos da peça 05

Fonte: A autora (2018)

A figura 38 exemplifica os elementos que constituem um módulo após o corte.

Figura 49 - Elementos do módulo externo

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(63)
(64)

Figura 50 - Embalagem encaixada

Fonte: A autora (2018)

O protótipo totalizou em peso cerca de 2,5 kg. Estima-se que o compósito, material de escolha, tenha peso similar, devido às densidades dos materiais serem próximas.

Tendo em vista que cada módulo comporta cerca de 500 gramas de grãos (figura 40 – utilizando grãos de feijão como referência), o peso em grãos, quando em comportação máxima seria de 3 quilos. Totalizando o peso da embalagem, quando cheia, em aproximadamente 5,5 kg.

(65)

Figura 51 – Uso do módulo

Fonte: A autora (2018)

Observou-se por testagens (figuras 41 a 44) que a embalagem necessitava de uma trava para que os módulos não deslizassem durante o transporte.

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Figura 52 – Uso da bolsa

Fonte: A autora (2018)

Figura 53 – Uso da bolsa

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Figura 54 – Uso da bolsa

Fonte: A autora (2018)

Figura 55 – Uso da bolsa

Fonte: A autora (2018)

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Como solução, foi produzido um vinco no módulo central (figura 45) e a tampa foi aumentada, para que fosse possível travar o deslize do pote com a própria tampa.

Para não que não houvesse deslize para o outro lado foi produzida uma última peça que, quando colada no fundo do módulo central, bloqueia a saída dos módulos externos.

Figura 56 – Adaptação da peça central para trava

Fonte: A autora (2018)

Após testagem da peça foi observado que a mesma não funcionaria. A tampa deslizava facilmente com os impactos durante o transporte. Portanto, foi produzida outra opção de trava.

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Figura 57 – Trava final

Fonte: A autora (2018)

A trava produzida com MDF mantém os módulos fixos quando a alça está tensionada. A pressão da corda mantém a peça-trava no lugar, evitando que os módulos deslizem.

Figura 58 – Produto final em uso

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Para que seja possível utilizar os potes é necessário desencaixar a trava, afrouxando levemente a pressão produzida pela alça. Assim é possível retirar a tampa e deslizar os potes para fora do módulo central, como exemplificado nas figuras 59 e 60.

Figura 59 – Trava final em teste

Fonte: A autora (2018)

Figura 60 – Trava final em teste

(71)

A produção do protótipo da embalagem foi feita inteiramente na marcenaria da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, com o auxílio do Professor Alessandro Ellenberger.

O processo de desenvolvimento desta embalagem foi uma construção por método empírico. Baseando-se nas testagens dos modelos produzidos, manualmente. Tendo este fato em vista, podemos entender que trata-se de um processo vivo, no qual outras etapas surgem conforme o desenvolvimento.

(72)

4. CONCLUSÕES FINAIS

O desenvolvimento na pesquisa realizada no presente trabalho possibilitou a compreensão de existência de métodos e ferramentas para o desenvolvimento de embalagens sustentáveis, do mercado ecoeficiente de embalagens e do consumo a granel. Como apontado no objetivo deste trabalho, foi desenvolvida uma proposta conceitual de embalagem que busca a ecoeficiência e que facilite a prática do consumo a granel.

A metodologia proposta foi utilizada ao longo do projeto, sendo reestruturada conforme necessidade do sistema. O Guia de Orientação para Desenvolvimento de Projetos, GODP, mostrou-se eficiente ao abranger todas as etapas consideradas relevantes para a resolução do trabalho.

A principal dificuldade durante a etapa final do projeto foram as limitações de produção do compósito de poliuretano, o material de escolha.

O trabalho apresenta o papel do design na contribuição para a diminuição do impacto ambiental pelas embalagens, dando enfoque para embalagens utilizadas no contexto do consumo a granel. O trabalho mostra que é possível utilizar tecnologias existentes para reduzir a produção de resíduos, sem mudanças radicais de cultura.

Pretende-se, em estudos futuros, produzir a proposta com o compósito de poliuretano derivado do óleo de mamona com fibras de bananeira para que assim seja possível realizar testagens com o público alvo; otimizar a produção da embalagem e pensar a produção em escala industrial, diminuindo espessuras das chapas do material, para reduzir peso; desenvolver identidade visual para a embalagem, vislumbrando maior visibilidade e apelo no mercado.

Inclui-se aos estudo futuros também a produção de uma alça para a embalagem. Entende-se que a alça da embalagem encadeia um estudo ergonômico extenso, que pode ser pensado como um projeto paralelo. Para o presente trabalho é utilizada uma corda de sisal com o intuito de auxiliar as testagens – utilizando material biodegradável.

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REFERÊNCIAS

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De Embalagens De Alimentos Em Autosserviço​​. 2017. Disponível em:

<http://www.acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/47364/R%20-%20T%20-%20DUL CE%20DE%20MEIRA%20ALBACH%20.pdf?sequence=1>. Acesso em: 21 nov. 2017.

AMAM. ​Agar Plasticity : A Potential Usefulness Of Agar For Packaging And More​​,

2016. Disponível em: <https://www.a-ma-m.com/agarplasticity>. Acesso em: 20 out. 2018.

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Referências

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