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PERCEPÇÃO DO CONSUMO DE ÁLCOOL COMO UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA NA CIDADE DE MAPUTO: variação sócio-espacial e factores influentes

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Rev. cient. UEM: Sér. ciênc. soc.. Vol. 1, No 2, pp 37-53, 2019

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PERCEPÇÃO DO CONSUMO DE ÁLCOOL COMO UM PROBLEMA

DE SAÚDE PÚBLICA NA CIDADE DE MAPUTO: VARIAÇÃO

SÓCIO-ESPACIAL E FACTORES INFLUENTES

Boaventura Cau1, Carlos Arnaldo1, Milton Sengo1, Joaquim Maloa2

1Universidade Eduardo Mondlane - UEM, Moçambique, 2Centro de Pesquisa em População e Saúde - CEPSA, Moçambique

Resumo:O consumo excessivo de álcool é um factor de risco de saúde e está ligado a problemas sociais tais como acidentes de viação, violência e prática de crimes. Embora o consumo de álcool seja comum em Moçambique, são raros estudos que procuram avaliar as percepções do público sobre esse comportamento. Usando dados secundários de uma amostra representativa dos residentes do município de Maputo (N=1631), este estudo emprega técnicas de análise estatística descritiva e de regressão logística multinível para avaliar a variação espacial do nível de percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública no território municipal, assim como os factores socioeconómicos que influenciam tal variação. Os resultados indicam que o consumo de álcool é percebido como um problema de saúde pública em todo o município de Maputo. Contudo, o nível dessa percepção varia entre os distritos municipais. Essa variação é explicada por factores socioeconómicos que caracterizam os distritos municipais.

Palavras-chave: Consumo de álcool, Moçambique, saúde pública, percepções

PERCEPTION OF ALCOHOL CONSUMPTION AS A PUBLIC

HEALTH PROBLEM IN MAPUTO CITY: SOCIO SPATIAL

VARIATION AND INFLUENCING FACTORS

Abstract: Excessive alcohol consumption is a health risk factor linked with social problems such as road accidents,

violence and crime. Although alcohol consumption is common in Mozambique, studies assessing public perceptions about this behavior are scarce. Using secondary data from a representative sample of residents of Maputo municipality (N=1631), this study employs descriptive and multilevel logistic regression statistical analysis techniques to assess spatial variation of the level of perception of alcohol consumption as a public health problem in the municipal area, as well as socioeconomic factors that influence that variation. The results indicate that alcohol consumption is perceived as a public health problem in the entire Maputo municipality. However, the level of that perception varies across municipal districts. This variation is explained by socioeconomic factors that characterize the municipal districts.

Keywords: Alcohol consumption, Mozambique, public health, perceptions

____________________________________

Correspondência para: (correspondence to:) boaventura.cau@uem.ac.mz

INTRODUÇÃO

O consumo excessivo de álcool é um factor de risco de saúde, sendo responsável por cerca de 3,3 milhões de mortes por ano em todo o mundo (WHO, 2018). O consumo excessivo de álcool com regularidade eleva a pressão arterial (CHEN et al., 2008; ROERECKE et al., 2017), e pode contribuir

em cerca de 16% no risco de ocorrência de hipertensão arterial (PUDDEY e BEILIN, 2006, p.847). O mesmo está associado à ocorrência de doenças de fígado (WHO, 2014, 2018), certos tipos de cancros (BOFFETTA et al., 2006; WHO, 2018) e à redução de imunidade do organismo (COOK, 1998), o que pode provocar o agravamento do estado da síndrome de

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38 imunodeficiência adquirida (SIDA) em indivíduos com esta doença (SHUPER et

al., 2010). Para além de estar ligado à

ocorrência ou agravamento de certas doenças, o consumo excessivo de álcool é também causador de acidentes pessoais (WHO, 2014, 2018), acidentes de viação (OBOT, 2006) e crimes de diversa natureza (OBOT, 2006; de ALMEIDA, PASA e SCHEFFER, 2008). Porém, a Organização Mundial de Saúde indica que muitas pessoas não têm conhecimento de riscos de ocorrência ou agravamento de certas doenças associados ao consumo excessivo de álcool (WHO, 2014).

Em Moçambique, o consumo de bebidas alcoólicas é uma prática comum. Um inquérito realizado em 2005 que abarcou uma amostra representativa de 3265 moçambicanos com idade de 25 a 64 anos, revelou que 28,9% de mulheres e 57,7% de homens eram consumidores actuais de álcool (PADRÃO et al., 2011a). O mesmo estudo constatou que dos consumidores actuais de álcool, cerca de 25,9% de mulheres e 18,7% de homens normalmente tinham consumido bebidas alcoólicas acima da média recomendada por dia1no ano

anterior ao inquérito (PADRÃO et al., 2011a:90).Mais ainda, cerca de 4,5% de mulheres e 9,2% de homens reportaram ter tido uma bebedeira extremamente excessiva (bingedrinking) em pelo menos 3 dias da semana anterior à data do inquérito, o correspondente a 4 unidades-padrão para as mulheres e 5 para os homens (ibid.). Recentemente, um estudo realizado na província da Zambézia estimou uma prevalência do consumo perigoso de bebidas alcoólicas entre as mulheres chefes de família naquela província em cerca de 5,1% (WAINBERG et al., 2018). As autoridades de saúde de Moçambique já consideram o consumo excessivo de álcool como sendo um problema de saúde pública (OMS-MOÇAMBIQUE, 2011). O Instituto Nacional de Estatística estimou que entre 2011 e 2015 registaram-se, em média, cerca de 2000 acidentes de viação por ano em Moçambique (INE, 2016), sendo a

condução em estado de embriaguez uma das principais causas desses acidentes (OMS-MOÇAMBIQUE, 2011).

Apesar de as autoridades de saúde de Moçambique considerarem o consumo excessivo de álcool como um problema de saúde pública (OMS-MOÇAMBIQUE, 2011), pouco se sabe sobre o nível dessa percepção entre os cidadãos moçambicanos e a possível influência da área geográfica e das características socioeconómicas no nível de percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública. A percepção de um fenómeno como um problema é considerada como sendo necessária, mesmo que não suficiente, para uma mudança de comportamento sobre o mesmo (MACINTYRE et al., 2004; AGADJANIAN, ARNALDO e CAU, 2011). No presente estudo, avalia-se a variação espacial do nível de percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública no município de Maputo, assim como os factores socioeconómicos que influenciam tal variação. Uma busca nos principais motores de disponibilização de literatura, parece apontar para a existência de poucos estudos científicos publicados sobre o consumo de álcool em Moçambique (PADRÃO et al., 2011a; PADRÃO et al., 2011b; CANDA, 2014). Por isso, não obstante o facto de este estudo se restringir ao município de Maputo, acredita-se que os seus resultados contribuam para alargar o corpo de literatura disponível para o aprofundamento do nível de entendimento do fenómeno de consumo de álcool em Moçambique.

CONTEXTO E HIPÓTESES

Esta secção oferece uma base contextual para o entendimento da relação entre factores socioeconómicos e a variação geográfica do nível de percepção do consumo de álcool nas áreas urbanas. O primeiro aspecto importante a considerar é que estudos anteriores verificaram que em muitas situações, as percepções sobre um fenómeno têm a sua origem na ocorrência

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39 ou manifestação do mesmo. Por exemplo, em estudos sobre a percepção do risco de cheias e adopção de comportamento preventivo, constatou-se que indivíduos e comunidades que tinham tido experiência de cheias, possuíam uma elevada percepção do risco das mesmas (BOTZEN, AERTS e van den BERGH, 2009; BUBECK, BOTZEN e AERTS, 2012). Um outro estudo sobre saúde e percepção dos residentes sobre o meio ambiente local (SOOMAN e MACINTYRE, 1995) investigou a correspondência entre as percepções dos indivíduos entrevistados sobre as características das suas áreas de residência com o que já se sabia sobre os atributos das mesmas áreas. Duma maneira geral, os autores encontraram que os residentes das áreas geográficas socialmente mais avantajadas apresentavam uma percepção positiva sobre as suas áreas e os das áreas mais carência da suma percepção negativa (SOOMAN e MACINTYRE, 1995, p.22). Nesta base, pode-se esperar que o padrão de percepção do nível de consumo de álcool numa dada área geográfica seja, em larga medida, reflexo do nível de consumo de álcool que, na prática, ocorre nessa área.

O segundo aspecto importante a considerar nesta secção é a identificação de possíveis factores socioeconómicos de áreas geográficas urbanas que poderiam provocar uma variação espacial do nível de consumo de álcool. A diversidade entre áreas geográficas urbanas em termos de níveis de desemprego é apontada em estudos realizados em países desenvolvidos como um factor diferenciador dos níveis de consumo de álcool das mesmas. Karvonen e Rimpela (1997) em seu estudo realizado na cidade de Helsínquia na Finlândia, revelaram que adolescentes de distritos com níveis prolongados de desemprego apresentavam um nível elevado de consumo de álcool. Karvonen e Rimpela (1997) consideram que em áreas urbanas onde o desemprego é elevado o consumo de álcool pode ter maior aceitação. O Inquérito Integrado à Força de Trabalho em

Moçambique realizado entre 2004 e 2005, indicou que a cidade de Maputo tinha uma taxa de desemprego de cerca de 40% (INE, 2006, p.46) e é possível que essa taxa varie entre os distritos municipais. Por isso, existe a possibilidade de que a variação de níveis de desemprego entre áreas geográficas urbanas do Município de Maputo também seja um factor importante na diferenciação de padrões de consumo de álcool neste município.

A variação da posição socioeconómica entre áreas geográficas urbanas é tida também como um factor importante. Apesar de serem baseados em países desenvolvidos, alguns estudos constataram que a forma de consumo de álcool nas áreas urbanas pobres tem sido prejudicial à saúde (CERDÁ et al., 2010). Cerdá e colegas constataram que a residência numa área urbana pobre esteve significativamente associada ao consumo excessivo de álcool – expresso através de ingestão de elevado número de unidades de bebida por episódio de consumo (CERDÁ

et al., 2010). Mesmo que as pessoas de áreas

geográficas urbanas economicamente avantajadas tenham mais poder de adquirir bebidas, é muito provável que essas pessoas possuam mais informação sobre os riscos de consumo excessivo de álcool (LINK e PHELAN, 1995). Pelo contrário, as pessoas pobres nas áreas urbanas, com seus poucos recursos, muitas vezes estão expostas a bebidas de baixo custo, mas com alto teor de álcool. As áreas geográficas urbanas economicamente carenciadas podem também registar um padrão de consumo excessivo de álcool devido ao facto de serem compostas por indivíduos com um peso desproporcionalmente maior de vivências stressantes que conduzem ao consumo excessivo de álcool como forma de “automedicação” (BOARDMAN et al., 2001, p.152; CERDÁ et al., 2010, p.7). As condições ambientais das áreas geográficas em que os indivíduos vivem são igualmente consideradas como tendo influência sobre a probabilidade de consumo excessivo de álcool. Jitnarin et al.

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40 (2015) reportaram que os indivíduos masculinos que tinham percepções negativas sobre as condições ambientais das áreas de sua residência tinham um consumo excessivo de álcool. Estes autores argumentam que condições ambientais (por exemplo, fraco saneamento do meio, falta de recursos básicos, maior prevalência de consumo de drogas e vandalismo) podem provocar stress levando os indivíduos afectados a consumir excessivamente o álcool como um meio de escape. Constatações similares foram reportadas em outros estudos incluindo sobre indivíduos de sexo feminino (KUIPERS et al., 2012). Nesta linha, pode-se esperar que haja diferenças nos níveis de consumo de álcool entre áreas geográficas urbanas devido a diferenças entre as mesmas em termos de condições ambientais.

Outro factor que tem sido ligado à variação geográfica de nível de consumo de álcool é a instabilidade residencial (LESLIE et al., 2015). Argumenta-se que em áreas geográficas caracterizadas por uma elevada instabilidade residencial, as ligações entre os residentes reduzem, o que por sua vez diminui a força dos mecanismos informais de controlo social aos comportamentos desviantes, tais como o consumo excessivo de álcool (LESLIE et al., 2015). Considera-se que a chegada de novos vizinhos, por exemplo, poderá significar o estabelecimento de relações de vizinhança difíceis e forçadas, podendo pôr em causa os contactos e ligações entre os mesmos (SALIHA, 2011). Assim, áreas geográficas com elevada instabilidade residencial poderão possuir um padrão de consumo excessivo de álcool em comparação com as áreas geográficas com estabilidade residencial.

Estudos anteriores observaram também que o nível de consumo de álcool varia com as características individuais tais como o sexo (PADRÃO et al., 2011a; CARDOSO, MELO e CESAR, 2015), a idade (PADRÃO

et al., 2011a; BARNES et al., 2013;

JITNARIN et al. 2015),a inserção no

mercado de trabalho (MOURA e MALTA, 2011; CARDOSO et al., 2015) e o nível de escolaridade (PADRÃO et al., 2011a; CARDOSO, MELO e CESAR, 2015). Uma variação entre áreas geográficas urbanas na composição de seus membros segundo estas características poderá estar associada a níveis diferenciados de consumo de álcool (KULU, BOYLE e ANDERSSON, 2009; KULU, 2013). Em resumo, neste estudo espera-se determinar os níveis e factores de variação da percepção de consumo de álcool como um problema de saúde pública entre os distritos do Município de Maputo. Considerando que as percepções sobre o consumo de álcool numa área geográfica poderão ter origem no nível de ingestão do mesmo (BUBECK, BOTZEN e AERTS, 2012; SOOMAN e MACINTYRE, 1995), e devido a uma possível ligação entre os factores socioeconómicos e o nível de consumo de álcool numa certa área geográfica, espera-se igualmente que os factores socioeconómicos que caracterizam os distritos municipais de Maputo exerçam uma influência na produção de padrões espaciais distintos em termos de níveis de percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública.

METODOLOGIA Dados

Neste estudo usaram-se dados secundários do inquérito “Barómetro de Saúde: Práticas Individuais e Comunitárias de Promoção da Saúde na Cidade de Maputo” realizado pelo Centro de Pesquisa em População e Saúde (CEPSA), em 2015. A pesquisa dentro da qual se realizou o inquérito foi aprovada pelo Comité Nacional da Bioética para a Saúde de Moçambique (IRB00002557) (ARNALDO et al., 2015). A amostra do inquérito foi probabilística e representativa da população do Município de Maputo, excluindo os distritos de KaNyaka e KaTembe (ARNALDO et al., 2015). O estudo recolheu dados sobre 1768 indivíduos de 18 anos ou mais de idade (ibid.). Os dados recolhidos pelo estudo

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41 abarcaram vários tópicos incluindo sobre as características socioeconómicas do agregado familiar e do indivíduo entrevistado, a percepção sobre o estado de saúde individual e comunitário, o consumo de álcool e de drogas. Mais informação sobre este inquérito pode ser obtida do seu relatório principal (ARNALDO et al., 2015). Neste estudo, foram usados dados de 1631 indivíduos de ambos sexos que tinham informação completa em todas as variáveis de interesse.

Medidas

A variável dependente ou de resultado neste estudo expressa se o consumo de álcool é percebido como um problema de saúde pública. A mesma é baseada na pergunta: “Na sua opinião, quais são os três principais problemas de saúde na sua comunidade?”. Os indivíduos que apontaram o “consumo de álcool” como um dos três principais problemas de saúde da comunidade foram considerados como reconhecendo o consumo de álcool como um problema de saúde pública.

A principal variável independente para prever o nível de percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública é a área geográfica de residência do entrevistado (ou entrevistada). A área geográfica de residência dos entrevistados (distrito municipal) tem 5 categorias que

são: KaMpfumu (a referência),

N’Xhlamankulu, KaMaxakeni, KaMavota ou KaMbukwani. Outras variáveis independentes relevantes procuram medir as características socioeconómicas dos entrevistados, dos seus agregados familiares e das áreas geográficas de sua residência (bairros), dentro de cada distrito municipal. As características das áreas geográficas de residência dos entrevistados consideradas no estudo são aquelas que a literatura considera como sendo relevantes para a distribuição espacial dos padrões de consumo de álcool. O nível de desemprego é medido através da percentagem de entrevistados na área de enumeração que

estavam na condição de desempregados na altura do inquérito.

A medição da posição socioeconómica da área de enumeração considera duas medidas: a percentagem de agregados familiares na área de enumeração chefiados por mulheres e a percentagem de agregados familiares na área de enumeração que usam uma retrete com autoclismo (sendo que quanto maior for a percentagem de agregados familiares com autoclismo, maior será a posição socioeconómica da área). As condições ambientais na área geográfica são medidas com recurso à percentagem de agregados familiares na área de enumeração que consideram o nível de saneamento do meio como um problema de saúde na sua comunidade e, a percentagem de agregados familiares na área de enumeração que consideram que o consumo de drogas é um problema de saúde da comunidade. O nível de instabilidade residencial da área geográfica é medido através da percentagem de entrevistados que residem na área de enumeração há menos de 5 anos da data da entrevista.

Assumindo que o nível de consumo de álcool numa área geográfica pode afectar o grau de percepção do nível de ingestão de bebidas alcoólicas nessa área (BUBECK, BOTZEN e AERTS, 2012; SOOMAN e MACINTYRE, 1995), a percentagem de indivíduos que normalmente ingerem 5 bebidas ou mais nos dias que consomem bebidas alcoólicas e a percentagem de indivíduos que nunca consumiram bebidas alcoólicas também foram incluídas como variáveis independentes.

A literatura sobre a associação entre as características das áreas geográficas e padrões espaciais de comportamentos ou práticas da população (KULU, BOYLE e ANDERSSON, 2009; KULU, 2013), considera que a concentração em certas áreas geográficas de indivíduos com certos atributos pode gerar variação de padrões espaciais de tais comportamentos ou práticas da população. Por isso, foram incluídas variáveis individuais e do

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42 agregado familiar das pessoas entrevistas. Essas variáveis incluem a idade do entrevistado [com quatro categorias – 18 a 24 anos (a referência), 25 a 34 anos, 35 a 49 anos e 50 anos ou mais], o sexo (masculino é a referência), nível de escolaridade (sem educação escolar, primário, e secundário ou mais – a referência), ocupação do entrevistado (assalariado – a referência, empregado doméstico, estudante, outra ocupação, e desempregado), ingestão de bebidas alcoólicas por ocasião de consumo (nunca bebeu, consome 1 ou 2 bebidas, consome 3 ou 4 bebidas e consome 5 bebidas ou mais – que é a referência), tipo de casa de banho usada no agregado familiar (retrete com autoclismo – a referência, retrete sem autoclismo, latrina melhorada, e latrina não melhorada ou sem latrina), sexo do chefe de agregado familiar, estatuto migratório do entrevistado (migrante há menos de 5 anos versus não migrante ou migrante há 5 anos ou mais – a referência).

Análise dos dados

Os dados foram preparados e analisados em Stata versão 14, empregando-se técnicas de estatística descritiva e a regressão logística multinível. Na análise de regressão logística multinível efectuada, o nível 1 é formado pelos indivíduos e o nível 2 pela área de sua residência. A regressão logística multinível foi escolhida dado que ela reduz o viés que

pode advir do facto de indivíduos residentes numa mesma área geográfica partilharem certas características (STEELE, 2010). O estudo apresenta quatro modelos analíticos de regressão logística multinível. O primeiro modelo avalia apenas a influência do distrito municipal na percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública no Município de Maputo. O segundo modelo adiciona as características individuais dos entrevistados. O terceiro modelo examina a influência do distrito municipal tendo em conta a natureza das características dos agregados familiares dos entrevistados e das áreas geográficas (bairros) de sua residência. Por fim, o quarto modelo avalia o efeito da residência num certo distrito municipal ajustando por todas as variáveis consideradas no estudo.

RESULTADOS

A Figura 1 apresenta a variação distrital do nível de percepção do consumo de bebidas alcoólicas como um problema de saúde pública no município de Maputo. Observa-se que o distrito municipal N'Xhlamankulu (75%) apresenta o nível mais elevado de consideração do consumo de álcool como um problema de saúde pública, seguido de KaMavota (55%) e KaMfumu (50%). Os restantes distritos (KaMaxakeni e KaMubukwani) apresentam o mesmo nível – cerca de 44%.

FIGURA 1. Variação distrital do nível de percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública na Cidade de Maputo, em percentagem.

0 10 20 30 40 50 60 70 80

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43 A Tabela 1 apresenta resultados descritivos com enfoque em características seleccionadas dos entrevistados, seus agregados familiares e áreas geográficas de sua residência. Ao nível bi-variado, a percepção do consumo de drogas como um problema da comunidade é a única característica significativamente associada com a percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública em todos os distritos municipais. No distrito municipal KaMfumu, o nível de escolaridade, a ocupação e o tipo de casa de banho do agregado familiar são outras características com uma relação estatisticamente significativa com a percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública. Por exemplo, indivíduos sem nenhum nível de escolaridade tendem a acreditar mais que o consumo de álcool é um problema de saúde pública (87,5%) em comparação com aqueles com o nível secundário ou mais (39,7%) no distrito KaMfumu (Tabela 1). No distrito municipal N'Xhlamankulu, outras características que apresentam uma relação estatisticamente significativa com a percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública são o sexo do entrevistado, o tipo de casa de banho usada no agregado familiar e o sexo do chefe do agregado familiar. Já no distrito municipal KaMaxakenia ocupação do entrevistado e o tipo de casa de banho usada no seu agregado familiar é que têm uma relação estatisticamente significativa com a percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública. Enquanto em KaMavota, apenas a ocupação do entrevistado é que é a outra característica com uma relação estatisticamente significativa com a percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública (p<0,05, Tabela 1).

A Tabela 2 apresenta características socioeconómicas adicionais dos bairros de residência dos entrevistados. Duma maneira geral, a Tabela 2revela uma diferenciação entre os distritos municipais em termos de condições socioeconómicas. A mesma

indica também uma considerável dispersão do nível de certas características (por exemplo, percentagem de agregados familiares com retrete com autoclismo) dentro de cada distrito municipal (Tabela 2). Os resultados da análise multivariada são apresentados na Tabela 3 e estão dispostos em forma de coeficientes de regressão logística multinível. Um coeficiente com sinal positivo significa que o efeito do factor eleva a probabilidade de considerar o consumo de álcool como um problema de saúde pública num distrito municipal de Maputo. No Modelo 1, compara-se a percepção dos entrevistados do distrito municipal KaMfumu com a opinião dos residentes dos outros distritos municipais.

Encontrou-se uma diferença

estatisticamente significativa entre os residentes do distrito municipal N’Xhlamankulue os de KaMfumu, com os de N’Xhlamankulu a apresentar uma maior probabilidade de considerar o consumo de álcool como um problema de saúde pública. Entre o distrito municipal KaMfumu e os outros distritos (KaMaxakeni, KaMavota e KaMubukwani), não foram detectadas diferenças estatisticamente significativas em termos de consideração do consumo de álcool como um problema de saúde pública. No Modelo 2 em que se acrescentam as características individuais dos entrevistados, os resultados encontrados são

substancialmente similares aos do Modelo 1. Contudo, o coeficiente do distrito municipal N’Xhlamankulu reduz ligeiramente a sua magnitude. No Modelo 2, observa-se também alguma associação entre a idade, o sexo e a ocupação dos entrevistados com a percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública. Em particular, em comparação aos entrevistados de 18 a 24 anos, os de 35 a 49 anos, de uma forma estatisticamente significativa, tendem a não considerar o consumo de álcool na sua comunidade como um problema de saúde pública. Os empregados domésticos, os estudantes e os desempregados, de uma forma

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44 estatisticamente significativa, também tendem a ter uma menor percepção de que o consumo de álcool é um problema de saúde

pública nas suas comunidades em comparação com os assalariados.

TABELA 1. Características socioeconómicas seleccionadas dos entrevistados, do seu agregado familiar e da área de sua residência por distrito municipal, Barómetro de Saúde 2015, Maputo Cidade, Moçambique

Variável Consumo de álcoolé um problema de saúde pública (em percentagem) KaMfumu p N'Xhlamankulu p KaMaxakeni p

Idade 0,26 0,48 0,12 18 - 24 Anos 52,5 83,1 36,6 25 - 34 Anos 52,9 72,3 47,7 35 - 49 Anos 38,0 74,4 37,0 50 Anos ou mais 55,9 74,0 51,7 Sexo 0,57 0,05 0,21 Feminino 48,1 70,5 40,2 Masculino 52,1 80,6 47,0 Nível de escolaridade 0,00 0,98 0,67

Sem educação escolar 87,5 74,1 40,9

Primário 80,5 75,7 42,3 Secundário ou mais 39,7 75,2 46,8 Ocupação 0,04 0,22 0,03 Assalariado 40,9 78,1 51,7 Empregado doméstico 57,1 63,3 43,6 Estudante 38,6 84,9 38,9 Outra ocupação 64,5 76,0 44,6 Desempregado 57,1 75,0 13,6 Estatuto migratório 0,12 0,28 0,08

Migrante há menos de 5 anos 27,3 83,3 25,0

Não-migrante ou migrante há mais de 5 anos 51,3 74,4 44,9 Número de bebidas normalmente consumidas

por dia 0,83 0,10 0,83

Nunca bebeu 48,1 70,4 46,1

1 ou 2 bebidas 53,3 80,0 42,9

3 ou 4 bebidas 46,4 86,4 39,1

5 bebidas ou mais 55,6 72,9 41,5

Tipo de casa de banho no AF 0,03 0,00 0,00

Retrete com autoclismo 47,0 62,5 30,9

Retrete sem autoclismo 84,6 87,1 54,0

Latrina melhorada 47,1 65,5 39,2

Latrina não melhorada ou sem latrina 100,0 71,4 20,0

Sexo do chefe do AF 1,00 0,03 0,86

Feminino 50,0 68,2 43,1

Masculino 50,0 79,6 44,1

Percepção sobre as condições de saneamento do

meio 0,10 0,21 0,30

Saneamento do meio é um problema 64,3 84,4 55,6

Saneamento do meio nãoé um problema 47,7 74,2 43,0

Percepção sobre o consumo de drogas 0,00 0,00 0,00

Consumo de drogas é um problema 88,4 89,2 77,4

Consumo de drogas nãoé um problema 39,5 71,3 40,2

N 200 288 332

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TABELA 1. Continuada.

Variável Consumo de álcoolé um problema de saúde pública (em percentagem) KaMavota p KaMubukwani p Idade 0,98 0,45 18 - 24 Anos 53,6 46,9 25 - 34 Anos 55,4 47,5 35 - 49 Anos 54,6 38,5 50 Anos ou mais 57,0 40,8 Sexo 0,15 0,97 Feminino 51,5 43,8 Masculino 58,8 43,9 Nível de escolaridade 0,44 0,06

Sem educação escolar 61,8 28,6

Primário 52,7 44,0 Secundário ou mais 54,7 47,6 Ocupação 0,05 0,11 Assalariado 65,6 54,1 Empregado domestico 54,1 39,2 Estudante 39,5 46,2 Outra ocupação 55,3 41,3 Desempregado 43,5 29,2 Estatuto migratório 0,61 0,21

Migrante há menos de 5 anos 50,0 55,6

Não-migrante ou migrante há mais de 5 anos 55,4 43,0 Número de bebidas normalmente consumidas por dia 0,45 0,41

Nunca bebeu 56,4 44,0

1 ou 2 bebidas 62,0 43,4

3 ou 4 bebidas 47,5 35,9

5 bebidas ou mais 52,9 50,0

Tipo de casa de banho no AF 0,78 0,41

Retrete com autoclismo 51,8 46,8

Retrete sem autoclismo 55,6 40,1

Latrina melhorada 58,0 43,8

Latrina não melhorada ou sem latrina 50,0 55,2

Sexo do chefe do AF 0,25 0,41

Feminino 59,0 41,4

Masculino 52,9 45,5

Percepção sobre as condições de saneamento do meio 0,99 0,09

Saneamento do meio é um problema 55,2 60,0

Saneamento do meio nãoé um problema 55,0 42,8

Percepção sobre o consumo de drogas 0,00 0,00

Consumo de drogas é um problema 90,0 79,3

Consumo de drogas nãoé um problema 53,2 41,2

N 396 415

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TABELA 2. Características socioeconómicas seleccionadas dos bairros de residência dos entrevistados por distrito municipal (media e desvio padrão), Barómetro de Saúde 2015, Maputo Cidade, Moçambique

Característica da áreageográfica KaMfumu N'Xhlamankulu KaMaxakeni KaMavota KaMubukwani % AF com retrete com autoclismo no bairro 0,84 (0,29) 0,13(0,10) 0,20(0,02) 0,20(0,14) 0,25(0,19) % AF chefiados por mulheres no bairro 0,38(0,12) 0.38(0,07) 0,42(0,10) 0,35(0,05) 0,40(0,11) % de entrevistados em situação de desempregados no

bairro 0,03(0,02) 0,05(0,02) 0,06(0,05) 0,07(0,04) 0,06(0,3)

% de migrantes há menos de 5 anos no bairro 0,06(0,07) 0,10(0,06) 0,06(0,06) 0,07(0,06) 0,06(0,21) % de entrevistados que nunca beberam no bairro 0,53(0,14) 47,9(0,13) 0,51(0,08) 0,52(0,08) 0,52(0,07) % de entrevistado que normalmente bebem 5 bebidas ou

mais por ocasião no bairro 0,18(0,08) 0,20(0,07) 0,18(0,07) 0,21(0,09) 0,20(0,07)

N 200 288 332 396 415

Nota: AF = Agregado familiar.

TABELA 3. Associação entre características individuais, do agregado familiar, da área geográfica de residência e a percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública, Barómetro de Saúde 2015, Maputo Cidade, Moçambique

Variável Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4

Distrito municipal KaMfumu (referencia) 1 1 1 1 N'Xhlamankulu 1,216** 1,196** 1,500** 1,527** KaMaxakeni -0,204 -0,279 0,228 0,181 KaMavota 0,284 0,259 0,704+ 0,693+ KaMubukwani -0,194 -0,236 0,204 0,184 Idade 18 - 24 Anos (referência) 1 1 25 - 34 Anos -0,122 -0,057 35 - 49 Anos -0,462** -0,369* 50 Anos ou mais -0,215 -0,124 Sexo Masculino (referência) 1 1 Feminino -0,212+ -0,198 Nível de escolaridade

Secundário ou mais (referência) 1 1

Primário 0,130 0,053

Sem educação escolar 0,081 0,092

Ocupação Assalariado (referência) 1 1 Empregado domestico -0,372* -0,364+ Estudante -0,603** -0,609** Outra ocupação -0,179 -0,215 Desempregado -0,894** -0,818** Estatuto migratório

Não-migrante ou migrante há mais de 5 anos (referência) 1 1

Migrante há menos de 5 anos -0,134 -0,080

Número de bebidas consumidas por ocasião

5 bebidas ou mais (referência) 1 1

Nunca bebeu 0,140 0,224

1 ou 2 bebidas 0,238 0,315

3 ou 4 bebidas -0,009 0,099

Tipo de casa de banho no AF

Retrete com autoclismo (referência) 1 1

Retrete sem autoclismo 0,507** 0,486**

Latrina melhorada 0,298+ 0,260

Latrina não melhorada ou sem latrina 0,247 0,183

Sexo do chefe do AF

Masculino (referência) 1 1

Feminino -0,089 0,009

Características da área geográfica

% AF com retrete com autoclismo no bairro 0,619 0,623

% AF chefiados por mulheres no bairro -0,431 -0,569

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TABELA 3. Continuada.

Variável Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4

% de migrantes há menos de 5 anos no bairro -0,583 -0,642

% de indivíduos que nunca consumiram bebidas alcoólicas no

bairro 0,589 0,715

% de indivíduos que consomem 5 bebidas ou mais por ocasião 2,445* 2,649* Percepção sobre as condições de saneamento do meio Saneamento do meio não é um problema na comunidade

(referência) 1 1

Saneamento do meio é um problema 0,539** 0,506*

Percepção sobre o consumo de drogas

Consumo de drogas não é um problema (referência) 1 1

Consumo de drogas é um problema 1,757** 1,744**

Constante -0,061 0,385 -1,451+ -1,221

Constante aleatória de nível da área geográfica (em desvio padrão) 0,393 (0,078)** 0,412(0,079)** 0,350(0,081)** 0,363(0,082)**

Logaritmo de Verosimilhança -1075,127 -1059,807 -1021,267 -1009,035

N 1631 1631 1631 1631

Nota: AF = Agregado familiar; Significância estatística: †- p<0,10; *- p≤ 0,05; **- p≤ 0,01.

No Modelo 3, avalia-se o papel das características socioeconómicas dos agregados familiares dos entrevistados e das áreas geográficas de sua residência. Observa-se uma diferença substancial no nível de percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública entre os distritos municipais KaMfumu e N’Xhlamankulu. Outro resultado notável neste modelo é a diferença de percepção entre os residentes dos distritos municipais de KaMfumu e KaMavotaque se tornou estatisticamente significativa (p<0,10). No Modelo 3 nota-se igualmente que, em comparação com os residentes em agregados familiares com retrete com autoclismo, os dos agregados familiares com retrete sem autoclismo e os daqueles com latrina melhorada consideram o consumo de álcool como um problema de saúde pública (p <0,10). Os residentes em áreas geográficas com maior percentagem de indivíduos que ingerem 5 bebidas ou mais por ocasião de consumo substancialmente pensam que o consumo de álcool na sua área é um problema de saúde pública (p <0,01). Aqueles que acreditam que o saneamento do meio e o consumo de drogas são problemas nas suas

comunidades, de uma forma

estatisticamente significativa, também consideram o consumo de álcool nas suas áreas como um problema de saúde pública (Modelo 3).

No Modelo 4, avalia-se a variação distrital da percepção de consumo de álcool como um problema de saúde pública no Município de Maputo controlando por todas as variáveis consideradas neste estudo. Ajustando por características individuais, dos agregados familiares e das áreas de residência dos entrevistados, observa-se que o distrito municipal N’Xhlamankulu continua tendo uma diferença estatisticamente significativa em comparação com o distrito municipal KaMfumu no nível de consideração do consumo de álcool como um problema de saúde pública. Embora marginalmente estatisticamente significativa, nota-se igualmente alguma diferença entre os distritos municipais KaMfumu e KaMavota. No Modelo 4 encontra-se também que os indivíduos com 35 a 49 anos de idade, os empregados domésticos (p<0,10), os estudantes e os desempregados continuam a não considerar o consumo de álcool nas suas comunidades como um problema de saúde pública em comparação com o grupo de referência. Similarmente, os residentes em agregados familiares com retrete sem autoclismo, os que consideram que o saneamento do meio na sua comunidade e o consumo de drogas na sua comunidade são problemas, continuam a pensar que o consumo de álcool na sua área é um problema de saúde pública em comparação com o seu grupo de referência (p<0,05).

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48 Aqueles que vivem em bairros com uma maior percentagem de indivíduos que ingerem 5 bebidas ou mais por ocasião de consumo, de uma forma estatisticamente significativa, também continuam a acreditar que o consumo de bebidas alcoólicas na sua área é um problema de saúde pública. É importante notar que os resultados da constante aleatória de nível de área geográfica (bairro) em todos os modelos (Modelo 1 a Modelo 4), sugere que a percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública varia de um bairro municipal para outro no Município de Maputo (p<0,01).

DISCUSSÃO

Este estudo avaliou o nível da variação geográfica da percepção do consumo de bebidas alcoólicas como um problema de saúde pública no município de Maputo e os factores socioeconómicos de influência. A análise descritiva revelou uma variação do nível de percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública de acordo com as características individuais dos entrevistados e a área municipal de sua residência. Uma constatação interessante é que entre os residentes no distrito municipal KaMfumu, aqueles sem nenhum nível de educação tenderam a acreditar mais que o consumo de álcool é um problema de saúde pública. Considerando que o distrito municipal KaMfumu é o mais urbanizado e com uma elevada posição socioeconómica entre os distritos do município de Maputo, indivíduos sem educação escolar a residir em KaMfumu pode ser que sejam socioeconomicamente carenciados em comparação com a maioria dos residentes. É possível que essa situação possa levar os indivíduos sem educação escolar que vivem em KaMfumu a ter uma atitude fatalista em relação a vida e que tenham mais consumo de bebidas alcoólicas e, por essa via, percebam o consumo de álcool como um problema de saúde pública. O extracto de entrevista de um estudo no município de Maputo apresenta elementos que apoiam essa ideia: “…Maputo já esta mal. Maputo

virou uma cidade comercial. Vai ser uma cidade muito cara. Vai afugentar muita gente e só vai ficar lá os que tem dinheiro. O nível da vida não é fácil…eu conheci Maputo de outra maneira, onde havia muitos amigos, muita malta, sabes aquela toda história onde o pessoal ficava num sítio e conversava e depois num sítio criar ideais, hoje em dia ninguém está lá. Essas esquinas onde a gente se encontrava ninguém esta lá. As esquinas que existem, até quando tu chegas lá parece que só tens que ir embora estas a entender, não sei se estou a falar bem...depois de 4 minutos, digo: não, isto aqui não tem nada a ver comigo …Até prefiro mil vezes os bairros suburbanos, onde podes falar com tua vizinha, onde podes pedir açúcar, podes não sei que…” (HANSINE, 2019:149). Por outro lado, pode ser que os indivíduos menos escolarizados estejam inseridos em ambientes sociais onde se bebe em excesso e por essa via estejam mais expostos a ver as consequências de consumo excessivo de álcool. Em contrapartida, os indivíduos escolarizados podem ter menos pessoas do seu ciclo de amizades que bebem em demasia.

Na análise multivariada, encontrou-se uma diferença estatisticamente significativa entre os residentes do distrito municipal N'Xhlamankulue os residentes do distrito municipal KaMfumu na consideração do consumo de álcool no seu distrito como um problema de saúde pública. O estudo também relevou a importância das características socioeconómicas dos distritos municipais na variação da percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública. Quando as características socioeconómicas dos bairros municipais foram tidas em conta, os residentes do distrito municipal KaMavota também passaram a apresentar um maior nível de consideração do consumo de álcool no seu distrito como um problema de saúde pública em comparação aos residentes do distrito KaMfumu (p<0,10).

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49 condições de saneamento do meio precárias (BROWN et al., 2015:4) e afectado frequentemente por inundações urbanas, alguns autores caracterizam o distrito municipal N'Xhlamankulu como um dos mais socioeconomicamente carenciados na área municipal (BOYD et al., 2014:146). O consumo particularmente excessivo de bebidas alcoólicas no distrito municipal N'Xhlamankulu pode em parte estar ligado às suas condições socio ambientais precárias. No entanto, é de notar que recentemente o distrito N'Xhlamankulutem estado a beneficiar de intervenções municipais de requalificação, que poderão contribuir para a melhoria das condições de vida dos seus residentes (BARROS, CHIVANGUE e SAMAGAIO, 2014).

Este estudo detectou características individuais, do agregado familiar e da área geográfica de residência que exercem uma influência estatisticamente significativa no nível de percepção do consumo de álcool como um problema de saúde pública. Os indivíduos com 18 a 24 anos de idade tenderam a não considerar o consumo de álcool na sua área de residência como um problema de saúde pública em comparação aos de 35 a 49 anos. Pode ser que essa diferença esteja associada ao facto de os dois grupos terem uma duração de exposição à vida na área de residência distinta. Dado que as condições nas áreas geográficas podem variar ao longo do tempo (CERDÁ et al., 2010; BOARDMAN et al., 2001), se os com 35 a 49 anos de idade fizerem a avaliação do nível de consumo de álcool actual na sua área de residência como um problema de saúde pública, tendo em conta também o seu conhecimento do que era no passado, pode ser que tenham uma percepção diferente da dos indivíduos com 18 a 24 anos de idade.

A constatação de que os estudantes e os desempregados tendem a não considerar o consumo de álcool nos seus distritos municipais como um problema de saúde pública é igualmente interessante. É possível que os desempregados estejam

entre os grandes consumidos de álcool (mesmo que de baixo custo), e por essa via, considerem o mesmo como sendo aceitável (KARVONEN e RIMPELA, 1997). Por outro lado, desempregados e estudantes, pode ser que tenham uma consciência limitada dos riscos e danos de diversa natureza que estão associados ao consumo de álcool na sua área de residência. Em relação aos estudantes em particular, estudos de outros países em desenvolvimento mostraram uma notável prevalência de consumo excessivo de bebidas alcoólicas entre eles, principalmente os que estão longe de controlo parental ou que estudam no período

noturno (CASTANO-PEREZ e

CALDERON-VALLEJO, 2014; MARTINS et al., 2008).

A constatação de que os residentes em agregados familiares com retrete sem autoclismo, de forma estatisticamente significativa, tendem a considerar o consumo de álcool como um problema de saúde pública em comparação a aqueles que vivem em agregados familiares com retrete com autoclismo, poderá sugerir uma possível concentração do consumo excessivo de álcool em áreas socioeconomicamente carenciadas dos distritos municipais. O estudo constatou também que os residentes que acreditam que nas suas áreas geográficas o saneamento do meio e o consumo de drogas são problemas de saúde da comunidade, de forma estatisticamente significativa, tendem a considerar o consumo de álcool na sua área como um problema de saúde pública. Pode ser que áreas geográficas caracterizadas pelo predomínio do saneamento do meio precário e elevado consumo de drogas, exponham os seus residentes a elementos causadores de stress, levando esses residentes a consumir excessivamente o álcool para aliviar o stress (JITNARIN et

al., 2015).

O resultado do estudo que mostrou que a residência numa área com maior percentagem de indivíduos que

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50 normalmente ingerem 5 bebidas ou mais nos dias que bebem está substancialmente associada à percepção do nível de consumo de bebidas alcoólicas nessa área como um problema de saúde pública, apoia as ideias avançadas em outros estudos de que o grau de percepção pública de um fenómeno como um problema tem ligação com o nível de ocorrência do mesmo (SOOMAN e MACINTYRE, 1995; BOTZEN, AERTS e VAN DEN BERGH, 2009; BUBECK, BOTZEN e AERTS, 2012). Com efeito, um indivíduo que vive numa área geográfica com maior prevalência de consumo de bebidas alcoólicas pode ser que esteja mais exposto a ver as consequências do consumo excessivo de álcool e, por essa via, ter uma percepção diferente daquela pessoa que vivem em uma área de menor consumo dessas bebidas.

Este estudo tem algumas limitações. Primeiro, a medida usada para medir o conceito de problema de saúde pública foi a indicação pelos entrevistados do consumo de álcool como um problema de saúde da sua comunidade. Pode ser que o uso desse indicador para medir o conceito de problema de saúde pública tenha limitações. Se houver diferenças entre os entrevistados no nível a partir do qual o consumo de álcool é considerado um problema de saúde pública, essa diferença pode ser que tenha afectado de alguma forma os resultados. Todavia, mesmo com essas limitações, este indicador permite capturar se o consumo de bebidas alcoólicas num certo distrito municipal é ou não percebido como uma preocupação da comunidade.

Segundo, as medidas sobre as características das áreas de residência dos entrevistados são baseadas em percepções (não foram objectivamente observadas e medidas nessas áreas). Adicionalmente, as medidas usadas neste estudo sobre o consumo de bebidas alcoólicas não permitiram obter informação do tipo e marca dessas bebidas. Dado que o teor de álcool em bebidas alcoólicas pode variar de acordo com o tipo e a marca da bebida, o facto de se não ter

obtido essa informação pode ser considerado uma limitação do estudo. Para além disso, este estudo é transversal. Mas sabe-se que as condições socioeconómicas nas áreas geográficas podem variar ao longo do tempo (CERDÁ et al., 2010; BOARDMAN et al., 2001). Portanto, um estudo longitudinal que permitisse a realização de medições das variáveis de interesse ao longo do tempo poderia ser mais apropriado. Terceiro, a disponibilidade de bebidas (por exemplo, densidade de postos de venda) é um factor que pode influenciar a variação geográfica de consumo de álcool (THEALL et al., 2011; LESLIE et al., 2015). Infelizmente, devido a indisponibilidade de dados, não foi possível avaliar a influência desse factor neste estudo. Próximos estudos sobre esta temática deverão considerar a recolha de informação sobre a densidade de postos de venda e consumo de bebidas alcoólicas nos bairros. Apesar destas limitações, este estudo conclui que há uma percepção de que o consumo de álcool é um problema de saúde pública em todo o município de Maputo e que o nível dessa percepção varia entre os distritos municipais de acordo com as suas características socioeconómicas.

AGRADECIMENTOS

Agrade-se o apoio da Fundação MASC na realização do Inquérito (Barómetro de saúde: Práticas individuais e comunitárias de promoção da saúde na cidade de Maputo) cujos dados foram usados para a realização deste estudo.

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1Embora a Organização Mundial da Saúde defenda

que não existe um nível seguro para o consumo de bebidas alcoólicas, a mesma considera que podem ocorrer problemas de saúde particularmente se o

indivíduo consumir mais de duas doses padrão por dia – sendo uma dose padrão o correspondente a 330 ml para a cerveja, 100 ml para o vinho e 30 ml para os destilados (WHO, 2010; CISA, 2019).

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