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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Espírito Santo

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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL

Seção Judiciária do Espírito Santo

4ª VARA FEDERAL CÍVEL Ação Ordinária nº 0011178-29.2013.4.02.5001

Autor: CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL – CRESS – 17ª REGIÃO/ES Réu: ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Juiz Federal: Dr. RICARLOS ALMAGRO VITORIANO CUNHA

Sentença Tipo A

SENTENÇA

Trata-se de Ação Ordinária ajuizada pelo CONSELHO REGIONAL DE

SERVIÇO SOCIAL – CRESS – 17ª REGIÃO/ES em face do ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, objetivando a condenação da ré a adequar a jornada de trabalho

prevista para o cargo Assistente Social no Edital nº 1 – SESA/ES, de 20 de fevereiro de 2013 (item 2.1, “Cargo 54: Assistente Social”) ao limite legal de 30 (trinta) horas semanais, nos termos do art. 5º-A da Lei nº 8.662/1993, acrescentado pela Lei nº 12.317/2010, bem como de ajustar a carga horária dos profissionais porventura já nomeados à regra legal.

Aduz o autor que o réu publicou o Edital nº 01-SESA/ES, de 20/02/2013, deflagrando o concurso para provimento de vagas e formação de cadastro reserva do quadro de pessoal da Secretaria de Estado da Saúde, destinando 63 (sessenta e três) vagas ao cargo de Assistente Social, com jornada de trabalho semanal de 40 horas, em desacordo com a Lei nº 8.662/1993 c/c Lei nº 12.317/2010, que fixa a jornada do assistente social em 30 horas semanais.

Às fls.118/123, foi deferida a antecipação dos efeitos da tutela e determinada a citação da ré.

O Estado do Espírito Santo apresentou contestação às fls.161/165, sustentando a impossibilidade do Poder Judiciário alterar os critérios estabelecidos no edital, enquadrados no mérito administrativo.

Réplica às fls.170/179.

Intimadas as partes para especificarem provas (fl.181), a parte autora informou que não pretende produzi-las (fl.184) e o Estado do Espírito Santo requereu o saneamento do processo, com a fixação dos pontos controvertidos, para que, somente após, seja facultado às partes o requerimento de provas (fls.185/188).

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Ação Ordinária nº 0011178-29.2013.4.02.5001 É o relatório.

A despeito do alegado pelo réu às fls.185/188, cabível o julgamento antecipado da lide, em consonância com o artigo 330, I, do Código de Processo Civil. É que a questão controvertida diz respeito tão somente à possibilidade ou não de majoração da jornada de trabalho fixada em lei especial para os Assistentes Sociais, bem como a legalidade do ato perpetrado pela Estado do Espírito Santo ao elaborar o regramento contido no edital regulador do certame em epígrafe.

Como relatado, cinge-se a pretensão autoral à adequação do Edital nº 1/13 do SESA/ES, de 20/02/2013, especificamente o seu item 2.1 (Cargo 54: Assistente Social), tendo em vista a previsão no dito instrumento de jornada de trabalho de 40 (quarenta) horas semanais pelo profissional Assistente Social, ao passo que a Lei 8.662/1993, que regulamenta que a referida profissão, prevê uma jornada máxima de 30 (trinta) horas semanais de trabalho.

Pois bem, a Lei nº 8.662/93, dispõe, em seu art. 5º-A:

Art. 5º-A. A duração do trabalho do Assistente Social é de 30 (trinta) horas semanais. (Incluído pela Lei nº 12.317, de 2010).

O aludido diploma legal dispõe sobre a profissão de assistente social no território nacional. Sendo assim, decorre do exercício da competência legislativa privativa da União, prevista no artigo 22, inciso XVI, da Constituição da República de 1988:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: [...]

XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;

Em vista desta circunstância, impõe-se reconhecer que a Lei nº 8.662/93 representa lei nacional, ou seja, não foi promulgada para apenas tratar de aspectos referentes ao ente federado União. Pelo contrário, impôs regramento que tem como destinatário todos os entes políticos da República Federativa do Brasil, devendo ser respeitada não só pela União, como também pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios (além de suas respectivas entidades administrativas derivadas).

De notar-se ainda que a Lei nº 8.662/93 não trata apenas de relações de emprego regidas pela CLT. Como visto, sua finalidade é regulamentar aspecto referente às condições para o exercício da profissão de “Assistente Social”,

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legislando, portanto, nos moldes da competência privativa da União (art. 22, XVI, CR).

Ora, é evidente que os Estados, conforme os art. 18 e 39 da CR/88 têm autonomia para estabelecer as regras relativas ao regime jurídico-administrativo dos seus servidores. Contudo, esta liberdade deve ser praticada dentro dos limites constitucionais aplicáveis a cada caso, sob pena de flagrante desrespeito à Lei Fundamental do Estado Brasileiro.

Neste ponto, não se trata propriamente de uma interferência da lei federal mencionada no regime jurídico aplicável aos servidores do Estado. Na realidade, a regulamentação estadual quanto à carga horária do servidor deve respeitar as regras estabelecidas para o exercício nacional de cada profissão.

Desta forma, o art. 5º-A da Lei 8.662/1993 não viola a autonomia do Estado do Espírito Santo, muito menos provoca ingerência no seu regime jurídico. Com efeito, a influência que o mencionado dispositivo tem sobre este regime é apenas uma decorrência lógica da competência legislativa que foi exercida para a sua criação e da compatibilidade que deve haver entre os regramentos. Ou seja, conforme afirmado alhures, a legislação criada no exercício da competência privativa da União constitui uma fronteira material a ser respeitada pelo Estado no exercício de sua autonomia político-administrativa (o que inclui a fixação de seu regime jurídico). Destarte, a regra que estipula um determinado regime jurídico para servidores estaduais deve ser compatível com os dispositivos relativos às condições fixadas nacionalmente para o exercício de certa profissão.

Reafirmo que a competência legislativa envolvida na questão – fixação da jornada de trabalho para a profissão de “Assistente Social” – é a definida no art. 22, XVI, da Carta Magna, não podendo sucumbir ao edital deflagrado pelo Estado.

Por todas essas razões, o art. 5º-A da Lei nº 8.662/93 deve ser respeitado pelo Estado do Espírito Santo na admissão de Assistentes Sociais ao seu quadro de servidores.

Em consonância com tal entendimento, segue precedente do TRF-2ª Região:

ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. ASSISTENTE SOCIAL. LEI Nº 12.317/2010. LEI Nº 8.662/93 (JORNADA DE TRABALHO PARA 30 HORAS SEMANAIS). CONCURSO PÚBLICO. JORNADA DE TRABALHO DE 40 HORAS SEMANAIS. FIXADA EM EDITAL. ILEGALIDADE. 1. Sentença que concedeu a segurança pleiteada na

inicial para determinar que a UFES proceda à imediata adequação da jornada máxima de trabalho semanal dos profissionais Assistentes Sociais, estabelecida no item 2 do Edital nº 041/2011,

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nos termos do art. 5º-A da Lei nº 8.662/93, incluído pela Lei nº 12.317/2010 (30 horas semanais). 2. A Lei nº 8.662/93, que dispõe sobre a profissão do Assistente Social, e que em seu art. 7º determina que o objetivo básico da dita autarquia é “disciplinar e defender o exercício da profissão de Assistente Social em todo o território nacional”. Desta forma, o CRESS é legítimo para figurar no polo ativo desta ação mandamental, por constituir entidade de classe e por ter como objetivo defender o exercício da profissão do Assistente Social, como afirmado acima. 3. A Lei nº 8.662, de 07 de Junho de 1993, traz, em seu art. 5º-A, o seguinte conteúdo: “Art. 5o-A. A duração do trabalho do Assistente Social é de 30 (trinta) horas semanais.” (Incluído pela Lei nº 12.317, de 2010). A simples leitura do preceito contido no dispositivo acima não deixa qualquer margem de dúvida em relação à carga horária a que os ditos profissionais devem ser submetidos, a saber, 30 horas semanais. 4. As regras constantes no edital do concurso devem se coadunar às regulamentações legais específicas ao cargo que se pretende preencher por meio desse procedimento, sob pena de restar infringido o princípio da legalidade. Se a Lei nº 8.662/934 reconhece a carga máxima de trabalho de 30 horas semanais para os profissionais em tela, não pode uma norma editalícia estabelecer de forma diversa. 5. Conquanto a Administração tenha certa discricionariedade na elaboração de normas destinadas à realização de concursos públicos, é imprescindível que tais ações estejam de acordo com a legislação que rege a atividade pública, não podendo, assim, ato normativo infralegal contrariar a orientação derivada da lei. 6. Havendo lei especial regulamentando a matéria atinente à carga horária dos Assistentes Sociais, não pode a Administração agir desconforme o regramento estabelecido, sob pena de desobediência ao princípio constitucional da legalidade ao qual está vinculada (art. 37, caput, CR/88). 7. A própria legislação que trata dos servidores públicos federais (Lei nº 8112/90) dispõe no §2º do art. 19 que a duração do trabalho prevista neste artigo não é aplicada no caso de já existir previsão da jornada de trabalho em lei específica da categoria. 8. Apelação e remessa necessária desprovidas. Sentença mantida.

(APELRE 201150010115085, Desembargador Federal ANTONIO HENRIQUE C. DA SILVA, TRF2 - QUINTA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data::04/02/2014.)

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, nos termos do art. 269, I, do CPC, para determinar ao réu que proceda à imediata adequação da jornada de trabalho prevista para o cargo de Assistente Social no Edital nº 1 – SESA/ES, de 20 de fevereiro de 2013 ao limite de 30 (trinta) horas semanais,

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conforme estabelecido no art. 5º-A da Lei nº 8.662/1993, estendendo os efeitos do presente decisum a todos os assistentes sociais aprovados e eventualmente nomeados no referido certame.

Custas ex lege. Condeno o réu ao pagamento de honorários advocatícios que ora arbitro em R$2.000,00 (dois mil reais), com fulcro no art.20, §4º do CPC.

Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se.

P. R. I.

Vitória/ES, 10 de março de 2015.

Ricarlos Almagro Vitoriano Cunha JUIZ FEDERAL

Titular da 4ª Vara Federal Cível

[Assinado eletronicamente, na forma da Lei nº 11.419/2006 e Provimento nº 58, de 19.06.2009 da Corregedoria Regional da Justiça Federal da 2ª Região]

AVISO: Este processo tramita por meio eletrônico. O advogado que se credenciar através do website da Justiça Federal do Espírito Santo (www.jfes.jus.br) e, após, dirigir-se pessoalmente a qualquer Vara ou Juizado Federal munido do termo de credenciamento e documento de identidade para validação, poderá usufruir de benefícios de acesso a todas as peças, bem como a possibilidade de peticionar eletronicamente, sem a necessidade de comparecer a Secretaria da Vara ou Juizado.

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