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Academic year: 2021

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16°

TÍTULO: (RE)CONHECENDO A ESCOLA E O BAIRRO

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO

CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

ÁREA:

SUBÁREA: HISTÓRIA

SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS

INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): THAYLINE MIRIAM ALBUQUERQUE DA SILVA

AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): MARINA TUCUNDUVA BITTENCOUT PORTO VIEIRA

ORIENTADOR(ES):

COLABORADOR(ES): ANA PAULA CHIAPETTA

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1. RESUMO

O objetivo geral desta pesquisa foi: “Mudar as representações sociais das crianças, com relação à UME Auxiliadora da Instrução, e ao território em que a escola está localizada”. O projeto foi uma produção coletiva, da qual participam a coordenadora do Grupo Interdisciplinar de Estudos Culturais, da Unisantos, os membros do grupo, e a Coordenadora Pedagógica da UME Auxiliadora da Instrução. Tratou-se de um projeto de Educação Patrimonial, desenvolvido com a comunidade daquela escola, alunos do Ensino Fundamental I, no período compreendido entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro semestre de 2016. A escola foi criada pela Sociedade Auxiliadora da Instrução, no final do século XIX, e doada à Prefeitura de Santos que a reinaugurou em 1914. Em 1950 foi transferida para o bairro do Macuco, para a região das Casas Populares. Tanto a instituição de ensino como o bairro têm um passado a ser conhecido e valorizado pelas crianças. O projeto incluiu uma exposição inicial do que as crianças tinham como representação da escola e do bairro, antes da intervenção. Na sequência foram desenvolvidas várias atividades, como gincanas, pesquisa documental na escola e na Fundação Arquivo e Memória de Santos, coleta de depoimentos (com uso da História Oral, com ex-alunos e moradores do bairro), além de outros procedimentos. No final do 1º semestre de 2016 foi elaborada uma nova exposição, com o objetivo de verificar o impacto do projeto sobre as representações dos alunos daquela escola. Concluímos que os objetivos foram parcialmente alcançados. Contribuíram para isto a diversidade na escolarização dos alunos da escola e ao fato de terem sido usados os professores como intermediários entre pesquisadores e público-alvo.

2. INTRODUÇÃO

O projeto “(Re) conhecendo a escola e o bairro” foi desenvolvido junto à comunidade escolar da UME Auxiliadora da Instrução desde meados de 2015. Trata-se de um trabalho de intervenção, que visou mudar as representações sobre a escola e o local onde se situa, Bairro da Encruzilhada (antigo Macuco) e coletar documentação referente à história da Instituição.

Entendemos o conceito de representação social na forma proposta por Chartier (1988), como “classificações e divisões que organizam a apreensão do mundo social como categorias de percepção do real” (p.17). Para este autor “as

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representações são variáveis segundo as disposições dos grupos ou classes sociais; aspiram à universalidade, mas são sempre determinadas pelos interesses dos grupos que as formam” (CHARTIER, 1988, p. 17).

A escola possui mais de 100 anos e sua história parece ser desconhecida pelas crianças. O local onde fica seu prédio, e onde a maioria das crianças reside, também tem uma história importante, ligada à história do Porto de Santos.

O Grupo Interdisciplinar de Estudos Culturais da Universidade Católica de Santos, cadastrado junto ao CNPq em 2014, possui duas linhas de pesquisa. O projeto institucional cadastrado chama-se “Representações sociais e educação: relações entre cultura e as concepções de infância e juventude, em documentos, do início do século XX à contemporaneidade”.

O projeto aqui representado está vinculado à Linha 2, “Representações, saberes e práticas escolares” e teve seu início quando, no desenrolar de uma pesquisa da Linha 1, foram localizados inúmeros textos produzidos pelos alunos da atual UME Auxiliadora da Instrução, no ano de 1960. Este fato chegou ao conhecimento da Coordenadora Pedagógica que atua na escola, que nos procurou, interessada em que desenvolvêssemos um projeto na escola.

Juntando-se a isso, um dos membros do grupo localizou na FAMS (Fundação Arquivo e Memória de Santos) o documento original de doação do grupo escolar ao município e outros documentos. Aos poucos, foi se desenhando uma oportunidade de pesquisa. Começamos um planejamento conjunto, escola e Grupo Interdisciplinar de Estudos Culturais, tendo em vista que houve interesse do grupo e da instituição de ensino. Foi desenvolvido uma pesquisa-ação, com a intenção de analisar quais procedimentos se mostram efetivos na mudança das representações sociais. A perspectiva da pesquisa foi Educação Patrimonial, definida como, por documento do IPHAN (2014, p.19)

[...] todos os processos educativos formais e não-formais que têm como foco o Patrimônio Cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão sócio histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação.

Os autores do documento do IPHAN, além disso afirmam, referindo-se à Educação Patrimonial, que “é imprescindível que toda ação educativa assegure a participação da comunidade na formulação, implementação e execução das

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atividades propostas” (FLORÊNCIO et al., p.20). Como a iniciativa partiu da comunidade escolar, com anuência da Diretora da escola, este projeto atendeu o que se recomenda.

As concepções de infância compartilhadas por diferentes grupos destinaram determinados papéis sociais às crianças e, consequentemente, as formas de educação disponibilizadas a elas. Atualmente, as representações sociais de nossa cultura não valorizam a preservação e a valorização da memória, mas é ela que dá sentido às nossas práticas. O nosso grupo de pesquisa entende de forma diversa a memória histórica. As representações sociais geram estratégias e práticas. Nosso projeto empregou estratégias que pretendiam mudar as representações sociais construídas pelas crianças até este momento. Acredita-se que a cultura é produzida, perpetuada e transformada ao longo do tempo pelas pessoas e que os alunos desta escola serão agentes culturais que poderão influenciar sua geração e as seguintes, a partir de suas representações.

3. OBJETIVOS

O objetivo geral da pesquisa foi: “Mudar as representações sociais das crianças, com relação à UME Auxiliadora da Instrução, e à região onde a escola está localizada”.

Como objetivos específicos o projeto pretendeu:

 Produzir uma mudança nas representações das crianças, de forma que estas se sentissem parte de uma história coletiva;

 Que as crianças conhecessem como era o cotidiano das pessoas, inclusive das crianças, em diversos momentos da história da escola e do bairro;

 Que as crianças conhecessem os valores que pautavam as condutas em diferentes épocas;

 Que elas pudessem conhecer como eram as vestimentas das pessoas e a alimentação em diversas épocas;

 Que pudessem conhecer aspectos da escola, como uniformes, material escolar, sistema de controle de frequência de aprendizagem, em diferentes épocas;

 Que pudessem conhecer a forma como vem se dando a relação professor-aluno através do tempo;

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4. METODOLOGIA

Com estes objetivos, foi feita uma pesquisa de caráter qualitativo, com uso da História Oral, com entrevistas semiestruturadas – orientadas por um roteiro, composto por questionamentos e assuntos pré-determinados, com um tema central e uma estrutura flexível – onde foram coletados os depoimentos de ex-alunos.

As entrevistas de história oral permitem compreender como indivíduos experimentaram e interpretaram acontecimentos, situações e modos de vida de um grupo ou da sociedade em geral. Isso torna o estudo da história mais concreto e próximo, facilitando a apreensão do passado pelas gravações futuras e a compreensão das experiências vividas por outros. (DE SORDI; AXT; FONSECA, 2007, p. 7).

Também foram realizadas atividades educativas para alcançar esses objetivos, respeitando a faixa etária dos alunos.

5. ETAPAS DO PLANO DE TRABALHO

O projeto teve início ainda em junho, como previsto no projeto, com a “Gincana das Fotos”. Foi proposto às crianças que coletassem em suas casas, durante as férias de Julho (2015), fotos antigas que remetessem à escola e ao bairro. Os alunos que trouxessem o maior número de fotos ganhariam um ingresso para o cinema. Não obtivemos grandes resultados com a gincana, pois não conseguimos muitas fotos. Por isso, a exposição foi adiada. Os alunos ganhadores foram ao cinema, acompanhados de duas professoras. Foi uma experiência enriquecedora, pois alguns nunca tinham ido a uma casa de espetáculos.

A volta às aulas, em agosto, deu-se com uma exposição inicial do que as crianças tinham como representação da escola e do bairro, intitulada “A escola e o bairro para mim, hoje”. Aproveitamos a festa de aniversário de 101 anos da escola para expor aos presentes as atividades dos alunos. Cada turma produziu um determinado tipo de material com a supervisão dos professores (maquetes, reproduções textuais, poesias, cartazes, etc.). A comemoração também contou com a palestra do ex-aluno Paulo Sacaldassy, dramaturgo, roteirista e escritor, que relatou aos alunos sobre suas experiências no colégio e como está sua carreira hoje. Os alunos o homenagearam com um “rap” de autoria dos mesmos e com desenhos. Na elaboração da exposição, contamos com auxílio de algumas

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professoras e de integrantes do grupo de estudos. O evento foi reportado pelo Diário Oficial de Santos e publicado no Caderno Especial Ano II - Edição 169 - em 9 de setembro de 2015. Parte das produções dos alunos se perdeu, porém, digitalizamos e transcrevemos as produções que restaram.

No mês de agosto também foi realizada uma palestra no Museu do Café, ministrada por um membro do grupo de estudos, para aprendermos como trabalhar com história oral.

Partimos então para a elaboração do roteiro das entrevistas e para a seleção dos entrevistados. No próprio corpo docente e de funcionários da escola haviam ex-alunos. Os demais entrevistados foram descobertos através de indicações e, enfim, elaboramos o cronograma das entrevistas de acordo com o número de turmas. Concluiríamos com todas as salas (duas por entrevistado) em duas semanas, com dois dias na semana e dois horários por dia. Todas as entrevistas partiram do seguinte roteiro:

Estamos aqui no Auxiliadora da instrução. Hoje é dia x de x de 2015. Queremos conhecer algumas das características da escola em outras épocas. Para isso, estamos com um(a) ex-aluno(a) que irá responder algumas questões.

1. Diga, por favor, seu nome, em que época estudou na escola e em que fase de sua escolarização.

2. Conte para nós sobre como eram as aulas.

3. Como era o relacionamento dos professores com os alunos? 4. Havia lição de casa? Como era?

5. Como os pais eram informados de notas e faltas? 6. Conte do recreio. Como era? Do que vocês brincavam? 7. Fale do uniforme usado naquela época.

8. Fora do horário da escola, o que você fazia? 9. Como era o dia-a-dia de sua família?

10. E o bairro? Conte um pouco sobre ele.

11. Tem mais alguma coisa que você gostaria de nos contar? 12. E vocês, crianças, gostariam de perguntar mais alguma

coisa?

Percebe-se que o roteiro foi pensado para que pudéssemos extrair o máximo de informações para analisarmos as características das épocas vivenciadas pelos entrevistados. As crianças colaboraram com diversos questionamentos. Foi uma atividade enriquecedora para todos os participantes.

Devido a alguns incidentes na escola, não conseguimos duas turmas por entrevistado, o que atrasou o projeto, pois não tínhamos ex-alunos em número

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suficiente e o cronograma de atividades da escola também precisou ser atendido. Por isso, a conclusão foi adiada para o primeiro semestre de 2016.

Iniciamos o primeiro semestre de 2016 tendo por objetivo finalizar as entrevistas que não foram efetuadas no prazo previamente previsto. Fizemos o cronograma considerando as salas que ainda não haviam participado e as turmas novas. O término desta etapa deu-se em abril, sendo que, no total, foram entrevistados doze ex-alunos.

Havia a previsão de que duas alunas, pertencentes ao Projeto de Iniciação Científica do Ensino Médio, contribuíssem com a transcrição das entrevistas, o que não se deu. Assim, as entrevistas estão em processo de revisão e transcrição.

A próxima atividade foi planejada ainda durante a execução das entrevistas, a Gincana dos Detalhes, com o objetivo de chamar a atenção dos alunos para lugares e objetos que estão dentro e fora da escola, em locais de circulação contínua. Fotografamos os lugares e fizemos dois banners – as fotos de dentro da escola para as crianças do 1º ao 3º ano e as fotos do entorno da escola para as crianças do 4º e 5º ano – com recortes para estimular que as crianças recordassem o nome e onde ficava aquele local. Foram premiados os alunos que tiveram o maior número de acertos pela coordenadora pedagógica na festa de páscoa da escola.

Posteriormente, planejamos a Gincana das Fotos. Escolhemos fotos antigas que foram recolhidas durante o projeto para que as crianças observassem as mudanças ocorridas nas vestimentas dos alunos, na estrutura da escola, no cotidiano dos alunos, em diversos momentos da história da escola. Essas fotos foram distribuídas pelas paredes da escola (corredor superior e pátio) e ficaram durante uma semana para observação. Elaboramos uma atividade de múltipla escolha contemplando as mudanças na escola nestes diferentes aspectos. A atividade foi entregue aos professores para executarem em sala de aula com os alunos. Fizemos a apuração dos resultados e premiamos, de sala em sala, os alunos com maior número de acertos.

Foi proposto aos professores a atividade de leitura e recriação de textos produzidos por alunos da UME Auxiliadora da Instrução no ano de 1960 e publicados no suplemento infantil A Tribuninha, porém o trabalho não foi finalizado devido ao cronograma da escola. Estava prevista também a Gincana das Receitas que acabou não sendo realizada por conta do tempo disponível.

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Por fim, realizamos a exposição final com o tema “A escola e o bairro para mim agora” com o objetivo de verificar o impacto do projeto sobre as representações das crianças em relação a história da escola e a importância da mesma.

No decorrer da execução do projeto, continuamos com a pesquisa documental na escola e na Fundação Arquivo e Memória de Santos. Os documentos estão sendo fotografados e transcritos por nós.

6. RESULTADOS

Os objetivos foram parcialmente alcançados devido a algumas variáveis intervenientes surgidas ao desenvolver o projeto. Infelizmente, muito do que havia sido planejado saiu de forma diversa do esperado. Como o contato se dava via coordenadora, os professores por vezes não eram orientados da forma como se esperava. Além disso houve a necessidade de ajustar as atividades ao cronograma da escola, o que demandou que estas acabassem tendo que ser cumpridas apressadamente, interferindo em outras atividades previstas, como a transcrição das entrevistas e a Gincana das Receitas.

Apesar destes contratempos, houve motivação por parte dos alunos, que se envolveram inteiramente em todos os trabalhos desenvolvidos. Percebemos indícios de que se conseguiu pelo menos parcialmente o que se esperava, através da fala de alguns alunos, das questões dirigidas aos ex-alunos durante as entrevistas, e através do material produzido para a exposição final.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pudemos perceber que teríamos resultados mais concretos se trabalhássemos com menor número de alunos, considerando a variação das idades, pois tivemos que adequar todos os trabalhos ao grau de escolaridade e desenvolvimento dos alunos. Outro fator importante na dificuldade apresentada com relação à efetivação destes objetivos foi a comunicação com os alunos, que se deu de forma indireta, por intermédio de terceiros, sendo que o ideal seria os pesquisadores terem acesso direto às crianças.

O que foi conseguido com relação às representações sociais das crianças, entretanto, foi satisfatório e a experiência mostrou que, mesmo com bom planejamento, a pesquisa sempre reserva surpresas e demanda reformulações.

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A execução deste projeto não seria possível sem a colaboração dos funcionários da escola, que abriram as portas para nós e contribuíram de diferentes formas. A Coordenadora Pedagógica, Claudia Prol, envolveu-se inteiramente no projeto e nos auxiliou em tudo que precisávamos.

Os membros do grupo de estudos que foram citados, mesmo que voluntários, também se dedicaram totalmente ao projeto, já que o mesmo foi uma construção coletiva.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHARTIER, Roger. A História Cultural - Entre Práticas e Representações. Lisboa: Difel, 1988.

FLORÊNCIO, Sônia Rampin; CLEROT, Pedro; BEZERRA, Juliana; RAMASSOTE, Pedro. Educação Patrimonial: histórico, conceitos e processos. Brasilia, DF: IPHAN/DAF/Ceduc, 2014.

DE SORDI, N. A. D; AXT, G; FONSECA, P. R. P. Manual de procedimentos do Programa de História Oral da Justiça Federal. Brasília: Conselho da Justiça Federal, 2007.

MELO, Alessandro de; CARDOZO, Poliana Fabiula. Patrimônio, Turismo Cultural e Educação Patrimonial. Educ. Soc., Campinas, v. 36, nº. 133, p. 1059-1075, out. - dez., 2015.

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