Na relação terapêutica, paciente e terapeuta, ambos são pacientes. Robert Leahy
O instrumento apresentado a seguir foi retirado dos livros Terapia do Esquema Emocional e Superando a resistência em terapia cognitiva, do Ph.D. Robert Leahy. Trata-se de um Questionário de esquemas de contratransferência.
Algumas considerações:
Esquemas dos pacientes resultam em resistência, esquemas do terapeuta também, por isso é preciso identificá-los, reconhecê-los e reestruturá-los.
Esquemas são teorias que sustentamos sobre nossos pensamentos, comportamentos, emoções e suas crenças de como lidar com elas.
Os terapeutas podem exibir mais de um esquema.
Existe um “perfil” de paciente que irá ativar esquemas do terapeuta. Nesse questionário avaliaremos 15 tipos de esquemas.
Ao responder, você pode imaginar determinado paciente. Mas como saber se “escolheu” um paciente que aciona esquemas?
Você pode se perguntar: Me sinto muito confortável com esse paciente? Me sinto desconfortável? Tenho dificuldade de falar sobre determinados assuntos? Percebo que tento protegê-lo? Ultrapasso limites do horário das sessões? Não consigo cobrar um preço justo/ adequado pelo atendimento?
Questionário de Esquemas do Terapeuta
Na coluna classificação, indique como você se sente em relação a esse paciente, considerando o trabalho que você desenvolveu com ele até aqui. Não há respostas certas ou erradas. Evite dar suas respostas levando em conta aquilo que você acredita ser desejável. Classifique cada pressuposto com base na seguinte escala:
1 = Completamente falso 2 = Relativamente falso 3 = Levemente falso
4 = Levemente verdadeiro 5 = Relativamente verdadeiro 6 = Completamente verdadeiro
Pressupostos classificação
01. Tenho obrigação de curar todos os meus pacientes
02. Devo sempre atingir os mais elevados padrões
03. Meus pacientes deveriam fazer um excelente trabalho sempre
04. Nós nunca deveríamos perder tempo
05. Mereço ser bem sucedido
06. Meus pacientes deveriam valorizar tudo o que faço por eles
07. Eu não deveria me sentir entediado quando conduzo a terapia
08. Pacientes tentam me humilhar
09. Conflitos são perturbadores
10. Eu não deveria levantar questões que incomodem o paciente
11. Se meu paciente está entediado com a terapia, ele pode abandoná-la
12. É perturbador quando pacientes interrompem o tratamento
13. Posso acabar sem nenhum paciente
14. Eu me sinto controlado pelo paciente
15. Meus movimentos, sentimentos ou o que digo estão limitados
16. Eu deveria ser capaz de fazer ou dizer o que desejo
17. Algumas vezes me pergunto se me perderei na relação
18. Tenho que controlar o ambiente ou as pessoas à minha volta
20. As pessoas deveriam ser punidas quando fazem coisas erradas
21. Frequentemente me sinto provocado
22. O paciente está tentando me incomodar
23. Eu tenho que estar alerta para não ser maltratado ou explorado
24. Geralmente não se pode confiar nas pessoas
25. Desejo ser querido/amado pelo paciente
26. Se o paciente não está feliz comigo, então isso significa que estou fazendo algo errado
27. É importante que eu goste do paciente
28. Incomoda-me se não gosto de um paciente
29. Nós deveríamos nos dar bem – quase como amigos
30. Quero ocultar pensamentos e sentimentos de meus pacientes
31. Não quero dar-lhes o que eles querem
32. Percebo que estou me distanciando emocionalmente durante as sessões
33. Sinto que não sei o que fazer
34. Temo cometer erros no futuro
35. Eu me pergunto se sou realmente competente
36. Algumas vezes me sinto como se estivesse desistindo
37. O paciente está me impedindo de atingir minhas metas
38. Sinto-me como se estivesse perdendo meu tempo
39. Eu deveria ser capaz de atingir minhas metas nas sessões sem a interferência do paciente
40. Eu deveria satisfazer as necessidades dos meus pacientes
41. Eu deveria fazê-los sentirem-se melhor
42. As necessidades dos pacientes frequentemente têm prioridade sobre as minhas
43. Algumas vezes acredito que faria quase qualquer coisa para satisfazer as necessidades deles
44. Sinto-me frustrado quando estou com este paciente porque não posso expressar a forma como realmente me sinto
Examinando os Esquemas do Terapeuta
Analise o Questionário de Esquemas do Terapeuta, note se a sua classificação é “5” ou “6” para qualquer um dos esquemas listados. Logo após, observe a tabela abaixo e veja quais são seus esquemas mal- adaptativos.
Esquema Pressupostos
Padrões inflexíveis: terapeutas perfeccionistas, com frequência,
veem pacientes como
irresponsáveis, autoindulgentes e preguiçosos. Têm dificuldade em demonstrar empatia pelo paciente. Colocam muita ênfase na “lógica” de que o paciente pode sentir que o terapeuta quer mostrar que é mais inteligente.
“Tenho obrigação de curar todos os meus pacientes. Devo sempre atingir os mais elevados padrões. Meus pacientes deveriam fazer um excelente trabalho sempre. Nós nunca deveríamos perder tempo”.
Pessoa especial e superior: o terapeuta narcisista vê a terapia como uma oportunidade de brilhar. Dessa forma ele espera adulação do paciente, o que pode atrapalhar os limites dessa relação. O fato de ter alguém que precise dele faz com que se sinta superior.
“Mereço ser bem-sucedido. Meus pacientes deveriam valorizar tudo o que faço por eles. Eu não deveria me sentir entediado quando conduzo a terapia. Pacientes tentam me humilhar”.
Sensibilidade a rejeição: qualquer término prematuro é interpretado como rejeição pessoal do terapeuta. O terapeuta evita entrar em uma relação terapêutica significativa.
“Conflitos são perturbadores. Eu não deveria levantar questões que incomodem o paciente”.
Abandono: muito comum entre terapeutas. O terapeuta interpreta qualquer situação como indicativo de que o paciente irá abandonar a terapia.
“Se meu paciente está entediado com a terapia, ele pode abandoná-la. É perturbador quando pacientes interrompem o tratamento. Posso acabar sem nenhum paciente”.
Autonomia: terapeutas com esse esquema desadaptativo acreditam que investidas do paciente atrapalharão sua vida, sua liberdade.
“Eu me sinto controlado pelo paciente. Meus movimentos, sentimentos ou o que digo estão limitados. Eu deveria ser capaz de fazer ou dizer o que desejo. Algumas vezes me pergunto se me perderei na relação”.
Controle: Procura reafirmação a todo momento. Conduz a terapia e os objetivos de acordo com as suas necessidades, perdendo de vista as necessidades do paciente.
“Tenho que controlar o ambiente ou as pessoas à minha volta”.
Julgamento: esse é um esquema muito complicado para terapeutas possuírem, já que partimos da ideia de que não devemos julgar nossos pacientes. É necessário trabalhar a empatia por parte do terapeuta.
“Algumas pessoas são, no fundo, más. As pessoas deveriam ser punidas quando fazem coisas erradas”.
Perseguição: esquemas
relacionados a perseguição são prejudiciais à relação terapêutica. É praticamente impossível estabelecer uma relação sem confiança.
“Frequentemente me sinto provocado. O paciente está tentando me incomodar. Tenho que estar alerta para não ser maltratado ou explorado. Geralmente não se pode confiar nas pessoas”.
Necessidade de aprovação: terapeutas com esse esquema desejam fazer com que o paciente se sinta bem, independente do que aconteça. Ele evitará abordar questões “delicadas” para o cliente.
“Desejo ser querido pelo paciente. Se o paciente não está feliz comigo, então isso significa que estou fazendo algo errado”.
Necessidade de gostar dos outros: nem sempre é possível gostar de todo mundo. Terapeutas com esse esquema muitas vezes ultrapassam o limite profissional. Talvez seja importante lembrar os motivos de o paciente fazer terapia.
“É importante que eu goste do paciente. Incomoda-me se não gosto de um paciente. Nós deveríamos nos dar bem – quase como amigos.”
Evitativo: evita temas e emoções difíceis. Acredita que o paciente pode rejeitá-lo. Não se engaja no processo.
“Quero ocultar pensamentos e sentimentos de meus pacientes. Não quero dar-lhes o que eles querem. Percebo que estou me distanciando emocionalmente durante as sessões”.
Desamparo: dúvidas a respeito de sua atuação, sente-se inadequado e acha que não conseguirá ajudar.
“Sinto que não sei o que fazer. Temo cometer erros no futuro. Eu me pergunto se sou realmente competente. Algumas vezes me sinto como se estivesse desistindo”. Inibição de meta: nesse caso é
importante trabalhar a empatia e lembrar que alguns tratamentos caracterizam-se por períodos desestimulantes, conflitos e recaídas.
“Sinto-me como se estivesse perdendo meu tempo. Eu deveria ser capaz de atingir minhas metas nas sessões sem a interferência do paciente”.
Excesso de auto-sacrifício: se ele entende que o paciente se encontra em situação pior que a dele, tem dificuldade em ser assertivo. Personalidade co-dependente.
“Eu deveria satisfazer as necessidades dos meus pacientes. Eu deveria fazê-los sentirem-se melhor. As necessidades dos pacientes frequentemente têm prioridade sobre as minhas. Algumas vezes acredito que faria quase qualquer coisa para satisfazer as necessidades deles”.
Inibição emocional: pode se tornar passivo-agressivo com os pacientes.
“Sinto-me frustrado quando estou com este paciente porque não posso expressar a forma como realmente me sinto. Acho difícil suprimir meus sentimentos”.