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DIÁLOGO ENTRE A ECOLOGIA SOCIAL, O SABER AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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Academic year: 2020

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AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO DO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

1 Laurinda Fernanda Saldanha Siqueira 2 Jonas de Jesus Gomes da Costa Neto 3 Mariano Oscar Anibal Ibañez Rojas

RESUMO

Com o advento do conceito de Desenvolvimento Sustentável, uma série de discussões se fazem necessárias. Com o objetivo de propor um diálogo entre a Ecologia Social, o Saber Ambiental e a Educação Ambiental, este artigo traz à discussão pesquisadores como Murray Bookchin e Enrique Leff. A Ecologia Social – enquanto um espaço de análise das raízes sociais dos problemas ambientais e de construção de novas possibilidades de superação destes – e o Saber Ambiental – enquanto um espaço para o diálogo entre o saberes e para articulação entre as ciências – apresentaram semelhanças com as vertentes críticas, transformadoras e emancipatórias da Educação Ambiental. No âmbito do desenvolvimento sustentável, o diálogo proposto mostrou semelhanças entre as noções de crise ambiental, bem como, nas propostas e nos resultados esperados.

Termos para indexação: Socioeconômica ambiental, sustentabilidade, crise ambiental.

1 Financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES/ UFMA. Profª.

Msc. disponível ao IFMA, lau_siqueira@yahoo.com.br

2 Prof. Msc. do IFMA - Campus Zé Doca 3 Prof. Dr. do IFMA - Campus Codó

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DIALOGUE AMONG THE SOCIAL ECOLOGY,

THE ENVIRONMENTAL KNOWLEDGE AND THE

ENVIRONMENTAL EDUCATION IN THE REALM OF THE

SUSTAINABLE DEVELOPMENT

ABSTRACT

With the advent of the concept of sustainable development, a series of discussions are made necessary. Aiming at proposing a dialogue among the Social Ecology, the Environmental Knowledge and the Environmental Education, this article brings up for discussion researchers such as Murray Bookchin and Enrique Leff. The Social Ecology- while a field of analysis of the social roots of the environmental problems and of construction of new possibilities for overcoming them- and the Environmental Knowledge- while a field for the dialogue about knowledge and for the articulation among the sciences- have presented similarities to the critical, transformative and emancipating trends of the Environmental Education. In the realm of the sustainable development, the proposed dialogue has shown similarities in the notions of environmental crisis, as well as, in the proposals and in the expected results.

Index terms: Environmental socioeconomics, sustainability, environmental crisis.

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INTRODUÇÃO

Ao longo da história, a natureza vem sendo apartada da sociedade humana. Segundo Oliveira (2002), Bacon no século XVII já supunha a natureza como algo exterior a sociedade. Nos dias atuais, não somente esta concepção de externalidade do meio ambiente parece imperar, mas também, existe a proposição de uma relação de dominação do homem (sujeito) sobre a natureza (objeto). A noção de homem como ‘um ser social’ e, por isso, diferente e superior a todos os demais animais, acaba por acatar esta proposta.

De acordo com Oliveira (2002), a socialização da natureza, proposta por Marx – por meio da apropriação e transformação dos recursos naturais – tornou o trabalho mediador da relação socioambiental. Para Smith (1987), o homem constitui-se no elo entre o instrumento do trabalho e o objeto do trabalho, sendo assim, os homens modificam sua própria natureza na medida em que progressivamente eliminam a natureza de sua exterioridade, mediatizam a natureza através de si próprios e quando fazem a própria natureza trabalhar para seus próprios objetivos.

O capital produziu uma perda de identidade da relação homem-natureza; o capitalismo promoveu a coisificação do homem, do meio ambiente e de suas inter-relações; o desenvolvimento acelerado gerou um panorama catastrófico para a relação homem-recursos naturais; a percepção da crise ambiental orientou novas formas de desenvolvimento voltadas à sustentabilidade das ações antrópicas sobre o meio ambiente.

Em um cenário de hierarquização da relação homem-natureza, de externalização do meio ambiente, de crise ambiental e de ascensão do conceito de Desenvolvimento Sustentável é que se insere o objetivo deste artigo de promover o diálogo entre a Ecologia Social, o Saber Ambiental e a Educação Ambiental, sem pretensão de esgotá-lo e ou de propor uma confluência forçada.

METODOLOGIA

O presente artigo trata de uma metanálise complementada por uma revisão da bibliografia relacionada à Ecologia Social, Saber Ambiental e Educação Ambiental, considerando suas semelhanças e conflitos diante de novos conceitos introduzidos pelo advento do conceito de Desenvolvimento Sustentável e recorrendo-se ao discurso de alguns pesquisadores como, Murray Bookchin e Enrique Leff, dentre outros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ecologia Social, Saber Ambiental e Educação Ambiental: um colóquio

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no qual se apresentam os problemas ecológicos profundamente mergulhados no seio dos problemas sociais, possibilitando a ampliação das compreensões dos contextos sociais e ecológicos da atualidade e buscando respostas e alternativas para os crescentes problemas ambientais do planeta e da humanidade.

Bookchin (1999) afirma que a criação da Ecologia Social teve por objetivos apresentar uma filosofia, uma concepção do desenvolvimento natural e social, uma análise profunda dos problemas sociais e ambientais e uma alternativa utópica radical às crises social e ambiental atuais. Para Capra (1996), ela tem como foco as características e os padrões culturais de organização social produtores da crise ecológica.

De acordo com Diegues (2001), os ecologistas sociais veem os seres humanos primeiramente como seres sociais, não como uma espécie diferenciada; criticam a noção de Estado; propõem uma sociedade democrática, descentralizada e baseada na propriedade comunal de produção e não concedem espaço para a explicação hierárquica tanto da natureza, quanto da sociedade. A Ecologia Social tenta uma reconciliação entre humanidade e natureza, utilizando o holismo, isto é, faz do todo mais do que a soma das partes. Para Bookchin (1999), “tenemos que combinarlos (as ciências), relacionarlos, y verlos tanto en su totalidad como en su especificidad” (p.98).

Neste ponto, é fácil relacionar a Ecologia Social de Murray Bookchin e o Saber Ambiental defendido por Enrique Leff. Segundo Leff (2002; 2004), o Saber Ambiental emerge de uma reflexão sobre a construção social do mundo atual onde hoje convergem e se precipitam os tempos históricos.

Leff (2002) idealiza a necessidade de construção de um novo saber, o saber ambiental, baseado na racionalidade ambiental, na complexidade ambiental, no diálogo entre os saberes e na articulação entre as ciências, que confronte o isolamento e desintegração das ciências, das metodologias estabelecidas e das verdades absolutas. Este não combinaria, pura e simplesmente, todos os conhecimentos já consolidados, mas sim, adicionaria suas diferenças e diversidades. Um saber multifacetado centrado na natureza “se transformaria no lócus de encontro da diversidade e da diferença, e não da confluência de diversos campos do saber (ciências) que se reúnem para realizar o entendimento de uma problemática comum” (Leff, 2004, p.11).

De acordo com Leff (2002), o Saber Ambiental pressupõe a integração inter e transdisciplinar do conhecimento, para explicar a complexidade de sistemas socioambientais; problematizar o conhecimento fragmentado e o desenvolvimento; e, construir um campo A interdisciplinaridade, defendida por Leff, é orientada por um caráter holístico e integrador do desenvolvimento, sem esquecer-se dos processos constituintes deste último.

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O somatório das diferenças e diversidades do Saber Ambiental se aproxima do ‘todo mais que a soma das partes’ pregado pela Ecologia Social. Já que, segundo Leff (2004), o Saber Ambiental coloca-se fora da ideia do uno, do absoluto e do todo: do logocentrismo das ciências até o saber holístico e das visões sistêmicas que buscam integração e retotalização do conhecimento num projeto interdisciplinar, e, já que, de acordo com Silva (2007), a totalidade da Ecologia Social não se apresenta como uma homogeneidade imutável, mas sim como uma dinâmica da diversidade, compreendendo as variadas estruturas, articulações e medições que dão ao todo uma rica variedade de formas. A Ecologia Social e o Saber Ambiental parecem tentar buscar soluções para a externalização do meio ambiente pela humanidade e para os conflitos socioambientais advindos, por meio de acordo com Leff de “uma nova racionalidade, onde estariam incorporados os princípios da democracia ambiental e da equidade social, econômica e cultural” (2004, p.12). Como resultado, Bookchin, por sua vez, aponta para a formação de uma “sociedade libertária, ecologicamente orientada (uma sociedade que desenvolva um novo equilíbrio com a natureza)” (1990, p.3).

Dentre as várias vertentes da Educação Ambiental – popular, política, comunitária, formal, não formal, conservacionista, socioambiental, dentre outras – merecem destaque, no contexto da promoção do diálogo com a Ecologia Social e o Saber Ambiental, as categorias: crítica, transformadora e emancipatória.

A Educação Ambiental Crítica busca compreender os problemas socioambientais em suas múltiplas relações, considerando o ambiente como o conjunto natural do mundo social, mediado por saberes locais, tradicionais e científicos (Silva, 2007). Guimarães (2004) expõe que esta vertente objetiva promover ambientes educativos de mobilização de processos de intervenção sobre a realidade e seus problemas socioambientais.

A Educação Ambiental Transformadora procura a realização humana em sociedade, enquanto forma de organização coletiva da espécie humana, e não pela simples “cópia” de uma natureza descolada do movimento total (Loureiro, 2004). Segundo o autor esta vertente “baseia-se no princípio de que as certezas são relativas; na crítica e autocrítica constante e na ação política para se estabelecer movimentos emancipatórios e de transformação social que possibilitem o estabelecimento de novos patamares de relações na natureza” (2004, p.81).

A Ecologia Ambiental Emancipatória, segundo Lima (2004), introduz no debate ambiental questionamentos sobre progresso e custos sociais e psicológicos advindos de um modelo de desenvolvimento pautado na “perda de sentido da vida, alienação do homem, desigualdades econômicas e sociais, consumismo, monocultura da vida urbana e redução da diversidade cultural” (p.96), e propõe mudanças por meio da tomada de consciência e do conhecimento dos direitos e potenciais a fim de recriar relações sociais e socioambientais.

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A Ecologia Social – enquanto um espaço de análise das raízes sociais dos problemas ambientais e de construção de novas possibilidades de superação destes – aparece assemelhar-se as vertentes crítica, transformadora e emancipatória da Educação Ambiental. Segundo Quintas (2004), critica na medida em que discute e explicita as contradições do atual modelo de civilização, da relação sociedade-natureza e das relações sociais que ele institui; transformadora, porque ao pôr em discussão o caráter do processo civilizatório em curso, acredita na capacidade da humanidade construir outro futuro a partir da construção de outro presente e, assim, instituindo novas relações dos seres humanos entre si e com a natureza; e também emancipatória, por tomar a liberdade como valor fundamental e buscar a produção da autonomia dos grupos subalternos, oprimidos e excluídos.

Para Leff (2006a), a demanda de conhecimento gerada pela problemática ambiental e o manejo integrado e sustentável dos recursos vai além da necessidade de amalgamar as disciplinas científicas existentes. A educação nos moldes da interdisciplinaridade – entendida como a formação de mentalidades e habilidades para aprender a realidade complexa – tem-se reduzido a incorporação de uma “consciência ecológica” no currículo tradicional (Leff, 2002). Segundo o autor “la incorporación del medio ambiente a la educación formal em gran medida há se limitado a internalizar los valores de conservación de la naturaleza [...]” (2002, p.262).

Para Leff (2002), a Educação Ambiental traz consigo uma nova pedagogia que surge da necessidade de orientar a educação dentro do contexto social e na realidade ecológica e cultural onde se situam os sujeitos e atores do processo educativo. Leff refere que o processo educativo permite reelaborar o saber, na medida em que as práticas pedagógicas, as correntes de transmissão e assimilação do saber preestabelecido e fixado se transformam em conteúdos curriculares e nas práticas de ensino.

Portanto, fica evidente que o espaço de diálogos que convergem para o debate e superação das atuais questões socioambientais que acompanham a Educação Ambiental, sobretudo no que concerne as vertentes discutidas, em muito se confunde com o diálogo de saberes e pela articulação entre as ciências do Saber Ambiental, e ainda, com o colóquio entre os problemas ambientais e os problemas profundamente sociais da Ecologia Social.

O diálogo no âmbito do Desenvolvimento Sustentável

Antes de introduzir o diálogo ao âmbito do Desenvolvimento Sustentável, cabe destacar sinteticamente como cada esfera entende a crise ambiental vigente. Afinal, tanto a Ecologia Social, o Saber Ambiental e a Educação Ambiental, quanto o Desenvolvimento Sustentável, emergiram da necessidade de discussões sobre alternativas e soluções à crise ambiental.

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Leff (2004) defende que a crise ambiental – como marco de uma crise civilizatória – é uma crise de conhecimento, que caminha para uma crise de identidade. Segundo o autor, “a crise ambiental é a primeira crise do mundo real produzido pelo desconhecimento do conhecimento. O conhecimento já não representa a realidade; pelo contrário, constrói uma hiper-realidade na qual se vê refletido” (2004, p.96). O Saber Ambiental questiona a irracionalidade da razão cientifica diante das tentativas de resolver a crise ecológica mediante o controle racional dos recursos naturais.

No tocante a Educação Ambiental, Lima (2004) cita que a vertente emancipatória entende a crise ambiental como uma crise abrangente da cultura ocidental. A Educação Ambiental Emancipatória critica, principalmente, o reducionismo ao qual estão subjugadas as questões ambientais; o tecnicismo, que prioriza os aspectos técnicos da questão ambiental e busca na tecnologia explicações e soluções aos problemas socioambientais; e a leitura da realidade que toma o saber científico como saber dominante.

De acordo com Silva (2007), a Ecologia Social entende que a fonte da crise ambiental está nas relações hierárquicas da sociedade e da natureza e investiga os fatores econômicos e institucionais envolvidos na crise ambiental. Ela apresenta uma dimensão reconstrutiva frente à crise ecológica, propondo a transformação da sociedade atual em um contexto social racional e ecológico. Assim como o Saber Ambiental e a Educação Ambiental Emancipatória tratam a crise ambiental como uma crise da civilização, para Ecologia Social a crise ambiental é a própria crise da sociedade. Bookchin enfatizou que “o desequilíbrio que o homem produziu no mundo natural é causado pelo desequilíbrio que ele causou no mundo social” (1971, p.62).

Neste contexto, a realização de reuniões internacionais referências no debate ambiental – como o Clube de Roma (1968), a Conferência de Estocolmo (1972), a Conferência de Belgrado (1975), a Conferência de Tbilisi (1977), a Conferência de Moscou (1987), a ECO-92 (1992) no Rio de Janeiro, a Rio+ 10 na África do Sul (2002) – e o advento de documentos que sustentam e fundamentam o Desenvolvimento Sustentável – tais como, o Relatório Brundtland e a Agenda 21 Global – tornam imprescindível a extensão das discussões desenroladas aos diversos atores sociais e às suas inter-relações, seja pela mídia, pela escola ou pela construção de novas ciências.

O inicio das altercações sobre Educação Ambiental se confunde com o próprio inicio da construção do conceito de Desenvolvimento Sustentável. Não indiferente, a partir das discussões desenvolvidas, foram estabelecidos documentos que discutem a modalidade ‘Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável’, como o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (no Fórum Global da Sociedade Civil, no Rio-92) e a Agenda 21 Global, com ênfase no capitulo 36 que trata da Promoção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento (na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, na ECO-92).

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No âmbito da Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável, para Gutiérrez (1994) compete à construção uma ‘Pedagogia para o Desenvolvimento Sustentável’, baseada na promoção da vida para desenvolver o sentido da existência, no

equilíbrio dinâmico para desenvolver a sensibilidade social, na congruência harmônica

que desenvolve o ‘ser do planeta’, na ética integral que desenvolve a capacidade de auto-realização, na racionalidade intuitiva que desenvolve a capacidade de atuar como um ser humano integral e na consciência planetária desenvolve a solidariedade planetária.

A ideia de ‘formação de sociedade socialmente justas e ecologicamente equilibradas’ da Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável, se aproxima da Ecologia Social. Esta última emerge da conjunção entre o anarquismo e a ecologia, suscita a construção de uma sociedade ecológica, humana, libertária e cooperativa.

A visão sobre sustentabilidade defendida pela Ecologia Social pode ser entendida tendo por base a importância atribuída aos componentes humanos e naturais e as possíveis substituições um pelo outro. Segundo alguns economistas, de acordo com Van Bellen (2005) e Siena (2007), esta visão pode ser melhor absorvida no âmbito das seguintes classificações: sustentabilidade fraca, preocupada somente com o todo e o bem-estar do ecossistema poderia declinar, desde que o bem-estar humano aumentasse;

sustentabilidade sensível, preocupada principalmente com o todo, com alguma atenção

nas partes que podem ser substituídas até certo ponto; sustentabilidade forte, requer a manutenção das partes e do todo em boas condições, nada pode ser substituído; e,

sustentabilidade extremamente forte, onde todas as partes seriam mantidas intactas, sendo

que somente a porção madura de recurso renovável poderia ser colhida.

Para Leff (2000), os propósitos da sustentabilidade implicam na reconstrução do mundo a partir dos diversos projetos civilizatórios que são sedimentados na história. Segundo o autor, a insustentabilidade da vida no planeta deve ser entendida como sintoma de uma crise civilizatória, para que desta forma, haja compreensão de que a construção de futuro sustentável não pode ser abalizada sobre a falta eficácia do mercado e das tecnologias, de modo que um equilíbrio entre crescimento econômico e preservação ambiental seja encontrado. A questão ambiental, entre outras coisas, busca questionar, sobretudo a possibilidade de alcançar a sustentabilidade dentro da racionalidade social fundada no cálculo econômico, na formalização, controle e uniformização dos comportamentos sociais e na eficiência de seus meios tecnológicos (Leff, 2006b).

O Saber Ambiental tem na racionalidade ambiental a utopia forjadora de novos sentidos existenciais, a ressignificação da história e as potencialidades da condição humana, da natureza e da cultura. Assim, “la sustentabilidad del desarrollo anuncia el límite de la racionalidad económica, proclamando los valores de la vida, la justicia social y el compromiso con las generaciones venideras” (Leff, 2000, p.1). Segundo Adão (2005), Leff busca uma racionalidade que promova o desenvolvimento econômico, coerente

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com a preservação e conservação da natureza buscando a minimização da degradação ambiental, já que a economia não pode ser dissociada da natureza.

Ainda sobre Racionalidade Ambiental, Leff (2000) concorda com Bookchin (1990) sobre a conscientização ecológica como representante de uma dialética da natureza não ser uma solução aos problemas ambientais, “mas sim a construção social de racionalidade ambiental” (2000, p.6). De fato, a racionalidade ambiental, segundo Leff (2002), é o efeito de um conjunto de interesses e de práticas sociais que articulam ordens materiais diversas que dão sentido e organizam processos sociais através de certas regras, meios e fins socialmente construídos. Assim, a racionalidade ambiental é uma racionalidade social.

A Ecologia Social, o Saber Ambiental e a Educação Ambiental sugerem a concordância a respeito de que, no discurso de Leff, “la sustentabilidad replantea la relación entre cultura y naturaleza; entre las diferentes significaciones culturales y los diversos potenciales de la naturaleza” (2000, p.9). Portanto, reaproximação entre sociedade e natureza, proposta pela Ecologia Social, e abraçada pelo Saber Ambiental e a Educação Ambiental parecem florescer como uma utopia necessária a um futuro sustentável.

CONCLUSÕES

No contexto do Desenvolvimento Sustentável, o diálogo entre a Ecologia Social, o Saber Ambiental e a Educação Ambiental parece ser no mínino oportuno e necessário. A aproximação entre os seus objetivos, suas discordâncias sobre o atual modelo de desenvolvimento praticado, suas propostas de tratamento às questões e aos problemas ambientais e suas posturas frente à crise ambiental, fazem com que este diálogo se torne complementar a qualquer discussão de questões ambientais e a qualquer debate ambiental que pretenda desenvolver uma pedagogia, uma metodologia, uma didática ou uma ciência pretensiosamente voltada à relação sociedade-natureza.

AGRADECIMENTOS

Ao DEOLI/UFMA, DAQ/IFMA, CAPES e ao Prof. Dr. Horácio A. de Sant’Ana Júnior.

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