• Nenhum resultado encontrado

Número:

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Número:"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

28/12/2020

Número: 0816987-07.2020.8.10.0040

Classe: AÇÃO CIVIL PÚBLICA CÍVEL

Órgão julgador: 1ª Vara da Fazenda Pública de Imperatriz

Última distribuição : 24/12/2020

Valor da causa: R$ 5.000,00

Assuntos: Obrigação de Fazer / Não Fazer

Segredo de justiça? NÃO

Justiça gratuita? SIM

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM

Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

PJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO (AUTOR)

MUNICIPIO DE IMPERATRIZ (REU)

ESTADO DO MARANHAO(CNPJ=06.354.468/0001-60) (REU)

Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 39513 076 27/12/2020 22:05 Decisão Decisão

(2)

Processo n. 0816987-07.2020.8.10.0040

Ação Civil Pública Inibitória com Preceito Cominatório de Obrigações de Não Fazer e Fazer c/c Pedido de Tutela Provisória de Urgência

Autor: Ministério Público do Estado do Maranhão Réus: Município de Imperatriz e Estado do Maranhão

PLANTÃO JUDICIAL

Vistos,

C u i d a - s e d e A Ç Ã O C I V I L P Ú B L I C A I N I B I T Ó R I A C O M P R E C E I T O

COMINATÓRIO DE OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER E FAZER C/C PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO , devidamente qualificado, em face do MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ e do ESTADO DO MARANHÃO, também qualificados, visando à concessão de tutela de urgência, a ser confirmada por

sentença, para determinar que os réus se abstenham de realizar a Virada Cultural de Final de Ano em Imperatriz/MA, com shows entre os dias 29/12/2020 e 01/01/2021, assim como que realizem medidas fiscalizadoras para que não sejam realizadas ou autorizadas festas, shows e afins, independente do quantitativo mínimo de pessoas, nos termos constantes da exordial.

Afirma que a promoção dos eventos programados pela municipalidade implicaria em risco concreto de descumprimento às normas vigentes sobre política de combate à pandemia do COVID-19, e que promoveriam a aglomeração de pessoas, contribuindo para o surgimento de novos casos.

Instruiu a petição inicial com Recomendação Ministerial, ofício requisitando informações e dados da ocupação de leitos nas unidades de saúde pública de Imperatriz.

Antes da apreciação da tutela, fora determinada a intimação dos réus para manifestação, ao que o Município de Imperatriz o fez conforme petição de id. 39510405, permanecendo inerte o Estado do Maranhão. Vieram os autos conclusos.

(3)

Com o advento do Código de Processo Civil de 2015, passou a tutela de urgência a ser prevista no art. 300 do CPC, que dispõe:

"Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a

probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.(...)§ 2o

A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia."

Aduz o Ministério Público Estadual que a tutela de urgência ora pleiteada teria por desiderato a adoção de medidas para evitar a realização de evento programado pelo Município de Imperatriz, evitando-se a aglomeração de pessoal e o aumento de casos de Covid-19.

Pois bem, para a análise da adoção de tal medida, que implica diretamente na vedação de realização do evento público, com artista locais também afetados arduamente pela pandemia, face a impossibilidade por longo período do exercício de sua atividade, faz-se necessário coadunar a base fática ora apresentada com o entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado nos autos da ADPF 672, que assegurou aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios liberdade para adotar medidas de combate à pandemia da Covid-19. A decisão, de relatoria do Min. Alexandre de Moraes, restou ementado com a seguinte redação, in verbis:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. PANDEMIA DO CORONAVÍRUS (COVID-19). RESPEITO AO FEDERALISMO. LEI FEDERAL 13.979/2020. MEDIDAS SANITÁRIAS DE CONTENÇÃO À DISSEMINAÇÃO DO VÍRUS. ISOLAMENTO SOCIAL. PROTEÇÃO À SAÚDE, SEGURANÇA SANITÁRIA E EPIDEMIOLÓGICA. COMPETÊNCIAS COMUNS E CONCORRENTES E RESPEITO AO PRINCÍPIO DA PREDOMINÂNCIA DO INTERESSE (ARTS. 23, II, 24, XII, E 25, § 1º, DA CF). COMPETÊNCIAS DOS ESTADOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS MEDIDAS PREVISTAS EM LEI FEDERAL. ARGUIÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. Proposta de conversão de referendo de medida cautelar em julgamento definitivo de mérito, considerando a existência de precedentes da CORTE quanto à matéria de fundo e a instrução dos autos, nos termos do art. 12 da Lei 9.868/1999. 2. A gravidade da emergência causada pela pandemia do coronavírus (COVID-19) exige das autoridades brasileiras, em todos os níveis de governo, a efetivação concreta da proteção à saúde pública, com a adoção de todas as medidas possíveis e tecnicamente sustentáveis para o apoio e manutenção das atividades do Sistema Único de Saúde, sempre com o absoluto respeito aos mecanismos constitucionais de equilíbrio institucional e manutenção da harmonia e independência entre os poderes, que devem ser cada vez mais valorizados, evitando-se o exacerbamento de quaisquer personalismos prejudiciais à condução das políticas públicas essenciais ao combate da pandemia de COVID-19. 3. Em relação à saúde e assistência pública, a Constituição Federal consagra a existência de competência administrativa comum entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23, II e IX, da CF), bem como prevê competência concorrente entre União e Estados/Distrito Federal para legislar sobre proteção e defesa da saúde (art. 24, XII, da CF),

(4)

permitindo aos Municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, desde que haja interesse local (art. 30, II, da CF); e prescrevendo ainda a descentralização político-administrativa do Sistema de Saúde (art. 198, CF, e art. 7º da Lei 8.080/1990), com a consequente descentralização da execução de serviços, inclusive no que diz respeito às atividades de vigilância sanitária e epidemiológica (art. 6º, I, da Lei 8.080/1990). 4. O Poder Executivo federal exerce o papel de ente central no planejamento e coordenação das ações governamentais em prol da saúde pública, mas nem por isso pode afastar, unilateralmente, as decisões dos governos estaduais, distrital e municipais que, no exercício de suas competências constitucionais, adotem medidas sanitárias previstas na Lei 13.979/2020 no âmbito de seus respectivos territórios, como a imposição de distanciamento ou isolamento social, quarentena, suspensão de atividades de ensino, restrições de comércio, atividades culturais e à circulação de pessoas, entre outros mecanismos reconhecidamente eficazes para a redução do número de infectados e de óbitos, sem prejuízo do exame da validade formal e material de cada ato normativo específico estadual, distrital ou municipal editado nesse contexto pela autoridade jurisdicional competente. 5. Arguição julgada parcialmente procedente. APDF 672, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Pub. DJE 29/10/2020.

Ao concluir o julgamento da decisão acima transcrita, o STF entendeu pela autonomia entre os entes federados para gerir a crise causada pela pandemia, ao que compete aos Municípios a adoção de medidas sanitárias de acordo com a situação local, tanto de distanciamento como de retorno paulatino das atividades.

Nesse sentido, o panorama de Imperatriz em muito já evoluiu. De um quase lockdown, com alta taxa de ocupação de leitos, a situação atual inspira otimismo. Dentre outros avanços, verifica-se que administração pública já retornou suas atividades presenciais (Dec. Municipal 130/2020), encontram-se em funcionamento, ainda que com a observância de diretrizes específicas, instituições de ensino de qualquer natureza, cultos, cinemas, apresentações teatrais, shows de médio porte, shopping

centers, centros comerciais, bares, restaurantes, academias e congêneres, e eventos esportivos e de

lazer.

As atividades acima elencadas foram liberadas pela publicação dos decretos municipais n.º 101/2020, 108/2020 e 121/2020, contra os quais, conforme consta dos autos, o Ministério Público Estadual não se insurgiu pontualmente, ao que, em nosso entendimento, teria anuído com a iniciativa da municipalidade. Desses normativos, destaco o Decreto n.º 108/2020, in verbis:

Art. 2º O art. 2º do Decreto nº 101 de 16 de setembro de 2020, passa a ter a seguinte redação: “Art. 2º Fica autorizada aos estabelecimentos que desempenham serviços não essenciais como bares, restaurantes, cinemas, e estabelecimentos comerciais congêneres, o aumento da lotação não

(5)

excedente a 70% (setenta por cento) da capacidade máxima de ocupação prevista no alvará de proteção e prevenção contra incêndio ou documento similar, revogando-se todas as disposições em contrário constantes no Decreto nº 60/2020, do Decreto 82 de 26 de julho de 2020, e do Decreto 69 de 26 de junho de 2020.”

Ora, como se vê já, se encontram em funcionamento nos limites do Município de Imperatriz todos os bares, cinemas, restaurantes e estabelecimentos comerciais congêneres que conseguiram permanecer de portas abertas mesmo durante esse duro período de pandemia. Ressalte-se que desses estabelecimentos, muitos deles funcionam em ambiente fechado e climatizado, que, sabidamente, são ambientes em que a transmissão do vírus seria, teoricamente, facilitada. Repise-se que, contra estes, o Ministério Público Estadual não se opôs.

Igualmente, se o Ministério Público tivesse por objetivo a revogação ou a declaração de inconstitucionalidade dos Decretos expedidos pelo Município réu, deveria este propor as medidas judiciais próprias para combatê-los, o que não o fez.

Assim, não se mostra razoável que seja vedada a realização de evento promovido pelo Município de Imperatriz, através da sua Fundação Cultural, denominado Prêmio Neném Bragança de Música (Edital n.º 005/2020), com propósito de fomentar a cultura e os artistas locais.

Ao que se observa da petição inicial, o evento será realizado na Beira-Rio de

Imperatriz, ambiente amplo e aberto, que permite aos munícipes o acompanhamento das atrações sem

a necessidade de aglomerações, permitindo razoável distância entre si.

Ademais, instado a ser manifestar, o Município de Imperatriz reiterou o anseio de realizar o evento então programado. Não só isso, apresentou balanço do atual momento da pandemia em relação ao seu início (doc. Id. 39510403 – Págs. 1/2), dos quais destaco os seguintes dados:

“1 – Redução de 92,25% do número de infectados confirmados com exames laboratoriais comprando dados em Junho e relação aos números de dezembro (até dia 25 de dezembro).

2 – Redução de 41,95% do número de casos confirmados com exames laboratoriais comparados com os números de Novembro em relação aos casos de dezembro até a presente data

(6)

(25 de dezembro).

3 – Redução de 90% da procura de pacientes com sintomas gripais nos ambulatórios Milton Lopes Bacuri e Vila Nova. Média atual de 8 pacientes dia nos ambulatórios com sintomas gripais.

4 – Redução da ocupação de leitos de UTI com ocupação abaixo de 15% de ocupação nos últimos 90 dias. Taxa de ocupação atual de 12,5% (apenas 01 paciente de Imperatriz em leito de UTI do Hospital de Campanha).

5 – Baixa ocupação dos leitos clínicos no hospital de campanha de Imperatriz em apenas 6% de ocupação – atendimento atual de pacientes das cidades de Amarante, Senador Larroque, Buritirana, Carolina, Estreito. Apenas 01 imperatrizense ocupando leito clínico no Hospital de Campanha. Demais Pacientes de municípios da Região.” (sic), grifei.

Não se quer dizer, de forma alguma, nesse contexto, que a pandemia de covid 19 acabou ou que o Município de Imperatriz não fora afetado. O que se infere, em verdade, é que, de acordo com dados do próprio Município, os casos foram mitigados e que, segundo seus próprios critérios e iniciativa, diversas atividades já puderam ser retomadas, e dessa feita, a realização do evento Virada Cultural de Final de Ano seria possível e segura.

Por fim, observe-se que iniciativas como a dos autos já foram proposta anteriormente, mormente pela Defensoria Pública Estadual, que nos autos do processo n.º 0806099-76.2020.8.10.0040 teve negada o pedido de tutela de urgência para ser decretado lockdown na cidade de Imperatriz, decisão esta que fora confirmada pelo Eg. Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão e encontra-se estabilizada.

Por todo o exposto e fundamentado, e porque ausentes os requisitos necessários,

INDEFIRO A TUTELA DE URGÊNCIA, nos termos do art. 300 e seguintes do Código de Processo Civil.

Intimem-se as partes. Citem-se os réus para, no prazo de 30 dias, querendo, contestarem os termos da ação. Com o fim do período de plantão, distribua-se a 2ª Vara da Fazenda Pública de Imperatriz. Intime-se e cumpra-se, pelo meio mais expedito, servindo a presente decisão de mandado.

(7)

Juiz JOAQUIM da Silva Filho

Titular da 1ª Vara da Fazenda Pública Respondendo pelo Plantão

Referências

Documentos relacionados

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

No capítulo seguinte será formulado o problema de programação não linear e serão apresentadas as técnicas de penalização para tratar os problemas com restrições gerais

Além disso, o óxido nítrico está envolvido com a formação da placa aterosclerótica e desenvolvimento de doenças cardiovasculares, e seus níveis circulantes estão relacionados

a) AHP Priority Calculator: disponível de forma gratuita na web no endereço https://bpmsg.com/ahp/ahp-calc.php. Será utilizado para os cálculos do método AHP

O objetivo deste trabalho foi realizar o inventário florestal em floresta em restauração no município de São Sebastião da Vargem Alegre, para posterior

da Bahia estão em estruturação e que o São Francisco é muito importante para o estado. Informa ainda sobre reunião da CTPPP

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em