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PRÁTICA EDUCATIVA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: A CONTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO E SUAS RELAÇÕES COM O TRABALHO DOCENTE

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PRÁTICA EDUCATIVA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: A CONTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO E SUAS RELAÇÕES COM O TRABALHO DOCENTE

Leandro Pedro de Oliveira José Rubens de Lima Jardilino (orientador) RESUMO

Este trabalho tem por objetivo discutir e apresentar os procedimentos metodológicos que farão parte de um estudo com professores da rede pública municipal de São Paulo. A pesquisa pretende inicialmente investigar por meio da representação dos professores o enfoque pedagógico que os mesmos atribuem às suas aulas. Para discussão deste “enfoque pedagógico” será apresentada aos professores a contribuição de cinco áreas de estudos que envolvem a produção de conhecimentos no componente curricular Educação Física. Essas áreas são: Cinesiologia, Motricidade Humana, Cultura Corporal de Movimento, Ciências do Esporte e Aptidão Física. A representação dos professores consiste no destaque ao enfoque pedagógico que os mesmos tiveram no período de sua formação inicial (entre 2005 e 2010). Em seguida espera-se acompanhar durante um mês as intervenções destes professores com o propósito de verificar as aproximações entre as teorias da ação e as teorias em uso efetivo por eles. A hipótese central é a de que invariavelmente ou até mesmo, de modo implícito, a prática educativa apresenta elementos que transitam entre as diversas áreas de estudo, ou seja, ainda que haja o enfoque a uma determinada área não significa que as demais não estejam sendo contempladas, as relações entre corpo, movimento, cultura e ambiente estarão se interrelacionando, sendo relevante, portanto, considerar a necessidade de sistematização entre tais áreas durante as vivências do componente na educação básica. Para tanto, espera-se encontrar tal necessidade a partir das observações em campo por meio da observação participante.

INTRODUÇÃO

A Educação Física na escola tem sido “contaminada” por diversas correntes teóricas, principalmente após o ano de 1980, em que várias tendências surgiram com a tentativa de romper um modelo tecnicista, até então hegemônico (DARIDO &

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RANGEL, 2005). Alguns modelos pedagógicos para “tratar pedagogicamente” a Educação Física foram propostos, estes foram: Humanista, Desenvolvimentista,

Progressita, Construtivista, Sistêmica, Crítico-Superadora, Crítico-Emancipatória, Estudos da Saúde, Estudos Cinesiológicos e Parâmetros Curriculares Nacionais. Estas tendências foram organizadas a partir das áreas de estudos anteriormente citadas, ou seja, algumas tendências enfocam a Cinesiologia, outra a Cultura Corporal, entre outras. A partir desta constatação Sanches Neto (2003) realizou um estudo com o objetivo de sistematizar esses conhecimentos produzidos, considerando que a prática dos professores de Educação Física é permeada por elementos que independentemente da localidade possuem em comum a relação entre corpo, movimento, cultura e ambiente, para tanto, foi proposto a organização do componente curricular a partir de blocos temáticos, sendo: Elementos Culturais, Aspectos Pessoais e Interpessoais, Movimentos e Demandas Ambientais.

Considerando que na Educação Física escolar já existem diversos modelos pedagógicos e também uma proposta de sistematização entre eles, o que se pretende na pesquisa do mestrado é verificar como que os professores em introdução a carreira docente (HUBERMAN, 2002) organizam suas aulas, quais os referenciais utililzam, e em que medida o campo de trabalho é utilizado como um meio de orientação de seu trabalho.

METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

A metodologia de investigação que se pretende adotar na pesquisa é a observação participante, que segundo Lakatos e Marconi (2001, p.52):

Consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste.

O observador participante enfrenta grandes dificuldades para manter a objetividade, pelo fato de exercer influência no grupo.

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No primeiro contato com o professor pesquisado será apresentado um questionário com o propósito de identificar sua concepção de Educação Física e o enfoque pedagógico atribuído às suas aulas. O segundo momento será de acompanhar durante um mês as aulas deste professor, considerando e procurando, por minha parte, perceber as relações entre aquilo que foi colocado em detrimento do que é realizado naquele momento. A partir das observações obtidas no campo (as aulas) o terceiro momento caracteriza-se por uma situação de debate ou entrevista, o professor pesquisado responderá questões que envolveram as situações de aprendizagem, tais como determinadas tomadas de decisão, escolhas de conteúdos, estratégias e critérios de avaliação.

Com a obtenção das informações espera-se analisá-las a luz do referencial teórico proposto por Kenneth Zeichner (1993; 2003), considerando a categoria de análise “prática reflexiva”.

ÁREAS DE ESTUDOS CIENTÍFICOS PRESENTES NA EDUCAÇÃO FÍSICA E SEUS DESDOBRAMENTOS

De acordo com Sanches Neto e Betti (2008) há diferentes entendimentos para problematizar a integração da Educação Física no meio acadêmico, estes entendimentos são: Cinesiologia, Motricidade Humana, Cultura Corporal de Movimento, Ciências do Esporte e Aptidão Física relacionada à saúde. Abaixo segue comentários sobre as áreas e em seguida uma tabela que pretende facilitar a compreensão destes entendimentos.

CINESIOLOGIA

Pelo termo Cinesiologia entende-se o estudo (logia) do movimento (cinesio) humano, o que permite inferir que o objeto de estudo dessa área seria exatamente esse. Isso nos remeteu à proposta de Disciplina Acadêmica originária dos Estados Unidos da América, pois a influência norte-americana nessa área foi bastante abrangente. A necessidade de justificar a permanência da Educação Física no Ensino Superior levou à relação da área com as Ciências Positivas e o positivismo (NEGRÃO, 1994), que

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apresentavam o tipo de método científico predominante no período inicial da década de 60. Desse modo, o tipo de estudo do Movimento Humano promovido pela Cinesiologia foi próprio do método científico positivista, cuja objetividade seria o elemento central.

CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA

Essa área consistiria no estudo das inter-relações culturais e biológicas (ontogenéticas e filogenéticas) no Movimento Humano, propondo para a Educação Física uma nova denominação: a Educação Motora, entendendo que ela seria o ramo pedagógico da Ciência da Motricidade Humana (SÉRGIO, 1986). Nesse sentido, o termo Motricidade significaria a ambigüidade entre as influências no movimento dos seres humanos. Os estudos nessa área valorizam questões do ambiente cultural e da subjetividade de quem se movimenta, superando o entendimento mais objetivo e parcial do movimento. A partir de uma crítica à proposta da Ciência da Motricidade Humana (SÉRGIO, 1986) percebemos uma tendência pouco difundida de definição do objeto de estudo da Educação Física: o Movimento Humano Consciente.

CIÊNCIA DO ESPORTE

As Ciências do Esporte também estudam o movimento humano, porém entendendo-o como parte integrante das atividades esportivas. Percebemos que tanto modalidades esportivas quanto derivações e adaptações do Esporte são o foco nessa área. Além disso, o treinamento, as noções de tática e a elaboração da técnica esportiva seriam preocupações relevantes para as Ciências do Esporte.

No caso das Ciências do Esporte, o fenômeno esportivo é tido como único e diferente das manifestações em modalidades, portanto sua categorização é secundária. Ainda, ao invés de Ciências do Esporte, seria mais apropriado se falar em ciências aplicadas ao esporte, tanto exatas e biológicas quanto humanas, utilizando seus estatutos e métodos para organizar os estudos na área.

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A partir de uma preocupação eminentemente pedagógica surgiu a proposta da Cultura Corporal de Movimento, representando uma perspectiva que fundamentaria a intervenção do professor. Os estudos nessa área (por exemplo, SOARES et al, 1992) são sobre os conteúdos propostos historicamente para a Educação Física Escolar: jogos, esportes, ginásticas,danças, lutas e a capoeira, esta última por ser uma expressão tipicamente brasileira.

A Cultura Corporal de Movimento pode ser entendida como uma parte da cultura humana, definindo e sendo definida pela cultura geral numa relação dialética. Segundo BETTI (1993) ela abrange o domínio de valores e padrões de atividades físicas, com destaque para as institucionalizadas, como o esporte.

APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA A SAÚDE

A Aptidão Física relacionada à Saúde é a tradução do termo inglês “Physical Fitness” e denota uma preocupação com o bem-estar geral das pessoas, além da prevenção de doenças. Segundo a Organização Mundial de Saúde, é justamente o bem-estar geral com uma boa qualidade de vida que significa ser saudável. Assim, o papel da atividade física na promoção da saúde é o foco dos estudos nessa área. A ênfase nas capacidades físicas e nas habilidades motoras é o principal tema para a Aptidão Física. Essa área faz parte da aptidão total que compreende a totalidade biológica, psicológica e social do ser humano, relacionando-se à idéia de que os indivíduos estejam aptos para atender todas as suas necessidades, integrando-se adequadamente ao meio ambiente em que vivem (BÖHME, 1993).

Área Enfoque Conteúdos Cinesiologia Aspectos mecânicos do

movimento humano; corpo máquina; movimento correto.

Atividades que envolvem a melhoria de padrões de movimento. Ciência da Motricidade Movimento humano consciente; valorização de

Atividades que envolvem sentido e significado aos

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender o processo teórico metodológico pelo qual passou o componente curricular se faz necessário na medida em que se verifica a distância entre discurso e prática (intenção & ação) nos dias atuais, ou ainda, por muitas vezes a visão e tratamento que a Educação Física possui na escola.

Na pesquisa espera-se verificar como que os professores organizam suas intervenções a partir das contribuições que oriundas da formação inicial e de que forma constroem sua prática profissional, considerando a necessidade de intervir em um campo complexo, imprevisível e desafiador.

Faz-se necessário uma reflexão acerca do enfoque pedagógico ou do trato pedagógico que cada docente. A contribuição dessas áreas e de outras que virão somente serão efetivas se no campo “prático”, nas situações de aprendizagens tais conceitos forem perceptíveis ou alcançados.

Humana quem se movimenta. que praticam

Ciência do Esporte Treinamento; noções de táticas; elaboração de técnicas esportivas. Atividades esportivas; derivações e adaptações de esportes. Cultura Corporal de Movimento Crítica e contextualização dos elementos produzidos pela cultura corporal de movimento; corpo e movimento.

jogos, esportes, ginásticas,danças, lutas e a capoeira. De modo geral conteúdos historicamente presentes na Educação Física Aptidão Física Relacionada à Saúde

Bem-estar geral das pessoas; prevenção de doenças; Educação Física na promoção da saúde.

Capacidades físicas e habilidades motoras

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Referências

BETTI, M. Cultura corporal e cultura esportiva. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.7, n.2, p.44-51, 1993.

DARIDO, S, C. RANGEL, I.C.A. Educação Física no Ensino Superior: Implicações para a prática pedagógica. Guanabara Koogan, 2005.

HUBERMAN, M - O Ciclo de Vida Profissional do Professor, In: HUBERMAN, Michael (org). Vida de Professores. Portugal: Editora Porto, 1992.

LAKATOS E.M., MARCONI M.A. Fundamentos de Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

NEGRÃO, R.F. A educação física e o positivismo. Discorpo, São Paulo, n.3, p.15 -24, 1994.

SANCHES NETO, L. Educação física escolar: uma proposta para o componente curricular da 5a. à 8a. série do ensino fundamental. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2003.

SANCHES NETO, L; BETTI, M. Convergência e integração: uma proposta para a educação física de 5ª a 8ª série do ensino fundamental. Revista brasileiria de Educação Física e Esporte. São Paulo. v.22, n.1, p.5-23, jan/mar. 2008

SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana. Lisboa: Compendium, 1986.

ZEICHNER, K. M. A Formação Reflexiva de Professores, Idéias e Práticas. EDUCA, Lisboa, 1993.

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______________. Formação de professores reflexivos para a educação centrada nos alunos: possibilidades e limites. In BARBOSA, R. L. L. (Org.). Formação de educadores: desafios e perspectivas. São Paulo: UNESP, 2003.

Referências

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