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EXCELENTISSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA GO

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EXCELENTISSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA – GO

ADALTO NUNES DE SOUZA JÚNIOR, Casado, Advogado, com CPF sob o nº 93079559134, RG nº 4329036SPTCGO, portador do título de eleitor nº 055985801074, devidamente inscrito na OAB/GO sob o número 34433, cidadão em pleno gozo dos direitos políticos, endereço eletrônico adaltonsj@gmail.com, com domicílio e residência na Rua Itauba, Qd 15, Lt 174, Residencial Veneza, Rio Verde-GO, advogando em causa própria, vêm perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 5º, inc. LXXIII, da Constituição Federal e Lei nº 4.717/65, propor a presente

AÇÃO POPULAR, com pedido liminar de suspensão do ato lesivo impugnado

(art. 5º, § 4º, da Lei nº 4.717/65 c/c art. 300, CPC)

em desfavor do

ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público interno, inscrita no CNPJ sob o nº 01.409.580/001-38, representado pelo Procurador-Geral do Estado, Alexandre Eduardo Felipe Tocantins, com sede no Palácio Pedro Ludovico Teixeira – Rua 82, s/n, Setor Sul, CEP 74088-900, Goiânia – GO.

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A presente demanda tem por objeto a declaração de nulidade do Processo Seletivo Simplificado deflagrado em outubro de 2016 para a contratação precária de Vigilante Penitenciário Temporário (VPT), Edital nº 010/2016, porquanto está eivado de vício de desvio de finalidade e representa lesão à moralidade administrativa, pois pretere candidatos já aprovados em concurso público que, inclusive, já realizaram curso de formação e estão prontos, esperando para reforçarem o sistema penitenciário de Goiás.

Deste modo, a ação busca, também, condenar os réus à publicarem o Resultado Final e a homologação do concurso público para provimento dos cargos de Agente de Segurança Prisional (ASP) regido pelo Edital nº 01/2014, bem como ao pagamento de eventuais perdas e danos.

O vício de desvio de finalidade consiste na dolosa criação de um fato excepcional, qual seja, a provocação de uma situação de ausência de aprovados em concurso público da área de vigilância prisional, para, dessa forma, justificar a contratação de servidores temporários, com salários aviltantes, sem porte de arma e sem garantia de estabilidade, causando grandes riscos a toda a sociedade e a vida destes servidores que regularmente são colocados para trabalhar sem treinamento adequado , em detrimento da regra do concurso público.

Inicialmente é relevante trazer à tona as enormes diferenças no modo em que foi feito a seleção e preparação dos candidatos ao cargo de Agentes penitenciários e a frágil seleção de vigilantes temporários.

A seleção dos candidatos a Agentes penitenciários foi feita por concurso público regido pelo edital 01/2014 ( doc. 04) , divido em seis rigorosas fases já concluídas, sendo que a última delas foi um curso de formação.

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Por outro lado, a seleção de vigilantes temporários tem sido realizada em uma única fase de prova objetiva, diga-se de passagem, de baixíssimo nível.

Relevante ainda registrar que os candidatos aprovados em concurso público que estão sendo preteridos, de acordo com o edital 01/2014 do concurso público, foram selecionados para preencherem as vagas existente na terceira classe da carreira de agente prisional, hoje com vencimentos na casa de 3.450,90 expresso na lei 19.502/2016. Ademais os servidores concursados possuem porte de arma e a garantia da estabilidade.

Por outro lado, os Vigilantes penitenciários temporários, tem vencimentos na casa de 1.450,00 não têm porte de arma, e são contratados pelo curto período de um ano.

Situação extremamente grave, pois esses servidores temporários trabalham em ambiente lotado de criminosos de altíssima periculosidade que movimentam valores vultosos, fruto de seus crimes, ficando os servidores temporários, extremamente vulneráveis às investidas destes criminosos, sem possibilidade de defesa dentro e fora dos presídios por não possuírem porte de arma, situação ainda mais agravada pelo fato de que ao começarem a aprenderem o sofrido oficio do agente prisional, estes servidores temporários são demitidos devido ao curto período contratual.

Ademais, pelo fato de estes servidores não terem garantia de estabilidade, eles são amordaçados pela ameaça de demissão como de fato ocorreu na recente greve deflagrada pelos vigilantes temporários que exigiam melhores condições de trabalho, momento em que foi exposto à toda a mídia que o estado de Goiás tem sido conivente com o porte ilegal de armas de fogo fornecendo-as ilegalmente a estes servidores temporários, ainda, com munições recarregadas, sendo que os lideres desta greve que denunciaram tal situação foram surpreendidos com uma sumaria demissão o que causou o fim das reivindicações ( doc. 10 ).

Neste contexto de abandono indiscutível pelo estado de Goiás ao sistema penitenciário, os Brasileiros têm acompanhado nos últimos dias uma crescente onda de fugas e rebeliões, com inúmeros presos decapitados e dilacerados, frutos de uma guerra entre facções. Esta crise tem exposto a realidade dos presídios e a impotência dos estados de intervir na situação devido ao baixo efetivo de agentes penitenciários nos presídios.

(4)

Além do gravíssimo risco que as fugas representam para toda a sociedade, as mortes dos detentos custodiados pelos estados têm gerado uma obrigação de indenização às famílias dos detentos mortos, causando grande prejuízo financeiro ao erário.

Neste momento de tragédia nos presídios, surge outra enorme problemática, é que devido ao baixo efetivo de agentes penitenciários, os governos, a exemplo do que ocorre em Goiás, tiram das ruas os policias para tentarem suprirem a carência dos presídios, causando maior vulnerabilidade do policiamento ostensivo que já sofre com a falta de efetivo. O concurso público da agencia prisional do estado de Goiás regido pelo edital 001/2014 foi lançado ainda em 2014, e ofertou 305 vagas, enquanto durante sua realização o estado de Goiás deflagrou o processo seletivo simplificado para contratação de 1.625 (mil, seiscentos e vinte e cinco) vigilantes temporários ( doc. 13).

Não bastasse tamanha imoralidade, ao perceber que não houve nenhuma intervenção capaz de impedir esta pratica ilegal, o estado de Goiás deflagrou o ora impugnado processo seletivo simplificado para contratação precária de 493 servidores temporários.

Ao tempo desta deflagração – outubro de 2016 – havia candidatos aprovados em concurso aguardando apenas a divulgação do Resultado Final – que deveria ter ocorrido em 29/07/2016 ( doc. 11). A homologação do certame seria o ato subsequente à divulgação do resultado.

Ocorre que esta postergação injustificada da divulgação do Resultado Final e, consequentemente, do próprio ato homologatório, tem causado dolosamente a ausência de pessoal concursado, para possibilitar as contratações temporárias, conforme preconiza a Lei Estadual nº 13.664/00, diga-se de passagem, que, há uma década o governo de Goiás usa livremente desta estratégia para justificar as contratações precárias.

(5)

No presente caso, ficará evidenciado que não há “necessidade temporária de excepcional interesse público1” em verdade, há uma necessidade perene e um claro desvirtuamento doloso da realidade. Portanto, essa manobra perpetrada para possibilitar a contratação precária, em afrontosa burla à regra do concurso público, viola o princípio da moralidade administrativa.

No dia 19 de outubro de 2016, o senhor, Joaquim Mesquita, Secretário de Estado de Gestão e Planejamento, fez publicar o Edital nº 010/20162, que rege o Processo Seletivo Simplificado para a contratação de 493 (quatrocentos e noventa e três) Vigilantes Penitenciários Temporários (VPTs).

Consta no referido documento3 que o motivo para a deflagração do processo seletivo foi a “necessidade temporária e de excepcional interesse público” indicada no art. 2º, inc. VIII, “a”, da Lei Estadual 13.664/004.

Esse dispositivo legal autoriza a contratação temporária quando for verificada a ausência de pessoal concursado para o desempenho das atividades relacionadas à segurança pública, dentre outras.

1 Art. 37: (…) IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

2 Disponível em: http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2016-10/edital_010_2016_seap--vpt.pdf 3 “O presente Processo Seletivo Simplificado justifica-se pela necessidade temporária de excepcional interesse público, de acordo com art. 2º, VIII, a, da Lei Estadual 13.664/00.”

4 “Art. 2º - Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público aquela que comprometa a prestação contínua e eficiente dos serviços próprios da administração pública, nos seguintes casos:

VIII – atendimento urgente às exigências do serviço, em decorrência da falta de pessoal concursado ou enquanto perdurar necessidade transitória, para evitar o colapso nas atividades afetas aos setores de: a) trânsito, transporte, obras públicas, educação, cultura, segurança pública, assistência previdenciária, comunicação e outros negociais de captação de recursos destinados, preponderantemente, aos Programas da Rede de Proteção Social do Estado de Goiás.”

(6)

Ocorre que o fundamento invocado é resultado da inércia do próprio Estado de Goiás, pois há concurso público finalizado para o provimento de cargos efetivos de Agente de Segurança Prisional (Edital nº 01/2014), pendente apenas, DE FORMA INJUSTIFICADA, diga-se de passagem, a divulgação do Resultado Final e a homologação do certame.

Todas as etapas e fases do concurso já foram concluídas. O Edital nº 01/20145 previu a realização do concurso em duas etapas, sendo a primeira dividida em cinco fases; a segunda etapa refere-se ao Curso de Formação Profissional, de caráter eliminatório e classificatório:

1.3 O concurso público de que trata este edital consistirá de

duas etapas, conforme a seguir.

1.3.1 A Primeira etapa será composta das seguintes fases: a) 1ª (primeira fase) – prova objetiva, de caráter eliminatório e classificatório, a ser realizada pela Fundação Universa;

b) 2ª (segunda fase) – prova discursiva, de caráter eliminatório e classificatório, a ser realizada pela Fundação Universa;

c) 3ª (terceira fase) – avaliação médica (para todos os candidatos); avaliação da equipe multiprofissional (exclusivo aos candidatos com deficiência) de caráter eliminatório, a ser realizada pela Fundação Universa e avaliação de títulos, de caráter unicamente classificatório, a ser realizada pela Fundação Universa;

d) 4ª (quarta fase) – prova de aptidão física, de caráter eliminatório, a ser realizada pela Fundação Universa;

e) 5ª (quinta fase) – avaliação psicológica, de caráter eliminatório, a ser realizada pela Fundação Universa e avaliação de vida pregressa, de caráter eliminatório, a ser realizada pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária e Justiça (SAPeJUS).

5 Disponível em:

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1.3.2 A Segunda etapa consistirá de curso de formação, de

caráter eliminatório e classificatório, a ser realizado pela Fundação Universa e supervisionado pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária e Justiça (SAPeJUS).

[grifamos]

Todos os candidatos já receberam o Certificado de Conclusão do Curso de Formação, conforme documento anexo (Doc. 12 ).

A banca organizadora do certame, a Fundação Universa, encaminhou o Resultado Final, em 13 de agosto de 2016 à Secretaria de Gestão e Planejamento, aos cuidados da servidora Renata Ruggeri, conforme atesta a Declaração anexa ( Doc. 6 ). Entretanto, até o presente momento não houve a divulgação da lista de aprovados, tampouco a homologação.

De acordo com o cronograma atualizado6, o Resultado Final deveria ter sido publicado em 29/07/2016, muito antes da publicação do Edital nº 010/2016 (Processo Seletivo Simplificado para contratação de VPT)!

Verifica-se que há uma omissão injustificada de mais de 5 (cinco) meses! Contraditoriamente, o Estado de Goiás deu início a processo seletivo para a contratação de temporários!

1.1 - DA INJUSTIFICADA AUSÊNCIA DE PUBLICAÇÃO DO RESULTADO FINAL E DO ATO HOMOLOGATÓRIO DO CONCURSO PÚBLICO.

6 Disponível em:

(8)

O Ministério Público do Estado de Goiás, por meio da 89ª Promotoria de Justiça, deflagrou em 2009 uma ação civil pública para declaração da ilegalidade das contratações temporárias feitas precariamente para suprirem a carência do sistema prisional, requerendo ainda a substituição destes servidores temporários por servidores efetivos.

Nesta ação, a magistrada de primeiro grau, acatou o pedido ministerial e declarou ilegal a contratação temporária feita pelo estado de Goiás, motivo pelo qual determinou a substituição destes temporários por servidores efetivos no prazo de até 120 dias.

Ocorre que devido a omissão dolosa do estado de Goiás, o concurso público de 2014 já com todas as suas etapas finalizadas e que, portanto, poderia suprir parte dos servidores necessários para o cumprimento desta decisão judicial não foi homologado, logo a decisão judicial não pode ser efetivada.

O Estado de Goiás tem afirmado que a homologação deste concurso não se deu devido a uma insegurança jurídica. Esta insegurança jurídica se resume na possibilidade de o estado de Goiás, caso homologue o concurso, ser impelido judicialmente a nomear um número maior de servidores do que as vagas ( 305) previstas em edital.

Este “risco” seria perfeitamente verificado devido ao fato de o Estado de Goiás ter lançado durante a realização do concurso de 2014 um processo seletivo simplificado para contratação precária de 1625 servidores temporários.

PORTANTO, O QUE IMPEDE O ESTADO DE GOIÁS DE HOMOLOGAR O CONCURSO É O “GRAVE RISCO” DE SER IMPELIDO JUDICIALMENTE A APROVEITAR OS CANDIDATOS APROVADOS FORA DO NUMERO DE VAGAS OFERTADAS NO EDITAL PARA SUBSTITUIREM OS SERVIDORES TEMPORARIOS.

(9)

Este “risco’ se mostraria concreto tendo em vista que a 78ª Promotoria de Justiça ingressou com ação civil pública requerendo a ampliação do cadastro de reserva do concurso público de 2014 e obteve decisão liminar favorável proferida na Ação Civil Pública de protocolo nº 391327.46 (PROJUDI) já cumprida, o que obrigou o estado de Goiás a ministrar o curso de formação não só aos 465 candidatos ( Vagas +cadastro de reserva previsto em edital) mas a um total em torno de 870 candidatos.

O Estado de Goiás ainda argumenta que faz tentativas de firmar um TAC com a 78 Promotoria de Justiça. Sucede que a titular da 78ª Promotoria de Justiça há muito refluiu da decisão de firmar Termo de Compromisso de Ajustemento de Conduta (TAC) com o Estado de Goiás, pois o estado de Goiás sugere a inclusão de cláusulas consideradas impertinentes pela Promotora.

A promotora exemplifica a situação revelando que o estado de Goiás percebendo a grande possibilidade de uma derrota judicial, alterou a lei de ingresso na carreira de agente prisional do estado, reduzindo o número de vagas, bem como o salário inicial dos agentes que era de R$3.450,90 para R$1.500,00, como se comprova pela leitura da pela lei 19502/2016 do Estado de Goiás¹.

Disponível em: http://www.gabinetecivil.go.gov.br/leis_ordinarias/2016/lei_19502.htm Deste modo a proposta do Estado se resumiria em nomear 531 candidatos aprovados no concurso de ASP/2014, ao invés dos 465 previstos no Edital, MAS COM O NOVO SALARIO DE R$ 1,500, EM VEZ DOS 3.450,90 PREVISTOS HOJE PARA A TERCEIRA CLASSE, PARA A QUAL O EDITAL OFERTOU AS VAGAS. Assim fica nítido que o estado de Goiás tem agido para causar prejuízos aos candidatos aprovados no concurso público de 2014.

Convém registrar que houve manifestação pública do Estado de Goiás acerca desta celeuma quando foi veiculada matéria

(10)

jornalística na TV Anhanguera, no dia 15 de dezembro, que abordou a questão da delonga para a homologação do concurso de Agente de Segurança Prisional (Edital nº 01/2014). A reportagem pode ser acessada nesse link: http://g1.globo.com/goias/jatv-1edicao/videos/t/edicoes/v/candidatos- que-passaram-em-concurso-reclamam-de-nao-terem-sido-chamados-em-goias/5515869/.

A Procuradoria-Geral do Estado de Goiás informou à equipe de jornalismo que uma das razões para não ter convocado os aprovados é o fato de ainda não ter saído o resultado do curso de formação e que não há data para isso ocorrer.

Todavia, essa afirmação é inverídica, pois, conforme Declaração da Fundação Universa, banca organizadora do concurso ( doc. 06) o resultado final foi entregue em 13 agosto de 2016 à Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento. Ficando claro que o estado de Goiás age dolosamente para não nomear os candidatos aprovados em concurso público.

Ademais, uma vez homologado o certame, será possível executar provisoriamente a sentença proferida na Ação Civil Pública de protocolo nº 204099.35, que determinou a substituição dos temporários pelos aprovados em concurso, no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias, verbis:

“Ante o exposto, nos termos do inciso I, artigo 269 do Código de Processo Civil, julgo parcialmente procedentes os pedidos e extingo o processo, com resolução do mérito.

(…) Por conseguinte, determino ao Estado de Goiás efetuar o desligamento gradativo dos trabalhadores contratados a título precário e nomeados em comissão para o referido cargo, devendo ser substituídos por servidores efetivos devidamente

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aprovados em concurso público, no prazo máximo de cento e vinte dias.” [evento nº 3, arquivo 59]

Os réus, em verdade, utilizam artimanhas para retardar o cumprimento da sentença, o que é imoral e atentatório à dignidade da Justiça. Permanecem, dessa maneira, malferindo a ordem jurídica.

Está clarividente que há um retardamento desproporcional da publicação do Resultado Final e do ato homologatório do concurso público.

A deflagração de novo Processo Seletivo Simplificado para a contratação de VPT demonstra a necessidade da Administração Pública.

Portanto, considerando que essa situação extrapola os parâmetros de proporcionalidade e razoabilidade, deve o Poder Judiciário determinar ao Estado de Goiás, por meio de seu Secretário de Estado de Gestão e Planejamento, a divulgação do Resultado Final e, ato contínuo, a publicação do ato de homologação do certame.

Percebe-se que o Secretário de Estado de Gestão e Planejamento, que detém a competência para deflagrar processos de seleção e para homologá-los, manobra para malferir a regra inserta no art. 37, inc. II, da Constituição Federal e no art. 92, inc. II, da Constituição do Estado de Goiás.

(12)

Quanto ao Secretário de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária, compete a ele celebrar os contratos temporários, consoante os termos do art. 7º da Lei Estadual nº 13.664/007.

Caso sejam firmados os vínculos precários, ele também terá contribuído para a ilegalidade. Ademais, não se pode olvidar que o processo administrativo que culminou na publicação do Edital nº 010/2016 foi iniciado, provavelmente, por provocação de José Eliton de Figuerêdo Júnior, titular da pasta de Segurança Pública e Administração Penitenciária.

No ensejo, convém gizar, para os fins do art. 6º, § 4º, da Lei nº 4.717/658, que a violação dolosa à legalidade configura ato de

improbidade administrativa tipificado no art. 11 da Lei nº 8.429/92. O retardamento da publicação de ato de ofício caracteriza o crime de prevaricação, tipificado no art. 319 do Código Penal.

Conclui-se que o Edital nº 010/2016-SEGLAN, referente ao Processo Seletivo Simplificado para a contratação de VPT, é nulo e lesivo à moralidade administrativa, pois é resultado de manejo perpetrado para malferir a regra do concurso público, em evidente desvio de finalidade, e para frustrar as pretenções do Ministério Público (89ª Promotoria de Justiça) de executar provisoriamente sentença que determinou a substituição de temporários por aprovados em concurso público.

Não resta dúvidas de que há uma injustificada demora para a divulgação do Resultado Final do concurso público para provimento

7 Art. 7º - Os contratos deverão ser efetivados e firmados pelo titular do órgão ou entidade interessada na admissão, que deverá encaminhar cópia dos mesmos para a Agência Goiana de Administração e Negócios Públicos, a que compete o controle da aplicação do disposto nesta lei.

8 Art. 6º: …

§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.

(13)

dos cargos de Agente de Segurança Prisional, regido pelo Edital nº 01/2014-SEGPLAN, razão pela qual o réu devem ser condenado a promover a divulgação do Resultado Final e a subsequente e imediata homologação do certame, haja vista a urgente necessidade de pessoal.

Infere-se que a omissão quanto à divulgação do Resultado Final é dolosa, pois provoca duas consequências: dá ensejo a uma situação de fato e de direito que autorizaria a contratação temporária, conforme os preceitos da Lei Estadual nº 13.664/00, e, simultaneamente, retarda o cumprimento de decisão judicial que determinou a substituição de temporários por aprovados em concurso, eis que, enquanto o certame não for homologado, o cumprimento da sentença será materialmente impossível. Reside, também, nesse fato a imoralidade administrativa que ensejou o ajuizamento desta Ação Popular.

2 – DO CONTEXTO DE PRECARIZAÇÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO NO ESTADO DE GOIÁS. DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS PARA RESTABELECER A ORDEM. DA NECESSIDADE DE NOVA INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO

É fato público e notório que há uma década existem reiteradas contratações de Vigilante Penitenciário Temporário no Estado de Goiás, ao passo que é mantido o déficit de Agente de Segurança Prisional9.

Os concursos deflagrados sempre oferecem menos vagas do que a real necessidade, pois o quantitativo de cargos ofertados é sempre

9 Vide o seguinte trecho extraído da decisão liminar proferida pelo Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual na Ação Civil Pública de protocolo nº 204099.35: “(…) No mais, observa-se que desde o ajuizamento da ação em 2008 até dezembro de 2013 (f. 784) o Estado de Goiás, utilizando-se dos prefalados contratos precários reitera a postura da contratação, não solucionando o impasse da carência de servidores públicos efetivos. É uma postura normalmente utilizada pelo Estado que deixa em evidência que não há uma situação excepcional.” [evento nº 3, arquivo 44, página 3].

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inferior ao número de vacâncias. Enquanto isso, ao longo dos anos estão sendo realizadas reiteradas contratações precárias para uma atividade estatal permanente, vinculada ao poder de polícia.

Essa circunstância de reiteração das contratações já foi declarada ilegal pelo juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual da comarca de Goiânia em Ação Civil Pública conduzida pela 89ª Promotoria de Justiça (protocolo nº 204099.35 – PROJUDI). O Estado de Goiás foi condenado a se abster de contratar Vigilante Penitenciário Temporário e a substituí-los por aprovados em concurso público.

Porém, no que concerne à obrigação de não fazer – abster de contratar VPT –, a sentença10 reproduziu exatamente o teor de decisão liminar11, cujos efeitos foram suspensos por decisão do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás em sede de incidente de Suspensão de Liminar (evento nº 3, arquivo 48, do processo nº 204099.35).

A lei que regulamenta o referido incidente preceitua que os efeitos da decisão do Presidente do Tribunal de Justiça são projetados para a decisão de mérito até o seu trânsito em julgado (art. 4º, § 9º, da Lei nº 8.437/9212). Por esse motivo a titular da 89ª Promotoria de Justiça não pleiteou o cumprimento provisório da sentença.

No que concerne à obrigação de fazer imposta ao ente federado, a ausência de homologação do certame público inviabiliza o cumprimento da sentença, pois não há pessoal formalmente concursado para efetuar a substituição dos temporários.

10 Evento nº 3, arquivo 59, do processo nº 204099.35. 11 Evento nº 3, arquivo 44, do processo nº 204099.35.

12 Art. 4° (…) § 9º A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação principal.

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A problemática quanto à permanência dos VPTs no sistema prisional foi abordada pela Dra. Suelenita Soares Correia, Juíza de Direito titular da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual, por ocasião da concessão de liminar em Ação Civil Pública conduzida pela 89ª Promotoria de Justiça:

“(…) Enfim, a admissão de temporários, de natureza evidentemente precária, gera grande insegurança, eis que em suas mãos, por vezes despreparadas e sem vínculo efetivo com o Estado, é depositada a segurança da sociedade, através do

relevante papel exercido pela a segurança pública.” [processo nº 204099.35, evento nº 3, arquivo 44, página 3]

O sistema penitenciário goiano possui, atualmente, a seguinte configuração:

Servidores - Tipo de vínculo Quantidade*

Temporário (VPT) 1.708

Efetivo (ASP) 777

*Dados extraídos do Portal da Transparência do Estado de Goiás referentes ao mês de dezembro de 2016.

Cargos de ASP previstos na Lei Estadual nº 17.090/1013

Cargos de ASP ocupados

1.827 777

1.050 cargos vagos

Vagas nas Unid. Prisionais Quantidade**

Existentes 7.909

(16)

Ocupadas 15.965

*Dados extraídos do Relatório de Inspeção aos Presídios de Goiás, elaborado pela Corregedoria do TJGO entre 03 e 09/201514.

Os VPTs são mais do que o dobro dos servidores efetivos (ASPs). Em contrapartida, não possuem o mesmo treinamento, não possuem porte de arma de fogo, mantêm vínculo precário com o Estado, com curtíssimo prazode vigência do contrato, que é de 1 (um) ano, o qual pode ser rescindido antes do termo final, inclusive. Ademais, percebem salários aviltantes.

Percebe-se que a base do sistema penitenciário está firmada em servidores temporários, que ficam sujeitos a ameaças e às mais variadas propostas dos presidiários, sem que o Estado lhes forneça segurança dentro ou fora do cárcere.

Os VPTs estão inseridos em um ambiente de alta periculosidade e a ausência de treinamento, de garantias estatais, como segurança e salário digno, propiciam um ambiente favorável à corrupção15, o que resulta no ingresso de drogas, de celulares e de armas nos presídios, além da provável complacência com as fugas. Não por acaso, têm sido frequentes as notícias de fugas.

O jornal O Popular publicou matéria com a informação de que 139 (cento e trinta e nove) presos empreenderam fuga das Unidades Prisionais em 201616.

14 Disponível em: http://docs.tjgo.jus.br/corregedoria/site/REL_digital.pdf

15 O jornal O Popular abordou que alguns VPTs foram indiciados por suspeita de facilitar fugas:

http://www.opopular.com.br/editorias/cidade/investiga%C3%A7%C3%B5es-apontam-responsabilidade-de-agentes-1.1153462. O Ministério Público ajuizou Ação de Improbidade Administrativa em desfavor de VPT: http://www.mpgo.mp.br/portal/noticia/improbidade-agente-penitenciario-de-catalao-e-acionado-por-levar-bebidas-celulares-e-drogas-a-presos#.WHFhX30pVVg

16 Disponível em:

(17)

Esse número foi levantado com base nas reportagens divulgadas pelo próprio veículo, ou seja, são dados extra-oficiais, pois a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária baixou uma Portaria para estabelecer o sigilo de informações dessa natureza. Esse fato sugere que esse índice deve ser ainda maior.

Repisa-se que o jornal se baseou em dados a partir de matérias publicadas apenas n’O Popular. Informações publicadas por jornais locais de Municípios do interior não foram computadas.

O Promotor de Justiça que atua no Município de Itumbiara atribuiu a fuga ao baixo efetivo. Não bastasse isso, a maioria ainda é composta por servidores temporários:

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Enfim, o atual estado de calamidade do sistema penitenciário é reflexo de uma política de precarização que ocorre há uma década.

Não é concebível que o Poder judiciário se mostre insensível a esta gravíssima situação de ilegalidades. Portanto, é necessário que o Poder Judiciário também se posicione quanto à essa grave situação, principalmente quando o ano de 2017 principia com a notícia de massacres dentro das prisões do norte do país.

Relevante trazer à baila a convicção do ministério público, quanto a irregularidade do processo seletivo simplificado impugnado, bem como da injustificada nomeação dos candidatos aprovados

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em concurso público, externado por meio da promotora Marlene Nunes Freitas

Bueno da 89 promotoria de justiça de Goiás na ação civil pública de número

200902040990, vejamos:

A propósito, a alegada suspensão do concurso público levada a efeito pelo Poder Judiciário já foi superada. A decisão liminar proferida pelo juízo a quo na ACP de protocolo nº 391327.46 – PROJUDI foi confirmada pelo Tribunal. Todas as fases do

certame já foram concluídas. Está pendente apenas a divulgação do Resultado Final que, conforme o último

cronograma atualizado, deveria ter ocorrido em 29/07/2016. Portanto, há 3 (três) meses já deveria ter sido divulgado o resultado do processo de seleção. Assim, conclui-se que a

ausência de pessoal concursado é um fato atribuído exclusivamente à própria Administração Pública. Convém

mencionar que, mesmo diante da aproximação do término do concurso público que, frise-se, deveria ter ocorrido há 3 (três) meses –o Estado de Goiás lançou novo Processo Seletivo Simplificado para a contratação de 493 (quatrocentos e noventa e três) Vigilantes Penitenciários Temporários (Edital nº 10/2016 -SEGPLAN). Esse fato apenas reforça o quanto o Estado de Goiás subverte o instrumento da contratação temporária. Não por outra razão é que estão aumentando o número de fugas, rebeliões e casos de corrupção no âmbito carcerário. A esse

respeito, traz-se à baila a Operação

Livramento, deflagrada pela Polícia Civil , recentemente divulgada pela imprensa local. 89ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA, Promotora de Justiça Marlene Nunes Freitas Bueno, CONTRARRAZÕES ao Recurso de APELAÇÃO interposto pelo ESTADO DE GOIÁS nos autos do processo número 200902040990, 5 de dezembro de 2016.

(20)

3 – DO DIREITO

A Constituição Federal estabelece que as atividades desenvolvidas pelo Poder Público devem ser exercidas, em regra, pelos ocupantes de cargos públicos, de provimento efetivo, os quais são providos mediante prévia aprovação em concurso público.

Por sua vez, em situações excepcionais e transitórias, a Constituição autorizou a edição de lei para estabelecer os casos de contratação por tempo determinado:

Art. 37: …

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

Percebe-se que as hipóteses legais devem observar estritamente os requisitos consitucionais: ”necessidade temporária” e “excepcional interesse público”, sob pena de malferir a regra do concurso público.

A Lei Estadual nº 13.664/00 foi editada para regulamentar o dispositivo acima transcrito no âmbito da Administração Pública estadual.

Dentre as causas que o legislador goiano conferiu a possibilidade de o Estado de Goiás contratar temporariamente consta a hipótese concernente à ausência de pessoal concursado para o desempenho de atividades ligadas à segurança pública:

(21)

Art. 2º - Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público aquela que comprometa a prestação contínua e eficiente dos serviços próprios da administração pública, nos seguintes casos:

(…)

VIII – atendimento urgente às exigências do serviço, em decorrência da falta de pessoal concursado ou enquanto perdurar necessidade transitória, para evitar o colapso nas atividades afetas aos setores de:

a) trânsito, transporte, obras públicas, educação, cultura,

segurança pública, assistência previdenciária, comunicação,

regulação, controle e fiscalização dos serviços públicos, bem como outros negociais de captação de recursos destinados, preponderantemente, aos Programas da Rede de Proteção Social do Estado de Goiás.

No caso sub examine, foi lançado o Edital nº 010/2016 que estabeleceu as regras de Processo Seletivo Simplificado para a contratação de Vigilante Penitenciário Temporário. O fundamento para a edição desse ato foi o dispositivo legal retrotranscrito, ou seja, a ausência de pessoal concursado.

Ocorre que, conforme exaustivamente demonstrado ao longo desta petição inicial, a circunstância de excepcionalidade então invocada é resultado da omissão dolosa do próprio Poder Executivo, que não divulgou o Resultado Final do concurso público regido pelo Edital nº 01/2014, descumprindo o cronograma oficial. Consequentemente, não foi publicado o ato homologatório e, dessa forma, verifica-se uma situação de inexistência de pessoal concursado.

Essa é uma manobra para perpetuar as contratações por tempo determinado, em detrimento da regra do concurso público, mormente

(22)

porque há sentença proferida em Ação Civil Pública que determinou ao Estado de Goiás a promoção da substituição de temporários por concursados. Enquanto não houver a homologação do certame a sentença será materialmente inexecutável.

Depreende-se, assim, que o processo Seletivo Simplificado deflagrado pelo Edital nº 010/2016 está eivado de vício de desvio de finalidade.

Há que se considerar, também, que o ato é imoral, haja vista que a subsunção do fato à norma legal autorizadora da contratação temporária foi criada a partir de um manejo da Administração Pública para postergar a conclusão de concurso público.

Obtempera-se que o conceito de lei foi ampliado para incluir, além das regras, os princípios, dentre eles o da moralidade administrativa (art. 37, CF), de modo que a violação a um princípio significa a violação à própria lei, ao próprio ordenamento jurídico.

Sendo assim, ao considerar que o objeto do ato ora impugnado é imoral, imperiosa a conclusão de que trata-se também de objeto ilícito e, portanto, nulo. Veja-se a dicção da Lei nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular):

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

(…)

c) ilegalidade do objeto; (…)

(23)

A propósito, a Ação Popular é o remédio constitucional destinado ao controle dos atos administrativos nulos e lesivos à moralidade administrativa:

“Art. 5º:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade

administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e

cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;”

In casu, o desvio de finalidade e a imoralidade residem

no fato de o processo seletivo simplificado ter sido deflagrado para empreender fuga à regra constitucional do concurso público. A excepcionalidade foi construída e isso demonstra burla.

Não é concebível que o Estado de Goiás lance sucessivos processos seletivos simplificados para contratação de servidores temporários quando há concurso em trâmite, prestes a ser finalizado, notadamente quando o próprio Estado de Goiás descumpre, injustificadamente, o cronograma publicado (violação ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório).

A ausência de publicação do Resultado Final e do ato de homologação do certame é uma omissão imoral que deve ser corrigida pelo Poder Judiciário.

Sobre o princípio da moralidade administrativa e as consequências da sua violação, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2010) assim leciona:

(24)

“(…) Conforme assinalado, a imoralidade administrativa surgiu e se desenvolveu ligada à ideia de desvio de poder, pois se entendia que em ambas as hipóteses a Administração Pública se utiliza de meios lícitos para atingir finalidades metajurídicas irregulares. A imoralidade estaria na intenção do agente. No direito positivo brasileiro, a lei que rege a ação popular (Lei nº 4.717, de 29-6-65) consagrou a tese que coloca o desvio de poder como uma das hipóteses de ato administrativo ilegal (…) Em resumo, sempre que em matéria administrativa se verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de equidade, a ideia comum de honestidade, estará havendo ofensa ao princípio da moralidade administrativa.

(…) A apreciação judicial da imoralidade ficou consagrada pelo dispositivo concernente à ação popular (art. 5º, LXXIII, da Constituição) e implicitamente pelos já referidos artigos 15, V, 37, § 4º, e 85, V, este último considerando a improbidade administrativa como crime de responsabilidade.” (Direito Administrativo, 23. ed. – São Paulo: Atlas, pág. 77/78)

Conclui-se que o Edital nº 010/2016 deve ser declarado nulo e que a ausência injustificada da divulgação do resultado final do concurso público, com o fim de possibilitar a deflagração de processo seletivo para a contratação de Vigilante Penitenciário Temporário, também é circunstância que viola o princípio da moralidade administrativa, o que enseja a condenação dos réus à divulgação do Resultado Final e à homologação do concurso regido pelo Edital nº 01/2014.

3 – DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA. SUSPENSÃO DO PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO

(25)

Os requisitos para a concessão da tutela provisória de urgência estão presentes, razão pela qual o pleito de suspensão do Processo Seletivo Simplificado merece deferimento.

A probabilidade do direito invocado reside nos argumentos fáticos e jurídicos acima expostos, bem como nos documentos colacionados à presente, os quais dão conta de que o contexto ora apresentado está revestido de fumus boni iuris.

O perigo de dano, por sua vez, afigura-se patente, uma vez que a natural demora do processo – o prazo para apresentação de Contestação nas ações desta natureza é de 20 dias (úteis) e a Fazenda Pública possui prazo em dobro – causará lesão de dificílima reparação, eis que a vulneração à regra do concurso público será perpetuada, bem como todos os malefícios decorrentes dessa situação (vide item 2).

Segundo o cronograma colacionado ao edital17, o Resultado Final do Processo Seletivo Simplificado será divulgado em 25/01/2017. Percebe-se que o espaço de tempo é muito exíguo e o risco de dano fica cristalino.

Caso o processo simplificado de seleção seja concluído e outros 493 (quatrocentos e noventa e três) VPTs assumam as atividades de vigilância prisional, ainda menor será o interesse do Estado de Goiás em prover os cargos vagos de Agentes penitenciários Efetivos.

(26)

Não se pode deixar de registrar que outro motivo pelo qual o estado de Goiás mantem baixo efetivo no sistema prisional está relacionado ao interesse de privatizar os presídios goianos, como ocorreu no estado do Amazonas, no qual foi repassada a administração dos presídios à empresa Goiana Umanizzare que, tinha sede no Estado de Goiás mas que pouco antes do lançamento do edital de tomada de preços para privatização dos presídios Goianos, sem motivo aparente, mudou sua sede para o Estado de São Paulo.

Ressalta-se que a privatização dos presídios amazonenses sofre duras críticas por facilitar os casos de corrupção e por encarecerem injustificadamente o custo do sistema penitenciário, levantando suspeita de superfaturamento na contratação dos serviços privados.

O Estado de Goiás por duas vezes tentou implementar essa parceria com empresas para a gestão de Unidades Prisionais.

Em 2015 houve a deflagração de processo tendente à formalização de uma Parceria Público Privada (PPP), que não logrou êxito, principalmente em virtude da mobilização de segmentos da sociedade contrários a essa medida. Em 2016 foi publicado edital de Tomada de Preços com o objetivo de implementar a cogestão nos presídios.

Os dois documentos tinham por premissa o trespasse da execução penal ao setor privado, inclusive das atividades que envolvem o poder de polícia (exercido basicamente por ASPs).

Contudo, a Lei de Execuções Penais veda esse tipo de terceirização:

Art. 83-B. São indelegáveis as funções de direção, chefia e coordenação no âmbito do sistema penal, bem como todas as atividades que exijam o exercício do poder de polícia, e notadamente:

(27)

I - classificação de condenados; II - aplicação de sanções disciplinares;

III - controle de rebeliões

IV - transporte de presos para órgãos do Poder Judiciário, hospitais e outros locais externos aos estabelecimentos penais.

Objetiva-se demonstrar com essa explanação que o retardamento da conclusão do concurso público certamente é resultado de interesses escusos, nada republicanos.

(28)

Convém ressaltar que a medida ora pleiteada não representa nenhum risco para a segurança dos presídios Goianos, eis que existem candidatos aprovados em concurso público aguardando serem chamados para reforçarem a segurança dos presídios Goianos, que inclusive já realizaram o curso de formação (doc. 12).

O processo seletivo simplificado ora impugnado tem sua finalização prevista para o próximo dia 25/01/2017, portanto, é urgente a intervenção do poder judiciário.

Diante do exposto, presentes os requisitos para a concessão da tutela provisória de urgência, requer seja suspenso o Processo Seletivo Simplificado para a contratação de VPT – Edital nº 010/2016, até o julgamento do mérito desta demanda.

4 – DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer à Vossa Excelência:

a) A concessão da tutela provisória de urgência para compelir o estado de Goiás a suspender o processo seletivo simplificado regido pelo edital 10/2016 para contratação de Vigilantes penitenciários temporários, até o julgamento do mérito desta, Sob pena de Multa diária no importe de R$ 5.000,00 ( Cinco mil reais);

b) Compelir o Estado a apresentar no prazo de 3 dias uteis a cópia da proposta atual enviada à 78 promotoria de justiça para firmamento de um termo de ajuste de conduta para comprovar a efetiva busca

(29)

de uma solução para o pedido de ampliação do cadastro de reserva do concurso público de 2014; c) A apresentar no prazo de 3 dias úteis o resultado final

do concurso regido pelo edital 001/2014 d agencia prisional enviado à Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento – SEGPLAN no dia 13 de agosto de 2016 conforme comprova a declaração da banca organizadora do Certame. ( doc. 06)

d) Oficiar a banca organizadora do certame (Fundação Universa) no endereço da sua Sede para manifestar judicialmente acerca do resultado final do concurso público para contratação de agentes penitenciários de 2014 por ela organizado;

e) A citação do Estado de Goiás, na pessoa do Procurador-Geral do Estado, Alexandre Eduardo Felipe Tocantins, na forma do art, 6º, § 3º, da Lei nº 4.717/65;

f) A intimação do representante do Ministério Público; g) A procedência dos pedidos, para:

- declarar a nulidade do Edital nº 010/2016 – Processo Seletivo Simplificado para a contratação de 493 (quatrocentos e noventa e três) Vigilantes Penitenciários Temporários;

- condenar o Estado de Goiás a publicar o Resultado Final e o ato de homologação do concurso público regido pelo Edital nº 01/2014;

(30)

h) A condenação dos réus ao pagamento das custas judiciais e honorários de advogado;

i) A dispensa do autor de custas e honorários de advogado, à vista do que dispõe o art. 5º, inc. LXXIII, da Constituição Federal;

j) A confirmação da tutela provisória, nos termos em que foi requerida;

k) A requisição à Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento – SEGPLAN:

- do processo administrativo nº 201600005007256, integralmente digitalizado, o qual versa sobre o PSS-Edital nº 010/2016;

- do Resultado Final do concurso público deflagrado pelo Edital nº 01/2014, nos termos da parte final do artigo 7º, inc. I, “b”, da Lei nº 4.717/65;

l) A produção de todas as provas em Direito admitidas, principalmente a documental e testemunhal, cujas testemunhas serão oportunamente arroladas;

m) A juntada dos documentos anexos;

Na oportunidade, declara que os documentos juntados são cópias fiéis dos originais.

(31)

Atribui-se à causa o valor de R$ 715. 076,78 (setecentos e quinze mil, setenta e seis reais e setenta e oito centavos).

Pede e espera deferimento.

Rio Verde, 13 de Janeiro de 2017.

ADALTO NUNES DE SOUZA JÚNIOR OAB/GO 34433

Relação de Documentos Anexos: Doc. 1 – Rg, CPF e Título de Eleitor Doc. 2 – Comprovante de Endereço Doc. 3 – Quantitativo de cargos vagos

Doc. 4 – Edital nº 01/2014 Contratação de Agentes Penitenciários Doc. 5 – Edital nº 010/2016 Contratação de Vigilantes Temporários Doc. 6 – Declaração da Banca acerca do Resultado final do concurso

Doc. 7 – Memorando do Estado reconhecendo reiteradas contratações de VPTs

Doc. 8 – Extrato do TCE quantitativo de temporários no sistema penitenciário Doc. 9 – E-mail da Fundação Universa confirmando o envio do resultado final ao Estado de Goiás

(32)

Doc. 10 – Demissão sumária intimidatória de lideres da grave dos VPTs Doc. 11 – Ultimo Cronograma do Concurso ASP/2014.

Doc. 12 – Certificado do Curso de Formação.

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