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Estudo da influência do alaranjado de metila na obtenção de revestimento de zinco contra a corrosão em armaduras de concreto/Study of the influence of methyl orange in obtaining zinc coating against corrosion in concrete reinforcement

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.81923-81937 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

Estudo da influência do alaranjado de metila na obtenção de revestimento de

zinco contra a corrosão em armaduras de concreto

Study of the influence of methyl orange in obtaining zinc coating against

corrosion in concrete reinforcement

DOI:10.34117/bjdv6n10-573

Recebimento dos originais:08/09/2020 Aceitação para publicação:26/10/2020

Wallyson Souza Ramos

Engenheiro de Materiais pela Universidade Federal de Sergipe Instituição: Universidade Federal de Sergipe

Endereço: Avenida Marechal Rondon, s/n, Jardim Rosa Elze, São Cristovão, Sergipe Email: wsramos17@gmail.com

Michelle Cardinale Souza Silva Macedo

Doutora em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituição: Universidade Federal de Sergipe

Endereço: Avenida Marechal Rondon, s/n, Jardim Rosa Elze, São Cristovão, Sergipe Email: michellecardinales@gmail.com

RESUMO

O concreto armado é um material de fundamental importância para a construção civil, por este motivo a busca por preservar a sua integridade ao longo dos anos é um verdadeiro desafio. Essas estruturas estão constantemente sujeitas a agentes agressivos, e sofrem várias patologias sendo os processos corrosivos uma das principais ameaças à vida útil das edificações. Tais ameaças são potencializadas pela ausência de medidas protetivas e monitoramentos adequados que deveriam já estar previstos desde a etapa do projeto. Desta forma, muitos dos acidentes graves ocorridos nos últimos anos poderiam ter sido evitados, poupando muitas vidas e reduzindo significativamente gastos desnecessários. Dentre as muitas formas de proteção das armaduras de concreto, uma alternativa economicamente viável é o uso do aço galvanizado. O processo de galvanização não é algo novo, no entanto diversas pesquisas em todo mundo buscam revestimentos a base de zinco cada vez mais eficientes. Neste trabalho, revestimentos à base de zinco foram produzidos a partir de soluções ácidas na presença e na ausência do alaranjado de metila usado como aditivo. Os revestimentos foram obtidos via eletrodeposição em dois potenciais diferentes sobre a superfície do aço CA60. Para avaliar a qualidade e desempenho dos revestimentos foram realizadas curvas de polarização anódica, microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de energia dispersa (EDS). O comportamento dos revestimentos frente à corrosão foi testado em meio de NaCl 3,5%. As imagens obtidas por MEV mostraram uma influência positiva do aditivo na morfologia dos revestimentos tornando-os mais compactos e homogêneos quando comparados com os revestimentos sem o alaranjado de metila. Esse comportamento refletiu na melhoria da resistência à corrosão do aço CA60, pois através das curvas de polarização anódica foi possível observar que o alaranjado de metila de fato desempenhou um papel importante na qualidade do revestimento, uma

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vez que na presença do mesmo a proteção contra os íons cloretos foi otimizada em virtude do melhor mecanismo de barreira estabelecido na interface metal/eletrólito.

Palavras-chave: Concreto Armado, Corrosão, Eletrodeposição, Zinco, Alaranjado de Metila.

ABSTRACT

Reinforced concrete is a material of fundamental importance for civil construction, for this reason the search to preserve its integrity over the years is a real challenge. These structures are constantly subject to aggressive agents, and suffer several pathologies being the corrosive processes one of the main threats to the useful life of buildings. Such threats are compounded by the absence of protective measures and adequate monitoring that should have been foreseen since the project stage. In this way, many of the serious accidents that have occurred in recent years could have been avoided, saving many lives and significantly reducing unnecessary expenses. Among the many forms of concrete reinforcement protection, an economically viable alternative is the use of galvanized steel. The galvanizing process is not new, however several researches around the world are looking for increasingly efficient zinc-based coatings. In this work, zinc-based coatings were produced from acidic solutions in the presence and absence of methyl orange used as an additive. The coatings were obtained by electroplating two different potentials on the surface of CA60 steel. To evaluate the quality and performance of the coatings, anodic polarization curves, scanning electron microscopy (SEM) and dispersed energy spectroscopy (EDS) were performed. The behavior of the coatings against corrosion was tested in 3.5% NaCl medium. SEM images showed a positive influence of the additive on the morphology of the coatings making them more compact and homogeneous when compared to coatings without methyl orange. This behavior was reflected in the improved corrosion resistance of CA60 steel, since through the anodic polarization curves it was possible to observe that methyl orange actually played an important role in the quality of the coating, since in the presence of it the protection against chloride ions was optimized due to the best barrier mechanism established at the metal/electrolyte interface.

Keywords: Reinforced Concrete, Corrosion, Electroplated, Zinc, Methyl Orange.

1 INTRODUÇÃO

A introdução de armaduras de aço ampliou o campo de aplicações do concreto tendo em vista a melhoria na resistência à tração deste material. No entanto, é importante ressaltar que no concreto armado, além da degradação química da parte cerâmica, outro problema frequentemente encontrado é a corrosão das armaduras de aço. As estruturas de concretos armado são comumente expostas a ameaças de agentes externos, tais como íons cloreto e CO2, o que pode causar sérios

acidentes, pois ameaçam a integridade estrutural do material (Bastos, 2006 ;Garcia-Alonso e Escudero, 2007).

Estudos apontam que os processos corrosivos envolvem tanto questões econômicas quanto sociais. Do ponto de vista econômico os estudos mostram que os países gastam em torno de 3,5% do PIB mundial com despesas relacionadas à corrosão (Koch et al, 2016). Apesar do ambiente naturalmente alcalino do concreto propiciar uma boa durabilidade e proteção contra corrosão do aço

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por meio da formação de uma camada passiva, sabe-se que fenômenos como a carbonatação e a presença de íons cloreto podem destruir essa camada e expor o aço à oxidação. Dessa forma, o uso de revestimentos inorgânicos, tem sido considerado uma alternativa promissora para prolongar a vida útil das armações de aço, uma vez que esses revestimentos melhoram a resistência à corrosão do material (Tomachuk e Costa, 2016).

Os revestimentos inorgânicos, principalmente aqueles à base de zinco, têm sido amplamente utilizados na proteção de vergalhões, pois os revestimentos atuam como uma barreira física (mecanismo de barreira), além de oferecer em muitos casos proteção catódica ao aço. Vale ainda ressaltar que quando o processo corrosivo é iniciado, outra vantagem desta forma de proteção consiste na geração de produtos de corrosão não expansíveis, minimizando a deterioração do concreto. A técnica mais utilizada para obter revestimentos a base de zinco é a eletrogalvanização que pode ser definida como um processo para revestir peças de aço com uma camada de zinco mediante a aplicação de um potencial ou densidade de corrente elétrica fixo. Até os anos 70, grande parte das eletrodeposições era feita com banhos contendo sal de zinco e outros produtos tóxicos, como por exemplo, o cianeto (Tomachuk e Costa, 2016). Contudo, com leis ambientais mais rígidas, a restrição no uso desses elementos tóxicos, levarampesquisadores a desenvolver outros banhos que gerassem revestimentos com qualidade compatíveis aos obtidos nos banhos contendo cianeto, e que não representassem risco ao homem e ao meio ambiente. Desde então, esses banhos são constantemente modificados com o objetivo de produzir revestimentos cada vez mais eficientes (Moron et al, 2011).

O uso de aditivos orgânicos tem se mostrado uma excelente alternativa para obter revestimentos com propriedades melhores e consequentemente aumentar a resistência à corrosão das armaduras no concreto (Silva et al, 2006; Tomachuk e Costa, 2016). Assim, o objetivo desse trabalho é avaliar a influência do alaranjado de metila como aditivo orgânico no processo de eletrodeposição do zinco como revestimento protetor.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Os corpos de prova foram confeccionados a partir de vergalhões CA-60. Após o corte, as amostras foram embutidas em resina poliéster de cura rápida, de modo que somente uma área superficial média de 0,1413 cm2 foi exposta a solução. Duas soluções diferentes foram usadas para eletrodeposição dos revestimentos à base de zinco, as mesmas foram preparadas com reagentes químicos PA, as quais se diferenciam pela presença (S1) ou ausência (S0) do alaranjado de metila (C14H14N3NaO3S) conforme observado na Tabela 1.

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Tabela 1: Composição das soluções para eletrodeposição da camada de zinco. Reagente S0 (mol/L) S1 (mol/L)

ZnCl2 0,140 0,140

KCl 2,790 2,790

H3PO4 0,323 0,323

C14H14N3NaO3S --- 1x10-3

pH 6,22 6,10

Para selecionar o potencial aplicado na eletrodeposição, curvas de polarização catódica foram realizadas em amostras imersas em ambas soluções produzida para este estudo. Para isto foi utilizada uma célula eletroquímica convencional de três eletrodos, onde uma haste de platina foi utilizada como contra eletrodo, o eletrodo de referência adotado foi o eletrodo saturado de calomelano (ECS) e os eletrodos de trabalho foram as amostras de aço previamente preparada. O equipamento utilizado foi um Potenciostato/Galvanostato AUTOLAB 302N no qual as amostras foram polarizadas partindo do potencial de circuito aberto até –3V, com uma taxa de varredura de 5 mV/s. Com base na curva de polarização catódica, foram escolhidos os potenciais -1,1V e -1,2V para a eletrodeposição dos revestimentos a base de zinco nas soluções S0 e S1. A eletrodeposição

foi realizada em triplicata e o tempo estimado para obtenção do revestimento foi de 10 minutos. Após a obtenção dos revestimentos, a resistência à corrosão dos mesmos foi avaliada via curvas de polarização anódicas em meio de NaCl a 3,5%.As curvas foram produzidas a partir do potencial de circuito aberto até 2V. A velocidade de varredura aplicada novamente foi de 5mV/s. Todas as curvas de polarização foram realizadas em triplicata. Os revestimentos produzidos foram caracterizados via Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS) através do microscópio Joel Carry Scope 5700.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Curvas de Polarização Catódica

Inicialmente, curvas de polarização catódica foram realizadas para o aço nas soluções S0 e

S1. De acordo com as curvas obtidas na Figura 1, pode-se observar duas regiões distintas, nomeadas

região 1 e região 2. A região 1 é marcada por um aumento de potencial com pouca variação de corrente, sobretudo para a curva do aço/S0. No entanto, observando o gráfico menor em destaque

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para a curva aço/S0 até em torno de -1,340V, mas por outro lado a curva aço/S1 já apresenta um

crescimento da corrente desde o inicio desta região, com um aumento mais significativo pronunciado em torno de -1,108V.

MORÓN et al. (2011) estudaram a eletrodeposição do zinco em solução com e sem aditivos utilizando a técnica de voltometria cíclica. Os autores identificaram um pico em -1,135 V no ramo catódico o qual foi atribuído ao potencial de redução do Zn2+ para Zn0 no meio utilizado. Na presença do aditivo o potencial de redução do Zn2+ para Zn0 não foi alterado, mas houve uma diminuição da densidade de corrente catódica, o que foi atribuído ao processo de bloqueio dos sítios ativos ocasionado pela adsorção das moléculas do aditivo criando uma barreira para a redução dos íons de zinco.

Figura 1. Curva de polarização catódica para o CA60 nas soluções S0 e S1

Resultados observados por ONKARAPPA et al. (2017) e JESUS (2015) mostram um comportamento semelhante à curva de polarização catódica do aço/S1. Verificou-se a ocorrência da

diminuição da intensidade de corrente catódica do potencial de circuito aberto (PCA) até aproximadamente -0,5V, e posteriormente um crescimento contínuo da corrente em toda faixa de potencial investigado, mostrando mais precisamente na região 2, uma relação quase linear entre a corrente e o potencial. Isso sugere o favorecimento da eletrodeposição do zinco. Outro fato importante que merece destaque, observado na região 2 em ambas curvas, é a oscilaçãoda corrente. Este comportamento é muito mais pronunciado para a curva S1 e revela o aparecimento de picos

que lembram ruídos nas regiões de potenciais mais catódicos. Este perfil da curva é característico de superfícies onde a eletrodeposição é muito ativa e ocorre a formação de camadas sobre camadas, refletindo a irregularidade da corrente. Esse crescimento multicamadas muitas vezes não é desejado, pois o depósito formado não apresenta boa aparência e uniformidade. De fato, ao final da curva era possível observar os fragmentos do depósito formado no fundo da célula nas duas soluções testadas,

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contudo uma quantidade maior de depósito foi observada para a solução S1. Por este motivo, a região

selecionada para obter os revestimentos foi a região 1, onde dois potenciais foram escolhidos (-1,1V e -1,2V) correspondendo a região onde se inicia o aumento da corrente catódica em ambas as soluções.

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS)

Após selecionar os potenciais para depósito dos revestimentos de zinco, as superfícies revestidas foram caracterizadas via microscopia eletrônica de varredura. As Figuras 2 a-b correspondem à morfologia do revestimento obtido no potencial de -1,1V e solução S0 em dois aumentos diferentes.

Figura 2. Revestimento de zinco obtido por eletrodeposição no potencial de -1,1V em Aço/S0, (a)aumento de 1000x, e (b) aumento de 3500x.

Na Figura 2a observa-se um revestimento de zinco característico de solução ácida à base cloreto sem aditivo, onde placas hexagonais de zinco podem crescer com algum grau de orientação perpendicular à superfície do substrato (Schlesinger e Paunovic, 2010). No entanto é importante ressaltar que o formato hexagonal nem sempre se apresenta deforma bem definida, pois sabe-se que parâmetros como: composição do banho, corrente ou potencial aplicado, pH, agitação, temperatura,

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natureza do substrato e tempo de deposição influenciam diretamente na morfologia do depósito obtido. Alguns exemplos de estruturas assumidas pelo Zn em diferentes condições são anéis, bastões, placas, prismas e fios. Na Figura 2b é possível visualizar entre as placas maiores, alguns cristais menores sugerindo um formato hexagonal, todavia torna-se claro que o padrão de placas hexagonais bem definidas e homogêneas obtidos por MOLÓN et al. (2011) não é aqui observado e precisa ser melhor investigado.

As Figuras 3a-b mostram as morfologias do revestimento obtido no potencial de -1,1V na solução contendo o alaranjado de metila, nos aumentos de 1000x e 3500x, respectivamente.

Figura 3.Revestimentos de zinco obtido por eletrodeposição no potencial de -1,1V em Aço/S1, (a) aumento de 1000x e (b) aumento de 3500x.

As características morfológicas do revestimento obtido na solução S1 (Figura 3a) são muito

diferentes das observadas para os revestimentos obtidos na solução S0. Essas alterações podem ser

atribuídas à presença do alaranjado de metila. Observa-se também a distribuição homogênea do revestimento pela superfície. A Figura 3b mostra que o revestimento se encontra aglomerado e pouco compactado sem claro entendimento se a presença do alaranjado de metila causou o refino de grão nesse potencial aplicado. As morfologias do revestimento obtido no potencial de -1,2V e na solução S0 são mostradas nas Figuras 4a-b. As imagens mostram que o aumento de 0,1V possibilitou

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mudanças na morfologia e topografia da camada revestida. Avaliando a Figura 4b, observa-se que o aumento do potencial possibilitou a obtenção de grãos que sugerem um formato hexagonal e se aproxima aos obtidos por MORÓN et al. (2011) queestudaram revestimento de Zn produzido via controle potenciostático e utilizando um potencial de -1,18V em um banho com composição semelhante ao utilizado neste trabalho.

Figura 4.Revestimentos de zinco obtido por eletrodeposição no potencial de -1,2V (a) Aço/S0, aumente de 1000x (b) Aço/S0, aumento de 3500x.

A influência do potencial também foi claramente notada nos revestimentos obtidos na solução S1. Cristais mais uniformes e bem definido foram obtidos nesta solução. As imagens da

Figuras 5 a-b revelam que no potencial de -1,2V os revestimentos são ainda mais compactos sugerindo uma camada com propriedade de barreira melhor que os obtidos no potencial de -1,1V.

Após a aquisição das imagens, as espessuras dos revestimentos foram medidas através de um programa gráfico e são apresentadas nas Figuras 6a-d. As maiores espessuras foram obtidas na solução S0, com destaque ao potencial de -1,2V (Figuras 6 a-b). Os revestimentos obtidos na solução

S1 foram bem menos espessos (Figuras 6 c-d), no entanto novamente o revestimento obtido no

potencial -1,2V se mostrou superior. A Tabela 2 apresenta os valores médios com os respectivos desvios padrões dos revestimentos.

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Figura 5.Revestimentos de zinco obtido por eletrodeposição no potencial de -1,2V (a) Aço/S1, aumento de 1000x (b) Aço/S1, aumento de 3500x.

Tabela 2: Espessuras dos revestimentos obtidos pela seção transversal.

Amostra Espessura média (m)

-1,1V/S0 66,56 ± 6,21

-1,2V/S0 111,66 ± 0,40

-1,1V/S1 20,02 ± 18,67

-1,2V/S1 25,01 ± 7,04

É importante destacar um desvio padrão muito elevado para S1 obtido no potencial -1,1V.

Isto pode ser atribuído à uma medida realizada em uma região específica do revestimento onde a camada cresceu muito mais que a média da espessura na superfície como um todo (58,10m), conforme pode ser observado na Figura 6c. Quando desconsiderada essa região, a média da espessura com desvio padrão assume o valor de 18,42 ± 8,43 m. Essa discrepância pode ser atribuída a uma quebra do revestimento durante o processo de eletrodeposição, no entanto essa heterogeneidade no crescimento da camada precisa ser melhor investigada. Contudo os resultados sinalizam que este comportamento deve estar vinculado à presença do alaranjado de metila no banho

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ácido de zinco, pois a imagem 6d também mostra uma topografia mais irregular quando comparada as imagens 6a e 6b, referentes aos revestimentos sem a presença do aditivo.

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Com o objetivo de avaliar de forma qualitativa a composição dos revestimentos em termos de teor de Zn, foram realizadas análises de EDS somente na condição de -1,2V. As Figuras 7a-d e 8a-d mostram as imagens e os espectros de EDS dos revestimentos sem e com aditivos, respectivamente.

Figura 7. Análise de EDS para revestimento sem alaranjado de metila obtido no potencial de -1,2V: (a) imagens da área analisada; (b) Ponto 1 (região do quadrado); (c) Ponto 2 (área clara, rica em Zn); (d) Ponto 3 (área escura, pobre em zinco).

O ponto 1 da Figura 7a e 8a correspondem as áreas dos quadrados e os demais pontos (2-6) são análises pontuais. Os pontos foram selecionados nas áreas mais claras e mais escuras dos revestimentos a fim de compreender melhor o comportamento em termos de composição. Os resultados dos pontos das áreas claras foram semelhantes entre si e o mesmo ocorreu para os pontos selecionados nas áreas escuras, por este motivo são apresentados (para os dois revestimentos obtidos) apenas um ponto de cada região. Os pontos nas áreas mais claras são regiões ricas em Zn e os pontos nas áreas mais escuras são regiões pobres em Zn e ricas em Cl e K, conforme visto nas Figuras 7c-d, respectivamente para o revestimento sem o alaranjado de metila e nas Figuras 8c-d, respectivamente

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para o revestimento com o alaranjado de metila. Os picos de cloro e potássio são provenientes do cloreto de potássio utilizado no banho durante a eletrodeposição, onde provavelmente ocorreu a precipitação deste composto sobre a superfície do revestimento. Em relação ao ponto 1 (Figuras 7b e 8b) dos revestimentos com e sem aditivo, respectivamente, os espectros de EDS revelam que o revestimento obtido com aditivo mostram um pico mais intenso de Zn, comprovando que na presença do alaranjado de metila a deposição de zinco é favorecida mesmo gerando revestimentos menos espessos, conforme foi observado na Figura 6d.

Figura 8. Análise de EDS para revestimento com alaranjado de metila obtido no potencial de -1,2V: (a) imagens da área analisada; (b) Ponto 1 (região do quadrado); (c) Ponto 2* (área escura, pobre em Zn); (d) Ponto 4 (área clara, rica em zinco).

*O ponto 2 corresponde a uma área escura, contudo na imagem a região saiu mais clara em função da reflexão gerada na obtenção desta imagem.

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Curvas de Polarização Anódica

Após a caracterização morfológica, os revestimentos obtidos no potencial de -1,2V foram selecionados para serem avaliados frente à resistência à corrosão, em meio de NaCl 3,5%. Como observado na Figura 9, a curva do aço CA60 (Branco) apresenta maiores densidade de corrente anódica quando comparada com as curvas das amostras revestidas. Este comportamento mostra claramente que a presença dos revestimentos inibiu o processo corrosivo do aço em meio de cloreto, pois as curvas são deslocadas para regiões de menores densidades de corrente. Outro fato observado nas curvas do aço revestido, na ausência e na presença do alaranjado de metila, é uma região no início da polarização marcada por uma diminuição brusca da densidade de corrente e logo em seguida a corrente aumenta mais lentamente quando comparada a amostra sem revestimento. Esse comportamento deve estar relacionado à presença dos revestimentos que são gradativamente destruídos à medida que a polarização avança. Contudo, é importante ressaltar que a curva com o revestimento obtido na presença do alaranjado de metila alcança valores de densidade de correntes ainda menores que o revestimento obtido na ausência deste.

Figura 9. Curvas de polarização anódica do aço CA60 em meio de NaCl 3,5%.

Os resultados obtidos na curva de polarização anódica corroboram com as análises de MEV e EDS apresentadas anteriormente. O conjunto de resultados revela que o revestimento obtido na presença do alaranjado de metila e no potencial de -1,2V é mais compacto, aparentemente menos poroso, mais homogêneo e com cristais mais refinados que os demais. Características estas que refletem um revestimento com boas propriedades de barreira. Além disso, os resultados do EDS revelaram um pico com maior intensidade de Zn, elemento importante na proteção contra à corrosão do aço. Vale ainda ressaltar que embora as espessuras dos revestimentos sem alaranjado de metila sejam maiores que as obtidas na presença deste composto, os mesmos apresentam um efeito barreira

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menos efetivo permitindo mais facilmente a permeação dos íonscloretos em direção ao substrato, o que favorece os processos corrosivos.

4 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos nas curvas de polarização anódicas em solução de NaCl 3,5% mostraram que o uso do alaranjado de metila como aditivo interfere de forma positiva na qualidade do revestimento conferindo a este uma melhor resistência à corrosão. Esse comportamento é consequência da modificação da cinética de deposição dos cristais de zinco durante os processos de redução dos íons Zn2+ para Zn0. Como observado na curva catódica, o bloqueio dos sítios ativos causado pela adsorção das moléculas do alaranjado de metila diminuem a densidade de corrente catódica no início do processo, no entanto a medida que a polarização continua o processo de desorção das moléculas do aditivo ocorre de maneira gradativa liberando os sítios ativos para a redução do Zn2+ na superfície do aço. Dessa forma os processos de nucleação e crescimento dos cristais são mais controlados. Essa afirmação é corroborada pela análise de MEV e EDS, as quais demonstraram que o uso do aditivo tornou o revestimento mais compacto e mais rico em zinco. Também foi observadoum refinamento nos cristais de zinco ocasionado pelo aumento do potencial. Assim, os resultados mostraram que o alaranjado de metila usado como aditivo em banhos ácidos de base cloreto melhora a qualidade do revestimento e potencializa o efeito protetor dos revestimentos a base de zinco.

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REFERÊNCIAS

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JESUS, M. D. “Efeito do Glicerol com Aditivo para Resistencia a Corrosão do Revestimento de Zinco Obtidos Através de Eletrodeposição”. 2015. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Universidade Federal da Bahia, Salvador

MORÓN, L. E., MÉNDEZ, A., CASTANEDA, F. et al. Electrodeposition and Corrosion Behavior of Zn Coatings Formed Using as Brighteners Arene Additives of Different Structure. Surface and Coating Tecnology. pp 4985-4992. 2011.

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SCHLESINGER, M., PAUNOVIC, M. Modern Electroplating. 5. Ed. New Jersey. Editora Willey. 2010.

TOMACHUK, C., COSTA, I. Revestimentos de zinco sobre aços e suas aplicações. Correção e Proteção. v 59. pp 26-33. 2015.

Imagem

Tabela 1: Composição das soluções para eletrodeposição da camada de zinco.
Figura 1. Curva de polarização catódica para o CA60 nas soluções S 0  e S 1
Figura 2. Revestimento de zinco obtido por eletrodeposição no potencial de -1,1V em Aço/S0, (a)aumento de 1000x, e  (b) aumento de 3500x
Figura 3.Revestimentos de zinco obtido por eletrodeposição no potencial de -1,1V em Aço/S 1,  (a) aumento de 1000x e  (b) aumento de 3500x
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