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Calibração dos Teores de Zinco no Solo e nas Folhas da Cultura do Algodão cultivado em solo com condições de acidez variável.

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Academic year: 2021

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Calibração dos Teores de Zinco no Solo e nas Folhas da Cultura do Algodão cultivado em solo com condições de acidez variável. Leandro Zancanaro, Joel Hillesheim & Luis Carlos Tessaro. Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso - FUNDAÇÃO MT.

RESUMO

As lavouras de algodão no Mato Grosso destacam-se no cenário nacional pelas produtividades elevadas, conseqüência do nível tecnológico dos produtores e técnicos da região, pelas condições climáticas favoráveis e também pela elevada utilização de fertilizantes. As recomendações de adubação em muitas lavouras são praticamente as mesmas independentes da fertilidade do solo e do histórico de cultivo destes campos. O objetivo deste trabalho foi de iniciar a calibração dos teores de zinco no solo e nas folhas de algodão e verificar a influência da condição de acidez do solo sobre a disponibilidade deste micronutriente, bem como o comportamento da variedade ITA 90 em solos com diferentes valores de saturação de bases. Para isto foi utilizado um experimento que foi implantado em 1997 pela FUNDAÇÃO MT em Campo Novo do Parecis - MT, para o mesmo trabalho, porém com a cultura da soja em um solo de textura argilosa. Os resultados obtidos demonstram que o extrator de zinco no solo (Mehlich), não é eficiente em estimar a influência da condição de acidez do solo sobre a disponibilidade deste nutriente à cultura do algodão. As análises de folhas demonstram que para o zinco o aumento da saturação de bases do solo não reduz os teores destes nutrientes nas folhas. O zinco apresentou influência na produtividade. O rendimento de fibra e características da fibra produzida não foram influênciadas pelo nutriente estudado. Considerando os resultados deste primeiro ano com a cultura do algodão, solos com teores de zinco no solo acima de 1,7 mg/dm3, apresentam baixa probabilidade de resposta a adubação com este nutriente. Os resultados demonstram que as análises de solos e de folhas devem sempre estar associados ao histórico de aplicação de zinco. A cultura do algodão, variedade ITA 90, apresentou potencial elevado de produtividade mesmo em solo com saturação próxima a 30%. A elevação da saturação de bases do solo para valores acima de 40%, foi suficiente para atingir as maiores produtividades. A calagem não influenciou nas características da fibra produzida.

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Summary

The cotton crops have pushed Mato Grosso to leadership in the national scenario in high productivity, due to the technological level of producers and technicians as well as the favorable climatic conditions. Another factor about the yields in Mato Grosso is the heavy amount of fertilization doses. The recommendations of application of fertilizer are almost the same in many crops, it does not matter the soil fertility and historical cultivation on them. The purpose of this experiment was to start the calibration of the Zinc rate in the soil and in the cotton leaves and check the influence of acid soil condition and this micronutrient which is available as well as the response of ITA 90 variety in soils with different values of base saturation. So that it was used an experiment that was introduced in 1997 by FUNDAÇÃO MT in Campo Novo do Parecis/MT in a clay soil, to the same experiment. However, in soybean crop. The results achieved show that for Zinc extractor in the soil (Mehlich) isn’t possible to estimate efficiently the influence of the acid soil condition and this available nutrient on the cotton crop. The analyses of leaves show that the increasing of base saturation soil doesn’t decrease Zinc rates in the leaves. The productivity was influenced by the application of Zinc doses. Cotton fiber characteristics and yields weren’t influenced by the nutrient researched. According to the results in this first year, about the cotton crop, soil with Zinc rates which has higher than 1.7 mg/dm3 show a low probability in response to the application of fertilizer with the nutrient. The results show that the soil and leaves analyses must be related to the historical Zinc application. The cotton crop, ITA 90 variety, has increased yields even in soil with an around 30% of saturation. The increasing to 40% or more of the soil base saturation was sufficient to get the higher – yielding. The application of lime hasn’t influenced in the fiber characteristics produced.

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11... INTRODUÇÃO

As lavouras de algodão em sua maioria são conduzidas em áreas cultivadas a vários anos com correção parcial ou total da fertilidade do solo, principalmente quando cultivado em áreas que já foram cultivadas com algodão nas safras anteriores. No entanto, o manejo da adubação é praticamente o mesmo, independente do histórico de cultivo deste campo e das análises de solo. Isto porque o técnico e o produtor têm receio de que reduzindo a adubação a produtividade diminua na mesma proporção, desconsiderando que a resposta a adubação não é linear, e que as respostas diminuem a medida que a fertilidade do solo aumenta.

Quanto a calagem, SILVA (1999), em um experimento conduzido em Guaíra-SP, observou que índices de saturação de bases na faixa de 60% possibilitou obter um patamar de 90% da máxima produtividade, sendo economicamente viável. A seção de Algodão do IAC recomenda atingir saturação de bases de 60% no mínimo, através da calagem. Segundo PEDROSO NETO et al. (1999), na 5a aproximação das Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais (1999) a recomendação de calagem para a cultura do algodão é para elevar a saturação de bases do solo para 60%. Nos estados de São Paulo e Paraná a calagem estava direcionada, na maioria dos casos, não para elevar a saturação de bases por si só, e sim para reduzir o risco com toxidez de manganês.

Nas condições dos solos de cerrado, em que o solo é deficiente em manganês, a realização da calagem para a neutralização do alumínio trocável no solo seria suficiente. Segundo os dados da FUNDAÇÃO MT, a neutralização de alumínio trocável, nos experimentos semelhantes ao proposto neste projeto, conduzidos em Campo Novo do Parecis-MT, por quatro safras, 1997/1998 a 2000/2001, a neutralização do alumínio trocável no solo ocorreu quando a saturação de bases atingiu valores próximos a 40%.

Segundo SILVA (1996) a aplicação de zinco para a cultura do algodão tem a seguinte recomendação: aplicar 3 kg/ha se o teor no solo for inferior a 0,6 mg/dm3. É importante salientar que segundo o banco de dados da FUNDAÇÃO MT, mais de 65% das lavouras comerciais do estado apresentam teores de zinco superiores a 1,6 mg/dm3 (mehlich -1), considerado como nível bom (suficiente) para várias culturas, segundo a 5ª aproximação das Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais (1999).

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Este trabalho vem de encontro às necessidades atuais dos produtores com o objetivo de verificar a influência da acidez do solo sobre a absorção de zinco, bem como determinar os níveis críticos deste nutriente tanto no solo como na planta, quantificando desta forma a influência destes insumos agrícolas no rendimento final do algodão.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Fazenda Três Marcos, no município de Campo Novo do Parecis, sendo o primeiro ano de condução deste experimento com a cultura do algodão. A área em que o experimento foi conduzido é a mesma onde foi conduzido um ensaio com soja, durante quatro anos, também com o objetivo de avaliar resposta a micronutrientes. O experimento foi montado em blocos ao acaso, com parcelas de 10 m x 6,0 m (60 m2), com 6 linhas de cultivo.

Em 1997, para a instalação do experimento de calibração dos teores de micronutrientes no solo e nas folhas da soja foi realizada a abertura de uma área de cerrado. Na instalação deste experimento foi realizado a aplicação de 1.5, 3.0, 4.5, 6.0, 7.5 e 9.0 toneladas de calcário dolomítico. As quantidades de calcário foram aplicadas nas parcelas e as doses de Zn (0, 3, 6, 9, 15, 21 kg/ha de Zn) nas subparcelas, aplicadas a lanço e incorporado ao solo, antes do plantio da soja, em 1997, na forma de sulfato de zinco heptahidratado com 21% de Zn. Na época da implantação do ensaio com soja, quantidades de calcário foram incorporadas buscando atingir os níveis de saturação de bases (V%) de 30%, 40%, 50%, 60%, 70% e 80%. No entanto, os níveis de saturação de bases alcançados após 4 anos de condução do ensaio variaram de 20 a 60%. Por este motivo, para a implantação do experimento com algodão, em setembro de 2001 foram aplicadas 2 t/ha de calcário calcítico em todas as parcelas. O manganês, o cobre e o boro foram aplicados nas quantidades de 6,0; 4,0 e 1,5 kg/ha, respectivamente, na forma de sulfato de manganês, sulfato de cobre e ulexita.

Antes do plantio da soja da safra 2000/2001, quarto ano de cultivo da área, todos os experimentos foram cultivados no sistema convencional (1 passagem de grade 28” + 1 niveladora). Na safra 2001/2002 não foi realizada a aplicação de micronutriente, isto para avaliar o efeito residual da calagem (1997 e 2000) e das doses de micronutrientes aplicadas em 1997.

O plantio do algodão, variedade ITA 90 foi realizado no dia 24 de dezembro de 2001. O tratamento fitossanitário foi realizado conforme padrão da região. A adubação de plantio foi de

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500 kg/ha da fórmula 04-18-12, sem nenhum micronutriente. A primeira e a segunda adubação de cobertura foram realizadas aos 27 e 58 dias após a emergência, com 250 kg/ha de 20-00-20 + 0,5% de boro. Para evitar a contaminação do experimento foi necessário fazer uma seleção de matérias primas mediante análises de fertilizantes, para a posterior formulação do fertilizante de plantio e de cobertura.

A amostragem de folha ocorreu quando o algodão estava com 88 dias após a emergência, coletando-se a folha com pecíolo do quinto ramo produtivo da haste principal a partir do ápice. Foram coletadas no mínimo 30 folhas por parcela, nas linhas centrais.

Os parâmetros avaliados foram: análise de solo, análise de folhas, produtividade em caroço, rendimento de fibra e características da fibra. Na colheita foi realizada a coleta de 20 capulhos por parcela útil para a análise da qualidade da fibra. Foi coletado um capulho por planta localizado no terço médio da planta, na primeira posição.

As características da fibra produzida foram avaliadas no SENAI/CETIQT - RJ com a utilização do aparelho HVI, possibilitando avaliar o micronaire, o conteúdo de açúcar, a resistência, a uniformidade, o comprimento, o grau de amarelecimento, a cor, o índice de fiabilidade, o conteúdo de fibras curtas, alongamento, grau de reflexão.

A análise estatística quanto a produtividade e demais parâmetros avaliados foi submetido a análise de variância e teste de Duncan ao nível de 5% de significância.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os teores de zinco no solo aumentaram proporcionalmente com as quantidades aplicadas (Tabela 1), independente da condição de acidez do solo. A concentração de zinco na solução do solo é sensível às variações de pH, o que explica a diminuição na absorção do elemento pelas plantas com a elevação do pH do solo. Segundo ABREU et. al. (2001) para que o método de extração de zinco seja eficiente, ele deverá, então, detectar a alteração da disponibilidade diante das mudanças de pH. Os resultados obtidos neste experimento demonstram que para o zinco o extrator Mehlich não é sensível para determinar a influência da condição de acidez do solo na disponibilidade às culturas. Segundo ABREU et. al. (2001) vários pesquisadores observaram que as soluções ácidas não foram capazes de discriminar satisfatoriamente a influência do pH do solo na disponibilidade de zinco, indicando que, nessa situação, o método do DTPA tem superado as soluções ácidas. Os extratores ácidos acabam dissolvendo uma parte do zinco do solo, independentemente de seu caráter lábil.

Tabela 1: Teores de zinco no solo em função da quantidade de zinco aplicada e da condição de acidez do solo. Média de 4 repetições. Campo Novo do Parecis - MT. Safra 2001/2002.

Calcário - t/ha Zn kg/ha 1,5 3 4,5 6 7,5 9 Média ...V% ... 26,1 39,3 38,3 47,4 54,1 61 0 0,60 0,70 0,90 0,90 0,80 0,90 0,80 3 1,40 1,60 1,80 1,70 1,50 1,80 1,63 6 2,30 2,30 3,00 2,30 2,30 2,80 2,50 9 3,90 3,80 3,20 4,40 4,60 3,30 3,87 15 5,90 7,00 6,60 5,80 7,00 6,00 6,38 21 8,50 8,70 11,60 9,70 8,90 8,00 9,23 Média 3,77 4,02 4,52 4,13 4,18 3,80

Os teores de zinco nas folhas do algodão aumentaram com a quantidade aplicada e com conseqüente elevação dos teores no solo (Tabela 2). No entanto, os aumentos dos teores de zinco nas folhas do algodão foram menos acentuado que os verificados na cultura da soja, nos quatro primeiros anos de condução deste experimento (FUNDAÇÃO MT, dados não publicados).

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Tabela 2: Teores de zinco nas folhas do algodão em função da quantidade de zinco aplicada e da condição de acidez do solo. Média de 4 anos. Campo Novo do Parecis-MT. Safra 2001/2002. Calcário - t/ha Zn kg/ha 1,5 3 4,5 6 7,5 9 Média ...V% ... 26,1 39,3 38,3 47,4 54,1 61 0 39,5 33,7 33,7 35,9 33,9 36,6 35,54 3 42,9 40,2 39,0 38,9 37,0 37,1 39,18 6 41,6 40,4 40,0 42,6 35,0 35,1 39,10 9 46,1 42,7 40,5 43,0 39,4 37,3 41,49 15 43,3 38,8 43,9 41,3 41,7 36,6 40,92 21 43,1 41,6 42,2 47,6 38,1 40,7 42,19 Média 42,73 39,54 39,89 41,53 37,50 37,23 39,74

A calagem apresentou pequena influência sobre os teores de zinco nas folhas (Tabela 2). Esta redução foi menor que a verificada com a cultura da soja, em quatro anos de condução deste ensaio com a cultura. Nos dados da cultura da soja, para obter o mesmo teor de zinco nas folhas, em diferentes condições de acidez do solo, era necessário ter teores de zinco no solo diferentes, ou melhor, quanto mais alto a saturação de bases, é necessário maior teor de zinco no solo para manter o mesmo teor de zinco nas folhas, indicando que o mesmo teor de zinco no solo em solos com diferentes condições de acidez não garante a mesma disponibilidade de zinco às plantas (FUNDAÇÃO MT, dados não publicados). Daí a importância de verificar se as diferenças entre estas culturas se repetem no segundo ano de condução deste experimento com a cultura do algodão. Os teores de zinco no solo e a calagem tiveram efeito significativo sobre a produtividade (Tabela 3) sem interferir no rendimento de fibra do algodão.

A cultura do algodão respondeu a calagem de forma significativa (Tabela 3). Porém, mesmo em solos com saturação de bases de 26,1%, a produtividade obtida foi de 298 @/ha, produtividade elevada para os parâmetros atualmente considerados na interpretação e recomendação de calagem nas lavouras comerciais. A produtividade máxima foi obtida com a condição de saturação de bases média de 54,1%, com 321 @/ha. Ou seja, neste experimento embora tenha havido resposta a calagem, a elevação da saturação de bases possibilitou aumento de produtividade de apenas 23 @/ha de algodão em caroço, representando 7,8% de aumento de produtividade, demonstrando que para a variedade ITA 90 nos solos de cerrado do Mato Grosso, apresenta tolerância a acidez, sendo que o mais importante é a neutralização do alumínio trocável do solo.

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Tabela 3: Produtividade do algodão em caroço em função da quantidade de zinco aplicada e condição de acidez do solo. Campo Novo do Parecis - MT. Safra 2001/2002.

Calcário - t/ha Zn kg/ha 1,5 3 4,5 6 7,5 9 Média ...V% ... 26,1 39,3 38,3 47,4 54,1 61 0 288,0 307,7 307,1 300,1 308,7 287,2 299,8 b* 3 301,7 291,7 314,2 330,3 317,0 310,9 311,0 ab 6 290,0 313,1 319,7 313,5 324,0 319,3 313,3 ab 9 300,3 303,8 319,2 318,8 330,1 319,3 315,3 ab 15 320,4 324,0 307,6 323,2 332,1 334,6 323,7 a 21 287,7 315,2 311,2 317,4 316,4 322,2 311,7 ab Média 298,0 a* 309,3 ab 313,2 ab 317,2 a 321,4 a 315,6 ab 312,4 * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de significância de 5%.

Considerando os teores de zinco nas análises de solo coletadas antes do plantio do algodão, e considerando apenas os tratamentos com saturação de bases de 47,4 a 61%, que apresentaram as maiores produtividades, observa-se que em solo de cerrado que nunca receberam adubação com zinco, após 5 anos de cultivo (4 anos de soja e 1 anos de algodão) cujos teores eram de 0,8 mg/dm3, apresentaram uma produtividade de 299 @/ha de algodão em caroço. Esta produtividade representa 90,5% da produtividade máxima obtida no experimento, 330 @/ha, nos tratamentos com teores de zinco no solo de 5,8 mg/dm3. A elevação dos teores de zinco no solo para 1,7 mg/dm3 possibilitou obter 97% (319 @/ha) da produtividade máxima. No entanto, a elevação dos teores de zinco no solo para 8,9 mg/dm3, sem adubação na linha de plantio e sem adubação foliar, possibilitou obter produtividade de 319 @/ha, 97% da produtividade máxima. Os resultados apresentados nas Tabelas 1 e 3, mostram que as respostas mais intensas e de forma significativa ocorreram até a elevação dos teores de zinco no solo de 1,7 mg/dm3.

Mas considerando os resultados obtidos neste primeiro ano com a cultura do algodão, solo com teores de zinco superiores a 1,7 mg/dm3 apresentam baixa probabilidade de resposta a adubação com zinco. Na 5a Aproximação das Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais solos com teores de zinco no solo de 1,6 a 2,2 mg/dm3 pertencem a classe de bom nível de zinco no solo. Solos com teores de zinco no solo acima de 2,2 mg/dm3 são classificados na classe de alto teor de zinco.

Em estudo semelhante, McLung et., 1961 citados por ROSOLEM et. al. (2001) em solo ácido, corrigido por calagem e adubação mineral, a omissão do micronutriente chegou a diminuir

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em 28% a produção. No experimento em análise houve resposta a aplicação de zinco, porém com teores de zinco de 0,9 mg/dm3 já foi possível obter produtividades de 90% da produtividade máxima, considerada como o nível de produtividade relativa para a determinação do nível crítico de um nutriente no solo. Consequentemente, a elevação dos teores de zinco no solo possibilitaram o aumento de produtividade de 10%.

Os diferentes teores de zinco no solo foram obtidos com aplicações de zinco em diferentes quantidades de forma corretiva (Tabela 1). Considerando os dados dos experimento, solo sob vegetação natural de cerrado, esta aplicação de zinco no solo a lanço de forma corretiva seguida de incorporação apresentou efeitos significativos no cultivo do algodão, mesmo após 4 anos sem a aplicação do zinco. A elevação dos teores de zinco no solo de 0,8 mg/dm3 para 1,7 mg/dm3, considerado nível acima do qual não houve mais resposta significativa a produtividade, foi obtido com a aplicação de apenas 3 kg/ha de Zn, na forma corretiva, mesmo nos tratamentos com saturações de bases de 50 a 60%. A maior produtividade absoluta foi obtida com a aplicação de 15 kg/ha de Zn, elevando os teores de zinco para 5,8 mg/dm3. Estes resultados demonstram que a adubação corretiva de zinco, para a cultura do algodão, assim como para a soja, representa uma forma eficiente em corrigir solos com deficiência de zinco, apresentando residual de vários anos. No experimento, o algodão foi o quinto cultivo após a correção dos teores de zinco no solo.

Os resultados obtidos, com produção de 299 @/ha sem adição de zinco em um solo com 0,8 mg/dm3 de zinco, concordam com SILVA (1999) e ROSOLEM (2001).

Segundo SILVA (1999), em experimento de longa duração, mantido sobre Latossolo Roxo de baixa fertilidade, constatou-se, após alguns anos de sucessivas calagens e adubações fosfatadas, uma clorose de folhas novas, em parcelas sem zinco. Nestas condições, a aplicação de 3 kg/ha de zinco como sulfato de zinco, no sulco de semeadura, não só evitou o sintomas de carência, como também proporcionou, eventualmente, aumentos significativos no rendimento de algodão. Ou seja, confrontando os dados do experimento conduzido no Mato Grosso com o conduzido por SILVA (1999) pode-se inferir que a aplicação de zinco para solos com deficiência de zinco pode ser realizado tanto a lanço, com incorporação ao solo, como na linha de plantio.

Quanto as quantidades de zinco aplicadas no experimento em estudo, a aplicação de 3 kg/ha de zinco foi suficiente para aumentar significativamente a produtividade. A elevação a teores maiores de 1,7 mg/dm3, obtida com aplicação de até 21 kg/ha de zinco, não aumentaram a produtividade em relação ao tratamento com apenas 3 kg/ha de zinco. Estes resultados são

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semelhantes aos resultados obtidos por Hinkle & Brown (1968) citados por ROSOLEM (2001) que comentam que a despeito da pouca experimentação, admite-se que quantidades entre 10 e 20 kg/ha de sulfato de zinco, aplicados ao solo, podem satisfazer a necessidade das plantas.

Os resultados obtidos quando confrontados com as análises de solo do banco de dados da FUNDAÇÃO MT, mostram que mais de 65% das áreas cultivadas no Estado do Mato Grosso tem teores de Zinco superiores a 1,6 mg/dm3 (dados não publicados). No Mato Grosso, pode-se considerar que a cultura do algodão é cultivada apenas nas áreas cultivadas a vários anos, sempre adubadas com zinco e com teores de zinco superiores a 1,6 mg/dm3.

Porém, à campo é comum ocorrerem variações nos resultados de micronutrientes no solo entre as análises de solo de um ano para outro, por diversos fatores, dificultando a interpretação das análises de solo e a recomendação de adubação. Neste caso, deve-se associar os resultados das análises de solo com o histórico de adubação da área quanto a zinco, já que os teores de zinco no solo apresentam relação direta com a quantidade de zinco aplicada e este zinco aplicado apresenta efeito residual por vários anos. Deste modo, considerando os resultados das análises de solo das áreas que são atualmente cultivadas com algodão, pode-se afirmar que a adubação de zinco via solo e via foliar podem ser eliminadas, sem risco de redução de produtividade.

O cultivo de algodão em solos com diferentes teores de zinco no solo e diferentes condições de acidez do solo não apresentou diferenças quanto as características da fibra produzida.

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4. CONCLUSÕES:

Considerando apenas os resultados do primeiro ano de condução deste projeto e as condições em que este experimento foi conduzido pode-se concluir que:

1. O método de extração de zinco do solo não é eficiente em estimar a influência da condição da acidez do solo sobre a disponibilidade deste nutriente;

2. As análises de folhas são mais eficientes que a análise de solo (Mehlich) em estimar a influência da acidez do solo sobre a disponibilidade de zinco à cultura do algodão;

3. Para a cultura do algodão, solos com teores de zinco no solo acima de 1,7 mg/dm3 e saturação de bases menores 60%, apresentam baixa probabilidade de resposta a aplicação de zinco via solo, podendo ser considerado como o nível crítico para o zinco no solo para a cultura do algodão;

4. A variedade de algodão ITA 90 apresenta tolerância a acidez do solo, apresentando produtividade elevadas mesmo com saturação de bases do solo de 30%;

5. A variedade de algodão ITA 90 apresenta resposta reduzida a calagem, sendo que as maiores produtividades são obtidas quando a saturação de bases do solo estiver na faixa de 45% a 50%;

6. O rendimento de fibra e as características da fibra produzida não são influenciados pelo zinco e pela condição de acidez do solo.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PEDROSO NETO, J.C.; FALLIERI, J.; LANZA, M.; DA SILVA, N.M. & LACA, J.B. Algodão. In: RIBEIRO, A . C.; GUIMARÃES, P. T. G. & ALVAREZ, V. H., eds,

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FERREIRA, M. E.; CRUZ, M. C. P.; RAIJ, B. V. & ABREU, C. A ., eds. Micronutrientes e elementos tóxicos na agricultura. Jaboticabal, CNPq/FAPESP/POTAFOS. 2001. p. 319-354. SILVA, N. M., Algodão. In: Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São

Paulo, 2 ed. Campinas, Instituto Agronômico & Fundação IAC, (Boletim Técnico 100), 1996. SILVA, N. M. Nutrição mineral e adubação do algodoeiro no Brasil. In. CIA, E.; FREIRE, E. C.

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