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O ATRASO NA SEMEADURA DE MAMONA (RICINUS COMMUNIS L.) REDUZ RENDIMENTO DE GRÃOS NO PLANALTO CATARINENSE*

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Academic year: 2021

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O ATRASO NA SEMEADURA DE MAMONA (RICINUS COMMUNIS L.) REDUZ RENDIMENTO DE GRÃOS NO PLANALTO CATARINENSE*

Mario Alvaro Aloisio Verissimo1, Sergio Delmar dos Anjos e Silva2, Altamir Frederico Guidolin1, Diego Stähelin1, Marco André Grohskopf1, Pedro Patric Pinho Morais1, Cynara

Livia Bassan Montemor1

1Departamento de Agronomia, IMEGEM, UDESC – CAV, a6maav@hotmail.com, guidolin@cav.udesc.br, 2Embrapa Clima Temperado

RESUMO - A mamona (Ricinus communis L.) é uma espécie com alto potencial oleífero, em

conseqüência disso é uma das culturas bases do Programa Nacional de Biodiesel. O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento agronômico de genótipos de mamona em função da época de semeadura nas condições do Planalto Catarinense, Lages, SC, ano agrícola 2006/07. A semeadura ocorreu nos dias 03/nov, 23/nov e 13/dez de 2006. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, disposto em parcelas subdivididas, com duas repetições. Foi avaliado o comportamento de quatro genótipos de mamona (Variedades: IAC 80 e Al Guarany 2002; Híbridos: Lyra e Mara), semeados em três épocas, espaçadas em 20 dias (03/novembro, 23/novembro e 13/dezembro/2007). As determinações realizadas foram: Ciclo Cultural (CC) e Produtividade de Grãos (PRODG). O número de dias da semeadura a colheita foi fortemente afetado pela época de semeadura e distinto entre os genótipos testados. Com o atraso da semeadura os genótipos evidenciaram comportamento similar, reduzindo a produtividade de grãos. A semeadura realizada em 03/nov apresentou maior produtividade de grãos (1500 kg ha-1) e a partir desta época ocorreu redução gradativa no rendimento de grãos, na ordem de -23 kg ha-1 dia-1.

Palavras-chave: Ricinus communis L., época de semeadura, rendimento, genótipos.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L.) é uma espécie com alto potencial oleífero, em conseqüência disso é uma das culturas bases do Programa Nacional de Biodiesel. Segundo Silva et al. (2005), o ácido ricinoléico é o principal componente do óleo de mamona, isto lhe confere propriedades especiais, que permitem seu uso em mais de 400 processos industriais.

A produtividade de grãos de mamona (bagas) varia de 600 a 900 kg ha-1 (IBGE, 2007). Essa baixa produtividade média é explicada pela imposição a falta de água e problemas de manejo (consórcio, época de plantio, variedades, espaçamentos inadequados, entre outros). A maior exigência de água é no início da fase vegetativa, sendo que a precipitação mínima desejada deve ser de 500 mm durante o ciclo de desenvolvimento (BAHIA, 1995).

A definição da época de semeadura da mamona é realizada no intuito de identificar os períodos propícios ao desenvolvimento da ricinocultura, reduzindo os riscos de inviabilidade econômica

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e ecológica. Para Hemerly (1981) a semeadura realizada em épocas inadequadas está entre as principais causas do baixo desempenho da mamona no Brasil. Neste sentido, a época de semeadura é um importante fator para o sucesso da cultura.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de genótipos de mamona em diferentes épocas de semeadura, quanto à produção de grãos e características agronômicas.

MATERIAL E MÉTODOS

Um experimento foi conduzido a campo, na área experimental do IMEGEM (Instituto de Melhoramento e Genética Molecular – UDESC) em Lages, SC (27º52’30’’S, 50º18’30’’O e 920 m), no ano agrícola de 2006/2007.

Foi avaliado o comportamento de quatro genótipos de mamona (Variedades: IAC 80 e Al Guarany 2002; Híbridos: Lyra e Mara), em três épocas de semeadura, espaçadas em 20 dias. A semeadura 0 (zero) foi em 03/novembro, a 20 (vinte) em 23/novembro e a 40 (quarenta) em 13/dezembro/2007.

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso dispostos em parcelas subdivididas, com duas repetições. O fator época de semeadura foi locado nas parcelas e os genótipos nas subparcelas. As parcelas foram constituídas por 12 linhas com 8,0 m de comprimento, espaçadas de 1,6 m (variedades) e 1,3 m (híbridos). As subparcelas foram constituídas pelo conjunto de três linhas consecutivas, contendo um dos genótipos de mamona, considerando-se útil a linha central das subparcelas. As determinações realizadas foram: Ciclo Cultural (CC) e Produtividade de Grãos (PRODG).

Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F ao nível de 5% de probabilidade de erro. A análise estatística foi realizada utilizando-se o software SAS, versão 9.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A safra agrícola 2006/07 teve precipitação acumulada foi de 850 mm entre a semeadura e colheita (Figura 1). No entanto, no mês de novembro a precipitação foi elevada, chegando a 250 mm, já em janeiro e abril verificaram-se déficits de -2 e -10 mm, respectivamente. A análise de variância (Tabela 1) demonstra a diferença entre as características avaliadas, para as diferentes fontes de variação.

O número de dias da semeadura a colheita foi fortemente afetado pela época de semeadura e distinto entre os genótipos testados. De modo que para as duas variedades, o CC (Figura 2) decresceu linearmente à medida que se atrasou a semeadura, numa diferença de 20 dias entre as semeaduras. Já os híbridos apresentaram menor ciclo na primeira semeadura e aumento do ciclo na época de

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semeadura intermediária (23/nov). Cabe ressaltar, que as variedades e os híbridos semeados 20 e 40 dias após 03/nov tiveram seu ciclo finalizado por ocasião do frio intenso e geada na segunda quinzena de maio, o que forçou o fim do ciclo e a colheita de todos os genótipos no mesmo período. Os híbridos, por serem naturalmente mais precoces em relação às variedades, possibilitam sua colheita antes da ocorrência da primeira geada, para a semeadura na primeira época (03/nov).

Com o atraso da semeadura os genótipos evidenciaram comportamento similar, reduzindo a produtividade de grãos (PRODG, Figura 3) de 1500 kg ha-1 na semeadura de 03/nov para 400 kg ha-1 na semeadura de 13/dez, com uma redução de 75% no rendimento de grãos. A PRODG reduziu aproximadamente 23 kg ha-1 dia-1 à medida que se atrasa a semeadura a partir de novembro, para as condições testadas. Estudos realizados com diversas culturas, na região do Planalto Catarinense e outras regiões, visando avaliar o efeito da época de semeadura no rendimento de grãos têm constatado decréscimo da produtividade com o atraso da semeadura com milho (SANGOI, 1993), feijão (MASSIGNAM et al., 1998) e soja (PEIXOTO et al., 2000).

A redução na produtividade de grãos pode ser explicada pelo menor período disponível aos genótipos para a formação e desenvolvimento dos racemos secundários e terciários nas épocas tardias, fato não evidenciado na primeira época (03/dez), já que houve produção de primeira, segunda e terceira floração. A temperatura média decaiu de março (21 oC) para abril (17 oC), sendo que a semeadura tardia foi a mais afetada. Além da ocorrência de geada (abril/maio) no final do ciclo das épocas tardias, que também refletiu na redução da produtividade, sendo que os genótipos não completaram totalmente seu ciclo de produção na época mais tardia (13/dez).

Os genótipos avaliados apresentaram alto potencial produtivo (mais de 1500 kg ha-1), segundo parâmetros apresentados por Nóbrega et al. (2001), para a semeadura no início de novembro. A PRODG obtida com a semeadura em 03/nov, para as condições avaliadas, foi superior a média nacional de 750 kg há-1 (IBGE, 2007) e semelhante aos relatados em trabalhos com a cultura em outras regiões do país (NÓBREGA et al., 2001; SILVA et al., 2005). O comportamento homogêneo dos genótipos testados para a característica PRODG pode ser explicado pelas baixas temperaturas e geada no final do ciclo e sendo a mamona uma espécie de hábito indeterminado, a produção varia com a colheita de três ordens de racemos, o que não foi possível para todos os genótipos.

CONCLUSÕES

O número de dias da semeadura a colheita foi fortemente afetado pela época de semeadura e distinto entre os genótipos testados.

Com o atraso da semeadura os genótipos evidenciaram comportamento similar, reduzindo a produtividade de grãos.

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*Trabalho realizado com apoio da FAPEG-RS (MDA-Oleaginosas).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAHIA. Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração. Diagnóstico e oportunidades de

investimentos – mamona. Salvador: CICM/SEBRAE. 1995. 63 p. (Série Oleaginosas, 5).

IBGE. Levantamento sistemático da produção agrícola 2007 .Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 20 jun. 2007.

HEMERLY, F. X. Mamona: comportamento e tendências no Brasil. Brasília, DF: EMBRAPA-DID, 1981. 69 p. (EMBRAPA-DTC. Documentos, 2).

MASSIGNAM, A. M.; VIEIRA, H. J.; HEMP, S.; FLESCH, R. D. Ecofisiologia do Feijoeiro. IV - rendimento de grãos sob diferentes épocas de semeadura no Estado de Santa Catarina. Revista

Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v. 6, n. 1, p. 55-61, 1998.

NÓBREGA, M. B. de M.; ANDRADE, F. P.; SANTOS, J. W. dos; LEITE, E. J. Germoplasma. In: AZEVEDO, D. M. P. de.; LIMA, E. F. (Org.). O agronegócio da mamona no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2001. p. 257-281.

PEIXOTO, C. P.; CÂMARA, G. M. de S. ; MARTINS, M. C.; MARCHIORI L. F. S.; GUERZONI, R. A.; MATTIAZZI P. Épocas de semeadura e densidade de plantas de soja: I. Componentes da produção e rendimento de grãos. Scientia Agricola. v. 57, n. 1, p. 89-96, 2000.

SAMPAIO L. R.; ALBUQUERQUE R. C.; SEVERINO L. S. Comportamento de genótipos de mamona submetidos a diferentes temperaturas noturnas: crescimento e desenvolvimento. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2., 2006, Sergipe. Resumos do II CBM, Campina Grande: Embrapa Algodão. 2006. 1 CD-ROM.

SANGOI, L. Aptidão dos campos de Lages (SC) para produção de milho em diferentes épocas de semeadura. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v. 28, n. 1, p. 51-63, 1993.

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ANTHONISEN, D.; MACHADO, E. B.; THEISEN. G.; MAGANANI, M.; WREGE, M. S.; AIRES, R. F. A

cultura da mamona na região de clima temperado: informações preliminares. Pelotas: Embrapa

Clima Temperado, 2005. 56 p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 149).

Figura 1. Disponibilidade hídrica e térmica na safra 2006/07, para a região de Lages, SC. a) Balanço

hídrico para cultura da mamona, segundo metodologia proposta por Thorntwait-Matter, para capacidade de armazenamento de 100 mm. b) Valores de temperatura máxima, média e mínima mensais para Lages, SC, safra 2006/07. * Dados fornecidos pela Estação Meteorológica do CAV/UDESC.

Tabela 1. Resumo da análise de variância para caracteres de importância agrícola, avaliados em

genótipos de mamona (Ricinus communis L.) submetida a três épocas de semeadura, safra 2006/07. UDESC/CAV, Lages, SC. Q.M. F.V. G.L. CC BLOCO 1 228 8177 ÉPOCA (E) 2 841 1537522** RESÍDUO A 2 93 7524 GENÓTIPO(G) 3 408** 209830 G * E 6 554** 215929 RESÍDUO B 9 58 71772

** significativo a 1% de probabilidade de erro pelo teste F, respectivamente. Características avaliadas: ciclo cultural (CC) e produtividade de grãos (PRODG).

a) b) Balanço Hídrico 0 50 100 150 200 250 300

Nov Dez Jan Fev Mar Abr Meses m m ETP ---- PRECIPITAÇÃO TEMPERATURA TºC 0 5 10 15 20 25 30

Nov Dez Jan Fev Mar Abr

MESES T º C MÁXIMA MÉDIA MÍNIMA *

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Mara Lyra

Data de semeadura

03 nov 23 nov 13 dez

120 140 160 180 200 IAC 80 Data de semeadura

03 nov 23 nov 13 dez

C ic lo C u lt u ra l (d ia s ) 120 140 160 180 200 Al Guarany 2002 0,98 = R 203 + x -= y 2 Data de semeadura

03 nov 23 nov 13 dez

120 140 160 180 200 Data de semeadura

03 nov 23 nov 13 dez

120 140 160 180 200 0,83 = R 200 x -= y + 2 0,67 = R 170 + 1,44x + 0,04x -= y 2 2 0,7 5 = R 1 47 + 3,1 6x + 0,0 7x -= y 2 2 C ic lo C u lt u ra l (d ia s ) C ic lo C u lt u ra l (d ia s ) C ic lo C u lt u ra l (d ia s )

Figura 2. Comportamento de quatro genótipos de mamona quanto aos dias para o ciclo cultural (CC),

submetidos a três épocas de semeadura, safra 2006/07, Lages, SC.

Figura 3. Comportamento médio da PRODG (Produtividade de Grãos), expressa em kg ha-1, de quatro genótipos de mamona, em três épocas de semeadura, safra 2006/07, Lages, SC.

Col 1 vs Col 2 Plot 1 Regr

Data de Semeadura

03 nov 23 nov 13 dez

P ro d u ti v id a d e d e G rã o s ( k g h a -1) 0 300 600 900 1200 1500 * * 0,91 = r 1438,4 + 23,2x = y − 2 Data de Semeadura

03 nov 23 nov 13 dez

P ro d u ti v id a d e T o ta l (k g h a -1) 0 400 800 1200 1600 2000 * * 0,94 = r 2049,4 + 33,3x = y − 2

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