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GABRIELA ESTEFAM (9.548Mb)

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Academic year: 2021

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(1)acerca do labirinto;. para além do labirinto;. ensaio sobre o labirinto.

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(3) Trabalho Final de Graduação Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie. Gabriela Estefam. Junho 2019 Orientação de Prof. Dr. Luciano Margotto Soares Prof. Dr. Valter Luís Caldana Jr..

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(7) índice do trabalho.

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(10) Este trabalho pode ser lido em diversas ordens. A sucessão de páginas sugere uma ordem, a numeração dos parágrafos sugere outra e o leitor pode ficar à vontade para criar lógicas de leitura que não foram mencionadas aqui. Todas as imagens e produtos gráficos coloridos são de autoria própria e dissertam sobre o projeto arquitetônico desenvolvido..

(11) Parágrafos sobre o labirinto, seus aspectos fundamentais, os elementos que o compõem e simbologia. De 1 a 10. Parágrafos intertextuais, referências teóricas e arquitetônicas, objetos que podem ser relacionados ao labirinto. Considerações pessoais e questionamentos. De 11 a 21. Parágrafos sobre o projeto desenvolvido, suas motivações conceituais, as escolhas de materiais e, sobretudo, como esse projeto se relaciona com as ideias de labirinto e com os intertextos estabelecidos. De 22 a 43.

(12) (a) Tradução livre. Texto original: “In a labyrinth, one does not lose oneself; In a labyrinth, one finds oneself; In a labyrinth, one does not encounter the Minotaur; In a labyrinth, one encounters oneself” (Kern, 1982, p. 23) Imagem 1 Moeda de Knossos, na ilha de Creta, representando o labirinto. Data de 300 a 270 a.C..

(13) O primeiro esclarecimento que deve ser feito é sobre o termo “labirinto”. De acordo com Kern (1982), a palavra parece ter origem grega e se refere a um edifício com incontáveis paredes, como o palácio de Knossos, na ilha de Creta, lugar tido como cenário para o mito do Minotauro. Kern aborda a questão do mito afirmando: “No labirinto, um não se perde; No labirinto, um se encontra; No labirinto, um não confronta o Minotauro; No labirinto, um confronta a si mesmo” (a). 1.

(14) Imagem 2 Maze no jardim da Villa Pisani, Veneto, Itália..

(15) Labirinto não é, por excelência, uma construção sem saída; o labirinto não dá opções variadas de caminhos para o transeunte se confundir; ele pode carregar, em sua experiência, a sensação de desorientação, mas conduz o transeunte por um caminho único e certeiro. A ideia do labirinto como a construção de diversos caminhos que levam a lugar nenhum e de somente uma opção certeira corresponde ao termo “maze” da língua inglesa, cuja tradução se dá erroneamente como “labirinto” – o que explica certa confusão.. 2.

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(17) O labirinto é o espaço da experiência de introspecção. Ao percorrer um caminho ritmado, em função do movimento constante da caminhada, a mente inclina-se a entrar em estado de suspensão. Através da configuração de caminho como negativo entre planos, o ambiente torna-se livre de distrações imagens e paisagens externas não roubam a atenção. Assim, o labirinto se dá como um espaço estimulante para introspecção – seja através de exercícios como a walking meditation, por exemplo, seja na simples liberdade de pensar e caminhar em solidão.. 3.

(18) (b) De acordo com artigo “A epidemia da ansiedade” publicado na edição 399 da revista Superinteressante (fevereiro/2019), São Paulo é a cidade com maior percentual de diagnósticos de ansiedade no Brasil. Um estudo feito pela USP concluiu que 19,9% da população da cidade está diagnosticada com o transtorno. O Brasil, por sua vez, foi classificado em um estudo de 2017 da Organização Mundial da Saúde como o mais ansioso do mundo em percentual - 9,3% da população foi diagnosticada com o transtorno, enquanto a média internacional é de 3,5%. Os dados da OMS fazem comparativo por gênero e a maioria acometida pelo transtorno é mulher, independente de região do mundo ou faixa etária..

(19) O que motiva este trabalho é pensar e ensaiar labirintos na cidade contemporânea. São Paulo é uma das cidades com maior índice de transtorno de ansiedade no Brasil; o país, por sua vez, tem o maior índice do mundo de acordo com a OMS 22 (b). Com o excesso de informações transmitidas em contínuo através das tecnologias, as pessoas estão mentalmente exaustas e ansiosas. O labirinto parece urgente, as pessoas e as cidades precisam de espaços de introspecção..

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(21) Para ser consoante com o tema e propósito da discussão, o terreno deveria estar em uma porção da cidade com muitos pedestres. Foram feitas análises com dados de densidade habitacional, uso predominante do solo de comércio e serviço, índices de verticalização e dados de estações 23 de metrô e trem com maior entrada de pessoas (descontadas baldeações e fluxos subterrâneos). Com esse cruzamento de informações, a região que pareceu mais adequada para implantação do projeto foi o centro da cidade..

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(23) Uso Predominante do Solo no centro expandido de São Paulo: manchas em vermelho e roxo representam predominância de uso Comércio e Serviço. 24 Em rosa estão parques, praças e canteiros; em azul o curso dos rios..

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(25) Densidade Demográfica no centro expandido de São Paulo: manchas escuras significam maior densidade. Por comparação, percebe-se que o centro velho da 25 cidade tem baixa densidade, ou seja, é uma região mais voltada a atividades comerciais e de serviço..

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(27) Estações de metrô e trem no centro expandido de São Paulo: em amarelo as estações com maior fluxo 26 de entrada de pedestres (descontadas baldeações entre linhas) de acordo com dados de 2018..

(28) Imagem 3 Praça da Bandeira, São Paulo, ano de 1954.

(29) São Paulo nunca teve uma praça na praça da Bandeira. Foi um gramado, um estacionamento, um terminal de ônibus. O projeto propõe dar à cidade essa praça que nunca existiu, incorporando a recente praça Vladimir Herzog e eliminando o terminal de ônibus e a rua que atualmente viabiliza o acesso 27 dos ônibus vindos da Nove de Julho. O lote tem seus limites ampliados e as passarelas que conectam a estação Anhangabaú à praça Vladimir Herzog e à rua do Ouvidor são mantidas, com supressão de uma pequena edificação e trecho da passarela..

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(31) O projeto busca criar um espaço público de permanência. As passarelas e seus acessos são preservados; novos caminhos são desenhados considerando a rua suprimida, os fluxos entre escadas das passarelas e a saída do metrô. A edificação do projeto - que aqui será chamada 28 de pavilhão - está alinhada aos fundos da Câmara Municipal, de modo que seja vista pelo Viaduto do Chá e que as passarelas cruzem seu interior. Uma área alagável (em rosa no desenho) é pensada para auxiliar na contenção de água em dias de chuva..

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(33) O pavilhão, ao primeiro olhar, é configurado por uma membrana diáfana, em que a estrutura interna se revela em nuances. Esta superfície – que aqui será chamada de envelopamento – é pensada em 29 policarbonato, material leve e translúcido, que além de possuir boa eficiência térmica e luminosa, permite um jogo de rastros na fachada..

(34) Imagem 4 Esquema representando os elementos fundamentais do labirinto.. perímetro. caminho. centro.

(35) O labirinto é composto de três elementos fundamentais: perímetro; caminho e centro. O perímetro pode ser circular, quadrado, retangular, hexagonal - qualquer polígono, em suma; a forma do perímetro determina a forma dos caminhos internos, mas pouco influencia na experiência do labirinto. O perímetro tem somente uma ruptura, isto é, um ponto de acesso para o caminho que conduz até o centro do labirinto; o mesmo ponto é entrada e saída. A função do perímetro é estabelecer diferença entre espaço interno e externo.. 4. Ao buscar a ideia Antiga do labirinto e observá-la à luz do contemporâneo, um dos primeiros conflitos é a noção de perímetro. Por definição, perímetro se trata de uma geometria plana, bidimensional Na abordagem do labirinto, perímetro é o limite do polígono que, antes bidimensional, fora extrudado para dar corpo à edificação. O labirinto Antigo era pensado e construído a partir da planta.. 11.

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(37) São inúmeras as possibilidades de se pensar um projeto e, com a tecnologia, as metodologias entram em multiplicação. Com os satélites disponibilizando informações incessantemente e através do acesso livre à muitas dessas informações, a arquitetura parece ter ganho 12 uma quinta fachada – a cobertura, provavelmente visível para qualquer um com acesso livre à internet e com o endereço do projeto. O mistério do labirinto Antigo, portanto, se perde no olhar de pássaro. O volume da edificação serve como campo para discutir a questão do perímetro – se existe um olhar que sobrevoa o edifício, o fechamento (que antes era a extrusão do desenho bidimensional no labirinto) precisa ser um volume e ter cobertura; para manter certo mistério sobre os caminhos dos labirintos 30 é preciso controlar o que se vê através desse fechamento de fora para dentro; e enfim, para tratar da introspecção e estimular a desconexão com o espaço externo, é necessário estabelecer um campo neutro como meio termo..

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(39) O envelopamento, portanto, além de estabelecer alguns limites para o pavilhão, cria um ambiente de respiro para o transeunte e trabalha como intermediário na experiência do labirinto. Em 31 descritivo: se uma pessoa sai do metrô Anhangabaú e caminha pelas passarelas, apressada, para cruzar para o outro lado da Vinte e Três de Maio, seu percurso permeará o pavilhão..

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(41) Ao cruzar as superfícies diáfanas, o caminhar ganha outro ritmo – seja por medo de esbarrar na estrutura ou por curiosidade – e aos poucos, em paralelo ao caminhar que se torna mais cuidadoso, a respiração se torna mais espaçada e os excessos de informação da cidade que antes distraíam são vultos para além 32 da superfície. As estruturas opacas dos labirintos se tornam convites. Dentro desses percursos a dimensão é íntima – o pé direito controlado, a dissociação do lugar, o caminho único – e então se cria a possibilidade da introspecção..

(42) (c) No decorrer do texto, Wisnik levanta uma série de exemplos de obras de arte e projetos que podem ser usados para discutir o tema; aqui não serão abordados tais exemplos para que não haja um distanciamento da discussão do labirinto..

(43) Em “Dentro do Nevoeiro” Guilherme Wisnik discute algumas problemáticas da hiper-realidade que parece contaminar a sociedade atualmente. Uma vez que milhares de informações alimentam a internet a cada segundo, ao passo em que tudo pode 13 ser consultado ou pesquisado, a fidedignidade deve ser questionada. O excesso de dados, ao invés de permitir nitidez, configura um estado de nublamento. Esse nublamento por vezes aparece representado ou discutido em manifestações de arte e arquitetura (c)..

(44) Imagens 5 e 6 Blur Building, Diller+Scofidio, 2002..

(45) O caráter visual da névoa e bruma podem ser interpretados pelo viés do medo - aquilo que não pode ser visto ou compreendido em sua totalidade costuma causar insegurança e desconfiança. No Blur Building, projeto do escritório Diller+Scofidio, 14 pavilhão instalado em 2002 sobre um lago na Suíça, a água do lago era captada e transformada em uma nuvem e as pessoas eram convidadas a entrar nesse “blur” e sentir a sensação de não enxergar e apreender as coisas na totalidade.. Em referência à ideia de nevoeiro, além do envelopamento do edifício que cria esse “blur”, estão as estruturas internas. O jogo de pilares e vigas metálicos tubulares cria uma grelha espacial – um pouco como o trepa-trepa dos parques infantis e 33 como as estruturas andaimes. Estruturas similares aparecem em outra escala no Serpentine Pavillion de Sou Fujimoto, no Pavilhão da Humanidade de Carla Juaçaba e no Blur Building de Diller+Scofidio, projetos que foram referência para este desenvolvimento..

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(47) Ao contrário da névoa de limites pouco apreensíveis, de matéria leve, a névoa criada nesta grelha espacial é pesada e tem seus limites bem definidos. É uma névoa que não paira, não está em suspensão; 34 talvez não pudesse ser chamada de névoa. Foi pensada como uma profusão de linhas, um excesso de corpos que configura massa..

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(49) Os pilares e vigas que formam a estrutura seguem a modulação de 3,6 metros em todos os eixos (x, y, z). Em uma certa porção da estrutura, os pilares estão dispostos formando, em planta, um círculo. Nos vazios da grelha são encaixados corpos opacos, 35 configurando caminhos que, independente de seu desenho, sempre terminam voltados para a formação de pilares em círculo. Na imagem ao lado, uma colagem em que os elementos do projeto estão separados..

(50) Imagem 7 Mosaico no piso de uma vila Romana em Salzburg, na Áustria. É possível notar que o caminho do labirinto que leva Teseu ao Minotauro está totalmente preenchido pelo fio de Ariadne..

(51) No labirinto, o caminho é entendido como o espaço negativo entre superfícies verticais opacas. Tem a função de conduzir do ponto de abertura (rasgo no perímetro) ao centro do através de movimentos ritmados. Pode ser lido e entendido como uma linha, como o fio de Ariadne. Dispensa intersecções ou alternativas. Não existem pegadinhas no labirinto, o caminho é único, uma única possibilidade de chegar ao centro, uma coreografia planejada em contínuo.. 5.

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(53) “A disposição do caminho pode assumir inúmeras formas e constituirá um labirinto somente se o caminho não for interseccionado, isto é, se não requer que o transeunte faça escolhas; e deve: 1. dobrar-se em si mesmo, continuamente alternando direções; 2. preencher todo o espaço interior organizando-se da forma mais tortuosa possível; 3. repetidamente conduzir o transeunte ao centro; 3. inevitavelmente terminar no centro; 4. ser o único e mesmo caminho de volta para a entrada.” (KERN, 2000, p.23). 6. No projeto, os caminhos são estruturas que partem, geometricamente, da extrusão de um quadrado de aresta 4 metros. São corpos opacos que ficam apoiados na estrutura metálica do pavilhão e levam sempre ao centro, que é representado pelos pilares que formam um vazio cilíndrico. 36 Diferente da formatação clássica, não estabelecem padrão de movimento, não estão organizados de modo a tornar o trajeto longo e ainda alguns caminhos tem escadas incorporadas dentro dos volumes opacos, dando dimensão vertical..

(54) Imagem 8 Diagrama de desenho e construção do labirinto de Creta, dividido em quatro quadrantes e com 7 camadas de caminhos em torno do centro..

(55) Para além das diretrizes que Hermann Kern coloca sobre a questão rítmica do caminho, os labirintos mais antigos (como o de Creta, por exemplo) eram ainda mais refinados e possuíam um número específico de meandros – ou “camadas de caminho” – em torno do centro e uma organização desses meandros em quadrantes, a fim de que o movimento fosse sempre regido por uma mesma ordem.. 7.

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(57) O centro é o ponto de inflexão. É possível interpretar que o labirinto conduz o visitante do ponto A (rasgo no perímetro) ao ponto B (centro) - e então o centro seria o fim do labirinto - ou então que o labirinto conduz do ponto A ao ponto A, sendo o ponto B uma pausa.. 8. Uma sequência de pilares forma, em planta, um círculo. Esse círculo, quando tridimensional, forma um espaço cilíndrico completamente vazio. O centro é o vazio, o espaço para observação. Todos os caminhos se voltam a ele em contemplação. 37 Diferente do restante do pavilhão, é descoberto - uma ruptura na cobertura permite que chova; a passarela passa ali; no nível térreo, a área alagável reforça o desenho desse círculo; o piso da praça é traçado a partir dele. A praça toda, portanto, resulta do centro..

(58) 0. 5. 10. 25. 50. ARO. AM. ÇA PRA. DA.

(59) Planta da cota térrea 38.

(60) 0. 5. 10. 25. 50. ARO. AM. ÇA PRA. DA.

(61) Planta da cota 10m. 39.

(62) 0. 5. 10. 25. 50. ARO. AM. ÇA PRA. DA.

(63) Planta da cota 24m. 40.

(64) 0. 5. 10. 25. 50. ARO. AM. ÇA PRA. DA.

(65) Planta de cobertura 41.

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(67) Existem várias interpretações possíveis para o labirinto e para suas funções e/ou simbologias. As que cabem mencionar aqui são: a trajetória entre vida e morte; o casamento sagrado, fertilidade e conexões cósmicas; e a proteção de cidades e comunidades. Independente de qual interpretação for adotada e de qual formato ou configuração de labirinto, o centro está sempre associado ao clímax, como se fosse o elemento protagonista.. 9.

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(69) Na ideia de trajetória entre vida e morte, os meandros simbolizam as passagens da vida e a construção de caráter e personalidade; o centro é interpretado como a morte, lugar de passagem para outro plano, o momento de reencarnação; em algumas obras o labirinto é entendido como a passagem para o inferno 10 segundo a organização de Dante. Na análise em que o labirinto é o espaço do casamento sagrado, acreditava-se que os meandros representassem os planetas e as trajetórias do sol e da lua e o centro era carregado de energia cósmica associada a fertilidade.. Cabe lembrar do projeto “White U” (1976) de Toyo Ito (Imagem 9, à esquerda), uma casa que o arquiteto fez para sua irmã viver o luto após a morte de seu marido e superar esse medo do desconhecido. A casa funciona como um corredor que se fecha em torno de 15 um vazio central, um jardim de terra. O que o desenho sugere é o movimento contínuo, o caminhar repetitivo, como se dissesse que o luto é inevitável tal qual tentar fugir andando em círculos..

(70) Imagem 10 Planta e cortes da White U.

(71) É possível identificar no projeto da casa todos os elementos que compõem o labirinto: perímetro, caminho e centro. A diferença principal é que o caminho, ao invés de estabelecer o movimento contínuo de forma pendular - romper o perímetro, caminhar, chegar ao centro, retornar pelo mesmo 16 caminho, romper o perímetro - estabelece o movimento contínuo livre em torno do centro, com dois acessos para este: um de dentro da casa, pela sala de jantar; outro direto dos fundos do terreno, no lado oposto ao acesso de entrada..

(72) Imagem 11 Planta da casa “White Labyrinth in a Cube” publicada na revista The Japan Architect edição número 7712.

(73) O arquiteto Toyo Ito, em específico, parece ter interesse por questões que tangenciam o labirinto, principalmente no seu início de carreira. Na “fase White” (1971-1981), além de ter projetado a White U, projetou uma casa chamada “White Labyrinth 17 in a Cube” onde brincava com os elementos do labirinto e da casa como se fossem fragmentos a serem apreendidos sem uma ordem ou organização necessária..

(74) Imagens 12 e 13 “White Labyrinth in a Cube” publicadas na revista The Japan Architect edição número 7712.

(75) Ainda na fase White, o arquiteto escreveu em 1971 o texto “The Logic of Uselessness” onde relata a trajetória de URBOT, uma espécie de robô-softwarecasa que nunca foi totalmente aceito pela sociedade. O ponto do texto, ilustrado pelo título, é defender que 18 existe uma lógica e uma grande virtude nos espaços inúteis ou vazios: o inconformismo que gera nas pessoas e como isso rapidamente se torna uma fonte para questionamentos e ideias..

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(77) O raciocínio da lógica da inutilidade ou de ver potência no espaço vazio pode ser associado a uma discussão sobre função. Em “Are We Human?” COLOMINA e WIGLEY colocam que o ser humano, por sua capacidade de raciocínio 19 e desenvolvimento lógico, cria diversos artefatos para auxiliar e fazer parte de sua vida cotidiana. Isso, em escala de história, faz com que hoje o ser humano viva envolvido em infinitas camadas de design, no sentido de invenção..

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(79) A partir disso e sob a ótica da arquitetura, é possível questionar a ideia de função. É possível criar espaços funcionais se as funções estão em constante metamorfose? Se um espaço 20 é funcional, ele está condicionado a uma função específica de um momento específico; portanto, este espaço está estagnado, subordinado ao momento da humanidade em que atende. Isso é ser funcional?. O projeto do pavilhão tenta se desprender da função. O conceito de labirinto enquanto programa não tem uma única função delimitada, esteve sempre aberto a interpretações e adaptações de momento histórico. O que o projeto tenta alcançar é um espaço que 42 estimule a introspecção e a curiosidade das pessoas mas, ao mesmo tempo, gere certo desconforto e questionamento sobre a utilidade ou inutilidade. Quem faria um edifício tão grande em uma região central da cidade para pensar labirintos?.

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(81) O labirinto, afinal, é além de uma construção, uma ideia. Por mais que tenha fundamentos e diretrizes bem delimitados, foi sendo alterado ao longo dos anos, aberto às mais diversas interpretações. 12 Seja como ideia, seja como experiência, a maior força do labirinto é o questionamento que ele provoca.. Portanto, independente da resposta à questão da função, parece existir uma qualidade nos espaços vazios, nos espaços inúteis e nos espaços sem programa que é a possibilidade de iniciar discussões. 21 Em tempos em que buscamos respostas em excesso, parece saudável pensar a arquitetura que se desprende de resolver problemas e que, ao invés disso, propõe problemas para serem pensados.. O projeto pensado, afinal, não é um labirinto ou um pavilhão de labirintos do ponto de vista clássico, mas sim uma interpretação possível no contemporâneo. Parece que os labirintos - que perpetuaram por civilizações ao longo da história, se adequando aos contextos - tem caído no esquecimento enquanto 43 construção e portanto parece fazer sentido retomar a discussão e ensaiar um labirinto contemporâneo. O objetivo desse trabalho como um todo, portanto, não é resolver, responder e solucionar, mas sim ampliar, discutir e, se possível, iniciar uma conversa..

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(83) agradecimentos. Não vou economizar páginas para agradecer. Fazer faculdade é um privilégio. Não tem nada que me dê mais prazer do que a liberdade de ter tardes inteiras para criar, discutir ideias, encontrar amigos, tomar um café, ler um texto, fazer uma maquete, consultar a biblioteca. Cada encontro nas escadas, corredores, cada conversa entre amigos ou com professores, cada trabalho, análise, desvio de assunto - cada uma dessas coisas é como uma pequena descoberta. A universidade me parece uma coletânea de descobertas, uma sucessão de experiências em que nos abrimos mais para o mundo e para a vida e, quanto mais nos abrimos, mais percebemos que sabemos muito pouco e que sempre podemos aprender. É sincera a euforia de concluir um trabalho ou ter um momento de esclarecimento durante o desenvolvimento de um texto. Foram inúmeras vezes que senti isso – como pequenas explosões no cérebro - às vezes sozinha, às vezes em sintonia com outros. Tenho gratidão por poder estar e viver a experiência da universidade, privilégio neste país. Espero poder retornar à universidade sempre e viver mais vezes essas sensações..

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(85) Agradeço aos meus orientadores neste trabalho: Luciano Margotto e Valter Caldana. Aos professores que tocaram minha formação Anne Marie Sumner, Fanny Grinfeld, Larissa Campagner, Paula R. Jorge, Paulo Olivato, Ricardo H. Medrano, Ricardo Martos, Viviane Rubio. Às famílias Estefam, Gomieri e agregados agradeço pelo esforço em prover minha educação, privilégio que alguns de vocês não tiveram. Dedico este trabalho e meu diploma à minha avó, Christina Lúcia Alberto Estefam (in memorian), saudade que nunca passa. Levo muito de você em mim. Não tenho palavras para expressar a gratidão e o amor que sinto. Em especial agradeço à minha mãe, Carla Estefam e ao meu tio e padrinho, André Estefam. Desde a infância me apoiam em todos meus sonhos e aspirações e me ensinam a cada conversa. Vocês são as maiores inspirações da minha vida. Ao meu pai, Marcelo Gomieri, que passou tardes da infância comigo montando casas e cidades de Lego, me ensinou a ler revistas de economia aos doze anos e me incentivou desde pequena a ser ambiciosa e determinada. Ao meu namorado e maior crítico, Matheus Franco da Rosa Lopes. Você me desmonta quando estou cheia de certezas e me incentiva a ser uma pessoa melhor todos os dias. Gratidão por todos os conselhos (até os que não segui), por ter me acompanhado desde o ingresso à faculdade e por me apoiar e vibrar em todas as minhas conquistas. Você acredita em mim até quando eu mesma não acredito. Tenho profunda admiração por você. É uma sorte imensa encontrar um amor tão bonito, saudável, sincero e resiliente..

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(87) Aos amigos. Ao meu grupinho de trabalhos da faculdade: Amanda Sarak, Augusto Kenji, Cássia Esteves, Pedro Ribeiro, Rafael Passador. Essa nossa miscelânea de vontades e características gerou um caos que fico feliz de fazer parte. Em especial à Amanda por todas as vésperas de projeto compartilhadas e pelo excesso de emoção. Ao Augusto, com quem compartilhei a primeira experiência de fazer um projeto, incontáveis conversas e espresso tônicas ao longo desses cinco anos. Aos queridos Pedro Kok e Marina El Tayar, que me acolheram em muitos domingos. Agradeço por tantas vezes terem me ouvido, pelas piadas e por todos os vinhos que tomei na casa de vocês. Ao Gabriel Kogan pelas inúmeras conversas sobre arquitetura, restaurantes e rankings das melhores e piores coisas, pelas experiências profissionais, mas principalmente pela amizade, atenção e carinho constantes. Tive a sorte de trabalhar e aprender com pessoas que admiro. Me ensinaram, acolheram, estiveram disponíveis e olharam com paciência e carinho para minhas inquietudes. Gratidão à toda a turma da SVMA, à Isabella Armentano, aos queridos do Califórnia, ao Guilherme Pianca, à Nara Diniz e todos do escritório Isay Weinfeld. Mulheres que me inspiram - agradecimentos à Aline Santini, Amanda Moreto, Ana Victória Surian, Beatriz Paulussen, Clara Chahin Werneck, Clara Figueiredo, Giovanna Oliveira, Isabela Oliveira, Isabella Rosa, Juliana Stern, Roberta Lopes, Sara Ferrari, Vitória Mazzoni, Vithória Escobar. Pela amizade, sensibilidade e carinho - agradecimentos à Antonio Altamirano, Fabio Jardim, Johann Vernizzi, Luís Pacheco, Ney Zillmer, Pedro Aranha, Victor Oliveira..

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(89) referências bibliográficas KERN, Hermann. Through the Labyrinth: Designs and Meanings over 5000 years. 3. ed. Nova York, 2000: Prestel, 1982. 359 p. Edição de Robert Ferré e Jeff Saward. HORTA, Mauricio; GARATTONI, Bruno. A epidemia da ansiedade. Superinteressante, São Paulo, v. 399, fev. 2018. Mensal. Disponível em: <https://super.abril.com.br/especiais/aepidemia-da-ansiedade/>. Acesso em: 23 maio 2019. Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates. Geneva: World Health Organization; 2017. Licence: CC BY-NC-SA. 3.0 IGO. Disponível em: < https://www.who.int/mental_health/ management/depression/prevalence_global_health_ estimates/en/>. Acesso em: 23 maio 2019 WISNIK, Guilherme. Dentro do nevoeiro: arquitetura, arte e tecnologia contemporâneas. São Paulo: Ubu Editora, 2018. 352 p. ITO, Toyo. The Logic of Uselessness (1971); The White Ring (1976); In: ITO, Toyo. Tarzans In The Media Forest. London: AA Publications, 2014. (Architecture Words 8) COLOMINA, Beatriz; WIGLEY, Mark. Are we human?: Notes on an archaeology of design. Zurich: Lars Müller, 2016. 285 p..

(90) Todos os mapas, desenhos técnicos, perspectivas 3D e imagens do projeto do pavilhão são de autoria própria. Os mapas foram desenvolvidos usando software QGIS com dados fornecidos publicamente pela Prefeitura Municipal de São Paulo, disponíveis na plataforma digital Geosampa. Os desenhos do projeto foram desenvolvidos usando os softwares AutoCAD, Sketchup, Google Earth e Adobe Photoshop..

(91) fonte das imagens. 1. © CNG Coins https://www.cngcoins.com/Coin.aspx?CoinID=179284 2. © Villa Pisani http://www.villapisani.beniculturali.it/info-contatti 3. © Hagop Garagem http://www.hagopgaragem.com/saopaulo/sp_diversos3/ sp_div3_147.jpg 4. © Paxworks http://www.paxworks.com/products/winged-7s.jpg 5 e 6. © DillerScofidio+Renfro https://dsrny.com/project/blur-building> 7. © Paula Reed Nan Carrow https://paulareednancarrow.com/2016/10/09/into-thelabyrinth/ 8. © Ancient Wisdom http://www.ancient-wisdom.com/labyrinths.htm 9. © Tomio Ohashi “TOYO ITO 1971-2001”, pág.51, TOTO Publisher, 2013 10. © ArtWort https://www.artwort.com/2014/04/10/architettura/demetempsychose-white-u-toyo-ito/ 11, 12, 13. © The Japan Architect Magazine, volume 7712.

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(93) “o que você pensa quando pensa em labirinto?”.

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(95) Resultado de atividade desenvolvida durante a II Semana de Integração (abril/2019) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie coordenada por Gabriela Estefam com participação das alunas Bruna Bavaresco, Heloisa Bergamin, Isabella Médici, Juliana Yoshida, Maria Ester Batista, Victoria Fescina e auxílio e participação dos professores Paulo Olivato, Renato Kinker e Marília do Val..

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(97) A proposta da II Semana de Integração foi de estúdio vertical. Os alunos de TFG foram designados como líderes de grupos de alunos do primeiro ao oitavo semestres e deveriam coordenar esses grupos a fim de produzir coletivamente algum projeto, intervenção ou discussão em torno do tema de TFG. A participação de todos foi voluntária, sem nenhuma obrigatoriedade de avaliação. O trabalho desenvolvido por esse grupo foi uma instalação que começou com a seguinte pergunta: “O que você pensa quando pensa em labirinto?” As alunas foram convidadas, no primeiro dia de trabalho, a desenhar uma resposta para essa pergunta. A partir dos resultados obtidos se iniciou uma conversa sobre o tema. A instalação foi a forma encontrada para provocar a reflexão sobre a ideia de labirinto e convidar para experimentar uma possibilidade de introspecção dentro do ambiente e do prédio da faculdade. Um fio vermelho percorria as escadas da faculdade, guiando até o local da instalação. Ao longo das escadas, cartazes com perguntas sobre o labirinto iam provocando primeiras reflexões. Ao chegar no terceiro andar, antes de entrar na sala da instalação, o convite a desenhar o que se pensa quando pensa em labirinto. Então a pessoa era conduzida sozinha para a cápsula isolada onde iria sentar e observar, enquadrada pelo caixilho da janela, a copa das árvores no bosque. “Sente-se, respire, contemple”. Este livreto é um registro deste processo e um compilado de alguns desenhos feitos por alunos e professores da faculdade como resposta à pergunta “O que você pensa quando pensa em labirinto?”.

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(115) desenhos.

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(139) Desenhe aqui o que você pensa quando pensa em labirinto..

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(141) Resolvi me dar uma chance também..

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(143) Como conclusão e agora na primeira pessoa, a parte mais prazerosa deste trabalho foi perceber como o tema soa para outras pessoas. O que é mais bonito é descobrir que, apesar de ser parte do imaginário coletivo, o labirinto parece ter um aspecto muito pessoal e íntimo para cada um. Isso, por si só, já valida todo o exercício de TFG. Se por hora o projeto do pavilhão de labirintos fica no papel, é suficiente perceber que a pergunta tem provocado, em cada um que se dispõe a desenhar ou pensar sobre o tema, um momento de pausa, reflexão e introspecção..

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Referências

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