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Segurança do trabalho na construção civil: verificação das normas regulamentadoras em canteiro de obra

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EMANUELA DE MOURA GUEDES LARISSA CRISTINA SILVEIRA

SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: VERIFICAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS EM CANTEIRO DE OBRA

Palhoça 2017

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EMANUELA DE MOURA GUEDES LARISSA CRISTINA SILVEIRA

SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: VERIFICAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS EM CANTEIRO DE OBRA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Engenheira Civil.

Orientador: Prof. José Humberto Dias de Tolêdo, Ms.

Palhoça 2017

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Dedicamos este trabalho, primeiramente, a Deus, essencial autor de nossos destinos, guia e socorro presente na hora da angústia, e a nossas famílias.

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AGRADECIMENTOS

Ao nosso orientador, Prof. Ms. José Humberto Dias de Tolêdo, pela disponibilidade, dedicação e atenção durante todo o processo.

À “família” conquistada na Unisul, em especial, aos colegas de sala e professores que vêm fazendo parte dessa gratificante jornada.

A todos os participantes da pesquisa como sujeitos.

E, principalmente, às nossas famílias, pelo grande apoio e pela confiança em nossos estudos e trabalho.

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“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.” (MATEUS, 7:24).

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RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso, de cunho qualitativo, objetivou investigar a aplicação das Normas Regulamentadoras em um canteiro de obra em Florianópolis/SC. As normas investigadas foram a NR 4, a NR 6, a NR 18 e a NR 35. A partir deste objetivo, foi realizado um estudo de campo no qual se verificou como a empresa implementou as referidas normas em seu canteiro de obra. Para tanto, aplicou-se um checklist em uma empresa de construção, classificada como de alto padrão, cuja obra se encontrava em fase de acabamento. Para cada NR investigada foi aplicado um checklist específico, com vistas a avaliar a segurança dos trabalhadores durante o desenvolvimento de suas atividades laborais e, também, analisar se a empresa atende à base legal vigente. O estudo mostrou que a implementação das NRs ainda carece de mais atenção dos empregadores, trabalhadores e profissionais da Segurança do Trabalho para o seu cumprimento, considerando que o canteiro de obra visitado apresenta desconformidades que pode se tornar focos de acidentes. Entendemos que a implementação, na íntegra, das recomendações das NRs podem transformar o canteiro de obra em um ambiente mais seguro, garantindo a segurança e preservando a saúde dos trabalhadores que lá atuam.

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ABSTRACT

The purpose of this qualitative study was to investigate the application of the Regulatory Norms in a construction site in Florianópolis/SC. The standards investigated were NR 4, NR 6, NR 18 and NR 35. Based on this objective, a field study was carried out in which it was verified how the company implemented these standards in its construction site. To do so, a checklist was applied to a construction company, classified as high standard, whose work was in the process of being finished. For each NR investigated, a specific checklist was applied with the purpose of evaluating the safety of the workers during the development of their work activities and also to analyze if the company complies with the current legal basis. The study showed that the implementation of NRs still requires more attention from employers, workers and occupational safety professionals in order to comply with them, considering that the site visited shows nonconformities that can become sources of accidents. We understand that the full implementation of the NR recommendations can transform the construction site in a safer environment, ensuring safety and preserving the health of the workers who work there.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Acidentes de trabalho ocorridos nos últimos 44 anos... 25 Figura 2 - Normas Regulamentadoras de Segurança... 32 Figura 3 - Dimensionamento do SESMT ... 34

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ... 39 Gráfico 2 - NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual ... 40 Gráfico 3 - NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção .... 41 Gráfico 4 - NR 35 - Trabalho em Altura ... 59 Gráfico 5 - Normas Regulamentadoras de Segurança do Trabalho (NRs 4, 6, 18 e 35) ... 61

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - NR 18 - Ambiente de Trabalho ... 42

Quadro 2 - NR 18 - Instalações de Trabalho ... 42

Quadro 3 - NR 18 - Vestiário ... 43

Quadro 4 - NR 18 - Alojamento ... 43

Quadro 5 - NR 18 - Local para Refeições ... 44

Quadro 6 - NR 18 - Estrutura de Concreto ... 45

Quadro 7 - NR 18 - Escadas, Rampas e Passarelas ... 45

Quadro 8 - NR 18 - Proteção Contra Queda de Altura ... 46

Quadro 9 - NR 18 - Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas ... 47

Quadro 10 - NR 18 - Torres de Elevadores ... 47

Quadro 11 - NR 18 - Elevadores de Transporte de Materiais ... 48

Quadro 12 - NR 18 - Elevadores de Passageiros ... 49

Quadro 13 - NR 18 - Andaimes ... 50

Quadro 14 - NR 18 - Andaimes Simplesmente Apoiados ... 50

Quadro 15 - NR 18 - Andaimes Móveis ... 51

Quadro 16 - NR 18 - Andaimes Suspensos ... 51

Quadro 17 - NR 18 - Andaime Suspenso Motorizado... 52

Quadro 18 - NR 18 - Instalações Elétricas ... 53

Quadro 19 - NR 18 - Cabos de Aço e Cabos de Fibra Sintética ... 54

Quadro 20 - NR 18 - Máquinas, Equipamentos e Ferramentas Diversas ... 54

Quadro 21 - NR 18 - Equipamento de Proteção Individual ... 55

Quadro 22 - NR 18 - Fornecimento de Água Potável ... 55

Quadro 23 - NR 18 - Ordem e Limpeza ... 56

Quadro 24 - NR 18 - Vestimenta de Trabalho... 56

Quadro 25 - NR 18 - Armazenagem e Estocagem de Materiais ... 56

Quadro 26 - NR 18 - Proteção Contra Incêndio ... 57

Quadro 27 - NR 18 - Treinamento... 57

Quadro 28 - NR 18 - Tapumes e Galerias ... 58

Quadro 29 - NR 18 - CIPA ... 58

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LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas AEPS – Anuário Estatístico da Previdência Social CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho CID – Classificação Internacional de Doenças

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

EPI – Equipamento de Proteção Individual INSS – Instituto Nacional do Seguro Social NBR – Norma Brasileira

NR – Norma Regulamentadora

OIT – Organização Internacional do Trabalho

PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho PO – Padrão Operacional

SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho SST – Segurança e Saúde do Trabalho

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 16 1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO ... 17 1.2 JUSTIFICATIVA ... 17 1.3 PROBLEMA DE PESQUISA ... 18 1.4 OBJETIVOS ... 18 1.4.1 Objetivo Geral ... 18 1.4.2 Objetivos Específicos... 18 1.5 METODOLOGIA ... 18 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 20 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 21 2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL ... 21 2.2 ACIDENTES DO TRABALHO ... 22

2.2.1 Acidentes do Trabalho na Indústria da Construção Civil ... 26

2.2.2 Segurança do Trabalho ... 28

2.2.3 Segurança de Trabalho na Construção Civil ... 29

2.2.4 Prevenção de Acidentes ... 30

2.3 NORMAS REGULAMENTADORAS DE SEGURANÇA ... 31

2.3.1 Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ... 33

2.3.2 Norma Regulamentadora 6 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ... 34

2.3.3 Norma Regulamentadora 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção ... 35

2.3.4 Norma Regulamentadora 35 – Trabalho em Altura ... 36

3 RESULTADOS E ANÁLISES... 38

3.1 CAMPO DE PESQUISA ... 38

3.2 METODOLOGIA DE PESQUISA ... 38

3.3 RESULTADOS ... 38

3.3.1 NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ... 39

3.3.2 NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ... 40

3.3.3 NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção .. 41

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3.3.3.2 Instalações de Trabalho ... 42

3.3.3.3 Vestiário ... 43

3.3.3.4 Alojamento ... 43

3.3.3.5 Local para Refeições ... 44

3.3.3.6 Estrutura de Concreto ... 45

3.3.3.7 Escadas, Rampas e Passarelas ... 45

3.3.3.8 Medidas de Proteção Contra Queda de Altura ... 46

3.3.3.9 Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas ... 47

3.3.3.10Torres de Elevadores ... 47

3.3.3.11Elevadores de Transporte de Materiais ... 48

3.3.3.12Elevadores de Passageiros ... 49

3.3.3.13Andaimes ... 50

3.3.3.14Andaimes Simplesmente Apoiados ... 50

3.3.3.15Andaimes Móveis ... 51

3.3.3.16Andaimes Suspensos ... 51

3.3.3.17Andaime Suspenso Motorizado ... 52

3.3.3.18Instalações Elétricas ... 53

3.3.3.19Cabos de Aço e Cabos de Fibra Sintética ... 54

3.3.3.20Máquinas, Equipamentos e Ferramentas Diversas ... 54

3.3.3.21Equipamento de Proteção Individual... 55

3.3.3.22Fornecimento de Água Potável ... 55

3.3.3.23Ordem e Limpeza ... 56

3.3.3.24Vestimenta de Trabalho ... 56

3.3.3.25Armazenagem e Estocagem de Materiais ... 56

3.3.3.26Proteção Contra Incêndio ... 57

3.3.3.27Treinamento ... 57

3.3.3.28Tapumes e Galerias ... 58

3.3.3.29CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ... 58

3.3.3.30Sinalização de Segurança ... 58 3.3.4 NR 35 – Trabalho em Altura ... 59 3.4 ANÁLISE GERAL ... 60 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 62 REFERÊNCIAS ... 64 APÊNDICE A – NR4 ... 68

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APÊNDICE B – NR6 ... 71 APÊNDICE C – NR18 ... 73 APÊNDICE D – NR35 ... 95

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, atualmente, a construção civil destaca-se como um dos setores mais problemáticos no que diz respeito à ocorrência de acidentes de trabalho, em razão de utilizar excessiva mão de obra no seu processo construtivo. O canteiro de obras, pela própria natureza, já se caracteriza como uma grande fonte de prejuízo à saúde dos trabalhadores, considerando que lá estão presentes riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e, também, perigo de acidentes.

De acordo com Cover (apud PORTAL PLANALTO, 2016), o setor de construção civil, no Brasil, emprega 13 milhões de pessoas, considerando empregos formais, informais e indiretos. Com uma média de 700 mil ocorrências por ano, o país ocupa o quarto lugar no mundo em acidentes de trabalho, atrás da China, Índia e Indonésia. Os dados do Anuário Estatístico da Previdência Social apontaram, em 2015, um total de 612,6 mil acidentes, dentre os quais 2.500 foram ocorrências de morte. A região sudeste é a responsável por 53,9% dos registros (AEPS, 2015).

De acordo com Diniz (2005):

[...] ao longo da evolução dos anos, cada vez mais, a preocupação com o bem-estar e com a integridade física dos colaboradores passou a ser um elemento de destaque na gestão de um negócio. Desenvolveu-se um entendimento de que as pessoas envolvidas no trabalho são o bem mais valioso para uma atividade bem-feita que proporciona tornar uma organização competitiva e bem-sucedida comercial e socialmente.

Dessa maneira, com as organizações colocando a saúde e a segurança de seus empregados como fator prioritário, várias estratégias, programas e processos têm sido implementados com resultados positivos na redução dos acidentes de trabalho. Assim, os valores em segurança do trabalho estão cada vez mais alinhados à criação de um ambiente onde todos os funcionários estejam motivados para se atingir a excelência em segurança, desenvolvendo um conceito no qual prevalece a preocupação não só com as atitudes tomadas pelos colaboradores, mas também com as suas consequências.

Em função disso, este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo investigar se os canteiros de obras localizados na região de Florianópolis/SC estão adequados às recomendações das normas regulamentadoras que, desde 1978, regulam o processo de trabalho, garantido a integridade física e a saúde dos seus trabalhadores.

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1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO

A presente pesquisa traz como tema a segurança do trabalho na construção civil. Entretanto, por sua abrangência, delimitou-se o estudo, focando na investigação das principais Normas Regulamentaras relacionadas a este setor industrial (NR 4, NR 6, NR 18 e NR 35) e sua aplicação em um canteiro de obra em Florianópolis/SC.

1.2 JUSTIFICATIVA

A construção civil é um setor importante no país, contribuindo com a geração de riqueza e de empregos e, consequentemente, com o desenvolvimento. Entretanto, é um setor que tem grandes riscos de acidente de trabalho. Estatísticas demonstram que a construção civil lidera o ranking de acidentes de trabalho com morte no país. De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS, 2015), cerca de sete brasileiros perdem a vida todos os dias em acidentes de trabalho no Brasil, totalizando uma média de 2.500 óbitos por ano.

A Previdência Social despende, anualmente, cerca de R$ 10,7 bilhões com o pagamento de auxílio-doença, auxílio-acidente e aposentadorias e, segundo o economista José Pastore (2012), o custo total dos acidentes de trabalho é de R$ 71 bilhões anuais, em uma avaliação subestimada. Tal valor representa 9% da folha salarial anual dos trabalhadores do setor formal do Brasil e reúne os custos para as empresas (seguros e gastos decorrentes do próprio acidente) e para a sociedade (Previdência Social, Sistema Único de Saúde e custos judiciários).

A partir desse contexto, surgiu o interesse em investigar se obras na região de Florianópolis/SC estão aplicando adequadamente as normas regulamentadoras relacionadas ao setor da construção civil, de forma a garantir a integridade física dos trabalhadores neste ambiente de trabalho.

Entendemos que a pesquisa pode beneficiar as empresas do setor, nós, como futuras engenheiras, e os trabalhadores da área, uma vez que investiga se o ambiente de trabalho está em consonância com as recomendações das Normas Regulamentadoras, priorizando, dessa forma, a integridade física e a saúde daqueles que lá atuam. Além disso, o estudo pode contribuir com a divulgação de informações sobre a aplicação adequada das referidas Normas.

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1.3 PROBLEMA DE PESQUISA

As empresas da construção civil, localizadas em Florianópolis/SC, estão aplicando adequadamente as recomendações das normas regulamentadoras NR 4; NR 6; NR 18 e a NR 35, de forma a garantir a integridade física e a saúde dos seus funcionários?

1.4 OBJETIVOS

O presente estudo apresenta os seguintes objetivos: geral e específicos. 1.4.1 Objetivo Geral

Investigar se uma empresa da construção civil, localizada em Florianópolis/SC, está aplicando adequadamente as recomendações das normas regulamentadoras NR 4; NR 6; NR 18 e a NR 35, de forma a garantir a integridade física e a saúde dos seus funcionários.

1.4.2 Objetivos Específicos

 Descrever as recomendações das NR 4; NR 6; NR 18 e a NR 35;

 Verificar se a construtora está aplicando adequadamente, no canteiro de obras, as recomendações das NR 4; NR 6; NR 18 e a NR 35;

 Observar se essas recomendações estão garantindo a integridade física e a saúde dos funcionários.

1.5 METODOLOGIA

A pesquisa possibilita a aproximação e o entendimento da realidade investigada, como um processo permanentemente inacabado (FONSECA, 2002). Ela se processa através de aproximações sucessivas da realidade, fornecendo subsídios para uma intervenção prática.

Ainda de acordo com Fonseca (2002), a pesquisa científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso, realizado com o objetivo de resolver um problema, recorrendo a procedimentos científicos. Investiga-se uma pessoa ou grupo capacitado (sujeito da investigação), abordando um aspecto da realidade (objeto da investigação), no sentido de comprovar experimentalmente hipóteses (investigação experimental), ou para descrevê-la (investigação descritiva), ou para explorá-la (investigação exploratória).

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Para se desenvolver uma pesquisa, é indispensável selecionar o método de pesquisa a utilizar. De acordo com as características da pesquisa, poderão ser escolhidas diferentes modalidades de pesquisa, sendo possível aliar o qualitativo ao quantitativo.

Segundo Denzin e Lincoln (2006), a pesquisa qualitativa envolve uma abordagem interpretativa do mundo, o que significa que seus pesquisadores estudam as coisas em seus cenários naturais, buscando entender os fenômenos em termos dos significados que as pessoas a eles conferem. Seguindo o mesmo raciocínio, Vieira e Zouain (2005) afirmam que a pesquisa qualitativa atribui importância fundamental aos depoimentos dos atores sociais envolvidos, aos discursos e aos significados transmitidos por eles. Nesse sentido, esse tipo de pesquisa preza pela descrição detalhada dos fenômenos e dos elementos que o envolvem.

Ao discutir as características da pesquisa abordada, Creswel (2007, p. 186) chama atenção para o fato de que, na perspectiva qualitativa, o ambiente natural é a fonte direta de dados e o pesquisador, o principal instrumento, sendo que os dados coletados são predominantemente descritivos. Além disso, o autor destaca que a preocupação com o processo é muito maior do que com o produto, ou seja, o interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é verificar como ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas. Outro aspecto é que a análise dos dados tende a seguir um processo indutivo – a pesquisa qualitativa é emergente em vez de estritamente pré configurada.

As características da pesquisa qualitativa se dão pela objetivação do fenômeno; a hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno; a observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; o respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; a busca de resultados os mais autênticos possíveis; a oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências.

O pesquisador deve estar atento a alguns limites e riscos da pesquisa qualitativa, tais como a excessiva confiança no investigador como instrumento de coleta de dados; o risco de que a reflexão exaustiva acerca das notas de campo possa representar uma tentativa de dar conta da totalidade do objeto estudado, além de controlar a influência do observador sobre o objeto de estudo; a falta de detalhes sobre os processos através dos quais as conclusões foram alcançadas; a falta de observância de aspectos diferentes sob enfoques diferentes; certeza do próprio pesquisador com relação a seus dados; a sensação de dominar profundamente seu

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objeto de estudo; envolvimento do pesquisador na situação pesquisada, ou com os sujeitos pesquisados.

Quanto ao procedimento, a presente pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso. O estudo de caso pode ser entendido como o estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe. O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do investigador (FONSECA, 2002, p. 33).

A verificação da aplicação das Normas Regulamentadoras estudadas será realizada por meio de checklist na empresa e por entrevista com os responsáveis pela segurança do trabalho que compõem o SESMT.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este Trabalho de Conclusão de Curso é composto de quatro capítulos.

No primeiro capítulo tem-se a introdução, apresentando e delimitando o tema, sua justificativa, o problema e os objetivos que norteiam a pesquisa, assim como a metodologia empregada.

O segundo capítulo traz a revisão bibliográfica, discutindo questões relacionadas à construção civil, aos acidentes de trabalho e às normas regulamentadoras de segurança.

No terceiro capítulo, os resultados e as análises são apresentados. Para tanto, utilizou-se gráficos e quadros, com o objetivo de ilustrar o que foi observado em campo. É importante salientar, entretanto, que toda discussão está respaldada no referencial teórico do capítulo dois.

Por fim, as considerações finais trazem a verificação dos objetivos e, também, sugestões para novas pesquisas.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O setor de construção civil enfrenta grandes desafios em um mercado que demanda qualidade, competitividade e produtividade. Tais desafios são equacionados a partir de uma abordagem de pesquisa que contempla eixos fundamentais, como por exemplo, a adoção de tecnologias inovadoras de projeto e de uma visão sistêmica do setor.

O tema abordado é abrangente e discute a aplicabilidade das Normas Regulamentadoras de Segurança no ambiente de trabalho. São apresentados, neste tópico, os conceitos gerais das principais NRs relacionadas ao setor de construção civil.

2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL

A indústria da construção civil representa, para o Brasil, um dos setores empresariais com maior absorção de mão de obra, além de ser, segundo Takahashi et al. (2012), um dos maiores poderes econômicos, com alta geração de oportunidade de emprego. É um segmento caracterizado pela precariedade na qualificação da mão de obra e pela não continuidade do processo industrial, pois há mobilização e desmobilização das equipes a cada obra executada. Essa situação vivida pelo setor pode resultar no comprometimento da integridade física do trabalhador e em acidentes.

De acordo com Tristão (2005), a indústria da construção civil constitui-se de atividades heterogêneas que vão desde a do tipo fabril (construção de prédios, pontes, barragens, etc.) até as de prestação de serviços (assessoria, consultoria e projetos) e financeiras (incorporações).

Patrício (2013) afirma que construção civil é um termo usado para todo o tipo de construção que tenha interação com a população, comunidade ou com a cidade, e tem sido um nome adotado até os dias atuais. Inicialmente, a engenharia era subdividida nas áreas civil e militar, mas, com o passar dos anos, tal divisão perdeu seu efeito, passando-se a utilizar o termo construção civil para tudo o que envolve o trabalho de engenheiros e arquitetos civis com demais profissionais de diferentes áreas de conhecimento.

A construção civil tem sido um dos feitos que têm maior representatividade no Brasil, uma vez que as grandes metrópoles estão absorvendo mais moradores, exigindo com que sejam realizadas novas construções de estruturas urbanas (PATRÍCIO, 2013).

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Para Simões (2010), a construção civil tem como papel o elo com o bem-estar da população, compreendendo os princípios de cidadania, divisão de espaços públicos, inclusão social e a divisão de espaços particulares.

No entendimento de Vecchione e Ferraz (2009), a importância social da construção civil decorre, principalmente, da grande absorção da mão de obra do setor e do poder de gerar empregos diretos e indiretos. A contratação dos operários é realizada a partir de um processo de seleção seguido de treinamento pelas empresas, que acabam agregando novos valores de comunicação e estrutura organizacional aos hábitos dos operários, estando a tarefa de treinamento centralizada, na maioria das vezes, no mestre de obras. Apesar dos operários serem "formados" no local de trabalho, isto é, nos canteiros de obra, as empresas interferem pouco nesta formação, dando somente seu aval a essa estrutura, com a admissão dos trabalhadores que se submetem à disciplina e às condições de trabalho subjacentes.

A construção civil representa um dos setores empresariais com maior absorção de profissionais, gerando muitos empregos. Apresenta como característica, também, a não continuidade do processo industrial, pois há mobilização e desmobilização de equipes a cada obra empreendida. Isso prejudica o trabalho de prevenção de acidentes, em função da não continuidade de programas de conscientização, o que pode comprometer a integridade física do trabalhador.

Corroborando esse entendimento, para Medeiros e Rodrigues (2009), a construção civil é um ramo em que se exige uma grande atenção quando o assunto envolve segurança, gestão com qualidade e respeito ao meio ambiente. Os trabalhadores da área constituem um grupo de pessoas que realizam sua atividade laboral em ambiente insalubre, de modo arriscado e, portanto, precisam ser orientados quanto à segurança do trabalho e à saúde do trabalhador.

O processo de transformação cultural para empresários, trabalhadores e entidades envolvidas deve ser sistematicamente incorporado no cotidiano das pessoas e das instituições, juntamente com o processo produtivo da construção civil (SINDUSCON/SEBRAE, 2003 apud GONÇALVES, 2006).

2.2 ACIDENTES DO TRABALHO

A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, em seu art. 19, conceitua acidente de trabalho como:

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O que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991).

No entanto, o primeiro documento legal que tratou sobre o assunto foi o Decreto nº 3.724/1919 que, além de definir quais eram os acidentes de trabalho e garantir indenização para os operários e/ou seus familiares, delimitou em seu art. 3º, quem era considerado operário para efeito da indenização, limitando a abrangência. O mesmo dispositivo, em seu art. 19, determinava que todo acidente de trabalho deveria ser comunicado à autoridade policial do local, pelo patrão, pelo próprio operário ou por qualquer outra pessoa, para a instauração do inquérito.

Constituindo um avanço em relação ao Decreto nº 3.724/1919, foi expedido em 1934 o Decreto Legislativo nº 24.637 que, dentre outras modificações, ampliou o rol de empregados beneficiários, passou a admitir-se como infortúnio do trabalho toda lesão corporal ou perturbação funcional, ou doença, produzida pelo trabalho ou em consequência dele. Passou a admitir também o acidente in itinere, ou de percurso, quando o empregador fornecesse condução ao trabalhador para inda e vinda do trabalho, e para garantir a execução das indenizações, estabeleceu, em seu art. 36, que os empregadores que não mantivessem contrato de seguro contra acidentes, ficavam obrigados a fazer um depósito na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil (MARTINS, 2011).

De acordo com Calleri (2007), acidente de trabalho pode ser caracterizado como sendo toda a redução ou perda de capacidade laborativa de um trabalhador que tenha sido provocada por fatores associados ao trabalho. A autora salienta que para ser considerado acidente de trabalho é necessária a existência de dois critérios, a lesividade e a etiologia laboral. Assim sendo, não se caracteriza acidente de trabalho um dano que não tenha causado qualquer consequência na capacidade laborativa do trabalhador ou que tenha ocorrido fora do trabalho.

Para Costa (2009), pode-se definir como acidente de trabalho todo tipo de afronta sofrido pelo trabalhador durante o seu horário e no local de trabalho, seja agressão física, doença ou outro, ainda que ele esteja em horário de almoço ou descanso. Também são incluídas as lesões que, porventura, venha a sofrer no trajeto casa/trabalho/casa. Deve-se destacar que a doença ocupacional se iguala ao acidente de trabalho; contudo, para este caso, é preciso analisar se o motivo que levou o trabalhador a adoecer é, de fato, laboral para caracterizá-la como tal.

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Colombo (2009) conceitua acidente do trabalho como sendo o fato ocorrido em decorrência da realização do trabalho em favor de uma empresa, que tenha causado lesão no trabalhador, seja corporal ou funcional, permanente ou temporária, que leve à perda total ou diminuição da capacidade para o trabalho e até a morte.

No entendimento de Calleri (2007), a característica de acidente do trabalho é o resultado apresentado pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em que constará a identificação do nexo com o trabalho e o agravo. O referido nexo entre o trabalho e agravo ocorre, geralmente, quando for constatado nexo técnico epidemiológico da atividade exercida pela empresa e o elemento mórbido que motivou a incapacidade do indivíduo, conforme fundamentado na Classificação Internacional de Doenças (CID).

Quanto aos agravos para efeito de caracterização técnica, a fim de comprovar acidente de trabalho por parte da perícia médica do INSS, considera-se os distúrbios, as lesões, as síndromes de evolução aguda, as doenças, a disfunção crônica, o transtorno de saúde, a disfunção de natureza clínica, a disfunção de natureza subclínica e a morte (CALLERI, 2007).

De acordo com o último levantamento realizado pelo Ministério da Previdência Social(2015), cerca de sete brasileiros perdem a vida todos os dias em acidentes de trabalho no Brasil, totalizando uma média de 2.500 óbitos a cada ano. Esses números alarmantes colocam o Brasil na quarta posição mundial em relação à quantidade de mortes, perdendo apenas para a China, os Estados Unidos e a Rússia, segundo dados divulgados recentemente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) (AEPS, 2015).

O número total de acidentes registrados a cada ano também é considerado extremamente alto e, por mais que novas medidas estejam sendo adotadas para a prevenção desses acidentes, basta observar as estatísticas dos últimos anos para perceber que nenhum resultado significativo de fato aconteceu.

Em 2007, foram registrados 659.523 acidentes; já em 2008, o número total aumentou consideravelmente e chegou a atingir o patamar de 755.980 ocorrências. Nos dois anos seguintes, é possível observar uma queda acentuada, pois em 2009 foram reportados 733.365 acidentes e em 2010, 709.474. Todavia, em 2011, o número total de acidentes voltou a aumentar, alcançando 720.629 casos e em 2012, o registro indica uma queda bem pequena, sendo713.984o número de acidentes. Os últimos dados, de 2013, indicam um aumento pequeno deste número, sendo registrados 717.911 acidentes de trabalho (DATAPREV,2015).

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Figura 1 - Acidentes de trabalho ocorridos nos últimos 44 anos

Fonte: Proteção (2015).

Os dados demonstram um elevado número de acidentes de trabalho e sua análise é, em função disso, muito importante. O Brasil carece de uma política de prevenção eficaz e abrangente, capaz de mobilizar tanto os funcionários como os empregadores de todos os estados brasileiros para a causa.

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2.2.1 Acidentes do Trabalho na Indústria da Construção Civil

Para Simões (2010), o crescimento da quantidade de obras não tem sido acompanhado, na mesma velocidade, por medidas de fiscalização e segurança na construção civil, ocasionando, como consequência, aumento no número de acidentes de trabalho, nos riscos à saúde do trabalhador e no comprometimento de sua integridade física.

De acordo com Medeiros e Rodrigues (2009), o setor de construção civil envolve tradicionais estruturas culturais, sociais e políticas, causando um elevado índice de acidentes de trabalho. Os autores dissertam que os acidentes de trabalho no setor têm sido frequentes e, muitas vezes, estão associados a patrões negligentes, que oferecem condições de trabalho inseguras, e, também, aos empregados que cometem atos insensatos.

Colombo (2009) afirma que muitos acidentes de trabalho e riscos na construção civil surgem como resultado da falta de conhecimento por parte do trabalhador, pressa para entregar o produto final no prazo determinado pelo cliente, pela ausência de um devido planejamento e improvisos. Estes são fatores que fazem com que o canteiro de obras se transforme em um ambiente agressivo e vulnerável à ocorrência de acidentes do trabalho.

Para Brusius (2010), existem fatores de riscos associados ao setor da construção civil que devem ser salientados, principalmente, por ser um segmento que se destaca por empregar intensiva mão de obra, muitas vezes, desqualificada. Relacionado a isso, os serviços de construção tendem a ser concentrados e ocorrer sob pressão, o que leva a um maior risco de acidentes.

Entre os fatores que levam a acidentes na construção civil, é possível destacar a pouca ou nenhuma qualificação da mão de obra, que resulta em alta rotatividade de pessoal; a execução das atividades em condições climáticas desfavoráveis, o tempo, relativamente curto, para execução da obra; e o contato pessoal com equipamentos de construção, o que gera exposição aos riscos (BRUSIUS, 2010).

Medeiros e Rodrigues (2009) explicam que os riscos do trabalho são também conhecidos como riscos ambientais e são classificados pela NR9, regulamentada pela Portaria nº 3214/78, como sendo os agentes físicos e químicos existentes em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, capazes de causar danos à saúde do trabalhador.

A NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de

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Riscos Ambientais (PPRA), visando a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes, ou que venham a existir, no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais (BRUSIUS, 2010).

Os riscos químicos estão relacionados à toxicologia, que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas no organismo. Conforme Sherique (2004), os agentes químicos são diversas substâncias; produtos ou compostos que penetram no organismo através do contato ou pela pele; por ingestão; por via respiratória, durante o manuseio, armazenamento, transporte ou descarte dos mesmos, sob a forma de gases ou vapores, poeiras, fumos, neblinas ou névoas.

A identificação dos produtos, sua natureza e concentração no ambiente precisam ser, sempre, verificadas. Isso porque alguns produtos, inicialmente, não são considerados perigosos, mas o uso inadequado ou indevido pode gerar riscos, inclusive, graves. De acordo com Barbosa Filho (2001), a toxicologia é uma ciência que estuda os efeitos nocivos gerados a partir das interações de substâncias químicas com o organismo. Tal problema pode ser observado em diversos campos de atividade e deve ser considerado quando se pensa em segurança do trabalho e saúde do trabalhador.

Quanto aos esforços físicos que causam problemas ergonômicos, Ferreira (2006) explica que os movimentos de rotação e flexão são os mais comuns e com maior frequência nas atividades em canteiro, seja devido ao esforço para pegar o tijolo ou para levantar e depositar sacos de cimento e argamassas. Os reflexos causados pelos esforços no comportamento da coluna vertebral do trabalhador são verificados quando as forças resultantes interagem provocando patologias e problemas de natureza psicofisiológica, muitas vezes irrecuperáveis.

Ferreira (2006) diz que os problemas ocasionados à coluna do trabalhador da construção civil se devem às inclinações laterais constantes, extensões, flexões, torções e, principalmente, em atividades de carga e descarga em obra.

Conforme apontado pela NR17, os riscos ergonômicos são aspectos relacionados à organização do trabalho, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e ao levantamento, transporte e descarga de materiais. Estendendo-se desde uma inadequação antropométrica até uma análise de jornada, pela rotina de atividade, conforto das vestimentas e calçados, adaptação ao trabalho.

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2.2.2 Segurança do Trabalho

A segurança do trabalho tem como objetivo prevenir os acidentes que ocorrem devido aos variados riscos operacionais presentes nos ambientes de trabalho. Desse modo, as providências adotadas na prevenção ou eliminação dos acidentes, muitas vezes, reduzem a exposição aos agentes ambientais. Portanto, um programa de segurança do trabalho deverá integrar, também, o controle dos riscos ambientais (SALIBA, 2006 apud ARRUDA, 2013). A segurança e saúde do trabalho é definida por normas e leis específicas.

O grande salto qualitativo da legislação brasileira em segurança do trabalho ocorreu em 1978, com a introdução das 28 Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho. Além das NR, a segurança do trabalho na construção também é abordada em algumas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), tais como a NBR 5410 (Instalações Elétricas de Baixa Tensão) e a NB 56 (Segurança nos Andaimes).

Segurança do Trabalho pode ser definida como a ciência que, através de metodologias e técnicas apropriadas, estuda as possíveis causas de acidentes do trabalho, objetivando a prevenção de sua ocorrência, cujo papel é assessorar o empregador, buscando a preservação da integridade física e mental dos trabalhadores e a continuidade do processo produtivo (DINIZ, 2005).

A segurança visa evitar o acidente de trabalho, ou seja, aquilo que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Sob uma outra visão, acidente é uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil e/ou lesões nos trabalhadores e/ou danos materiais (DINIZ, 2005).

Na visão de Diniz (2005), a prevenção dos acidentes deve ser realizada através de medidas gerais de comportamento, eliminação de condições inseguras e treinamento dos empregados, devendo o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) ser obrigatório, havendo fiscalização em todas as atividades, com os empregados treinados quanto ao seu uso correto. As tarefas devem ser previamente avaliadas, os riscos e os padrões de trabalho identificados e todos devem ser responsáveis pela segurança e prevenção dos acidentes.

A utilização dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) é de suma importância na prevenção dos acidentes, pois, muitas vezes, as medidas de controle relativas ao ambiente não são suficientes para eliminar os riscos. Usar e cuidar do equipamento de segurança faz parte do trabalho de cada um, sendo que existe sempre um EPI apropriado à

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tarefa que será realizada. Em caso de dúvida, deve-se consultar o Padrão Operacional (PO) da atividade, pois nele constam todas as informações referentes à atividade (DINIZ, 2005).

Juntamente com os EPIs atuam os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) na prevenção dos acidentes. Tais equipamentos neutralizam o risco na fonte (DINIZ, 2005).

2.2.3 Segurança de Trabalho na Construção Civil

A partir da Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, foi criada a Portaria nº 3.217, de 08 de junho de 1978, introduzindo no cenário da Engenharia de Segurança no Trabalho e, consecutivamente, no setor da construção civil, as Normas Regulamentadoras (NRs), que vigoram até os dias atuais.

No entendimento de Barkokébas Júnioret al (2007), as condições e o meio ambiente de trabalho, na construção civil, podem ser considerados fatores de risco para a ocorrência de acidentes. Cada canteiro de obra tem suas características e particularidades, o que ocasiona, para o trabalhador, mudanças constantes no ambiente de trabalho. Há, também, grande confusão acerca da diferenciação entre provisório e improvisado. Tais questões, relacionadas à alta rotatividade de profissionais e ao desconhecimento de normas de segurança do trabalho, elevam chances de acidentes.

O autor destaca, também, que se deve ter em mente que promover a segurança do trabalho é economicamente vantajoso, além de ser obrigação legal e moral devido aos aspectos sociais envolvidos, podendo o não cumprimento causar danos a todos os segmentos, sendo eles empresas, trabalhadores e sociedade. Se aplicada corretamente, resultará em menor custo econômico e humano.

Em função dos variados riscos existentes nos ambientes laborais, é necessário pensar em ações que inimizem as ocorrências de acidentes. A segurança do trabalho tem o objetivo de promover a prevenção de acidentes e doenças laborais e, também, pensar, de forma mais ampla, a saúde do trabalhador. Para tanto, além de proporcionar capacitação/treinamento do pessoal, as empresas, em seu programa de segurança de trabalho ou prevenção de acidentes, devem investir em equipamentos que privilegiem a segurança daqueles que os operam.

Além das ações específicas na prevenção de acidentes, os organismos internacionais recomendam desenvolver, implementar e aplicar Programas de Prevenção de Quedas segundo requerimentos da OSHA. Esses programas devem abordar, além dos aspectos gerais já mencionados, a identificação de todos os fatores/situações de riscos de queda, e realizar uma análise de risco para cada tarefa a ser executada

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fornecendo treinamento para o reconhecimento e prevenção de situações de insegurança, o uso adequado de equipamentos de proteção contra a queda, e a realização de inspeções programadas e não programadas de segurança do sítio de trabalho. Devem se considerar as condições ambientais, diferenças de linguagens, métodos e equipamentos alternativos para desenvolver as tarefas desenhadas, o estabelecimento de programas médicos e de resgate, como o incentivo aos trabalhadores a participarem ativamente na segurança do trabalho. (SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.33).

Na execução de obras de construção civil ocorre, de forma concomitante, um variado número de atividades. Como destaca Camarotto (2012),a sobreposição de várias atividades que ocorrem em um canteiro de obra aumenta significativamente o risco de acidentes. Pampalon (2010) observou que a velocidade com que os projetos precisam ser executados, com prazos muitas vezes exíguos, impõe sobreposição de várias atividades e regimes de trabalho contínuos que prejudicam a segurança e favorecem o surgimento de acidentes.

2.2.4 Prevenção de Acidentes

Deve ser garantido o acesso seguro a todas as áreas do ambiente de trabalho, com a instalação segura de equipamentos, os quais devem ser regularmente inspecionados e operados por profissionais treinados. Recomenda-se levar em consideração as condições e alterações meteorológicas que podem aumentar significativamente o risco de acidentes com quedas (OIT,2001 apud SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.34).

É preciso observar a prevenção para evitar a queda de ferramentas e materiais, especialmente quando a altura da estrutura ou a sua inclinação sejam maiores às fixadas pela legislação nacional. Os perigos e locais de maior risco para acidentes por esmagamento devem ser adequadamente informados. Trabalhadores que atuam em áreas perigosas devem receber treinamento específico, supervisão e normas de procedimentos. Operadores devem manter certificados de operação das máquinas e equipamentos atualizados, atendendo aos requisitos de certificação, incluindo competência para a operação. Recomenda-se colocar rótulos de advertência nos equipamentos para a identificação clara das áreas de maior risco de AT. Comandos devem ser identificados para lembrar aos operadores suas funções evitando erros no acionamento, com a instalação ou planejamento de salvaguardas destinadas a evitar os movimentos involuntários ou acidentais de partes do equipamento (SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.34).

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Os empregadores têm responsabilidades em relação à segurança e saúde de seus funcionários e, por isso, devem estar atentos às exigências legais e a seu efetivo cumprimento. Dentre essas responsabilidades, destacam-se a definição de procedimentos relacionados à saúde e segurança do pessoal; a identificação dos principais riscos para a saúde e para a segurança do trabalhador; a definição de medidas que eliminem ou reduzam os riscos existentes; a inspeção regular do local de trabalho; o cumprimento da legislação vigente; o treinamento para aplicação das normas de segurança e procedimentos de emergência. Além disso, os empregadores precisam investir em equipamentos de proteção individual para situações em que os riscos não podem ser evitados por outros meios. É importante destacar, ainda, que a informação do trabalhador, e de todos os envolvidos no trabalho, é fundamental para qualquer atividade de prevenção. A informação, aliada ao treinamento e a prática, é um importante recurso na prevenção de acidentes. Assim, deve-se garantir a informação sobre as tarefas críticas, de emergência e sobre as normas de procedimentos e atribuições laborais (HEALTH SAFETY EXECUTIVE, 2010).

Algumas técnicas como o treinamento, o quase-acidente, a Análise de Risco da Tarefa (ART), a Permissão de Serviço Seguro (PSS), a Instrução de Segurança do Trabalho (IST), o Diálogo Diário de Segurança (DDS), a Observação de Risco no Trabalho (ORT), a formação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), entre outras, são fatores que auxiliam na prevenção e redução de acidentes de trabalho.

2.3 NORMAS REGULAMENTADORAS DE SEGURANÇA

As Normas Regulamentadoras (NRs) são determinações promulgadas pelo MTE, que tem por finalidade regulamentar e definir os padrões de cumprimento obrigatório, referente aos preceitos de Segurança e Medicina do Trabalho, enunciados pelo Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com base na Lei 6.514/1977 e aprovada pela Portaria nº 3.214/1978 (BRASIL, 2012).

Ao analisar a evolução das Normas de Segurança e Saúde do Trabalho (SST), é possível constatar algumas tendências globais e nacionais (OLIVEIRA, 1996). Dentre elas, ressaltam-se o progresso da dignificação do trabalho, que promove a proteção dos indivíduos; o fortalecimento do conceito ampliado de saúde, não se tratando só de doenças, mas também do completo bem-estar do trabalhador; a adaptação do trabalho às necessidades do trabalhador, seja no que diz respeito às máquinas e equipamentos ou aos processos de produção; o direito à informação e participação dos trabalhadores em relação aos perigos

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efetivos nas atividades; a atualização das normas de proteção; a neutralização dos fatores de risco, em especial os que envolvem múltiplos indivíduos; e o compromisso do empregador pela adoção das normas de SST.

Com o passar dos anos, constatou-se inúmeras modificações e/ou complementações nas NRs, no sentido de proporcionar prevenção e, consequentemente, proteção ao trabalhador. Abaixo, pode-se analisar as NRs atuais.

Figura 2 - Normas Regulamentadoras de Segurança

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A construção civil é um setor que abrange grandes riscos de acidentes, o que demanda maior segurança no local de trabalho. As empresas atuantes no ramo são responsáveis por tais acidentes. A implantação dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho associados à aplicação correta, juntamente com a fiscalização, das Normas Regulamentadoras são maneiras relevantes à prevenção.

2.3.1 Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho

Na década de 1970, o Ministério do Trabalho, inspirado na Recomendação nº112/1959, da OIT, sobre os serviços de medicina nos locais de trabalho, institucionaliza os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), de caráter privado, para as grandes empresas, dimensionados quanto ao número de profissionais em função do grau de risco estimado para ocorrência de acidentes de trabalho (NIERO, 2000, p. 38).

O Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho trata sobre segurança e medicina do trabalho. O art. 162, em especial, apresenta a responsabilidade da empresa empregadora:

Art. 162 – As empresas, de acordo com as normas a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho.

Parágrafo único – As normas a que se refere este artigo estabelecerão:

a) classificação das empresas segundo o número mínimo de empregados e a natureza do risco de suas atividades;

b) o número mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa, segundo o grupo em que se classifique, na forma da alínea anterior;

c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de trabalho;

d) as demais características e atribuições dos serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho, nas empresas. (BRASIL, 1977).

O dimensionamento do SESMT é vinculado ao grau de risco dos estabelecimentos, variando de 1 a 4, de acordo com a classificação nacional das atividades econômicas. Classificada a empresa, conforme o grau de risco, o dimensionamento deverá observar, ainda, o número de empregados do estabelecimento, conforme determina a NR 4.

No entanto, para Carmo et al. (1995 apud NIERO, 2000, p. 38), esses serviços especializados contêm uma fragilidade técnica e política muito grande, uma vez que os

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profissionais são assalariados pela empresa e sem respaldo legal para contrariar os interesses patronais, restringe-se à adoção de medidas paliativas diante dos riscos.

A atividade da construção civil é considerada pela NR4 como sendo do grau de risco três; as empresas com esse grau de risco devem compor seu SESMT, conforme apresentação da figura a seguir.

Figura 3 - Dimensionamento do SESMT

Fonte: Ambiente SST (2016).

Com o SESMT em funcionamento, as empresas asseguram a execução das Normas Regulamentadoras de maneira a harmonizar o setor.

2.3.2 Norma Regulamentadora 6 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

A NR 6 estabelece e define os tipos de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) que as empresas são impostas a fornecer a seus empregados, sempre que as condições de trabalho o exigirem, a fim de resguardar a saúde e a integridade física dos trabalhadores, conforme arts. 166 e 167 da Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977.

As empresas devem buscar, inicialmente, a proteção coletiva, através de medidas gerais, que são instrumentos que beneficiam ao grupo. Entretanto, nem sempre é possível

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eliminar os riscos utilizando-se os equipamentos de proteção coletiva, sendo necessário o uso dos equipamentos de proteção individual adequados a cada função.

Conforme consta na NR 6, “considera-se equipamento de proteção individual – EPI todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinada a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador”.

O equipamento de proteção limita-se ao controle de alguns agentes ambientais, como o calor, os agentes biológicos, a vibração, entre outros. Assim, é necessário um critério objetivo de atenuação do EPI, possibilitando a aferição de que a concentração ou intensidade do agente reduza abaixo do Limite de Tolerância, como ocorre, por exemplo, com o ruído. Em situações nas quais não há quantificação da concentração do agente, como, por exemplo: contato com substâncias químicas, deve-se selecionar EPI adequado e de acordo com sua finalidade de proteção, a qual é definida no Certificado de Aprovação (𝐶𝐴)4 (SALIBA, 2005).

Ao adquirir equipamentos de proteção individual, deve-se ter a precaução de que os mesmos exerçam a proteção de maneira eficaz e possuam o Certificado de Aprovação, sem o qual o equipamento não terá validade legal. É de responsabilidade da empresa controlar e disciplinar o uso dos equipamentos fornecidos gratuitamente, cabendo-lhes as aplicações das punições previstas em lei para o trabalhador que se recusar a usá-los.

Conforme o Anexo I da NR 6 (BRASIL, 2001), devem ser utilizados EPIs de acordo com as situações de risco e as atividades desenvolvidas, sendo que o principal método de proteção é manter um ambiente de trabalho isento de riscos à saúde e integridade física dos trabalhadores.

2.3.3 Norma Regulamentadora 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

Entre as normas publicadas pela Portaria n° 3.214, o setor de construção civil foi contemplado com a NR 18, com o título de “Obras de Construção Demolição e Reparos”. A referida norma trata das regras para prevenção de acidentes dentro da construção civil. A NR 18 foi reformulada e publicada em 1995, através de uma nova Portaria que passou ser conhecida como “Condições e Meio Ambiente de Trabalho da Indústria da Construção Civil”. O objetivo da norma é estabelecer procedimentos de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas

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preventivos de segurança nos processos da Indústria da Construção (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 2001).

A NR 18 contém grandes avanços para a área de saúde e segurança, trazendo, de forma mais explícita, as medidas necessárias para garantir segurança dos trabalhadores na área da construção civil. Se as medidas de segurança implantadas visam apenas cumprir a legislação vigente, a segurança está sendo, neste caso, considerada como um agregado na condição de trabalho. Para ser efetiva, a segurança deve fazer parte de toda construção (CRUZ, 1998).

Composta por 39 itens, destaca-se, na NR 18, o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT), que é um conjunto de ações, relativas à saúde do trabalho, garantindo a saúde e a integridade do trabalhador e a manutenção do controle de riscos ambientais.

O Programa deve incluir, obrigatoriamente, seis documentos: memória descritiva da segurança, projeto das proteções coletivas, equipamentos de proteção individual, cronograma de implantação das medidas preventivas, o layout do canteiro e programa educativo. Ele representa um avanço na segurança nos canteiros de obras. Percebe-se que em ambientes produtivos, com implantação de layout organizado, dimensionado, com vias de circulação descongestionadas, que investem em treinamento, em condições sociais adequadas, existe uma maior motivação entre os funcionários por estarem trabalhando em um local seguro, além de promover a imagem da empresa perante os clientes externos.

2.3.4 Norma Regulamentadora 35 – Trabalho em Altura

Em março de 2012 foi publicada a Portaria nº 313, do Ministério do Trabalho e Emprego, que aprovou a Norma Regulamentadora 35 (NR35). A referida norma surgiu com o intuito de regulamentar um tipo específico de atividade, o trabalho em altura, que está presente em várias atividades e setores econômicos.

É importante salientar que a regulamentação está vinculada à preocupação com os dados oficiais sobre acidentes de trabalho. No Brasil, aproximadamente 40% dos acidentes estavam relacionados a atividades realizadas em altura. Entre os setores que mais contribuem para esse índice no número de acidentes está a construção civil (BAU; ROSINHA, 2012).

A temática o trabalho em altura era, até a NR35, tema de duas das normas regulamentadoras, a NR18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção) e a NR34 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Reparação

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Naval). Observa-se, então, que a normativa de trabalho em altura, NR35, é uma coletânea de partes de normativas já existentes sobre o tema e que contribuíram para sua formulação.

A normativa do Ministério do Trabalho e Emprego estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com essa atividade (BRASIL, 2012). Como definição específica sobre trabalho em altura, adotou-se o trabalho realizado acima de dois metros do plano de referência, oferecendo risco de queda. Ressalta-se, contudo, que o trabalho realizado abaixo desse patamar (dois metros), mas com risco de queda, deve ter suas próprias medidas de prevenção de acidentes.

Ciente da carência de informações no setor e também da variedade de trabalhos realizados em altura, a NR 35, em seu item 35.1.3, possibilita o amparo de trabalhos através de normas técnicas internacionais, quando não existirem normas nacionais equivalentes.

O regulamento sobre trabalho em altura recomenda que, na etapa do planejamento, seja levada em conta uma classificação da escolha na forma de execução da atividade, do ponto de vista da segurança do trabalhador. A primeira opção é o questionamento se há outra forma de execução do trabalho que não exponha o trabalhador a altura. Caso exista, e seja factível, então, esse deve ser adotado. Caso o trabalho em altura não possa ser excluído é preciso reduzir o tempo de exposição desse trabalhador, como, por exemplo, executando parte do serviço ao nível do solo, quando isso for possível.

Quando não for possível eliminar o risco da queda da atividade, “medidas que minimizem as consequências da queda” serão implementadas (BRASIL, 2012), como, por exemplo, o uso de sistemas de proteção com uso de equipamentos de proteção individuais associados.

Serão apresentados, no próximo capítulo, os resultados e as análises da presente pesquisa.

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3 RESULTADOS E ANÁLISES

Neste capítulo apresentam-se os resultados e as análises do estudo, buscando como base de discussão o referencial teórico. Assim, discutem-se questões relacionadas ao campo de pesquisa e à metodologia empregada, com vistas a verificar como se dá a aplicação das Normas Regulamentadoras de Segurança do Trabalho.

3.1 CAMPO DE PESQUISA

A pesquisa foi realizada junto à empresa responsável pela construção de um condomínio residencial de alto padrão, com área 13 mil m2, em Florianópolis/SC. Para garantir a integridade da empresa, optamos pelo sigilo sobre sua identificação.

A construção do condomínio está em fase de acabamento, com aplicações de revestimentos, como a pintura, a colocação de esquadrias, pisos, forros, etc. Possui um total de 130 trabalhadores, entretanto, apenas 20 desses trabalhadores são funcionários da empresa, na qual a verificação foi aplicada. Os outros 110 trabalhadores são funcionários terceirizados.

De acordo com a NR 4, o grau de risco da natureza da operação está classificado como 3, considerando que é uma construção de edifício.

3.2 METODOLOGIA DE PESQUISA

Para verificar a aplicação das Normas Regulamentadoras – NR 4, NR 6, NR 18 e NR 35 –, na construção do condomínio supracitado, foram utilizados quatro checklists (Apêndices A, B, C e D).

A aplicação do checklist na empresa aconteceu no dia 26 de setembro de 2017, no período compreendido entre 13h e 16h. Fomos recebidas pela Técnica de Segurança do Trabalho da empresa, que prontamente nos atendeu e auxiliou na verificação do instrumento de pesquisa, respondendo atenciosamente o questionário e ministrando uma breve visita à verificação da aplicação das normas no canteiro de obras.

3.3 RESULTADOS

Os resultados são apresentados conforme as Normas Regulamentadoras de Segurança do Trabalho investigadas.

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3.3.1 NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho

Os resultados da aplicação do checklist da NR 4 são apresentados no gráfico 1. Na sequência, procedemos com a análise.

Dos itens investigados, conforme checklist disponibilizado no Apêndice A, pode-se obpode-servar que, dos 33 itens, 20 foram verificados. É importante destacar que 13 itens não pode-se aplicam à empresa analisada.

Gráfico 1 - NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho

Fonte: Das Autoras (2017).

O item 4.2 – no caso, não se aplica –, que se refere à implantação do SESMT, depende da gradação do risco da atividade principal da empresa (Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE) e do número total de empregados do estabelecimento. Como a empresa investigada possui 20 funcionários e apresenta o grau de risco 3, não é sua responsabilidade constituir o SESMT.

Em qualquer caso de acidente de trabalho com o empregado, a empresa deve emitir uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), preenchido por um Médico do Trabalho. Tal documento tem como objetivo informar à Previdência Social sobre o ocorrido.

20 0 13 0 5 10 15 20 25

SIM NÃO NÃO APLICÁVEL

Qu an tidad e Resposta

NR 4

NR 4

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Conforme item 4.12, letra h, do checklist, a empresa pesquisada registra todos os acidentes ocorridos no campo de trabalho.

3.3.2 NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Os resultados aqui apresentados são referentes aos itens investigados no checklist disponível no Apêndice B.

Gráfico 2 - NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual

Fonte: Das Autoras (2017).

Observando o gráfico 2, apenas um item da NR não foi contemplado. Esse é o item 6.9.3 e consta que todo EPI deverá apresentar, em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA ou, no caso de EPI importado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA.

A Técnica de Segurança do Trabalho da empresa informou que, apesar das fiscalizações nos Equipamentos de Proteção Individual quando recebidos, pode ocorrer de não estar dentro dos padrões exigidos no item, devido a sua utilização.

19 1 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

SIM NÃO NÃO APLICÁVEL

Qu an tidad e Resposta

NR 6

NR 6

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3.3.3 NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

As análises dos itens apresentados no gráfico 3 referem-se ao checklist do Apêndice C. De um total de 406 itens, 195 verificam-se, 65 não são verificados e 146 não se aplicam.

Além da apresentação gráfica, nessa análise, os itens são subdivididos em quadros que também abrangem a Norma Regulamentadora 18.

Gráfico 3 - NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

Fonte: Das Autoras (2017).

Os itens de Escavações e Fundações; Carpintaria; Armações de Aço; Operações de Soldagem e Corte a Quente; Grua; Andaimes Fachadeiros; Cadeira Suspensa; Serviços em Telhados; Locais Confinados e Transportes de Trabalhadores em Veículos Automotores, extensivos na NR 18, não se aplicam à obra analisada, pois a construção está em fase de acabamento.

A seguir, são detalhados os resultados dos itens dispostos na NR 18. 195 65 146 0 50 100 150 200 250

SIM NÃO NÃO APLICÁVEL

Qu an tidad e Resposta

NR 18

NR 18

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3.3.3.1 Ambiente de Trabalho

Quadro 1 - NR 18 - Ambiente de Trabalho

Itens Referentes ao Ambiente de Trabalho Respostas

Sim Não Não Aplicável

18.3.1 - 18.3.1.1 - 18.3.1.2 - 18.3.2 - 18.3.3 - 18.3.4 - a - 18.3.4 - b - 18.3.4 - c - 18.3.4 - d - 18.3.4 - e - 18.3.4 - f -

Fonte: Das Autoras (2017).

No item que abrange o ambiente de trabalho, a empresa certifica-se de sua verificação total.

3.3.3.2 Instalações de Trabalho

Em relação às instalações de trabalho, pode-se observar, no quadro a seguir, que os itens 18.4.2.3 – g e 18.4.2.3 – h não são verificados pela empresa. Tais itens englobam a questão de haver instalações adequadas, protegidas e ventilação e iluminação adequadas na obra.

Quadro 2 - NR 18 - Instalações de Trabalho

Itens Referentes às Instalações de Trabalho Respostas

Sim Não Não Aplicável

18.4.2.4 - 18.4.2.4 - 18.4.2.4 - 18.4.2.4 - 18.4.2.3 – a - 18.4.2.3 – b - 18.4.2.3 – c - 18.4.2.3 – d - 18.4.2.3 – e - 18.4.2.3 – f - 18.4.2.3 – g - 18.4.2.3 – h -

(43)

18.4.2.3 – i - 18.4.2.3 – j - 18.4.2.6.1 – b - 18.4.2.7.1 – c - 18.4.2.7.1 – d - 18.4.2.8.3 - 18.4.2.8.5 -

Fonte: Das Autoras (2017).

A empresa justifica essa não verificação porque, embora haja cobrança e fiscalização dessas instalações, existe a possibilidade de não estarem de acordo com a regulamentação exigida. Quanto à instalação protegida, pode acontecer, por exemplo, deslocamento da mesma por um funcionário e, em relação à iluminação, alguma lâmpada pode queimar.

3.3.3.3 Vestiário

Quadro 3 - NR 18 - Vestiário

Itens Referentes ao Vestiário Respostas

Sim Não Não Aplicável

18.4.2.9.3 – a - 18.4.2.9.3 – b - 18.4.2.9.3 – c - 18.4.2.9.3 – d - 18.4.2.9.3 – e - 18.4.2.9.3 – f - 18.4.2.9.3 - g - 18.4.2.9.3 - h - 18.4.2.9.3 - i -

Fonte: Das Autoras (2017).

Nota-se a verificação total referente ao ambiente do vestiário no campo de trabalho, o qual é disponibilizado aos funcionários dentro das exigências mínimas da norma e mantido em um estado de conversação, higiene e limpeza.

3.3.3.4 Alojamento

Dos resultados apresentados nos itens pertencentes ao alojamento, dois itens não se verificaram e dois não são aplicáveis.

Referências

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