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Perfil da saúde do profissional fisioterapeuta atuante em Florianópolis - SC

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ELISA PEREIRA OGLIARI

PERFIL DA SAÚDE DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA ATUANTE EM FLORIANÓPOLIS – SC

Palhoça 2008

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PERFIL DA SAÚDE DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA ATUANTE EM FLORIANÓPOLIS – SC

Orientadora: Professora Luana Meneghini, MSc.

Palhoça 2008

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.

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Agradeço à minha família, meus pais João Antônio e Rosirene, à minha irmã Olivia, por todo amor, dedicação, paciência, por todos esforços que a mim dedicaram.

Aos meus Avós, Tios, Dindos, Primos que mesmo tão longe, nunca deixam de me apoiar, de acreditar em mim e de demonstrar todo carinho tão importante nesta etapa da minha vida.

Ao meu Amor Thiago, que me dá o suporte, a vontade de seguir em frente, sempre com carinho, compreensão e amor.

Aos meus colegas, bravos guerreiros e companheiros, que sempre terei em meu coração.

Às superamigas, Aline, Dannieli e Georgina, que mesmo quando a faculdade (muitas vezes) me fez estar ausente, nunca deixaram faltar aquele apoio, que só elas sabem da. Sempre compartilhando alegrias.

À minha orientadora, Luana, que me disponibilizou seu tempo, sua paciência, sua sabedoria, sua amizade, muito obrigada. Não poderia ter feito escolha melhor, obrigada por me receber com tanto carinho.

Aos professores, meus mestres que fizeram parte desta jornada, e mais do que tudo, fizeram com que eu amasse a Fisioterapia, de todo o meu coração.

A todos muito obrigada pela amizade e confiança, devo tudo a vocês, amo muito todos vocês.

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“Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem se atreve... A vida é muita para ser insignificante.” (CHARLES CHAPLIN).

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A Fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais em órgãos e sistemas do corpo humano. O fisioterapeuta é o profissional responsável pela construção do diagnóstico cinesiológico funcional, pela prescrição das condutas fisioterapêuticas, execução e evolução do paciente no quadro clínico até a condição de alta. A prática da Fisioterapia exige a realização de tarefas, relacionadas ao tratamento do paciente, como levantar, abaixar, alongar, e manter posições estáticas por longo período. Estas atividades, quando desempenhadas por um período de tempo prolongado ou de maneira errônea, associadas a um perfil de estilo de vida negativo podem resultar em lesão, dor ou desconforto. O presente estudo teve como objetivo investigar o perfil de saúde do profissional Fisioterapeuta atuante em Florianópolis-SC. A amostragem foi composta por 50 indivíduos, com faixa etária entre 22 e 44 anos e tempo médio de atuação profissional de 5 anos e 4 meses. Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário do Fisioterapeuta, elaborado pela pesquisadora, composto por 19 questões e o Questionário do Perfil do Estilo de Vida Individual (modificado de NAHAS, 2000) com questões referentes à nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamento e controle do estresse. Os dados coletados foram tratados de forma descritiva (freqüência e percentual). Com relação à presença de dor e/ou desconforto identificou-se que as queixas foram mais freqüentes nos seguintes segmentos corporais: coluna cervical (62%), coluna lombar (50%), punho e mão (40%), ombro (32%), coluna dorsal (22%). Com relação a experiência de dor e/ou desconforto relacionados a atividade ocupacional 44 (88%) indivíduos relataram já ter sentido dor decorrente da profissão principalmente no final do expediente. Os dados referentes ao perfil de estilo de vida, o componente nutrição apresentou 56,6% escores negativos, o componente atividade física apresentou 55,3% escores negativos, o componente comportamento preventivo apresentou 74,6% escores positivos, o componente relacionamento apresentou 65,3% escores positivos e o componente controle de estresse apresentou 58,6% escores negativos. Os resultados encontrados sugerem que a atividade ocupacional, juntamente com hábitos de vida inadequados como má nutrição, falta de atividade física e de controle de estresse podem causar sobrecarga corporal e mental e, consequentemente, desconforto e/ou dor relacionados ao trabalho.

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Gráfico 1 – Gênero dos indivíduos da amostra... 36

Gráfico 2 – Grau de formação dos profissionais... 37

Gráfico 3 – Área de atuação profissional... 37

Gráfico 4 – Local de atuação profissional... 38

Gráfico 5 – Número de atendimentos diários... 39

Gráfico 6 – Percepção de satisfação profissional... 40

Gráfico 7 – Percepção de cansaço físico ao final da jornada de trabalho... 41

Gráfico 8 – Percepção de cansaço mental ao final da jornada de trabalho... 42

Gráfico 9 – Queixas de dor e/ou desconforto... 43

Gráfico 10 – Queixas de dor relacionada ao trabalho... 45

Gráfico 11 – Região corporal acometida por dor... 46

Gráfico 12 – Período do dia que os profissionais relatam dor... 48

Gráfico 13 – Período da semana que refere dor e/ou desconforto... 49

Gráfico 14 – Realização de cinesioterapia laboral... 50

Gráfico 15 – Prática de exercício físico... 51

Gráfico 16 – Freqüência de prática de exercício físico... 52

Gráfico 17 – Percepção do nível de saúde... 52

Gráfico 18 – Perfil do estilo de vida dos indivíduos da amostra - Componente nutrição... 53

Gráfico 19 – Perfil do estilo de vida dos indivíduos da amostra - Componente atividade física... 55

Gráfico 20 – Perfil do estilo de vida dos indivíduos da amostra - Componente comportamento preventivo... 56

Gráfico 21 – Perfil do estilo de vida dos indivíduos da amostra - Componente relacionamento... 57

Gráfico 22 – Perfil do estilo de vida dos indivíduos da amostra - Componente controle do estresse... 58

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1 INTRODUÇÃO... 9 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 12 2.1 A RELAÇÃO SAÚDE/TRABALHO... 12 2.1.1 Riscos Ocupacionais... 13 2.2 A FISIOTERAPIA ... 15 2.2.1 A História da Fisioterapia... 15

2.2.2 Definição e Áreas de Atuação da Fisioterapia... 17

2.2.3 Fatores de Risco Ocupacionais na Fisioterapia e outras áreas da Saúde ... 18

2.3 DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO ... 20

2.3.1 Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs) ... 20

2.3.2 Distúrbios Psicológicos/Comportamentais ... 23

2.4 HÁBITOS DE VIDA E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE E A DOENÇA 24 2.4.1 Estilo de Vida ... 25

2.4.2. Sedentarismo e Inatividade versus Atividade Física... 25

2.4.2.1 Exercício Físico e Seus Benefícios ... 26

2.4.2.2 A Importância da Flexibilidade para Saúde... 27

2.4.3 Comportamento Preventivo... 28

3 MATERIAIS E MÉTODOS... 30

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA... 30

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA... 30

3.2.1 Seleção dos sujeitos da amostra... 31

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS... 31

3.3.1 Questionário do Fisioterapeuta... 32

3.3.2 Questionário do Perfil do Estilo de Vida Individual (NAHAS et al., 2000) modificado... 33

3.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS... 34

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS... 35

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 36

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 60

REFERÊNCIAS... 62

APÊNDICES... 71

APÊNDICE A – Questionário do fisioterapeuta ... 72

APÊNDICE B – Nota de Validação do questionário do fisioterapeuta... 75

APÊNDICE C – Nota de Clareza do questionário do fisioterapeuta... 76

ANEXO ... 77

ANEXO A – Questionário do Perfil do Estilo de Vida Individual (NAHAS et al., 2000) modificado... 78

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com Rebelatto e Botomé (2004) na origem, a Fisioterapia focou seu campo profissional em atividades recuperativas ou atenuadoras de organismos fisicamente debilitados. O surgimento do profissional de Fisioterapia, por causa das grandes guerras se fez para tratar de pessoas lesadas, com perdas de membros, atrofias e paralisias, nessa época o este enfoque parecia suficientemente adequado. Como possibilidade de solução para os índices elevados de acidentes no trabalho foi como a Fisioterapia se implantou no Brasil, só que da mesma maneira que no resto do mundo, aqui havia necessidade de atenuar o sofrimento, recuperar a saúde e reabilitar o indivíduo incapacitado. Então a direção que a profissão foi caminhando não parecia levar a mais do que tratar distúrbios posturais e do movimento.

Gava (2004); Rebelatto e Botomé (2004) acrescentam que a preocupação em se preservar as condições normais de saúde só surgiu no Renascimento, as palavras manutenção e prevenção somente foram atribuídas à Fisioterapia no limiar do século XXI, apesar de ainda, até nos dias de hoje, com ênfase em reabilitação.

Segundo o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO, a fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais em órgãos e sistemas do corpo humano. O fisioterapeuta é o profissional responsável pela construção do diagnóstico cinesiológico funcional, pela prescrição das condutas fisioterapêuticas, execução, e evolução do paciente no quadro clínico até a condição de alta. Este profissional pode atuar em diversas áreas, como Fisioterapia Clínica: hospitais, clínicas, consultórios, ambulatórios e centros de reabilitação; Saúde coletiva: em Programas institucionais, Ações básicas de saúde, fisioterapia do trabalho e vigilância sanitária; Na educação: docência, extensão, pesquisa, supervisão técnica, supervisão administrativa, direção e coordenação de cursos; E outras como indústrias de equipamentos fisioterapêuticos, e esporte. As especialidades reconhecidas são: Acupuntura, Quiropraxia, Osteopatia, Fisoterapia Pneumo Funcional, Fisioterapia Neuro Funcional e Fisioterapia Traumato-Ortopédica Funcional.

De acordo com Bork e outros (1996) e Cromie, Robertson e Best (2000), o fisioterapeuta é um profissional que tem como instrumento principal o seu próprio corpo. A prática da Fisioterapia exige a realização de tarefas, relacionadas ao tratamento do paciente, como levantar, abaixar, rotacionar, alongar, executar terapias manuais e manter posições

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fletidas. Estas atividades, quando desempenhadas por um período de tempo prolongado pode resultar em lesão, dor ou desconforto.

Para Peres (2002) o profissional fisioterapeuta está sujeito aos distúrbios e lesões relacionados ao trabalho pelo fato de realizar movimentos repetitivos de membros superiores, manter posturas estáticas prolongadas e sofrer sobrecarga postural.

Bork (1996), diz que os três fatores de risco primários são movimentos repetitivos, posturas inconvenientes e altos graus de sobrecarga. O mesmo autor ainda fala que os fisioterapeutas apresentam como principais regiões corporais acometidas a coluna lombar, punho e mão, coluna torácica e pescoço.

A saúde é a principal condição para que o indivíduo possa realizar suas atividades de vida diária, entre elas o trabalho, principalmente para o trabalhador que lida em cuidar da saúde de outras pessoas, como é o caso do fisioterapeuta, profissional em foco neste estudo. Observa-se que existe uma maior preocupação com a saúde dos indivíduos que atuam em organizações de saúde (LANGOSKI, 2001).

É importante ressaltar que o trabalho é de suma importância na existência humana, dele nascem a tecnologia, as organizações produtivas, os sistemas de troca que constituem os mercados, os recursos que possibilitam a vida individual e coletiva, levando à satisfação das necessidades humanas, desde as mais simplórias, às mais grandiosas (LANGOSKI, 2001). E a questão entre trabalho e saúde vem sendo relacionada em estudos há muito tempo, segundo Miranda (1998), desde o Antigo Egito.

Analisando a vida moderna, vemos que esta impõe um estilo de vida carregado de atividades específicas e limitadas, levando à inatividade e vícios de comportamento (KENDALL, 1995). O estilo de vida atual, conseqüente do modelo produtivo vigente, tem provocado comprometimentos à saúde humana que refletem diretamente na qualidade de vida dos indivíduos. O modo de produção adotado pelas sociedades modernas determina o próprio modo de vida dos indivíduos, configurando assim, o trabalho humano como um dos alicerces sociais de relevância científica, tornando-o co-responsável por inúmeras mudanças no comportamento humano, afetando os indivíduos nos seus aspectos fisiológico, psicológico e sociológico (MINAYO, 1992).

A respeito de dor e/ou desconforto, no trabalho de Fonseca e outros (2007) as dores mais freqüentes em acadêmicos de fisioterapia acometem a coluna vertebral em 73% dos estudantes, e no estudo realizado por Liesner e Sales (2007), também analisando estagiários de fisioterapia, foi encontrada uma freqüência de 65,79% de dor na coluna lombar, seguida de

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15,79% de dor na região dorsal e 13,16% na região cervical. Observando-se uma alta incidência de dor relacionada ao trabalho na área da fisioterapia desde acadêmicos.

A partir deste contexto foi formulada a seguinte questão problema: Qual é o perfil de saúde dos profissionais fisioterapeutas atuantes em Florianópolis – SC?

Este estudo tem como objetivo geral investigar o perfil de saúde do profissional fisioterapeuta atuante em Florianópolis – SC. Com base nisso, foram determinados os seguintes objetivos específicos: 1. Verificar se há presença de dor e/ou desconforto nos Fisioterapeutas atuantes em Florianópolis – SC; 2. Identificar locais de dor e/ou desconforto nos Fisioterapeutas atuantes em Florianópolis – SC; 3. Caracterizar o perfil de estilo de vida dos Fisioterapeutas atuantes em Florianópolis – SC; 4. Verificar a percepção de condição de saúde dos profissionais Fisioterapeutas atuantes em Florianópolis – SC; 5. Relacionar as queixas de dor e/ou desconforto com o perfil de estilo de vida dos fisioterapeutas atuantes em Florianópolis – SC.

O que motivou esta pesquisa foi que a saúde em geral e principalmente a saúde ocupacional, é tema frequentemente discutido em trabalhos relacionados à área da saúde. Este tema de pesquisa é motivado pelo interesse crescente na qualidade de vida, promoção de saúde e na prevenção de doença dos trabalhadores. Observa-se que profissionais fisioterapeutas estudam e publicam trabalhos referentes à saúde ocupacional, mas geralmente aplicados a outros profissionais como odontólogos, costureiras, operadores de telemarketing, entre outros. Então, observa-se a necessidade de estudos com profissionais fisioterapeutas, já que há uma escassez de trabalhos científicos relacionados a este profissional.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, será apresentada a fundamentação teórica sobre temas que correspondem à contextualização deste assunto, abordando os seguintes tópicos: a relação saúde/trabalho e os riscos ergonômicos que o trabalho impõe; a fisioterapia, sua história, suas áreas, perspectivas e reflexões; considerações sobre as doenças ocupacionais, Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT); hábitos de vida, sedentarismo, alimentação, relacionamento social e estresse; e comportamento preventivo, a pratica de atividade física, controle da alimentação e do estresse.

2.1 A RELAÇÃO SAÚDE/TRABALHO

Battisti, Guimarães e Simas (2005) dizem que é fácil entender a importância do trabalho na vida humana, vendo que passamos a maior parte do nosso tempo, quando acordados, no trabalho, e as suas repercussões se estendem acentuadamente no bem-estar, mesmo quando não se está trabalhando.

Segundo Miranda (1998), ocupação e saúde vêm sendo relacionadas desde o antigo Egito. O primeiro livro sobre o assunto surgiu em 1556 e a primeira monografia em 1567 sobre intoxicações ocupacionais por mercúrio. O considerado pai da medicina do trabalho, Bernadino Ramazzini, em 1700 descreveu uma série de doenças relacionadas com cerca de cinqüenta profissões, estabelecendo definitivamente a relação entre saúde e trabalho.

Longen (2003) cita algumas etapas do processo de reconhecimento das doenças relacionadas ao trabalho, como a “cãimbra do escrivão” descrita em 1833, que em 1888 passou a ser chamada de “neurose ocupacional”, as tendinites de mão mencionadas por DeQuervain em 1895, e diversas outras que foram sendo estudadas e reconhecidas em todas as partes do mundo.

A primeira lei de proteção aos trabalhadores foi criada em 1802, na Inglaterra, a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho noturno e tornava obrigatória a ventilação do ambiente de trabalho e lavagem das paredes das fábricas. No Brasil, apenas em 1890 foi iniciada a legislação sobre as

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condições de trabalho industrial, que aconteceu graças à criação do Conselho de Saúde Pública. Tendo em vista que a Revolução Industrial começou em nosso país com cerca de meio século de atraso em relação à Europa, está explicado porque a relação entre trabalho e saúde no Brasil também demorou a aparecer (MIRANDA, 1998).

O mesmo autor menciona que em nosso país, como em todo o mundo, as principais preocupações eram com a prevenção dos acidentes de trabalho, somente depois tinha-se preocupações sobre as doenças ocupacionais.

2.1.1 Riscos Ocupacionais

Segundo Zapparoli e Marziale (2006) os profissionais da saúde se expõem a diversos riscos ocupacionais relacionados à atividade, podendo ser estes: risco biológico, pelo contato com microorganismos (Fig.1); risco físico, por condições inadequadas de iluminação, temperatura, ruído, radiações, entre outros (Fig. 2); risco químico, pela manipulação de substâncias químicas, como por exemplo medicamentos, desinfetantes, entre outros (Fig. 3); risco psicossocial, pela necessidade de atenção constante, pressão da chefia, estresse e fadiga, ritmo acelerado, trabalho em turnos alternados, entre outros; e o risco ergonômico, pelo levantamento e transporte de peso sem meios auxiliares corretos, peso excessivo, permanecer em posturas inadequadas, etc. (Fig. 4).

Figura 1 – Riscos Biológicos Fonte: Anexo XIV – Mapa de Risco

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Figura 2 – Riscos Físicos

Fonte: Anexo XIV – Mapa de Risco

Figura 3 – Riscos Químicos Fonte: Anexo XIV – Mapa de Risco

Figura 4 – Riscos Ergonômicos Fonte: Maeno (2001)

Maeno (2001) lista uma série de riscos ergonômicos ocupacionais: a) Execução de movimentos repetitivos com os braços;

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b) Manutenção de posição fixa dos ombros e pescoço por tempo prolongado; c) Padronização dos tempos em que cada etapa do trabalho deve ocorrer;

d) Fluxos de trabalho pré-determinados e com poucas possibilidades de mudança;

e) Cumprimento de cada etapa em um determinado momento e de uma determinada maneira;

f) Pouca ou nenhuma autonomia;

g) Realização do trabalho em série sendo que cada etapa depende da outra;

h) Quando o ritmo de trabalho exigido independe do trabalhador mas de quem planeja o processo de trabalho;

i) Uso de máquinas ou equipamentos que exigem posturas ou movimentos forçados e/ou repetitivos;

j) Mobiliário e o ambiente físico inadequados;

k) Exigência de prolongamento de jornada de trabalho com freqüência; l) Pressão para se produzir;

m) Impossibilidade de pausas espontâneas para descanso;

n) Ciclo de trabalho com duração semelhante e curta em cada operação, independentemente de sua complexidade;

o) Falta de canais formais de manifestações dos trabalhadores sobre o trabalho executado, suas dificuldades e alternativas para melhorar.

O mesmo autor afirma que quanto mais o trabalho exige a execução de movimentos repetitivos, movimentos com velocidade, sobrecarga, ou necessidade de postura estática sem possibilidade de realizar pausas, sem respeitar o ritmo de cada trabalhador, mais sobrecarga traz aos músculos, tendões e articulações.

De acordo com Oliveira (1998) as pesquisas que investigam os fatores que causam os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT concluem que os principais são: o esforço, a repetitividade, a velocidade, a resistência, as sobrecargas, a temperatura ambiente, as vibrações, os ruídos e a iluminância.

2.2 A FISIOTERAPIA

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No mundo, o primeiro registro de uso da cinesioterapia apareceu na China em 2698 a.C. e depois na Índia. A Fisioterapia em si tem origem na Europa, na metade do século XIX, sendo que as primeiras escolas apareceram na Alemanha, em 1902 e 1918. Na Inglaterra, os trabalhos de Mendell e Cmyriax na massoterapia, Linton na respiratória, Berta e Karel Bobath na neurologia, proporcionaram a criação da World Confederation Physical Therapy (WCPT), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS) (GAVA, 2004).

Rebelatto e Botomé (2004) contam que na origem, o campo profissional da fisioterapia ficou focado somente na reabilitação, esta profissão era única e exclusivamente para a recuperação das más condições de saúde ou para atenuação do sofrimento daqueles que a reabilitação não era possível. Isso se deu devido o acontecimento da época, onde havia muitos indivíduos mutilados e incapacitados como conseqüência das grandes guerras. Somente com o Renascimento é que surgiu a questão de preservação da boa condição de saúde, aparecendo então os termos manutenção e prevenção.

A Fisioterapia, no Brasil, iniciou-se no final do século XIX, com a criação do serviço de Eletricidade Médica e Hidroterapia, no Rio de Janeiro na Casa das Duchas. O primeiro serviço de fisioterapia da América do Sul nasceu em 1884 no Hospital de Misericórdia do Rio de Janeiro, criado pelo médico Arthur Silva (GAVA, 2004).

Segundo Gava (2004) a eletroterapia era uma terapia muito valorizada no início da chegada da Fisioterapia no nosso país, foi daí que surgiu o símbolo oficial da profissão, um raio envolvido por duas serpentes enroladas entre si (Fig. 5). Mais tarde foi tentado mudar o símbolo, em busca de este representar a Fisioterapia de uma maneira mais abrangente, que seria de uma mão espalmada com a figura de um homem no centro da mão (Fig. 6), tendo em vista que todas as áreas estão ligadas ao toque, mas esse não foi reconhecido oficialmente.

Figura 5 – Símbolo Oficial da Fisioterapia

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Figura 6 – Símbolo Não Oficial da Fisioterapia Fonte: http://www.fisioterapiadomicilio.net/

A princípio a Fisioterapia era uma profissão técnica, os primeiros cursos tinham o objetivo de estabelecer um centro de treinamento de profissionais em reabilitação, portanto não cabia a estes profissionais a avaliação do problema a ser tratado, a escolha e a forma de aplicação dos procedimentos terapêuticos, ou seja, não possuía autonomia alguma. O curso superior de Fisioterapia surgiu a partir do momento que começou a ser elaborado um novo currículo, para capacitação adquirida na universidade, não só pelo ensino, mas também pela pesquisa (GAVA, 2004).

Ainda segundo o mesmo autor, em 17 de dezembro de 1976, com a Lei No. 6316, foi criado o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – CREFITOS, que tem a incumbência de fiscalizar o exercício das profissões de fisioterapia e terapia ocupacional definidas no Decreto-lei no.938 de 13 de outubro de 1969. Com a criação dos conselhos a Fisioterapia estava se confrontando com uma área da medicina, a Fisiatria, pois foi estabelecido que, legalmente, todos os estabelecimentos com serviço de Fisioterapia deveriam fazer registro no CREFITO e obrigatoriamente ter pelo menos um fisioterapeuta com formação superior, como responsável técnico.

2.2.2 Definição e Áreas de Atuação da Fisioterapia

Rebelatto e Botomé (2004) falam das áreas de atuação da Fisioterapia no decorrer da história e as definem da seguinte maneira: atuação terapêutica por meio do movimento

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(cinesioterapia), da eletricidade (eletroterapia), do calor (termoterapia), do frio (crioterapia), da massagem (massoterapia), entre outras.

Segundo o COFFITO a Fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais em órgãos e sistemas do corpo humano.

O COFFITO também afirma que o fisioterapeuta é o profissional responsável pela construção do diagnóstico cinesiológico funcional, pela prescrição e pela execução das condutas fisioterapêuticas, além da evolução do paciente no quadro clínico e da decisão sobre a condição de alta.

Este profissional apto para atuar em diversas áreas como: Fisioterapia clínica (hospitais, clínicas, consultórios, ambulatórios e centros de reabilitação); saúde coletiva (em programas institucionais, ações básicas de saúde, fisioterapia do trabalho e vigilância sanitária); na educação (docência, extensão, pesquisa, supervisão técnica, supervisão administrativa, direção e coordenação de cursos); e outras como indústrias de equipamentos fisioterapêuticos, e esporte (COFFITO, 2008).

As especialidades reconhecidas para esta profissão são: Acupuntura; Quiropraxia; Osteopatia; Fisoterapia Pneumo Funcional; Fisioterapia Neuro Funcional; Fisioterapia Traumato-Ortopédica Funcional; e Esportiva (COFFITO, 2008).

2.2.3 Fatores de Risco Ocupacionais na Fisioterapia e outras áreas da Saúde

Hoje em dia há uma maior preocupação com a saúde dos profissionais que dedicam a sua carreira às atribuições em organizações de saúde. Os profissionais desta área estão constantemente expostos a riscos ocupacionais (ROSA; CARLOTO, 2005).

Segundo Costa e outros (2006) a vida profissional do odontólogo apresenta como uma de suas principais características o risco ocupacional devido hábitos, posturas e patologias advindas da profissão, pela interação direta com pessoas, materiais e equipamentos com risco de contaminação por radiação e agentes alergênicos”. Outro exemplo de alto risco ocupacional no setor da saúde é a enfermagem, que segundo Sêcco, Gutierrez e Matsuo (2002) representam o maior grupo da área de assistência à saúde, prestam assistência 24 horas por dia, são responsáveis pela execução de cerca de 60% das ações relacionadas ao atendimento de pacientes e estão fisicamente tão próximos dos usuários quanto os fisioterapeutas.

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Bork e outros (1996) em seu estudo listam os fatores que podem trazer aos fisioterapeutas riscos para sua saúde ocupacional: realização da mesma tarefa repetidamente, atendimento de um número excessivo de pacientes por dia, realização de técnicas manuais, pausas insuficientes durante a jornada de trabalho, trabalhar em posturas inapropriadas, trabalhar na mesma posição por longos períodos, inclinar-se ou realizar movimento de rotação de tronco de maneira inadequada, trabalhar no limite físico ou próximo desse limite, trabalhar em posturas que obriguem o uso de alavancas com desvantagem mecânica, trabalhar mesmo com dor ou com lesão, levantar ou transferir pacientes dependentes, trabalhar com pacientes confusos e agitados, carregar ou levantar ou mover equipamentos pesados, evitar a queda ou movimento repentino do paciente, auxiliar pacientes durante a marcha, trabalhar em posturas irregulares, com técnicas inadequadas ou sem um programa de prevenção de lesão. Essa lista apresenta as respostas dadas pelos fisioterapeutas indicando os fatores de risco relacionados à sua atuação profissional, sendo que dentre eles a maioria dos profissionais (27% da amostra do estudo) elegeu o “levantar ou transferir pacientes dependentes” como o maior fator de risco relacionado ao trabalho do fisioterapeuta. A pesquisa de Holder e outros (1999) colabora com este estudo, tendo a opção “transferir pacientes” mais apontada, com 30% e a opção “levantar pacientes” a segunda mais apontada, com 25%.

Para os profissionais enfermeiros, segundo pesquisa realizada por Nishide e Benatti (2004), os riscos ocupacionais identificados foram numerosos. Para esses profissionais os fatores relacionados ao cuidado direto dos pacientes e a dependência dos pacientes, que exige esforço físico, foram relatados como principais riscos ocupacionais (para 46% dos trabalhadores) dentre diversos outros como o contato com fluidos corpóreos, o contato com materiais perfurocortantes e a exposição às infecções. Em outro estudo Alexandre (1993) constatou que as dores nas costas representam um sério e expressivo problema para os trabalhadores de enfermagem hospitalar e sugere que o nexo causal para as lombalgias seja o transporte e a movimentação de pacientes, a postura inadequada e estática, além de mobiliário e equipamentos também inadequados.

Segundo Benatti e Nishide (2000) a preocupação com a questão da saúde dos trabalhadores hospitalares no Brasil iniciou-se na Universidade de São Paulo durante a década de 70. A instituição hospitalar é um dos contextos de risco à saúde ocupacional, pois o trabalhador que atua em instituições hospitalares está exposto a diferentes estressores ocupacionais que afetam diretamente o seu bem estar, como longas jornadas de trabalho, número insuficiente de profissionais, falta de reconhecimento profissional, alta exposição do profissional aos riscos físicos, químicos, engonômicos e o contato constante com sofrimento,

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dor e muitas vezes morte dos pacientes e seus familiares (ROSA; CARLOTO, 2005). O desempenho e a saúde do profissional ligado a este ambiente de trabalho exige um controle mental e emocional que não seria necessário em outro local de trabalho.

Nessas condições de risco ocupacional, a atividade laboral pode apresentar conseqüências sobre os estados físico, mental e psicológico do profissional, gerando efeitos na satisfação, no conforto, na carga de trabalho, na fadiga, no estresse, em doenças e acidentes de trabalho (ZAPPAROLI; MARZIALE, 2006).

Segundo Baptista e Bastos (2007) o trabalhador que não tem o hábito de relaxar durante o tempo que executa o serviço, faz com que a musculatura fique tensa, podendo manifestar certa agressividade e outras alterações psicomotoras, devido alteração no mecanismo somato-emocional, e isto pode vir a interferir em sua produtividade e sua relação com os colegas.

Considerando o exercício profissional e o modo de viver destes trabalhadores, os acidentes de trabalho podem ocorrer de maneira abrupta ou insidiosa, logo, é necessária preocupação de todos os envolvidos nas relações deste tipo de trabalho, tanto dos empregados quanto dos empregadores (SÊCCO; GUTIERREZ e MATSUO, 2002).

2.3 DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO

Todo e qualquer tipo de estressor ocupacional, quando persistente leva a alterações no estado de saúde de profissionais podendo levar a distúrbios físicos como LERs/DORTs e distúrbios psicológicos/comportamentais.

2.3.1 Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs)

Oliveira (1991) define as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) como desordens musculoesqueléticas de origem ocupacional, que atingem os membros superiores, escápulas e pescoço, causadas pelo uso repetitivo e forçado dos grupos musculares ou na manutenção de postura forçada. Segundo Maeno (2001), LER é uma terminologia que engloba várias

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alterações do sistema músculo-esquelético pela sobrecarga que se acumula com o passar do tempo devido a movimentos repetitivos. Esses movimentos levam ao sofrimento das estruturas do sistema músculo-esquelético acarretando em alterações que podem ser desde dores musculares (mialgias) e inflamações de tendões e sinóvias (tendinites e tenossinovites) até alterações graves do sistema modulador da dor e do sistema nervoso periférico. Segundo Barros e Guimarães (1999 apud SANTOS, 2003) dependendo do estágio de agravamento, provoca dores violentas na região ou membro afetado. Em geral os portadores das lesões apresentam sintomas de depressão, tais como: desânimo, baixa auto-estima, irritabilidade, incapacidade de visualizar perspectivas positivas e distúrbio do sono.

O termo DORT foi utilizado no Brasil pela primeira vez na Previdência Social, na sua ordem de serviço OS 606, de 5 de agosto de 1998, que trata da Norma Técnica sobre Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho que é uma atualização da Norma Técnica sobre Lesões por Esforços Repetitivos, de 1993. Contém duas partes: a primeira, adota a terminologia DORT, da tradução de Work-Related Musculoskeletal Disorders (WRMD) e definiu critérios para diagnóstico; e a segunda parte define os critérios de incapacidade e de concessão de benefícios previdenciários. Se for considerada apenas a primeira parte da ordem de serviço, DORT é sinônimo de LER de acordo com os conceitos lá expressos (MAENO, 2001).

O Ministério da Saúde publicou através da Portaria MS nº 1339/GM, de 18 de novembro de 1999, uma lista de doenças relacionadas ao trabalho e há várias que podem ser enquadradas como LER/DORT, entre elas: tendinite de flexores e extensores dos dedos, bursite de ombro, tenossinovite de DeQuervain, tenossinovite do braquio-radial, síndrome do túnel do carpo, tendinite de supraespinhoso, tendinite de biciptal, epicondilite. A Previdência Social considera entre as LER/DORT várias doenças, listadas tanto na Ordem de Serviço 606/98 (Norma Técnica de LER/DORT) e mais recentemente no Decreto 3048, de 6 de maio de 1999. Ambas as listas são bastante amplas (MAENO, 2001).

O fato é que as LER/DORT vêm assumindo um caráter epidêmico, sendo que a maioria das patologias são crônicas e recidivas, cuja terapia é difícil, e se renovam precocemente quando há retomada dos movimentos repetitivos, gerando uma incapacidade tanto para a vida profissional quanto para vida pessoal (SALIM, 2003), e constituem-se, atualmente, um problema de saúde pública (SANTOS, 2003). Longen (2003) concorda com os autores acima, diz que os fatores e conseqüências das LER/DORT preocupam não só profissionais da segurança e saúde no trabalho, mas também sindicatos, empresários, o governo, ONG`s, pesquisadores, associações dos trabalhadores lesados, o poder judiciário,

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entre outros. Vemos então que o problema está em crescimento e prejudicando cada vez mais classes trabalhistas.

As manifestações somáticas do trabalhador são um alerta vermelho, o que indica que não é o homem que está doente, mas sim o trabalho (OLIVEIRA, 1998). Longen (2003) afirma que isso acontece porque o trabalho não é organizado por eles, sequer para eles. As condições de trabalho limitam as relações humanas e as potencialidades intelectuais são colocadas em segundo plano, o que pode levar à fragilidade afetiva e intelectual de quem executa o trabalho. O homem procura sua realização por meio do trabalho, ou seja, a satisfação está na realização de seus projetos, então o problema todo está no fato de que o trabalhador de hoje realiza atividades que não são projetos seus, e nem frutos dos seus esforços.

O mercado de trabalho hoje em dia tem como principais objetivos a redução dos custos de produção, mínimo investimento em mão de obra e o aumento da produtividade. Para isso é necessária a introdução de equipamentos, tecnologia e outras formas de organização. Mas com isso o trabalhador perde a autonomia de seus movimentos corporais, da sua criatividade e liberdade de expressão durante a execução do seu trabalho (LONGEN, 2003).

O diagnóstico da LER é fechado baseado na história clínica-ocupacional, no exame físico detalhado, nos exames complementares relacionados, e na análise das condições de trabalho do indivíduo acometido (TAUB, 2002).

As manifestações clínicas das Lesões Ocupacionais se manifestam com sintomatologias bem variadas e Blandmiller (1994 apud TAUB, 2002) cita as seguintes:

a) Sinovite: inflamação de tecidos sinoviais. Termo de ampla abrangência aplicável em todo e qualquer processo inflamatório que acomete tecidos sinoviais, sejam articulações, intermusculares ou peritendinosos em qualquer local do corpo, com ou sem degeneração tecidual. Deve vir acompanhado de especificações que determinam os locais envolvidos e sua etiologia.

b) Tendinite: inflamação do tecido próprio dos tendões, com ou sem degeneração de suas fibras. Termo de ampla abrangência, aplicável a todo e qualquer processo inflamatório dos tendões, em qualquer parte do corpo. Devem vir acompanhados os nomes dos tendões acometidos, assim como sua etiologia.

c) Miosite: Inflamação do tecido próprio dos músculos, com ou sem degeneração de suas fibras. Aplicável a todo e qualquer processo inflamatório que acometa qualquer músculo do corpo. Devem ser especificados os grupos musculares envolvidos e sua etiologia.

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d) Fascite: inflamação de fáscias e de ligamentos, com ou sem degeneração de suas fibras. Aplicável a todo e qualquer processo inflamatório que atinja qualquer ligamento ou fáscia, em qualquer lugar do corpo. Devem ser especificados as fáscias e ligamentos acometidos e sua etiologia.

e) Tenossinovite: inflamação dos tecidos sinoviais que envolvem os tendões e sua passagem por túneis osteofibrosos, polias e em locais em que a direção da aplicação da força é mudada. Esse termo pode ser aplicado aos processos inflamatórios de qualquer etiologia que acometem esses tecidos, com ou sem degeneração tecidual. Devem ser específicos os locais atingidos e sua etiologia.

f) Neuropatia Periférica por Compressão: inflamação de nervos periféricos, geralmente secundária a processos inflamatórios de músculos e tendões contíguos. Devem ser especificados os nervos atingidos, nível em que ocorre a compressão e a etiologia.

Segundo Merlo, Jacques e Hoefel (2001) os atendimentos à LER/DORT no Ambulatório de Doenças do Trabalho do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (ADT-HCPA) representa mais de 70% de todos os atendimentos.

Segundo Langoski (2001) estudos que buscaram identificar LER/DORT em dentistas tiveram como resultado, que quase 100% destes profissionais consideram algumas das suas enfermidades como sendo ocupacionais, e outra pesquisa encontrou que 1/5 dos entrevistados apresentam alguma doença relacionada com a profissão e que a morte por conseqüência de doença cardíaca ou vascular tende a acontecer mais em odontólogos se comparados com o restante da população.

Baptista e Bastos (2007) encontraram, em seu estudo, que 44% dos profissionais da área da saúde referiram sintomas de lombalgia. Sugere-se que as inclinações e rotações do tronco, as vibrações, a manutenção da posição estática e o levantamento de carga são riscos associados à epidemiologia das lombalgias ocupacionais.

2.3.2 Distúrbios Psicológicos/Comportamentais

A saúde mental de profissionais é um tema que vem sendo abordado constantemente, devido ao aumento do número de transtornos mentais e de comportamento relacionados ao trabalho (JACQUES, 2003).

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Segundo Brundtland (2000 apud Guimarães et al., 2006) os transtornos mentais como: depressão maior, esquizofrenia, transtorno bipolar, alcoolismo e transtorno obsessivo-compulsivo, são cinco das dez maiores causas de incapacidade no mundo. E acrescenta que estes transtornos junto com a ansiedade, a depressão, e o estresse trazem uma repercussão definitiva no contexto ocupacional.

Uma das patologias psicológicas associada ao trabalho que vem sendo estuda é a Síndrome de Burnout, que segundo Amorin, Oliveira e Alvarenga (2000); Formighieri (2003); Rosa e Carlotto (2005); e Carlotto e Palazzolo (2006) é definida como: um tipo de estresse relacionado a atividades laborais, de caráter duradouro (crônico), que acomete principalmente profissionais que lidam diretamente com pessoas. Essa síndrome afeta principalmente o estado emocional do indivíduo, produzindo sintomas como desânimo, exaustão e aborrecimento, entre outros. Amorin, Oliveira e Alvarenga (2000) complementam que a síndrome não deve ser confundida com estresse, este seria “um esgotamento pessoal com interferência na vida do indivíduo e não necessariamente na sua relação com o trabalho”.

Guimarães e outros (2006) concluíram em seu estudo que os impactos causados pelo agravo à saúde mental do trabalhador, trazem diversas conseqüências, entre elas o custo tanto para os trabalhadores, quanto para as empresas, organizações, sociedade e o estado, pela queda da produtividade, o absenteísmo e pelo valor pago pelos tratamentos.

2.4 HÁBITOS DE VIDA E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE E A DOENÇA

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, saúde é um estado de completo

bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. Burnley

(1998 apud PALMA, 2000) explica que a teoria do “estilo de vida” sugere que a prevenção seja uma responsabilidade pessoal, com o foco de intervenção no controle dos fatores de risco individuais, tendo como resultado a saúde. Então cabe ao indivíduo alterar seus hábitos de vida para afetar a causa e cessar o efeito. Sendo assim, praticar atividade física ou submeter-se a uma dieta adequada, seriam atitudes que levariam o sujeito à saúde ou à ausência de doenças sendo responsabilidades do próprio sujeito (PALMA, 2000). Entretanto Minayo (1992) apresenta no relatório final da VIII Conferência Nacional de Saúde que a saúde de uma forma muito mais complexa, depende das condições de alimentação, habitação, renda, meio

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ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde.

2.4.1 Estilo de Vida

A vida no percorrer da história impõe ao homem adversidades que obriga-o a buscar alternativas para superá-las. Essas alternativas, a maneira que o homem se relaciona através da sua evolução, podem ser denominadas de estilo de vida (REGNER, 2004 apud LEMOS, 2005).

Segundo Pitanga (2002) o estilo de vida é um dos principais determinantes de doenças, dentro de uma rede multifatorial causal, principalmente nas doenças crônico-degenerativas, que surgiram por volta de 1945, com o aparecimento das úlceras pépticas, câncer de pulmão e doenças coronarianas, tendo o hábito de fumar e altos índices de colesterol, como fatores de risco.

Hábitos de inatividade física, consumo de alimentos inadequados, principalmente gordurosos, o tabagismo, o alcoolismo, os fatores de estresse, fazem parte de um perfil de estilo de vida negativo. (BARROS; NAHAS, 2001). Nahas (2006) estima que dois terços das mortes por doenças que poderiam ter sido prevenidas, estes fatores de comportamento tivessem sido positivos. O mesmo autor caracteriza o Estilo de Vida como “conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas”. Em seu estudo o mesmo autor apresenta o questionário do Perfil do Estilo de Vida - “Pentáculo do Bem Estar” uma ferramenta para que se possa demonstrar o estilo de vida da pessoa, se este é um perfil positivo ou negativo, abordando cinco componentes básicos, a nutrição, a atividade física, o comportamento preventivo, relacionamentos e o controle do stress.

2.4.2. Sedentarismo e Inatividade versus Atividade Física

Desde a Revolução Industrial a sociedade vem traçando um estilo de vida “melhor” e mais “fácil”, os trabalhadores até então ativos, começaram a buscar empregos nas metrópoles

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com atividades mais confortáveis. A conseqüência desse acontecimento foi o surgimento de problemas decorrentes de uma menor exigência do corpo, menor gasto energético, um crescente desuso do corpo.

Pollock, Wilmor e Fox (1993); Maron (2000) relatam que diversos fatores têm demonstrado o quanto a falta de atividade física e o elevado índice de sedentarismo provocam uma séria ameaça ao nosso organismo, principalmente em forma de problemas como a doença arterial coronariana, hipertensão arterial, ansiedade, depressão, obesidade e distúrbios de coluna.

Além da inatividade física, os mesmos autores colocam que, outras questões agravam a condição de saúde, como a superalimentação, tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, dietas inadequadas e o estresse emocional. E afirmam que estes fatores são conseqüências do estilo de vida moderno e interagem entre si.

É bastante comum as pessoas usaram os termos “atividade física” e “exercício físico” como se tivessem o mesmo significado, mas não são sinônimos. Caspersen e outros (1985 apud DOMINGUES; ARAÚJO; GIGANTE, 2004) explica que a atividade física consiste em qualquer movimento corporal promovido pelos músculos que requer um gasto energético maior do que a posição em repouso, já o exercício físico seria toda atividade física que visa mater ou melhorar a aptidão física, sendo ela planejada, estruturada, repetitiva e regular.

2.4.2.1 Exercício Físico e Seus Benefícios

Segundo Leite (1984); Pereira e Souza Junior (2007) os efeitos do treinamento físico em relação à circulação sangüínea o exercício físico diminui a resistência periférica total e modifica a distribuição do fluxo sangüíneo total. No músculo ele age trazendo melhor eficiência mecânica, aumentando a capilarização, aumentando as atividades enzimáticas e promovendo hipertrofia. Para o pulmão: um aumento da capacidade residual funcional e melhora da relação ventilação-perfusão. Há também os efeitos psicológicos e sociais como a melhora da capacidade e eficiência no trabalho, melhora da autoimagem, redução da ansiedade e depressão, melhora da sensação de bem-estar e melhora do ritmo de sono, e apetite. Outros efeitos do exercício físico são o aumento no volume sangüíneo, aumento de hemoglobina, melhoria na eficácia da reserva alcalina em casos de acidose metabólica, diminuição do percentual de gordura corporal, diminuição do peso corporal total, maior

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tolerância ao ácido láctico, relaxamento muscular generalizado e maior facilidade na liberação de calor.

O condicionamento físico induz à algumas alterações no sistema cardiovascular, em repouso ocorre a diminuição da freqüência cardíaca, o aumento do volume sistólico, o aumento da contratilidade miocárdica e hipertrofia cardíaca, durante os exercícios submáximos, além dessas ocorrem também aumento do tônus vagal, aumento da diferença arteriovenosa, diminuição do duplo produto e pequena alteração no débito cardíaco, e durante os exercícios máximos acrescenta-se o aumento do VO2 máximo, aumento do débito cardíaco

e alterações mínimas ou nenhum na freqüência cardíaca (PEREIRA; SOUZA JUNIOR, 2007).

Benchimol e outros (1983); Pereira e Souza Junior (2007) acrescentam outros efeitos do exercício regular, nos órgãos locomotores, o aumento da espessura da cartilagem articular e o aumento da resistência dos ossos e ligamentos, no aparelho respiratório, o aumento da freqüência respiratória durante o trabalho máximo, diminui o colesterol sérico (além de aumentar a fração HDL, diminui a LDL, conferindo menor fator de risco para a doença coronariana), diminui os triglicérides séricos, e reduz o stress emocional.

Godoy (1997); coloca que “Os exercícios programados de maneira fisiológica podem contribuir efetivamente para melhorar a qualidade de vida, [...]” Pereira e Souza Junior (2007) comentam que isto acontece devida interferência indireta ou direta sobre alguns parâmetros vitais, como o aumento da circulação colateral, do diâmetro do vaso sangüíneo, da capacidade de transporte de oxigênio, na eficiência na distribuição do sangue, do retorno venoso, da massa de eritrócitos, da capacidade fibrinolítica, da função tireoideana, do hormônio do crescimento, da tolerância ao estresse, além da mudança no hábito de vida, e diminuindo a intolerância à glicose, a obesidade, a atividade plaquetária, a pressão arterial sistêmica, a vulnerabilidade para a arritmia, o estresse psíquico e a produção crônica de catecolaminas.

De acordo com Howley e Franks (2000) os benefícios do exercício influenciam também no trabalho. Usar um tempo que seria para o trabalho, para fazer atividade física, melhora o bem-estar e o nível de satisfação profissional.

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Segundo Achour Júnior (1998) ligados aos hábitos posturais estão a limitação da amplitude articular, a limitação da extensibilidade muscular e a plasticidade ligamentar e tendínea.

Dantas (1995) e Monteiro (2006) comentam que tendo uma boa flexibilidade é possível que a pessoa faça movimentos mais amplos e harmônicos, sem que isso necessite de esforços e tensões musculares exacerbadas, o que a faz fator indispensável na melhora da capacidade motora individual. Os exercícios de alongamento estático, bem programados para melhora da flexibilidade, para saúde e o bem-estar, buscam prevenir ou reduzir os encurtamentos musculares e músculo-tendíneos, nódulos musculoesqueléticos, lesões músculo-articulares e tensões que as atividades diárias, tanto laborais quanto de lazer, causam ao organismo.

Monteiro (2006) coloca que a flexibilidade tem um efeito relaxante, que permite a tomada de movimentos corporais mais confortáveis diariamente, aliviando as tensões musculares. Acrescenta que os exercícios de alongamento realizados de forma lenta, associados à respiração profunda e concentração, promovem um relaxamento tanto muscular quanto psicológico.

2.4.3 Comportamento Preventivo

De acordo com Candeias e Marcondes (1979) o comportamento preventivo é um processo que se divide em cinco fases distintas: 1- conhecimento correto, 2- atitude favorável a uma prática de saúde, 3- avaliação da situação (pelas normas sociais e padrões culturais, pelos apoios estruturais e seus impactos, e pela coerção social), 4- aceitação das adequadas práticas de saúde e 5- adoção desta prática.

Para Laat (2005) a obtenção de informação sobre saúde é fácil, sendo necessário somente algum contato com profissionais da área da saúde. O difícil é a mudança do comportamento, um processo lento, demorando de semanas a anos para acontecer, tendo em vista que não ocorre somente uma mudança individual, mas também familiar. O autor comenta que “[...] o que realmente interfere no início da busca por Comportamento Preventivo em Saúde, é a forma como a pessoa se sente ameaçada ou não pelas doenças, que poderão ser desencadeadas.” Partindo desta idéia, se o indivíduo não se sentir ameaçado, só

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irá mudar seu comportamento quando a sintomatologia aparecer, deixando então de ser um Comportamento Preventivo.

De acordo com Nahas (2006) em nosso comportamento preventivo devemos interferir nos Fatores Negativos Modificáveis do nosso estilo de vida, são estes: o fumo, o álcool, as drogas, o estresse, o isolamento social, o sedentarismo e os esforços intensos ou repetitivos. Muitas vezes estes fatores não dependem da nossa vontade, mas sim da decisão em não usufruir destes elementos.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão apresentados os aspectos metodológicos do estudo no que tange a caracterização da pesquisa, a população e a amostra, os instrumentos e os procedimentos utilizados na coleta de dados e procedimentos para análise de dados.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Em relação à classificação desta pesquisa adotou-se o seguinte modelo:

Quanto ao problema esta é uma pesquisa quantitativa, pois o conhecimento obtido é quantificável, ou seja, pode ser traduzido em números (LUCIANO, 2001).

Entretanto, quanto aos objetivos, esta é uma pesquisa descritiva, que Rúdio (2003) descreve como uma pesquisa onde o interesse está em conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir para modificá-la, conhecer a natureza do fenômeno, sua composição e os processos que o constituem descrevendo-os, classificando-os e interpretando-os. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados.

Quanto aos procedimentos técnicos de pesquisa, trata-se de uma pesquisa de levantamento, pois envolve o levantamento das informações que se deseja conhecer dos sujeitos investigados. Tratando-se também de uma revisão bibliográfica, onde foram utilizados os dados encontrados na literatura para a construção do referencial teórico deste estudo (LUCIANO, 2001).

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população deste estudo foi composta por 542 profissionais fisioterapeutas atuantes em Florianópolis, Santa Catarina. Este número foi fornecido pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 10ª Região (CREFITO 10), de acordo com a estatística de outubro de 2007.

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A amostra desta pesquisa foi do tipo não-probabilística e intencional, ou seja, foram escolhidos casos para a amostra que representem o bom julgamento da população (LUCIANO, 2001).

Para chegar ao tamanho da amostra, utilizou-se o cálculo a seguir, obtendo-se amostragem de trinta e sete sujeitos (COSTIL apud RUDIO, 2003).

n = N x n0 = 542 x 40 = 21680 = 37,25 N + n0 542 + 40 582

Onde N é o número total de profissionais fisioterapeutas, de Florianópolis, inscritos no CREFITO 10, e n0 é o número fixo da fórmula que sempre será 40.

3.2.1 Seleção dos sujeitos da amostra

Para a seleção dos sujeitos da amostra inicialmente foi consultada a lista telefônica para a obtenção dos endereços dos locais (clínicas, consultórios, hospitais, centros de reabilitação, entre outros) que prestam serviço de Fisioterapia na cidade de Florianópolis – SC. As visitas ocorreram em etapas, por região, e a partir do momento em que foi obtido o número suficiente para a significância da amostra, as visitas cessaram. Após a coleta dos instrumentos a amostra constituiu-se de 50 indivíduos.

Os sujeitos da amostra foram os que apresentaram os seguintes fatores de inclusão: - Inscrição no CREFITO 10;

- Atuação como fisioterapeuta em Florianópolis – SC;

- Concordar em participar da pesquisa e assinar o termo de consentimento livre e esclarecido.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados foram utilizados dois questionários, sendo o primeiro questionário elaborado pela pesquisadora e validado posteriormente e o segundo questionário,

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um modelo modificado do questionário do Perfil do Estilo de Vida de Nahas Individual (2000).

Questionário do Fisioterapeuta (Apêndice A).

Esse questionário é composto por 19 questões sendo três questões abertas, seis questões fechadas e dez questões mistas. O questionário é dividido em quatro partes, englobando questões referentes aos dados pessoais (nome/iniciais, idade, sexo, peso e estatura); atuação profissional (tempo de formado, tempo de atuação como fisioterapeuta, grau de formação, área de atuação, local de atuação, carga horária diária como fisioterapeuta, número de atendimentos por dia, exercício de outra atividade profissional e satisfação em relação à profissão); saúde dos indivíduos (percepção do estado físico e mental após o trabalho, presença de dor e/ou desconforto, período do dia e da semana em que a dor e/ou desconforto manifesta-se e ocorrência de lesão relacionada ao trabalho) e estratégias de prevenção de dores e/ou desconfortos (realização de pausas durante o trabalho, realização e freqüência de cinesioterapia laboral, pratica e freqüência de exercício física e auto-percepção do estado de saúde). Será garantida a preservação da identidade anônima.

Para a testagem deste questionário procedeu-se a determinação dos índices de clareza e validade. Cinco profissionais da área de fisioterapia foram escolhidos para avaliar a sua clareza e validade, respectivamente. Cada questão foi analisada e recebeu uma nota de 1 a 10 apresentadas em uma matriz logo abaixo da questão, conforme ilustrações a seguir:

Não Válido Pouco Válido Válido

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Confuso Pouco Claro Claro

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Para a testagem da clareza e da validade utilizou-se o seguinte critério: as questões com notas de 1 à 4 foram anuladas ou substituídas; as com notas de 5 à 7 foram ajustadas e as demais, com notas acima de 8, foram mantidas da mesma forma. As notas de validação e clareza são encontradas nos apêndices B e C, respectivamente.

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Questionário do Perfil do Estilo de Vida Individual (NAHAS et al., 2000) modificado (Anexo A).

A análise do Perfil Individual do Estilo de Vida foi baseada nos parâmetros estabelecidos pelo Pentáculo do Bem-Estar, e constitui um instrumento simples e auto-administrado, que inclui cinco aspectos fundamentais do estilo de vida das pessoas: (a) nutrição; (b) atividade física; (c) comportamento preventivo; (d) relacionamentos; (e) controle do estresse.

Este instrumento é formado por 15 questões fechadas, referentes aos cinco aspectos fundamentais do estilo de vida.

Em seu modelo original o indivíduo teria que colorir uma figura (uma estrela – Pentáculo do Bem-Estar) (Fig. 7), construindo uma representação visual do seu estilo de vida atual. Para este estudo este instrumento foi adaptado em forma de tabela para facilitar seu preenchimento, não causando nenhum prejuízo para a coleta de dados.

Figura 7 – Pentáculo do Bem-Estar Fonte: Nahas e outros, 2000.

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3.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi efetuada exclusivamente pela pesquisadora. 1ª Etapa:

Inicialmente realizou-se uma pesquisa no site do CREFITO 10, onde foi coletado o número total de fisioterapeutas atuantes em Florianópolis, de acordo com os dados da estatística de outubro de 2007. Após realizou-se contato por e-mail com o CREFITO 10 para solicitação de uma lista com os nomes dos profissionais que trabalham em Florianópolis, mas a solicitação foi negada, sendo alegado que estes dados não poderiam ser fornecidos.

2ª Etapa:

Os instrumentos de coleta de dados chegaram aos profissionais por meio da pesquisadora, sendo entregues em mãos ou ao secretário do local de trabalho deste fisioterapeuta. Foi estabelecido o prazo de uma semana para o preenchimento e recolhimento dos instrumentos. Cada indivíduo da amostra recebeu uma cópia do Questionário do Fisioterapeuta, do Questionário do Perfil do Estilo de Vida Individual e do termo de consentimento livre e esclarecido, com os esclarecimentos e objetivos do estudo.

Para o preenchimento do Questionário do Perfil do Estilo de Vida Individual (NAHAS

et al., 2000) os indivíduos foram instruídos a assinalar (marcar um ‘X’) em cada uma das três

afirmações de cada componente (nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamento e controle do estresse) uma das quatro alternativas (nunca, às vezes, quase sempre ou sempre) que melhor descreve seu comportamento.

Cada indivíduo preencheu os questionários sem qualquer interferência da pesquisadora, entretanto em caso de dúvida foi disponibilizado telefone e e-mail.

3ª Etapa:

Após aproximadamente uma semana, os instrumentos de coleta de dados foram recolhidos nos locais de trabalho dos indivíduos do estudo.

4ª Etapa:

Ao término do trabalho, com a conclusão obtida pela análise dos dados, foi feito um retorno aos indivíduos participantes da pesquisa, através de e-mail ou apresentação impressa, para divulgação dos resultados da pesquisa.

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3.5 TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados coletados foram tratados de forma descritiva (freqüência e percentual) e fora apresentados em forma de gráficos para melhor visualização dos dados.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 QUESTIONÁRIO DO FISIOTERAPEUTA

A amostra deste estudo foi composta por 50 indivíduos, profissionais de fisioterapia, com média de idade de 28,53 anos variando entre 22 e 44 anos. O tempo médio de formado foi 5 anos e 5 meses, variando entre 3 meses e 24 anos e 8 meses. O tempo médio de atuação na área foi de 5 anos e 4 meses, variando entre 3 meses e 24 anos e 8 meses.

Abaixo serão apresentados, analisados e discutidos os dados coletados a partir da aplicação do questionário do fisioterapeuta.

38 12 0 5 10 15 20 25 30 35 40 N ú m e ro de in div íduos Feminino Masculino

Gráfico 1: Gênero dos indivíduos da amostra. Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.

O gráfico 1 demonstra os dados referentes ao gênero dos indivíduos. Verifica-se que 38 (76%) indivíduos são do sexo feminino e 12 (24%) indivíduos são do sexo masculino. Observa-se então uma predominância do gênero feminino dos indivíduos da amostra.

No estudo de Bork e outros (1996), realizado nos Estados Unidos, foi observada uma discreta predominância feminina na amostra, com 52% de indivíduos do gênero feminino e 48% do gênero masculino. Cromie, Robertson e Best (2000) encontrou um predominância feminina mais acentuada, semelhante aos dados encontrados em nosso trabalho, com 78% de indivíduos do gênero feminino e 22% do gênero masculino.

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33 5 2 30 2 0 5 10 15 20 25 30 35 N ú m e ro de Indiv íduos Especialização Mestrado Doutorado Aperfeiçoamento Outra Graduação

Gráfico 2: Grau de formação dos profissionais. Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.

O gráfico 2 retrata o grau de formação dos indivíduos da pesquisa e mostra que 33 (66%) profissionais realizaram especialização, 5 (10%) têm formação de mestre, 2 (4%) têm doutorado, 30 (60%) deles fizeram cursos de aperfeiçoamento e apenas dois cursaram outra graduação.

Os resultados encontrados no trabalho de Gomes Júnior (2007), que estudou o perfil do profissional Fisioterapeuta também de Florianópolis – SC, vão de encontro com os nossos resultados. Neste estudo verificou-se que 64,28% profissionais realizaram especialização, 17,85% mestrado e 3,58 % doutorado. No estudo realizado com fisioterapeutas egressos da PUC-PR, por Paula, Nicoletti e Gomes (1990), de 117 indivíduos, 34 (29,05%) realizaram especialização, outros níveis não foram citados pelos autores. A partir destes dados acredita-se que com o passar dos anos e com o aumento de profissionais, busca-acredita-se um constante e maior aperfeiçoamento a fim de disputar melhores situações profissionais no mercado de trabalho. 41 10 10 2 5 3 6 4 12 0 10 20 30 40 50 N ú m e ro de indi v íduos Ortopedia e Traumatologia Neurologia Cardiologia e Pneumologia Ginecologia e Obstetrícia Fisioterapia Aquática Pediatria Dermato Funcional Terapia Intensiva Outras

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Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.

No gráfico 3 observa-se a distribuição da amostra conforme o campo de atuação profissional. Alguns indivíduos atuam em mais de um campo profissional. Dos 50 indivíduos componentes da pesquisa, 41 (82%) atuam na área de ortopedia e traumatologia, 10 (20%) em neurologia, 10 (20%) em cardiologia e pneumologia, 2 (4%) em ginecologia e obstetrícia, 5 (10%) trabalham com Fisioterapia aquática, 3 (6%) com pediatria, 6 (12%) em dermato-funcional, 4 (8%) atuam em terapia intensiva e 12 (24%) em outras áreas profissionais dentre elas as principais foram Pilates e Fisioterapia Laboral.

Gomes Júnior (2007) em seu estudo encontrou uma predominância de profissionais atuantes na área de ortopedia-traumatologia. Romani (2001) encontrou que 54,7% atuam em ortopedia e traumatologia, 36,7% neurologia, 37,5% cardiorrespiratória, 9,4% pediatria, 8,6% reumatologia, 6,3% desportiva e hidroterapia. Com menos de 6% de respostas apareceram as seguintes áreas: dermato funcional, oncologia, neonatologia, ginecologia e obstetrícia, preventiva, fisioterapia geral e hidroterapia. Ambos os estudos colaboram com os resultados de nossa pesquisa, com predominância de atuação na área de ortopedia e traumatologia.

Rebellato e Botomé (2004) justificam esses achados devido às atitudes dos fisioterapeutas, uma vez que estes permanecem centrando seu trabalho na doença ao invés de buscar intervenções prevencionistas ampliando suas possibilidades de atuação.

7 41 9 1 5 4 6 23 3 0 10 20 30 40 50 N ú m e ro d e indiv íduos Hospital Geral Clínica Consultório Hospital (ambulatório) Hospital (UTI) Centro Esportivo ou Recreativo/Academia Instituição de Ensino Superior Atendimento Domiciliar Outros

Gráfico 4: Local de atuação profissional. Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.

O gráfico 4 mostra qual é o local de trabalho dos indivíduos participantes deste estudo. Alguns dos indivíduos trabalham em mais de um local de trabalho. Os dados demonstram que 41 (82%) indivíduos atuam em clínicas, 23 (46%) dos indivíduos trabalham em hospitais

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(ambulatório), 9 (18%) em consultórios, 7 (14%) em hospital geral, 6 (12%) em instituição de ensino superior, 5 (10%) em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), 4 (8%) em centros esportivo, recreativos ou academias, 1 (2%) realiza atendimento domiciliar e 3 (6%) indivíduos atuam em outro tipo de ambiente de trabalho.

No estudo de Paula, Nicoletti e Gomes (1990), foi encontrado que dos 117 profissionais que atuam na área da fisioterapia, 56 indivíduos trabalham como autônomo, 33 trabalham como empregado, 24 como autônomo/empregado e 4 indivíduos são proprietários de clínica. Sobre o local de atuação foi verificado que 12 indivíduos atuam em hospitais, 6 indivíduos em instituições de ensino, 50 indivíduos atuam em clínicas, 3 indivíduos realizam atendimento domiciliar, 3 indivíduos em academias, 7 indivíduos em instituição filantrópica, e 36 indivíduos disseram atuar em mais de um local de trabalho. Da mesma maneira que em nossa pesquisa, foi encontrado um maior número de profissionais atuando em clínicas. Já na pesquisa realizada por Bork e outros (1996) foi encontrado que o local de trabalho mais comum entre os entrevistados, foram os hospitais com 31,3%.

Diferente dos resultados encontrados em nossa pesquisa, o trabalho de Romani (2001) encontrou que os principais locais de trabalho dos fisioterapeutas da sua amostra, em ordem decrescente são: o domicílio, seguido de instituição de ensino superior, clínica, hospital e consultório. 2 18 10 2 4 3 9 0 5 10 15 20 1 N ú m e ro de indiv íduos Menos de 5 De 5 a 10 De 11 a 15 De 16 a 20 De 21 a 25 De 26 a 30 31 ou mais

Gráfico 5: Número de atendimentos diários. Fonte: Dados coletados pela pesquisadora.

O gráfico 5 apresenta dados relacionados ao número de atendimentos diários realizados pelos profissionais participantes desta pesquisa, onde é observado que a maioria dos indivíduos, 18 (36%) deles realizam de 5 a 10 atendimentos por dia, 10 (20%) realizam de 11 a 15 atendimentos, 9 (18%) atendem 31 pacientes ou mais, 4 (8%) realizam de 21 a 25

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atendimentos, 3 (6%) realizam de 26 a 30 atendimentos, 2 (%) de 16 a 20 atendimentos, e 2 (4%) atendem menos de 5 pacientes ao dia.

Romani (2001) em sua pesquisa com fisioterapeutas do Brasil inteiro encontrou que 1,6% dos indivíduos não realizam atendimento, 15,6% realizam menos de 5 atendimentos ao dia, 22,7% realizam de 5 a 10 atendimentos por dia, 22,7% realizam de 10 a 15 atendimentos, 14,1% realizam de 15 a 20 atendimentos, 7% realizam de 20 a 30 atendimentos e 16,4% atendem 30 pacientes ou mais.

Liesner e Sales (2007), que estudaram a postura inadequada como fator de dor lombar em acadêmicos estagiários de fisioterapia, encontraram que 63,08% dos indivíduos realizam até 5 atendimentos por dia, 30,77% realizam de 5 a 10 atendimentos diários e 6,15% dos sujeitos realizam de 10 a 15 atendimentos ao dia.

A relação entre carga de trabalho e DORTs referenciada por Grandjean (1998) e Wisner (1994) pode ser uma explicação para a tendência de ocorrência de distúrbios músculo-esquelético, podendo causar prejuízo na qualidade da prática profissional da Fisioterapia, bem como na capacidade física e mental do profissional.

2 12 30 6 0 5 10 15 20 25 30 35 N ú m e ro de ind iv íduos Insatisfeito Pouco Satisfeito Satisfeito Muito Satisfeito

Gráfico 6: Percepção de satisfação profissional. Fontes: Dados coletados pela pesquisadora.

De acordo com o gráfico 6, que apresenta os dados referentes à satisfação profissional, pode-se observar que 30 (60%) indivíduos estão satisfeitos em relação a sua profissão, 12 (24%) estão pouco satisfeitos, 6 (12%) estão muito satisfeitos e apenas 2 (4%) encontram-se insatisfeitos com sua profissão.

Segundo Martinez, Paraguay e Latorre (2004) a satisfação é bastante complexa, sendo difícil definir, por ser subjetiva, podendo variar de indivíduo para indivíduo, de circunstância para circunstância e ao longo do tempo para o mesmo indivíduo. Esta está sujeita às

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influências internas e externas do ambiente de trabalho. Pode afetar a tanto a saúde física quanto a saúde mental do trabalhador, interferindo em seu comportamento profissional e até mesmo social. Gomes (2006) acrescenta que fatores como estressores laborais e as características psicológicas individuais irão interferir diretamente nas manifestações de estresse à saúde e satisfação no trabalho, de acordo com a percepção de cada indivíduo.

Gomes Júnior (2007) para definir o grau de satisfação profissional utilizou os termos “ótimo”, “muito bom”, “bom”, “regular” e “ruim”. E encontrou, diferente de nossos resultados, que a maioria dos profissionais (31,42%) referiu um regular grau de satisfação profissional, 28,57% bom, 25,71% muito bom, 8,58% muito bom e 5,72% ruim.

Paula, Nicoletti e Gomes (1990) em sua pesquisa incluíram uma questão sobre realização profissional, onde tiveram como resultado que a maioria, 41% dos entrevistados sentem-se razoavelmente realizados, 38,5% sentem-se muito realizados profissionalmente, 10,2% sentem-se pouco realizados, 9,4% não se consideram realizados e 0,9% não respondeu.

3 20 17 9 1 0 5 10 15 20 25 N ú m e ro de indi v íduos Bem Um pouco cansado Cansado Muito Cansado Exausto

Gráfico 7: Percepção de cansaço físico ao final da jornada de trabalho. Fonte: Dados coletados pela pesquisadora

A partir dos dados observados no gráfico 7, pode-se constatar que 20 (40%) dos indivíduos sentem-se fisicamente um pouco cansados, 17 (34%) sentem-se cansados, 9 (18%) sentem-se muito cansados, 1 (2%) sente-se exausto e apenas 3 (6%) indivíduos sentem-se fisicamente bem ao final da sua jornada de trabalho.

Romani (2001) verificou uma manifestação de relatos de fadiga física em 68,75% dos entrevistados e irritabilidade em 50% dos fisioterapeutas brasileiros.

Dos 153 cirurgiões dentistas entrevistados por Koltiarenko (2005), 16% relataram estarem se sentindo muito cansados atualmente, menos de 10% relatou nenhum cansaço e cerca de 74% admitiu estar se sentindo um pouco de cansado.

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